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Aula 02

Legislação Aplicada p/ TJ-PE (Analista e Técnico) - Parte 1


Professor: Felipe Petrachini
Legislação Específica para o TJ-PE
Teoria e exercícios comentados
Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 02

Aula 02 – Lei nº 6.123 de 20 de julho de 1968.

SUMÁRIO PÁGINA

Sumário
1. Lei 6.123 de 20 de julho de 1968 (Estatuto dos Servidores Públicos do
Estado do Pernambuco)............................................................................................. 2

1.6 Duração do Trabalho ............................................................................. 2

1.7 Tempo de Serviço .................................................................................. 5

1.8 Disponibilidade ..................................................................................... 19

1.9 Férias ................................................................................................... 23

1.10 Licenças ............................................................................................. 27

1.10.1 Licença-Prêmio ........................................................................... 30

1.10.2 Licença para Tratamento de Saúde ............................................ 36

1.10.3 Licença Por Motivo de Doença em Pessoa da Família ........................ 41

1.10.3 Extra: Contagem de Graus. ......................................................... 43

1.10.4 Licença- Maternidade .................................................................. 45

1.10.5 Licença para o Serviço Militar Obrigatório ................................... 49

1.10.6 Licença para Trato de Interesse Particular .................................. 50

1.10.7 Licença à Funcionária Casada para Acompanhar o Marido ................ 52

1.11 Vencimento ........................................................................................ 54

1.12 Vantagens .......................................................................................... 65

1.12.1 Indenizações ............................................................................... 66

1.12.2 Auxílio para Diferença de Caixa .................................................. 70

1.12.3 Salário Família ............................................................................ 70

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1.12.4 Gratificações ............................................................................... 71

1.13 Concessões ....................................................................................... 83

Questões Comentadas .................................................................................. 91

Questões Propostas .................................................................................... 106

Gabarito ....................................................................................................... 111

Vamos nós de novo! Hoje vamos dar prosseguimento no estudo do estatuto


dos servidores públicos do seu estado. Embora o nosso curso teórico tente ser o
mais didático possível, esteja certo: você se tornará espontaneamente um
especialista neste assunto depois de uns dois anos de casa :P.

Começaremos discutindo sobre os direitos e vantagens dos servidores nesta


aula.

1. Lei 6.123 de 20 de julho de 1968 (Estatuto dos


Servidores Públicos do Estado do Pernambuco)

1.6 Duração do Trabalho

Se existir algo mais sagrado que o carimbo de um funcionário público, é


certamente o seu horário de trabalho. Em termos de precisão, é mais fácil acertar o
horário do seu relógio pelo horário de entrada de um funcionário público do que por
qualquer outro meio disponível :P.

Muito bem, vamos ver agora o que é que você precisa fazer para que o seu
salário caia bonitinho no fim do mês:

Art. 85. A duração normal do trabalho será de seis horas por dia ou
trinta horas por semana, podendo, extraordinariamente, ser prorrogada
ou antecipada, na forma que dispuser o regulamento.
Eis a regra geral: a menos que exista lei específica ou regulamento próprio
para o seu cargo (coisa que costuma aparecer no edital, mas que as pessoas só
descobrem quando começam a trabalhar :P), o regime de trabalho é de 30 horas

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semanais (o que costuma ser dividido em 6 horas diárias de trabalho por cinco dias
da semana).

Mas esta regra se aplica ao trabalho “de escritório”. Quando eu compareço à


minha repartição, meu chefe tem condições de saber se estou realmente
trabalhando ao longo destas seis horas (ou no meu caso aqui em São Paulo, 8
horas, antes que você escreva para minha corregedoria :P).

Agora, imagine que eu, sendo fiscal, seja designado para fazer “serviço
externo”. Meu chefe já não terá mais como saber se estou realmente cumprindo a
carga horária ou se passo o dia todo no sofá assistindo série.

Resumindo: cobrar carga horária de serviço externo não funciona, logo, o


estatuto não fixa carga horária nestes casos:

Parágrafo único. Excetuam-se do disposto neste artigo o trabalho


executado por funcionário em serviço externo que, pela própria natureza,
não pode ser aferido por unidade de tempo.
Fique tranquilo pois a Administração controla nossa produtividade de outra
forma.

Alguns órgãos do serviço público, por outro lado, não podem interromper a
prestação de serviços. Imagine-se vítima de um delito e buscando a proteção da
polícia em um domingo a noite, você se depare com o prédio da Delegacia fechado.

Ou então, doente e dependendo da rede pública de saúde às 2 horas da


manhã de um sábado, você fique obrigado a aguardar até a segunda feira de
manhã para ser atendido.

Absurdo, não? Mas lembre-se que repartições precisam de servidores para


funcionar e adivinha só: alguém vai ter de trabalhar nestes horários ingratos. O
estatuto fixa as regras pelas quais isto acontecerá:

Art. 86. Salvo nos casos de revezamento semanal ou quinzenal, a


duração normal do trabalho noturno será de seis horas por dia,
podendo, extraordinariamente, ser prorrogada ou antecipada, na forma que
dispuser o regulamento.

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A duração do trabalho noturno é também igual a seis horas por dia de


trabalho, a exceção do trabalho realizado em revezamento (o estatuto abre apenas
a possibilidade sem, no entanto, regulá-la).

Parágrafo único. Considera-se noturno o trabalho executado entre as


vinte e duas horas de um dia e as cinco horas do dia seguinte.
Ora: qual a importância de fixar o trabalho noturno se sua duração é
exatamente igual à do trabalho “normal”?

Isto é herança do tempo em que seu estatuto previa valores diferentes para
algumas gratificações em decorrência do trabalho ser desempenhado a noite.
Ademais, com esta conceituação presente no estatuto, outras leis que instituem
gratificações ou adicionais podem se valer do conceito para recompensar o servidor
em função desta condição especial de trabalho.

A título de exemplo, a CLT remunera o empregado com um adicional de 20%


de sua remuneração em função do trabalho ser feito durante o horário noturno.

Em todo caso, guarde: o horário noturno ocorre entre as 22 horas do dia X


até as 5 da manhã do dia X+1.

Já que falei do fim de semana, vou antecipar o artigo 88:

Art. 88. Nos serviços que exijam trabalho aos domingos e feriados, será
estabelecida escala mensal de revezamento.
A escala de revezamento permite que os servidores dividam a inglória tarefa
de trabalhar aos domingos e feriados entre eles, de forma que uma única pessoa
não fique sobrecarregada.

Art. 87. A duração normal do trabalho do funcionário que ocupar cargo


do Serviço Técnico Científico será de quatro horas por dia, ou vinte
horas semanais, podendo excepcionalmente ser aumentada mediante
antecipação ou prorrogação do expediente pela autoridade competente.
E para terminar, a Administração tem a prerrogativa de instituir regimes de
tempo complementar (jornada de trabalha regular que exceda as previstas nesta
parte do estatuto) e com dedicação exclusiva (onde o servidor não pode se dedicar
a outra atividade que não o exercício do cargo):

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Art. 89. Poderão ser estabelecidos os regimes de tempo complementar e


integral com dedicação exclusiva, no interesse do serviço e a juízo da
administração.
Recapitulando:

Serviço Normal: 6 horas diárias ou 30 horas semanais

Serviço Noturno: 6 horas diárias ou 30 horas semanais

Serviço Técnico Científico: 4 horas diárias ou 24 horas semanais

Serviço Externo: não sujeito a controle de horário.

1.7 Tempo de Serviço

Seu tempo de serviço será uma das coisas mais importantes de sua vida
funcional. É por meio dele que sabemos quando você irá se aposentar, qual a
remuneração que lhe deve ser paga quando em disponibilidade, qual o momento
em que você faz jus às primeiras férias, entre várias outras coisas.

Este capítulo nos diz como esta apuração é feita:

Art. 90. A apuração do tempo de serviço será feita em dias.


Parágrafo único. O número de dias será convertido em anos, considerado
o ano de trezentos e sessenta e cinco dias.
Seu professor tem várias certidões de tempo de serviço de diversos órgãos
públicos do país (trabalhei na esfera federal, estadual e municipal, bem como
vinculado tanto ao Executivo como ao Judiciário) e todas as certidões tem um traço
em comum: o tempo de serviço público é contado em dias!

Veja um exemplo:

Este é um excerto da certidão que recebi da Prefeitura de São Paulo. A


contagem é inicialmente feita em dias e, no instante seguinte, convertida em anos.

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Antes de seguirmos, temos que dar uma olhada na Constituição Federal:

Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos


Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas
autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de
caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo
ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas,
observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e
o disposto neste artigo.
[...]
§ 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de contagem de
tempo de contribuição fictício.
O texto da Emenda Constitucional 20/1998 é relativamente novo.

Antes de sua edição era comum que os servidores averbassem “tempo de


serviço em dobro” em função de alguma previsão estatutária (o caso mais comum
era o do não usufruto e não conversão em pecúnia das férias e da licença prêmio ou
serviço prestado às forças armadas em operações de guerra). Hoje não é possível
fazer a averbação desse tempo para fins de aposentadoria, justamente por conta da
alteração no texto da Constituição.

Isso significa que disposições com a do inciso II do artigo 92 tem de ser


vistas com cautela:

Art. 92 Para efeito de aposentadoria e disponibilidade, será


computado:
[...]
II o período de serviço ativo, nas Forças Armadas, prestado durante a
paz, computado pelo dobro o tempo em operação de guerra;
[...]
Repare que o efeito pretendido pelo estatuto (contagem em dobro do tempo
de serviço às Forças Armadas em operações de guerra) já não é mais contemplado
pela Constituição Federal.

É só um alerta :P.

Voltemos à ordem normal do estatuto.

A regra geral da contagem de tempo de serviço começa com uma obviedade


importante de ser pontuada: o tempo de serviço prestado ao Estado de
Pernambuco é contado para todos os efeitos.
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A expressão "contado para todos os efeitos" significa que o tempo


mencionado será levado em consideração em absolutamente todos os aspectos em
que a lei o utilizar como parâmetro.

Quer usufruir da licença prêmio, e o estatuto menciona decênio de efetivo


exercício? O tempo será levado em consideração!

Quer tirar férias e precisa de 12 meses de exercício no primeiro ano? O


tempo é levado em consideração!

Quer se aposentar? O tempo é levado em consideração!!!!

Todos os efeitos é o que a expressão sugere: para todos os efeitos!

Assim, o tempo que você exercer cargo público no Estado do Pernambuco


será levado em consideração sempre que a legislação o utilizar como requisito para
obtenção de algum direito.

Todavia, a parte mais interessante está nos artigos 91 e 92. É humanamente


impossível que você não venha a se ausentar no serviço algumas vezes ao longo
das próximas décadas que tem a cumprir antes da aposentadoria.

Você tirará férias, talvez precise de uma licença saúde, pode ser eleito
Governador do Estado, ser convocado para o júri e várias outras ocorrências que
farão com que você não compareça à repartição naquela data.

Reconhecendo a naturalidade com que alguns eventos ocorrerão ao longo da


vida funcional do servidor, ora porque são bastante comuns (férias, licença gestante
ou à paternidade, tratamento da própria saúde, entre outros), nem toda falta ao
serviço é excluída da contagem de tempo. Algumas ausências são inclusive
impostas (a exemplo das férias) e outras são consideradas legítimas à luz do bom
senso (licença saúde).

Aliás, existem três possibilidades para tratamento das ausências (o artigo 91


utilizou a palavra "afastamento" em seu sentido comum, pois menciona algumas
licenças em seu texto):

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- A ausência é considerada como de efetivo exercício (e assim, será contada


para todos os fins). Será como se o servidor tivesse trabalhado normalmente
naquele dia em que se ausentou;

- A ausência é considerada apenas para fins de aposentadoria e


disponibilidade. O servidor não poderá utilizar este tempo para, por exemplo,
contagem para concessão de adicionais temporais junto ao órgão em que se
encontra. Todavia, no cálculo dos proventos que deve receber por conta de sua
disponibilidade ou aposentadoria, este tempo será levado em consideração;

- A ausência não é considerada para quaisquer fins. Um exemplo clássico é o


da licença para trato de interesse particular, que não se encontra listada nem no
artigo 91, nem no artigo 92 e, assim, não é considerada para qualquer efeito.

Antes de você tentar decorar todos os incisos, aqui vão algumas sugestões:

- Sempre que houver contribuição previdenciária (para qualquer ente), o


tempo de serviço será considerado pelo menos para fins de aposentadoria e
disponibilidade (do contrário, o erário estaria se apropriando indevidamente
das contribuições);

- Usualmente, se o afastamento é obrigatório, ele é considerado na


contagem para todos os fins.

- Usualmente, as ausências remuneradas são levadas à contagem de


tempo de serviço para todos os fins.

- Usualmente, as ausências não remuneradas não são levadas à


contagem de tempo de serviço, para quaisquer fins.

Dito isto, podemos ler os artigos:

Art. 91. Será considerado de efetivo exercício o afastamento decorrente de:


I férias;
II casamento;
III luto;
IV exercício de outro cargo, função de Governo, ou direção nos
serviços da administração direta ou indireta do Estado;

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V exercício em cargo ou função de direção, chefia ou assessoramento,


quando posto à disposição de entidades da administração direta ou
indireta, da União, dos Estados e Municípios;

Talvez chegue o dia em que descubram o seu talento para, por exemplo,
gerenciar uma autarquia inteira em outro Estado. Neste caso, você seria convidado
a exercer um cargo ou função em outro órgão, completamente diferente de onde
tomou posse.

E se você tem talento, o ideal é que vá ser útil à Administração onde esta
pode melhor aproveitá-lo. Mas lembra-se que a ligação entre o servidor e seu cargo
é extremamente forte?

Os inciso IV e V buscam estimulá-lo a abraçar esta oportunidade

O inciso IV está se referindo ao exercício de cargos em comissão dentro do


Estado do Pernambuco, ao passo que o inciso V trata do exercício de cargos em
comissão em outros entes da federação.

Em ambos os casos o seu tempo de serviço prestado será considerado como


se você nunca tivesse saído de sua repartição de origem.

Os incisos VI e VII tratam de uma das regras que acabamos de ver: se o


afastamento é obrigatório, ele normalmente é considerado de efetivo exercício:

VI convocação para o serviço militar;


VII júri e outros serviços obrigatórios por lei;
Você não recebe nada a mais por prestar serviço militar, tampouco para
participar do Tribunal do Júri, mas já que você não pode recusar a incumbência (e
sair ileso desta recusa), seu estatuto resolveu suavizar o golpe: ao menos o tempo
em que você passar prestando estes serviços será considerado como se você
efetivamente estivesse na repartição.

VIII licença-prêmio;
Falaremos da licença prêmio ainda nesta aula. Tenha paciência :P.

IX licença à funcionária gestante e ao funcionário acidentado em serviço


ou atacado de doença profissional;

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X licença, até o limite de dois anos, ao funcionário acometido de


moléstia consignada no parágrafo único do artigo 97, ou de outras
indicadas em lei;
Tratando de licenças que ainda serão estudadas, faremos as coisas naquele
esquema que já estamos fazendo: quando estudarmos a licença respectiva,
lembrarei a você este trecho do estatuto.

No entanto, algumas coisas já podem ser faladas agora.

Existe uma diferença de tratamento das moléstias que o servidor contrai no


exercício de suas funções (doenças profissionais ou, flexibilizando um pouco o
conceito, os acidentes em serviço) e as demais doenças.

Podemos dividi-las em três grupos:

Licenças decorrentes de doenças profissionais e acidentes de trabalho:


tempo de afastamento é considerado de efetivo exercício e sem qualquer
limitação temporal.

Licenças decorrentes de moléstias listadas no artigo 97, parágrafo


único, não relacionadas ao exercício das funções: tempo de afastamento é
considerado de efetivo exercício limitado a 2 anos.

Parágrafo único. Para os efeitos do disposto na letra "b" do item I


deste artigo, consideram-se doenças graves a tuberculose ativa, a
alienação mental, a neoplasia malígna de qualquer natureza, a
cegueira, a lepra, a paralisia, a cardiopatia grave, o mal de Parkinson e
as colagenoses com lesões sistêmicas ou de musculatura esquelética.
O texto deste parágrafo foi revogado, todavia as doenças aqui listadas
continuam tendo tratamento diferenciado quando gerarem direito à licença para
tratamento de saúde.

Licenças decorrentes de acidentes não relacionados ao trabalho ou de


moléstias não relacionadas ao exercício do cargo e não listadas no artigo 97,
parágrafo único: tempo de afastamento é contado exclusivamente para fins de
disponibilidade e aposentadoria.

Art. 92. Para efeito de aposentadoria e disponibilidade, será


computado:
[...]

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VI o tempo de duração de licença para tratamento de saúde;


[...]
Resumindo a história: se você quebrar o pé jogando bola no sábado, e não
puder trabalhar na segunda feira, seu tempo de afastamento será contado apenas
para aposentadoria e disponibilidade.

Porém, se quebrar esse mesmo pé na segunda feira, no momento em que


um armário da repartição caiu sobre ele, e pelo mesmo motivo, for obrigado a se
licenciar para tratamento de saúde, o tempo será contado para todos os fins.

Tudo isto com uma exceção: o acometimento de doença reconhecida como


moléstia grave. Neste caso, mesmo que o servidor fique doente em pleno domingo,
bem longe da repartição, o tempo será contado como de efetivo exercício, pelo
prazo máximo de 2 anos

Eu não sou médico, mas posso supor que todas as doenças listadas no
parágrafo único do artigo 97 são excessivamente desagradáveis (na falta de
eufemismo melhor)

Sigamos.

Os incisos XI e XII, a fim de que as ausências possam ser consideradas de


efetivo exercício, dependem de autorização do Governador (ou do dirigente máximo
de cada Poder, quando estivermos falando do Poder Legislativo e do Poder
Judiciário).

XI missão oficial no país ou no estrangeiro, com ônus para o Estado,


mediante ato de autorização do Governador;
XII participação em congressos ou cursos de especialização,
realização de pesquisas científicas, estágios ou conferências culturais, com
a autorização do Governador e a competente prova de frequência e
aproveitamento;
As hipóteses dos incisos XIII, XIV e XVI dependem de diplomas legais
específicos para serem aplicáveis. Dificilmente serão cobradas em prova e ficam
aqui a título de menção:

XIII desempenho de comissões ou funções previstas em lei ou


regulamento;
XIV trânsito, na forma prevista nos regulamentos;

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[...]
XVI expressa determinação legal, em outros casos.
E, por fim, o inciso XV demanda um pouco mais da nossa atenção:

XV desempenho de função eletiva da União, dos Estados e dos


Municípios;
O inciso XV nos diz que um servidor licenciado para desempenhar função
eletiva (cargos que dependam de eleição para serem preenchidos, a exemplo do
Presidente, Governador, Prefeito, bem como Deputados e Senadores) na União,
Estados ou Municípios terá seu tempo de licença contado como de efetivo exercício.

Entretanto, é importante não confundir este inciso com seu primo do artigo
92:

Art. 92. Para efeito de aposentadoria e disponibilidade, será


computado:
I o tempo de serviço público federal, estadual ou municipal, inclusive o de
desempenho de mandato eletivo anterior à investidura;
[...]
Se o atual servidor não possuía esta condição quando exerceu um cargo
eletivo, digamos, se antes de ter prestado um concurso público, determinada
pessoa era vereadora do município onde morava, este tempo de mandato eletivo
será considerado apenas na contagem de tempo para aposentadoria ou para o
cálculo dos proventos em caso de disponibilidade remunerada.

Voltando agora ao caso das licenças para tratamento de saúde. Só para


relembrá-lo de nossa discussão:

IX licença à funcionária gestante e ao funcionário acidentado em serviço


ou atacado de doença profissional;
X licença, até o limite de dois anos, ao funcionário acometido de
moléstia consignada no parágrafo único do artigo 97, ou de outras
indicadas em lei;
Sabemos de antemão que o tratamento é diferenciado:

Licenças decorrentes de doenças profissionais e acidentes de trabalho:


tempo de afastamento é considerado de efetivo exercício e sem qualquer
limitação temporal.

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Licenças decorrentes de moléstias listadas no artigo 97, parágrafo


único, não relacionadas ao exercício das funções: tempo de afastamento é
considerado de efetivo exercício limitado a 2 anos.

Licenças decorrentes de acidentes não relacionados ao trabalho ou de


moléstias não relacionadas ao exercício do cargo e não listadas no artigo 97,
parágrafo único: tempo de afastamento é contado exclusivamente para fins de
disponibilidade e aposentadoria.

Considerando que o acidente no trabalho e a moléstia profissional recebem


tratamento diferenciado quanto a contagem de tempo de serviço, o estatuto se
preocupou bastante com sua conceituação:

§ 1º Para os efeitos deste Estatuto, entende-se por acidente no trabalho


o evento que cause dano físico ou mental ao funcionário por efeito ou
na ocasião do serviço.
Um acidente de trabalho resta caracterizado quando temos duas coisas:

- Um evento: Um acidente de trabalho depende de um fenômeno observável


ou ao menos aferível e, principalmente: um evento não é algo permanente no
tempo. Enfim: alguma coisa diferente precisa acontecer. Se eventos dentro da
normalidade conduzem o servidor a um afastamento, não estamos diante de um
acidente de trabalho e sim de uma moléstia profissional;

- Nexo de causalidade entre acidente e serviço: o evento em questão


precisa estar relacionado ao serviço ou ao menos ter ocorrido durante o mesmo. Se
um vazamento de gás em sua repartição provoca uma explosão e você se queima,
estamos diante de um acidente de serviço, pois ocorreu “na ocasião” do serviço.

Se você tem por atribuição manusear produtos químicos e, durante o


manuseio, provoca uma explosão, também estamos diante de um acidente de
trabalho, pois o acidente se deu “por efeito” do serviço.

O parágrafo 2º traz um bônus:

§ 2º Equipara-se ao acidente no trabalho a agressão quando não


provocada, sofrida pelo funcionário no serviço ou em razão dele.

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Embora não seja exatamente um acidente de trabalho, se você for agredido


durante o serviço ou por causa dele, o estatuto considerará a agressão também um
acidente de trabalho. Passando para meu dia a dia, se eu informar um contribuinte
que ele acabou de ser autuado em 3 bilhões de reais e levar um soco na cara,
adivinha só: acidente de serviço!

Se dias depois, em um sábado, este mesmo contribuinte vier atrás de mim e


eu levar aquele mesmo soco, também é acidente de trabalho: ele só me bateu em
razão do serviço que eu havia desempenhado.

Em ambos os casos, meu afastamento por licença para tratamento de saúde


será considerado de efetivo exercício.

§ 3º Por doença profissional, para os efeitos deste Estatuto, entende-se


aquela peculiar ou inerente ao trabalho exercido, comprovada em
qualquer hipótese a relação de causa e efeito.
A doença profissional tem como marca sua origem no desempenho das
atribuições do cargo. Exemplo: professores costumam apresentar lesões por
esforços repetitivos (LER) e danos na musculatura do braço e ombros em função de
passarem vários anos escrevendo em “quadros negros”.

Estas lesões são peculiares a esta classe profissional (o número de


ocorrências de LER em profissionais da educação tende a destoar da média
verificada na população) e inerentes ao trabalho exercido (é “normal” que sejam
contraídas em função do exercício das atribuições), embora apenas uma destas
características precisasse ser demonstrada.

