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SUMÁRIO
TEMA 01
TEMA 02
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TEMA 03
Ponto 2.c. Regras e princípios constitucionais: critérios distintivos, funções e eficácia. (...).
TEMA 04
Ponto 2.b. Alcance subjetivo dos Direitos Humanos: titulares e obrigados. (...).
Continua...
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TEMA 01
DIREITO CONSTITUCIONAL
PODER CONSTITUINTE
Marco teórico: contribuição teórica trazida por Emmanuel Sieyès – que escreveu o livro
“O que é o Terceiro Estado?”, em 1788. Sieyès separa o Poder Constituinte dos seus
poderes constituídos. No Brasil, a obra de Sieyès foi lançada com o título "A Constituinte
Burguesa”.
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A teoria política norte-americana do século XVIII também concebeu a
distinção entre poder constituinte e poderes constituídos, mas foram os conceitos
franceses, forjados por Sieyès, que se tornaram a principal referência teórica.
Poder Constituinte
Origem histórica
Marco teórico
Constitucionalismo francês e
Livro “O que é o Terceiro
norte-americano
Estado?”, de 1788, elaborado
(Constitucionalismo clássico
por Emmanuel Sieyès
do século XVIII)
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Constituição Imperial de 1824
EXERCÍCIO DO PODER
CONSTITUINTE
ASSEMBLEIA
OUTORGA/PODER
PLEBISCITO REFERENDO NACIONAL
USURPADO
CONSTITUINTE
CONSTITUIÇÕES
CONSTITUIÇÕES
BRASILEIRAS DE
BRASIELEIRAS DE 1891,
1824, 1937, 1967 E
1934, 1946 E 1988
1969
Conceito: é aquele que instaura a primeira ou uma nova ordem jurídica, neste último
caso rompendo por completo com a ordem jurídica precedente.
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Características:
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Para J. J. Gomes Canotilho, o poder constituinte
originário obedece a "padrões e modelos de conduta
espirituais, culturais, éticos e sociais radicados na
consciência jurídica geral da comunidade", devendo
observar os princípios do direito internacional (como a
defesa da paz, a autodeterminação dos povos, a
prevalência dos direitos humanos e de justiça).
DE FATO E ILIMITADO
INICIAL AUTÔNOMO
POLÍTICO JURIDICAMENTE*
INCONDICIONADO DE NATUREZA
PERMANENTE
E SOBERANO HÍBRIDA
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Classificações:
- Quanto às dimensões:
a) Material: orientador da atividade do constituinte originário formal, traduzido pelo
conjunto de forças político-sociais que vão produzir o conteúdo de uma nova
Constituição; e
b) Formal: é o ato de criação propriamente dito, que vai formalizar a ideia de Direito
construída por meio do poder constituinte material.
Ademais, o STF entende que as normas do Poder Constituinte originário são dotadas de
eficácia de retroatividade mínima (aptidão para atingir efeitos futuros de fatos passados),
somente excepcionalmente ostentando eficácias retroativa média e máxima.
Conceito: é um poder jurídico, responsável pela reforma da Constituição (no Brasil isso
se dá por meio da edição de emendas constitucionais, pela revisão constitucional ou pela
incorporação de tratados internacionais de direitos humanos).
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Previsão normativa: não é previsto expressamente na Constituição Federal de 1988,
entendendo-se estar implícito na norma contida no seu art. 60, a qual prevê a
possibilidade de edição de emendas à Constituição.
- Derivado (ou de 2º grau): pois deriva do poder originário, ou seja, é poder de direito
que encontra seu fundamento na Constituição, dela retirando sua existência e sua
validade;
- Condicionado: na medida em que a Constituição prevê meios para sua modificação,
condicionando o poder reformador àquelas formas e hipóteses;
- Subordinado (ou limitado): suas ações são pautadas pelas limitações (expressas e
implícitas) inseridas na Constituição e, por consequência, se sujeitam aos diferentes
mecanismos de controle de constitucionalidade.
CARACTERÍSTICAS DO PODER
CONSTITUINTE DERIVADO
DERIVADO OU DE SUBORDINADO
JURÍDICO CONDICIONADO
2º GRAU (OU LIMITADO)
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Art. 3º do ADCT da CF/88. A revisão constitucional será realizada após cinco anos,
contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros
do Congresso Nacional, em sessão unicameral.
Revisão
Constitucional
Resultou em 6
Após cinco emendas de revisão,
anos, contados Voto da maioria Em Sessão
sujeitas ao controle
absoluta dos de
da promulgação unicameral constitucionalidade
da CF/88 membros do CN
e à observância das
cláusulas pétreas
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c) Formais/procedimentais: no tocante às Emendas Constitucionais, podem ser de duas
espécies, quais sejam:
c.1) formal subjetiva: referente aos legitimados específicos, vide art. 60, I, II e III, da CF/88:
§ 3º. A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados
E do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.
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MNEMÔNICO:
CLÁUSULAS PÉTREAS
Em que pese a conotação sexual, outra opção de mnemônico muito utilizada para
rememorar as cláusulas pétreas é: VoSe FoDi, fazendo referência, respectivamente, ao
Voto direito, secreto, universal e periódico, à Separação dos Poderes, à Forma Federativa
de Estado e aos Direitos e garantias individuais.
As matérias constantes do art. 60, § 4º, da CF/88 (cláusulas pétreas expressas) podem
ser modificadas, mas desde que seja para sofisticá-las.
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JURISPRUDÊNCIA:
A EC 3, de 17-3-1993, que, no art. 2º, autorizou a União a instituir o IPMF, incidiu em vício
de inconstitucionalidade ao dispor, no § 2º desse dispositivo, que, quanto a tal tributo,
não se aplica "o art. 150, III, b, e VI", da Constituição, porque, desse modo, violou os
seguintes princípios e normas imutáveis (somente eles, não outros): o princípio da
anterioridade, que é garantia individual do contribuinte (art. 5º, § 2º; art. 60, § 4º, IV; e
art. 150, III, b, da Constituição). [STF, ADI 939, rel. min. Sydney Sanches, j. 15-12-1993, P,
DJ de 18-3-1994.]
O STF também definiu que os limites materiais ao Poder Constituinte de reforma não
significam a intangibilidade literal da disciplina dada ao tema pela Carta Magna, mas a
proteção do núcleo essencial dos princípios e institutos protegidos pelas cláusulas
pétreas – vide ADI 2.024.
JURISPRUDÊNCIA:
Teoria da dupla revisão: tese defendida por doutrinadores que entendem que
as normas que impedem a revisão de certos preceitos são juridicamente vinculantes, mas
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não seriam elas próprias imunes à alteração e à revogação, de modo que, se forem
suprimidas num primeiro momento, abrir-se-ia o caminho para, em seguida, serem
removidas as cláusulas pétreas. Segundo a referida teoria, poderia haver a modificação
do art. 60 da CF/88, para, após, alterar as cláusulas pétreas por ele protegidas. O STF, no
entanto, entende ser impossível a revogação do art. 60, § 4º, da CF, por ser limite
implícito ao poder de reforma.
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Após a promulgação da Emenda Constitucional, o controle de constitucionalidade pode
ser feito pelo Poder Judiciário (via controle concentrado e abstrato por quaisquer dos
legitimados para ADI, ou via controle difuso e concreto).
Assim como o Poder Constituinte reformador, por ser criado pelo Poder Constituinte
originário e ser dele proveniente, se submete aos parâmetros por ele traçados.
Art. 34 da CF/88. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
(...)
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta;
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e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais,
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do
ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.
MNEMÔNICO:
PRINCÍPIOS SENSÍVEIS
FARDASP
F= Forma republicana;
A= Autonomia municipal;
R= Regime democrático;
D= Direitos da pessoa humana;
A= Aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais,
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do
ensino e nas ações e serviços públicos de saúde;
S= Sistema representativo;
P= Prestação de contas da administração pública, direta e indireta.
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orgânicas são subordinadas às Constituições Estaduais e à Federal, de modo que não
poderíamos ter um Poder Constituinte decorrente de um Poder Constituinte que já é
decorrente.
