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SUMÁRIO PÁGINA
Sumário
1. Lei 6.123 de 20 de julho de 1968 (Estatuto dos Servidores Públicos do
Estado do Pernambuco)............................................................................................. 2
Muito bem, vamos ver agora o que é que você precisa fazer para que o seu
salário caia bonitinho no fim do mês:
Art. 85. A duração normal do trabalho será de seis horas por dia ou
trinta horas por semana, podendo, extraordinariamente, ser prorrogada
ou antecipada, na forma que dispuser o regulamento.
Eis a regra geral: a menos que exista lei específica ou regulamento próprio
para o seu cargo (coisa que costuma aparecer no edital, mas que as pessoas só
descobrem quando começam a trabalhar :P), o regime de trabalho é de 30 horas
semanais (o que costuma ser dividido em 6 horas diárias de trabalho por cinco dias
da semana).
Agora, imagine que eu, sendo fiscal, seja designado para fazer “serviço
externo”. Meu chefe já não terá mais como saber se estou realmente cumprindo a
carga horária ou se passo o dia todo no sofá assistindo série.
Alguns órgãos do serviço público, por outro lado, não podem interromper a
prestação de serviços. Imagine-se vítima de um delito e buscando a proteção da
polícia em um domingo a noite, você se depare com o prédio da Delegacia fechado.
Isto é herança do tempo em que seu estatuto previa valores diferentes para
algumas gratificações em decorrência do trabalho ser desempenhado a noite.
Ademais, com esta conceituação presente no estatuto, outras leis que instituem
gratificações ou adicionais podem se valer do conceito para recompensar o servidor
em função desta condição especial de trabalho.
Art. 88. Nos serviços que exijam trabalho aos domingos e feriados, será
estabelecida escala mensal de revezamento.
A escala de revezamento permite que os servidores dividam a inglória tarefa
de trabalhar aos domingos e feriados entre eles, de forma que uma única pessoa
não fique sobrecarregada.
Seu tempo de serviço será uma das coisas mais importantes de sua vida
funcional. É por meio dele que sabemos quando você irá se aposentar, qual a
remuneração que lhe deve ser paga quando em disponibilidade, qual o momento
em que você faz jus às primeiras férias, entre várias outras coisas.
Veja um exemplo:
É só um alerta :P.
Você tirará férias, talvez precise de uma licença saúde, pode ser eleito
Governador do Estado, ser convocado para o júri e várias outras ocorrências que
farão com que você não compareça à repartição naquela data.
Antes de você tentar decorar todos os incisos, aqui vão algumas sugestões:
Talvez chegue o dia em que descubram o seu talento para, por exemplo,
gerenciar uma autarquia inteira em outro Estado. Neste caso, você seria convidado
a exercer um cargo ou função em outro órgão, completamente diferente de onde
tomou posse.
E se você tem talento, o ideal é que vá ser útil à Administração onde esta
pode melhor aproveitá-lo. Mas lembra-se que a ligação entre o servidor e seu cargo
é extremamente forte?
VIII licença-prêmio;
Falaremos da licença prêmio ainda nesta aula. Tenha paciência :P.
Eu não sou médico, mas posso supor que todas as doenças listadas no
parágrafo único do artigo 97 são excessivamente desagradáveis (na falta de
eufemismo melhor)
Sigamos.
[...]
XVI expressa determinação legal, em outros casos.
E, por fim, o inciso XV demanda um pouco mais da nossa atenção:
Entretanto, é importante não confundir este inciso com seu primo do artigo
92:
§ 4º Nos casos previstos nos §§ 1°, 2º, 3º deste artigo, o laudo resultante
da inspeção médica deverá estabelecer rigorosamente a
caracterização do acidente no trabalho e da doença profissional.
Pois bem, todas as hipóteses de afastamento (e licenças) vistas até aqui
eram tidas como de efetivo exercício do cargo, ainda que o servidor não o estivesse
exercendo.
a) Autarquias;
[...]
Fica a menção.
Esta é outra regra básica e bastante recorrente nos estatutos. Vamos, antes
de qualquer coisa, verificar os casos de acumulação lícita de cargos públicos:
Esteja certo: este servidor possui 10, e não 20 anos de serviço público nas
costas! Isto se deve ao simples fato de ser vedada a contagem cumulativa de tempo
de serviço.
Podemos ir em frente.