Contudo, por mais evidente que o vínculo entre a doença e o trabalho


possam parecer ao leigo, é necessário demonstrar este nexo de causalidade a fim
de obter o tratamento de doença profissional para o afasta (a rigor, isto vale também
para o acidente de trabalho, ainda que não expressamente).

Para facilitar o trabalho do servidor, o parágrafo 4º obriga que a


caracterização de um acidente de trabalho ou acidente profissional venha
expressamente consignado no laudo da perícia médica:

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§ 4º Nos casos previstos nos §§ 1°, 2º, 3º deste artigo, o laudo resultante
da inspeção médica deverá estabelecer rigorosamente a
caracterização do acidente no trabalho e da doença profissional.
Pois bem, todas as hipóteses de afastamento (e licenças) vistas até aqui
eram tidas como de efetivo exercício do cargo, ainda que o servidor não o estivesse
exercendo.

As próximas hipóteses de afastamento são levadas em consideração no


tempo de serviço do servidor exclusivamente para dois efeitos: aposentadoria e
disponibilidade.

Art. 92. Para efeito de aposentadoria e disponibilidade, será computado:


I o tempo de serviço público federal, estadual ou municipal, inclusive o
de desempenho de mandato eletivo anterior à investidura;
[...]
III o tempo de serviço prestado em autarquia federal, estadual ou
municipal;

Naturalmente, o inciso I do artigo 92 está excluindo o tempo de serviço


público prestado no próprio estado do Pernambuco, afinal, este é contado para
todos os efeitos.

Assim, se você era servidor público de outro ente da federação, fique


tranquilo: seu tempo de serviço será contado no cálculo dos proventos da sua
aposentadoria e disponibilidade. Se você precisar de 35 anos de contribuição,
aqueles 10 anos que você passou servindo a Prefeitura de Rosana (cidade
fronteiriça entre São Paulo de Mato Grosso do Sul) serão levados à conta.

Já comentamos sobre o desempenho de mandato eletivo anterior à


investidura: Se o atual servidor não possuía esta condição quando exerceu um
cargo eletivo, digamos, se antes de ter prestado um concurso público, determinada
pessoa era vereadora do município onde morava, este tempo de mandato eletivo
será considerado apenas na contagem de tempo para aposentadoria ou para o
cálculo dos proventos em caso de disponibilidade remunerada. Do contrário (se
ocupou o mandato eletivo enquanto era servidor), a contagem do tempo é levada
para todos os efeitos.

Relembro a você este trecho do Decreto-lei 200/1967:


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Art. 4° A Administração Federal compreende:

I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços integrados na


estrutura administrativa da Presidência da República e dos
Ministérios.

II - A Administração Indireta, que compreende as seguintes categorias


de entidades, dotadas de personalidade jurídica própria:

a) Autarquias;

[...]

Considerando que as autarquias também compõem a Administração Pública,


é natural que o tempo de serviço a elas prestado receba o mesmo tratamento.

II o período de serviço ativo, nas Forças Armadas, prestado durante a


paz, computado pelo dobro o tempo em operação de guerra;
O serviço ativo nas forças armadas recebe o mesmo tratamento dispensado
ao serviço público civil dos outros entes da federação. Entretanto, temos a ressalva
da parte final do artigo: contagem de tempo em dobro em caso de participação em
operações de guerra.

Como eu já havia adiantado a você, a Emenda Constitucional 20/1998


passou a vedar este tratamento ao tempo de serviço no que diz respeito à
aposentadoria:

Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos


Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas
autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de
caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo
ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas,
observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e
o disposto neste artigo.
[...]
§ 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de contagem de
tempo de contribuição fictício.
Com as sucessivas alterações no texto constitucional, as aposentadorias
deixaram de ter como parâmetro o tempo de serviço e passaram a levar em conta o
tempo de contribuição para fins de cálculos dos proventos e fixação da data em que
o direito à aposentadoria é adquirido.

Só que estas alterações influenciaram o tratamento do tempo de serviço nos


casos de aposentadoria.

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Convém conhecer a redação do estatuto, mas também é bom saber que a


Constituição Federal influenciou o tratamento de certos temas (ainda mais no caso
do seu estatuto, que foi redigido originariamente em 1968).

IV o período de trabalho prestado a instituição de caráter privado que


tiver sido transformada em órgão da administração direta ou em
autarquia;
Imagine que determinada empresa pública e, portanto, pessoa jurídica de
direito privado (que contrata pessoal sob o vínculo celetista) mas componente da
Administração Indireta é, posteriormente, convertida em uma autarquia.

Se você acha impossível, o Banco Central do Brasil é uma instituição que


passou por procedimento semelhante.

A partir do momento da transformação, a consequência mais comum é que


os empregados passem à condição de servidores públicos. Entretanto, durante
muito tempo eles trabalharam sob o regime celetista e este tempo de serviço
precisa receber algum tratamento.

Em Pernambuco, o tratamento foi o apresentado no inciso IV: este tempo


será considerado para fins de aposentadoria e disponibilidade.

V o tempo de duração da licença prêmio não gozada contado em dobro;


Valem as mesmas considerações discutidas quanto ao tempo de serviço
prestado às forças armadas em tempo de guerra. A atual redação da Constituição
Federal impede a contagem em dobro de tempo de contribuição (afinal, tratar-se-ia
de contagem de tempo fictícia).

O tempo de duração de licença para tratamento de saúde já foi discutido.

Fica a menção.

VI o tempo de duração de licença para tratamento de saúde;


VII o tempo de licença a funcionária casada para acompanhar o marido
até o máximo de dois anos;
Esta licença será tratada logo mais, ainda nesta aula.

VIII o tempo em que o funcionário esteve em disponibilidade ou


aposentado, desde que ocorra o aproveitamento ou a reversão,
respectivamente.
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Repare na necessidade de retorno do servidor ao serviço ativo para que o


tempo de inatividade seja levado em consideração.

Art. 93. É vedada a contagem de tempo de serviço prestado


concorrentemente em cargos ou funções diversas da União, dos Estados,
do Distrito Federal, Territórios, Municípios, autarquias e instituições
privadas que hajam sido convertidas em órgãos de administração direta ou
em autarquia.
Parágrafo único. O tempo de serviço anterior ao período concorrente
será contado:
I exclusivamente para o cargo em que foi prestado, se o funcionário
continuar a exercê-lo em regime de acumulação;
II para um só dos cargos exercidos concorrentemente, se houver sido
prestado em outro cargo.

O artigo 93 é aparentemente difícil, mas concentre-se no que está grifado.

Esta é outra regra básica e bastante recorrente nos estatutos. Vamos, antes
de qualquer coisa, verificar os casos de acumulação lícita de cargos públicos:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
[...]
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto,
quando houver compatibilidade de horários, observado em qualquer
caso o disposto no inciso XI:
a) a de dois cargos de professor;
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde,
com profissões regulamentadas;
Muito bem, agora suponha que você, além de recém-empossado no cargo
público de seus sonhos, também queira dar aulas na rede pública estadual de
educação (se o seu sonho já era ser professor, imagine-se também exercendo outro
cargo público de sua preferência :P).

Depois de o servidor passar 10 anos exercendo ambos os cargos


concomitantemente, qual é o tempo de serviço público do nosso colega?

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Esteja certo: este servidor possui 10, e não 20 anos de serviço público nas
costas! Isto se deve ao simples fato de ser vedada a contagem cumulativa de tempo
de serviço.

O artigo 94 está meio perdido aqui. Ele trata da estabilidade do servidor


público e está completamente defasado (fizemos as considerações necessárias na
aula anterior).

Fica apenas registrado :P

Art. 94. O titular de cargo de provimento efetivo adquire estabilidade


depois de dois anos de efetivo exercício.
§ 1º A estabilidade diz respeito ao serviço público e não ao cargo.
§ 2º O funcionário que houver adquirido estabilidade só poderá ser
demitido, mediante inquérito administrativo em que lhe seja
assegurada ampla defesa.

Podemos ir em frente.

1.8 Disponibilidade

Vimos na aula passada que a disponibilidade é um instituto previsto


atualmente na Constituição Federal

Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores
nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público
[...]
3§ Extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade, o servidor
estável ficará em disponibilidade, com remuneração proporcional ao
tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em outro cargo.

Disponibilidade é ato do Poder Público que transfere para a inatividade


remunerada servidor estável, cujo cargo venha a ser extinto ou ocupado por outrem,
em decorrência de reintegração.

Entretanto, a Constituição não chegou ao ponto de disciplinar às minúcias


este instituto (nem seria recomendável que o fizesse). Não sabemos, por exemplo,
como calcular a “remuneração proporcional” ou como se operacionaliza a extinção
ou declaração de desnecessidade.

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Pois chega a hora agora:

Art. 95. O funcionário estável, no caso de extinção ou declaração da


desnecessidade do cargo pelo Poder Executivo, será posto em
disponibilidade remunerada, com os proventos proporcionais ao
tempo de serviço.
§ 1º A extinção do cargo far-se-á, na administração direta, mediante lei,
e na administração indireta por ato do Poder Executivo.
§ 2º A declaração da desnecessidade do cargo far-se-á por ato do Poder
Executivo.
Sistematizando:

Extinção de cargo na Administração Direta: Lei

Extinção de cargo na Administração Indireta: Ato do Poder Executivo

Declaração de desnecessidade do cargo na Administração Direta: Ato


do Poder Executivo

Declaração de desnecessidade do cargo na Administração Indireta: Ato


do Poder Executivo.

Repare que só depende de lei a extinção de cargo público na


Administração Direta. Todas as demais hipóteses podem ser materializadas
através de simples Ato do Poder Executivo.

Já sabemos que os proventos são proporcionais ao tempo de serviço. Resta


saber como serão calculados:

§ 3º O valor do provento a ser auferido pelo funcionário em


disponibilidade será proporcional ao tempo de serviço, na razão de um
trinta e cinco avos por ano de serviço, se do sexo masculino, ou de um
trinta avos, se do sexo feminino, acrescido da gratificação adicional
por tempo de serviço percebida à data da disponibilidade e do salário-
família.
Hora da matemática :P. Analisemos a situação de dois servidores, um
homem e uma mulher vinculados à Administração Direta, ambos percebendo
vencimentos de R$ 10.000,00, possuindo um quinquênio de efetivo exercício no
Estado do Pernambuco (logo, fazem jus a um adicional temporal de 5%). Como o

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salário família foi revogado do estatuto1 não precisaremos considera-lo no nosso


exemplo.

Ao final de 10 anos de serviço, o cargo ocupado por estes servidores é


extinto por lei de iniciativa do Poder Executivo (única hipótese em que a publicação
de lei é necessária). Estes servidores entram em disponibilidade remunerada e
passarão a receber seus proventos da seguinte forma.

Sexo Masculino:

- 1/35 avos por ano de serviço público (afinal, o tempo de serviço prestado a
outros entes da federação também é levado em consideração para fins de
disponibilidade): R$ 2857,14.

- Acrescido do adicional temporal devido à data da disponibilidade. Muito


cuidado aqui: o adicional a ser pago ao servidor em disponibilidade é calculado
sobre sua remuneração integral e não sobre os proventos da disponibilidade. O
adicional temporal do seu estatuto é de 5% sobre quinquênio de efetivo exercício.

Assim: 10% adicionais (dois quinquênios) de R$ 10.000,00 = R$ 1000,00

Proventos totais para o servidor do Sexo Masculino: R$ 2857,14 + R$


1000,00 = R$ 3.857,14.

Enquanto este servidor permanecer em disponibilidade, ele perceberá R$


3.357,14.

Sexo Feminino: Mesmo raciocínio, porém, a fração da remuneração por


tempo de serviço a ser utilizada é de 1/30.

Logo: R$ 10.000,00 * (10/30) = R$ 3.333,33

1
O salário-família passou a ser disciplinado na Lei Complementar 41/2001, que criou a
Fundação de Aposentadorias e Pensões dos Servidores do Estado de Pernambuco – FUNAPE.

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Acrescido do adicional de tempo de serviço devido à data da disponibilidade:


R$ 1000,00

Proventos totais para o servidor do Sexo Feminino = R$ 4.333,33

A este valor deve ser somado o valor do salário família vigente em função do
número de dependentes (como o valor não é mais fixado no estatuto, ou o
enunciado te fornece os dados, ou você não precisa se preocupar com isto).

Hum... A remuneração do servidor caiu bem por conta da disponibilidade,


entretanto, ele não está trabalhando (na prática, é mais ou menos como estar
aposentado, com a exceção de que a qualquer momento o servidor pode ser
aproveitado).

É provável que o servidor, considerando muito brusca a sua queda de


rendimentos, procure outra ocupação enquanto seu aproveitamento não ocorre. Até
aí, nenhum problema.

O problema ocorrerá se este servidor decidir que quer continuar a receber os


proventos da disponibilidade e, ao mesmo tempo, exercer outro cargo, função ou
emprego na Administração Pública.

§ 4º Ao funcionário posto em disponibilidade, é vedado sob pena de


cassação da disponibilidade, exercer, qualquer cargo, função ou
emprego, ou prestar serviço retribuído, mediante recibo, em órgão ou
entidade da administração direta ou indireta da União, dos Estados, ou
dos Municípios, ressalvadas as hipóteses de acumulação legal, ou
expressa determinação em lei.
As hipóteses de acumulação legal você já conhece:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
[...]
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto,
quando houver compatibilidade de horários, observado em qualquer
caso o disposto no inciso XI:
a) a de dois cargos de professor;
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde,
com profissões regulamentadas;
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Fora destas hipóteses, o servidor em disponibilidade não está autorizado a


ocupar outro cargo, emprego ou função pública, ou até mesmo prestar serviço (sem
vínculo empregatício ou estatutário) à Administração Pública. Se o fizer, sua
disponibilidade será cassada (aqueles rendimentos que já eram poucos vão
desaparecer :P).

Se você pensar no servidor em disponibilidade como se ainda ocupasse o


cargo público, ficará mais fácil de lembrar das vedações: se os cargos não são
acumuláveis na atividade, também não o são durante a disponibilidade remunerada.

Por fim, a disponibilidade de um servidor não incompatibiliza sua


aposentadoria:

§ 5º O funcionário em disponibilidade poderá ser aposentado, na forma


prevista neste Estatuto.

Vale a ressalva de que toda disciplina que tratava sobre a aposentadoria foi
revogada do estatuto pela Lei Complementar 104/2000.

O legislador provavelmente ficou cansado de tanto ter de mexer neste


capítulo conforme novas Emendas Constitucionais alterando o regime previdenciário
dos servidores eram editadas :P.

Aliás, por conta desta revogação, os artigos 96 a 102 foram revogados do


estatuto, o que nos permitirá avançar diretamente para o capítulo das férias.

1.9 Férias

Você também é filho de Deus. E assim, depois de trabalhar por doze meses,
terá direito às suas sagradas férias.

Art. 103. O funcionário gozará de trinta dias consecutivos de férias por


ano, de acordo com a escala organizada pela autoridade competente,
devendo constar o ano a que correspondam.
[...]
Art. 105. É proibida a acumulação de férias, salvo imperiosa
necessidade do serviço até o máximo de dois períodos, justificada em
cada caso.

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Parágrafo único. Haverá presunção de necessidade do serviço, quando


o funcionário deixar de gozar as férias e não houver sido comunicado
o fato pelo chefe imediato ao órgão competente de pessoal.

A regra geral é que se tire férias todo ano depois do primeiro ano, evitando-
se a acumulação. Mas o artigo deixa uma brecha nos casos de necessidade de
serviço, permitindo-se que se acumule até dois períodos.

Entenda: esta acumulação não é no seu interesse, e sim no da


Administração. Ela pode impedir você de tirar férias por até dois períodos, mas
depois disto, nem que o órgão esteja em chamas, precisando de você para salvar
os processos, suas férias poderão ser negadas. Certo?

Voltemos aos parágrafos do artigo 103 agora:

§ 1º É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao trabalho.


Não se pode compensar os dias faltados com os dias de férias. Não se
desconta uma coisa da outra!

§ 2º Somente e depois do primeiro ano de exercício o funcionário


adquirirá direito a férias.

O serviço público em geral não reconhece a existência das “férias


proporcionais” no primeiro ano de exercício do cargo pelo servidor. Se você, por
qualquer razão, se exonerar do cargo depois de 11 meses de trabalho, não
receberá um único centavo a título de férias indenizadas (neste ponto, a regra é
diferente no regime da CLT).

§ 3º A escala de férias poderá ser alterada, de acordo com as


necessidades do serviço.
§ 4º É vedado o fracionamento do período de férias, salvo por
necessidade do serviço.
Você, enquanto servidor, não tem o direito de requerer o parcelamento das
suas férias (digamos, tirando 15 dias de férias em julho e outros 15 em dezembro)
ou seja, os 30 dias de férias são contínuos.

A ideia aqui é impedir múltiplos parcelamentos de períodos que alguns


servidores empregavam tentando “otimizar” suas férias. Imagine se você pudesse
quebrar suas férias em inúmeras frações, digamos, de 5 dias.
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Você começaria suas férias na segunda, terminaria na sexta, emendaria o fim


de semana e recomeçaria um novo período na segunda seguinte, “ganhando” o
sábado e domingo nessa contagem. O estatuto não gosta disto :P.

Art. 104. As férias dos membros do magistério corresponderão às


férias escolares, obedecidas as restrições legais e regulamentares.
Os membros do magistério são nossos queridos e necessários professores
da rede pública estadual. As férias destes profissionais precisa, necessariamente,
corresponder ao período de férias escolares.

Um biscoito se você me disser o motivo...

Se fosse possível a um professor tirar férias em qualquer outro período do


ano que não fossem as férias escolares, a escola da qual este servidor faz parte se
veria obrigada a alocar outro professor naquela vaga, provavelmente por meio da
contratação de um substituto. Neste caso, o erário teria de desembolsar a
remuneração do professor em férias e a de seu substituto.

Agora, se as férias do servidor forem assinaladas para o período de férias


escolares, não haverá necessidade de substituir o servidor, afinal, não há demanda
para o seu trabalho naquele momento.

O artigo 105 já foi.

As disposições do artigo 106, 107 e 108 são bastante diretas:

Art. 106. Ao entrar em férias, o funcionário comunicará ao chefe


imediato o seu endereço eventual.
Art. 107. Por motivo de promoção ou remoção, o funcionário em gozo de
férias não será obrigado a interrompê-las.
Art. 108. Durante as férias, o funcionário terá direito a todas as
vantagens do seu cargo e função.
Se você trocar de cargo público ao longo de sua vida funcional, verá que, as
vezes, não conseguirá tirar as férias já adquiridas. O mesmo vale para o servidor
aposentado compulsoriamente ou por invalidez que, de uma hora para outra, vê seu
vinculo funcional cessado antes de conseguir usufruir das férias. Quanto ao
falecimento, acredito que você concordará comigo que ninguém sabe quando irá
morrer.

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Não se preocupe: não será perdido! Você receberá os valores a título de


indenização (eu mesmo recebi saldo de férias aqui da Prefeitura de São Paulo).

Mas professor? E aquele papo de não reconhecer férias proporcionais ou


período incompleto? Isso só vale para os primeiros 12 meses meu caro.

Art. 108-A. O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em comissão,


nos termos do art. 82, perceberá indenização relativa ao período das
férias a que tiver direito e ao incompleto, na proporção de 1/12 (um
doze avos) por mês de efetivo exercício, ou fração superior a 14
(quatorze) dias.
Parágrafo único. A indenização será calculada com base na
remuneração do mês em que for publicado o ato de exoneração.
A conta é feita da seguinte forma:

- Para cada mês completo de efetivo exercício, o servidor exonerado fará jus
a uma indenização de 1/12 da remuneração do mês da publicação da exoneração
(haja “ação” :P).

- Frações de mês superior a 14 dias também concedem o direito a


indenização de 1/12.

- Frações de mês inferior ou igual a 14 dias não dão direito a


indenização.

Exemplos:

- Se determinado servidor for exonerado em 14 de março, ele receberá, a


título de indenização de férias 2/12 (1/6) da sua remuneração, assim distribuídos:

- 1/12 pelo mês completo de janeiro em efetivo exercício no órgão;

- 1/12 pelo mês completo de fevereiro em efetivo exercício no órgão;

- Nenhuma parcela a título de indenização quanto ao mês de março.

- Se este mesmo servidor tivesse separado até o dia 15 de março, sua


indenização seria de 3/12 (1/4) da remuneração, desta forma:

- 1/12 pelo mês completo de janeiro em efetivo exercício no órgão;

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- 1/12 pelo mês completo de fevereiro em efetivo exercício no órgão;

- 1/12 pelos 15 dias (superior a 14 dias) de março em efetivo exercício


no órgão;

Tranquilo meu caro? É para ser mesmo! Mas se não for, o fórum de dúvidas
esta lá no site para isso.

Avancemos.

1.10 Licenças

Art. 109. Conceder-se-á licença:


I como prêmio;
II para tratamento de saúde;
III por motivo de doença em pessoa da família;
IV por motivo de gestação; [LC 91/2007 alterou a designação desta
licença para Licença Maternidade]
V para serviço militar obrigatório;
VI para trato de interesse particular;
VII à funcionária casada para acompanhar o marido.
Veremos cada uma dessas licenças ao longo da aula. Por enquanto,
comecemos pelas disposições gerais:

Art. 110. A licença concedida, dentro de sessenta dias contados do


término da anterior, será considerada como prorrogação.

O estatuto do seu estado não deixa isto claro, porém, só podemos falar de
prorrogação quando tratamos de licenças da mesma espécie (duas licenças por
motivo de doença em pessoa da família, ou duas licenças por motivo de saúde, ou,
enfim, duas licenças iguais).

Afinal, eu não posso prorrogar uma licença prêmio dando ao servidor uma
licença por motivo de doença em pessoa da família. Simplesmente não faz sentido.

Pois bem, se duas licenças forem concedidas com intervalo inferior ou igual a
60 dias entre uma e outra, elas serão consideradas como se fossem a mesma
licença, sendo a segunda mera prorrogação da primeira.

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Acima deste prazo, estaremos falando de uma nova licença, totalmente


desligada da primeira.

Para servir de exemplo, dê uma olhada rápida no artigo 125, que trata da
licença por motivo de doença em pessoa da família:

Art. 125. O funcionário poderá obter licença por motivo de doença [...]
[...]
§ 2º A licença de que trata este artigo não excederá vinte e quatro
meses e será concedida:
I com vencimento integral, até três meses;
II com metade do vencimento, até um ano;
III sem vencimento, a partir do décimo terceiro ate o vigésimo quarto
mês.

Assim, se determinado servidor for licenciado por 12 meses por motivo de


doença de seu pai, e, 50 dias depois, se ver obrigado a licenciar-se novamente,
agora por motivo de doença de sua mãe (licença da mesma espécie da primeira), o
prazo máximo pelo qual ele poderá permanecer licenciado será de mais 12 meses,
pois estaremos falando de prorrogação.

Porém, se a nova licença fosse concedida depois de 61 dias, o servidor


poderá permanecer licenciado pelo prazo máximo do parágrafo 2º, pois estaremos
diante de uma nova licença, e não de prorrogação da primeira.