Quanto ao Distrito Federal, embora já tenha havido alguma celeuma doutrinária, o STF
decidiu na Reclamação 3.436 que incide o Poder Derivado Decorrente, uma vez que sua
Lei Orgânica, no tocante à parte das matérias (de natureza estadual), ostenta status de
Constituição Estadual, se submetendo à Constituição Federal.
MUTAÇÕES CONSTITUCIONAIS
Manoel Jorge e Silva Neto (Curso de Direito Constitucional. Pág. 23) aponta como
características da mutação constitucional:
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Classificação: pode ocorrer por via de interpretação, pela atuação do legislador e por
costume.
“Se é verdade que o fenômeno da mutação constitucional pode colher como destinatária
precípua constituição rígida, não menos é que defender sua exclusividade a sistemas
constitucionais de tal espécie envolve, inegavelmente, grande equívoco. As constituições
flexíveis, a seu modo, também se sujeitam a transformações sem que haja a mudança da
norma. Algo diferente de dizer que a flexibilidade de um texto constitucional implica a
adoção de processos menos rigorosos para consumar-se a adequação da norma ao
contexto social, político, econômico, é, sem dúvida, afirmar que os sistemas flexíveis são
incompatíveis com a mutação constitucional. Não há qualquer nexo entre uma e outra
realidade. A necessidade de tornar a constituição instrumento normativo sempre apto a
atender as demandas dos indivíduos deve invariavelmente permear a atuação dos
protagonistas da mutação constitucional, pouco importando que o sistema para o qual
as demandas da coletividade são plasmadas seja de natureza flexível ou rígida. A mutação
é um fato. E o seu aparecimento está vinculado a injunções outras que não aquelas
referentes à opção do poder constituinte originário por um sistema flexível ou rígido.”
(Curso de Direito Constitucional. Manoel Jorge e Silva Neto. Pág. 24).
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Quadro Sinóptico sobre o tema “Poder Constituinte”
(extraído da obra “Direito Constitucional em Mapas Mentais”. Roberto Troncoso, Marcelo Leite e Thiago
Strauss. 2. ed. Brasília: Ponto dos Concursos)
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TEMA 02
DIREITO CONSTITUCIONAL
“Constituição” seria a somatória dos fatores reais de poder que regem a sociedade
(aspectos econômicos, sociais, militares, religiosos etc.), de modo que, havendo conflito
entre a Constituição escrita e a realidade (Constituição real), esta sempre prevaleceria.
Assim, a Constituição escrita que não reproduzisse os fatores reais de poder não passaria
de uma mera folha de papel.
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SchmiTT – PolíTico
Enumera dois sentidos para o termo “Constituição”, quais sejam, o lógico-jurídico (norma
fundamental hipotética, cuja função é servir de fundamento lógico transcendental da
validade da Constituição jurídico-positiva) e o jurídico-positivo (norma positiva suprema
que regula a criação de outras normas, lei nacional no seu mais alto grau).
- Sentido formal: Constituição como documento escrito (e solene) que positiva as normas
jurídicas superiores da comunidade do Estado, elaboradas por um processo constituinte
específico, independentemente de seu conteúdo.
A respeito dos sentidos material e formal, Pedro Lenza faz as seguintes observações:
“a) em primeiro lugar, por mais que pareça estranho dizer, ao eleger o critério material,
torna-se possível encontrarmos normas constitucionais fora do texto constitucional, na
medida em que o que interessa no aludido conceito é o conteúdo da norma, e não a
maneira pela qual ela foi introduzida no ordenamento interno. Como o próprio nome
sugere e induz, o que é relevante no critério material é a matéria, pouco importando sua
forma; b) em segundo lugar, em se tratando do sentido formal, qualquer norma que
tenha sido introduzida por um poder soberano, como aquelas fruto da manifestação do
poder constituinte originário, ou aquelas introduzidas pelo poder constituinte derivado
reformador ou revisor, terá natureza constitucional, não importando o seu conteúdo
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(vale dizer, tomando-se o sentido formal, o que nos interessa é a forma de nascimento
da norma). Lembramos um exemplo que supomos ilustrar bem o raciocínio: trata-se do
art. 242, § 2º, da CR/88, que estabelece que o Colégio Pedro II, localizado na cidade do
Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal.” (Direito Constitucional Esquematizado.
Pág. 85).
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⮚ Constituição-moldura ou Constituição-quadro: proposta intermediária que evita
a politização excessiva da Constituição-lei (sua concretização fica a serviço do legislador),
ou a judicialização excessiva da Constituição-total (ao legislador não sobraria qualquer
espaço de atuação, sobrecarregando o Judiciário para verificar se houve abuso).
Constituição como mero limite para a atividade legislativa (moldura sem tela, sem
preenchimento); e
⮚ Constituição dúctil ou maleável: ponto de partida para a realização de políticas
constitucionais diferenciadas, que reflitam o pluralismo social, político e econômico.
Decorre da necessidade de uma dogmática fluída, que garanta a sobrevivência da
sociedade complexa, pluralista e democrática.
Outra parte da doutrina associa tal expressão à ideia de “A sociedade aberta dos
intérpretes da Constituição” (Peter Häberle), segundo a qual todo aquele que vive o que
é regulado pela norma constitucional é também um intérprete dela. Logo, praticamente
todas as ações humanas seriam, ao mesmo tempo, reguladas pela Constituição e
manifestação de uma interpretação constitucional.
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constitucionais. “Trata-se de Constituição que não corresponde minimamente à
realidade, não logrando subordinar as relações políticas e sociais subjacentes. Ela não é
tomada como norma jurídica verdadeira, não gerando, na sociedade, expectativas de que
seja cumprida”. (Direito Constitucional: Teoria, História e Métodos de Trabalho. Cláudio
Pereira de Souza Neto e Daniel Sarmento. Pág. 65). Se assemelha à Constituição nominal,
de Karl Lowenstein, como veremos.
Classificação:
1. Quanto à origem:
promulgadas?
1º – Lembrar que o Brasil já teve 8 Constituições (1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967,
1969 e 1988), sendo 4 outorgadas e 4 promulgadas;
2º - Outorgadas: a primeira (em ordem crescente) que termina com número par (1824)
+ as demais terminadas com números ímpares: 1937, 1967 e 1969; e
3º – Promulgadas: a primeira (em ordem crescente) que termina com número ímpar
(1891) + as demais finalizadas com números pares: 1934, 1946 e 1988.
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se concentra nas mãos de mais de um titular. Exemplo: Carta Magna de 1215 (pacto entre
os barões ingleses e o Rei João Sem Terra).
2. Quanto à forma:
Pedro Lenza ensina que a ideia de uma Constituição escrita sempre Codificada
escritos! Eventualmente, elas podem assentar parte de seus princípios em leis, como
ocorre na própria Inglaterra.
3. Quanto à extensão:
- Sintética: também chamada de concisa, breve, sumária, sucinta, básica. Veicula apenas
os princípios fundamentais e estruturais do Estado. Mais duradoura, pois seus princípios
estruturais são interpretados e adequados aos novos anseios pela atividade da Suprema
Corte. Exemplo: Constituição brasileira de 1891; e
- Analítica: também chamada de ampla, extensa, larga, prolixa, desenvolvida, volumosa,
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inchada. Aborda todos os assuntos que os representantes do povo entenderem
fundamentais. Exemplo: Constituição Federal de 1988.
4. Quanto ao conteúdo:
6. Quanto à alterabilidade:
- Rígida: exige, para sua alteração, um processo legislativo mais árduo e solene do que o
de alteração das normas infraconstitucionais. À exceção da Constituição de 1824
(considerada semirrígida), todas as Constituições brasileiras foram rígidas;
- Flexível ou plástica: não prevê um processo legislativo de alteração mais dificultoso do
que o das normas infraconstitucionais. Não há hierarquia entre a Constituição e a lei
infraconstitucional;
- Semirrígida ou semiflexível: contém algumas matérias que exigem um processo de
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alteração mais dificultoso do que o exigido para alteração das leis infraconstitucionais.