1.8 Disponibilidade
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores
nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público
[...]
3§ Extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade, o servidor
estável ficará em disponibilidade, com remuneração proporcional ao
tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em outro cargo.
Sexo Masculino:
- 1/35 avos por ano de serviço público (afinal, o tempo de serviço prestado a
outros entes da federação também é levado em consideração para fins de
disponibilidade): R$ 2857,14.
1
O salário-família passou a ser disciplinado na Lei Complementar 41/2001, que criou a
Fundação de Aposentadorias e Pensões dos Servidores do Estado de Pernambuco – FUNAPE.
A este valor deve ser somado o valor do salário família vigente em função do
número de dependentes (como o valor não é mais fixado no estatuto, ou o
enunciado te fornece os dados, ou você não precisa se preocupar com isto).
Vale a ressalva de que toda disciplina que tratava sobre a aposentadoria foi
revogada do estatuto pela Lei Complementar 104/2000.
1.9 Férias
Você também é filho de Deus. E assim, depois de trabalhar por doze meses,
terá direito às suas sagradas férias.
A regra geral é que se tire férias todo ano depois do primeiro ano, evitando-
se a acumulação. Mas o artigo deixa uma brecha nos casos de necessidade de
serviço, permitindo-se que se acumule até dois períodos.
- Para cada mês completo de efetivo exercício, o servidor exonerado fará jus
a uma indenização de 1/12 da remuneração do mês da publicação da exoneração
(haja “ação” :P).
Exemplos:
Tranquilo meu caro? É para ser mesmo! Mas se não for, o fórum de dúvidas
esta lá no site para isso.
Avancemos.
1.10 Licenças
O estatuto do seu estado não deixa isto claro, porém, só podemos falar de
prorrogação quando tratamos de licenças da mesma espécie (duas licenças por
motivo de doença em pessoa da família, ou duas licenças por motivo de saúde, ou,
enfim, duas licenças iguais).
Afinal, eu não posso prorrogar uma licença prêmio dando ao servidor uma
licença por motivo de doença em pessoa da família. Simplesmente não faz sentido.
Pois bem, se duas licenças forem concedidas com intervalo inferior ou igual a
60 dias entre uma e outra, elas serão consideradas como se fossem a mesma
licença, sendo a segunda mera prorrogação da primeira.
Para servir de exemplo, dê uma olhada rápida no artigo 125, que trata da
licença por motivo de doença em pessoa da família:
Art. 125. O funcionário poderá obter licença por motivo de doença [...]
[...]
§ 2º A licença de que trata este artigo não excederá vinte e quatro
meses e será concedida:
I com vencimento integral, até três meses;
II com metade do vencimento, até um ano;
III sem vencimento, a partir do décimo terceiro ate o vigésimo quarto
mês.
Em todo caso, se você achar que vai precisar de outra licença enquanto
estiver usufruindo da atual, você tem de fazer o requerimento ANTES de vencido o
prazo da primeira licença.
Exemplo:
Tudo que lemos até agora vale para toda e qualquer licença. A partir deste
ponto, aprenderemos a disciplina específica de cada uma delas.
1.10.1 Licença-Prêmio
Esta licença é uma iguaria cada vez mais rara nos estatutos do país (é como
uma trufa). Poucos são os estatutos que ainda mantêm uma licença parecida com
esta, ora porque a eliminaram completamente de seu texto, ora porque a
converteram em uma licença cujos requisitos de concessão são mais rigorosos (na
esfera federal, esta licença se tornou a licença para capacitação).
E se você achar que 6 meses é muito tempo parado, que tal fracionar a
licença?
Veja só:
[Lei 9.954/1986]
Art. 1º Para efeito do disposto no item I do Artigo 113, da Lei nº 6.123,
de 20 de julho de 1968, somente será considerada falta grave a
infração assim caracterizada em Inquérito Administrativo
regularmente processado
Deste modo, não há um critério objetivo que permita dizer de plano o que é
uma falta grave e o que não é.
sua criação). Por outro lado, estes órgãos possuem autonomia orçamentária para
gerir seus recursos.
Você talvez diga: mas eu sou Servidor Estadual, o dinheiro retido a título de
IR já não iria para a Receita Federal mesmo, porque é que o meu Estado esquenta
a cabeça com isso?
