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Literatura e ensino / 2020-1

Ensino emergencial remoto

Uma didática da invenção (parte 1 / Introdução à unidade + recursos sonoros)

“... um poema é criação pura – por mais impura que seja. É como uma pessoa,
ou como a vida: por melhor que você a explique, a explicação nunca pode
substitui-la”. Décio Pignatari

Nesta unidade, trabalharemos com a poesia. O título é retirado da primeira parte


do Livro das ignorãças, de Manoel de Barros, que abre com o seguinte poema:

Para apalpar as intimidades do mundo é preciso saber:


a) Que o esplendor da manhã não se abre com faca
b) O modo como as violetas preparam o dia para morrer
c) Por que é que as borboletas de tarjas vermelhas têm devoção por túmulos
d) Se o homem que toca de tarde sua existência num fagote, tem salvação
e) Que um rio que corre entre dois jacintos carrega mais ternura que um rio que flui
entre dois lagartos
f) Como pegar na voz de um peixe
g) Qual o lado da noite que umedece primeiro.
etc
etc
etc
Desaprender oito horas por dia ensina os princípios.
A primeira coisa que precisamos ter em mente é o trabalho com a linguagem
poética, na qual as imagens nos fazem brincar com a palavra e sua multiplicidade de
significados, materialidades e movimentos. Na primeira unidade da nossa disciplina,
indiquei a leitura do texto “Para uma poética”, de Cortázar, no qual ele aproxima a
linguagem da poesia do pensamento analógico, que opera por aproximações não
explicáveis pela razão, distanciando-se do pensamento científico. Compreende-se essa
distinção através da experiência estética e, sem ela, fica muito complicado ensinar
poesia. Por isso, trago alguns poemas de Manoel de Barros, que podem nos ajudar a
entrarmos na frequência das imagens poéticas e preparar o terreno para a segunda
rodada de exercícios.

Para entrar em estado de árvore é preciso partir de um torpor animal de lagarto às


três horas da tarde, no mês de agosto.
Em dois anos a inércia e o mato vão crescer em nossa boca.
Sofreremos alguma decomposição lírica até o mato sair na voz.

Hoje eu desenho o cheiro das árvores.


*Manoel de Barros

Latas

Estas latas têm que perder, por primeiro, todos os ranços (e artifícios) da indústria que
as produziu. Segundamente, elas têm que adoecer na terra. Adoecer de ferrugem e
casca. Finalmente, só depois de trinta e quatro anos elas merecerão de ser chão. Esse
desmanche em natureza é doloroso e necessário se elas quiserem fazer parte da
sociedade dos vermes. Depois desse desmanche em natureza, as latas podem até
namorar com as borboletas. Isso é muito comum. Diferentes de nós as latas com o
tempo rejuvenescem, se jogadas na terra. Chegam quase até de serem pousadas de
caracóis. Sabem muito bem, estas latas, que precisam de pensar em ter raízes. Para
que possam obter estames e pistilos. A fim de que um dia elas possam se oferecer às
abelhas. Elas precisam de ser um ensaio de árvore a fim de comungar a natureza. O
destino das latas pode também ser pedra. Elas hão de ser cobertas de limo e musgo.
As latas precisam ganhar o prêmio de dar flores. Elas têm de participar dos
passarinhos. Eu sempre desejei que as minhas latas tivessem aptidão para
passarinhos. Como os rios têm, como as árvores têm. Elas ficam muito orgulhosas
quando passam do estágio de chutadas nas ruas para o estágio de poesia. Acho esse
orgulho das latas muito justificável e até louvável.
*Manoel de Barros

O livro sobre nada [Algumas máximas]

Tudo o que não invento é falso.


