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Capítulo 1
CARLY
Meu noivo, Brad, teria sido o único a cuidar de seu irmão mais
novo se pudesse. Mas como ele não estava mais aqui, senti que era
minha responsabilidade. Scottie tinha vinte e três anos e autismo
severo. Ele era não-verbal e, em muitos aspectos, infantil. O pai de
Brad, Wayne, foi o único cuidador de Scottie até ele falecer após
um ataque cardíaco no mês passado. E meu amado Brad havia
morrido há dois anos em um acidente de carro. Nas últimas
semanas, Scottie estava sob os cuidados temporários da irmã de
Wayne, Lorraine, que havia deixado claro que não queria cuidar de
Scottie por muito tempo.
Christina suspirou. — Você tem certeza disso? É uma
responsabilidade enorme.
Pela pesquisa limitada que fiz até agora, eu sabia que a lista de
espera para entrar em um lar supervisionado para adultos poderia
ser longa, então temporário poderia realmente significar anos, pelo
que sabia; embora eu certamente esperasse que fosse mais cedo
do que isso.
Ah, isso não era bom. Eu sabia que Scottie era totalmente
dependente de seus dispositivos. — O que há de errado com a
Internet?
Corri para a sala. — Uau! Você pode querer descer daí, amigo!
Ele me ignorou. Como não falava, não pude lhe perguntar por
que havia decidido fazer aquilo.
CARLY
— Desculpe?
— Sério, Carly? — ele retrucou. — Você acha que vai ser capaz
de lidar com ele?
— Você está aqui o quê, há algumas horas? Está tudo bem até
que ele tenha um acesso de raiva e você não consiga controlá-lo.
— Ele me deu uma olhada. — Ele é três vezes o seu tamanho.
— Merda — eu murmurei.
Meu queixo caiu. Ótimo. Eu poderia beijar você agora por isso,
Scottie.
— Não. Eu preciso disso — Josh tossiu. — Solte-as.
Carly: Um.
Josh: Zero.
Capítulo 3
CARLY
— Onde?
Josh puxou uma das cortinas que eu havia deixado aberta sem
querer. A última coisa que eu queria era que Scottie acordasse
mais cedo do que o necessário por causa do sol. Também notei um
aparelho de som estático e o liguei.
Ele ergueu a testa. — Como isso vai ajudar você à noite se ele
acordar e fizer alguma coisa?
— Sou um recrutador.
— Ah, então é por isso que você foi tão rápido em me rejeitar
nessa.
— Explique.
CARLY
— Sua tia mencionou que você viria para ficar com ele no lugar
dela. Não sabia que você era casada.
— Oh. — Olhei para Josh. — Ele não é meu marido. Ele é amigo
do irmão do Scottie, o Brad. Eu estava noiva do Brad antes de ele
falecer.
Ela se voltou para mim. — Sinto muito pelo seu noivo. Antes
de Wayne falecer, ele costumava me contar tudo sobre ele. Ele era
produtor de cinema, certo?
— Ele trabalhou na televisão como roteirista, mas foi promovido
a produtor antes de morrer, sim.
— Às nove.
Ele passou a mão pelo cabelo grosso. — Legal. Sim. Vou pular
no chuveiro enquanto você estiver fora.
O ar frio do lado de fora atingiu meu rosto e foi tão bom sair
um pouco de casa. Alívio tomou conta de mim quando entrei no
meu carro. Ah, o silêncio. Parecia que eu tinha momentaneamente
retornado à minha vida – a que eu tinha antes de virar de cabeça
para baixo. Fazia menos de 24 horas, mas parecia anos desde a
última vez que me sentei neste veículo.
— O quê? Quem?
— Josh Mathers.
— Você não disse que a casa era pequena? Onde ele está
dormindo?
— A pior parte é que ele reconheceu que sabia que eu não era
sua maior fã. E admiti que sabia que ele também nunca gostou de
mim. Então, agora há essa tensão entre nós.
— Por quê?
— Sim. Mas você não quer se envolver com ele. Eu não deixaria.
Ele é um galanteador.
Revirei os olhos.
Eu ri.
— Bem, acho que ele vai ser ainda mais irritante sem cafeína.
— Eu ri. — Além disso, eu meio que preciso disso para poder lidar
com ele.
Carly: Que bom que você se diverte. E só por isso, você está
tomando o de abóbora.
Carly: Onde?
Josh: Coffee Bean and Tea Leaf. Eles têm um ótimo café.
Brad me levou lá quando fui visitá-lo.
Cocei a cabeça.
Josh: Exatamente.
Carly: Agora você está recebendo o de abóbora com uma
dose extra de abóbora, espertinho.
Josh: Ótimo.
1
Abóbora em inglês.
Josh: Na verdade, esqueci de trazer desodorante. Você se
importa de pegar um? Eu vou reembolsar você, é claro.
Carly: Sim!
Carly: Olhe para você, tão rápido em seus dedos. Por que
você não os usa para voltar para Chicago? LOL
Carly: Por favor, não diga nada. Estarei aqui o dia todo
tentando escolher alguma coisa.
Josh: Pistache
Carly: Hum...
Josh: O quê?
CARLY
A única razão pela qual eu saí de novo foi porque Lauren ainda
estava aqui. Eu tinha planejado voltar antes que ela partisse, mas
fiquei presa no trânsito.
— Legal.
Ele sorriu. — Sou conhecido por dar uma boa surra na minha
vida.
— Sim.
2
Caroços de limão.
Scottie tocou em seu dispositivo na sala de estar,
aparentemente alheio ao fato de que Josh e eu provavelmente
estávamos prestes a destruir seu jantar.
Tudo correu bem até que Scottie entrou na cozinha com o tablet
na orelha e deu uma olhada no que estávamos fazendo.
Horrorizada, eu congelei.
●●●
3
Peitos de galinha.
preparei uma salada e batatas-doces assadas no forno para mim e
para o Josh.
— Acho que o amor dá força. Scottie era tudo o que lhe restava.
Ele limpou o balcão. — Acho que ele gostaria que você seguisse
em frente.
— Eu sei que ele gostaria. Mas tem que parecer certo, e ainda
não parece. Talvez assim que eu passar por esse... período sabático
aqui.
— Por que você não faz o que precisa fazer hoje à noite? — falei
para ele. — Eu termino a limpeza.
— Sim.
— Vá em frente.
Josh lavou as mãos antes de ir até sua mala no canto da sala.