Exemplo: Constituição Imperial de 1824;
- Fixa ou silenciosa: somente pode ser alterada por um poder de competência igual àquele
que a criou (Poder Constituinte originário), não estabelecendo, expressamente, o
procedimento para sua reforma;
- Transitoriamente flexível: suscetível de reforma com base no mesmo rito das leis
infraconstitucionais, limitada a determinado período, após o qual passa a ser rígida;
- Imutável/Permanente/Granítica/Intocável: inalterável, que se pretende eterna; e
- Super-rígida: classificação dada à CF/88 pelo professor e hoje Ministro do STF Alexandre
de Moraes, em razão da existência de matérias imutáveis (cláusulas pétreas). Não
prevalece na doutrina.
7. Quanto à sistemática:
8. Quanto à dogmática:
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seu próprio benefício.
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consagrando a igualdade substancial e os direitos sociais (direitos humanos de 2ª
dimensão). Percepção de uma atuação positiva do Estado e de dirigismo estatal.
15. Constituição expansiva: Raul Machado Horta inscreve a CF/88 no grupo das
Constituições expansivas, em razão dos temas novos e da ampliação conferida a temas
permanentes, como no caso dos direitos e garantias fundamentais.
Função: Sarlet, Marinoni e Mitidiero (Curso de Direito Constitucional. Pág. 112) apontam
8 (oito) funções principais das Constituições, quais sejam:
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atuação pelo Direito, além de operar como fundamento de validade e eficácia das demais
normas que integram o ordenamento jurídico;
(3) organização e estruturação do poder: cria órgãos constitucionais, fixa suas respectivas
competências e estabelece os princípios estruturantes da organização do poder político;
(4) legitimidade e legitimação da ordem jurídico-constitucional: opera, simultaneamente,
como fundamento de validade e eficácia do restante da ordem jurídica, e como
fundamento e parâmetro de sua legitimidade;
(5) estabilidade: embora possa ser superada e substituída por uma nova ordem
constitucional, cumpre uma função de estabilidade, pois tem caráter duradouro;
(6) garantia e afirmação da identidade política: por meio dela, as sociedades
politicamente organizadas alcançam determinada identidade, que as distingue entre si;
(7) reconhecimento e garantia (proteção) da liberdade e dos direitos fundamentais: mais
importante função das Constituições modernas;
(8) imposição de programas, fins e tarefas estatais (função “impositiva” ou “dirigente”):
por meio das normas programáticas.
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Exemplos: a) art. 102, I, “a” (ação de inconstitucionalidade); b) arts. 34 a 36 (Da
intervenção nos Estados e Municípios); c) arts. 59, I, e 60 (Processos de emendas à
Constituição); d) arts. 102 e 103 (Jurisdição constitucional); e) Título V (Da Defesa do
Estado e das Instituições Democráticas, especialmente o Capítulo I, que trata do estado
de defesa e do estado de sítio, já que os Capítulos II e III do Título V caracterizam-se como
elementos orgânicos);
5) elementos formais de aplicabilidade: normas que estabelecem regras de aplicação das
Constituições. Exemplos: a) preâmbulo; b) disposições constitucionais transitórias; c) art.
5º, § 1º, quando estabelece que as normas definidoras dos direitos e garantias
fundamentais têm aplicação imediata.
Elementos da Constituição
De
Orgânicos Limitativos Socioideológicos estabilização Formais de
constitucional aplicabilidade
normas que normas que revelam o normas normas que
regulam a compõem o compromisso da destinadas a estabelecem
estrutura do elenco dos Constituição assegurar a regras de
Estado e do direitos e entre o Estado solução de aplicação das
Poder. garantias individualista e o conflitos Constituições.
fundamentais Estado social, constitucionais,
(individuais, de intervencionista, a defesa da
nacionalidade no que inclui os Constituição,
e políticos), direitos sociais. do Estado e das
limitando a instituições
atuação dos democráticas.
poderes
estatais.
CONSTITUCIONALISMO BRASILEIRO
Constituições Brasileiras
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políticos reconhecidos (Legislativo, Executivo, Judicial e Moderador – centralismo
político-administrativo); f) sufrágio censitário; g) semirrígida; h) constitucionalismo
liberal (importante rol de direitos civis e políticos); e i) não estabeleceu sistema de
controle de constitucionalidade (soberania do Parlamento).
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Constituição de 1946 (Redemocratização)
a) contou com ampla participação popular durante sua elaboração e constante busca
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de efetivação da cidadania; b) maior equilíbrio na tripartição dos Poderes - “freios e
contrapesos”; c) criou o STJ (STF = temas predominantemente constitucionais); d)
consolidação dos princípios democráticos e da defesa dos direitos individuais e
coletivos; e) consagração de direitos fundamentais inéditos e ampliação dos direitos
trabalhistas; f) previsão do MS Coletivo e do HD; g) capítulo específico sobre meio
ambiente; h) separação da ordem econômica e da social; i) ampliação dos legitimados
para propositura de ADI; j) controle das omissões legislativas (Mandado de Injunção e
ADI por omissão); l) criação da ADPF; e m) retorno da possibilidade de controle
concentrado em âmbito estadual.
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representação da União em juízo por membros do MPF.
1988 Função Essencial à Justiça. Autônomo e independente. Órgão
“extrapoder”. União passou a ser representada pela AGU.
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1.2) Constitucionalismo medieval: principal expoente na Magna Carta do Rei João Sem-
Terra (1215), que deixou implícito, pela primeira vez na história política, que o rei se
achava naturalmente vinculado pelas próprias leis que edita. Inexistia, contudo, a
universalidade que caracterizaria as constituições modernas, pois eles não reconheciam
direitos extensivos a todos os cidadãos, apenas liberdades que beneficiavam os
estamentos privilegiados.
2) Constitucionalismo Moderno:
Versões
a) Constitucionalismo inglês (pôs fim ao absolutismo e gerou documentos
importantes como o Petition of Rights - 1628; o Habeas Corpus Act - 1679 e o Bill of
Rights - 1689).
b) Constitucionalismo americano e francês - os documentos principais são a
Declaração de Independência Americana de 1776, a Constituição Americana de 1787
e a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789. Surgimento da
Constituição em sentido moderno (texto escrito único limitador do poder estatal).
Fases
a) Constitucionalismo liberal-burguês: baseou-se na ideia de que a proteção dos
direitos fundamentais dependia da limitação dos poderes estatais. Direitos
fundamentais concebidos como negativos, impondo apenas abstenções aos poderes
políticos. Previsão dos direitos de 1ª dimensão.
b) Constitucionalismo social: decorreu das consequências trazidas pelo
Constitucionalismo Liberal, tais como Revolução Industrial, inchaço dos centros
urbanos, surgimento das classes sociais, e avanço da pobreza. Surgimento de uma
nova classe de pensadores (os pensadores socialistas), que se insurgiam contra as
condições sociais do período. Destaque para as Constituições Mexicana (1917) e de
Weimar (1919). Reconhecimento dos direitos de 2ª dimensão.
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I - Histórico: Fim da Segunda Guerra Mundial e Constitucionalismo do Pós-Guerra;
II - Filosófico: Pós-Positivismo; Ressignificação do Conceito de Norma; Reaproximação
entre Direito, Ética e Moral; e
III - Teórico: A força normativa da Constituição; A expansão da jurisdição constitucional
(avanço do papel dos Tribunais Constitucionais); A nova interpretação constitucional
(ampliação da possibilidade de interpretação de resolução de conflitos pelo Judiciário).
Expansão da
Teóricos jurisdição
constitucional
Nova
interpretação
constitucional
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verdade Solidariedade
Constitucionalismo
do Futuro:
7 valores:
VESOCOCO + UNPAIN
Consenso Continuidade
Participaçã Integraçã
o o
Universalidade.
