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Livro Eletrônico

Aula 00

Organização Judiciária e Regimento Interno p/ TJ-SE


Professor: Felipe Petrachini
Legislação Especial para o TJ-SE - Todos os Cargos
Teoria e exercícios comentados
Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 00

AULA 00 – Apresentação do Edital, Proposta do


Curso e Introdução ao Código de Organização Judiciária

SUMÁRIO PÁGINA

Sumário
Apresentação: ................................................................................................. 1

Meus Pãezinhos .............................................................................................. 3

Considerações sobre o Curso ......................................................................... 4

1. Introdução ao Código de Organização Judiciária do Estado do Sergipe 6

1.1 Da Divisão Judiciária ............................................................................. 8

1.2 Da Organização Judiciária ................................................................ 12

1.3 Da Composição dos Órgãos do Judiciários ...................................... 13

1.3.1 Do Tribunal de Justiça ................................................................... 13

Apresentação:

Olá a todos. Eu me chamo Felipe e serei o responsável pelo curso de


Legislação do Tribunal para este concurso.

Tenho 24 anos e atualmente exerço o cargo de Auditor Fiscal de Tributos do


Município de São Paulo. Sou formado em Direito pela Universidade de São Paulo,
mais conhecida como Largo São Francisco. E sim, isso significa que perdi horas de
sono ao longo de meses a fio para fazer a FUVEST. Bons tempos aqueles... :P

Ingressei no serviço público em 2009, no cargo de Assistente Técnico


Administrativo do Ministério da Fazenda. Fiquei mais de dois anos no cargo, onde

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aprendi desde furar papel até os meandros mais específicos da ciência do Direito
Tributário. De tanto choramingar, a partir de fevereiro comecei a supervisionar parte
do setor onde trabalhava, ganhando um aumento singelo (sim, essas coisas existem
no serviço público se você for ambicioso).

Em abril de 2012 fui nomeado para o cargo de Técnico Judiciário Área


Administrativa do Tribunal Regional do Trabalho. Lembro-me até hoje de que
mesmo estando na posição 1237, e já passados mais de três anos da prova, ainda
assim chegou minha vez. Mas lógico, se tivesse ido melhor, teria sido chamado
mais cedo :P.

Passei em 16º lugar no concurso de AFTM de São Paulo, ingressando na


Prefeitura lá para agosto de 2012 e ali fiquei até (finalmente :P) ingressar na
Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo (vulgo ICMS SP), cargo agora, em
março de 2014.

Fora isso, fui chamado para ser Oficial de Justiça do Tribunal de Justiça de
São Paulo (não lembro a posição de cabeça, mas demorou pacas pra chamar e eu
já estava na Prefeitura quando isso aconteceu) e Escrevente Técnico Judiciário na
Circunscrição de Mauá, que também é longe pacas de onde eu moro. Também fui
convidado (recentemente) a ocupar a vaga de Técnico do INSS na Agência de
Atibaia (8º lugar)

Prometendo não me alongar muito :P, fiquei em 4º lugar no concurso de


Assistente de Licitação para a FURP (Fundação do Remédio Popular), concurso
este do qual também não pude assumir e, fui chamado para ser Técnico da
SPPREV, em um concurso bastante peculiar :P (se tiver a curiosidade, pegue a lista
de aprovados e veja as notas do pessoal, coisa de louco :P), e, por fim, fui nomeado
em 2010 (ou 11 :P) para exercer o cargo de Técnico do Ministério Público da União.

Mas pra fazer tudo isso, não é necessário nenhum lampejo de genialidade ou
dom divino. Alias, boa parte dos meus conhecidos me tomam por alguém bastante
"desligado", de maneira que alguns ainda se espantam em saber que eu ainda não
esqueci de respirar. O que eu sou, em verdade é teimoso.

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E pra ser bem sincero, já levei fumo também em concurso :P. Fui tão mal na
prova do BACEN da época que fiz que fiquei com vergonha. Mas foi só vergonha,
não desisti por causa disso, nem você deve se sua vez ainda não chegou. Alias, o
desastre da época foi o que me animou a estudar mais profundamente disciplinas
como contabilidade geral, que me auxiliaram anos depois na obtenção do cargo de
Auditor Fiscal, o qual exerço hoje.