Todavia, o último destes decênios é pago com base no valor a que o servidor
faz jus no mês de seu desligamento. O critério nasceu provavelmente para facilitar o
trabalho: é mais fácil de calcular a licença prêmio com base no último pagamento,
calculando-a junto às demais verbas decorrentes do desligamento (é só pegar o
último contracheque, ao invés de revirar toda vida funcional do servidor em busca
de um contracheque específico).
Próximo ponto.
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Legislação Específica para o TJ-PE
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Lá nos primórdios da humanidade, isso era uma coisa fácil de resolver: você
não veio trabalhar, você não recebe!
Mesmo neste caso, você precisa ser examinado por um médico. Em face das
circunstâncias, a Administração aceita que a inspeção seja feita por um médico
ligado à Secretaria da Saúde. Se nem mesmo este profissional se fizer presente, o
estatuto vai ainda mais longe: qualquer médico do serviço público poderá fazer a
avaliação:
Art. 117. Nas localidades em que não houver junta médica, a inspeção
poderá, a juízo da Administração, ser realizada por médico da Secretaria
de Saúde, e, na falta deste, com a declaração do fato, por outro médico
do serviço público.
Os médicos da Secretaria de Saúde são aqueles servidores que você
encontra atendendo em hospitais públicos. Você deve estar se perguntando:
existem outros médicos no serviço público além deles?
A exceção foi trazida pelo artigo 119: se a junta médica considerar o caso
“recuperável”, poderá prorrogar a licença para além deste período.
Ah sim, mesmo que a junta médica erre em seu julgamento, ordenando que
um servidor recuperável seja aposentado por invalidez, sempre é possível recorrer
ao instituto da reversão:
Mas a Administração parece ser tão boazinha... Afinal, ainda que eu perca os
vencimentos, ela considera meu afastamento como sendo decorrente de licença. Ou
seja, não poderei ser demitido por abandono de cargo e minhas faltas não serão
consideradas injustificadas.
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Legislação Específica para o TJ-PE
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O que você precisa levar para a prova é que uma vez tendo ciência do laudo
com o “apto para a atividade laboral”, o servidor deve, imediatamente, voltar ao
trabalho. Do contrário, sua ausência não estará justificada.
Por fim, se você achar que o tempo de licença apontado no laudo da junta foi
excessivo, e que já se encontra apto a retornar à sua atividade, você mesmo pode
requerer uma nova inspeção, a fim de reassumir o exercício:
Vou novamente chamar sua atenção: Regra geral das licenças de saúde
(de qualquer tipo): o servidor que esteja em seu gozo não pode desenvolver
atividade remunerada neste período, de nenhuma espécie, em lugar algum, DE
JEITO NENHUM!!!!. Eu estava e estou falando sério!!!
Dito isto, a licença por motivo de doença em pessoas em família foi prevista
em um único artigo com quatro parágrafos:
Assim sendo, aí vai uma breve lição sobre parentesco e direito de família.
pessoas da mesma família. O parentesco por afinidade é aquele que nasce das
relações sociais, a exemplo do casamento. Assim, você será parente da sua sogra
quando se casar com sua esposa. Você e sua sogra não possuem um ancestral
comum, mas este vínculo nasceu de uma relação reconhecida socialmente entre
você e sua esposa.
Você já sabe o que é um parente afim, e o que significa linha reta e linha
colateral. Mas não conhece a contagem de graus.
Não, não fui eu quem fez, mas o esquema é tão bonito e colorido que eu não
conseguiria fazer melhor, então, vai este mesmo, com citação da fonte
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Parentescos.jpg).
Só que sua mãe mentiu para você quando disse que você tinha um “primo de
terceiro grau”. Primo de terceiro grau não existe!
Seu professor crê que isto se deva ao fato de o legislador dar bastante
importância às alterações biológicas que ocorrem no corpo da mãe no curso da
gestação, após o parto e ainda, quanto à necessidade de amamentação da criança
nos primeiros meses de vida. Mas, é difícil ter certeza, pois ninguém fala do assunto
na área de humanas :P.
De qualquer forma, o que você precisa ter em mente é que a licença gestante
e paternidade não são iguais! Muito pelo contrário: a licença gestante é bem mais
complexa que seu similar masculino, a ponto de merecer estudo mais detido.
O estatuto do seu estado é o único que conheço que traçou regras sobre a
fruição da licença para o serviço militar. Os demais costumam relegar a
regulamentação para outros diplomas.