Transconstitucionalismo:
Trata-se de uma expressão cunhada por Marcelo Neves, professor da Universidade de
Brasília. Refere-se a um processo de convivência cooperativa entre as perspectivas
jurídicas apresentadas por ordens jurídicas constitucionais e internacionais, um diálogo
jurídico e cultural entre várias instâncias decisórias, de maneira que casos comuns
possam ser enfrentados conjuntamente. Nas palavras do mencionado autor, é “o
entrelaçamento de ordens jurídicas diversas, tanto estatais como transnacionais,
internacionais e supranacionais, em torno dos mesmos problemas de natureza
constitucional.
Fazendo-se uso do transconstitucionalismo, combinando as ordens jurídicas diversas,
buscando a existência de normas e precedentes internacionais, supranacionais, pode-se
chegar a uma melhor conclusão, amparando e tutelando diversos olvidados pelo
ordenamento constitucional interno.
Verifica-se que o Supremo Tribunal Federal, de maneira lenta e gradual, vem adotando
práticas transconstitucionalistas na medida em que inúmeras vezes cita tratados e
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convenções internacionais não incorporados no ordenamento jurídico brasileiro (como
tratados europeus), bem como decisões da Corte Europeia de Direitos Humanos, e
também decisões de outros Tribunais Constitucionais. Obviamente, tais decisões e atos
não têm o caráter de precedentes, mas de fundamentos cognitivos de embasamento. É
o que Marcelo Neves chama de “fertilização constitucional cruzada”: “as cortes
constitucionais citam-se reciprocamente não como precedente, mas como autoridade
persuasiva”. Isso porque é muito comum que “um mesmo problema de direitos
fundamentais pode apresentar-se perante uma ordem estatal, local, internacional,
supranacional e transnacional (no sentido estrito) ou, com frequência, perante mais de
uma dessas ordens, o que implica cooperações e conflitos, exigindo o aprendizado
recíproco”.
Cosmopolitismo:
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O Direito também reservou ao tema sua importância. Desde os egípcios até os autores
contemporâneos a ideia de uma sociedade cosmopolita fascina e atrai. Dezenas de
autores fundamentais consumiram seus estudos na busca pela identificação de um
conteúdo mínimo que trouxesse em seu sentido a essência daquilo que inicialmente foi
chamado de “cidadão do mundo” por Diógenes, um dos Cínicos Gregos. O termo
cosmopolitismo possui diversos sentidos de acordo com o autor que aborda o tema. Para
uns, como Martha Nussbaum, significa uma atitude de moralidade que substitui o amor
pelo país pelo amor a humanidade. Para outros, como Jeremy Waldron, o cosmopolitismo
significa a certeza de que a característica do indivíduo e de suas complexas aspirações
não podem ser circunscritas a fantasias nacionalistas e comunidades primordiais. Um
terceiro grupo de pensadores, ligados a Teoria Crítica, veem o cosmopolitismo como uma
filosofia normativa que carrega o universalismo das normas do discurso ético para além
dos estados nações, como Habermas, Held e Bohaman.
Para Seyla Benhabib, uma das autoras com liderança na defesa do cosmopolitismo
jurídico, o cosmopolitismo é a emergência de normas que deveriam governar as relações
entre os indivíduos numa sociedade civil global. Essas normas não estariam nem presas
ao sentido de normas morais, tampouco ao sentido de normas legais. Elas estariam
melhor enquadradas, diz a autora, como “morality of the law”.
Já para Garret Wallace Brown, outro autor contemporâneo que entende o
cosmopolitismo sob seu prisma jurídico, o termo possui um sentido que se alimenta em
Kant e, apesar dos diversos prismas, sustenta-se na constituição e limitação de princípios
normativos e morais de respeito ao valor humano e justiça global.
Como afirmou José María Rosales: “o Estado-nação não deixou e nem deixará de ser a
referência básica no reconhecimento do estatuto da cidadania, mas sua evolução
universalista ou cosmopolita, junto ao desbordamento que supõe a consolidação dos
cidadãos coletivos na arena política (partidos, sindicatos, movimentos cívicos,
organizações não governamentais, grupos de pressão), permitem pensar na possibilidade
razoável de uma transformação universalista do estatuto da cidadania, que haveria de
começar pelo desenvolvimento de sua capacidade inclusiva”.
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apresenta, para muitos, como uma verdadeira ruptura com as tradicionais bases do
constitucionalismo (seja ele clássico ou contemporâneo) de matriz europeia até então
vigente.
Esse Constitucionalismo Latino-americano surge no contexto de busca pela promoção de
um Estado Plurinacional. Sua fundamentação teórica é a de que os Estados nacionais
modernos foram criados a partir da lógica da homogeneização e uniformização, sendo
desde a origem Estados que visaram negar a diversidade.
Todo esse processo de “culturicídio” de grupos e etnias por meio do modelo homogêneo
e uniformizador é questionado pelo novo constitucionalismo da América Latina, numa
perspectiva plural de reconhecimento e inclusão do “outro” nos processos de formação
da vontade política e distribuição do poder.
Com a “plurinacionalidade” há uma refundação do conceito de Estado, pois o Estado
Plurinacional deve congregar e reconhecer diferentes nações em seu seio (grupos sociais
heterogêneos que conformam o Estado), numa incessante tentativa de rechaçar o
“universal” como uma categoria abstrata.
Trata-se, portanto, de um movimento social, jurídico e político voltado à ressignificação
do exercício do poder constituinte, da legitimidade, da participação popular e do próprio
conceito de Estado. O Estado do Constitucionalismo Latino-americano é o Estado
Plurinacional, que reconhece a pluralidade social e jurídica, respeitando e assegurando
os direitos de todas as camadas da população. Em outras palavras: esse novo
constitucionalismo consiste em proposta jurídico-política de um Estado Plurinacional que
tem como objetivo a criação de um modelo de gestão pública das diferenças e de respeito
aos modos de vida dos grupos culturalmente diferenciados que, no modelo colonial,
foram excluídos do sistema de tomadas de decisão relativas ao mesmo espaço geográfico
e político.
A Constituição da Bolívia, por exemplo, prevê: a) cota de parlamentares oriundos dos
povos indígenas; b) a propriedade exclusiva da terra, recursos hídricos e florestais pelas
comunidades indígenas; c) além de estabelecer a equivalência entre a justiça tradicional
indígena e a jurisdição ordinária estatal. Ou seja: cada comunidade indígena poderá ter
seu próprio Tribunal e suas decisões não poderão ser revisadas pela justiça comum.
Culmina com a promulgação das Constituições do Equador (2008) e da Bolívia (2009) e
sedimenta-se na ideia de Estado plurinacional, reconhecendo, constitucionalmente, o
direito à diversidade cultural e à identidade e, assim, revendo os conceitos de
legitimidade e participação popular, especialmente de parcela da população
historicamente excluída dos processos de decisão, como a população indígena.
41
Evolução do Constitucionalismo brasileiro:
Golpe Militar -1964: ditadura militar que limitou direitos e garantias individuais e teve
como forma de controle e dominação a institucionalização da tortura, culminando na
42
Constituição de 1967 e na EC 01/1969. Notória influência do constitucionalismo
alemão do século XX.
43
TEMA 03
DIREITO CONSTITUCIONAL
Ponto 2.c. Regras e princípios constitucionais: critérios distintivos, funções e eficácia. (...).
Classificação:
44
ESTRUTURA DA CF/88
Preâmbulo
ADCT
Gilmar Ferreira Mendes e Paulo Gustavo Gonet Branco (Curso de Direito Constitucional.
Pág. 92) preceituam que, a depender dos assuntos tratados nas normas constitucionais,
elas dão ensejo a pelo menos duas grandes partes da Constituição - a parte orgânica e a
parte dogmática.
Parte orgânica: normatiza aspectos de estrutura do Estado, como as regras que definem
a organização do Estado, determinando as competências dos órgãos essenciais para a
sua existência, bem como as que disciplinam as formas de aquisição do poder e os
processos do seu exercício. Esses preceitos racionalizam o exercício das funções do
Estado e estabelecem limites recíprocos aos seus órgãos principais.