A vaga está lá disponível para quem quiser pegar, e já adianto: não é


necessário nenhum lampejo de genialidade ou dom divino (embora ambos ajudem
muito). Eu tive a oportunidade de conhecer pessoas muito talentosas, e a maior
parte delas não quer virar funcionário público. Para o resto de nós, sobra a certeza
de que a dedicação e o empenho são os únicos fatores que fazem a diferença entre
passar ou não.

Quer dizer, quase. Material também é bom ter. Não adianta nada estudar
feito um condenado se você não estiver estudando a matéria certa. Você confiou
neste material para aplicar o seu esforço. Eu vou te dar uma dor de cabeça que
valha o gasto :P.

Chega de conversa, mãos a obra.

Meus Pãezinhos

Atendendo a uma orientação do site, reproduzo abaixo o seguinte informe:

---------------

Observação importante: este curso é protegido por direitos autorais


(copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a legislação
sobre direitos autorais e dá outras providências.

Grupos de rateio e pirataria são clandestinos, violam a lei e prejudicam os


professores que elaboram os cursos. Valorize o trabalho de nossa equipe
adquirindo os cursos honestamente através do site Estratégia Concursos ;-)

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É um tanto ameaçador, mas é a mais pura verdade. Seu professor é formado


em Direito e atesta a ilicitude da conduta :P.

Mas, não é só isso: o curso toma tempo do seu querido professor, e ele usa
o suado dinheirinho de vocês para comprar duas coisas: livros novos e pãezinhos.

Livros novos pois sei que, ao mesmo tempo em que eu me atualizo, as


bancas também o fazem, e o nosso objetivo é estar a frente da banca, e não ser
engolido por ela (quando o predador é mais rápido que a presa, já sabem o que
acontece).

Pãezinhos pois tanto eu como aqueles que amo e prezo precisam comer. E
pãezinhos são as coisas mais baratas em que consigo pensar em comprar :P.

Considerações sobre o Curso

Bom meus caros, de um ex-técnico judiciário para um futuro funcionário do


judiciário: seu examinador nem sonha que você conheça toda a legislação que ele
pediu no edital. Alias, se um funcionário do Poder Judiciário realmente soubesse
tudo que está ali, ele provavelmente seria juiz :P.

O edital colocou o Regimento Interno e o Código de Organização Judiciária


na parte de conhecimentos básicos por um motivo, não é mesmo? :P

Desta forma, nosso curso tem uma premissa bastante transparente: melhor
custo benefício. Vou ensinar a vocês o que tem mais chance de cair na sua prova.

Vamos nos concentrar em aprender os conceitos, porque memorizar artigo é


dose :P. Não há memória que aguente!

Mas professor: duas aulas dão conta? Para passar na sua prova, sim, para
conhecer toda a legislação... Bem, você vai ter vários anos de carreira para
aprender tudo bonitinho :P.

Pularemos artigos cujo conhecimento não vá influir na prova. Como o edital


cobrou o Código de Organização Judiciária e o Regimento Interno como

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conhecimento básico, seu professor desconfia que a banca cobrará aspectos da


organização do Poder Judiciário (que todo servidor deveria conhecer). Isto implica
dizer que provavelmente pularemos, por exemplo, toda parte de tramitação que trata
sobre julgamento de recursos, e vamos nos concentrar na estrutura do TJ quando
abordarmos o Regimento Interno.

Aliás, existe outro motivo para montar o curso desta forma: nos casos dos
cargos de Técnico e Analista com especialidade em Direito, você só será capaz de
compreender a parte do Regimento Interno que trata do processamento de recursos
e outros ritos depois de concluir seus estudos em Processo Civil, e tão logo domine
esta ferramenta, não terá problemas em entender trechos específicos do Regimento
Interno. E se você prestará o concurso para as outras áreas, nem mesmo terá de
saber o que é “Processo Civil”.

Porém, se você acreditar que alguns trechos omitidos merecem


esclarecimento, o fórum de dúvidas existe pra isso. E, dependendo do andamento
do curso, podemos tratar de artigos omitidos em aulas extras, afinal, o que eu mais
quero é a tranquilidade de vocês!