Pois bem: a nação precisa de você (e ela não lhe dá muita escolha quanto ao
atendimento do chamado, daí o termo “obrigatório”). Não será o estado do
Pernambuco quem ficará na frente da segurança nacional:
Esta licença é que causa mais espanto aos ingressantes na carreira oriundos
da iniciativa privada. Vou simplificar o funcionamento dela tanto quanto possível.
Imagine que você quer visitar a Irlanda no ano que vem, ou aperfeiçoar-se na
arte do boxe tailandês, ou mesmo sentar e encostar-se ao sofá pelos próximos
quatro anos.
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Mas também não está a fim de perder seu vínculo com a Administração.
Neste caso, caso a Administração possa dispensar sua força de trabalho por este
período, você poderá pedir uma licença para tratar de assuntos particulares.
Veja só:
Art. 131. Não será concedida licença para trato de interesse particular a
funcionário removido, antes de assumir o exercício.
Por que isso? Servidores removidos de ofício para localidades longínquas
poderiam usar a licença para trato de interesse particular para evitar os efeitos
práticos da remoção. A ideia seria pedir a licença antes de assumir o exercício em
outra localidade e assim, não ter de fazer a mudança.
Por fim, supondo que você tenha se cansado do seu período sabático, ou
que a Administração, de uma hora para outra, não possa mais prescindir da sua
mão de obra, a licença para trato de interesse particular tem outra característica
marcante: sua interrupção pode se dar a qualquer tempo, por iniciativa do servidor
ou da Administração:
Art. 133. A funcionária casada terá direito a licença sem vencimento para
acompanhar o marido, funcionário civil ou militar ou servidor da
administração direta ou indireta do Poder Público, mandado servir de
oficio fora do País, em outro ponto do território nacional ou do Estado.
Este país, acredite você ou não, busca proteger, a qualquer custo, a entidade
familiar. Se seu cônjuge está indo para outro local, segurar você aqui só vai causar
um Divórcio e um servidor infeliz.
do servidor (o artigo 134 não faz distinção entre marido e esposa) for eleito para
cargo fora do estado (digamos, Governador do Rio Grande do Sul, ou Senador da
República), a licença poderia ser concedida independentemente do gênero do
servidor.
Minha última dica neste ponto é a seguinte: pense nas licenças como uma
autorização para não estar exercendo seu cargo (o gerúndio foi proposital).
Veremos, mais à frente, que uma das infrações administrativas que podem ser
cometidas pelo servidor é o abandono de seu cargo (deixar de exercê-lo por
determinado tempo), o que provoca a sua demissão.
1.11 Vencimento
Você terá um cargo público, certo? Este cargo tem uma retribuição
pecuniária (dinheirinho no seu bolso). Este valor será pago a você pelo
desempenho de suas atividades em virtude de lei. Pois bem, este é o seu
vencimento (também chamado vencimento básico).
Veja um exemplo:
Pelo exercício do cargo ocupado, esse servidor qual faz jus a uma retribuição
pecuniária conhecida por “vencimento” (ou, como conhecido aqui em São Paulo,
"valor base").
Fora isto, este servidor por estar investido em uma função de assistência,
também faz jus a um ”Pro-Labore", que é uma vantagem concedida àqueles que se
encontram no exercício de uma função gratificada. Além disto, a carreira na qual
aquele servidor se encontra possui uma vantagem permanente conhecida como
"Prêmio de Produtividade".
[...]
Veja só:
Todavia, o inciso III foi adicionado posteriormente (em 1975), prevendo uma
nova hipótese de perda do vencimento do cargo que não compartilha características
com as dos incisos estudados anteriormente.
Seu professor teria preferido a inclusão no artigo 137 (onde constam outras
hipóteses de perda de vencimentos). O legislador provavelmente escolheu incluir o
inciso III no artigo 136 pelo fato de que a perda de vencimento nos casos deste
artigo se darem por um período longo de tempo.
Enfim, vejamos:
III nos casos dos itens XI e XII do artigo 91, quando exceder o período
de um ano.
O artigo 91 estava dentro do capítulo do estatuto que tratava do tempo de
serviço. Os incisos XI e XII referem-se, respectivamente, aos afastamentos
decorrentes de missão oficial e participação em congressos, cursos de
especialização e similares:
Pelo menos se eu atrasar dentro dessa uma hora, o desconto deve ser
proporcional, né professor?
