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5.

O procedimento de mediação

O procedimento de mediação pode variar a depender do modelo a ser


utilizado, bem como das circunstâncias do caso e do estilo do mediador. Em
que pese isso, o que será apresentado reflete aquele que abrange a maioria
dos modelos1.
A pré-mediação não consiste em fase obrigatória a ser cumprida pelo
mediador, a não ser nos casos que envolvem matéria penal. Nela, a pessoa
que procura a mediação é recebida pelo facilitador, de maneira cordial,
promovendo um clima de confiança e de serenidade. Explica-se o que se trata
a mediação e promove-se a escuta ativa e a realização de perguntas a fim de
que o fato seja melhor esclarecido e para que se possa observar se comporta a
mediação. Após esse momento com o solicitante da mediação e com o seu
aval, faz-se o convite à outra parte envolvida no conflito, devendo o mediador
agir com ela da mesma maneira que fez com a pessoa solicitante. Esse é
também o momento para cuidar de informações que envolvam os honorários
do mediador e as custas procedimentais caso existam.
Na primeira reunião conjunta, há o acolhimento dos mediandos, de
maneira informal, descontraída, com respeito e senso de humor. Deve-se dirigir
individualmente a cada um, esclarecendo sobre a mediação e o papel imparcial
e colaborativo do mediador. Estando todos de acordo, apresenta-se o Termo
inicial de Mediação para que seja lido e assinado. Dentre os compromissos
assumidos, é importante que se faça constar no termo a disposição para
colaboração e entendimento em busca de uma solução amigável; a não
interferência na fala do outro; o compromisso de comparecer às reuniões com
pontualidade sendo os horários marcados em comum acordo; a
confidencialidade; e participação nas reuniões privadas (cáucus), sempre que
se fizer necessário.
Após a abertura da reunião de mediação, o mediador conduz ao
momento de oitiva das partes, onde se exercita a escuta ativa, bem como
passa o facilitador a ouvir sem julgar, tentando separar os fatos, as posições
dos interesses, procurando focar no problema real. O mediador pode fazer
perguntas que leve a quem está falando a esclarecer melhor as questões
levantadas, utilizando-se de uma linguagem apreciativa e destituída de
valoração, bem como utilizando-se daquilo que foi falado pelos mediandos.
Terminadas as explanações, o facilitador pergunta se as partes querem
acrescentar mais alguma coisa, caso seja negativa a resposta, passa-se à fase
de compartilhamento do resumo do que ocorreu.
O facilitador faz um resumo recontextualizado dos fatos com uma
abordagem apreciativa sempre se colocando para que o resumo seja acrescido
ou alterado pelas partes. Isso faz com que eles tenham uma nova perspectiva
sobre o caso, tanto que podem haver novas perguntas, novas oitivas, regresso
a algum ponto para ser melhor esclarecido, pois como já foi dito, o
procedimento de mediação não é e nem pode ser engessado. Diante disso,
alcançado qual o objeto real do conflito, revelados os reais sentimentos e
interesses, passam as partes a se sentirem mais fortalecidos e empoderados
para aprofundarem-se num diálogo mais construtivo que possa resultar ou não

1
Vasconcelos. Carlos Eduardo de. Mediação de conflitos e práticas restaurativas. 4ª ed. Ver.,
atual. E ampl. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2015.
no alcance de um interesse comum. Nesse passo, considera-se que se chegou
a uma nova fase, consistente na busca de identificação das reais
necessidades.
Nesse aspecto, o mediador pode intervir fazendo questionamentos que
ajudem na detecção desses interesses comuns. Pode ser que nesse ponto o
mediador se depare ainda com resistências, ambiguidades ou mesmo temor
por parte de um dos mediandos, nesse caso, recomenda-se que se possa
realizar novas reuniões particulares (cáucus) para que dúvidas sejam dirimidas,
ou mesmo pode haver a suspensão da reunião para que as partes possam
consultar especialistas ou alguém da confiança delas que possam esclarecer e
trazer dados que ajudem na tomada de decisões.
Após isso, passa-se à criação de opções com base em critérios
objetivos, alicerçadas em dados reais, quando então se faz o estabelecimento
de um compromisso de parte a parte, em que se respeitará o combinado.
Concluindo as abordagens caminha-se para a feitura do termo final de
mediação. Tal documento deve apresentar em seu conteúdo a qualificação das
partes, a identificação do seu objeto, a definição das obrigações de cada um;
como, quando e onde tais obrigações serão cumpridas, bem como as
consequências do seu descumprimento, a eleição do foro ou a maneira como
será exigido seu cumprimento.
Chegando ao final, é muito importante que o facilitador parabenize as
partes pelo fim alcançado naquela mediação.

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