Visualmente, fica mais ou menos assim;

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Em todo caso, se você achar que vai precisar de outra licença enquanto
estiver usufruindo da atual, você tem de fazer o requerimento ANTES de vencido o
prazo da primeira licença.

Se você fizer isto, poderá usufruir de um efeito benéfico concedido pelo


parágrafo único do artigo 110:

Parágrafo único. Para os fins deste artigo, o pedido deverá ser


apresentado antes de findo o prazo da licença, e, se indeferido, contar-
se-á como de licença o período compreendido entre a data do seu
término e do conhecimento oficial do despacho.
Se o servidor tomar o cuidado de formular seu pedido de prorrogação antes
de encerrado o prazo da primeira licença (será necessariamente prorrogação,
afinal, o objetivo é frui da licença imediatamente após o término da primeira, sem
que haja o intervalo de 60 dias para descaracterizar a prorrogação), o estatuto
considerará como licença o período entre o término da primeira licença e a
ciência do despacho de indeferimento da segunda licença.

Exemplo:

01/01/20XX: Servidor entra em licença por 30 dias;

25/01/20XX: Servidor pede prorrogação da licença;

29/01/20XX: Autoridade competente indefere o pedido de nova licença;

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06/02/20XX: Servidor é notificado do indeferimento e convocado a retornar ao


exercício do cargo.

O período entre 30/01/20XX (término da primeira licença) a 06/02/20XX


(ciência do despacho) é considerado como se o servidor ainda estivesse licenciado.

Art. 111. Ao entrar em gozo de licença, o funcionário comunicará ao


chefe imediato, o local onde poderá ser encontrado.
Você leu disposição quando estudamos as férias:

Art. 106. Ao entrar em férias, o funcionário comunicará ao chefe


imediato o seu endereço eventual.
Em ambos os casos, a intenção é conseguir localizar o servidor durante o
seu afastamento, já que ele não comparecerá à repartição durante este período.

Tudo que lemos até agora vale para toda e qualquer licença. A partir deste
ponto, aprenderemos a disciplina específica de cada uma delas.

1.10.1 Licença-Prêmio

Esta licença é uma iguaria cada vez mais rara nos estatutos do país (é como
uma trufa). Poucos são os estatutos que ainda mantêm uma licença parecida com
esta, ora porque a eliminaram completamente de seu texto, ora porque a
converteram em uma licença cujos requisitos de concessão são mais rigorosos (na
esfera federal, esta licença se tornou a licença para capacitação).

Mas, alegra-te porque no seu Estado ela ainda existe.

E ela é um verdadeiro prêmio, prêmio este concedido em razão de sua


assiduidade no serviço:

Art. 112. Serão concedidos ao funcionário, após cada decênio de serviço


efetivo prestado ao Estado, Seis meses de licença-prêmio, com todos
os direitos e vantagens do cargo efetivo.
Dez anos comparecendo diariamente à repartição pública (alguns
afastamentos, quando forem considerados como efetivo exercício também serão
levados em consideração).

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Se você realmente cumprir o requisito, poderá usufruir de gloriosos seis


meses de descanso, remunerados!!! Isto é um prêmio por sua dedicação inabalável
à instituição a que se encontra ligado. Meus parabéns!

A propósito: a licença prêmio tem por parâmetro seu tempo de serviço


público estadual. Isto significa que, desde que você não interrompa a contagem de
tempo, poderá mudar de um cargo público do seu estado para outro, e o tempo
continuará sendo contado:

E se você achar que 6 meses é muito tempo parado, que tal fracionar a
licença?

Parágrafo único. A pedido do funcionário, a licença-prêmio poderá ser


gozada em parcelas não inferiores a um mês.
Preste bem atenção: a licença é um prêmio por sua assiduidade. Se você
não for assíduo, tampouco digno de alguma recompensa, a licença não pode ser
concedida.

É aí que chegamos aos eventos que impedem a concessão da licença


prêmio. A exceção da falta disciplinar grave, todos os demais estão ligados a
ausências do servidor ao serviço, AINDA QUE JUSTIFICADAS. De tal forma, a
existência da licença prêmio busca ser um desestimulo à ausência do servidor na
repartição.

Veja só:

Art. 113. Não será concedida licença-prêmio, se houver o funcionário, no


decênio correspondente:
I Cometido falta disciplinar grave;
De acordo com o texto da Lei 9.954/1986, para que uma falta disciplinar seja
considerada grave, é necessário que o inquérito administrativo que conduziu à sua
apuração assim a considere:

[Lei 9.954/1986]
Art. 1º Para efeito do disposto no item I do Artigo 113, da Lei nº 6.123,
de 20 de julho de 1968, somente será considerada falta grave a
infração assim caracterizada em Inquérito Administrativo
regularmente processado

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Deste modo, não há um critério objetivo que permita dizer de plano o que é
uma falta grave e o que não é.

II Faltado ao serviço, sem justificação, por mais de trinta dias;


III Gozado licença;
a) por mais de cento e vinte dias, consecutivos ou não, por motivo de
doença em pessoa da família;
b) para trato de interesse particular;
c) por mais de noventa dias, consecutivos ou não, por motivo de
afastamento do cônjuge, funcionário civil ou militar, ou servidor da
administração pública direta ou indireta.
Coloquemos os prazos em ordem crescente.

Não receberá licença prêmio quem se ausentar ao serviço:

- Para trato de interesse particular: independente do número de dias;

- Injustificadamente: Mais 30 dias;

- Afastamento do cônjuge: Mais de 90 dias;

- Doença em pessoa da família: Mais de 120 dias;

Art. 114. Será assegurada a percepção da importância correspondente


ao tempo de duração da licença-prêmio deixada de gozar pelo
funcionário, em caso de falecimento, ou quando a contagem do aludido
tempo não se torne necessária para efeito de aposentadoria.
Alto lá! Há varias ressalvas a serem feitas aqui.

Quando o estatuto foi publicado, a intenção do estatuto era a seguinte:

- Servidor faleceu: pague-se a importância em pecúnia para seus


descendentes;

Esta possibilidade continua a ocorrer. Os problemas começam a surgir


quando o servidor ainda é vivo.

O estatuto abria duas possibilidades para o servidor que tivesse licença-


prêmio não gozada:

- Usar o tempo da licença para antecipar sua aposentadoria, valendo-se


da previsão do artigo 92, inciso V:
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Art. 92. Para efeito de aposentadoria e disponibilidade, será computado:


[...]
V o tempo de duração da licença prêmio não gozada contado em dobro;

- Caso o servidor já tivesse tempo de serviço suficiente para aposentar-


se, recebera importância em pecúnia, tal como se tivesse falecido.

Na versão da Assembleia Legislativa, este artigo vem com duas anotações. A


primeira delas você já conhece:

Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos


Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas
autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de
caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo
ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas,
observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e
o disposto neste artigo.
[...]
§ 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de contagem de
tempo de contribuição fictício.
Ou seja, o aproveitamento da licença prêmio não gozada para antecipação
da aposentadoria já não é mais possível. Isto nos leva a concluir que o tempo de
licença prêmio não gozada será sempre indenizado por ocasião do falecimento ou
da aposentadoria do servidor.

A segunda anotação vem da Constituição Estadual:

[Constituição Estadual do Pernambuco]


Art. 131. A despesa com o pessoal ativo e inativo do Estado e dos
Municípios não poderá exercer os limites estabelecidos em lei
complementar federal.
[...]
§ 7º É vedado o pagamento ao servidor público e aos empregados das
entidades da administração indireta que recebam transferência do
tesouro:
[...]
III - de férias e licença-prêmio não gozadas, salvo, quanto a esta
última, por motivo de falecimento do servidor em atividade.
[...]
Em tese, uma entidade da Administração Indireta deveria ser capaz de se
manter com recursos próprios (ou ao menos aqueles que lhes compete pela lei de

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sua criação). Por outro lado, estes órgãos possuem autonomia orçamentária para
gerir seus recursos.

Quando os próprios órgãos da Administração Indireta conseguem equacionar


seu orçamento, não há qualquer problema em destinarem os recursos da forma que
entenderem mais conveniente. O problema começa a ocorrer quando estas
entidades precisam de auxílio do tesouro para honrar seus compromissos.

Imagine a combinação desastrosa que é a total liberdade de gastar o dinheiro


alheio.

Dito isto, caso tais entidades dependam de transferências do tesouro para


fecharem suas contas, a Constituição Estadual e o próprio estatuto estabelecem
uma série de limitações quanto à forma de empregarem seus recursos e muitas
delas influenciam as verbas percebidas pelos servidores.

No caso do artigo 131, III, parágrafo 7º da Constituição Estadual, nenhuma lei


poderá prever a indenização de férias e licenças-prêmio não gozadas a servidores e
empregados de entidades nas condições ali previstas, exceto a relativa à licença-
prêmio em caso de falecimento.

Isto acaba forçando os servidores destas entidades a usufruírem das licenças


ao invés de tentar recebe-las em pecúnia na forma de indenização.

Outra curiosidade: a tendência é que a legislação cada vez mais dificulte o


pagamento da licença-prêmio em pecúnia.

Afinal de contas, caso o órgão público tenha de converter a licença prêmio


em pecúnia, terá de efetuar um pagamento de seis meses de salário a título de
verba indenizatória (sobre as quais não incidem descontos previdenciários e de
Imposto de Renda).

Você talvez diga: mas eu sou Servidor Estadual, o dinheiro retido a título de
IR já não iria para a Receita Federal mesmo, porque é que o meu Estado esquenta
a cabeça com isso?

Por conta deste dispositivo da Constituição Federal:


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Art. 157. Pertencem aos Estados e ao Distrito Federal:


I - o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e
proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre
rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas
fundações que instituírem e mantiverem;
[...]
Ou seja, o IR e a Contribuição Previdenciária descontada do seu
contracheque são receita do próprio Estado. Entre pagar com desconto (ao longo do
usufruto da licença prêmio pelo servidor que resolveu goza-la) e pagar sem
desconto (por meio da conversão em pecúnia das licenças prêmios não gozadas,
com natureza indenizatória), qual dos dois você acha que a Administração prefere?
:P.

Para terminar nosso estudo sobre a licença-prêmio, faltou estudar como o


seu valor é calculado:

Parágrafo único. O valor da licença prêmio corresponderá a seis (6) meses


do vencimento atribuído ao funcionário no mês em que houver completado
o respectivo decênio, exceto o último, que será correspondente ao
vencimento percebido pelo funcionário no mês em que passar à
inatividade ou falecer.
Simples e direto: seis meses de vencimento por seis meses de folga. O valor
a ser pago, em regra, é o da remuneração do servidor no mês em que ele
completou os 10 anos de serviço público estadual sem incorrer nas previsões do
artigo 113.

Todavia, o último destes decênios é pago com base no valor a que o servidor
faz jus no mês de seu desligamento. O critério nasceu provavelmente para facilitar o
trabalho: é mais fácil de calcular a licença prêmio com base no último pagamento,
calculando-a junto às demais verbas decorrentes do desligamento (é só pegar o
último contracheque, ao invés de revirar toda vida funcional do servidor em busca
de um contracheque específico).

Entretanto, se este critério fosse adotado para todos os decênios, os


servidores começariam a atrasar o usufruto desta licença até somarem novas
gratificações e adicionais em seus contracheques (e assim, receberem uma licença
prêmio de maior valor).

Próximo ponto.
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1.10.2 Licença para Tratamento de Saúde

Você passará de 2 a 4 décadas prestando serviços no órgão onde tomar


posse. Aliás, comparativamente falando, você passará mais anos da sua vida
trabalhando do que qualquer outra coisa que resolva fazer na vida.

E, partindo do princípio que você é um ser humano, é provável que vá ficar


doente em algum ponto da sua vida, e que este período não coincidirá com suas
férias ou licença prêmio.

Lá nos primórdios da humanidade, isso era uma coisa fácil de resolver: você
não veio trabalhar, você não recebe!

Eis que aí surgiu a Seguridade Social na Constituição Federal:

Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de


ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a
assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência
social.
I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade
avançada;
Seu contracheque sofre descontos mensais a título de contribuição
previdenciária, a fim de constituir uma reserva para os tempos difíceis.

Você não está em condições de trabalhar por conta de sua saúde? O


estatuto o protegerá!

Art. 115. A licença para tratamento de saúde poderá ser concedida a


pedido ou de ofício.
Esta é a seguridade social protegendo você: você continua a receber, mesmo
que não esteja trabalhando!

Mas, não leve a mal: o órgão de previdência estadual precisa se certificar de


que você realmente está doente (e que, assim, precisa da proteção da seguridade
social). Sabe como é... Tem gente querendo obter o benefício sem precisar do
mesmo, e a seguridade social não é Papai Noel.

Daí a necessidade de uma inspeção médica para avaliar se o estado de


saúde do servidor realmente recomenda a concessão da licença:

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E relembro a você: essa inspeção é vital para concessão da licença! Se o


servidor não puder ir até a inspeção, a inspeção irá até ele.

Agora, e se você tomou posse em um município longínquo, onde nem


mesmo existe uma junta médica estadual?

Mesmo neste caso, você precisa ser examinado por um médico. Em face das
circunstâncias, a Administração aceita que a inspeção seja feita por um médico
ligado à Secretaria da Saúde. Se nem mesmo este profissional se fizer presente, o
estatuto vai ainda mais longe: qualquer médico do serviço público poderá fazer a
avaliação:

Art. 117. Nas localidades em que não houver junta médica, a inspeção
poderá, a juízo da Administração, ser realizada por médico da Secretaria
de Saúde, e, na falta deste, com a declaração do fato, por outro médico
do serviço público.
Os médicos da Secretaria de Saúde são aqueles servidores que você
encontra atendendo em hospitais públicos. Você deve estar se perguntando:
existem outros médicos no serviço público além deles?

Sim: alguns órgãos costumam manter ambulatórios para atendimento de


seus servidores em emergências. O TRT, por exemplo, onde trabalhei possuía um
corpo pequeno de médicos e psicólogos que atendiam os servidores quando era
necessário. Estes médicos são o último recurso da Administração para realizar a
perícia médica dos servidores que pretendem pleitear uma licença médica.

Art. 118. Na licença requerida por funcionário que estiver em outro


Estado, a inspeção será realizada pelo órgão médico oficial, que
remeterá o laudo respectivo à repartição competente.
Seu estatuto reconhece a validade de laudos médicos produzidos por órgãos
médicos oficiais de outros entes da federação. Se você tiver viajado e contraído
uma doença em outro Estado que o impossibilite de retornar, o órgão médico oficial
cuidará de elaborar o laudo e remetê-lo a quem de direito.

Art. 119. O funcionário não poderá permanecer em licença para


tratamento de saúde por período superior a vinte e quatro meses,
exceto nos casos considerados recuperáveis, nos quais, a critério da
junta médica, a licença poderá ser prorrogada.

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As licenças para tratamento de saúde que excedem o prazo de 24 meses


costumam ser convertidas em aposentadoria por invalidez. A princípio, presume-se
que se a enfermidade que acometeu o servidor não foi curada em 2 anos, ele
provavelmente não se recuperará mais dela.

A exceção foi trazida pelo artigo 119: se a junta médica considerar o caso
“recuperável”, poderá prorrogar a licença para além deste período.

Ah sim, mesmo que a junta médica erre em seu julgamento, ordenando que
um servidor recuperável seja aposentado por invalidez, sempre é possível recorrer
ao instituto da reversão:

Art. 73. Reversão é o reingresso no serviço público do servidor


aposentado, quando insubsistentes os motivos da aposentadoria ou
por interesse e requisição da Administração, respeitada a opção do
servidor.
Seguindo:

Art. 120. No processamento das licenças para tratamento de saúde, será


observado o devido sigilo sobre os laudos e atestados médicos.
Art. 121. Se o funcionário licenciado para tratamento de saúde vier a
exercer atividade remunerada, será a licença interrompida, com perda
total do vencimento, até que reassuma o exercício do cargo.
Parágrafo único. Os dias correspondentes à perda de vencimento, de
que trata este artigo, serão considerados como de licença, na forma do
item VI do artigo 109.
O servidor que esteja em seu gozo não pode desenvolver atividade
remunerada neste período, de nenhuma espécie, em lugar algum, DE JEITO
NENHUM!!!!. Eu estou falando sério!!!

Por exemplo: se eu estivesse de licença saúde, não poderia ministrar o


presente curso até que pudesse retomar as atividades em meu cargo público, pelo
simples fato de que, se tive de ser afastado do meu serviço para me recuperar, o
que é que eu estou fazendo trabalhando para outra pessoa, ou mesmo vendendo
tapioca na rua?

Mas a Administração parece ser tão boazinha... Afinal, ainda que eu perca os
vencimentos, ela considera meu afastamento como sendo decorrente de licença. Ou
seja, não poderei ser demitido por abandono de cargo e minhas faltas não serão
consideradas injustificadas.
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Se acredita realmente que papai noel existe, olhe de novo o artigo:

Art. 121 [...]


Parágrafo único. Os dias correspondentes à perda de vencimento, de
que trata este artigo, serão considerados como de licença, na forma do
item VI do artigo 109.
Agora espie o inciso VI do artigo 109:

Art. 109. Conceder-se-á licença:


[...]
VI para trato de interesse particular;
Não prorrogaram a licença para tratamento de saúde do servidor, apenas a
trataram como licença para o trato de interesse particular.

Viu a arapuca que montaram? O servidor acabou de perder a licença-prêmio


sem querer:

Art. 113. Não será concedida licença-prêmio, se houver o funcionário, no


decênio correspondente:
[...]
III Gozado licença;
[...]
b) para trato de interesse particular;
[...]
Dizem que não há nada pior do que uma mulher querendo vingança.
Asseguro a você que a Administração Pública sendo enganada reage de forma
muito pior...

Art. 122. Será sempre integral o vencimento do funcionário licenciado


para tratamento de saúde.
Art. 123. Julgado apto pela inspeção médica, o funcionário reassumirá
imediatamente o exercício, sob pena de se considerar como falta o
período de ausência.
O estatuto não deixa claro qual o tratamento a ser dado aos dias em que o
servidor se ausentou antes de tomar conhecimento do laudo da junta médica
opinando por sua aptidão para o trabalho. Neste caso, recomendo uma consulta
direta ao seu novo RH depois da sua aprovação.

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O que você precisa levar para a prova é que uma vez tendo ciência do laudo
com o “apto para a atividade laboral”, o servidor deve, imediatamente, voltar ao
trabalho. Do contrário, sua ausência não estará justificada.

Por fim, se você achar que o tempo de licença apontado no laudo da junta foi
excessivo, e que já se encontra apto a retornar à sua atividade, você mesmo pode
requerer uma nova inspeção, a fim de reassumir o exercício:

Art. 124. No caso de licença, poderá o funcionário requerer inspeção


médica, caso se julgue apto a reassumir o exercício.

1.10.3 Licença Por Motivo de Doença em Pessoa da Família

Vou novamente chamar sua atenção: Regra geral das licenças de saúde
(de qualquer tipo): o servidor que esteja em seu gozo não pode desenvolver
atividade remunerada neste período, de nenhuma espécie, em lugar algum, DE
JEITO NENHUM!!!!. Eu estava e estou falando sério!!!

Dito isto, a licença por motivo de doença em pessoas em família foi prevista
em um único artigo com quatro parágrafos:

Art. 125. O funcionário poderá obter licença por motivo de doença na


pessoa de ascendente, descendente, colateral, consangüíneo ou afim,
até o 2º grau, de cônjuge do qual não seja legalmente separado ou de
pessoa que viva às suas expensas e conste do seu assentamento
individual, desde que prove ser indispensável a sua assistência
pessoal e esta não possa ser prestada simultaneamente com o
exercício do cargo.

Vamos bem devagar agora:

- A licença é concedida apenas com relação aos familiares listados no


caput do artigo 125. O parentesco em qualquer linha deve ser até o 2º grau, o que
inclui:

- Avós (Ascendente na linha reta de 2º grau)

- Netos (Descendente na linha reta de 2º grau)

- Pais (Ascendente na linha reta de 1º grau)

- Filhos (Descendente na linha reta de 1º grau)


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- Irmãos (Colateral de 2º grau)

Somem-se a eles o cônjuge não separado legalmente e a pessoa que viva às


expensas do servidor e que conste nos assentamentos do mesmo;

- O auxílio do servidor deve ser indispensável e, ao mesmo tempo,


incompatível com o exercício do cargo;

- Fora isto, ainda é que a licença seja concedida em função de doença em


dependente do servidor. Neste caso, temos dois requisitos adicionais: que o
dependente viva às expensas do servidor (dependência econômica) e que o
servidor tenha informado a existência desse dependente em seus
assentamentos funcionais;

Por fim, é necessária comprovação médica para fins de concessão da


licença:

§ 1º A doença será comprovada em inspeção médica realizada com


obediência ao disposto neste Estatuto quanto à licença para tratamento de
saúde.
As regras são as mesmas previstas para a licença para tratamento de saúde.

§ 2º A licença de que trata este artigo não excederá vinte e quatro


meses e será concedida:
I com vencimento integral, até três meses;
II com metade do vencimento, até um ano;
III sem vencimento, a partir do décimo terceiro ate o vigésimo quarto
mês.
Depois de 24 meses, o servidor deve retornar ao trabalho,
independentemente da condição de saúde de seu familiar.

Soa desumano, mas tente ver isto por outra ótica.

A Administração Pública entende que o servidor é necessário para os


cuidados da pessoa de sua família e que é inviável que este servidor preste auxílio
ao doente e, ao mesmo tempo, exerça seu cargo.

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Todavia, um servidor cuja remuneração é paga mas que não se encontra em


exercício é uma despesa sem retorno (e lembre-se: a remuneração dos servidores é
paga, no fim das contas, por toda a população).

Tentando chegar a um consenso entre o interesse legítimo do servidor e o


estado das despesas públicas, o estatuto fixou um escalonamento ao longo do
prazo de licença:

- Até 3 meses de licença por motivo de doença em pessoas em família: a


remuneração será paga integralmente;

- Entre 3 meses e 1 ano de licença: metade da remuneração;

- Entre 1 e 2 anos de licença: nenhuma remuneração;

- Além de 2 anos: a licença não pode continuar.

1.10.3 Extra: Contagem de Graus.

Você já reparou que algumas passagens do estatuto demandam


conhecimento sobre contagem de graus de parentesco.

Assim sendo, aí vai uma breve lição sobre parentesco e direito de família.

- Ascendentes: Pais, Avós, Bisavós, Tataravós e daí para cima, sem


qualquer restrição de grau, se tratando de parentesco na linha reta (pois os
familiares descendem uns dos outros)

- Descendentes: Filhos, Netos, Bisnetos, Tataranetos, e os filhos deles, e os


deles, e os deles, e por aí vai até o infinito, sem qualquer restrição de grau, também
se tratando de parentesco na linha reta. A rigor, se você viver o suficiente para
conhecer os netos dos netos dos seus netos, eles são também seus descendentes.

- Cônjuge e Companheiro: O amor da sua vida, a pessoa que você


escolheu para constituir uma nova família e gerar herdeiros fortes e vigorosos.