Então... o serviço público não lida bem com imprevisibilidade. Se ele marcou
um horário para você começar a trabalhar e outro para encerrar sua jornada, ele
espera que você cumpra o regulamento. Quando você não cumpre, outro servidor
terá de dar conta do seu serviço enquanto você não comparece.
É isto mesmo que você leu! Nem toda condenação penal por sentença
definitiva implica na perda de cargo público. Dê uma olhada no artigo 92 do Código
Penal:
Art. 139. Poderão ser abonadas até 03 (três) faltas durante o mês, por
motivo de doença comprovada, mediante atestado de médico ou
dentista, ou em decorrência de circunstância excepcional, a critério da
chefia.
Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, o funcionário deverá
apresentar o atestado ao chefe imediato, no prazo de 10 (dez) dias, a
contar da primeira falta ao serviço.
Existem dois grupos de motivos pelos quais você pode faltar e ter sua
ausência abonada pela chefia:
Pelo que você aprendeu até aqui, a consequência é uma só: falta!
Eu sei que é chato perder 10% da remuneração todo mês, mas é melhor do
que perder o emprego...
Esta é uma regra específica. Imagine que tenha ocorrido um erro na folha de
pagamento e tenham incluído uma rubrica extra em seu contracheque. Ninguém
percebeu na hora, e o pagamento indevido ocorreu.
O ex-servidor passa a ter 60 dias para quitar o débito. Caso ele não observe
este prazo e considerando que a repartição não tem meios de obter o
ressarcimento, só restará a inscrição do débito em dívida ativa:
Pera lá! Mas é exatamente assim que a remuneração dos Magistrados está
estruturada!
1.12 Vantagens
1.12.1 Indenizações
Se você, por exemplo, for enviado para outro município, do outro lado do
estado, e lá tiver de permanecer por três dias para realizar determinado trabalho, é
natural que tenha de se hospedar em algum local para dormir.
Pois bem, o dono do hotel não vai aceitar o seu crachá como forma de
pagamento, tampouco vai lhe fornecer um teto para dormir baseando-se tão
somente na condição de servidor público (aliás, quando alguém faz isso,
normalmente servidor e particular acabam indo parar no noticiário).
Você terá de entregar dinheiro ao dono do hotel, dinheiro este que sairá do
seu bolso. Mas, como você só está gastando este dinheiro porque está
desempenhando suas funções no interesse da Administração, é justo que você seja
ressarcido pelos gastos.
Todavia, o artigo o 145 abre uma exceção a esta regra: a permanência fora
da sede por mais de 30 dias, ainda que não tenha caráter permanente. A
preocupação do legislador provavelmente foi a de que o servidor teria de buscar
uma moradia mais bem estruturada para poder passar todo este tempo fora (se o
afastamento fosse de poucos dias, qualquer pousada serviria).
Note também que, pelo fato deste afastamento não ser permanente, as
despesas dele decorrentes são passíveis de indenização por meio de diárias e o
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artigo 145 não exclui seu pagamento. O artigo 145 é a exceção que confirma a
regra.
Se o servidor não cumpre a obrigação que lhe foi atribuída, o que exatamente
haveria para se indenizar? Pense nisso!
No primeiro caso, o servidor pode, por exemplo, ter sido nomeado para cargo
em comissão em outra sede, o que teria justificado seu deslocamento para a nova
cidade. Porém, no meio da missão, a Administração mudou de ideia e chamou ele
de volta (obedecer a determinação de autoridade competente).
Por fim, a terceira hipótese não é mais que um exercício de bom senso.
Imagine que você mudou de sede no interesse do serviço em 2000, e que em 2010
você foi nomeado para um novo cargo público, que além de pagar melhor, é a
realização de um sonho profissional.
Aposto que você vai se exonerar. Mas o artigo 146, inciso II, manda que você
restitua a ajuda de custo. E aí? faz sentido devolver uma grana que você recebeu
há 10 anos, sendo que você realmente se mudou no interesse do serviço, e ali
permaneceu desempenhando suas atribuições durante um longo tempo?
Lógico que não. Uma coisa é se exonerar logo no primeiro mês de mudança,
trazendo prejuízos para a Administração que incorreu em custos para deslocá-lo e
agora não poderá utilizar-se da sua força de trabalho. Outra coisa é querer deixar o
trabalho depois de ter feito a sua parte no crescimento do serviço público.