Por outro lado, encorajo você a ler os diplomas legais, e estarei aqui para
tirar absolutamente qualquer dúvida que você venha a ter sobre o assunto (inclusive
sobre aquele voto vencido quentíssimo de agravo de instrumento que não admitiu
embargos infringentes em sede de recurso extraordinário :P)

Ah sim: por mais que eu adore discutir os efeitos Sumula Vinculante nº 13 e


as impressões de Kelsen a respeito da Ciência do Direito (sem ironia nenhuma, as
rodas de bar ficam bastante animadas com estes temas :P), vou cortar esta parte
toda para vocês e ir direto ao ponto :P! Com direito a comparações esdrúxulas,
vícios de linguagem (pra que né?) e uma abordagem tão coloquial que chega a ser
criminosa :P! Brincadeira, mas eu nem sempre fui Bacharel em Direito, e sei que a
última coisa que vocês precisam agora é uma tijolada legislativo-jurisprudencial.

Se tiver dúvidas, por favor, o fórum serve para isso :P. Só recomendo que se
concentre em passar, então, procure ficar no feijão com arroz. Sua carreira será

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bem longa e você terá a oportunidade de aprender com mais tempo. Nosso objetivo
agora é assinar a posse e colocar o salário no bolso!

Mais um ponto: seu professor costuma dar preferência para as aulas


teóricas. Neste curso específico, irei abordar toda a teoria primeira, e depois,
teremos uma última aula, apenas com questões. Mas elas virão depois (prometo!)

Um conselho final antes de começarmos: escrevente adora prazo! Todo e


qualquer prazo que passar pela sua frente, pode anotar, porque provavelmente vai
cair!

Vamos começar.

1. Introdução ao Código de Organização Judiciária do


Estado do Sergipe

Art. 1º. Este Código regula a divisão e a organização


judiciária do Estado de Sergipe, compreendendo a
constituição, estrutura, atribuições e competência do
Tribunal, Juízes e Serviços Auxiliares da Justiça.

Muita gente negligencia a importância do primeiro artigo de uma lei. Grifei-o


todo em colorido para que você não faça a mesma coisa :P. No artigo 1º está tudo
aquilo que o Código de Organização Judiciária pretende abordar.

As disposições iniciais mostram para que, exatamente, para o que Código foi
elaborado. Tê-las em mente fará com que você elimine questões absurdas, e
aprenda a raciocinar dentro da estrutura do texto. E, raciocinando desta forma, um
belo dia tudo que está aqui fará sentido intuitivamente (é assim que funcionam as
leis :P).

Como eu disse, o Código de Organização Judiciária te apresenta ao seu


novo local de trabalho, mostrando as estruturas hierárquicas, órgãos que
compõem o Poder Judiciário do Estado, e os membros da cúpula diretiva do
Tribunal (tais como o Presidente do Tribunal, e o Corregedor-Geral).

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Nele também constam regras para criação de fóruns, as atribuições de cada


um dos funcionários da justiça estadual, suas competências e atribuições, as
funções dos auxiliares da justiça (calma que nós os conheceremos), o expediente
dos órgãos do Poder Judiciário, e tudo, tudo, absolutamente tudo que um servidor
deve saber sobre o local em que trabalha.

É isto o que torna este Código tão útil e necessário, e a razão dele constar
hoje no seu edital.

Doravante, trabalharemos com o texto compilado da Lei Complementar


88/2003, que pode ser encontrada no link a seguir:

http://www.tjse.jus.br/portal/arquivos/publicacao/legislacao/tjse/codigo-organizacao-judiciaria.pdf

Ponto importante: daqui por diante, a expressão “Tribunal de Justiça” se


referirá apenas ao órgão do Poder Judiciário composto por Desembargadores e
pelo Presidente do Tribunal, e não mais à estrutura toda do Poder Judiciário.

Você verá logo mais que existe um órgão do Poder Judiciário do Estado que
se chama justamente “Tribunal de Justiça”. Se eu não fizer esta diferenciação, você
certamente vai ficar doido :P.

Aliás, olha a menção dele aqui:

Parágrafo único. Cabe privativamente ao Tribunal de Justiça,


na forma das Constituições Federal e Estadual, propor ao
Poder Legislativo a alteração da organização e da divisão
judiciária, vedadas emendas estranhas ao objeto da
proposta.

Quem opina na organização do Poder Judiciário é o próprio Poder Judiciário


(através do seu órgão máximo, que é o Tribunal de Justiça). De outra forma, haveria
invasão indevida na autonomia deste Poder.

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Pois bem, acredite você ou não, a introdução do COJE resume-se àquele


único artigo e seu parágrafo :P. Daqui pra frente veremos artigos que disciplinam
diretamente a organização e divisão judiciária.