Ele pegou algumas roupas e as levou para o banheiro.
— Talvez ele tenha tomado banho com o Scottie, para não ter
que se preocupar com isso. Foi por isso que Scottie entrou no
chuveiro com você. Ele achou que deveria fazer isso.
Eu ri. — Eu acho.
— Ok — eu sussurrei.
JOSH
Ele abriu uma garrafa de Blue Moon. — Você vai morar naquela
casinha indefinidamente? Por que você não dorme aqui? Temos
um quarto de hóspedes.
— Bunda loira gostosa, hein? — Ele riu por trás de sua garrafa.
— O que você acha dela agora?
— Não sei. Talvez vocês dois devam... você sabe... tentar fazer
o melhor enquanto estão presos na mesma casa?
Meu irmão era louco. — Se você está insinuando o que acho que
está, você está louco. Eu nunca transaria com a garota do Brad.
— Dei um soco leve em seu braço. — Você é louco?
●●●
O quê?
Carly: Possivelmente.
— Atum?
— E roubado... — eu corrigi.
Porra.
●●●
Naquela noite, como esperado, o maldito cachorro ainda estava
conosco, sentado aos meus pés como se eu fosse seu dono por
vinte anos. Ele estava recolhendo restos do jantar que Carly havia
preparado. Pelo menos ela ligou para polícia, eu fiz questão de
observar enquanto ela fazia, mas eles não tinham recebido
nenhum relato de animal desaparecido ainda. Pensando bem, eu
não tinha nenhuma prova de que realmente havia alguém na outra
linha no telefonema que ela fez. Eu teria que confiar nela nisso.
— Sim.
— Sem irmãos?
— Não.
Engoli. — Desculpe.
— Minha mãe teve um caso com o irmão do meu pai. Ela ainda
está com ele hoje. Meu pai a expulsou e ela não lutou exatamente
para permanecer em nossas vidas. Mantemos contato
ocasionalmente, superficialmente, mas não somos próximos. Ela é
egoísta e nunca fez um esforço para melhorar as coisas. — Eu
parei. — Também acho que ela fica longe porque sabe como é
doloroso para meu pai vê-la com meu tio Stone. Mas ela se recusou
a deixá-lo. Ela o escolheu em vez de nós. Essa é a versão muito
curta da história.
— Sim.
CARLY
— Então você não tem muito tempo hoje — ela disse enquanto
pintava algumas das minhas mechas.
Ela fez uma pausa. — Josh é o cara que está ajudando você a
cuidar do irmão do seu noivo?
— Sim.
— Mathers.
— Qual?
— Dick4.
— Ah, sim. Ele era um cara doce. Fiquei muito triste em saber
que ele morreu. Não fiz a conexão quando você mencionou o irmão
com autismo, mas agora tudo faz sentido. Você era a noiva de
Brad. Uau. — Ela parou de trabalhar por um momento para olhar
para mim. — Mais uma vez, sinto muito por sua perda.
— Obrigada.
— Eu sou maquiadora.
Seu rosto se iluminou. — Sério?
Carly: Hã?
●●●
Quando voltei para casa após o cabelereiro, uma cena
interessante estava acontecendo no sofá. Não só Scottie estava
sentado no colo de Josh durante uma chamada de Zoom, como o
cachorro estava transando com a perna de Josh.
Quase usei este limão para o meu chá gelado. Mas então percebi
que era o último e não queria que você fedesse amanhã. Então,
talvez deva adicionar limões à próxima ida ao supermercado.
Revirei os olhos e ri, mas optei por não reconhecer o bilhete até
que Josh saísse de sua reunião de trabalho virtual.
Eu ri. — Sim.
Esta última. — A última vez que ouvi, eles não tinham pistas,
mas vou verificar novamente.
— Quem?
— Minha cabeleireira. O nome dela é Bianca DiLoreto. Você
namorou a irmã dela no colégio.
— Mesmo?
— Não significou nada, Carly, por mais difícil que seja acreditar
nisso. Eu só estava sendo um idiota. Eu gostava de criticar o Brad
sobre muitas coisas. Ele tinha acabado de começar a namorar você
e fiz um comentário idiota. Não há muito mais do que isso.
— Não era sobre o meu rosto? Então por que diabos você
mencionou meu rosto? Agora você está me confundindo.
Você poderia ouvir um alfinete cair até que ele finalmente falou.
— Você nem se parece muito com ela, mas havia algo sobre sua
expressão naquela foto – seu rosto. É por isso que eu disse aquilo.
Nunca expliquei isso a Brad. Ele apenas pensou que eu estava
sendo um idiota, tenho certeza. Ele nunca me perguntou por que
eu disse.
Ele parou de andar e se virou para mim. — Ele fez o melhor que
pôde, mas estava sempre deprimido. Ele está melhor agora. Mas
naquela época, meus irmãos e eu tínhamos que nos virar sozinhos
na maior parte do tempo, enquanto cuidávamos dele. É por isso
que eu estava sempre aqui. Era minha fuga, minha maneira de
lidar com tudo – fingindo ser parte de outra família. Depois que
Yvonne morreu, foi um tipo de perda totalmente diferente. Foi pior
do que a partida de minha mãe, para ser sincero.
— O quê?
— Tenho certeza de que falo por ele quando digo que acho que
ele adoraria isso. — Josh sorriu maliciosamente.
— Basicamente, sim.
— Sim. Claro.
●●●
— Posso ajudar?
Filho da puta.
Depois disso, desapareci no meu quarto e não falei com ele pelo
resto da noite.
Capítulo 8
CARLY
— Ainda acho que você pode estar interpretando mal por que
ele disse isso.
— Não. Acho que o lado idiota dele que eu pensei que tinha
entrado em hibernação voltou. Ele está cheio de si. Ele sabe que é
bonito. Ele me pegou olhando, e ele decidiu me desafiar. Bem
quando eu estava começando a achar que ele era legal.
— Para ele, talvez. Não para mim. Ainda me sinto burra por
encará-lo daquele jeito, e ainda mais burra por baixar a guarda o
suficiente para ser pega.
●●●
Ele ainda não estava olhando para mim e, em vez disso, olhou
para a frente. — Apenas humano, eu acho.
Uma onda de adrenalina passou por mim. — Por que você está
com isso?
Josh estava com raiva. Por quê? Eu deveria ter sido a zangada.
— Você leu?
— Por acaso, só vi o que havia nas páginas que ele rasgou. Não
li mais nada depois que descobri o que diabos era.