*
Há muitas maneiras sérias de não dizer nada, mas só a poesia é verdadeira.
*
Tem mais presença em mim o que me falta.
*
Melhor que nomear é aludir. Verso não precisa dar noção.
*
O que sustenta a encantação de um verso (além do ritmo) é o ilogismo.
*
Não saio de dentro de mim nem pra pescar.
*
Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada; mas quando não desejo
contar nada, faço poesia.
*
A terapia literária consiste em desarrumar a linguagem a ponto que ela expresse
nossos mais fundos desejos.
*
Quero a palavra que sirva na boca dos passarinhos.
*
O artista é um erro da natureza. Beethoven foi um erro perfeito.
*
Palavra poética tem que chegar ao grau de brinquedo para ser séria.
*
Do lugar onde estou já fui embora.
*Manoel de Barros.
Procurem lembrar do exercício que fizemos na atividade introdutória, em que criamos
brinquedos com as palavras. O caráter lúdico da imagem poética traz consigo um prazer
peculiar. Segundo Octavio Paz, a imagem poética liberta as palavras, torna-as aquilo que são,
primordialmente, devolvendo-as ao seu estado original, que é um estado de liberdade. Para ele,
aprendemos a falar de modo poético e, depois, esquecemos. (Um exemplo é o da criança que
dizia “amarelejos”, já que aprendera a palavra “azulejos”. Lembrar também do poema sobre o
“delírio do verbo” disponibilizado no material introdutório, primeira unidade da disciplina.) A
poesia seria esse ponto de retorno possível a um estado de palavra que é um estado de jogo, de
liberdade e de imaginação. “Poesia é voar fora da asa”, segundo Manoel de Barros.

Sugestão de materiais complementares:

Videopoema feito a partir de trechos de poemas de Manoel de Barros (1:10):


https://www.youtube.com/watch?v=RtMx13HJMhU

Filme “Só dez por cento é mentira, o resto é invenção” (1h20min):

https://youtu.be/VG4P_mWWAI0

Texto “A imagem”, de Octavio Paz (vide pdf no tópico da unidade).

O material abaixo procurará auxiliá-lxs no trabalho com as sonoridades, uma das


características mais marcantes do texto poético, e que o aproxima à música. Procurarei trazer
alguns exercícios que auxiliam a estimular uma sensibilização do ouvido para as sonoridades da
palavra. Outros exercícios, envolvendo aspectos específicos do poema, serão disponibilizados
no tópico da unidade.
AS SONORIDADES NA POESIA

Vamos trabalhar com a melopeia, o conjunto de recursos sonoros da linguagem, como


estão presentes no texto poético. Rimas, aliterações e assonâncias, pausas, paralelismos,
tonicidades e texturas sonoras são recursos que, muitas vezes, utilizamos no cotidiano sem nos
darmos conta disso. Trabalharemos com esses recursos, de maneira prática, abaixo.

→ A onda: exercício de percepção. Leia em voz alta, várias vezes, o poema de Manuel
Bandeira. Perceba todas as repetições: tanto de sons quanto de pausas. Procure fazer
um inventário dos sons do poema, percebendo quantas vezes cada som se repete.
Procure repetir o poema marcando as tônicas (“a ôonda”). Quais texturas sonoras são
criadas, a partir dos recursos de assonância (repetição de sons de vogais), rimas internas,
paralelismos (repetição de palavras ou frases), aliterações (repetição de sons de
consoantes)? Observe agora a forma do poema no papel, a disposição das palavras e o
modo como são grafadas (fonte, pontuação, tamanho dos versos). Repita várias vezes,
em voz alta, depois tente gravar com o celular a vocalização do poema (pode inserir
musicalidade, se quiser, entoando-o do seu jeito). Ouça o áudio e depois dance esse
poema, do modo como seu corpo reagir naturalmente aos sons. Que movimentos esses
sons sugerem? (Movimentos contínuos? Deslizantes? Amplos? Circulares?)

*Manuel Bandeira
A) Sugestão de exercício de percepção sonora

Em sala, podemos fazer um exercício de vocalização do poema por etapas:

1. Antes de tudo, vamos repetir juntos várias vezes, sem parar: “a onda, a onda, a onda,
a onda...”(+-30segundos). Agora, vamos colocar a ênfase da voz o “o”: “a ôonda, a
ôonda, a ôonda...”.