E para evitar dúvidas, o estatuto já fixou a fronteira entre uma coisa e outra:
90 dias. Se você se exonerar depois deste prazo, já não está mais obrigado a
ressarcir a ajuda de custo.
1.12.1.2 Diárias
Como mencionei, enquanto a ajuda de custo busca indenizar gastos
inerentes á mudança permanente do local onde o servidor exerce seu cargo, as
diárias indenizam afastamentos em caráter eventual ou transitório.
O auxílio para diferença de caixa era pago a servidores que tinham por
atribuições pagar e receber valores em moeda corrente.
O salário-família não foi revogado, apenas sua disciplina passou a ser feita
por outro diploma legal. Mencionei em uma nota de rodapé que o salário-família
passou a ser disciplinado na Lei Complementar 41/2001, que criou a Fundação de
Aposentadorias e Pensões dos Servidores do Estado de Pernambuco – FUNAPE.
1.12.4 Gratificações
Por motivos que seu professor desconhece, o seu estado não segue os
mesmos conceitos previstos nas obras de direito administrativo. No estatuto do
Pernambuco, tudo é gratificação (pelo menos vai ficar mais fácil de lembrar...).
Lembra-se quando eu falei sobre um “evento tido por relevante”? Pois bem, a
natureza dos eventos é que eles não duram para sempre. Todas as gratificações
recompensam o servidor por uma atividade que hoje desempenhada e que amanhã
poderá não ser mais.
órgãos e, por não estarem atrelados a um cargo público, não podem ser ocupadas
por servidores ocupantes de cargo em comissão (apenas ocupantes de cargo de
provimento efetivo podem preencher funções).
Estas funções, como você também já sabe, não fazem parte do conjunto de
atribuições do cargo. Elas são “anexadas” ao servidor, que desde então, fica
responsável pelo seu exercício, o que expande o conjunto original de serviços que
podiam ser exigidos do servidor. A gratificação de função busca recompensar o
servidor pela aceitação do encargo adicional.
A regra geral nos diz que esta gratificação deveria ser cancelada se o
servidor se afastasse temporária ou eventualmente. Mas também permite que a lei
abra exceções a esta previsão.
Ocorre que o próprio estatuto já cuidou de abrir algumas exceções para esta
regra na gratificação de função:
Se ele precisar ficar até mais tarde para resolver alguma coisa, o estatuto
entende que esta possibilidade já está contemplada na própria remuneração do
cargo.
Todavia, se você não for ocupante de cargo em comissão e tiver de ficar até
mais tarde no serviço, será adequadamente gratificado por isto:
Eu chegaria ao ponto de dizer que houve revogação tácita (lei nova derroga
lei antiga), mas prefiro ser mais cauteloso e colocar a redação dos dois parágrafos
(claro que o parágrafo 4º com mais destaque, já que é este que, na prática, produz
efeitos):
Esta disposição não tem aplicação prática para quem ingressou no serviço
público posteriormente à Emenda Constitucional 41/2003. Em sua origem, este
dispositivo permitia que o servidor incorporasse a gratificação pela prestação de
serviço extraordinário por ocasião de sua aposentadoria (no RH, esta rubrica
costuma se chamar “horas extras incorporadas”, ou coisa semelhante).
Também devo lembrar a você que seu estado veda incorporações quando a
fonte do recurso do pagamento tiver origem na União:
Art. 165. A gratificação prevista no item III do art. 160 será atribuída a
servidor com exercício no Gabinete e na Assessoria Técnica do
Governador, do Vice-Governador e de Secretário de Estado.
Buscando atrair os melhores talentos, seu Estado resolveu engordar o
contracheque daqueles que trabalharem junto ao Gabinete e Assessoria Técnica do
Governador, Vice e Secretário de Estado.
Dizem também (suponho que em tom jocoso) que essa gratificação serve
para que o servidor consiga comprar trajes adequados ao ambiente do Palácio.
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Pois bem, tamanha honra, no entanto, terá seu preço: o servidor não poderá
receber mais nenhuma gratificação a exceção das mencionadas no parágrafo 1º:
Por meio destes regimes é possível, por exemplo, fixar jornada de trabalho
diferente daquela estudada por nós há alguns artigos atrás:
Art. 85. A duração normal do trabalho será de seis horas por dia ou
trinta horas por semana, podendo, extraordinariamente, ser prorrogada
ou antecipada, na forma que dispuser o regulamento.