— É por isso que você fumou – porque você viu o que escrevi.
Isso chateou você.
— Tentando.
●●●
Você disse a Bubba que idiota eu fui, não disse? Ele me deixou
uma surpresa na cozinha esta manhã, e pisei nela. Ele nunca fez
isso. Você o treinou bem, Pumpkin. Brincadeirinha de novo. Não
sobre a merda do cachorro, no entanto. Infelizmente, isso realmente
aconteceu.
Seu rosto é lindo. Desculpe-me por ter feito você duvidar disso.
Capítulo 9
JOSH
Ah, merda.
Carly: Legal.
Carly: LOL
Carlly: Eu sei.
Merda.
Carly: Eu direi.
— Sim.
— E agora?
Movi meu canudo no gelo. — Eu acho que ela é... ótima, para
ser honesto. Temos nossos momentos em que brigamos, mas eu
meio que gosto deles. Faz o tempo passar mais rápido.
— Não há — eu rebati.
— O que aconteceu?
Eu ri. — Ela pensou isso por muito tempo. Então nada de novo.
Acho que só confirmei.
— Ela não quer querer você... — Ele sorriu. — Mas ela quer.
— Foi bem antes de eu vir para cá. Acho que nós dois
precisávamos de uma pausa, e é por isso que essa viagem veio na
hora certa. Mesmo que seja apenas por alguns dias.
JOSH
Ah, merda.
— Hank.
Carly foi até o sofá onde Bubba estava sentado. Ela enterrou o
rosto em seu pelo. — Você tem que ir para casa, Bub-Hank. Eu não
sabia que esse era o seu nome. Desculpe.
Porra, ela era tão doce. Eu deveria saber. — Você seria uma boa
mãe de cachorro, Pumpkin. — Eu sorri. — Por que você não
arranja um cachorro quando voltar?
Meu pau se contraiu. Porra. A maneira como ela fez isso com
os olhos... faça parar.
— Sim.
— Deus, sim.
Eu ri.
CARLY
Ela apontou para uma grande sala central com uma televisão
montada na parede. — Este é o principal espaço de convivência.
Embora na maioria das vezes os homens que moram aqui prefiram
ficar em seus próprios quartos, nós os reunimos por algumas
horas todas as noites.
— A maioria dos homens que vivem aqui tem autismo? —
perguntei.
— Entendo.
Ela fez uma pausa. — Não vejo por que não. De vez em quando,
membros da família deixam comida.
— Eu disse a ela que esta semana não era boa para mim, mas
talvez em outra hora.
5
Aqui eles fazem um trocadilho com a palavra Muff que também significa divertimento.
Carly: Por que eu ficaria irritada?
CARLY
Brinquei com meu canudo. — Oh, eu não sabia que você tinha
estado aqui antes.
— Quem?
— Eu acho.
— Não.
— Namorado?
Eu ri enquanto digitava.
Josh: Ah! Eu sabia que tinha que haver algo estranho nisso.
Então, até sua bunda consome orgânicos? Coisinha exigente,
é.
Eu hesitei.
Josh não respondeu depois disso. Então presumi que ele não
iria. Mas cerca de cinco minutos depois que voltei para a mesa,
meu telefone tocou novamente. Eu olhei para baixo casualmente
para ler o texto.
Respeitei o fato de que ele não tentou me beijar. Isso teria sido
muito cedo. — Você também, Neil.
JOSH
Meu telefone tocou e pensei que poderia ser Carly, mas era meu
irmão Neil. Eu devia a ele um telefonema.
— Carly.
— Por quê?
Porra.
Porra.
Porra.
— Como diabos você não sabia quem ela era? — Eu não queria
que isso saísse tão duramente. Suavizei meu tom. — Ela não
contou o que estava fazendo na cidade? Você não somou dois mais
dois?
Você não era o único. — Sim, achava que não. Mas eu realmente
não tinha base para isso. Eu nunca a conheci até esta viagem.
— Deixe-me saber como ela vai reagir quando você fizer isso.
Ouvir Neil dizer o quanto gostava dela – tanto que teve que me
ligar – foi agridoce. Eu sabia que o que sentia era ciúme, mas não
havia humano melhor do que meu irmão Neil. Ele era o oposto de
mim em todos os sentidos. Ele nunca traiu as namoradas, sempre
foi respeitoso e era o mais dedicado ao nosso pai de todos nós. Ele
também parecia o menos marcado pelo abandono de nossa mãe.
Embora fosse completamente inapropriado atacar Carly, não havia
motivo para Neil se sentir culpado. Ele não era o melhor amigo de
Brad. Não havia conflito de interesse. Ele não iria para o inferno
por sair com ela, como eu teria ido.
Esperei que ela dissesse mais alguma coisa, mas ela não disse.
Carly simplesmente fechou os olhos e encostou a cabeça no sofá.
Ela tirou os sapatos, revelando aqueles dedos pintados de
vermelho que sempre me excitavam de alguma forma.
Eu tive que rir disso. — Sim, porque tive todo esse tempo para
orquestrar a armação para você enquanto eu fazia uma caça ao
tesouro pelas malditas cuecas de Scottie. — Ri de novo. — Relaxe.
Não tive nada a ver com isso.
— Muito pequena.
— Neil não faria mal a uma mosca. Ele é a melhor pessoa que
conheço. Então você não tem motivos para não confiar nele.
— Bem, sim.
— Eu estou brincando.
Seu rosto ficou sério. — Eu não acho mais que você é um idiota,
Josh. Eu estava brincando. — Ela olhou para mim por um
momento enquanto um constrangimento pairava no ar.
Era novidade para mim também. — Sim, por que não? Não
tenho nada a perder. Não como se eu tivesse muito mais
acontecendo aqui.
JOSH
Seu rosto caiu enquanto ela passava a mão por seu longo
cabelo castanho. — Por que você concordou com este encontro se
é assim que você se sente?
Mas não pude deixar de notar como ela estava linda esta noite.
Ela usava um vestido rosa curto e tinha uma flor combinando no
cabelo. Era como uma explosão de primavera na escura e fria
Woodsboro. Mas não importava o que ela usava; ela estava sempre
muito bonita. Seu cabelo loiro tinha ficado mais comprido nas
últimas semanas e suas curvas perfeitamente posicionadas eram
a maior tentação – obrigado, sorvete de pistache. Eu tinha que me
lembrar constantemente de que não tinha nada de ter esses
pensamentos sobre a garota do Brad. O fato de ela estar saindo
com Neil era provavelmente uma bênção. Agora eu tinha o dobro
de motivos para ficar longe dela. Essa situação definitivamente
selaria o acordo.