2. Agora, vamos continuar com as repetições de “a ôonda”, porém metade da turma


fará “a ôonda” bem devagar e a segunda metade da turma falará “anda” bem depressa.
(+-30segundos)

3. Dividindo a turma em quatro, um quarto grupo fará “a ôonda” bem devagar, sempre
retidas vezes, um quarto fará “anda” rápido, um quarto falará “aonde? aonde?” e o
último grupo falará “a onda, a onda”. Procurar manter o máximo de concentração e
repetir pelo menos um minuto, registrando em áudio a experiência. Você pode pedir a
dois voluntários que registrem com seus celulares, para posteriormente rodar o material
e conversar sobre o resultado.

4. De posse dessa experiência, a turma poderá inventar um modo seu de vocalizar o


poema todo, criando as repetições que julgar interessantes, utilizando as ênfases e os
momentos mais velozes e mais breves.
Filmar e/ou gravar o áudio da experiência, rodar para todo o grupo e propor um debate,
com reflexões sobre essa experiência de vocalização. Sugestões de perguntas para o
debate:

Vocês conseguem sentir o movimento das ondas do mar em suas vozes?

O que ficou mais interessante de ouvir?

O que a repetição tem a ver com esse poema?

Conversar sobre essas questões, lembrando que o foco da atividade é a sensibilização


do ouvido dos participantes para os recursos sonoros da poesia.
B) Sugestão de exercício de percepção sonora / infância

Com grupos de crianças, pode funcionar a experiência de um coro de vozes para a


musicalidade de um poema de Sergio Capparelli. Inicialmente, um voluntário pode ler
em voz alta os versos que estão em negrito, e o resto da turma pode repetir junto o
“roque, roque”. Repetir com voluntários diferentes, ao menos 4 vezes. Depois, pedir às
crianças que façam o “roque, roque” enquanto os demais fazem os outros versos. Em
seguida, procurar continuar repetindo o poema balançando o corpo, procurando
expressar através de movimentos (bem livres) a sonoridade do poema. Registrar com o
celular em vídeo e/ou em áudio a ação. Você pode pedir a dois voluntários que
registrem, para posteriormente rodar o material e conversar com o grupo.

O rato Roque

O rato Roque
roque, roque
Rói o queijo
roque, roque
Rói a cama
roque, roque
O pé da mesa
roque, roque
Rói o pão
roque, roque
O coração
roque, roque
De Tereza
roque, roque
Rói o tempo
roque, roque
Rói a hora
roque, roque
E o vestido
roque, roque
De Maria
roque, roque
Rói a rua
roque, roque
Rói o beijo
roque, roque
Rói a lua
roque, roque.
*Sergio Capparelli
C) Sugestão de exercício de percepção sonora

Um exercício muito simples, e que funciona bem com diversos tipos de grupos,
é o de falar em uma língua inventada. Cada um criará a sua, com os sons que julgar
adequados. Conversar uns com os outros em línguas que não existem – não vale a
“língua do p”, nem usar palavras que fazem sentido. Exemplo:

- Blapa urás vicli uzimemba?

- Jutur quá!

- Viléxigu zu. Verréquisama bé. Alugumai intonoco vilumbrá!

Uma progressão possível para esse exercício é a de propor a criação e vários tipos
de línguas: uma em que se fale com muitos “m” e “n”, uma em que se fale sempre com
“p” e “t”, outra em que se use abundantemente “v” e “f”, etc.
D) Sugestão de exercício de percepção sonora / rima

Outro exercício simples, envolvendo a vocalização, é o de falar somente com


rimas. Um participante começa com uma frase terminada em “ão”, e os seguintes
respondem mantendo a rima com uma palavra em “ão”. Exemplo:

- Hoje comi pinhão.

- Eu não, fui comprar pão.

- Minha mãe fez feijão.

E assim por diante.

Brincar também a mesma brincadeira com outras rimas, das mais fáceis às mais
difíceis: em “ar”, em “er”, em “uz”, em “is”.

Notem que essas são atividades práticas de fruição dos sons das palavras.
Utilizamos práticas de sensibilização, experiências coletivas de vocalização e de escuta
para um aprendizado concreto dos recursos sonoros da linguagem. O melhor resultado
reside na percepção, e não necessariamente no entendimento racional (por
explicações).
Rima / dicas e sugestões

Quanto à rima, é importante observar que ela não precisa estar sempre no final
do verso. Outra sugestão de exercício criativo envolvendo rima é a de criar um poema
que tenha a seguinte estrutura: a palavra que inicia cada verso, a partir do segundo
verso do poema, irá rimar com a palavra que termina o verso anterior. Usar,
preferencialmente, versos breves, não muito longos. Ler em voz alta e procurar
observar se o poema tem o ritmo de um galope. Não é necessário manter a mesma
rima em todos os versos e inícios de versos, desde que o verso sempre inicie repetindo
o som do final do verso anterior.