- Consanguíneos e afins: O parentesco consanguíneo é aquele decorrente


da existência de um ancestral comum. É o chamado “laço de sangue” que une
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pessoas da mesma família. O parentesco por afinidade é aquele que nasce das
relações sociais, a exemplo do casamento. Assim, você será parente da sua sogra
quando se casar com sua esposa. Você e sua sogra não possuem um ancestral
comum, mas este vínculo nasceu de uma relação reconhecida socialmente entre
você e sua esposa.

Você já sabe o que é um parente afim, e o que significa linha reta e linha
colateral. Mas não conhece a contagem de graus.

Veja o quadro abaixo:

Não, não fui eu quem fez, mas o esquema é tão bonito e colorido que eu não
conseguiria fazer melhor, então, vai este mesmo, com citação da fonte
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Parentescos.jpg).

Preservado o direito do autor, olhe uma coisa interessante. Toda pessoa de


uma família está ligada a outra pessoa da mesma família, através dos laços de
parentesco.

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Só que sua mãe mentiu para você quando disse que você tinha um “primo de
terceiro grau”. Primo de terceiro grau não existe!

Prometo que vai ser rápido:

- Na linha reta: contamos os graus à medida que nos distanciamos de onde


começamos, afinal, parentes na linha reta são aqueles que descendem uns dos
outros. Seu pai é seu parente na linha reta de 1º grau, seu avô de 2º grau, bisavô
de 3º grau e assim por diante.

- Na linha colateral: devemos “subir” até o ancestral comum, e depois


“descer” continuando a contar os graus, até chegarmos ao parente que desejamos,
pois parentes na linha colateral são aqueles, que embora não descendendo
uns dos outros, possuem um ancestral comum. Seu irmão é parente colateral de
2º grau, pois contamos um grau até chegarmos a seu pai, e mais um grau para
descer até seu irmão. Seu tio é parente colateral de 3º grau, pois vamos “subir” a
contagem pelo eu pai (1 grau), pelo seu avô (2 graus), e sendo seu avô ancestral
comum de seu pai e seu tio, podemos agora “descer” a contagem até seu tio (3
graus), e pronto!

1.10.4 Licença- Maternidade

O nascimento de uma criança não é um risco (pelo menos não no sentido


mais estrito da palavra), mas é um evento cuja proteção da seguridade social é
garantida a qualquer segurado de um regime de previdência social:

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime


geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados
critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá,
nos termos da lei, a
[...]
II - proteção à maternidade, especialmente à gestante

No Brasil, existe uma assimetria entre os benefícios ligados à maternidade e


à paternidade, cuja diferença mais marcante pode ser vista no número de dias em
que o servidor pode permanecer afastado do exercício do cargo percebendo sua
remuneração.

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Seu professor crê que isto se deva ao fato de o legislador dar bastante
importância às alterações biológicas que ocorrem no corpo da mãe no curso da
gestação, após o parto e ainda, quanto à necessidade de amamentação da criança
nos primeiros meses de vida. Mas, é difícil ter certeza, pois ninguém fala do assunto
na área de humanas :P.

De qualquer forma, o que você precisa ter em mente é que a licença gestante
e paternidade não são iguais! Muito pelo contrário: a licença gestante é bem mais
complexa que seu similar masculino, a ponto de merecer estudo mais detido.

Você notará que a licença paternidade não está prevista no estatuto.


Entretanto, ela existe e sua duração foi fixada pela Lei Complementar 91/2007:

[Lei Complementar 91/2007]


Art. 2º Pelo nascimento ou adoção de filhos até 8 (oito) anos de idade,
o servidor público da administração direta, autárquica e fundacional,
ocupante de cargo público, terá direito à licença-paternidade de 15
(quinze) dias consecutivos.
Mas a menção é apenas para informação: o que vai cair em sua prova é a
licença maternidade:

Art. 126. A servidora gestante tem direito à licença-maternidade de 180


(cento e oitenta) dias, com vencimento integral.
É aqui que começamos.180 dias em casa! (tirando o fato de ter um recém-
nascido gritando em casa, daria até para dizer que é uma licença prêmio, ou seis
férias realmente longas :P).

Esta é a seguridade social fornecendo proteção à maternidade.

Considerando que a gravidez é uma condição aferível clinicamente, é


necessária avaliação médica oficial para constatá-la.

Outra coisa interessante: a licença gestante não começa, necessariamente


com o nascimento da criança:

§ 1º A licença-maternidade será deferida à gestante mediante avaliação


médica oficial, pelo órgão estadual competente, preferencialmente a
partir do oitavo mês de gestação.
Por outro lado, uma vez nascida a criança, a licença gestante tem começo
imediato, necessariamente:
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§ 2º No caso de nascimento prematuro, a licença terá início a partir do


parto.
Se você realmente imergiu no raciocínio que rege a seguridade social, vai
acabar chegando a uma conclusão cruel agora: a licença gestante só faz sentido
quando existe uma criança (afinal, a proteção é para a "maternidade, paternidade e
adoção").

Assim, você concluiria, corretamente do ponto de vista do Direito


Previdenciário, que em caso de natimorto (feto que não chega a apresentar sinais
de vida depois da separação do corpo da mãe), ou de aborto, não há maternidade a
ser protegida, logo, não há que se falar de licença gestante.

E aí, a gestante abalada deve retomar suas atividades normalmente, e ter


descontado os dias não trabalhados? Haja insensibilidade!

Em caso de feto natimorto, o estatuto concede um período de 30 dias à


servidora, a fim de que se recupere. Decorrido este prazo, novo exame médico será
realizado e concluirá ou não pelo retorno do exercício da servidora:

§ 3º No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias do evento, a


servidora será submetida a exame médico, e se julgada apta,
reassumirá o exercício.
§ 4º No caso de aborto atestado por médico oficial, a servidora terá
direito a 30 (trinta) dias de repouso remunerado.
Eu ainda estava na faculdade de Direito quando começou a surgir uma
discussão sobre a falta de isonomia entre a proteção dada à maternidade "natural"
(e uso esta palavra na falta de termo ou eufemismo melhor) e aquela decorrente de
adoção.

Recordo-me que o assunto foi abordado em algumas aulas de Direito Civil,


até que, finalmente, uma série de alterações legislativas começou a surgir, dando
origem ao que hoje conhecemos por "licença à adotante".

Seu estatuto seguiu esta mesma tendência.

Esta licença só é concedida a servidores do sexo feminino. Neste caso,


herdou-se (aparentemente, por tradição mesmo) a assimetria de tratamento dado à
paternidade e a maternidade no Brasil.

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Também não se trata de proteção direta à maternidade: a proteção parece ter


ênfase justamente na criança, que precisará de tempo para se ajustar ao novo lar
no qual foi acolhida.

Mas, o importante é que uma criança encontrou um lar novo :D.

Esta licença tem vários prazos, os quais dependem da idade da criança


adotada:

Art. 126-A. A servidora estadual que adotar ou obtiver a guarda judicial


para fins de adoção de criança tem direito a licença-maternidade, com
vencimento integral, nas seguintes hipóteses:
I adoção ou guarda judicial de criança até 1 (um) ano de idade, pelo
período de 180 (cento e oitenta) dias;
II adoção ou guarda judicial de criança a partir de 1 (um) até 4 (quatro)
anos de idade, pelo período de 90 (noventa) dias; e
III adoção ou guarda judicial de criança a partir de 4 (quatro) até 8 (oito)
anos de idade, pelo período de 60 (sessenta) dias.
Vamos estruturar isso em uma tabela:

Situação Prazo da licença remunerada


Até 01 ano 180 dias
Entre 01 ano e 04 anos 90 dias
Entre 04 anos e 08 anos 60 dias

Como não estamos diante de uma hipótese de nascimento (clinicamente


constatável), mas de um instituto jurídico, a comprovação do requisito não será uma
perícia médica e sim mediante prova documental:

§ 1º A licença-maternidade somente será deferida mediante a


apresentação do termo judicial de guarda à adotante ou guardiã.
O parágrafo 2º é desnecessário do ponto de vista jurídico, funcionando mais
como um recado do legislador para quem for aplicar a lei: a licença maternidade
decorrente de adoção possui os mesmos efeitos daquela decorrente de gestação:

§ 2º A licença-maternidade concedida à servidora nos termos deste


artigo possui a mesma natureza da licença concedida à gestante,
produzindo os mesmos efeitos, inclusive sendo considerado de
efetivo exercício o afastamento, para os fins de apuração do tempo de
serviço.

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1.10.5 Licença para o Serviço Militar Obrigatório

O estatuto do seu estado é o único que conheço que traçou regras sobre a
fruição da licença para o serviço militar. Os demais costumam relegar a
regulamentação para outros diplomas.

Pois bem: a nação precisa de você (e ela não lhe dá muita escolha quanto ao
atendimento do chamado, daí o termo “obrigatório”). Não será o estado do
Pernambuco quem ficará na frente da segurança nacional:

Art. 127. Ao funcionário convocado para o serviço militar e outros


encargos da segurança Nacional, será concedida licença com
vencimento integral.
A comprovação é baseada no documento que determinou a incorporação do
servidor ao serviço militar:

§ 1º A licença será concedida à vista de documento oficial que prove a


incorporação.
Reparou que o artigo 127 assegura ao servidor o pagamento do vencimento
integral? Pois bem, este benefício não é comum nos estatutos. O que costuma
ocorrer é que o servidor para de receber a remuneração do órgão de origem para
receber o soldo a que faz jus em decorrência da incorporação.

Já que o tratamento que você receberá não é o mais usual, as Forças


Armadas vão fazer o que já estão habituadas a fazer: pagarão seu soldo
normalmente, independentemente da disposição no seu estatuto garantindo o
vencimento integral.

Ou seja, se nada for feito, você receberá o soldo e a remuneração do cargo


de origem. Seu estatuto não gosta nada dessa ideia.

Assim, para evitar que o servidor receba “dupla remuneração”, o estatuto


desconta do “vencimento integral” a parte que o servidor receber em função da
incorporação ao serviço militar:

§ 2º Do vencimento descontar-se-á a importância que o funcionário


perceber na qualidade de incorporado.
E caso o estipêndio como militar for superior à remuneração do servidor, ele
pode optar por receber o estipêndio como militar:
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§ 3º É facultado ao funcionário incorporado optar pelo estipêndio


como militar.
Esta situação é rara, mas pode ocorrer nos casos em que um ex-militar
passa para a reserva e assume um cargo público que vem a apresentar
remuneração menor do que a do seu cargo ativo no serviço militar.

Como o servidor foi militar e passou para a reserva, sua reincorporação se dá


com a mesma patente que ele possuía antes de passar para a reserva (e não como
soldado), o que pode gerar esta diferença positiva de remuneração.

Uma vez cessado o serviço militar, o servidor é desincorporado, possuindo


no máximo 30 dias para retornar ao exercício de suas atribuições no cargo de
origem:

Art. 128. Ao funcionário desincorporado conceder-se-á o prazo não


excedente de trinta dias para reassumir o exercício, sem perda de
vencimento.
Mas nem sempre o servidor é forçado a ingressar no serviço militar. Há quem
se interesse por uma carreira nas Forças Armadas e, inclusive, a concilie com o
exercício do cargo. Se este interessado já for servidor, o estatuto lhe dará uma força
em prol deste objetivo:

Art. 129. Ao funcionário oficial, ou aspirante a oficial da reserva das


Forças Armadas será concedida licença com vencimento integral,
durante os estágios não remunerados previstos pelos regulamentos
militares.
Parágrafo único. No caso de estágio remunerado, é facultada a opção
pelo estipêndio, como militar.
Não é uma licença que costume ser exigida em concursos com profundidade,
de forma que os apontamentos feitos até aqui são suficientes para uma boa prova.
Se tiver dúvidas, é só gritar.

1.10.6 Licença para Trato de Interesse Particular

Esta licença é que causa mais espanto aos ingressantes na carreira oriundos
da iniciativa privada. Vou simplificar o funcionamento dela tanto quanto possível.

Imagine que você quer visitar a Irlanda no ano que vem, ou aperfeiçoar-se na
arte do boxe tailandês, ou mesmo sentar e encostar-se ao sofá pelos próximos
quatro anos.
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Mas também não está a fim de perder seu vínculo com a Administração.
Neste caso, caso a Administração possa dispensar sua força de trabalho por este
período, você poderá pedir uma licença para tratar de assuntos particulares.

Veja só:

Art. 130. Ao servidor ocupante de cargo efetivo e que não esteja em


estágio probatório poderá ser concedida, a critério da Administração,
licença sem remuneração, para trato de interesse particular, por prazo
não superior a quatro anos.
§ 1° O requerente deverá aguardar em exercício a concessão da
licença, podendo esta ser negada quando não convier ao interesse
público.

Entenda: não é necessária qualquer justificativa. O interesse é particular!


Você se afasta e faz o que quiser neste tempo.

O único critério é a Administração autorizar (e ela só autoriza se puder


ficar sem você). Só isso! E, a menos que haja alguma disposição específica em seu
órgão, você pode, inclusive, exercer uma profissão a qual normalmente estaria
impedido pelo exercício da função pública (gerenciar uma empresa, por exemplo).

Repare que um dos requisitos para concessão dessa licença é a estabilidade


do servidor.

Muito bem: se deferida, esta licença durará no máximo 4 anos (o servidor


requer o tempo que deseja permanecer afastado). Mas a grande sacada desta
licença é que, no seu estado, ela pode ser prorrogada.

O requisito continua sendo o mesmo: interessa da Administração:

§ 2° Se não houver prejuízo ao serviço, a licença de que trata o caput


poderá ser sucessivamente prorrogada, com periodicidade não
superior a dois anos, observado, em qualquer caso, o interesse da
Administração.
Embora eu não consiga conceber um exemplo real para o que vou propor
aqui, em teoria o servidor pode passar mais de 20 anos afastado sem perder o
vínculo estatutário, desde que sua licença para trato de interesse particular seja
sucessivamente prorrogada a cada dois anos. Não consigo imaginar como o
interesse da Administração recomendaria isso, mas, a previsão existe.

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Art. 131. Não será concedida licença para trato de interesse particular a
funcionário removido, antes de assumir o exercício.
Por que isso? Servidores removidos de ofício para localidades longínquas
poderiam usar a licença para trato de interesse particular para evitar os efeitos
práticos da remoção. A ideia seria pedir a licença antes de assumir o exercício em
outra localidade e assim, não ter de fazer a mudança.

Visando impedir este uso em particular da licença, o estatuto veda a


concessão da licença antes da assunção do exercício na nova localidade. Uma vez
iniciado o exercício, o servidor pode requerer a licença normalmente.

Por fim, supondo que você tenha se cansado do seu período sabático, ou
que a Administração, de uma hora para outra, não possa mais prescindir da sua
mão de obra, a licença para trato de interesse particular tem outra característica
marcante: sua interrupção pode se dar a qualquer tempo, por iniciativa do servidor
ou da Administração:

Art. 132. A licença poderá ser interrompida, a qualquer tempo, a pedido


do servidor ou no interesse do serviço.
1.10.7 Licença à Funcionária Casada para Acompanhar o Marido

Ok, isto aqui é um pouco constrangedor. Esta licença é concedida


exclusivamente para a servidor que seja “mulher casada”. Se for para seguir o
estatuto, o marido não tem direito a esta licença (ao menos não nos moldes do
artigo 133). O ano continua sendo de 1968 e, bem, os tempos eram outros.

Felizmente, os RHs de quase todos os órgãos do Estado estendem a


aplicação desta licença também aos maridos, interpretando os dispositivos à luz da
Constituição Federal. Posso confirmar a você que ao menos o RH do Tribunal de
Justiça do Estado do Pernambuco tem este entendimento sobre a matéria.

Dito isto, conheçamos a letra da lei:

Art. 133. A funcionária casada terá direito a licença sem vencimento para
acompanhar o marido, funcionário civil ou militar ou servidor da
administração direta ou indireta do Poder Público, mandado servir de
oficio fora do País, em outro ponto do território nacional ou do Estado.

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Este país, acredite você ou não, busca proteger, a qualquer custo, a entidade
familiar. Se seu cônjuge está indo para outro local, segurar você aqui só vai causar
um Divórcio e um servidor infeliz.

Agora preste atenção nos detalhes:

- A licença será sem vencimentos;

- O “marido” precisa ser funcionário público (civil ou militar);

- A remoção do marido precisa ser de ofício (repare que o artigo 133


utiliza a expressão “mandado servir”, de onde concluímos que esta licença não se
aplica para pedidos de remoção por iniciativa do servidor, tampouco quando este,
em decorrência de nomeação em concurso público, inicia exercício em outra
localidade).

O prazo da licença é o mesmo do afastamento do marido:

§ 1º A concessão da licença dependerá de requerimento devidamente


instruído e terá a mesma duração da comissão ou nova função do
marido.
Se o marido tiver de ficar 5 anos servindo em outra localidade, a mulher
casada ficará licenciada por todo este período. Todavia, o estatuto estabelece uma
periodicidade na verificação das condições da licença.

A cada dois anos, a servidora deve comprovar que o afastamento do marido


ainda permanece, de forma que sua licença também deve perdurar:

§ 2º A persistência dos motivos determinantes da licença deverá ser


obrigatoriamente comprovada a cada dois anos, a partir da
concessão.
Se a servidora “esquecer” de efetuar a comprovação, ou se os motivos que
determinarem o afastamento tiverem cessado, o resultado é o cancelamento da
licença:

§ 3º A inobservância do disposto no parágrafo anterior acarretará o


cancelamento automático da licença.
O artigo 134 trata especificamente da licença a ser concedida quando o
afastamento decorrer da aceitação de mandato eletivo fora do estado. Se o cônjuge

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do servidor (o artigo 134 não faz distinção entre marido e esposa) for eleito para
cargo fora do estado (digamos, Governador do Rio Grande do Sul, ou Senador da
República), a licença poderia ser concedida independentemente do gênero do
servidor.

Com a interpretação atualmente dada pelos Recursos Humanos dos órgãos


da Administração, a distinção entre as hipóteses de mandato eletivo e os demais
tipos de afastamento acabou sem efeitos práticos. Mas convém saber que no texto
da lei, apenas a aceitação de mandato eletivo por parte da mulher casada permite
que seu marido requeira a licença para acompanhamento:

Art. 134. Licença idêntica à de que trata o artigo anterior será


assegurada a qualquer dos cônjuges quando o outro aceitar mandato
eletivo fora do Estado.
Terminou!!!!!!

Minha última dica neste ponto é a seguinte: pense nas licenças como uma
autorização para não estar exercendo seu cargo (o gerúndio foi proposital).
Veremos, mais à frente, que uma das infrações administrativas que podem ser
cometidas pelo servidor é o abandono de seu cargo (deixar de exercê-lo por
determinado tempo), o que provoca a sua demissão.

As licenças existem justamente para evitar a caracterização do abandono, já


que você tem um motivo para não estar ali, cumprindo seu papel na estrutura.

Pois bem, acabamos de estudar todas as licenças previstas no estatuto! Se


você ainda não parou para tomar uma água ou dar uma descansadinha, agora é
uma excelente hora para tirar 10 minutos de folga.

Quando você voltar, mudaremos de tópico e discutiremos o vencimento dos


servidores.

1.11 Vencimento

Art. 135. Vencimento é a retribuição pelo efetivo exercício do cargo,


correspondente ao valor fixado em lei para o símbolo, padrão ou nível do
respectivo cargo.

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Remuneração de servidor público é um assunto bastante complicado para


quem não é funcionário público :P. São dezenas de linhas, cada uma delas no seu
contracheque por um fundamento diferente, de maneira que só você e o Diretor do
RH tem condições de explicar porque raios aquilo ali está ali.

Mas vamos devagar.

Você terá um cargo público, certo? Este cargo tem uma retribuição
pecuniária (dinheirinho no seu bolso). Este valor será pago a você pelo
desempenho de suas atividades em virtude de lei. Pois bem, este é o seu
vencimento (também chamado vencimento básico).

Mas o vencimento não é a única verba que estará no seu contracheque.


Existem determinadas vantagens que integram a sua remuneração, mas que não
constituem vencimentos. O melhor exemplo disto é o adicional de tempo de serviço
previsto anteriormente em seu estatuto.

Pois bem A soma de todas as verbas constantes no seu holerite constitui a


sua remuneração. Algo assim

Remuneração= Vencimento + Vantagens

Veja um exemplo:

O caso acima representa um servidor ocupando um cargo efetivo no Estado


de São Paulo (o exemplo servirá com algumas adaptações).

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Pelo exercício do cargo ocupado, esse servidor qual faz jus a uma retribuição
pecuniária conhecida por “vencimento” (ou, como conhecido aqui em São Paulo,
"valor base").

Fora isto, este servidor por estar investido em uma função de assistência,
também faz jus a um ”Pro-Labore", que é uma vantagem concedida àqueles que se
encontram no exercício de uma função gratificada. Além disto, a carreira na qual
aquele servidor se encontra possui uma vantagem permanente conhecida como
"Prêmio de Produtividade".

Dito tudo isto, a soma do vencimento e vantagens estabelecidas em lei


formam o que se conhece por “remuneração”.

Senti cheiro de oportunidade aqui! Professor: eu posso colecionar vantagens


a ponto de transformar o meu “Líquido a Receber” maior do que o faturamento de
uma multinacional? Em outros tempos, poderia (e há casos de servidores que
efetivamente conseguiram :P), mas estes tempos ficaram para trás.

Primeiro, por conta da edição da Emenda Constitucional 41/2003, criando a


figura do "teto constitucional":

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

[...]

XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e


empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional,
dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e
dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra
espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas
as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão
exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo
Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio
do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do
Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados
Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos
Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e
vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie,
dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder
Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público,
aos Procuradores e aos Defensores Públicos;

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Assim, a soma do vencimento e das demais vantagens do cargo não podem


exceder o limite remuneratório fixado na Constituição Federal.

§ 1° Exceto a gratificação adicional por tempo de serviço, o cálculo de


qualquer outra vantagem percentual ou equivalente ao vencimento,
será feito sempre sobre o valor fixado em Lei para o símbolo, padrão ou
nível do respectivo cargo.
Em outras palavras, sempre que uma vantagem tiver por base de cálculo o
vencimento do servidor, ela terá por base de cálculo o valor fixado em lei para
aquele vencimento, independentemente do servidor ter conseguido alterar este valor
por outra via (normalmente pela via judicial). O adicional de serviço, no entanto,
possui regras próprias, ainda a serem estudadas.

§ 2º Somente perceberá vencimento o funcionário legalmente


nomeado e investido em cargo público, não gerando direito a qualquer
provimento ou investidura realizados em desacordo com a legislação
vigente.
Sigamos:

Art. 136. Perderá o vencimento do cargo efetivo o funcionário:


As hipóteses do inciso I e II do artigo 136 preveem a perda do vencimento do
cargo efetivo pois o servidor passará a receber sua remuneração em outro cargo
público. Tanto é verdade que ambas as hipóteses contemplam o direito de opção do
servidor em manter sua atual remuneração (neste caso, deixando de receber a
remuneração do cargo em comissão ou cargo eletivo).