— Tudo bem?
— Sim.
Ela fechou o tubo de rímel. — Ok, posso dizer que você não
quer entrar nisso. O que é bom. Você não me deve nenhuma
explicação.
Entrei no quarto dela. — Não sou tão fácil assim, você sabe. Eu
tive a oportunidade. Só não a aproveitei.
— É bom saber.
— Talvez eu mereça.
Besteira. Pego.
— Você fumou.
— Por que, Josh? — Ela franziu a testa. — Você estava indo tão
bem.
Agora eu definitivamente tinha que mentir. Não podia admitir
que o encontro dela com meu irmão estava me assustando. Não
podia admitir que o encontro da noite passada tinha sido uma
farsa total, principalmente para o benefício dela. E eu certamente
não podia admitir que seus lábios estavam me implorando para
beijá-los agora, o que me fez realmente precisar de outro cigarro.
Sua pergunta me fez suar. Porra. Ela podia ver através de mim.
— Por que você perguntaria isso? É claro que estou. Pareceu que
não estava?
— Na verdade, não. Mas posso ver como isso pode ser um pouco
estranho para você. Porque moramos juntos, sabe? Primeiro, você
está morando com a noiva do seu melhor amigo, e agora está
morando com uma garota que seu irmão está saindo?
— Você não é uma garota. E se sair com Neil faz você feliz,
mesmo que seja um pouco estranho, eu preciso engolir isso.
— Claro.
— A coisa da Lauren...
Agora teria sido um ótimo momento para dizer a ela que ela não
estava sozinha, que eu estava tendo todos aqueles mesmos
sentimentos e mais alguns. Mas admitir a verdade ainda era como
trair Brad. Digamos que confessasse ter sentimentos por ela.
Então, o quê? Eu não poderia fazer nada sobre isso. Então escolhi
guardar tudo para mim. Eu precisava continuar fazendo isso até
que esse arranjo de vida chegasse ao fim – quando isso
acontecesse. Enquanto Carly e eu tínhamos um compromisso para
visitar a outra casa de grupo na cidade em breve, ainda não
tínhamos ideia de quanto tempo levaria para conseguir uma
colocação para Scottie.
— Mesmo?
— Sim. Não apenas por causa da dor, mas por causa da culpa.
— Diversão...
— Faz sentido.
Fiz o seu novo favorito esta tarde, pão de abóbora! Não critique
até experimentar, Mathers.
Ele me olhou nos olhos por alguns segundos. Isso sempre foi
raro. Como um presente, realmente – não apenas porque aqueles
olhares eram poucos e distantes entre si, mas porque através de
seus olhos familiares, pude visitar Brad novamente. Por um breve
momento, meu melhor amigo ganhava vida através de Scottie.
— Deus, você se parece tanto com Brad. Talvez seja ele vindo
para me lembrar exatamente por que não devo me importar com o
que Carly está fazendo agora.
CARLY
— Você pode confiar que não vou dizer a ele nada que você não
queira.
— Oh, sim?
— Bem, Scottie tinha outros planos para mim esta noite, então
você está com sorte.
Sua hesitação foi porque ele sabia que eu estava atraída por
ele? Oh, não, ele achava que estava tentando sugerir algo? Tudo em
mim dizia que era uma má ideia esclarecer minhas intenções, ou
a falta delas, mas eu tinha que me explicar melhor, ou não
conseguiria dormir esta noite.
— Josh...
— Eu não quero que você pense que estou esperando por algo,
ou que eu iria lá. Sei que seria errado e não tenho intenção de...
— Jesus. Pare enquanto você está ganhando, Carly. Eu sei que
você não estava insinuando nada, ok? Não foi por isso que hesitei.
É apenas o princípio disso, sabe? Mesmo que no final seja apenas
uma cama, deitar-me ao seu lado ainda é... deitar ao seu lado. E
acho que me sinto estranho fazendo isso quando... ele não pode.
— Ele tem um sono muito pesado. Acho que você vai se sair
bem.
— Quem é?
— É Neil. Ele está apenas checando – provavelmente me
sondando para obter informações sobre sua reação ao encontro.
Responderei a ele pela manhã.
— Ok, sim. Vou apenas dizer a ele que estou na cama com você
— ele brincou.
— Você não acha que isso não vai acabar muito bem? — eu
brinquei.
— Isso é legal. Veja? Eu não sabia disso sobre você. Ainda bem
que perguntei.
— Ah... além do meu rosto, tem mais coisas que eu não sei?
— Você pode querer manter esse. Não posso dizer que seja
totalmente impreciso.
●●●
Na manhã seguinte, aprendi uma dura lição. Às vezes, mesmo
quando você tem as melhores intenções e tenta fazer tudo certo, a
vida ainda fode com você.
— Ah.
Coincidência? ;-)
Capítulo 16
JOSH
— Oi. — Sentei-me.
— Eu odiava.
— O que mudou?
— Não tenho certeza. — Eu balancei minha cabeça. — Talvez
esteja apenas mais maduro agora e possa apreciar todas as coisas
que costumava dar como certo, como tomar café da manhã com
meu irmãozinho. — Eu pisquei.
— Por quê?
— Você e Carly...
— Foi o jeito que ela se iluminou quando falou sobre você. Isso
me fez pensar se o desinteresse dela era menos sobre mim e mais
sobre você.
— Por quê?
— Josh, se você não pode ser honesto comigo, com quem diabos
poderá ser? Quer me dizer que você está morando com a Carly e
nada aconteceu durante todo esse tempo?
— Sim, mas não tem nada a ver com isso. Scottie furou meu
colchão de ar e o sofá parece uma pedra. Então ela insistiu que eu
dormisse na cama. Ela ficou do lado dela, e eu, do meu. Nada de...
gracinhas. — Ri do meu uso daquele Carlyismo.
— Ei, rapazes.
— Neil me convidou.
Neil bufou.
●●●
Ela se encolheu. — Será que ele acha que eu sou uma vadia
total?
●●●
Besteira. — Isso não tem a ver comigo ter escolhido não dormir
aí de novo, tem?
Seu rosto ficou rosa. — Não, claro que não. Por que você
pensaria isso?
— O quê?
CARLY
E pensei em você...