- Eficácia plena: aplicabilidade direta, imediata e integral. Apta a produzir todos os seus
efeitos no momento em que a Constituição entra em vigor;
45
- Eficácia contida (ou prospectiva): aplicabilidade direta e imediata, mas possivelmente
não integral. Embora também aptas a produzirem todos os seus efeitos, podem sofrer
restrição em sua abrangência. As restrições às normas de eficácia contida poderão ser
impostas: a) por lei; b) por outras normas constitucionais; e c) por conceitos ético-
jurídicos; e
- Eficácia limitada: aplicabilidade indireta, mediata e reduzida. Necessitam de integração
mediante norma regulamentadora infraconstitucional ou até mesmo, eventualmente,
por meio de emenda constitucional. Podem ser subdivididas em dois grupos:
1) normas de princípio institutivo (ou organizativo): contêm esquemas gerais (iniciais) de
estruturação de instituições, órgãos ou entidades;
2) normas de princípio programático: veiculam programas a serem implementados pelo
Estado, visando à realização de fins sociais (Ex.: art. 7º, XI - participação nos lucros, ou
resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão
da empresa, conforme definido em lei; art. 7º, XX - proteção do mercado de trabalho da
mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei; art. 7º, XXVII - proteção em
face da automação, na forma da lei; etc.).
46
art. 5º, LI (parte final) — extradição do brasileiro
naturalizado no caso de comprovado envolvimento em Eficácia limitada e
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da aplicabilidade mediata
lei. e reduzida
art. 8.º, IV — contribuição confederativa instituída pela
assembleia geral. Eficácia plena e
aplicabilidade imediata
art. 230, § 2º— estabelece a gratuidade dos transportes
coletivos urbanos aos maiores de 65 anos. Eficácia plena e
aplicabilidade imediata
art. 17 do ADCT — vencimentos e proventos — redução
imediata aos limites constitucionais. Eficácia plena e
aplicabilidade imediata
art. 201, § 5º — veda a filiação ao regime geral de
previdência social, na qualidade de segurado facultativo, de Eficácia plena e
pessoa participante de regime próprio de previdência. aplicabilidade imediata
art. 201, § 6º — a gratificação natalina dos aposentados e
pensionistas terá por base o valor dos proventos do mês de Eficácia plena e
dezembro de cada ano. aplicabilidade imediata
art. 5º, XIII — é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício
ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a Eficácia contida e
lei estabelecer. aplicabilidade imediata
art. 37, I — os cargos, empregos e funções públicas são Eficácia contida (em
acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos relação aos brasileiros)
estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na
forma da lei. Eficácia limitada (em
relação aos estrangeiros
— na forma da lei)
art. 37, VII — direito de greve dos servidores públicos. Eficácia limitada -
primeiro momento da
jurisprudência;
Eficácia contida -
segundo e atual
momento da
jurisprudência
47
art. 14, § 9º — outras hipóteses de inelegibilidade além das
expressamente previstas na CF/88. Eficácia limitada
art. 7º, XXI — aviso prévio proporcional ao tempo de Eficácia limitada
serviço.
art. 7º, XXIII — adicional de remuneração para as atividades
penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei. Eficácia limitada
48
eficácia contida - como claramente evidencia ser -, o preceito autorizador do direito de
greve tem eficácia imediata, nos limites que a ordem jurídica hoje confere ao instituto
(nos limites, pois, do diploma que regula genericamente a greve, Lei nº 7.783 de 1989),
tudo até que lei específica para a área pública venha regular diferentemente a matéria.
Recurso ordinário improvido. 4. Recurso extraordinário com agravo desprovido. (....).”
(STF - ARE: 657385 SP, Relator: Min. Luiz Fux, Data de Julgamento: 29/02/2012, Data de
Publicação: DJe-052 Divulg 12/03/2012 Public 13/03/2012).
49
Brasil. Essa rememoração consta da antiga obra, Introdução ao Direito do Trabalho (3ª
ed. São Paulo: LTr, 2001), estando também explicitada no atual Curso de Direito do
Trabalho, em seu Capítulo V (“Ordenamento Jurídico Trabalhista”), no item IV.1.B
(“Eficácia Jurídica da Constituição”) – (...). Considerado, portanto, o dispositivo inserto no
inciso VII do art. 37 como regra de eficácia contida — quer em sua versão original de
1988, que se reportava à lei complementar, quer em sua versão reformada em 1998, que
se reporta à lei específica —, a conclusão inexorável é que a Constituição da República
assegura, sim, aos servidores civis o direito à greve.” (Curso de Direito do Trabalho. Págs.
1.718/1.719).
PRINCÍPIOS E REGRAS
Princípios e regras são espécies do gênero norma jurídica e possuem, portanto, força
normativa, motivo pelo qual se fala em norma-regra e norma-princípio.
Regras como mandados de definição: que são sempre satisfeitas ou não satisfeitas. São
normas que, verificados determinados pressupostos, exigem, proíbem ou permitem algo
em termos definitivos.
Princípios como mandados de otimização: ordenam que algo seja realizado na maior
medida possível dentro das possibilidades fáticas e jurídicas do caso concreto. Traduzem
a ideia de “proposições fundamentais que informam a compreensão do fenômeno
jurídico” (Curso de Direito Individual do Trabalho. Mauricio Godinho Delgado. Pág. 222).
“a) existe uma diferença qualitativa (e não de grau) entre princípios e regras: Regras
são normas jurídicas das quais se extraem consequências jurídicas específicas, ou seja,
uma vez ocorridos os fatos descritos em seu enunciado, a consequência jurídica é
tangível e delimitada. Dos princípios, ao contrário, não se extraem consequências
específicas, automáticas; apenas enunciam uma razão que conduz ao argumento em
50
uma certa direção; b) os princípios, quando em conflito, são ponderados, enquanto as
regras são aplicadas segundo o critério de validade: as regras são logicamente
aplicadas à maneira do tudo-ou-nada (all or nothing). Significa que, num caso concreto,
ou uma regra é válida e deve incidir sobre a hipótese fática, ou não é válida e não se
aplica. Existindo colisão entre regras, somente uma delas prevalecerá, pelos
postulados de que a lei posterior revoga a anterior, a lei especial sobrepõe-se à geral e
pelo princípio máximo da hierarquia, cujo enunciado é de que as regras de maior
hierarquia devem sempre prevalecer. Os princípios, ao revés, densificam uma carga
valorativa e abrigam decisões políticas. Por esta razão, a colisão entre princípios não se
resolve pela exclusão de um deles, mas pela ponderação, ou seja, utiliza-se uma técnica
pela qual se busca estabelecer os pesos de cada um dos princípios envolvidos. c)
desobedecer a um princípio é mais grave do que desobedecer a uma regra, porquanto
esta última é a densificação daquele.” (“Teoria dos Princípios em Dworkin”. Rosângela
Rodrigues Dias de Lacerda – examinadora do 21º Concurso do MPT).
Princípios Regras
Grau de abstração elevado. Grau de abstração reduzido.
Dimensão da importância, peso e Dimensão da validade, especificidade e
valor. vigência.
Aplicados mediante ponderação em Aplicadas mediante subsunção, dentro da
cada caso concreto. ideia de “tudo ou nada”.
Em caso de conflito, não haverá Em caso de conflito, uma das regras será
declaração de invalidade dos afastada pelo princípio da especialidade, ou
princípios em colisão. Diante das será declarada inválida — cláusula de exceção,
condições do caso concreto, um que também pode ser entendida como
princípio prevalecerá sobre o outro. “declaração parcial de invalidade”.
Mandados de otimização. Mandados de definição.
51
e outros — apresentam um núcleo de sentido ao qual se atribui natureza de regra,
aplicável biunivocamente. Por outro lado, há situações em que uma regra, perfeitamente
válida em abstrato, poderá gerar uma inconstitucionalidade ao incidir em determinado
ambiente, ou, ainda, há hipóteses em que a adoção do comportamento descrito pela
regra violará gravemente o próprio fim que ela busca alcançar”.