1.1 Da Divisão Judiciária

Você deve imaginar que o número de demandas que são submetidas ao


Poder Judiciário é gigantesca.

Já parou para se perguntar como é que o Poder Judiciário se estrutura, de


maneira a atender satisfatoriamente todos os jurisdicionados que se encontram sob
sua disciplina?

Veja você mesmo:

Art. 2º. O território do Estado, para os efeitos da


administração da Justiça comum, divide-se em
Circunscrições, Comarcas e Distritos Judiciários, formando,
porém, uma só unidade para os atos de competência do
Tribunal de Justiça.

Este é o esquema básico de organização do Poder Judiciário. Se você nunca


estudou o assunto, imagino que não esteja familiarizado com os termos
“Circunscrição” e “Comarca”. E o COJE também sabe disto, tanto é que cuida de
explicá-los:

§ 1°. Cada Comarca, que será constituída de um ou mais


Municípios, terá a denominação do Município onde estiver
sediada.

E que comecem os diagramas:

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Você já deve ter reparado que sou um grande fã do Microsoft Paint. E isto
remonta desde os tempos do Colegial :P.

Para quem não sabe, uma comarca é a menor unidade jurisdicional sobre a
qual um órgão do Poder Judiciário tem competência para exercer a jurisdição (dizer
o Direito), e é composta de diversos municípios, mas levará o nome apenas do
município sede.

§ 2º. A Circunscrição constitui-se de uma ou mais Comarcas,


formando área contínua.

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§ 3º. As Circunscrições Judiciárias do Estado de Sergipe são


as constantes do Anexo I.

O COJE esqueceu-se de mencionar o que viria a ser um distrito judiciário.


Mas, para que você não fique tão no escuro, consiste em uma unidade jurisdicional
bastante semelhante a uma comarca. De resto, nada com que você deva se
preocupar, pois o termo só vai aparecer uma nova vez nos anexos, e ainda sem a
definição :P.

Art. 3º. As Comarcas são classificadas em entrâncias, de


acordo com o movimento forense, Institui o Código de
Organização Judiciária do Estado de Sergipe, densidade
demográfica, rendas públicas, meios de transporte, situação
geográfica e outros fatores sócio-econômicos de relevância.

Parágrafo único. A classificação das Comarcas do Estado é a que


consta no Anexo II, com a indicação dos Municípios que as
integram.

Não precisa memorizar os critérios: o próximo artigo determinará os


requisitos, e você conseguirá associar uma coisa à outra.

No caso do Estado do Sergipe, as comarcas são divididas em apenas duas


entrâncias: inicial e final (na verdade, com a Lei Complementar 168/2009, passou a
existir a figura da 2ª entrância, mas os anexos do COJE não determinam quais
seriam estas comarcas). Definir o que é uma entrância é extremamente complicado.
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Dessa forma, vou optar por apontar as diferenças, para que você próprio forme uma
ideia.

Pense no seguinte: o que é que de tão importante precisa ter uma comarca
para que possa ser chamada de comarca? A implantação e manutenção de uma
estrutura administrativa de qualquer repartição pública depende do dispêndio de
recursos.

Como é o seu dinheiro, enquanto contribuinte de impostos, que está em jogo,


somente compensa gastá-lo se a demanda daquela localidade justificar a
implantação da complexa estrutura em que consiste uma comarca.

Assim, as preocupações do artigo 3º dizem respeito à estrutura daquele


município, sua população (que, afinal, será a usuária dos serviços públicos
prestados) e o volume de feitos que irão circular por aquela estrutura. Veja só:

Art. 4º. A criação de novas Comarcas dependerá da


ocorrência dos seguintes requisitos: (Redação dada pela Lei
Complementar n° 168, 17/07/2009)

I - população mínima de dezoito mil e quinhentos habitantes;

II - repasse da arrecadação estadual, proveniente de


impostos, no exercício anterior, não inferior a quatro mil
salários mínimos;

III - mínimo de quatorze mil eleitores inscritos;

IV - movimento forense anual não inferior a novecentos


processos judiciais;

V - extensão territorial mínima de noventa quilômetros


quadrados.

Parágrafo único. A criação de comarca pressupõe que a comarca


desmembrada permaneça com a classificação original, observado
ao artigo 5º deste Código.