Olhei para Josh. Ele sorriu por trás de sua caneca de café.
— Estranhamente, eu sonhei.
— Simbolismo?
Quando meu café ficou pronto, servi minha caneca até onde ele
estava sentado. — Olha, faz um favor, Josh?
— O quê?
— Pode deixar.
A tarde foi abençoada. Uma vez fora, percebi que isso era muito
mais necessário do que eu imaginava. Fiz exatamente como Josh
sugeriu. Eu fui ao shopping e tive um dia de menina. Comecei me
deliciando com um café e um donut de coco na praça de
alimentação, que desfrutei em paz enquanto rolava no meu
telefone. Depois, visitei algumas lojas de departamentos e
experimentei várias roupas. Eu precisava de um maiô novo que
fosse um pouco mais modesto do que meu biquíni, já que
planejava começar a levar Scottie ao YMCA para que ele pudesse
nadar na piscina coberta.
— Não foi isso que perguntei. Minha pergunta era: se ele desse
o primeiro passo, você o impediria?
— Não, não foi isso que eu quis dizer. Estou feliz que você se
permitiu deixar de lado a culpa.
Josh: Eu não sei. Pensei que era legal... como se talvez você
valorizasse minha opinião sobre essas coisas.
Carlly: Sim.
Suspirei e digitei.
Carly: Obrigada.
Josh: PLANA6
Engraçada
Canhota
Autêntica
Difícil
Carly: Você é tão pateta, Josh. Não sabia que você sabia que
eu era canhota.
6
A palavra no original é FLAT, e ele usa adjetivos que começam com essas letras.
Josh: Mau, pateta e observador. Tenho certeza de que você
pode pensar em mais alguns adjetivos para mim. Não tenho
certeza se quero conhecê-los, no entanto.
Carly: LOL
Josh: Eu sei que você pensa que sou bom apenas no frango,
mas há outra coisa em que sou especialista em fazer.
— Comprei. — Eu sorri.
— Pode repetir?
Josh olhou para mim. — Bem, acho que sabemos como Wayne
gostava de relaxar algumas noites.
Ele riu. — Ela não era. Acho que Wayne era um homem de
peitos.
JOSH
Ela riu. — Você tem sorte que ele não usou o filtro de Andy
Warhol em seu pau e o duplicou centenas de vezes.
Ela riu. — Aposto que você vai dormir como um bebê esta noite,
hein?
— Não sei. Não tenho dormido muito bem, por mais exaustivos
que sejam os dias.
— De quê?
— De mim — eu retruquei.
Eu congelei.
— Sim...
Depois disso, por mais que eu ansiasse pela minha cama esta
noite, o sono me evitou. Eu não podia acreditar que tinha admitido
tudo isso para ela.
Em vez de lutar contra a insônia, sentei-me, peguei meu
telefone e enviei uma mensagem impulsiva.
Naomi: Claro que sim. Adoraria ver você. Faz muito tempo.
Capítulo 19
JOSH
Eu estava com tanto tesão o dia inteiro, e voltar para casa para
isso era pura tortura. Ela estava tão concentrada no que estava
fazendo que nem me ouviu entrar. Fiquei ali parado, igualmente
chocado e excitado – não chocado por ela estar gozando, mas
chocado por ter tido a sorte de testemunhar isto.
— Carly...
Seu peito subia e descia enquanto ela olhava para mim, seus
olhos nebulosos apesar de sua expressão atordoada.
Ela estava vestindo uma camiseta, mas agora eu podia ver mais
claramente que ela estava sem calcinha.
Ela assentiu.
Carly engoliu em seco, ainda olhando para mim, mas sem dizer
uma palavra.
— Eu quero ver você gozar. Mas quero que olhe para mim
enquanto faz isso. Ok?
— Diga.
— Sim.
— Próxima vez.
— Faz tanto tempo para você. Aposto que sua boceta é quase
tão apertada quanto sua bunda. Onde você me quer primeiro?
— Olhe para mim, Carly. Eu quero que você goze para mim.
Não tire os olhos de mim. Quero vê-la gozar.
Seus olhos queimaram nos meus. Em todos os meus anos de
aventuras sexuais, nunca havia jogado esse jogo antes. Havia algo
incrivelmente erótico nessa lenta tortura. Eu nunca quis nada
mais na minha vida do que gozar profundamente dentro de Carly
agora. Mas eu não faria isso. Em vez disso, aproveitaria cada
segundo enquanto ela atingia seu ponto ideal e olhava nos meus
olhos, nenhum de nós se tocando.
CARLY
Quando pude ouvir que Josh tinha acordado Scottie, tomei isso
como minha passagem para dormir. Embora não estivesse
realmente dormindo. Eu estava obcecada. Eu não tinha ideia de
como a noite passada mudaria nossa dinâmica daqui para frente.
— Não.
— Você quer um?
— Sim, isso seria ótimo — disse ele com uma voz grave.
— O que foi?
— Não?
Quando Josh abriu a porta, Lauren estava lá, e devo dizer que
a conversa entre eles foi ainda mais estranha do que aquela que
tive com Josh esta manhã. Eu quase tinha esquecido que ela viria
trabalhar esta semana depois que ele aparentemente a dispensou
após o encontro. Era a primeira vez que a agendavam aqui desde
então. Talvez ela tivesse tirado uma folga intencionalmente.
Imaginava que isso fazia duas na casa agora que tinham sido
dispensadas por Josh. Ou pelo menos foi assim que me senti
quando ele sugeriu que esquecêssemos a noite passada.
Lauren cumprimentou Scottie e o levou para seu quarto. Josh
e eu fomos mais uma vez deixados sozinhos. Não ajudava que ele
parecesse tão bom esta manhã. Seu cabelo era uma bagunça sexy
e despenteada. E toda vez que eu olhava para sua boca, via a
imagem dele lambendo meus dedos depois que eu tive um
orgasmo. Eu tive que apertar os músculos entre minhas pernas
para me impedir de ficar excitada novamente. Meu maior problema
era talvez que a noite anterior não tivesse sido suficiente para mim;
eu precisava de mais e duvidava que isso fosse acontecer. Josh
não apenas foi meticuloso em não me tocar, mas sua declaração
esta manhã praticamente selou o acordo.
— O quê?
— O fato de ela ter trocado meu pai pelo irmão dele? Que meu
tio fez isso com meu pai? Eu nunca poderia perdoá-lo. Então, como
diabos eu poderia me perdoar por ir atrás da garota do meu irmão?