Veja só:

I Nomeado para cargo em comissão, salvo o direito de opção e o de


acumulação legal;
II Em exercício de mandato eletivo remunerado, federal, estadual ou
municipal, salvo o direito de opção, previsto no art. 263 e seu parágrafo.
Estudaremos o artigo 263 a seu tempo.

Na estrutura original do estatuto, a ideia era concentrar no artigo 136


somente hipóteses de perda de vencimento decorrente do preenchimento de outro
cargo público (em comissão ou eletivo). Veja que há semelhanças entre os dois
casos, mantendo-se certa coerência na redação original.

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Todavia, o inciso III foi adicionado posteriormente (em 1975), prevendo uma
nova hipótese de perda do vencimento do cargo que não compartilha características
com as dos incisos estudados anteriormente.

Seu professor teria preferido a inclusão no artigo 137 (onde constam outras
hipóteses de perda de vencimentos). O legislador provavelmente escolheu incluir o
inciso III no artigo 136 pelo fato de que a perda de vencimento nos casos deste
artigo se darem por um período longo de tempo.

Enfim, vejamos:

III nos casos dos itens XI e XII do artigo 91, quando exceder o período
de um ano.
O artigo 91 estava dentro do capítulo do estatuto que tratava do tempo de
serviço. Os incisos XI e XII referem-se, respectivamente, aos afastamentos
decorrentes de missão oficial e participação em congressos, cursos de
especialização e similares:

Art. 91. Será considerado de efetivo exercício o afastamento decorrente de:


[...]
XI missão oficial no país ou no estrangeiro, com ônus para o Estado,
mediante ato de autorização do Governador;
XII participação em congressos ou cursos de especialização,
realização de pesquisas científicas, estágios ou conferências culturais, com
a autorização do Governador e a competente prova de frequência e
aproveitamento;
Em ambos os casos, se o servidor passar mais de um ano afastado, não
receberá o vencimento do cargo efetivo.

Art. 137. O funcionário perderá:


I a remuneração do dia, quando não comparecer ao serviço, salvo
motivo legal ou moléstia comprovada;
Regra de ouro da remuneração: não veio? Teve um motivo lícito para não
vir? Não? Então perde a remuneração do dia. Sem segredo nenhum.

E se eu chegar atrasado? A perda é proporcional? Acho que consigo viver


com isso...

Aham... Vai nessa.

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O conceito de “atraso” e de “saída com antecedência” são também


delimitados pelo estatuto. Fora daquelas previsões, você terá faltado (ao menos no
que diz respeito ao recebimento do seu vencimento):

II o vencimento-base do dia, salvo motivo legal ou moléstia


comprovada, quando:
a) comparecer ao serviço com atraso de mais de 01 (uma) hora;
b) retirar-se do serviço com antecedência de mais de 01 (uma) hora,
antes de findo o expediente de trabalho;
Se não conseguir chegar até uma hora depois do expediente ter começado, é
melhor nem aparecer (principalmente porque seu chefe vai estar bastante irritado)
:P.

Pelo menos se eu atrasar dentro dessa uma hora, o desconto deve ser
proporcional, né professor?

Então... o serviço público não lida bem com imprevisibilidade. Se ele marcou
um horário para você começar a trabalhar e outro para encerrar sua jornada, ele
espera que você cumpra o regulamento. Quando você não cumpre, outro servidor
terá de dar conta do seu serviço enquanto você não comparece.

Buscando desestimular comportamentos imprevisíveis, o estatuto é bastante


severo com atrasos e saídas antecipadas: a perda do vencimento será de 1/3 de
seu valor se o atraso ou saída antecipada for de 1 hora ou menos (e perda total se
exceder este tempo):

II um terço do vencimento-base do dia, quando comparecer ao serviço


com atraso máximo de 01 (uma) hora, bem como quando se retirar do
serviço com antecedência de até 01 (uma) hora, antes de findo o
expediente de trabalho;
Sim, o que você acabou de ver foi um segundo inciso II. Não foi erro de
digitação (ao menos não de minha parte). A Lei Complementar 55/2003 foi enviada
com esta falha de redação e assim ficou (e não dá para alterar se não por outra lei).

Não paremos por aí:

III um terço do vencimento-base, durante o afastamento por motivo de


prisão civil, prisão preventiva, denúncia por crime comum ou
denúncia por crime funcional ou, ainda, condenação por crime
inafiançável em processo no qual não haja pronúncia, com direito a
diferença, se absolvido;
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As hipóteses do inciso III referem-se a afastamentos decorrentes de atos


praticados processuais praticados no curso de uma ação penal, antes e depois da
condenação definitiva do servidor.

Adotemos o exemplo das prisões cautelares, que geram a redução de 1/3 da


remuneração.

Veja, por exemplo, a hipótese de prisão preventiva prevista no Código de


Processo Penal:

Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da


ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução
criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver
prova da existência do crime e indício suficiente de autoria.
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a
decretação da prisão preventiva: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de
2011).
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade
máxima superior a 4 (quatro) anos; (Redação dada pela Lei nº 12.403,
de 2011).
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença
transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do
art. 64 do Decreto-Lei no2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código
Penal; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher,
criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para
garantir a execução das medidas protetivas de urgência; (Redação
dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
IV - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.403, de
2011). (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
Parágrafo único. Também será admitida a prisão preventiva quando
houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não
fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser
colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se
outra hipótese recomendar a manutenção da medida. (Incluído pela
Lei nº 12.403, de 2011).
Pois bem, suponha que haja indícios suficientes de que o servidor agrida o
próprio pai, já idoso e que com ele reside. Pior ainda, que este servidor está
planejando fugir para o Panamá para não ser condenado.

O Ministério Público pode requerer a prisão preventiva desse servidor. Agora,


note algo interessante: o servidor preso preventivamente não conseguirá
comparecer à repartição. Mas, além de não estarmos falando de hipótese de
abandono de cargo, já que sua ausência tem motivo legal (ainda que não seja muito

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agradável), o servidor não foi definitivamente condenado, o que tornaria injusto o


seu desligamento do cargo (que somente poderia se dar em face de condenação
penal definitiva).

Ponderando estes dois fatores, o estatuto chegou a uma conclusão: já que


não está trabalhando, o servidor receberá 2/3 de sua remuneração durante o
período em que estiver preso.

Todas aquelas hipóteses não tratam de prisões decorrentes de condenação


definitiva, então, tudo isto ocorre enquanto o processo penal não atinge seu
desfecho:

IV dois terços do vencimento-base, durante o afastamento decorrente


de condenação por sentença definitiva a pena que não determine ou
acarrete a perda do cargo.
Calma!

É isto mesmo que você leu! Nem toda condenação penal por sentença
definitiva implica na perda de cargo público. Dê uma olhada no artigo 92 do Código
Penal:

Art. 92 - São também efeitos da condenação:


I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo:
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou
superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou
violação de dever para com a Administração Pública;
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior
a 4 (quatro) anos nos demais casos.
[...]
E fora dessas hipóteses? Ora, o servidor não está comparecendo à
repartição, mas há um motivo legal para tanto (não se trata de abandono do cargo).

Já que a condenação definitiva fora das hipóteses do artigo 92 do Código


Penal não é motivo para perda do cargo, o servidor permanecerá legalmente
afastado de suas funções. Tão logo termine de cumprir a pena, poderá voltar ao
exercício do cargo. Enquanto isto, perceberá sua remuneração com um desconto de
2/3 de seu valor.

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Acaba funcionando mais ou menos como um auxílio reclusão para a família


do preso (embora não tenha natureza previdenciária e sim remuneratória).

Art. 138. Nenhum funcionário poderá perceber vencimento inferior ao


maior salário mínimo vigente em Pernambuco.
Minha querida mãe se encontrava nesta situação em São Paulo. Quando o
vencimento da carreira chega em um ponto no qual seu valor é inferior ao salário
mínimo (no seu caso, é o salário vigente em seu estado), o setor de pagamento
adiciona uma rubrica chamada “abono complementar”, de forma a propiciar ao
servidor que o seu vencimento atinja o valor do salário mínimo (já que o vencimento
é fixado em lei, não é possível alterá-lo sem uma nova lei fixando novo valor).

Art. 139. Poderão ser abonadas até 03 (três) faltas durante o mês, por
motivo de doença comprovada, mediante atestado de médico ou
dentista, ou em decorrência de circunstância excepcional, a critério da
chefia.
Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, o funcionário deverá
apresentar o atestado ao chefe imediato, no prazo de 10 (dez) dias, a
contar da primeira falta ao serviço.

O estatuto está se referindo à falta abonada pela chefia imediata. É como se


seu chefe “perdoasse” sua ausência, e este “perdão” tem o efeito principal de fazer
com que você não perca a remuneração do dia de trabalho.

Existem dois grupos de motivos pelos quais você pode faltar e ter sua
ausência abonada pela chefia:

- Motivo de doença, comprovada mediante atestado. Neste caso, seu chefe


é obrigado a aceitar o atestado e conceder-lhe o abono da falta. Ao invés de
você entrar com o requerimento de licença para tratamento de saúde toda vez que
tiver de se ausentar por algum resfriado forte, seu chefe recebeu poderes para
cuidar destas situações corriqueiras, que não justificam toda instauração do
procedimento de licença saúde.

Se precisar de mais de 3 faltas no mês, aí você terá de ingressar com o


requerimento de licença.

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Só lembrando que o prazo para apresentação do atestado é o mesmo fixado


para os casos em que o servidor requer licença para o tratamento de saúde: 10 dias
a partir da primeira falta.

- Circunstância excepcional: Imagine que em função de um deslizamento


de terra na única estrada que liga seu endereço ao da repartição, você foi obrigado
a ausentar-se do serviço, pela simples impossibilidade de comparecer à repartição.

Pelo que você aprendeu até aqui, a consequência é uma só: falta!

Contudo, o chefe possui a prerrogativa de analisar circunstâncias


excepcionais que justificariam a ausência do servidor na repartição. Como é
impossível prever todas as hipóteses (justamente por serem excepcionais), caberá
ao chefe tomar ciência das razões do servidor e decidir, com base em seu próprio
julgamento, se a falta poderá ser abonada ou não.

Ou seja: tirando o pedido de abono fundamentado em doença comprovada,


todos os demais pedidos de abono podem ser indeferidos pela chefia se esta não
considerar as circunstâncias da ausência excepcionais.

Art. 140. As reposições e indenizações ao erário serão descontadas em


parcelas mensais correspondentes a dez por cento (10%) da
remuneração, provento ou pensão.
Preste atenção: o artigo 140 contém a regra geral dos descontos. Você se
esqueceu de trancar a porta do seu armário e, por conta disto, um objeto foi
subtraído da repartição. Cabe a você indenizar o erário por esta perda.

Porém, como não estamos falando de má fé, e você ainda depende do


salário para se alimentar, o estatuto tentou suavizar o impacto em seu orçamento:
os descontos referentes às reposições e indenizações não podem exceder 1/10 da
sua remuneração.

Eu sei que é chato perder 10% da remuneração todo mês, mas é melhor do
que perder o emprego...

§ 1º Ocorrendo o pagamento indevido no mês anterior ao do


processamento da folha, a reposição será feita de imediato, em uma
única parcela.

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Esta é uma regra específica. Imagine que tenha ocorrido um erro na folha de
pagamento e tenham incluído uma rubrica extra em seu contracheque. Ninguém
percebeu na hora, e o pagamento indevido ocorreu.

Se o RH perceber a falha dentro do mês seguinte, não haverá parcelamento:


a reposição se dará em parcela única. Se não, vale a regra geral (descontos de no
máximo 10% da remuneração total).

Outra regra específica diz respeito ao servidor desligado (seja por


exoneração, dispensa ou demissão). Como a Administração passa a não mais ter
poder sobre a sua remuneração, aquelas condições de pagamento vantajosas
desaparecem.

O ex-servidor passa a ter 60 dias para quitar o débito. Caso ele não observe
este prazo e considerando que a repartição não tem meios de obter o
ressarcimento, só restará a inscrição do débito em dívida ativa:

§ 2º O servidor em débito com o erário, que for demitido, exonerado ou


tiver sua aposentadoria cassada, terá o prazo de sessenta dias para
quitar o débito.
§ 3º A falta de quitação do débito no prazo anotado implicará na sua
inscrição na divida ativa.
§ 4º Os débitos resultantes de cumprimento a decisão judicial que
venha a ser suspensa ou modificada, com transito em julgado, serão
atualizados até a data da reposição.
Os casos do parágrafo 4º são aqueles em que o servidor obtém uma primeira
decisão favorável a seu pleito no Poder Judiciário e, em função desta, a
Administração começa a efetuar pagamentos em observância à sentença.

Todavia, em sede recursal, a Administração consegue reverter a decisão, e


esta última transita em julgado, não cabendo mais discussão sobre seu teor.

Como a decisão final foi desfavorável ao servidor, todos os pagamentos por


ele recebidos em cumprimento à primeira decisão foram indevidos, devendo ser
devolvidos. O que o parágrafo 4º faz é determinar que estes valores sejam
corrigidos até a data em que sejam repostos (devolvidos à Administração).

Art. 141. O desconto realizado por motivo de não comparecimento ao


serviço ou para reposição e indenização à Fazenda Estadual, incidirá
sobre o vencimento e as gratificações percebidas pelo funcionário.
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Art. 142. A lei não admitirá vinculação ou equiparação de qualquer


natureza, para efeito de vencimento do pessoal do serviço público.
Esta regra impede que fixemos a remuneração de um cargo com base na
remuneração de outro. Um exemplo: não podemos fixar que a remuneração do
Técnico de uma determinada Secretaria será igual a 75% da remuneração do
Analista daquela mesma Secretaria. Se isso fosse possível, a concessão de
aumento para uma carreira causaria um “efeito cascata” sobre as demais.

Pera lá! Mas é exatamente assim que a remuneração dos Magistrados está
estruturada!

Sim, mas há previsão constitucional para tanto:

Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal,


disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes
princípios:
[...]
V - o subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores corresponderá a
noventa e cinco por cento do subsídio mensal fixado para os Ministros
do Supremo Tribunal Federal e os subsídios dos demais magistrados
serão fixados em lei e escalonados, em nível federal e estadual,
conforme as respectivas categorias da estrutura judiciária nacional,
não podendo a diferença entre uma e outra ser superior a dez por
cento ou inferior a cinco por cento, nem exceder a noventa e cinco por
cento do subsídio mensal dos Ministros dos Tribunais Superiores,
obedecido, em qualquer caso, o disposto nos arts. 37, XI, e 39, § 4º
O texto do artigo 142 é “lei não admitirá...”. Não se falou nada sobre a
Constituição Federal :P.

1.12 Vantagens

Art. 143. Além do vencimento, poderão ser conferidas ao funcionário as


seguintes vantagens:
I ajuda de custo;
II diárias;
III auxílio para diferença de caixa;
IV salário-família;
V gratificações.

Ser funcionário público não é só cumprir horário e receber o vencimento.


Existem outras verbas que são pagas ao funcionário, sob diferentes fundamentos.
Elas atendem pelo nome genérico de “vantagens”.
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Ao serem somadas ao seu vencimento, elas passam a compor um novo


objeto chamado remuneração.

Vamos estudar cada uma delas agora.

1.12.1 Indenizações

Resolvi agrupar a ajuda de custo e as diárias sob uma única designação:


indenizações.

Fiz isto pois as indenizações dividem um aspecto comum: elas buscam


ressarcir o servidor de determinados gastos realizados no interesse da
Administração Pública.

Se você, por exemplo, for enviado para outro município, do outro lado do
estado, e lá tiver de permanecer por três dias para realizar determinado trabalho, é
natural que tenha de se hospedar em algum local para dormir.

Pois bem, o dono do hotel não vai aceitar o seu crachá como forma de
pagamento, tampouco vai lhe fornecer um teto para dormir baseando-se tão
somente na condição de servidor público (aliás, quando alguém faz isso,
normalmente servidor e particular acabam indo parar no noticiário).

Você terá de entregar dinheiro ao dono do hotel, dinheiro este que sairá do
seu bolso. Mas, como você só está gastando este dinheiro porque está
desempenhando suas funções no interesse da Administração, é justo que você seja
ressarcido pelos gastos.

E esta a característica compartilhada por todas as hipóteses de indenização:


ressarcir gastos.

É sob este olhar que devemos estudar a ajuda de custo e as diárias.

1.12.1.1 Ajuda de Custo


Art. 144. Será concedida a ajuda de custo ao funcionário que for
designado, de oficio, para servir em nova sede.
§ 1º Destinam-se a ajuda de custo ao ressarcimento das despesas de
viagem e de nova instalação, relativas ao funcionário e não poderá
exceder de um mês de vencimento.
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A ajuda de custo destina-se a compensar as despesas de instalação do


servidor que passou a ter exercício em nova sede. Mas atenção: esta mudança
de sede tem de decorrer de ato de ofício da administração (se a mudança de sede
decorrer de iniciativa do servidor, como no caso da remoção a pedido, não há direito
à ajuda de custo).

Assim, a diferença marcante entre a ajuda de custo e a diária é o


fundamento em que se baseia o pagamento da respectiva vantagem.

Então, fique atento: se a viagem for temporária, pagamos diária! Se for


permanente, ajuda de custo, gente! :P. (é meu primeiro mnemônico, então, me dá
um desconto...).

Valor da ajuda de custo: ATÉ um mês de vencimento. A ajuda de custo se


presta a ressarcir despesas. O servidor não pode receber mais do que irá dispender
com a mudança de endereço.

§ 2º A ajuda de custo será paga adiantadamente ao funcionário, ou, se


este preferir, na nova sede.
Lembre-se: a ajuda de custo é paga, em regra, antes do deslocamento.

Art. 145. O funcionário obrigado a permanecer fora da sede por mais


de trinta dias, em objeto de serviço, perceberá a ajuda de custo de um
mês de vencimento, sem prejuízo das diárias a que fizer jus.
O artigo 145 é bastante interessante e muda um pouco do raciocínio da ajuda
de custo. A princípio, esta indenização se presta a ressarcir o servidor pela
mudança permanente de sede. Aliás, esta é a diferença conceitual entre ajuda de
custo e diária.

Todavia, o artigo o 145 abre uma exceção a esta regra: a permanência fora
da sede por mais de 30 dias, ainda que não tenha caráter permanente. A
preocupação do legislador provavelmente foi a de que o servidor teria de buscar
uma moradia mais bem estruturada para poder passar todo este tempo fora (se o
afastamento fosse de poucos dias, qualquer pousada serviria).

Note também que, pelo fato deste afastamento não ser permanente, as
despesas dele decorrentes são passíveis de indenização por meio de diárias e o
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artigo 145 não exclui seu pagamento. O artigo 145 é a exceção que confirma a
regra.

Por fim: a hipótese do artigo 145 prevê o valor fixo de um mês de


vencimento, e não um limite para a indenização (não há necessidade de
comprovação das despesas e sim do tempo em que se permaneceu fora da sede).

Art. 146. O funcionário restituirá a ajuda de custo:


I quando não se transportar para a nova sede no prazo determinado;
II quando, antes de realizar a incumbência que lhe foi atribuída,
regressar, abandonar o serviço ou pedir exoneração.
Ora! O servidor recebeu a ajuda de custo para se deslocar para uma nova
sede. Se ele não se apresentou ao trabalho no prazo determinado, o que raios ele
fez com o dinheiro? Lembrando que, em regra, a ajuda de custo é paga
antecipadamente ao servidor.

Se o servidor não cumpre a obrigação que lhe foi atribuída, o que exatamente
haveria para se indenizar? Pense nisso!

§ 1º A obrigação de restituir é de responsabilidade pessoal e deverá ser


cumprida dentro do prazo de trinta dias.
§ 2º Não haverá obrigação de restituir, se o regresso do funcionário
decorrer de determinação de autoridade competente, de doença
comprovada ou de exoneração a pedido após noventa dias de
exercício na nova sede.
Nestes casos, o servidor não tem culpa de ter regressado.

No primeiro caso, o servidor pode, por exemplo, ter sido nomeado para cargo
em comissão em outra sede, o que teria justificado seu deslocamento para a nova
cidade. Porém, no meio da missão, a Administração mudou de ideia e chamou ele
de volta (obedecer a determinação de autoridade competente).

Como o deslocamento foi necessário, ele provavelmente recebeu ajuda de


custo para fazer a mudança, porém, agora que recebeu uma contraordem, terá de
voltar, mas poderá manter o valor recebido a título de ajuda de custo.

A segunda hipótese cuida do servidor que retornou à lotação original por


motivo de doença (afinal, ficar doente também não foi culpa dele).

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Por fim, a terceira hipótese não é mais que um exercício de bom senso.
Imagine que você mudou de sede no interesse do serviço em 2000, e que em 2010
você foi nomeado para um novo cargo público, que além de pagar melhor, é a
realização de um sonho profissional.

Aposto que você vai se exonerar. Mas o artigo 146, inciso II, manda que você
restitua a ajuda de custo. E aí? faz sentido devolver uma grana que você recebeu
há 10 anos, sendo que você realmente se mudou no interesse do serviço, e ali
permaneceu desempenhando suas atribuições durante um longo tempo?

Lógico que não. Uma coisa é se exonerar logo no primeiro mês de mudança,
trazendo prejuízos para a Administração que incorreu em custos para deslocá-lo e
agora não poderá utilizar-se da sua força de trabalho. Outra coisa é querer deixar o
trabalho depois de ter feito a sua parte no crescimento do serviço público.

E para evitar dúvidas, o estatuto já fixou a fronteira entre uma coisa e outra:
90 dias. Se você se exonerar depois deste prazo, já não está mais obrigado a
ressarcir a ajuda de custo.

Art. 147. Será calculada a ajuda de custo:


I sobre o vencimento do cargo;
II sobre o vencimento do cargo em comissão que passar a exercer na
nova sede;
III sobre o vencimento do cargo efetivo, acrescido da gratificação,
quando se tratar de função assim retribuída.

1.12.1.2 Diárias
Como mencionei, enquanto a ajuda de custo busca indenizar gastos
inerentes á mudança permanente do local onde o servidor exerce seu cargo, as
diárias indenizam afastamentos em caráter eventual ou transitório.

Art. 148. Ao funcionário que se deslocar de sua sede em objeto de


serviço ou missão oficial, serão concedidas diárias correspondentes ao
período de ausência, a título de compensação das despesas de
alimentação e pousada.

Diárias, assim como a ajuda de custo, são fornecidas antecipadamente

Parágrafo único. As importâncias correspondentes às diárias serão


fornecidas antecipadamente ao respectivo funcionário.

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O restante das características da diária (a exemplo do seus valores) ficou a


cargo de cada órgão regulamentar:

Art. 149. No arbitramento das diárias, serão considerados o local, a


natureza e as condições de serviço.
Art. 150. O funcionário que se deslocar de sua sede, em objeto do
serviço ou missão oficial, fará jus, além das diárias, ao pagamento das
despesas correspondentes ao transporte, na forma determinada em
regulamento.
1.12.2 Auxílio para Diferença de Caixa

O auxílio para diferença de caixa era pago a servidores que tinham por
atribuições pagar e receber valores em moeda corrente.