O regime de trabalho fixado como regra no artigo 85 é conhecido como
“regime de trabalho em tempo parcial” (já que o turno dura seis horas). Se o servidor
exercer um cargo ou função discriminada no parágrafo 1º, ele poderá, por exemplo,
ser submetido a um regime de trabalho de tempo integral (no qual o servidor ou
empregado deve cumprir 40 horas semanais de trabalho ou 8 horas diárias).
Pois bem, o jeton costuma ser muito mal lembrado por quem não está no
serviço público pois aparece na TV vinculado a salários de mais de R$ 100.000,00
mensais, em situações ligeiramente questionáveis :P.
Não acredito que este inciso ainda seja útil atualmente, mas ele não foi
revogado, então continua valendo.
Art. 85. A duração normal do trabalho será de seis horas por dia ou
trinta horas por semana, podendo, extraordinariamente, ser
prorrogada ou antecipada, na forma que dispuser o regulamento.
Parágrafo único. Excetuam-se do disposto neste artigo o trabalho
executado por funcionário em serviço externo que, pela própria
natureza, não pode ser aferido por unidade de tempo.
Não que seja necessariamente assim, mas é o que costuma ocorrer.
1.13 Concessões
Aliás, esta noção de "breve período" (de uma hora a alguns dias) é a única
coisa que vai te ajudar a distinguir as hipóteses de concessão das hipóteses de
licença.
Como você pode ver, os oitos dias de falta autorizados pelo estatuto em caso
de falecimento estão limitados aos ascendentes, descendentes e colaterais mais
próximos do servidor. Fora destas hipóteses, a falta ao serviço não será concedida.
Mas este não é o único favor que a Administração irá te conceder. Aliás, a
concessão do artigo 172 não é bem uma concessão destinada a você, mas sim
àqueles que você deixar para trás:
E as concessões continuam:
Enfim, você vai ser mais útil à Administração se conseguir concluir o seu
curso. E olha que essas horas nem são perdidas, pois serão compensadas
posteriormente (repare na expressão “sem prejuízo da duração semanal do
trabalho”).
A concessão do artigo 174 tem duas facetas: a primeira delas permite que o
horário do servidor seja ajustado para que ele compareça às aulas.
Art. 85. A duração normal do trabalho será de seis horas por dia ou
trinta horas por semana, podendo, extraordinariamente, ser prorrogada
ou antecipada, na forma que dispuser o regulamento.
A segunda faceta desta concessão permite que o servidor se ausente ao
serviço para realizar alguma prova ou exame. Se a prova que você tiver de fazer for
bem no horário de trabalho, você poderá se ausentar, bastando para isso
apresentar um atestado de que compareceu ao exame.
Você tem se destacado no desempenho de suas funções? Pois olha só! Você
foi convidado para exercer um cargo ou função pública! Meus parabéns!
Esta é uma previsão exclusiva do seu estatuto (nunca vi isto nos estatutos
dos outros estados). O servidor deixará temporariamente de ser servidor para ser
contratado pela Administração sob outro regime: o da Consolidação das Leis
Trabalhistas, vulga CLT.
Sigamos para a última concessão a ser vista. Existe uma exigência embutida
em todos os estatutos dos servidores que eles tenham fortes raízes com o Brasil.
Isto vai desde a exigência de nacionalidade brasileira (em regra), portar título
de eleitor e CPF, vedação à percepção de pensão estrangeira sem autorização
prévia, entre vários outros exemplos. Servidores Públicos são, talvez, os últimos
patriotas autênticos :P.
Pois bem, a Administração suportou ficar todo este período de tempo sem o
servidor. Ela acreditou que a paciência e o investimento (sim, investimento, afinal,
ela dispendeu recursos sem receber a contraprestação da mão de obra do servidor),
valeriam a pena.
Suponha, por fim, que este servidor não pertença aos quadros da Secretaria
da Fazenda.
Pois bem, este servidor poderá ser cedido por seu órgão de origem, mesmo
tendo se afastado para estudo.
Assim sendo, são casuísticas, e muito pouco tem a ver entre si.