Porque Brad era meu irmão em tudo o que importava. Estou
contando isso porque preciso que você entenda que eu sou o
problema aqui, ok? Isso não tem nada a ver com você. Eu sinto
que uma parte de você pensa que sim. — Ele balançou sua cabeça.
— Você é incrível pra caralho, Carly, e o homem que ficar com você
um dia vai ser um bastardo sortudo.
CARLY
— Carly?
Ele se afastou para olhar para mim, suas mãos envolvendo meu
rosto. Eu mal conseguia distinguir sua expressão à luz das velas.
Josh pressionou sua testa suavemente contra a minha e apenas
respiramos juntos por alguns segundos. Eu suspeitava que ele
entendia por que surtei tanto.
— Josh...
— O quê, baby?
— Sim. Deve ser por isso que exagerei. Mas não era apenas
sobre o meu trauma... não sabia o que faria se algo acontecesse
com você.
CARLY
— Ok.
— Isso deve ser difícil – um homem viril como ele não fazendo
sexo regularmente?
Algo estava errado comigo, porque assim que ela disse isso,
minha mente foi para Josh em cima de mim e senti que estava
ficando molhada. Meu corpo ficou sensível até mesmo ao
pensamento de algo sexual com ele.
●●●
Mas quando ele me fez uma pergunta direta, não pude mais
negar meus planos.
— Sim. Um encontro.
— O que sabe sobre esse cara que você vai encontrar? — Josh
perguntou enquanto limpava um prato.
— Só que ele é amigo de Rob, e ele foi muito legal da última vez
que jantei com eles. Ele simplesmente estava lá da última vez. Ele
é professor de biologia.
— Sim.
— Para o Oregon?
— Ou isso ou a Califórnia?
— Eu adoraria.
— Ótimo.
Josh assentiu. — Antes deste ano, o Natal era a única vez que
eu voltava para casa. Mas tomei cuidado para nunca perder um.
— Não sei do que você está falando. — Ele me deu uma olhada.
— O quê?
— Eu sei que não. E não teria vergonha. Mas não pedi isso para
mim.
— Não.
— Exatamente.
Sempre houve uma tensão sexual entre mim e Josh, mas ela
se intensificou o dia todo. Ele não se atrevia a admitir, mas sentia
que ele não queria que eu saísse hoje à noite.
Até doer.
JOSH
— Oi.
— Merda.
— Por quê?
Carly nunca viu Michael, então ela não teria ideia de quem ele
era.
— Claro que não. É melhor que ela não saiba que estou aqui.
Mas posso lhe enviar mensagens atualizadas sobre o que estou
vendo.
— O quê?
Ele olhou para cima por um momento fugaz antes de voltar sua
atenção para o iPad.
Quando senti que estava prestes a gozar, puxei meu pau para
fora de seus lábios, curtindo demais o som de estalo que se seguiu.
Quase gozei quando ela lambeu os lábios, engolindo o pouco de
pré-sêmen que os manchava.
CARLY
Ele não usava nada além de jeans. Meus olhos caíram em seu
peito sem camisa, seu corpo era outro lembrete de todas as
maneiras pelas quais ele me penetrou. Outro lembrete, porque o
maior era o fato de eu estar dolorida entre as pernas. Eu já o queria
de novo, e isso seria um problema recorrente agora que eu sabia
como era tê-lo.
Fui até o sofá para sentir a testa de Scottie. — Eita. Você tem
razão. Ele está quente.
— Ok.
— Você precisa de alguma coisa enquanto estou fora?
— Ok... já volto.
Mas sabia com o que Josh poderia lidar, e isso não incluía eu
me apaixonar por ele dessa forma. Ele tinha muita culpa não
resolvida quando se tratava de seu melhor amigo. Eu não seria
responsável por piorar isso.
— Obrigada.
Enquanto eu o observava se atrapalhar com as cápsulas de
café, percebi como ele estava tenso. Eu obviamente sabia por quê.
E não aguentava mais o silêncio.
— Incrível pra caralho — disse ele. — Mas ainda não descobri como lidar
com isso.
— Alô?
— Sim?
— Sim...
— Não acredito que estou dizendo isso, mas parece que temos
uma vaga na casa coletiva para a qual você se candidatou. A que
fica na Jones Avenue.
Josh sentou-se com ele em seu quarto até que Scottie estivesse
totalmente adormecido, e eu estava em nossa pequena lavanderia
descarregando a máquina de lavar quando ele finalmente saiu. Eu
o senti vir atrás de mim.
— Mmm-hmm.
— Fiquei olhando para elas o dia todo, querendo fazer mais. —
Ele chupou meu pescoço. — Não consigo parar de pensar em foder
você, meu esperma dentro de você. Eu fiquei duro toda vez que
você passou por mim hoje. Sinto que estou ficando louco.
— Josh...
JOSH
— Nós também. Mas eles têm uma vaga para ele. Ele está se
mudando depois do ano novo.
— Não tenho certeza se ele vai beber essa coisa. Ele é peculiar
com relação às escolhas alimentares. Mas eu me lembro que ele
costumava gostar das luzes da árvore de Natal do Wayne. Como
este será seu último Natal naquela casa, eu não poderia deixar de
comprar uma árvore para ele. — Senti meus olhos começarem a
lacrimejar. — Que porra é essa? Isso quase me fez chorar agora
quando pensei que ele nunca mais voltaria.
Carly estava pronta para sair quando voltei para casa naquela
tarde. Eu mandei uma mensagem para ela para dizer-lhe para
estar pronta. Ela parecia uma maldita princesa da neve, vestindo
um casaco branco com um chapéu branco combinando e um
cachecol listrado de pirulito.
Ele pareceu entender por que não nos deu problemas para
vestir o casaco. Na maioria das vezes, ele resistia quando você
tentava tirá-lo de casa, mas felizmente não hoje.
Como eu suspeitava que Scottie não iria querer ficar aqui tanto
tempo, levei ele e Carly até uma área onde havia várias árvores
menores.
Uau. Aí estava.
Eu sabia que ele tinha algum glitter que Lauren trouxe para
fazer artesanato com ele. Também encontrei um pouco de cola.
Voltei para a sala e peguei um dos enfeites do Walmart,
cuidadosamente usando a cola para escrever CARLY antes de
espalhar brilhos sobre ele. A purpurina acabou espalhada pelo
chão, mas ninguém parecia se importar.