Art. 151. Ao funcionário que, no desempenho de suas atribuições,


pagar ou receber em moeda corrente, será concedido auxílio
financeiro mensal, até vinte por cento do valor do respectivo símbolo,
nível, ou padrão de vencimento, para compensar a diferença de caixa.
Ocorre que, com a publicação da Lei 8.131 de 28 de maio de 1980, esta
vantagem foi extinta, não podendo mais ser concedida aos servidores:

Art. 19. Ficam extintas as seguintes vantagens:


I - Auxílio para Diferença de Caixa de que trata o art. 151, da Lei 6.123,
de 20 de julho de 1968, renumerada por força da Lei 6.472, de 27 de
dezembro de 1972.
[...]
Assim, mesmo que esta lei não tenha revogado o artigo 151 do estatuto,
retirou todos os seus efeitos práticos.

Resumindo: nós pularemos este artigo.

1.12.3 Salário Família

O salário-família não foi revogado, apenas sua disciplina passou a ser feita
por outro diploma legal. Mencionei em uma nota de rodapé que o salário-família
passou a ser disciplinado na Lei Complementar 41/2001, que criou a Fundação de
Aposentadorias e Pensões dos Servidores do Estado de Pernambuco – FUNAPE.

Assim, deixou de ser assunto a ser estudado para o seu edital.

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1.12.4 Gratificações

Classicamente, seu professor, neste ponto da aula, recorreria a um trecho do


livro da Maria Sylvia Zanella Di Pietro (tive aulas com ela na graduação, daí a minha
preferência :P), citando Hely Lopes Meireles:

“Vantagens pecuniárias são acréscimos de estipêndio do funcionário


concedidas a título definitivo ou transitório, pela decorrência de tempo
de serviço (ex facto temporis), ou pelo desempenho de funções
especiais (ex facto officii), ou em razão das condições anormais em
que se realiza o serviço (propter laborem), ou, finalmente, em razão de
condições pessoais do servidor (propter personam). As duas
primeiras espécies constituem os adicionais (adicionais de
vencimento e adicionais de função); as duas últimas formam a
categoria das gratificações de serviço e gratificações pessoais”.

Na teoria do Direito Administrativo, adicionais e gratificações compõem


grupos distintos de vantagens.

Mas esta definição não serve para o seu estatuto!

Por motivos que seu professor desconhece, o seu estado não segue os
mesmos conceitos previstos nas obras de direito administrativo. No estatuto do
Pernambuco, tudo é gratificação (pelo menos vai ficar mais fácil de lembrar...).

Mesmo o adicional de tempo de serviço (autêntico adicional quando


consultamos obras de Direito Administrativo), foi enquadrado no artigo 160 que trata
de todas as gratificações que podem ser concedidas aos servidores públicos do seu
estado.

Vamos conhecer todas elas:

Art. 160. Será concedida gratificação:


I de função;
II pela prestação de serviço extraordinário;
III pela representação de Gabinete;
IV pelo exercício em determinadas zonas ou locais;
V pela execução de trabalhos de natureza especial, com risco de vida ou
de saúde;
VI pela realização de trabalho relevante, técnico ou científico;
VII pela participação em órgão de deliberação coletiva;
VIII adicional por tempo de serviço;

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IX pela participação, como auxiliar ou membro de comissão examinadora


de concurso;
Tome nota que o artigo 19 da Lei 8.121/1980 extinguiu a gratificação prevista
no inciso X (Gratificação Especial):

Art. 19. Ficam extintas as seguintes vantagens:


[...]
II – Gratificação Especial instituída pelo Parágrafo único do Art. 5º da
Lei nº 7.907, de 6 de julho de 1979.
Posteriormente, a Lei 11.216/1995 aproveitou este espaço livre e inseriu
outra gratificação, completamente diferente da primeira:

X pela prestação de serviço em regime de tempo complementar/ou


integral com dedicação exclusiva.
XI de produtividade;
XII pela participação em comissão ou grupo de trabalho;
XIII por serviço ou estudo fora do país;
XIV pela participação em grupo especial de assessoramento técnico;
XV pelo exercício do magistério inclusive em cursos especiais de
treinamento de funcionários;
XVI por outros encargos previstos em lei ou regulamento.
Inúmeras gratificações, não? Sugiro que não se concentre em memorizar
estas gratificações agora.

O caminho escolhido pelo estatuto para as gratificações também foi o


mesmo: expressa menção em uma lista taxativa. Em outras palavras, é gratificação
aquilo que a lei entender enquanto tal. Ainda assim, seu estatuto tentou classificar
sob essa designação as parcelas pagas em função da ocorrência de um evento
tido por relevante pelo empregador ou pela legislação (que é o mesmo critério
utilizado pela CLT para fixar adicionais).

Em seu lugar, eu começaria me preocupando com a regra de ouro das


gratificações:

Art. 161. Exceto nos casos expressamente previstos em Lei, o


afastamento eventual ou temporário do exercício do seu cargo, a
lotação ou designação do funcionário para servir em outro órgão,
acarreta o cancelamento automático das gratificações atribuídas ao
mesmo e não incorporadas ao vencimento.

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Lembra-se quando eu falei sobre um “evento tido por relevante”? Pois bem, a
natureza dos eventos é que eles não duram para sempre. Todas as gratificações
recompensam o servidor por uma atividade que hoje desempenhada e que amanhã
poderá não ser mais.

E, o mais importante: quando o servidor não está mais desempenhando a


atividade ou sujeito à condição que autoriza o pagamento da gratificação, seu
pagamento, em regra, cessa. Resumindo a história: as gratificações “não
pertencem” ao servidor.

Se o servidor se afasta do cargo temporariamente, se sua lotação é alterada


ou se ele é designado para servir em outro órgão, a única coisa que ele pode levar
consigo é aquilo que é seu: o vencimento do cargo (nas hipóteses em que a
legislação autorizar seu recebimento, pois, do contrário, ele ficará sem nada).

Daí também a previsão de que o servidor poderá receber as gratificações


incorporadas: elas passaram a compor seu vencimento.

E o afastamento permanente do cargo professor? Ora, meu caro,


afastamento permanente do cargo é o desligamento do mesmo: neste caso, o
servidor nem mais servidor é, e não vai receber coisa alguma.

Art. 162 Gratificação de Função é a que corresponde a encargos de


gerência, chefia ou supervisão de órgãos e outros definitivos em
regulamento, não podendo ser atribuída a ocupante de cargo em
comissão.
A primeira gratificação apresentada pelo estatuto é a Gratificação de Função.

Você tomou contato com as funções gratificadas logo no início do curso:

Art. 7º Além dos cargos de provimento efetivo e em comissão, haverá


funções gratificadas que atenderão a encargos de chefia, de
assessoramento, de secretariado e de apoio, cometidos
transitoriamente a servidores ativos.
Parágrafo único. A lei fixará o valor da retribuição das funções
gratificadas dos órgãos da administração direta, das autarquias e das
fundações públicas; e o quantitativo das mesmas será estabelecido
em decreto, observados os limites das disponibilidades orçamentárias
e as normas de organização administrativa do Estado.
Pois bem, função, como visto na aula passada, é uma “atribuição sem cargo
respectivo”: Elas buscam remunerar encargos de chefia, gerência ou supervisão de
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órgãos e, por não estarem atrelados a um cargo público, não podem ser ocupadas
por servidores ocupantes de cargo em comissão (apenas ocupantes de cargo de
provimento efetivo podem preencher funções).

Estas funções, como você também já sabe, não fazem parte do conjunto de
atribuições do cargo. Elas são “anexadas” ao servidor, que desde então, fica
responsável pelo seu exercício, o que expande o conjunto original de serviços que
podiam ser exigidos do servidor. A gratificação de função busca recompensar o
servidor pela aceitação do encargo adicional.

A regra geral nos diz que esta gratificação deveria ser cancelada se o
servidor se afastasse temporária ou eventualmente. Mas também permite que a lei
abra exceções a esta previsão.

Ocorre que o próprio estatuto já cuidou de abrir algumas exceções para esta
regra na gratificação de função:

Parágrafo único. A ausência por motivo de férias, luto, casamento,


doença comprovada, licença-prêmio, licença para tratamento de
saúde, licença à gestante, licença por motivo de doença em pessoa da
família ou serviço obrigatório por lei não acarretará perda da
gratificação de função.
Se a ausência decorrer de uma das causas apontadas no parágrafo único
(são todas ausências remuneradas), o servidor continua a receber o vencimento e a
gratificação de função.

Art. 163. O exercício de cargo em comissão exclui a gratificação pela


prestação de serviço extraordinário.
Esta regra possui um semelhante na iniciativa privada: quem ocupa cargo de
gerência não faz jus ao recebimento de horas extras. O raciocínio aqui é o mesmo:
servidor que exerce cargo em comissão já é recompensado por sua dedicação
adicional ao serviço por meio da remuneração do cargo em comissão.

Se ele precisar ficar até mais tarde para resolver alguma coisa, o estatuto
entende que esta possibilidade já está contemplada na própria remuneração do
cargo.

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Todavia, se você não for ocupante de cargo em comissão e tiver de ficar até
mais tarde no serviço, será adequadamente gratificado por isto:

Art. 164 A gratificação pela prestação de serviço extraordinário


corresponderá a 50% (cinquenta por cento) a mais do valor da hora
normal.
Art. 92 - O serviço extraordinário será remunerado com acréscimo de
50% (cinqüenta por cento) em relação a hora normal de trabalho.

Ao contrário da crença popular, funcionário público trabalha, e às vezes,


trabalha além do expediente normal. Nada com que você deva se preocupar: a
Administração pode precisar de você, mas está disposta a remunerar o seu
empenho extra.

A gratificação pela prestação de serviço extraordinário funciona da mesma


forma que a hora extra da relação de emprego: o servidor receberá, um acréscimo
de 50% sobre o valor da sua hora normal pelo serviço extraordinário.

Entretanto, isto não é uma forma de aumentar artificialmente os seus


vencimentos! Lógico que uma graninha a mais no fim do mês ajuda muito, mas o
serviço extraordinário tem condições bem específicas para ser permitido:

§ 1º Os valores pagos a título de gratificação pela prestação de serviço


extraordinário não poderão exceder, no mês, a mais de 40 (quarenta)
horas extras de trabalho.
§ 2º O Poder Executivo regulamentará a forma e os procedimentos
para concessão e pagamento da gratificação pela prestação de serviço
extraordinário
O parágrafo 3º, embora não tenha sido expressamente revogado, acabou por
ter seus efeitos prejudicados. Ocorre que o novo parágrafo 4º deste estatuto
(introduzido pela Lei 10.321/1989) disciplinou exatamente a mesma matéria.

Eu chegaria ao ponto de dizer que houve revogação tácita (lei nova derroga
lei antiga), mas prefiro ser mais cauteloso e colocar a redação dos dois parágrafos
(claro que o parágrafo 4º com mais destaque, já que é este que, na prática, produz
efeitos):

§ 3º A gratificação de que trata este artigo será incorporada aos


proventos quando o servidor, ao aposentar-se, a venha percebendo há
mais de 12 (doze) meses, ininterruptamente.
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§ 4º A gratificação de que trata este artigo será incorporada aos


proventos quando o servidor, ao aposentar-se, a venha percebendo há
01 (um) ano, ininterruptamente, ou 05 (cinco) anos, com interrupção.

Esta disposição não tem aplicação prática para quem ingressou no serviço
público posteriormente à Emenda Constitucional 41/2003. Em sua origem, este
dispositivo permitia que o servidor incorporasse a gratificação pela prestação de
serviço extraordinário por ocasião de sua aposentadoria (no RH, esta rubrica
costuma se chamar “horas extras incorporadas”, ou coisa semelhante).

Assim, a gratificação se somaria ao vencimento do servidor aposentado, e


ele receberia esta verba até seu falecimento.

Contudo, ao prever a incorporação apenas no momento da aposentadoria, os


servidores que ingressaram no serviço público depois de 2003 tem seus proventos
da inatividade calculados pela média dos 80% maiores salários de contribuição, não
havendo a chamada integralidade e paridade (seu professor de Constitucional talvez
aborde o assunto). Ou seja, o servidor aposentado com base nas regras posteriores
à Emenda Constitucional 41/2003 não recebem o salário da ativa quando se
aposentam, tornando esta incorporação inútil para eles.

Também devo lembrar a você que seu estado veda incorporações quando a
fonte do recurso do pagamento tiver origem na União:

[Lei nº 11.216, de 20 de junho de 1995]


Art. 22. É vedada a incorporação aos vencimentos dos servidores
públicos estaduais, por ocasião da aposentadoria dos valores adicionais e
gratificações atribuídos e pagos, a qualquer título, por fontes ou recursos
federais, independentemente, do seu tempo de fruição.

A próxima gratificação é a de representação de gabinete:

Art. 165. A gratificação prevista no item III do art. 160 será atribuída a
servidor com exercício no Gabinete e na Assessoria Técnica do
Governador, do Vice-Governador e de Secretário de Estado.
Buscando atrair os melhores talentos, seu Estado resolveu engordar o
contracheque daqueles que trabalharem junto ao Gabinete e Assessoria Técnica do
Governador, Vice e Secretário de Estado.

Dizem também (suponho que em tom jocoso) que essa gratificação serve
para que o servidor consiga comprar trajes adequados ao ambiente do Palácio.
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Para percebê-la, basta “apenas” ter exercício nestes locais.

Pois bem, tamanha honra, no entanto, terá seu preço: o servidor não poderá
receber mais nenhuma gratificação a exceção das mencionadas no parágrafo 1º:

§ 1º A gratificação pela representação de Gabinete exclui as outras


espécies de gratificações, salvo as constantes dos itens I, II, VI, VII, VIII,
IX, X, XII, XV e XVI do art. 160.
As exceções são as seguintes:

Art. 160. Será concedida gratificação:


I de função;
II pela prestação de serviço extraordinário;
[...]
VI pela realização de trabalho relevante, técnico ou científico;
VII pela participação em órgão de deliberação coletiva;
VIII adicional por tempo de serviço;
IX pela participação, como auxiliar ou membro de comissão
examinadora de concurso
X pela prestação de serviço em regime de tempo complementar/ou
integral com dedicação exclusiva.
[...]
XII pela participação em comissão ou grupo de trabalho;
[...]
XV pelo exercício do magistério inclusive em cursos especiais de
treinamento de funcionários;
XVI por outros encargos previstos em lei ou regulamento.
Muitas né? Que tal então tentar lembrar pela negativa? Servidor que perceba
representação de gabinete não pode receber:

Art. 160. [...] gratificação:


[...]
IV pelo exercício em determinadas zonas ou locais;
V pela execução de trabalhos de natureza especial, com risco de vida ou
de saúde;
[...]
XI de produtividade;
[...]
XIII por serviço ou estudo fora do país;
[...]
XIV pela participação em grupo especial de assessoramento técnico;

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Bem mais fácil!

§ 2º Aplica-se à gratificação pela representação de gabinete o disposto


no parágrafo único do art. 162 e no §4º do art. 164.
O parágrafo único do artigo 162 disciplinava as ausências eventuais e
temporárias nas quais o servidor investido em função não perderia a respectiva
gratificação. Nas mesmas hipóteses e condições, o servidor também não irá perder
a gratificação pela representação em gabinete:

Art. 162 [...]


Parágrafo único. A ausência por motivo de férias, luto, casamento,
doença comprovada, licença-prêmio, licença para tratamento de
saúde, licença à gestante, licença por motivo de doença em pessoa da
família ou serviço obrigatório por lei não acarretará perda da
gratificação de função.
O artigo 164, parágrafo 4º, por sua vez, previa o mecanismo de incorporação
aos vencimentos da gratificação pela prestação de serviço extraordinário. Assim,
nas mesmas condições em que aquela gratificação se incorporaria aos
vencimentos, a representação de gabinete também o será:

Art. 164 [...]


§ 4º A gratificação de que trata este artigo será incorporada aos
proventos quando o servidor, ao aposentar-se, a venha percebendo há
01 (um) ano, ininterruptamente, ou 05 (cinco) anos, com interrupção.
Podemos seguir:

Art. 166. A gratificação adicional por tempo de serviço será calculada


sobre o vencimento do cargo efetivo e para todos os efeitos a ele
incorporada, correspondendo a cinco por cento por qüinqüênio de
efetivo exercício prestado à União, aos Estados, aos Municípios de
Pernambuco e às respectivas autarquias.
Vamos aos pontos principais:

- Muita atenção!!!! O adicional por tempo de serviço não leva em conta o


tempo de serviço público prestado aos municípios não pertencentes ao
estado de Pernambuco. Vou me usar como exemplo: Se eu tomar posse aí, posso
levar a cômputo dos quinquênios o tempo em que trabalhei para a Receita Federal
(União), para a Secretaria da Fazenda de São Paulo (Estado), mas não poderei
levar meu tempo de serviço prestado para a Prefeitura de São Paulo (Município);

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- A concessão é feita por quinquênio. A cada cinco anos de serviço público


(com a ressalva feita no item anterior), o servidor fará jus a um adicional de 5%
calculado sobre o seu vencimento. Se o servidor recebe R$ 10.000,00 de
vencimentos, ganhará automaticamente R$ 500,00 a título de gratificação adicional
por tempo de serviço;

- O adicional por tempo de serviço incorpora-se automaticamente à


remuneração do servidor, para todos os efeitos legais, a partir do momento de sua
concessão.

Aliás, a concessão do adicional é também automática (não depende de


requerimento do servidor):

Parágrafo único. A gratificação adicional por tempo de serviço é


concedida automaticamente a partir do dia imediato àquele em que o
funcionário completar o qüinqüênio.
Avançando:

Art. 167. A gratificação pela prestação de serviço em regime de tempo


complementar, de tempo integral ou tempo integral com dedicação
exclusiva será fixada em regulamento e destina-se a incrementar o
funcionamento dos órgãos da administração.

O regime de tempo complementar, o de tempo integral, ou ainda, o de tempo


integral com dedicação exclusiva são aplicáveis aos cargos que demandam do
servidor maior comprometimento com o serviço.

Por meio destes regimes é possível, por exemplo, fixar jornada de trabalho
diferente daquela estudada por nós há alguns artigos atrás:

Art. 85. A duração normal do trabalho será de seis horas por dia ou
trinta horas por semana, podendo, extraordinariamente, ser prorrogada
ou antecipada, na forma que dispuser o regulamento.
O regime de trabalho fixado como regra no artigo 85 é conhecido como
“regime de trabalho em tempo parcial” (já que o turno dura seis horas). Se o servidor
exercer um cargo ou função discriminada no parágrafo 1º, ele poderá, por exemplo,
ser submetido a um regime de trabalho de tempo integral (no qual o servidor ou
empregado deve cumprir 40 horas semanais de trabalho ou 8 horas diárias).

Obviamente, isto implica em acréscimo de horas de trabalho ao servidor.


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Bom, poderíamos remunerar este acréscimo com a gratificação pela


prestação de serviço extraordinário? Não. No nosso exemplo, estas duas horas de
trabalho adicionais não são “extraordinárias”, afinal, o servidor as cumprirá
diariamente.

De forma a recompensar este acréscimo, e na falta de outra gratificação que


cumpra esta mesma função, criou-se a gratificação que estamos estudando.

Os servidores que devem ser submetidos a este regime são apontados no


parágrafo 1º:

§ 1º O regime de tempo complementar ou de tempo integral aplica-se a


cargos e funções que, por sua natureza, exijam do funcionário o
desempenho de atividades técnicas, científicas ou de pesquisa, e aos
de direção, chefia e assessoramento.
Resumindo de forma bem tosca: cientistas e chefes :P. Os dois começam
com “c” e facilitarão a memorização.

Destes três regimes (complementar, integral, e integral com dedicação


exclusiva), o regime de trabalho integral com dedicação exclusiva é o mais restritivo
de todos:

§ 2º O funcionário sujeito ao regime de tempo integral com dedicação


exclusiva deve dedicar-se plenamente aos trabalhos de seu cargo ou
função, sendo-lhe vedado o exercício cumulativo de outro cargo,
função ou atividade pública de qualquer natureza ou atividade particular,
de caráter empregatício ou profissional.
O servidor está proibido de desempenhar qualquer outra atividade (pública ou
privada, em acumulação legal ou não) que não seja o exercício do cargo público.

Assim, se o servidor é professor de Direito de uma Universidade Pública


(órgão que tipicamente apresenta servidores vinculados ao regime de trabalho de
tempo integral com dedicação exclusiva), ele está estatutariamente proibido de, por
exemplo, exercer a advocacia, mesmo que fora do horário de trabalho.

Ele também está proibido de distribuir panfletos no semáforo aos sábados,


mesmo que a faculdade esteja fechada e ele queira complementar a renda.

Todavia, existem exceções a esta regra:

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§ 3º Excetuam-se da proibição constante do parágrafo anterior:


I o exercício em órgão de deliberação coletiva, desde que relacionado
com a função desempenhada em regime de tempo integral;
Como a gratificação pela participação em órgão de deliberação coletiva não
foi regulamentada no corpo do estatuto, vou dar algumas palavrinhas sobre o
assunto agora:

Art. 160. Será concedida gratificação:


[...]
VII pela participação em órgão de deliberação coletiva;
[...]
Esta gratificação costuma ser também chamada de “jeton”.

Pois bem, o jeton costuma ser muito mal lembrado por quem não está no
serviço público pois aparece na TV vinculado a salários de mais de R$ 100.000,00
mensais, em situações ligeiramente questionáveis :P.

Mas, sem as deturpações, é um instituto que faz bastante sentido. Pense em


uma empresa pública. Como qualquer outra empresa, existe um conselho
deliberativo que toma as decisões de gestão da entidade. Por outro lado, em sendo
uma empresa pública, é o Governo quem escolhe os Conselheiros e é normal que
os aponte entre os servidores dos seus quadros.

Muito bem: o servidor terá mais trabalho e responsabilidade, e deve ser


recompensado por isso. E assim foi criado o Jeton, buscando remunerar o servidor
pelo seu comparecimento às sessões do órgão coletivo de deliberação.

Ok, e o servidor submetido ao regime de dedicação exclusiva? O que ele tem


com isso? Este servidor pode participar de órgãos de deliberação coletiva sem violar
seu regime de trabalho. A única exigência é que as atividades do referido órgão
estejam relacionadas ao exercício de suas funções.

II As atividades que, sem caráter de emprego, se destinem a difusão e


aplicação de idéias e conhecimentos, salvo as que impossibilitem ou
prejudiquem a execução das tarefas inerentes ao regime de tempo
integral;
III A prestação de assistência não remunerada a outros serviços,
visando a aplicação de conhecimentos técnicos ou científicos, quando
solicitada através da repartição a que pertence o funcionário;

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IV O exercício, no interior do Estado, de profissão regulamentada, de


nível superior, por funcionário residente e lotado no interior do
Estado, desde que seja observado o respectivo horário de trabalho e
não haja prejuízo para o desempenho das tarefas realizadas em
regime de tempo integral.
Eu ia precisar da sua ajuda sobre a história pernambucana, mas
considerando que este inciso é da redação original do artigo 167, sou forçado a
presumir que o interior do Pernambuco em 1968 tivesse forte carência de
profissionais com nível superior completo.