52
PREÂMBULO
Preâmbulo da CF/88
Por incrível que pareça, já caiu no Concurso do MPT (17º Concurso) uma questão
cobrando a literalidade do Preâmbulo. Portanto, desenvolvemos o seguinte mnemônico:
MNEMÔNICO:
DIS DIJ LSB FPSP
Como se vê, não é o mais perfeito dos mnemônicos, mas, se o decorar, certamente o
auxiliará caso seja novamente cobrado o teor do preâmbulo da CF/88.
53
O STF já assentou sobre o Preâmbulo que:
- não se situa no âmbito do Direito, mas no domínio da política, não contendo, portanto,
relevância jurídica (ADI 2.076);
- a invocação a Deus no preâmbulo não enfraquece a laicidade do Estado brasileiro;
Não apenas o Estado haverá de ser convocado para formular as políticas públicas que
podem conduzir ao bem-estar, à igualdade e à justiça, mas a sociedade haverá de se
organizar segundo aqueles valores, a fim de que se firme como uma comunidade
fraterna, pluralista e sem preconceitos (...). E, referindo-se, expressamente, ao
Preâmbulo da Constituição brasileira de 1988, escolia José Afonso da Silva que "O Estado
Democrático de Direito destina-se a assegurar o exercício de determinados valores
supremos. ‘Assegurar’, tem, no contexto, função de garantia dogmático-constitucional;
não, porém, de garantia dos valores abstratamente considerados, mas do seu ‘exercício’.
Este signo desempenha, aí, função pragmática, porque, com o objetivo de ‘assegurar’,
tem o efeito imediato de prescrever ao Estado uma ação em favor da efetiva realização
dos ditos valores em direção (função diretiva) de destinatários das normas
constitucionais que dão a esses valores conteúdo específico" (...). Na esteira destes
valores supremos explicitados no Preâmbulo da Constituição brasileira de 1988 é que se
afirma, nas normas constitucionais vigentes, o princípio jurídico da solidariedade. [ADI
2.649, voto da rel. min. Cármen Lúcia, j. 8-5-2008, P, DJE de 17-10-2008.]
O estudo da dinâmica constitucional diz respeito aos efeitos das normas constitucionais
no tempo (passado – presente - futuro). O surgimento de uma nova Constituição traz
54
uma série de consequências para o ordenamento jurídico do Estado, sendo seus possíveis
efeitos em relação a normas pré-existentes:
55
somente por meio da ADPF. Isso porque só se fala em ADI de uma lei editada a partir de
1988 e perante a CF/88 (contemporaneidade);
- É possível, também, mudança de competência federativa para legislar, ou seja, matéria
que era de competência da União pode perfeitamente passar a ser de competência
legislativa dos Estados-Membros (como exemplo, citamos a instituição de região
metropolitana, que, na atual Constituição, passou a ser de competência estadual — art.
25, § 3º, da CF/88). Nesse caso, a norma federal é recepcionada como norma estadual,
para que não haja descontinuidade jurídica, sendo aplicável até que sobrevenha
legislação estadual específica.
56
nova norma constitucional tenha retroatividade média ou máxima, desde que exista
expressa previsão na Constituição.
Natureza jurídica: o ADCT, como o próprio nome indica, tem natureza jurídica de norma
constitucional, podendo trazer exceções às regras do corpo da Constituição, e servindo
de parâmetro ou paradigma de confronto para a análise da constitucionalidade dos
demais atos normativos.
57
As normas originárias do ADCT não podem ser objeto de controle de
constitucionalidade (pois fruto da atuação do PCO), enquanto aquelas nele incluídas pelo
Constituinte Derivado podem.
Art. 2º. No dia 7 de setembro de 1993 o eleitorado definirá, através de plebiscito, a forma
(república ou monarquia constitucional) e o sistema de governo (parlamentarismo ou
presidencialismo) que devem vigorar no País.
Art. 3º. A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação
da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em
sessão unicameral.
Art. 7º. O Brasil propugnará pela formação de um tribunal internacional dos direitos
humanos.
Sinaliza a atenção do Constituinte originário aos Direitos Humanos, na esteira dos arts.
4º e 5º, § 2º, do texto constitucional.
§ 1º. O disposto neste artigo somente gerará efeitos financeiros a partir da promulgação
da Constituição, vedada a remuneração de qualquer espécie em caráter retroativo.
58
§ 2º. Ficam assegurados os benefícios estabelecidos neste artigo aos trabalhadores do
setor privado, dirigentes e representantes sindicais que, por motivos exclusivamente
políticos, tenham sido punidos, demitidos ou compelidos ao afastamento das atividades
remuneradas que exerciam, bem como aos que foram impedidos de exercer atividades
profissionais em virtude de pressões ostensivas ou expedientes oficiais sigilosos.
§ 3º. Aos cidadãos que foram impedidos de exercer, na vida civil, atividade profissional
específica, em decorrência das Portarias Reservadas do Ministério da Aeronáutica nº S-
50-GM5, de 19 de junho de 1964, e nº S-285-GM5 será concedida reparação de natureza
econômica, na forma que dispuser lei de iniciativa do Congresso Nacional e a entrar em
vigor no prazo de doze meses a contar da promulgação da Constituição.
§ 4º. Aos que, por força de atos institucionais, tenham exercido gratuitamente mandato
eletivo de vereador serão computados, para efeito de aposentadoria no serviço público
e previdência social, os respectivos períodos.
§ 5º. A anistia concedida nos termos deste artigo aplica-se aos servidores públicos civis e
aos empregados em todos os níveis de governo ou em suas fundações, empresas públicas
ou empresas mistas sob controle estatal, exceto nos Ministérios militares, que tenham
sido punidos ou demitidos por atividades profissionais interrompidas em virtude de
decisão de seus trabalhadores, bem como em decorrência do Decreto-Lei nº 1.632, de 4
de agosto de 1978, ou por motivos exclusivamente políticos, assegurada a readmissão
dos que foram atingidos a partir de 1979, observado o disposto no § 1º.
Art. 10. Até que seja promulgada a lei complementar a que se refere o art.
7º, I, da Constituição:
I - fica limitada a proteção nele referida ao aumento, para quatro vezes, da porcentagem
prevista no art. 6º, "caput" e § 1º, da Lei nº 5.107, de 13 de setembro de 1966;
II - fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa:
a) do empregado eleito para cargo de direção de comissões internas de prevenção de
acidentes, desde o registro de sua candidatura até um ano após o final de seu mandato;
b) da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o
parto.
§ 1º. Até que a lei venha a disciplinar o disposto no art. 7º, XIX, da Constituição, o prazo
da licença-paternidade a que se refere o inciso é de cinco dias.
59
§ 2º. Até ulterior disposição legal, a cobrança das contribuições para o custeio das
atividades dos sindicatos rurais será feita juntamente com a do imposto territorial rural,
pelo mesmo órgão arrecadador.
Art. 13. É criado o Estado do Tocantins, pelo desmembramento da área descrita neste
artigo, dando-se sua instalação no quadragésimo sexto dia após a eleição prevista no §
3º, mas não antes de 1º de janeiro de 1989.
Art. 15. Fica extinto o Território Federal de Fernando de Noronha, sendo sua área
reincorporada ao Estado de Pernambuco.
60
Art. 18. Ficam extintos os efeitos jurídicos de qualquer ato legislativo ou administrativo,
lavrado a partir da instalação da Assembleia Nacional Constituinte, que tenha por objeto
a concessão de estabilidade a servidor admitido sem concurso público, da administração
direta ou indireta, inclusive das fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público.
Art. 19. Os servidores públicos civis da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, da administração direta, autárquica e das fundações públicas, em exercício
na data da promulgação da Constituição, há pelo menos cinco anos continuados, e que
não tenham sido admitidos na forma regulada no art. 37 da Constituição, são
considerados estáveis no serviço público.
§ 1º O tempo de serviço dos servidores referidos neste artigo será contado como título
quando se submeterem a concurso para fins de efetivação, na forma da lei.