— Olhe para ele — disse ela. — Ele está tão feliz agora.
— Nada.
CARLY
— Obrigada, Neil.
— Nunca vi meu irmão olhar para ninguém do jeito que ele olha
para você. Eu sei que existem razões para ouvir que podem ser
agridoces. Mas apenas uma observação. Também notei a maneira
como você falou sobre ele em nosso encontro. Talvez vocês dois
estejam em negação. Mas posso ver que vocês gostam muito um
do outro.
— Bem, agora eu sei que ela bebeu demais. — Josh sorriu para
mim, e isso me deu calafrios.
Eu me senti corando.
— Oh, legal.
O pai de Josh, Tom, foi o primeiro. Ele era a pessoa que me foi
designada. Josh me disse que seu pai era um ávido pescador,
então eu comprei para ele alguns equipamentos na Bass Pro
Shops. Fiquei arrepiada ao vê-lo abrir o presente, realmente
esperando que ele não ficasse desapontado.
Depois que o Sr. Mathers percebeu que os itens eram meus, ele
se levantou e me deu um abraço. — Carly, eu não poderia ter
escolhido um presente melhor. Obrigado, querida. Como você
sabia do que eu gosto?
Ele tinha vários outros com ele esta noite, mas Scottie
examinou o novo dispositivo com grande interesse. Ela já o tinha
carregado com muitos de seus aplicativos favoritos. Josh devia tê-
la ajudado com isso.
Em seguida, as crianças abriram seus presentes. Eles foram
designados um ao outro. Max comprou roupas para Maya na
Hollister, e ela deu a ele um vale-presente para uma loja de jogos
e alguns doces.
JOSH
Carly olhou para Scottie, que estava jogando em seu iPad. Ele
não parecia entender a magnitude deste dia, ou pelo menos não
estava demonstrando.
Isso meio que me lembrou do que eu teria que fazer com meus
sentimentos por ela – afastar-me de tudo de uma vez. Não apenas
tínhamos que nos despedir de Scottie hoje, mas nos despediríamos
um do outro amanhã.
Eu me mexi.
Era Scottie.
Por algum milagre, quando saímos pela segunda vez, ele não
nos seguiu. Mas eu não conseguia olhar para trás, temendo que
essa fosse uma daquelas raras vezes em que ele me olharia nos
olhos. Isso tornaria impossível ir embora.
— Eu não acho que ele entendeu – que não vamos voltar para
levá-lo para casa nunca mais.
— Espero que fique mais fácil para mim também — ela fungou.
— Porque agora isso parece insuportável.
— Vamos pegar um pouco de sorvete de pistache e vinho a
caminho de casa. Devemos tentar relaxar. Nós dois temos que
acordar cedo amanhã.
Havia algo que eu ainda não havia dito a ela. Eu mal podia
esperar, para ser honesto. Eu sabia que não iria melhorar tanto o
humor dela, mas esperava que ajudasse. Eu só queria esperar até
que estivéssemos de volta em casa.
●●●
Carly foi até o quarto dele. Muito ainda ficou para trás.
— Comprei de Lorraine.
Ela enxugou os olhos. — Não acredito que você fez isso. — Ela
sorriu. — Não me sinto mais tão triste por deixá-lo, sabendo que
esta ainda será sua casa.
— Ótimo. Porque não quero que você se sinta culpada, Carly.
Você foi além do que qualquer outra pessoa em seu lugar teria
feito. Você deixou Brad orgulhoso. E você merece toda a felicidade
do mundo.
●●●
— Eu vou.
A tristeza em seus olhos era palpável. Ela parecia exatamente
como eu me sentia. Nenhum de nós parecia querer ir embora, mas
aqui estávamos nós, prestes a nos despedir.
— Não sei...
CARLY
— Lorraine diz que ele parece bem quando ela passa lá para
deixar a comida dele. Eu preciso visitá-lo eventualmente. Prometi
que faria. Não quero nem saber se ele me entendeu. Só preciso vê-
lo novamente por mim mesma, para saber que ele está bem. Então,
estou pensando que talvez no próximo Natal.
Ela riu. — Eu posso ver como isso pode ser uma droga.
— Sim. — Ela falou com a boca cheia. — Como você sabe que
ele não tem nada a ver com você e Josh ficando juntos? Tudo é
possível.
— Ou, ele pode estar rolando em seu túmulo porque eu fiz sexo
desprotegido várias vezes com seu melhor amigo. Meu dinheiro
está nesse cenário.
— Falando nisso... — Ela tomou um gole. — Eu nunca
perguntei sobre o sexo. Você tem sido muito indiferente sobre isso.
Mas tenho certeza de que foi incrível.
Eu corei. — Foi.
●●●
Quando entrei no clube, ficou bem claro que aquilo era mais do
que apenas uma festa. Christina me apresentou a um cara com
quem ela aparentemente já tinha saído e – surpresa – ele tinha um
amigo que por acaso veio com ele para o evento.
Isso foi uma armação. Ela disse que ia me ajudar a voltar para
lá e, aparentemente, ela quis dizer isso.
— Provavelmente não.
— Eu gostaria de ir embora.
Mas acabei não indo direto para casa, afinal. Em vez disso, dei
uma longa caminhada por um píer próximo. À medida que o sol se
punha, havia tanta gente feliz a passear, preparando-se para
desfrutar de uma noite de sexta-feira nos seus barcos de festa.
JOSH
Sydney foi quem mais falou esta noite. Ela me contou que seu
divórcio foi finalizado recentemente e ela havia acabado de entrar
novamente na cena do namoro.
— Sim.
Outra mentira. Essa não era a razão pela qual não estávamos
juntos. Eu teria ido a qualquer lugar por Carly, se as coisas fossem
mais simples.
Talvez tivesse sido assim que começou. Mas aqui estava eu,
longe de Carly agora e ainda pensando nela todos os dias, meu
corpo ainda ansiando por ela. Portanto, isso não era exatamente
situacional para mim. Meus sentimentos por ela tinham passado
para a minha vida cotidiana normal agora também. Acho que era
isso que acontecia quando alguém entrava no seu coração. Não
importava onde estivesse; ela estaria lá com você.
Fiquei na mesa para pagar depois que ela saiu, rolando no meu
telefone. Percebi que de alguma forma tinha perdido uma
mensagem de Carly.
Josh: Desculpe por não ter visto isso. Mas como você sabia
que eu estava pensando em você esta noite?
— Ei — falei.