Neste caso, a mão de obra de servidores lotados nessas localidades e em


exercício de cargos que demandavam diploma de nível superior beneficiaria não
apenas o serviço público, mas a própria região na qual estes se encontravam,
desde que os mesmos fossem liberados ao exercício da profissão em suas
respectivas áreas de especialidade.

Não acredito que este inciso ainda seja útil atualmente, mas ele não foi
revogado, então continua valendo.

V O exercício de atividade docente, desde que observado o disposto


no item anterior quanto ao horário de trabalho e ao desempenho das
tarefas, haja correlação de matéria com as atribuições e a natureza do
cargo exercido em regime de tempo integral.
Quase no fim:

Art. 168. A gratificação de produtividade não poderá exceder a um mês


de vencimento e será atribuída ao funcionário pela realização de
trabalhos, além do expediente em obediência ao que dispuser o
regulamento.
A gratificação de produtividade costuma ser atribuída a servidores que, pela
natureza de suas atividades, não estejam obrigados ao cumprimento de horário de
trabalho (típica situação dos servidores que tenham de executar serviços externos).

Art. 85. A duração normal do trabalho será de seis horas por dia ou
trinta horas por semana, podendo, extraordinariamente, ser
prorrogada ou antecipada, na forma que dispuser o regulamento.
Parágrafo único. Excetuam-se do disposto neste artigo o trabalho
executado por funcionário em serviço externo que, pela própria
natureza, não pode ser aferido por unidade de tempo.
Não que seja necessariamente assim, mas é o que costuma ocorrer.

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Em todo caso, a premissa da gratificação de produtividade é bem simples:


remunerar trabalhos desempenhados fora do expediente de trabalho.

E para terminar este capítulo:

Art. 169. A gratificação prevista no item V do art. 160 deste Estatuto


será incorporada aos proventos da aposentadoria do funcionário,
quando percebida ininterruptamente durante os dois (02) anos
imediatamente anteriores à aposentadoria.
A gratificação mencionada é a decorrente da execução de trabalhos de
natureza especial, com risco de vida ou de saúde:

Art. 160. Será concedida gratificação:


[...]
V pela execução de trabalhos de natureza especial, com risco de vida ou
de saúde;
[...]
O único elemento regulamentado pelo estatuto a respeito desta gratificação é
sua incorporação aos proventos da aposentadoria do servidor (todas as
observações que já fizemos sobre incorporações até aqui são válidas também para
este caso).

O critério de incorporação é o descrito no parágrafo único:

Parágrafo único. O cálculo da quantia a ser incorporada será feito com


base na média aritmética da gratificação percebida pelo funcionário
nos últimos vinte e quatro (24) meses.
É isso aí meu caro! Você terminou de conhecer cada uma das vantagens
previstas no estatuto. Cada indenização, cada adicional e cada gratificação estão aí
na sua cabeça.

A aula de hoje está quase terminando, então, não desanime! Falta só um


tema.

1.13 Concessões

Concessão significa consentimento, permissão, ou um pouco mais próximo


da ideia que estamos procurando, transigência. Pense nas concessões como
pequenos "favores" que a Administração lhe concede em face das circunstâncias.

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As Concessões do artigo 170 são permissões ao servidor para


ausentar-se do serviço por breve período de tempo, em razão de determinados
acontecimentos.

Aliás, esta noção de "breve período" (de uma hora a alguns dias) é a única
coisa que vai te ajudar a distinguir as hipóteses de concessão das hipóteses de
licença.

Art. 170. Sem prejuízo do vencimento, ou de qualquer direito ou


vantagem, o funcionário poderá faltar ao serviço até oito dias
consecutivos, por motivo de:
I casamento;
II falecimento do cônjuge, pais, filhos ou irmãos.

Como você pode ver, os oitos dias de falta autorizados pelo estatuto em caso
de falecimento estão limitados aos ascendentes, descendentes e colaterais mais
próximos do servidor. Fora destas hipóteses, a falta ao serviço não será concedida.

Mas este não é o único favor que a Administração irá te conceder. Aliás, a
concessão do artigo 172 não é bem uma concessão destinada a você, mas sim
àqueles que você deixar para trás:

Art. 171. Será concedido transporte à família do funcionário falecido no


desempenho de serviço fora da sede do seu trabalho.
Art. 172. À família do funcionário falecido será concedido o auxilio
funeral, correspondente a um mês de vencimento ou provento.
§ 1º Em caso de acumulação, o pagamento do auxílio funeral
corresponderá ao vencimento do cargo de maior padrão ou nível
exercido pelo funcionário.
§ 2º A despesa com o auxílio funeral correrá à conta de dotação
orçamentária própria.

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§ 3º O pagamento do auxílio funeral obedecerá a processo sumário,


que deverá ser concluído no prazo de quarenta e oito horas da
apresentação do atestado de óbito, incorrendo em pena de suspensão
o responsável pelo retardamento.
Seguindo:

Art. 173. O vencimento e o provento não sofrerão descontos, além dos


autorizados em lei ou regulamento.

Fora os descontos existentes em lei, (e aqueles decorrentes de ordem


judicial), nenhum desconto poderá ser feito na sua remuneração sem a sua
autorização.

Mas, lembre-se de que, ainda que você autorize determinado desconto, o


órgão pode fixar critérios para que este desconto seja feito (inclusive a fixação de
um montante máximo para esta vinculação, usualmente feito para empréstimos
consignados).

Um dos descontos previstos em lei você já conhece: é aquele previsto no


próprio estatuto para reposição e indenização do erário:

Art. 140. As reposições e indenizações ao erário serão descontadas em


parcelas mensais correspondentes a dez por cento (10%) da
remuneração, provento ou pensão.
§ 1º Ocorrendo o pagamento indevido no mês anterior ao do
processamento da folha, a reposição será feita de imediato, em uma
única parcela.
[...]

E as concessões continuam:

Art. 174. Ao funcionário matriculado em estabelecimento de ensino


médio ou superior, será concedido, sem prejuízo da duração semanal
do trabalho, um horário que lhe permita a freqüência às aulas, bem
como ausentar-se do serviço, sem prejuízo do vencimento e demais
vantagens, para submeter-se a prova ou exame, mediante apresentação
de atestado fornecido pelo respectivo estabelecimento.
Pode acreditar: o seu desenvolvimento acadêmico é do mais alto interesse
da Administração Pública. Afinal, com o conhecimento adquirido, por exemplo, ao
longo de uma segunda faculdade, os novos conhecimentos que você vier a obter
podem servir para o desenvolvimento dos trabalhos no próprio órgão em que você
trabalha.
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Enfim, você vai ser mais útil à Administração se conseguir concluir o seu
curso. E olha que essas horas nem são perdidas, pois serão compensadas
posteriormente (repare na expressão “sem prejuízo da duração semanal do
trabalho”).

A concessão do artigo 174 tem duas facetas: a primeira delas permite que o
horário do servidor seja ajustado para que ele compareça às aulas.

Digamos que o curso vá das 07:00 as 12:00. Neste caso, a Administração


concederá ao servidor um horário de trabalho compatível, digamos, das 13:00 as
19: 00. Note que, mesmo assim, o servidor continua trabalhando seis horas por dia,
em obediência à regra geral do artigo 85:

Art. 85. A duração normal do trabalho será de seis horas por dia ou
trinta horas por semana, podendo, extraordinariamente, ser prorrogada
ou antecipada, na forma que dispuser o regulamento.
A segunda faceta desta concessão permite que o servidor se ausente ao
serviço para realizar alguma prova ou exame. Se a prova que você tiver de fazer for
bem no horário de trabalho, você poderá se ausentar, bastando para isso
apresentar um atestado de que compareceu ao exame.

Agora, imagine a seguinte situação.

Você tem se destacado no desempenho de suas funções? Pois olha só! Você
foi convidado para exercer um cargo ou função pública! Meus parabéns!

Só que este cargo ou função é em outra sede. Em condições normais, você


não ligaria de mudar, só que você acabou de começar o curso de Direito (seu
professor do Estratégia fez aflorar esta paixão em você :P).

Pior, seus filhos pequenos também estão estudando e, se desmatriculá-los


agora, não vai conseguir vaga em outra instituição até o início do ano que vem.

Pois não tema, a Administração garantirá a você matrícula na rede pública


estadual, em estabelecimento próximo da nova sede, e estenderá esta concessão
também a seus filhos e cônjuge:

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Art. 175. Ao funcionário matriculado em qualquer unidade escolar que


necessite mudar de domicílio para exercer cargo ou função pública,
será assegurada matrícula em estabelecimento estadual de ensino na
nova sede, independentemente de época ou da existência de vaga.
Parágrafo único. A concessão de que trata este artigo é extensiva ao
cônjuge e filhos consangüíneos, afins ou adotivos do funcionário.

A concessão do artigo 176 é bastante direta:

Art. 176. O Governo poderá conferir prêmios ao funcionário autor de


trabalho considerado de interesse público ou de utilidade para a
administração.
Art. 177. O funcionário poderá ser contratado, no interesse do serviço,
para função técnica especializada.
§ 1º Enquanto durar o contrato ficará suspensa a relação estatutária,
excetuada a aplicação das normas contidas nos títulos V e VI deste
Estatuto.
§ 2º Fica assegurado ao funcionário o direito de reassumir, a qualquer
tempo, o seu cargo efetivo, contando-se para todos os efeitos legais o
respectivo tempo de serviço.

Chegamos a comentar este artigo na aula passada.

Esta é uma previsão exclusiva do seu estatuto (nunca vi isto nos estatutos
dos outros estados). O servidor deixará temporariamente de ser servidor para ser
contratado pela Administração sob outro regime: o da Consolidação das Leis
Trabalhistas, vulga CLT.

Sabemos disso em função do artigo 252 do estatuto, dentro do capítulo


disposições finais e transitórias:

Art. 252. Aplicar-se-á a legislação trabalhista aos servidores:


I - admitidos temporariamente para obras;
II - contratados para funções de natureza técnica ou especializada.
Neste meio tempo a relação estatutária ficará suspensa. Isto significa dizer
que o estatuto deixará de ser aplicável ao servidor, exceto quanto ao regime
disciplinar e observância ao processo administrativo, conforme disposição do
parágrafo 1º. Em contrapartida, o servidor também não está sujeito às limitações
decorrentes do vínculo estatutário (entre as quais a necessidade de se submeter ao
teto constitucional).

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Sigamos para a última concessão a ser vista. Existe uma exigência embutida
em todos os estatutos dos servidores que eles tenham fortes raízes com o Brasil.

Isto vai desde a exigência de nacionalidade brasileira (em regra), portar título
de eleitor e CPF, vedação à percepção de pensão estrangeira sem autorização
prévia, entre vários outros exemplos. Servidores Públicos são, talvez, os últimos
patriotas autênticos :P.

Mas este artigo traz uma hipótese de permissão do funcionário para


ausentar-se do País para estudo, ou para servir organismo internacional.

Para um servidor colocar os pés fora do território nacional e ainda continuar


mantendo seu cargo, a caneta que vem embaixo da folha tem de ser forte:

Art. 178 O servidor poderá afastar-se de suas funções, para estudo ou


para servir em organismo internacional com o qual o Brasil mantenha
vínculo de cooperação, desde que previamente autorizado pelo
Governador do Estado, ou Secretário de Estado por ele delegado.
A autorização tem de partir do Governador (ou de seu equivalente no Poder
Judiciário e Poder Legislativo). Mesmo a previsão de autorização pelo Secretário de
Estado depende de delegação do Governador para ser válida.

Repare que o artigo 178 trata de dois afastamentos. Os parágrafos começam


a tratar do afastamento para estudo:

§ 1º O afastamento para estudo dar-se-á sem prejuízo da remuneração,


excluídas as vantagens inerentes ao efetivo exercício do cargo, desde
que o servidor tenha sido aprovado em processo de seleção junto a
instituição de ensino e mediante assinatura de termo de compromisso.
É isso mesmo que você leu: você poderá se afastar para estudar e vai
manter toda a sua remuneração (vencimento + vantagens), perdendo apenas aquilo
que evidentemente só se paga a um servidor em atividade.

E os afastamentos não são por pouco tempo não:

§ 2º O afastamento referido no parágrafo anterior, sem prejuízo das


hipóteses de curso de menor duração, dar-se-á nos seguintes prazos:
I para curso de especialização, por 18 (dezoito) meses, prorrogáveis
por mais 3 (três) meses;
II para curso de mestrado, por 30 (trinta) meses, prorrogáveis por mais
6 (seis) meses;

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III para curso de doutorado, por 48 ( quarenta e oito) meses,


prorrogáveis por mais 6 (seis) meses.
Note que os incisos I a III fixam prazos máximos de duração do afastamento,
mas não impedem que o afastamento tenha duração menor do que aquela ali
fixada.

Pois bem, a Administração suportou ficar todo este período de tempo sem o
servidor. Ela acreditou que a paciência e o investimento (sim, investimento, afinal,
ela dispendeu recursos sem receber a contraprestação da mão de obra do servidor),
valeriam a pena.

Adivinha só: a Administração quer o retorno! Lembra-se daquele termo de


compromisso do parágrafo que precisava ser assinado? Lá há uma cláusula
obrigatória de permanência do servidor:

§ 3º Constará do termo de compromisso referido no § 1º deste artigo a


obrigatoriedade de permanência do servidor público no Estado de
Pernambuco, no órgão de origem ou em lotação conforme sua
especialização, por período igual ou superior ao do afastamento, sob
pena de ressarcimento ao Estado dos vencimentos pagos durante o
período.
O servidor deverá permanecer no serviço público do Estado de Pernambuco,
devendo atender a um desses dois critérios:

- O servidor permanece em seu órgão de origem (que foi quem sofreu os


efeitos da falta de mão de obra do servidor durante o afastamento); ou

- O servidor ocupa lotação compatível com a especialização adquirida


durante o afastamento;

Esta segunda hipótese é bem mais interessante (e difícil de acontecer)

Imagine que determinado servidor venha a fazer uma especialização,


digamos, em Direito Tributário.

Posteriormente, ele termina sua especialização e, em função dos


conhecimentos adquiridos e de sua competência inegável, ele é convidado pelo
Gabinete do Secretário da Fazenda para ocupar uma função de assessoria naquela
pasta.

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Suponha, por fim, que este servidor não pertença aos quadros da Secretaria
da Fazenda.

Pois bem, este servidor poderá ser cedido por seu órgão de origem, mesmo
tendo se afastado para estudo.

Veja: ele permaneceu no serviço público do estado e ocupa lotação


compatível com a especialização adquirida.

E como o objetivo da Administração é utilizar a mão de obra valorizada do


servidor, o afastamento só será concedido se os estudos tiverem relação com as
atribuições do cargo atualmente exercido:

§ 4º Em nenhuma hipótese será permitido o afastamento se não for


demonstrada a correlação dos estudos com as atribuições do cargo
exercido pelo servidor.
Os três últimos parágrafos tratam do afastamento para servir em organismo
internacional e para missão oficial:

§ 5º O afastamento dar-se-á sem vencimentos quando se tratar de


serviço em organismo internacional.
Não se preocupe pois o organismo internacional costuma prever uma
remuneração para aqueles que o servem. A previsão de que o afastamento será
sem vencimentos busca apenas impedir que o servidor tenha direito a escolher a
remuneração do cargo de origem.

§ 6º O deferimento do pedido de afastamento condiciona-se, ainda, à


conveniência do serviço e ao interesse da Administração Pública.
§ 7º O servidor poderá afastar-se do Estado para missão oficial,
quando previamente autorizado pelo Governador do Estado.
Acabou!!!

Eu sei que foi chatinho, mas as licenças, afastamentos e concessões muito


pouco tem a ver com conceitos doutrinários. Elas são fruto do próprio
desenvolvimento das repartições, e cada uma delas foi criada em um contexto
específico, visando a atender às necessidades tanto dos servidores quanto da
Administração.

Assim sendo, são casuísticas, e muito pouco tem a ver entre si.

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Como o capítulo de Assistência e da Previdência dos servidores públicos foi


revogado do estatuto (o assunto passou a ser tratado pela Lei Complementar
28/2000), vou aproveitar a deixa e encerrar a aula por aqui.

Na próxima (e última) aula sobre o estatuto, falaremos sobre o direito de


petição e o regime disciplinar a que estão submetidos os servidores públicos do
estado.

Abraço e até a próxima.

Questões Comentadas

1 – IPAD – PGE PE – 2014 A Lei nº 6.123/68 trata dos direitos dos servidores
públicos de Pernambuco. De acordo com esse diploma legal, não é considerado de
efetivo exercício o afastamento decorrente de:

a) Participação em congressos ou cursos de especialização, realização de


pesquisas científicas, estágios ou conferências culturais, com a autorização do
Governador e a competente prova de frequência e aproveitamento.

b) Desempenho de função efetiva da União, dos Estados e dos Municípios.

c) Exercício em cargo ou função de direção, chefia ou assessoramento,


quando posto à disposição de entidades da administração direta ou indireta, da
União, dos Estados e Municípios.

d) Licença-prêmio

e) Júri

Comentário: Vamos nós. As hipóteses de afastamento que são


considerados de efetivo exercício são aqueles previstos no artigo 91, nos quais
encontramos os itens a), c) d) e e):

Art. 91. Será considerado de efetivo exercício o afastamento decorrente de:


[...]

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V exercício em cargo ou função de direção, chefia ou assessoramento,


quando posto à disposição de entidades da administração direta ou
indireta, da União, dos Estados e Municípios;
[...]
VII júri e outros serviços obrigatórios por lei;
VIII licença-prêmio;
[...]
XII participação em congressos ou cursos de especialização,
realização de pesquisas científicas, estágios ou conferências culturais, com
a autorização do Governador e a competente prova de frequência e
aproveitamento;
[...]
E no artigo 92 temos as situações nas quais o servidor poderá adicionar
tempo à sua contagem exclusivamente para efeito de aposentadoria e
disponibilidade:

Art. 92. Para efeito de aposentadoria e disponibilidade, será computado:


I o tempo de serviço público federal, estadual ou municipal, inclusive o
de desempenho de mandato eletivo anterior à investidura;
[...]
Assim, o tempo de serviço público prestado a outros entes não é considerado
de efetivo exercício para todos os fins, mas tão somente para efeito de
aposentadoria e disponibilidade.

Letra b)

2 – IPAD – PGE PE – 2014 Considerando o prescrito na Lei nº 6123/68,


assinale a alternativa correta:

a) A licença por motivo de doença em pessoa da família não excederá vinte e


quatro meses e será concedida com vencimento integral até um ano.

b) A servidora pública gestante tem direito à licença-maternidade de 120


(cento e vinte) dias, com vencimento integral.

c) Além do vencimento, será conferido ao servidor público o salário-família.

d) O servidor público, em qualquer tempo, poderá desistir da licença para


trato de interesse particular.

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e) Considera-se noturno o trabalho executado entre as vinte e duas horas de


um dia e as seis horas do dia seguinte.

Comentário: Vamos observar as alternativas:

a) A licença por motivo de doença em pessoa da família não excederá vinte e


quatro meses e será concedida com vencimento integral até um ano até três
meses.

Art. 125. O funcionário poderá obter licença por motivo de doença na


pessoa de ascendente, descendente, colateral, consangüíneo ou afim,
até o 2º grau, de cônjuge do qual não seja legalmente separado ou de
pessoa que viva às suas expensas e conste do seu assentamento
individual, desde que prove ser indispensável a sua assistência
pessoal e esta não possa ser prestada simultaneamente com o
exercício do cargo.
[...]
§ 2º A licença de que trata este artigo não excederá vinte e quatro
meses e será concedida:
I com vencimento integral, até três meses;
II com metade do vencimento, até um ano;
III sem vencimento, a partir do décimo terceiro ate o vigésimo quarto
mês.
O vencimento integral é pago apenas até o terceiro mês de licença e pela
metade até um ano.

Para não esquecer:

- Até 3 meses de licença por motivo de doença em pessoas em família: a


remuneração será paga integralmente;

- Entre 3 meses e 1 ano de licença: metade da remuneração;

- Entre 1 e 2 anos de licença: nenhuma remuneração;

- Além de 2 anos: a licença não pode continuar.

b) A servidora pública gestante tem direito à licença-maternidade de 120


(cento e vinte) 180 (cento e oitenta) dias, com vencimento integral.

Art. 126. A servidora gestante tem direito à licença-maternidade de 180


(cento e oitenta) dias, com vencimento integral.

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c) Além do vencimento, será conferido poderá ser conferido ao servidor


público o salário-família.

Art. 143. Além do vencimento, poderão ser conferidas ao funcionário as


seguintes vantagens:
I ajuda de custo;
II diárias;
III auxílio para diferença de caixa;
IV salário-família;
V gratificações.
Repare que a vantagem pode ou não ser concedida. Especificamente no
caso do salário-família, o servidor tem de atender outros critérios como, por
exemplo, não ter remuneração acima do teto fixado para concessão desta
vantagem.

e) Considera-se noturno o trabalho executado entre as vinte e duas horas de


um dia e as seis cinco horas do dia seguinte.

Art. 86. Salvo nos casos de revezamento semanal ou quinzenal, a


duração normal do trabalho noturno será de seis horas por dia,
podendo, extraordinariamente, ser prorrogada ou antecipada, na forma que
dispuser o regulamento.
Parágrafo único. Considera-se noturno o trabalho executado entre as
vinte e duas horas de um dia e as cinco horas do dia seguinte.
O trabalho noturno vai das 22 horas de um dia até as 5 do dia seguinte. 6
horas da manhã já tem Sol :P.

Só nos restou a letra d), que está de acordo com a redação do artigo 132 do
estatuto:

d) O servidor público, em qualquer tempo, poderá desistir da licença


para trato de interesse particular.

Art. 130. Ao servidor ocupante de cargo efetivo e que não esteja em


estágio probatório poderá ser concedida, a critério da Administração,
licença sem remuneração, para trato de interesse particular, por prazo
não superior a quatro anos.
[...]
Art. 132. A licença poderá ser interrompida, a qualquer tempo, a
pedido do servidor ou no interesse do serviço.

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Letra d)

3 – IPAD – IPEM-PE – 2014 Assinale a alternativa incorreta (considerando o


prescrito na Lei Estadual nº 6.123, de 20 de julho de 1968 – Estatuto dos Servidores
Públicos do Estado de Pernambuco):

a) Serão concedidos ao servidor público, após cada decênio de serviço


efetivo prestado ao Estado, seis meses de licença-prêmio, com todos os direitos e
vantagens do cargo efetivo, no entanto, não será concedida se o servidor houver
cometido, no decênio correspondente, falta disciplinar grave.

b) A transferência será feita no caso de readaptação do funcionário para


cargo mais compatível com a sua capacidade física ou intelectual, atendida a
conveniência do serviço, sendo, necessariamente, precedida de avaliação de
desempenho funcional, treinamento ou prova de capacidade intelectual, na forma
estabelecida em regulamento, satisfeito o requisito de habilitação profissional

c) A servidora gestante tem direito à licença-maternidade de 180 (cento e


oitenta) dias, com vencimento integral.

d) Sem prejuízo do vencimento, ou de qualquer direito ou vantagem, o


funcionário poderá faltar ao serviço até oito dias consecutivos, por motivo de
falecimento do cônjuge, pais, filhos ou irmãos.

e) A licença para tratamento de saúde deverá ser requerida no prazo de oito


dias, a contar da primeira falta ao serviço.