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica aos ocupantes de cargos, funções e empregos
de confiança ou em comissão, nem aos que a lei declare de livre exoneração, cujo tempo
de serviço não será computado para os fins do caput deste artigo, exceto se se tratar de
servidor.
§ 3º O disposto neste artigo não se aplica aos professores de nível superior, nos termos
da lei.
61
própria e os membros das Procuradorias das Universidades fundacionais públicas
continuarão a exercer suas atividades na área das respectivas atribuições.
§ 2º. Aos atuais Procuradores da República, nos termos da lei complementar, será
facultada a opção, de forma irretratável, entre as carreiras do Ministério Público Federal
e da Advocacia-Geral da União.
§ 3º. Poderá optar pelo regime anterior, no que respeita às garantias e vantagens, o
membro do Ministério Público admitido antes da promulgação da Constituição,
observando-se, quanto às vedações, a situação jurídica na data desta.
Art. 34. O sistema tributário nacional entrará em vigor a partir do primeiro dia do quinto
mês seguinte ao da promulgação da Constituição, mantido, até então, o da Constituição
de 1967, com a redação dada pela Emenda nº 1, de 1969, e pelas posteriores.
Art. 40. É mantida a Zona Franca de Manaus, com suas características de área livre de
comércio, de exportação e importação, e de incentivos fiscais, pelo prazo de vinte e cinco
anos, a partir da promulgação da Constituição.
62
Parágrafo único. Somente por lei federal podem ser modificados os critérios que
disciplinaram ou venham a disciplinar a aprovação dos projetos na Zona Franca de
Manaus.
§ 3º. A concessão do benefício far-se-á conforme lei a ser proposta pelo Poder Executivo
dentro de cento e cinqüenta dias da promulgação da Constituição.
63
Art. 68. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas
terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos
respectivos.
64
TEMA 04
DIREITOS HUMANOS
Ponto 1.a. Teoria Geral dos Direitos Humanos: conceito, terminologia, formação
histórica, classificação, dimensões e fundamentos. (...).
Ponto 2.b. Alcance subjetivo dos Direitos Humanos: titulares e obrigados. (...).
65
primeira geração ou
dimensão.
Liberdades Públicas Direitos do indivíduo contra a Obsolescência da
intervenção estatal. expressão:
Mudança do papel do
Estado;
Aplicação dos direitos
humanos nas relações entre
particulares.
Direitos Fundamentais “direitos humanos” - Tal diferenciação resta
e Direitos Humanos estabelecidos em normas fragilizada, motivo pelo qual
internacionais. já se vê na doutrina a união
“direitos fundamentais” - entre as duas expressões,
positivados pelo Direito criando-se uma nova
Constitucional de um Estado terminologia: “direitos
específico. humanos fundamentais”.
Parte considerável da doutrina assevera que os “direitos humanos” servem para definir
os direitos estabelecidos em tratados e demais normas internacionais sobre a matéria.
Já a expressão “direitos fundamentais” designaria aqueles direitos reconhecidos e
positivados pelo Direito Constitucional de um Estado específico.
Nesse sentido, Valério Mazzuoli assevera que “preferimos o uso do termo direitos
humanos para conotar a proteção da ordem internacional a esses direitos, e o emprego
da expressão direitos fundamentais quando a matriz protetiva se encontrar in foro
doméstico.” (“Curso de Direitos Humanos”. Pág. 31).
66
Diferenciação clássica, com base no
âmbito de positivação
67
Evolução histórica: a evolução histórica dos direitos humanos passou por fases, as quais
contribuíram para sedimentar o conceito desses direitos essenciais. Daí a importância de
conhecer as raízes mais remotas da preocupação internacional com os direitos humanos,
muito embora se saiba que a universalização de tais direitos, não obstante seja uma obra
ainda inacabada, tem inquestionavelmente como marco a Declaração Universal dos
Direitos Humanos de 1948.
Antiguidade:
- Codificação de Menes (3100-2850 a.C.), no Antigo Egito;
- Código de Hammurabi, editado pelo Rei Hammurabi da Babilônia (Suméria): é
considerado o primeiro código de normas de condutas, preceituando esboços de direitos
dos indivíduos (1792-1750 a.C.), prevendo também a Lei do Talião, que impunha a
reciprocidade no trato de ofensas; e
- Cilindro de Ciro: também na região da Suméria e Pérsia, Ciro II editou, no século VI a.C.,
uma declaração de boa governança.
Grécia: uma das ideias centrais dos direitos humanos é a superioridade de determinadas
regras de conduta, em especial contra a tirania e a injustiça. Platão, em sua obra A
República (400 a.C.), defendeu a igualdade e a noção do bem comum. Aristóteles, na Ética
a Nicômaco, salientou a importância do agir com justiça, para o bem de todos da pólis,
mesmo em face de leis injustas.
68
Remonta à Roma Antiga também a abolição da execução da obrigação sobre a pessoa do
devedor.
Carta Magna (1215, Inglaterra): assinada pelo Rei João Sem Terra, estabeleceu, pela
primeira vez, a vinculação entre os atos do monarca e as leis editadas por ele. Embora
marcadamente elitista, consistiu em um diploma essencial ao futuro regime jurídico dos
direitos humanos, já que continha um catálogo de direitos dos indivíduos contra o Estado
(disposições de proteção ao Baronato inglês, contra os abusos do monarca João Sem
Terra), os quais foram, posteriormente, universalizadas. Instituiu, dentre outras, a regra
de que nenhum homem livre poderá ser preso ou privado de seus bens sem julgamento
de seus pares segundo as leis do país.
Habeas Corpus Act (1679): formalizou o mandado de proteção judicial aos que haviam
sido injusta e arbitrariamente presos, protegendo, assim, a liberdade de locomoção. O
“Habeas Corpus Act” potencializou o instituto do habeas corpus, que já existia na
Inglaterra, ampliando as garantias dos súditos e a prevenção de arbitrariedades, inclusive
fora dos limites da Inglaterra.
Bill of Rights (1689): o poder autocrático dos reis ingleses foi reduzido de forma definitiva
(fim do regime de monarquia absoluta). Trata-se de declaração na qual consta,
basicamente, a afirmação da vontade da lei sobre a vontade absolutista do rei.
Representou, ainda, a institucionalização da separação dos poderes do Estado, impondo
limites ao poder da Coroa e transferindo prerrogativas ao Parlamento. Assegurou o
direito de petição, o direito ao voto, havendo, ainda, limitado a imposição de fianças e de
penas cruéis.
69
3. Fase do constitucionalismo liberal e das declarações de direitos
Constituição Americana (1787): não possuía um rol de direitos, uma vez que vários
representantes na Convenção de Filadélfia (que editou a Constituição) temiam introduzir
direitos humanos em uma Constituição que organizaria a esfera federal, o que permitiria
a consequente federalização de várias facetas da vida social. Somente em 1791, esse
receio foi afastado e foram aprovadas 10 Emendas que, finalmente, introduziram um rol
de direitos na Constituição norte-americana (Bill of Rights).
Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789): em vigor até os dias
atuais na França, com apenas 17 artigos, é a primeira com vocação universal. Proclamou
os direitos humanos a partir de premissa que permeará diplomas futuros: todos os
homens nascem livres e com direitos iguais (influência jusnaturalista - “os direitos
naturais, inalienáveis e sagrados do homem”). O art. 16 da Declaração dispõe: “Toda
sociedade onde a garantia dos direitos não está assegurada, nem a separação dos
poderes determinada, não tem Constituição”.
70
4. Fase do socialismo e do constitucionalismo social
No plano político: Revolução Russa em 1917, que, pelo seu impacto, estimulou novos
avanços na defesa da igualdade e justiça social.
Liga das Nações (1919): instituída ao final da Primeira Guerra Mundial e antecessora da
ONU.