Observar também a preponderância das rimas toantes na poesia moderna e


contemporânea: rimas nas quais o que se repete são as vogais, sem repetição das
consoantes, como em: carro, pato, raso, maço.... Observe o modo como a vogal
presente na tônica se comporta, nessas rimas, adquirindo preponderância. Procure
fazer uma lista de palavras com rimas toantes e, a partir delas, crie um poema
experimental. Leia em voz alta e observe o resultado sonoro. Você pode repetir o
exercício utilizando rimas tradicionais (use ão / ar / ada, rimas fáceis de agenciar, caso
não esteja familiarizado com o recurso). Liste todas as palavras que conseguir, com a
rima escolhida e, posteriormente, elabore o poema. Compare o poema realizado com
rimas toantes e o poema composto com as rimas tradicionais. As rimas menos óbvias
são consideradas mais sofisticadas. As rimas toantes agradam o ouvido dos leitores
contemporâneos, assim como as rimas ricas (em que as palavras provêm de classes
gramaticais e/ou de contextos distintos) agradavam os ouvidos dos leitores antigos.
E) Sugestão de exercício / melopeia

Trem de ferro

Café com pão


Café com pão
Café com pão

Virge Maria que foi isso maquinista?

Agora sim
Café com pão
Agora sim
Voa, fumaça
Corre, cerca
Ai seu foguista
Bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita força
(trem de ferro, trem de ferro)

Oô...
Foge, bicho
Foge, povo
Passa ponte
Passa poste
Passa pasto
Passa boi
Passa boiada
Passa galho
Da ingazeira
Debruçada
No riacho
Que vontade
De cantar!
Oô...
(café com pão é muito bom)

Quando me prendero
No canaviá
Cada pé de cana
Era um oficiá
Oô...
Menina bonita
Do vestido verde
Me dá tua boca
Pra matar minha sede
Oô...
Vou mimbora vou mimbora
Não gosto daqui
Nasci no sertão
Sou de Ouricuri
Oô...

Vaou depressa
Vou correndo
Vou na toda
Que só levo
Pouca gente
Pouca gente
Pouca gente...
(trem de ferro, trem de ferro)
*Manuel Bandeira

Eu que nasci na Era da Fumaça: - trenzinho


vagaroso com vagarosas
paradas
em cada estaçãozinha pobre
para comprar
pastéis
pés de moleque
sonhos
- principalmente sonhos!
porque as moças da cidade vinham olhar o trem passar:
elas suspirando maravilhosas viagens
e a gente com um desejo súbito de ali ficar morando
sempre... nisto,
o apito da locomotiva
e o trem se afastando
e o trem arquejando
é preciso partir
é preciso chegar
é preciso partir é preciso chegar... Ah, como essa vida é urgente!
... no entanto
eu gostava era mesmo de partir...
e – até hoje – quando embarco
para alguma parte
acomodo-me no meu lugar
fecho os olhos e sonho:
viajar, viajar
mas para parte nenhuma...
viajar indefinidamente...
como uma nave espacial perdida entre as estrelas.
*Mario Quintana

Comparar os dois poemas acima. Ambos fazem com palavras o barulho do trem. Quais
versos Manuel Bandeira usa para nos passar a ideia de uma locomotiva em movimento? E quais
Mario Quintana usa? (Respostas possíveis: Manuel Bandeira sempre repete o mesmo verso, ex.:
“Pouca gente/Pouca gente/Pouca gente”; e Mario Quintana também usa repetições ex.: “É
preciso partir/é preciso chegar/é preciso partir/é preciso chegar”).