Comentário: Atenção ao solicitado: queremos a afirmação incorreta. É isto


que vamos assinalar.

a) Serão concedidos ao servidor público, após cada decênio de serviço


efetivo prestado ao Estado, seis meses de licença-prêmio, com todos os
direitos e vantagens do cargo efetivo, no entanto, não será concedida se o
servidor houver cometido, no decênio correspondente, falta disciplinar grave.

Perfeito! Cópia fiel do artigo 112, com a ressalva do inciso I do artigo 113:

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Art. 112. Serão concedidos ao funcionário, após cada decênio de serviço


efetivo prestado ao Estado, Seis meses de licença-prêmio, com todos
os direitos e vantagens do cargo efetivo.
Art. 113. Não será concedida licença-prêmio, se houver o funcionário, no
decênio correspondente:
I Cometido falta disciplinar grave;
[...]
b) A transferência será feita no caso de readaptação do funcionário para
cargo mais compatível com a sua capacidade física ou intelectual, atendida a
conveniência do serviço, sendo, necessariamente, precedida de avaliação de
desempenho funcional, treinamento ou prova de capacidade intelectual, na
forma estabelecida em regulamento, satisfeito o requisito de habilitação
profissional

Conforme artigo 76 e seu parágrafo único:

Art. 76. A transferência será feita no caso de readaptação do funcionário


para cargo mais compatível com a sua capacidade física ou
intelectual, atendida a conveniência do serviço.
Parágrafo único. A transferência de que cogita este artigo, será,
necessariamente, precedida de avaliação de desempenho funcional,
treinamento ou prova de capacidade intelectual, na forma estabelecida
em regulamento, satisfeito o requisito de habilitação profissional.
c) A servidora gestante tem direito à licença-maternidade de 180 (cento
e oitenta) dias, com vencimento integral.

Maravilha também:

Art. 126. A servidora gestante tem direito à licença-maternidade de 180


(cento e oitenta) dias, com vencimento integral.

d) Sem prejuízo do vencimento, ou de qualquer direito ou vantagem, o


funcionário poderá faltar ao serviço até oito dias consecutivos, por motivo de
falecimento do cônjuge, pais, filhos ou irmãos.

Conforme artigo 170, inciso II:

Art. 170. Sem prejuízo do vencimento, ou de qualquer direito ou


vantagem, o funcionário poderá faltar ao serviço até oito dias
consecutivos, por motivo de:
II falecimento do cônjuge, pais, filhos ou irmãos.

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e) A licença para tratamento de saúde deverá ser requerida no prazo de oito


dias 10 dias, a contar da primeira falta ao serviço.

A licença para tratamento de saúde não é uma concessão, razão pela qual
você pode desconfiar se te sugerirem o prazo normal das concessões em qualquer
procedimento a ela relacionado (as concessões costumam ser de 8 dias).

O prazo para apresentação do requerimento de licença saúde é de 10 dias:

Art. 115. A licença para tratamento de saúde poderá ser concedida a


pedido ou de ofício.
§ 2º A licença para tratamento de saúde deverá ser requerida no prazo
de dez dias, a contar da primeira falta ao serviço.
Letra e)

4 – FCC – MPE-PE – 2012 Sobre as licenças previstas no Estatuto dos


Servidores Públicos Civis do Estado de Pernambuco, é correto afirmar:

a) A persistência dos motivos determinantes da licença concedida à


funcionária casada para acompanhar o marido deverá ser, obrigatoriamente,
comprovada a cada 90 dias, a partir da concessão.

b) O funcionário não poderá, em regra, permanecer em licença para


tratamento de saúde por período superior a doze meses.

c) Serão concedidos ao funcionário, após cada quinquênio de serviço efetivo


prestado ao Estado, seis meses de licença-prêmio, com todos os direitos e
vantagens do cargo efetivo.

d) A licença por motivo de saúde de pessoa da família não excederá a vinte e


quatro meses e será concedida sem vencimento, a partir do décimo terceiro até o
vigésimo quarto mês.

e) Depois de dois anos de efetivo exercício, o servidor poderá obter licença


sem vencimentos, para tratar de interesse particular, por prazo improrrogável, não
superior dois anos.

Comentário: Vejamos:

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a) A persistência dos motivos determinantes da licença concedida à


funcionária casada para acompanhar o marido deverá ser, obrigatoriamente,
comprovada a cada 90 dias 2 anos, a partir da concessão.

Art. 133. A funcionária casada terá direito a licença sem vencimento para
acompanhar o marido, funcionário civil ou militar ou servidor da
administração direta ou indireta do Poder Público, mandado servir de
oficio fora do País, em outro ponto do território nacional ou do Estado.
[...]
§ 2º A persistência dos motivos determinantes da licença deverá ser
obrigatoriamente comprovada a cada dois anos, a partir da
concessão.

b) O funcionário não poderá, em regra, permanecer em licença para


tratamento de saúde por período superior a doze vinte e quatro meses.

Art. 119. O funcionário não poderá permanecer em licença para


tratamento de saúde por período superior a vinte e quatro meses,
exceto nos casos considerados recuperáveis, nos quais, a critério da
junta médica, a licença poderá ser prorrogada.
Atenção aos casos recuperáveis. A junta médica pode decidir que a moléstia
que acomete o servidor pode ser curada, embora leve mais de 24 meses para ser
isto acontecer.

c) Serão concedidos ao funcionário, após cada quinquênio decênio de


serviço efetivo prestado ao Estado, seis meses de licença-prêmio, com todos os
direitos e vantagens do cargo efetivo.

A licença prêmio é concedida por decênio:

Art. 112. Serão concedidos ao funcionário, após cada decênio de serviço


efetivo prestado ao Estado, Seis meses de licença-prêmio, com todos
os direitos e vantagens do cargo efetivo.

d) A licença por motivo de saúde de pessoa da família não excederá a


vinte e quatro meses e será concedida sem vencimento, a partir do décimo
terceiro até o vigésimo quarto mês.

Perfeita!

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Art. 125. O funcionário poderá obter licença por motivo de doença na


pessoa de ascendente, descendente, colateral, consangüíneo ou afim,
até o 2º grau, de cônjuge do qual não seja legalmente separado ou de
pessoa que viva às suas expensas e conste do seu assentamento
individual, desde que prove ser indispensável a sua assistência
pessoal e esta não possa ser prestada simultaneamente com o
exercício do cargo.
[...]
§ 2º A licença de que trata este artigo não excederá vinte e quatro
meses e será concedida:
I com vencimento integral, até três meses;
II com metade do vencimento, até um ano;
III sem vencimento, a partir do décimo terceiro ate o vigésimo quarto
mês.
e) Depois de dois anos de efetivo exercício Não se encontrando em
estágio probatório, o servidor poderá obter licença sem vencimentos, para tratar
de interesse particular, por prazo improrrogável, não superior dois anos quatro
anos, sucessivamente prorrogável por periodicidade não superior a dois anos.

Art. 130. Ao servidor ocupante de cargo efetivo e que não esteja em


estágio probatório poderá ser concedida, a critério da Administração,
licença sem remuneração, para trato de interesse particular, por prazo
não superior a quatro anos.
[...]
§ 2° Se não houver prejuízo ao serviço, a licença de que trata o caput
poderá ser sucessivamente prorrogada, com periodicidade não
superior a dois anos, observado, em qualquer caso, o interesse da
Administração.

Letra d)

5 – FCC – MPE-PE – 2012 De acordo com o Estatuto dos Servidores


Públicos do Estado de Pernambuco (Lei 6.123, de 20/07/68, e alterações
posteriores), durante o afastamento decorrente de condenação por sentença
definitiva a pena que não determine ou acarrete a perda do cargo, o funcionário
perderá

a) um terço do vencimento.

b) a totalidade do vencimento.

c) metade do vencimento.

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d) dois terços do vencimento.

e) dez por cento do vencimento.

Comentário: A estabilidade as vezes nos traz situações inusitadas. Servidor


preso nem sempre deixará de receber seu vencimento:

Art. 137. O funcionário perderá:


[...]
IV dois terços do vencimento-base, durante o afastamento decorrente
de condenação por sentença definitiva a pena que não determine ou
acarrete a perda do cargo.
Calma!

Conversamos sobre esta possibilidade ao longo da aula. Nem toda


condenação penal acarreta, necessariamente, a perda do cargo:

Art. 92 - São também efeitos da condenação:


I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo:
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou
superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou
violação de dever para com a Administração Pública;
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior
a 4 (quatro) anos nos demais casos.
[...]
E fora dessas hipóteses? Ora, o servidor não está comparecendo à
repartição, mas há um motivo legal para tanto (não se trata de abandono do cargo).

Já que a condenação definitiva fora das hipóteses do artigo 92 do Código


Penal não é motivo para perda do cargo, o servidor permanecerá legalmente
afastado de suas funções. Tão logo termine de cumprir a pena, poderá voltar ao
exercício do cargo. Enquanto isto, perceberá sua remuneração com um desconto de
2/3 de seu valor.

Letra d)

6- AUTORIA PRÓPRIA – Considera-se prorrogação de licença quando


concedida outra da mesma espécie no prazo de:

a) 15 dias

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b) 30 dias

c) 45 dias

d) 60 dias

e) 90 dias

Comentário: A prorrogação consiste em uma extensão do período de licença


anteriormente usufruído pelo servidor.

Vejamos o esquema adotado em aula para ilustrar a questão:

Percebe-se que, para estarmos diante de uma prorrogação, o prazo máximo


entre duas licenças da mesma espécie deve ser de, no máximo 60 dias, nos termos
do artigo 110 do Estatuto:

Art. 110. A licença concedida, dentro de sessenta dias contados do


término da anterior, será considerada como prorrogação.

Letra d)

7 - AUTORIA PRÓPRIA – Alex, Fernanda e Marta são funcionários da


Secretaria da Fazenda de Pernambuco.

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Alex está em estágio probatório, tendo tomado posse do cargo em janeiro de


2015.

Fernanda tomou posse em cargo de provimento efetivo no órgão em maio de


2009, encontrando-se estável no cargo.

Marta não faz parte originariamente ao quadro de funcionários do da


Secretaria da Fazenda, tendo sido nomeada para exercer cargo de provimento em
comissão em fevereiro de 2012.

A respeito das informações acima quais servidores poderão tirar licença para
o trato de interesse particular:

a) Alex

b) Fernanda e Marta

c) Alex e Marta

d) Marta

e) Fernanda

Comentário: Para identificar a resposta é importante conhecer a licença por


interesse particular prevista no artigo 94 do Estatuto:

Art. 130. Ao servidor ocupante de cargo efetivo e que não esteja em


estágio probatório poderá ser concedida, a critério da Administração,
licença sem remuneração, para trato de interesse particular, por prazo
não superior a quatro anos.

Preste atenção nos trechos “ocupante de cargo efetivo” e “que não esteja em
estágio probatório”. Estas duas expressões nos remetem à figura do servidor
estável.

Servidor estável é aquele ocupante de cargo de provimento efetivo e que não


se encontra mais em estágio probatório. Assim o sendo, também não estamos
falando de servidores ocupantes exclusivamente de cargo em comissão, de livre
nomeação e exoneração (demissíveis ad nutum).

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Assim, chegamos as seguintes conclusões:

Alex não poderá requerer licença para interesse particular por estar em
estágio probatório e Marta, não poderá, pois, exerce exclusivamente cargo de
provimento em comissão.

Apenas Fernanda, servidora ocupante de cargo efetivo da Secretaria da


Fazenda e estável é que poderá requerer essa licença.

Letra e)

8 – AUTORIA PRÓPRIA – A respeito do afastamento para estudo é correto


afirmar que o servidor poderá se afastar para realização de curso de especialização,
sem prejuízo da remuneração, pelo prazo máximo de:

a) 12 meses, incluída a prorrogação

b) 15 meses, incluída a prorrogação

c) 18 meses, incluída a prorrogação

d) 21 meses, incluída a prorrogação

e) 24 meses, incluída a prorrogação

Comentário: Cuidado aqui meu caro. Eu pedi (fui eu quem fez a questão :P)
qual o prazo máximo de afastamento computando-se também a eventual
prorrogação que possa ser requisitada pelo servidor.

Levando essa ressalva em consideração, o prazo máximo é de 21 meses: 18


meses com possibilidade de prorrogação por mais 3 meses:

Art. 178 O servidor poderá afastar-se de suas funções, para estudo [...]
§ 1º O afastamento para estudo dar-se-á sem prejuízo da remuneração,
[...]
§ 2º O afastamento referido no parágrafo anterior, sem prejuízo das
hipóteses de curso de menor duração, dar-se-á nos seguintes prazos:
I para curso de especialização, por 18 (dezoito) meses, prorrogáveis
por mais 3 (três) meses;
II para curso de mestrado, por 30 (trinta) meses, prorrogáveis por mais
6 (seis) meses;
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III para curso de doutorado, por 48 ( quarenta e oito) meses,


prorrogáveis por mais 6 (seis) meses.
Letra d)

9 - AUTORIA PRÓPRIA - Mário, servidor público da Administração Direta de


Pernambuco precisou se licenciar do cargo por motivo de doença na família. Devido
a complexidade da doença que acometia seu familiar, ficou de licença por 25
meses. Considerando a situação proposta, marque a alternativa correta.

a) A Licença de Mário cumpriu todos os requisitos legais.

b) Ainda que a licença de Mário tenha extrapolado o limite legal, não houve
violação do Estatuto, pois a doença era de alta complexidade.

c) A licença de Mário extrapolou o limite previsto na legislação de 12 meses.

d) A licença de Mário extrapolou o limite previsto na legislação de 18 meses.

e) A licença de Mário extrapolou o limite previsto na legislação de 24 meses.

Comentário: E aí meu caro, ainda se lembra de quais licenças podem ser


requeridas por você, no curso de sua vida funcional?

Hora de relembrar:

Art. 109. Conceder-se-á licença:


I como prêmio;
II para tratamento de saúde;
III por motivo de doença em pessoa da família;
IV por motivo de gestação; [LC 91/2007 alterou a designação desta
licença para Licença Maternidade]
V para serviço militar obrigatório;
VI para trato de interesse particular;
VII à funcionária casada para acompanhar o marido.

Mário se utilizou da licença prevista no inciso III. Até aí perfeito. Mas será que
essa modalidade possuí prazo máximo?

Possui sim!

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Art. 125. O funcionário poderá obter licença por motivo de doença na


pessoa de ascendente, descendente, colateral, consangüíneo ou afim,
até o 2º grau, de cônjuge do qual não seja legalmente separado ou de
pessoa que viva às suas expensas e conste do seu assentamento
individual, desde que prove ser indispensável a sua assistência
pessoal e esta não possa ser prestada simultaneamente com o
exercício do cargo.
Mas o importante mesmo é o parágrafo 2º:

§ 2º A licença de que trata este artigo não excederá vinte e quatro meses
e será concedida:
I com vencimento integral, até três meses;
II com metade do vencimento, até um ano;
III sem vencimento, a partir do décimo terceiro ate o vigésimo quarto mês.

A licença, por tanto, extrapolou o limite legal de 24 meses.

Letra e)

10 – AUTORIA PRÓPRIA - As reposições e indenizações ao erário, após a


devida atualização, serão previamente comunicadas ao servidor ou ao pensionista e
amortizadas em parcelas mensais cujos valores não excederão a:

a) dois por cento da remuneração ou provento.

b) cinco por cento da remuneração ou provento.

c) dez por cento da remuneração ou provento.

d) doze por cento da remuneração ou provento.

e) quinze por cento da remuneração ou provento.

Comentários: Quando existe a necessidade do servidor repor uma quantia


ao erário, esta não ocorre, em regra, imediatamente, sob pena de causa grande
prejuízo a subsistência do servidor.

Deste modo o Estatuto prevê que a quantia a ser resposta será amortizada
mensalmente por meio de parcelas que não excederão dez por cento da
remuneração ou provento do servidor. Assim está disposto no artigo 140:

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Art. 140. As reposições e indenizações ao erário serão descontadas em


parcelas mensais correspondentes a dez por cento (10%) da
remuneração, provento ou pensão.

A exceção a essa regra é se o pagamento indevido ocorreu no mês anterior


ao processamento da folha:

§ 1º Ocorrendo o pagamento indevido no mês anterior ao do


processamento da folha, a reposição será feita de imediato, em uma
única parcela.
Letra c)

Questões Propostas

1 – IPAD – PGE PE – 2014 A Lei nº 6.123/68 trata dos direitos dos servidores
públicos de Pernambuco. De acordo com esse diploma legal, não é considerado de
efetivo exercício o afastamento decorrente de:

a) Participação em congressos ou cursos de especialização, realização de


pesquisas científicas, estágios ou conferências culturais, com a autorização do
Governador e a competente prova de frequência e aproveitamento.

b) Desempenho de função efetiva da União, dos Estados e dos Municípios.

c) Exercício em cargo ou função de direção, chefia ou assessoramento,


quando posto à disposição de entidades da administração direta ou indireta, da
União, dos Estados e Municípios.

d) Licença-prêmio

e) Júri

2 – IPAD – PGE PE – 2014 Considerando o prescrito na Lei nº 6123/68,


assinale a alternativa correta:

a) A licença por motivo de doença em pessoa da família não excederá vinte e


quatro meses e será concedida com vencimento integral até um ano.
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b) A servidora pública gestante tem direito à licença-maternidade de 120


(cento e vinte) dias, com vencimento integral.

c) Além do vencimento, será conferido ao servidor público o salário-família.

d) O servidor público, em qualquer tempo, poderá desistir da licença para


trato de interesse particular.

e) Considera-se noturno o trabalho executado entre as vinte e duas horas de


um dia e as seis horas do dia seguinte.

3 – IPAD – IPEM-PE – 2014 Assinale a alternativa incorreta (considerando o


prescrito na Lei Estadual nº 6.123, de 20 de julho de 1968 – Estatuto dos Servidores
Públicos do Estado de Pernambuco):

a) Serão concedidos ao servidor público, após cada decênio de serviço


efetivo prestado ao Estado, seis meses de licença-prêmio, com todos os direitos e
vantagens do cargo efetivo, no entanto, não será concedida se o servidor houver
cometido, no decênio correspondente, falta disciplinar grave.

b) A transferência será feita no caso de readaptação do funcionário para


cargo mais compatível com a sua capacidade física ou intelectual, atendida a
conveniência do serviço, sendo, necessariamente, precedida de avaliação de
desempenho funcional, treinamento ou prova de capacidade intelectual, na forma
estabelecida em regulamento, satisfeito o requisito de habilitação profissional

c) A servidora gestante tem direito à licença-maternidade de 180 (cento e


oitenta) dias, com vencimento integral.

d) Sem prejuízo do vencimento, ou de qualquer direito ou vantagem, o


funcionário poderá faltar ao serviço até oito dias consecutivos, por motivo de
falecimento do cônjuge, pais, filhos ou irmãos.

e) A licença para tratamento de saúde deverá ser requerida no prazo de oito


dias, a contar da primeira falta ao serviço.

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4 – FCC – MPE-PE – 2012 Sobre as licenças previstas no Estatuto dos


Servidores Públicos Civis do Estado de Pernambuco, é correto afirmar:

a) A persistência dos motivos determinantes da licença concedida à


funcionária casada para acompanhar o marido deverá ser, obrigatoriamente,
comprovada a cada 90 dias, a partir da concessão.

b) O funcionário não poderá, em regra, permanecer em licença para


tratamento de saúde por período superior a doze meses.

c) Serão concedidos ao funcionário, após cada quinquênio de serviço efetivo


prestado ao Estado, seis meses de licença-prêmio, com todos os direitos e
vantagens do cargo efetivo.

d) A licença por motivo de saúde de pessoa da família não excederá a vinte e


quatro meses e será concedida sem vencimento, a partir do décimo terceiro até o
vigésimo quarto mês.

e) Depois de dois anos de efetivo exercício, o servidor poderá obter licença


sem vencimentos, para tratar de interesse particular, por prazo improrrogável, não
superior dois anos.

5 – FCC – MPE-PE – 2012 De acordo com o Estatuto dos Servidores


Públicos do Estado de Pernambuco (Lei 6.123, de 20/07/68, e alterações
posteriores), durante o afastamento decorrente de condenação por sentença
definitiva a pena que não determine ou acarrete a perda do cargo, o funcionário
perderá

a) um terço do vencimento.

b) a totalidade do vencimento.

c) metade do vencimento.

d) dois terços do vencimento.

e) dez por cento do vencimento.

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6 - AUTORIA PRÓPRIA – Considera-se prorrogação de licença quando


concedida outra da mesma espécie no prazo de:

a) 15 dias

b) 30 dias

c) 45 dias

d) 60 dias

e) 90 dias

7 - AUTORIA PRÓPRIA – Alex, Fernanda e Marta são funcionários da


Secretaria da Fazenda de Pernambuco.

Alex está em estágio probatório, tendo tomado posse do cargo em janeiro de


2015.

Fernanda tomou posse em cargo de provimento efetivo no órgão em maio de


2009, encontrando-se estável no cargo.

Marta não faz parte originariamente ao quadro de funcionários do da


Secretaria da Fazenda, tendo sido nomeada para exercer cargo de provimento em
comissão em fevereiro de 2012.

A respeito das informações acima quais servidores poderão tirar licença para
o trato de interesse particular:

a) Alex

b) Fernanda e Marta

c) Alex e Marta

d) Marta

e) Fernanda

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8 – AUTORIA PRÓPRIA – A respeito do afastamento para estudo é correto


afirmar que o servidor poderá se afastar para realização de curso de especialização,
sem prejuízo da remuneração, pelo prazo máximo de:

a) 12 meses, incluída a prorrogação

b) 15 meses, incluída a prorrogação

c) 18 meses, incluída a prorrogação

d) 21 meses, incluída a prorrogação

e) 24 meses, incluída a prorrogação

9 - AUTORIA PRÓPRIA - Mário, servidor público da Administração Direta de


Pernambuco precisou se licenciar do cargo por motivo de doença na família. Devido
a complexidade da doença que acometia seu familiar, ficou de licença por 25
meses. Considerando a situação proposta, marque a alternativa correta.

a) A Licença de Mário cumpriu todos os requisitos legais.

b) Ainda que a licença de Mário tenha extrapolado o limite legal, não houve
violação do Estatuto, pois a doença era de alta complexidade.

c) A licença de Mário extrapolou o limite previsto na legislação de 12 meses.

d) A licença de Mário extrapolou o limite previsto na legislação de 18 meses.

e) A licença de Mário extrapolou o limite previsto na legislação de 24 meses.

10 – AUTORIA PRÓPRIA - As reposições e indenizações ao erário, após a


devida atualização, serão previamente comunicadas ao servidor ou ao pensionista e
amortizadas em parcelas mensais cujos valores não excederão a:

a) dois por cento da remuneração ou provento.

b) cinco por cento da remuneração ou provento.

c) dez por cento da remuneração ou provento.

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d) doze por cento da remuneração ou provento.

e) quinze por cento da remuneração ou provento.

Gabarito

1 B 6 D
2 D 7 E
3 E 8 D
4 D 9 E
5 D 10 C

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