71
Antecedentes históricos da
internacionalização dos Direitos Humanos
Até meados do século XX, o Direito Internacional possuía apenas normas internacionais
esparsas referentes a certos direitos essenciais (combate à escravidão no século XIX,
criação da OIT em 1919). Contudo, a criação do Direito Internacional dos Direitos
Humanos está relacionada à nova organização da sociedade internacional no pós-
Segunda Guerra Mundial, que teve como marco a Conferência de São Francisco em 1945,
na qual se firmou a “Carta de São Francisco” ou “Carta das Nações Unidas”, tratado
criador da ONU (assinado em 26 de junho de 1945, pouco antes do fim da segunda
guerra, que ocorreu em 15 de agosto do mesmo ano).
Entretanto, a Carta da ONU não elencou o rol dos direitos que seriam considerados
essenciais, motivo pelo qual foi aprovada com 48 votos a favor, oito abstenções e sem
voto em sentido contrário, sob a forma de Resolução da Assembleia Geral da ONU, em
10 de dezembro de 1948, em Paris, a Declaração Universal dos Direitos Humanos
(“Declaração de Paris”), que contém 30 artigos sobre direitos humanos aceitos
internacionalmente, e enumera direitos políticos e liberdades civis (arts. III ao XXI), bem
como direitos econômicos, sociais e culturais (arts. XXII-XXVII), inclusive o direito ao
mínimo existencial (art. XXV, DUDH), além de estabelecer que toda pessoa tem deveres
para com a comunidade (art. XXIX) e que o exercício dos direitos humanos e liberdade
72
fundamentais podem ser, excepcionalmente, limitados (art. XXIX), o que evidencia não
serem eles absolutos.
Favorável:
- a DUDH possui força vinculante por se tratar de interpretação autêntica do termo
“direitos humanos”, previsto na Carta das Nações Unidas (tratado internacional com
força vinculante); e
- a DUDH possui força vinculante por representar o costume internacional sobre a
matéria.
Contrária:
- a DUDH representa soft law, conjunto de normas ainda não vinculantes, mas que
orientam futuras ações dos Estados na implementação de tratados, convenções
internacionais e legislação interna que reproduzem os direitos e garantias elencados na
DUDH e têm força vinculante.
Carta
Internacional de
Direitos Humanos
73
semelhantes às ocorridas na Alemanha nazista. Entretanto, os embates geopolíticos no
contexto da Guerra fria desencadearam retrocesso na marcha de proteção dos direitos
humanos no cenário internacional, contribuindo para a emergência de sangrentas
ditaduras, por exemplo, na Argentina, no Brasil e no Chile.
A proteção aos direitos humanos arrefeceu, também, após a queda das torres gêmeas,
em 11 de setembro de 2001, com a instalação de um estado de exceção e suspensão de
direitos fundamentais, colocada em evidência com a prisão de Guantánamo, com
prisioneiros vítimas de tortura e das mais diversas violações de direitos humanos.
1) I Conferência Mundial de Direitos Humanos (Teerã, 1969): teve por objetivo avaliar a
experiência mundial na proteção internacional dos direitos humanos, desde a DUDH
(1948). Representa a transição paradigmática entre a formação da proteção
internacional, pautada por constante evolução legislativa, e a sua consolidação, efetivada
por intermédio de mecanismos processuais aptos a garantir a fruição dos direitos
materiais enunciados nas diversas declarações, e também por instrumentos de apuração
de violação de direitos.
3) Declaração do Milênio das Nações Unidas (2000): Assinada por 191 nações, teve por
objetivo identificar os desafios da Organização no novo século, havendo sido fixadas
metas concretas de avanço em áreas prioritárias, a fim de que fosse assegurado o Direito
ao Desenvolvimento Social ou Integral (desenvolvimento econômico, social e proteção
ao meio ambiente), a ser concretizado por meio da efetivação dos Oito Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio (“ODM”), dentre os quais se destacam:
1. Erradicar a extrema pobreza e a fome:
Alcançar o emprego pleno e produtivo e o trabalho decente para todos, incluindo
mulheres e jovens.
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Promover a igualdade de gênero e autonomia da mulher como meios eficazes para
combater a pobreza, a fome e as doenças e promover um desenvolvimento
verdadeiramente sustentável.
Em 2015, quando já iminente o término do prazo fixado para que fossem atingidas as
metas estabelecidas para cada “ODM” (final de 2015), foram fixadas novas metas (169)
associadas aos “Dezessete Objetivos do Desenvolvimento Sustentável”, com previsão de
cumprimento nos próximos 15 anos (Agenda 2030), destacando-se, dentre os objetivos:
5) alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas; e
8) promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego
pleno e produtivo e trabalho decente para todos;
ESTRUTURA SIGNIFICADO
busca de algo
contrapartida de outrem do dever de prestar.
direito-pretensão Ex.: direito à educação fundamental, que gera o dever do Estado
de prestá-la gratuitamente (art. 208, I, da CF/88).
faculdade de agir que gera a ausência de direito de qualquer outro
ente ou pessoa.
direito-liberdade Ex.: liberdade de credo (art. 5º, VI, da CF/88), não possuindo o
Estado (ou terceiros) nenhum direito (ausência de direito) de exigir
que essa pessoa tenha determinada religião.
relação de poder de uma pessoa de exigir determinada sujeição do
direito-poder Estado ou de outra pessoa.
Ex.: Uma pessoa tem o poder de, ao ser presa, requerer a
assistência da família e de advogado, o que sujeita a autoridade
pública a providenciar tais contatos (art. 5º, LXIII, da CF/88).
autorização dada por uma norma a uma determinada pessoa,
impedindo que outra interfira de qualquer modo.
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direito-imunidade Ex.: uma pessoa é imune à prisão, a não ser em flagrante delito ou
por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária
competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime
propriamente militar (art. 5º, LVI, da CF/88), o que impede que
outros agentes públicos possam alterar a posição da pessoa em
relação à prisão.
Os direitos humanos, por definição, são direitos de todos, sem qualquer distinção. Esse
é o sentido do art. 5º da CF/88, que prevê que “todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza”, o que não é incompatível com a máxima consoante a
qual se deve “tratar desigualmente os desiguais”, a fim de que se alcance a igualdade
material de todos. São, assim, destinatários de tais direitos, inclusive:
DESTINATÁRIOS OBSERVAÇÕES
art. 5º, caput: “estrangeiro residente”.
Interpretação: os direitos previstos na Constituição devem
ser estendidos aos estrangeiros não residentes.
Estrangeiros não residentes Fundamentos:
- Estado Democrático de Direito (art. 1º, “caput”),
- Dignidade humana (art. 1º, III),
- Direitos decorrentes dos tratados celebrados pelo Brasil
(art. 5º, §§ 2º e 3º).
Assim já se pronunciou o STF em mais de uma ocasião.
A nova Lei de Migração (Lei 13.445/2017) também
caminhou nesse sentido.
São titulares de direitos fundamentais.
Necessário haver pertinência temática com a natureza da
pessoa jurídica.
Pessoa jurídica de direito A art. 52 do CC/02 (“Aplica-se às pessoas jurídicas, no que
privado couber, a proteção dos direitos da personalidade”)
Súmula 227 do STJ (“A pessoa jurídica pode sofrer dano
moral”).
Pode utilizar as garantias fundamentais para sua proteção.
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Contudo, atenção: Tese 11 da Jurisprudência em Teses do
Pessoa jurídica de direito STJ - Responsabilidade Civil – Dano Moral (Edição 125) - “A
público pessoa jurídica de direito público não é titular de direito à
indenização por dano moral relacionado à ofensa de sua
honra ou imagem, porquanto, tratando-se de direito
fundamental, seu titular imediato é o particular e o
reconhecimento desse direito ao Estado acarreta a
subversão da ordem natural dos direitos fundamentais.”
Entes despersonalizados Podem invocar determinados direitos pertinentes com
(sociedades de fato, sua situação (por exemplo, acesso à justiça).
condomínio, espólio, massa
falida e o nascituro)
Outros seres vivos (fauna e Discussão recente (e minoritária) projetando a gramática
flora) dos direitos humanos para um paradigma biocêntrico ou
ecocêntrico.
Ex.: art. 10 da Constituição do Equador de 2008
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Sujeitos passivos dos
Direitos Humanos
Continua...
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