Agora, vamos criar as nossas próprias palavras para expressar diferentes sons:
*de uma construção
*de um avião partindo
*de uma avenida no centro da cidade
*da beira da praia
*de uma floresta densa.
E) Sugestão de exercício / melopeia (aliteração)

Violões que Choram

Ah! plangentes violões dormentes, mornos,


Soluços ao luar, choros ao vento...
Tristes perfis, os mais vagos contornos,
Bocas murmurejantes de lamento.

Noites de além, remotas, que eu recordo,


Noites da solidão, noites remotas
Que nos azuis da fantasia bordo,
Vou constelando de visões ignotas.

Sutis palpitações à luz da lua.


Anseio dos momentos mais saudosos,
Quando lá choram na deserta rua
As cordas vivas dos violões chorosos.

Quando os sons dos violões vão soluçando,


Quando os sons dos violões nas cordas gemem,
E vão dilacerando e deliciando,
Rasgando as almas que nas sombras tremem.

Harmonias que pungem, que laceram,


Dedos nervosos e ágeis que percorrem
Cordas e um mundo de dolências geram,
Gemidos, prantos, que no espaço morrem...

E sons soturnos, suspiradas mágoas,


Mágoas amargas e melancolias,
No sussurro monótono das águas,
Noturnamente, entre remagens frias.

Vozes veladas, veludosas vozes,


Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.
Tudo nas cordas dos violões ecoa
E vibra e se contorce no ar, convulso...
Tudo na noite, tudo clama e voa
Sob a febril agitação de um pulso.

Que esses violões nevoentos e tristonhos


São ilhas de degredo atroz, funéreo,
Para onde vão, fatigadas no sonho,
Almas que se abismaram no mistério.
*João da Cruz e Souza

Para cá, para lá...


Para cá, para lá...
Um novelozinho de linha...
Para cá, para lá...
Para cá, para lá...
Oscila no ar pela mão de uma criança
(Vem e vai...)
Que delicadamente e quase a adormecer o balança
- Psio... -
Para cá, para lá...
Para cá e...
- O novelozinho caiu.
*Manuel Bandeira

Observe: “Debussy” é o nome de um compositor francês. Você pode mostrar uma das
músicas mais famosas dele, Clair de Lune, para complementar a leitura do poema.

Claire de Lune, Debussy: https://www.youtube.com/watch?v=LlvUepMa31o

Debater a relação entre o poema de Bandeira e a música de Debussy. Nossos


ouvidos conseguem captar a analogia que se estabelece entre música e poema?
Para trabalhar o recurso da aliteração, uma boa dica é realizar listas de palavras,
a partir da escolha de uma consoante. Pode ser uma consoante que esteja no nome do
aluno (minha lista seria: tatu, tartaruga, tatuagem, tanto, tamanho, túnica, tino,
aturdido, vento, atalho, etc.) Note que a consoante pode estar no início ou no meio da
palavra. A partir da lista, compor o texto. Esse exercício funciona melhor quando o aluno
realiza com consoantes diferentes. Escolher pares como “m” e “p”, “c” e “v”, por
exemplo, pode auxiliar.
Após a realização desse exercício, uma boa prática também pode ser a seguinte:
escolha um sentimento (alegria, desânimo, raiva, paixão, etc.) e pense sobre qual o som
que o expressa melhor. (o “l” pode expressar fluidez; o “p” pode expressar raiva, o “m”
pode expressar calma, etc.).
Perguntas do tipo: “Qual dos seus amigos tem cara de “e”?” e “Por que o “u”
está triste?” podem auxiliar a vinculação de sentimentos às sonoridades. Procure
escolher poemas de sua preferência e analisá-los sob essa perspectiva: quais
assonâncias, aliterações, rimas, tamanhos de versos, etc., o poeta empregou e quais
efeitos emocionais são gerados por esse recurso?
OBS.: Neste material, iniciamos o percurso de aproximação com a poesia. Na
próxima semana, materiais envolvendo outros recursos da linguagem poética serão
disponibilizados. A ideia é que vocês formulem exercícios que trabalhem com a poesia,
em uma segunda rodada do nosso laboratório, a partir da semana que vem. O fórum do
Laboratório de Exercícios desta unidade será aberto no dia 9 de novembro. Até lá, irei
fornecendo materiais para que vocês se familiarizem com os recursos da poesia, além
de leituras complementares.

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