Questões Comentadas
1 – IPAD – PGE PE – 2014 A Lei nº 6.123/68 trata dos direitos dos servidores
públicos de Pernambuco. De acordo com esse diploma legal, não é considerado de
efetivo exercício o afastamento decorrente de:
d) Licença-prêmio
e) Júri
Letra b)
Só nos restou a letra d), que está de acordo com a redação do artigo 132 do
estatuto:
Letra d)
Perfeito! Cópia fiel do artigo 112, com a ressalva do inciso I do artigo 113:
Maravilha também:
A licença para tratamento de saúde não é uma concessão, razão pela qual
você pode desconfiar se te sugerirem o prazo normal das concessões em qualquer
procedimento a ela relacionado (as concessões costumam ser de 8 dias).
Comentário: Vejamos:
Art. 133. A funcionária casada terá direito a licença sem vencimento para
acompanhar o marido, funcionário civil ou militar ou servidor da
administração direta ou indireta do Poder Público, mandado servir de
oficio fora do País, em outro ponto do território nacional ou do Estado.
[...]
§ 2º A persistência dos motivos determinantes da licença deverá ser
obrigatoriamente comprovada a cada dois anos, a partir da
concessão.
Perfeita!
Letra d)
a) um terço do vencimento.
b) a totalidade do vencimento.
c) metade do vencimento.
Letra d)
a) 15 dias
b) 30 dias
c) 45 dias
d) 60 dias
e) 90 dias
Letra d)
A respeito das informações acima quais servidores poderão tirar licença para
o trato de interesse particular:
a) Alex
b) Fernanda e Marta
c) Alex e Marta
d) Marta
e) Fernanda
Preste atenção nos trechos “ocupante de cargo efetivo” e “que não esteja em
estágio probatório”. Estas duas expressões nos remetem à figura do servidor
estável.
Alex não poderá requerer licença para interesse particular por estar em
estágio probatório e Marta, não poderá, pois, exerce exclusivamente cargo de
provimento em comissão.
Letra e)
Comentário: Cuidado aqui meu caro. Eu pedi (fui eu quem fez a questão :P)
qual o prazo máximo de afastamento computando-se também a eventual
prorrogação que possa ser requisitada pelo servidor.
Art. 178 O servidor poderá afastar-se de suas funções, para estudo [...]
§ 1º O afastamento para estudo dar-se-á sem prejuízo da remuneração,
[...]
§ 2º O afastamento referido no parágrafo anterior, sem prejuízo das
hipóteses de curso de menor duração, dar-se-á nos seguintes prazos:
I para curso de especialização, por 18 (dezoito) meses, prorrogáveis
por mais 3 (três) meses;
II para curso de mestrado, por 30 (trinta) meses, prorrogáveis por mais
6 (seis) meses;
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Legislação Específica para o TJ-PE
Teoria e exercícios comentados
Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 02
b) Ainda que a licença de Mário tenha extrapolado o limite legal, não houve
violação do Estatuto, pois a doença era de alta complexidade.
Hora de relembrar:
Mário se utilizou da licença prevista no inciso III. Até aí perfeito. Mas será que
essa modalidade possuí prazo máximo?
Possui sim!
§ 2º A licença de que trata este artigo não excederá vinte e quatro meses
e será concedida:
I com vencimento integral, até três meses;
II com metade do vencimento, até um ano;
III sem vencimento, a partir do décimo terceiro ate o vigésimo quarto mês.
Letra e)
Deste modo o Estatuto prevê que a quantia a ser resposta será amortizada
mensalmente por meio de parcelas que não excederão dez por cento da
remuneração ou provento do servidor. Assim está disposto no artigo 140:
Questões Propostas
1 – IPAD – PGE PE – 2014 A Lei nº 6.123/68 trata dos direitos dos servidores
públicos de Pernambuco. De acordo com esse diploma legal, não é considerado de
efetivo exercício o afastamento decorrente de:
d) Licença-prêmio
e) Júri
a) um terço do vencimento.
b) a totalidade do vencimento.
c) metade do vencimento.
a) 15 dias
b) 30 dias
c) 45 dias
d) 60 dias
e) 90 dias
A respeito das informações acima quais servidores poderão tirar licença para
o trato de interesse particular:
a) Alex
b) Fernanda e Marta
c) Alex e Marta
d) Marta
e) Fernanda
b) Ainda que a licença de Mário tenha extrapolado o limite legal, não houve
violação do Estatuto, pois a doença era de alta complexidade.
Gabarito
1 B 6 D
2 D 7 E
3 E 8 D
4 D 9 E
5 D 10 C