— Eu estava.
— Como foi?
Após uma breve pausa, ela disse: — É tão bom ouvir sua voz.
Isso é realmente tudo que eu queria.
— Como foi?
— Ele ficou muito feliz em me ver. Ele disse que sentia que eu
o odiava e que isso o impedia de entrar em contato comigo, disse
que não queria me aborrecer. Sei que, de certa forma, isso é
besteira, pois quem ama seu filho, não importa o que aconteça,
entra em contato com ele. Mas percebi, durante a viagem, que ele
tem uma certa imaturidade que afeta a maneira como ele lida com
as coisas. Não acho que ele seja uma pessoa ruim, nem acho que
tenha a intenção de me machucar. Mas também acho que ele não
me ama como eu gostaria que amasse.
Não, você não perdeu, eu queria gritar. Mas sabia que não
haveria como voltar atrás se eu o fizesse. Mais do que isso, eu não
iria ofuscar uma declaração sobre o amor genuíno de Brad por ela,
desencadeando uma revelação inadequada de minha autoria, com
um timing impecável. Também não queria dar a ela falsas
esperanças quando deveríamos ter terminado as coisas.
— Bem, estou feliz que minha merda pode ajudar você, Josh.
— Eu sei que está feito. Mas... eu penso muito sobre isso — ela
admitiu. — Foi o melhor sexo da minha vida.
Uau.
CARLY
— O que aconteceu?
— Eu vou.
●●●
— Vamos — eu insisti.
— Acho que você não dormiu ontem à noite? — ele disse a Josh.
— Não, senhor.
Lorraine ligou para nos dizer que havia saído da casa de Wayne
para tomar banho em sua casa e dormir algumas horas, então a
casa estava vazia quando voltamos. As coisas estavam tão quietas
que era quase assustador quando Josh e eu nos sentamos um de
frente para o outro na mesa da cozinha e devoramos nossa comida.
Em um ponto, nossos olhos se encontraram. A expressão de Josh
era tão desesperada quanto imaginava que a minha fosse agora.
CARLY
Ele olhou para mim. — Ele está vivo. Eles o encontraram. Ele
está vivo! Ele está bem.
Olhei para minha camisa xadrez. — Acho que você quer dizer
ridícula. — Eu ri. — Como você fez esse frango tão rápido?
— Mesmo?
Era tarde. Depois que Josh levou Scottie para seu quarto para
colocá-lo na cama, fui para o quarto de Wayne, esperando que
Josh não tentasse dormir no sofá. Eu estava hesitante em trazer à
tona o assunto de onde ele estaria dormindo, porque o assunto
parecia banal em comparação com tudo o que tínhamos passado
hoje. Decidi deixar as coisas acontecerem por conta própria.
Abri a sacola com as coisas que ele comprou para mim. Peguei
uma linda calça de moletom rosa e um casaco de moletom
combinando que meio que parecia ter vindo do departamento
júnior. Mas caberiam em mim. Ele também conseguiu um pacote
de seis calcinhas com corte de biquíni que realmente foi aberto.
Então meu queixo caiu quando tirei o pijama que ele mencionou.
Era um macacão adulto com pés!
— Que diabos?
CARLY
— Oi...
— Como um bebê.
Sim.
Sim.
Sim.
Scottie.
— Scottie! — Eu ri.
— Sim, por favor. — Sorri. — Você está todo sexy com essa
camiseta enquanto eu pareço o coelhinho da Páscoa.
Sem saber se ele queria falar sobre Scottie ou sobre nós, não
pedi que ele explicasse; uma parte de mim estava com medo de
descobrir.
— Eu só quero aproveitar este dia sem nenhum estresse —
disse ele.
Juntei meus dedos aos dele. — Você não vai me ouvir reclamar
sobre isso.
●●●
— E se não o fizerem?
— Absolutamente.
— Sim — eu respirei.
Meus músculos se contraíram quando ele posicionou seu pau
quente e rígido contra mim, deslizando-o pelas nádegas da minha
bunda.
— Leve-me — eu implorei.
Seu pau duro ainda estava bem contra minhas nádegas, mas
não me penetrando ainda.
— Mal posso esperar para ver meu pau entrar e sair de você e
gozar dentro de você novamente.
Impulso.
Impulso.
— Também senti sua falta, amor. Vou para o inferno por isso,
mas não dou a mínima agora. Eu preciso muito de você. Cansei de
tentar fingir que não.
— O quê, baby?
JOSH
— Não, não. Desculpe. — Olhei por trás de seu ombro para uma
grande estátua religiosa que Wayne provavelmente pagou no
vestíbulo vazio. — Estou... apenas curioso sobre este lugar.
Significou muito para alguém que significou muito para mim.
— Claro. Obrigado.
— Waine Longo.
— Uau.
— Você está dizendo que Brad não ficaria com raiva de mim por
basicamente viver a vida que ele deveria ter aqui? Ele não acharia
isso injusto?
— Carly.
●●●
— Exatamente.
Ela olhou para baixo. A incerteza com a qual eu sabia que ela
estava lutando era tangível. Isso era minha culpa. Deixei tudo no
limbo antes de ir para Chicago. Isso porque eu ainda estava me
agarrando à culpa que estava me segurando. Não mais.
Sua resposta foi pular de seu assento, vir até nós e pressionar
o ícone de banho novamente em seu dispositivo.
Dei um tapinha nas costas dele. — Bem jogado, meu homem.
Seu plano de fuga não apenas trouxe você de volta para onde você
pertence, mas finalmente me deu algum sentido. Eu tenho que
agradecer por nos trazer de volta aqui.
CARLY
UM ANO DEPOIS
Huh. Interessante.
Falando em Josh, ele esteve fora por muito tempo esta tarde, e
eu estava ansiosa para que ele voltasse para casa. Ele disse que
tinha algumas coisas para fazer, mas estava fora há algumas
horas.
Suspiros. Dito isso, uma parte de mim ainda queria ser sua
esposa.
O resto da tarde, eu estava no limite. Ficou pior quanto mais
tempo Josh ficou fora. Fosse qual fosse a surpresa, eu me
perguntava se tinha dado errado. Ele me disse que estaria de volta
em breve, mais de uma hora atrás.
Bubba-Hank?
— Claro que não. Não sou um ladrão como você. — Ele piscou.
— Oh, não. — Eu olhei para ele. — Mas como diabos você sabia
disso? Você a perseguiu ou algo assim?
FIM.