Você está na página 1de 4

De acordo com Zoé Rios: “A mediação é uma prática de resolução de conflito, em que

as partes envolvidas buscam uma solução do impasse vivido, com a presença de um terceiro,

o mediador, o qual apoia a manutenção do diálogo das mesmas durante a sessão”.

Isto posto, pode-se afirmar que a mediação de conflitos tem como objetivo principal

promover a resolução do conflito em questão e, por consequência, garantir uma melhor

convivência dos envolvidos.

Além disso, a mediação também inclui atividades como: a promoção da harmonia

entre as partes, reorientação das partes de modo que as leve a uma compreensão melhor do

conflito apresentado, oferecimento de um espaço seguro para que o conflito seja solucionado

e a transformação da posição inicial dos envolvidos em discórdia.

Com o objetivo de aprofundar seus estudos acerca da mediação dos conflitos, Zoé

Rios criou uma série de princípios que norteiam a prática da mediação de conflitos. Dessa

maneira, os princípios da mediação de conflitos são: voluntariedade e autonomia,

imparcialidade, confidencialidade, não adversariedade, oralidade, lealdade, competência,

credibilidade, flexibilidade e informalidade do processo, cooperação, responsabilização,

emancipação e, por fim, reaproximação das partes.

A voluntariedade e autonomia dizem respeito ao interesse que as partes devem possuir

ao longo do processo de mediação, isto é, deve existir um acordo entre as partes tanto para

reconhecer a necessidade de existir a mediação quanto para decidir qual será a decisão final

que será tomada.

A imparcialidade, por sua vez, confere ao mediador a função de conduzir o processo

de modo justo e imparcial, logo, não demonstrando nenhum tipo de preferência entre os

mediados. Além disso, é essencial destacar a importância da confidencialidade do mediador,

que deve garantir que nenhuma informação seja exposta para pessoas além do processo de

mediação.
Outro princípio fundamental da mediação de conflitos é a não adversidade do

processo, dessa maneira, a mediação não tem como objetivo encontrar qual sujeito está certo e

qual está correto dentro do conflito, e sim legitimar as duas partes e amenizar os sentimentos

de discórdia que possam existir.

Ademais, é necessário destacar que é essencial para a mediação de conflitos que haja o

exercício da oralidade, lealdade, competência e credibilidade do processo. Além disso, é

essencial que exista uma flexibilidade dentro da atuação do mediador, visto que não existe um

modelo rígido a ser seguido.

Por fim, o autor também destaca princípios como a cooperação, responsabilização e

emancipação, visto que a postura cooperativa dentro do processo permite com que os pares

consigam se responsabilizar perante seus erros e, assim, construir uma autonomia que os guia

para uma reaproximação e/ou melhor convivência.

O autor, além dos tópicos apresentados, também define as funções do mediador dentro

do processo. Em suma, segundo Zoé Rios, o mediador funcionará como uma autoridade na

condução do processo de mediação e não na sua decisão, logo, é um sujeito imparcial que

conduz o processo de mediação.

Desse modo, pode-se afirmar que o mediador deve: desenvolver uma escuta ativa,

empatia, compreender o que está sendo exposto verbalmente e de modo não verbal, deve ser

capaz de investigar o processo e estabelecer negociações entre os participantes, criar

oportunidades e avaliar as soluções propostas pelos sujeitos.

Isto posto, é perceptível que o mediador coordena o diálogo de modo que promova a

resolução do conflito. Conquanto, para além destas funções, o mediador também deve ser

capaz de garantir o gerenciamento de tempo da sessão, ser capaz de coordenar o diálogo sem

deixar polarizar em uma das partes, faz intervenções e devolutivas, enfatiza os aspectos do
conflito que merecem atenção, organiza opções e maneiras de ajudar e orientar as partes de

modo que seja possível elaborar um acordo final.

Além disso, Lia Regina Castaldi Sampaio, escritora do livro “O que é mediação de

coonflitos”, também traz diversas contribuições acerca da mediação de conflitos, dentre elas,

as concepções acerca da dinâmica na mediação. De acordo com a autora, a dinâmica da

mediação inclui uma relação entre: processo, procedimento, prática, metodologia e

abordagem.

O processo, segundo Lia, diz respeito à habilidade que o mediador deve possuir para

delimitar a peculiaridade em cada caso de mediação, além de respeitar os limites da

neutralidade do sujeito mediador. Já o procedimento se refere à essência do processo de

mediação: o protagonismo das partes em direcionar a operação.

Já a prática se refere ao exercício do mediador, isto é, na necessidade deste realizar um

exercício democrático e responsável da profissão, de modo que proponha uma pacificação

entre os envolvidos.

Finalmente, a metodologia e abordagem dizem respeito à teoria por trás da atuação,

que deve fundamentar a prática profissional ao mesmo tempo em que permite abertura para a

intuição e sentimentos do mediador diante do processo.

Por fim, a autora também traz oito etapas da mediação de conflitos, são elas: a pré-

mediação, abertura, investigação, agenda, criação de opções, avaliação das opções, escolha

das opções e soluções. Contudo, é necessário ressaltar que elas não são fixa e/ou imutáveis,

visto isso, as etapas dependem do caso mediado, do local e dos objetivos da mediação.

REFERÊNCIAS
Sampaio, Lia Regina C.; Braga Neto, Adolfo. (2007) O que é mediação de conflitos.

Brasiliense. P. 39 a 48; p. 88 a 102

Rios, Zoé. (2012) A mediação de conflitos no cenário escolar. RHJ, Belo Horizonte, p.

45-60 e 68-71

Sampaio, Lia Regina C.; Braga Neto, Adolfo. (2007) O que é mediação de conflitos.

Brasiliense. P. 49 a 66

Você também pode gostar