Uma comarca instalada com base no cumprimento dos requisitos mínimos


será uma comarca de entrância inicial. É, por exemplo, onde os Juízes que
acabaram de se tornar titulares de Vara (ou, melhor ainda, que deixaram de ser
Juízes Substitutos) vão começar a trabalhar.
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Como você deve imaginar, são comarcas pequenas, ideias para o nosso
colega Magistrado que ainda começa a carreira iniciar sua longa jornada de
aprendizado :P.

Agora, existem comarcas maiores, e é o próprio Código quem fixa o critério a


elevação da comarca. Assim, cumpridos os requisitos abaixo, a Comarca será
elevada à segunda Entrância.

Art. 5º. São requisitos mínimos indispensáveis para a elevação de


Comarca à segunda Entrância: (Redação dada pela Lei
Complementar n° 168, 17/07/2009)

I - população mínima de trinta e dois mil habitantes;


==0==

II - repasse da arrecadação estadual, proveniente de


impostos, referente ao exercício anterior, superior a cinco mil e
duzentos salários mínimos;

III - movimento forense anual não inferior a dois mil e


setecentos processos judiciais;

IV - eleitorado de pelo menos vinte e quatro mil e quinhentos


eleitores.

Mas existem exceções:

§ 1º. Os requisitos podem ser dispensados na hipótese de


municípios com dificuldades de comunicação, inclusive as
decorrentes de grande extensão territorial e localização distante
da Capital.

§ 2º. O Tribunal de Justiça poderá optar em propor a


reordenação da divisão judiciária como alternativa à elevação
de comarca de entrância final.

E com isto, meu caro, você já tem uma breve noção de onde está pisando :P.
Podemos ir em frente!

1.2 Da Organização Judiciária

Vamos conhecer alguns órgãos do Poder Judiciário agora:

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Art. 6º. São Órgãos do Poder Judiciário do Estado:


I - o Tribunal de Justiça;
II - os Juízes de Direito;
III - o Tribunal do Júri;
IV - o Conselho da Justiça Militar;
V - os Tribunais, Turma Recursal, Juízes e Juizados
instituídos por Lei.

Calma que você logo logo se acostumará com estes órgãos. Apenas se
lembre: um único Juiz, sozinho e completamente desacompanhado, também é um
órgão do Poder Judiciário!

No caso específico do Sergipe, o COJE direciona boa parte da


regulamentação de seus artigos a outros diplomas legais. Por esta razão você
descobrirá, muito em breve, que o Regimento Interno do Tribunal, por exemplo, é
gigantesco, os demais capítulos do COJE, bem mais rápidos de ler :P.

Parágrafo único. A representação do Poder Judiciário


compete ao Presidente do Tribunal de Justiça.

Guarde também: quando o Poder Judiciário se relaciona com alguma


entidade ou mesmo com outro Poder da República, quem fala em seu nome é o
Presidente do Tribunal de Justiça (que também teremos a honra de conhecer ao
longo do curso).

1.3 Da Composição dos Órgãos do Judiciários

1.3.1 Do Tribunal de Justiça

Tenho uma boa e uma má notícia a vocês. A boa é que, seguindo a tradição,
o COJE não disciplina em minúcias o funcionamento do Tribunal de Justiça. A má
notícia é que, também por tradição, o diploma legal responsável por esta tarefa é o
Regimento Interno do Tribunal.

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Assim, se nesta aula e na próxima, pouco falaremos sobre o Tribunal de


Justiça e seus órgãos, pode apostar que na aula de Regimento Interno, a coisa vai
ficar bem mais interessante :P. Mas soframos por partes!

Art. 7º. O Tribunal de Justiça é constituído do número de


Desembargadores na forma especificada na Constituição
Estadual com sede na Capital e jurisdição no território do
Estado. O preenchimento das vagas de Desembargadores
será feito por Magistrados, Membros do Ministério Público e
Advogados, na forma das Constituições Federal e Estadual.

Por curiosidade: a expressão a forma pela qual Membros do Ministério


Público e Advogados podem passar a compor os órgãos do Tribunal de Justiça é
conhecida por “quinto constitucional”.

E o que raios seria isto?

Parte dos desembargadores que tem assento no Tribunal não são Juizes de
carreira. Eles são oriundos do Ministério Público do respectivo Estado ou da União,
conforme o caso. É uma forma de provimento de cargo que não é feita através de
Concurso Público, e assim sendo, precisa ter amparo direto da Constituição
Federal, como realmente tem:

Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos
Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto
de membros, do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira,
e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com
mais de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista
sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes.

Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal formará lista tríplice,


enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias subseqüentes,
escolherá um de seus integrantes para nomeação.

Quanto aos Magistrados, estes se tornarão Desembargadores à medida


em que evoluem na carreira, passando por todas as entrâncias, alcançando a
entrância final, e finalmente, sendo nomeados pelo Tribunal de Justiça para o cargo.

Art. 8º. São Órgãos do Tribunal de Justiça:

I - o Tribunal Pleno;

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II - as Câmaras Cíveis Isoladas, a Câmara Criminal, e as


Câmaras Cíveis Reunidas;

III - o Conselho da Magistratura.

Todos serão estudados na aula do Regimento Interno, então, não se


preocupem com isto agora.

Quer outra prova de que o momento para pânico não é agora? :P

Art. 9º. O Tribunal de Justiça funcionará, ordinária ou


extraordinariamente, em Tribunal Pleno, Câmaras Cíveis e
Criminais, Câmaras Cíveis Reunidas e Câmara Especial de
Férias, conforme dispuser o seu Regimento Interno.

Art. 10. Compete ao Tribunal estabelecer em seu Regimento


Interno ou por Resolução as atribuições e o funcionamento
dos respectivos Órgãos jurisdicionais ou administrativos.

O COJE é, de fato, um pouquinho preguiçoso quando se trata do Tribunal de


Justiça :P. Só que o próximo artigo é bem interessante:

Art. 11. Em caso de afastamento, a qualquer título, de membro


do Tribunal, por período superior a trinta dias, o Tribunal
Pleno, por maioria dos seus membros, convocará juiz de
direito da Capital, integrante da primeira quinta parte da lista
de antiguidade da mais elevada entrância, para a substituição.

Veja como tudo está ligado (e daí a importância de se conhecer não só os


artigos que caem em provas, mas alguns outros que explicam a origem das coisas).

Para entendermos a disposição do parágrafo único, vamos dar uma


olhadinha no que diz respeito a Constituição Federal sobre a promoção de Juiz ao
cargo de Desembargador.

Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal


Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados
os seguintes princípios:

[...]

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II - promoção de entrância para entrância, alternadamente, por


antigüidade e merecimento, atendidas as seguintes normas:

[...]

b) a promoção por merecimento pressupõe dois anos de


exercício na respectiva entrância e integrar o juiz a
primeira quinta parte da lista de antigüidade desta, salvo se
não houver com tais requisitos quem aceite o lugar vago;

Como eu disse anteriormente, o conhecimento sobre o funcionamento das


entrâncias é fundamental para entender a progressão do Magistrado ao longo da
carreira. Quando o Juiz atinge a entrância final, ele está a um passo de poder se
tornar um Desembargador do Tribunal de Justiça.

Agora, não seria desejável que este Magistrado já tivesse alguma experiência
quando se tornasse Desembargador? Conhecimento técnico ele obviamente tem,
pois levou vários anos para chegar à entrância final. Mas um pouco de vivência da
rotina do Tribunal também ajuda.

Por esta razão, quando é necessário substituir um Desembargador, costuma


se convocar um Juiz de Direito que já possua requisitos para se tornar, um dia
Desembargador.

Desta forma, é efetuado sorteio dentre os Juízes de Direito da Capital (que é


uma entrância final) dentre aqueles que integrem a primeira quinta parte da lista
de antiguidade (pois estes são os Juízes aptos a serem promovidos por
merecimento, de acordo com a Constituição Federal).

Tudo que você vê existe por um motivo.

Art. 12. Em caso de vaga o substituto receberá por


redistribuição os processos pendentes do seu antecessor.

E já que o Magistrado já está substituindo o Desembargador, caso o cargo


fique vago, aquele já pode ficar com os processos de uma vez :P.

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Os próximos artigos também serão relembrados ao falarmos do Regimento


Interno, mas você já pode ir pegando algumas noções a respeito do funcionamento
do Tribunal de Justiça:

Art. 13. O Tribunal Pleno, em suas sessões, será presidido


pelo Presidente do Tribunal e, no seu impedimento,
sucessivamente, pelo Vice-Presidente e pelo
Desembargador mais antigo.

Art. 14. É indispensável a presença de, no mínimo, a maioria


absoluta para o funcionamento do Tribunal em Sessão
Plenária.

Para quem tem dúvidas quanto ao que significa “maioria absoluta” ou


“maioria simples”, vamos aproveitar o momento para explicar.

Maioria absoluta é a maioria obtida através de mais de 50% dos votos dos
integrantes do Tribunal. Preste atenção: Caso um Tribunal seja composto por 120
membros, serão necessários 61 votos para que se alcance a maioria absoluta
(120/2 = 60, então, x>60).

Mesmo que somente 90 Desembargadores estejam presentes, será


necessário que 61 deles votem no mesmo sentido.

Se quiséssemos que a votação se desse por acabada com a maioria dos


presentes, o termo seria “maioria simples”.

Mas as sessões plenárias são reservadas a eventos e decisões importantes


no Tribunal, razão pela qual queremos ter certeza de que a sessão ocorrerá com o
máximo de Desembargadores presentes, de forma a anormalidades não
influenciarem tanto na decisão. Por exemplo: se apenas cinco Desembargadores
aparecerem na sessão plenária, imagino que você concordará que o resultado da
votação não será lá muito representativo da vontade da maioria, não é mesmo? :P

Art. 15. Ao Tribunal Pleno, além das competências previstas


nas Constituições Federal e Estadual, cabe exercer as
demais atribuições conferidas em lei e no Regimento
Interno.

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Teoria e exercícios comentados
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E se você estiver achando que o COJE não está sendo muito específico
nestes trechos, veja só a próxima sequência de artigos:

Art. 16. As Câmaras Cíveis Isoladas e a Câmara Criminal


funcionarão com o número de Desembargadores disposto
no Regimento Interno do Tribunal e terão as atribuições ali
discriminadas.

Art. 17. As Câmaras Cíveis Reunidas funcionarão com o


número de Desembargadores disposto no Regimento
Interno do Tribunal e terão as atribuições ali
discriminadas.

E para terminar a nossa aula experimental, o Tribunal de Justiça de Sergipe


tem uma Câmara que não existe em outros COJEs: A Câmara Especial de Férias.

E nesta minha última chance de convencê-lo de que sou um professor


decente, vou explicar porque você não deve estudá-la :P.

As férias coletivas em órgãos de 1ª e 2ª Instância foram vedadas depois da


Emenda Constitucional 45/2004, alterando a redação do inciso XII do artigo 93 da
Constituição Federal:

XII a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedado


férias coletivas nos juízos e tribunais de segundo grau,
funcionando, nos dias em que não houver expediente forense
normal, juízes em plantão permanente;

Por esta mesma razão, o artigo 8º do COJE deixou de apresentar a Câmara


Especial de Férias no rol de órgãos do Tribunal (na redação original do artigo, este
órgão estava expressamente previsto).

Veja que legal:

Art. 18. Durante as férias coletivas funcionará, no Tribunal de


Justiça do Estado de Sergipe, a Câmara Especial de Férias
com as atribuições estabelecidas em Lei e no Regimento
Interno do Tribunal de Justiça.

[...]

Vamos dar uma olhadinha lá no Regimento Interno:

Art. 2º O Tribunal de Justiça tem a seguinte estrutura:


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I - o Tribunal Pleno;

II - as Câmaras Cíveis Reunidas;

III - as Câmaras Cíveis Isoladas;

IV - a Câmara Criminal;

V - a Câmara Especial de Férias; (revogado pela Emenda


Regimental nº 004/2006)

VI - o Conselho da Magistratura;

VII - a Presidência;

VIII - a Vice-Presidência;

IX - a Corregedoria-Geral da Justiça.

Depois da Emenda Constitucional 45/2002, o próprio Tribunal cuidou de


eliminar qualquer previsão referente à Câmara Especial de Férias. Como o COJE
remete ao Regimento Interno, e o Regimento Interno não fala absolutamente nada,
a Câmara Especial de Férias simplesmente não funciona mais :P.

Legal né?

Pois bem, espero que você tenha gostado. O plano, tudo mais constante é
que a próxima aula encerre o COJE. Depois teremos uma ou duas aulas (a
depender da dinâmica) sobre o Regimento Interno e uma última aula com exercícios
para treino, tanto de provas passadas, como questões imitando o estilo da banca.

Até a próxima!

Felipe

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