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Resumao STF Informativos 2023
Resumao STF Informativos 2023
“O candidato estrangeiro tem direito líquido e certo à nomeação em concurso público para
provimento de cargos de professor, técnico e cientista em universidades e instituições de pesquisa
científica e tecnológica federais, nos termos do art. 207, § 1º, da Constituição Federal, salvo se a
restrição da nacionalidade estiver expressa no edital do certame com o exclusivo objetivo de
preservar o interesse público e desde que, sem prejuízo de controle judicial, devidamente
justificada.”
“A equiparação de carreira de nível médio a outra de nível superior constitui forma de provimento
derivado vedada pelo art. 37, II, da CF/88.”
“Não cabe ao Poder Judiciário, sob o fundamento de isonomia, conceder retribuição por
substituição a advogados públicos federais em hipóteses não previstas em lei.”
“I - É constitucional a aplicação do piso salarial nacional dos Agentes Comunitários de Saúde e
Agentes de Combate às Endemias, instituído pela Lei 12.994/2014, aos servidores estatutários dos
entes subnacionais, em consonância com o art. 198, § 5º, da Constituição Federal, com a redação
dada pelas Emendas Constitucionais 63/2010 e 120/2022, cabendo à União arcar com os ônus da
diferença entre o piso nacional e a legislação do ente municipal; II - Até o advento da Lei
9.646/2022, a expressão ‘piso salarial’ para os Agentes Comunitários de Saúde e Agentes de
Combate às Endemias corresponde à remuneração mínima, considerada, nos termos do art. 3º,
inciso XIX, da Lei 8.629/2014, somente a soma do vencimento do cargo e da gratificação por
avanço de competências.”
“O regime de subsídio não é compatível com a percepção de outras parcelas inerentes ao exercício
do cargo, mas não afasta o direito à retribuição pelas horas extras realizadas que ultrapassem a
quantidade remunerada pela parcela única.”
“Aos servidores públicos estaduais e municipais é aplicado, para todos os efeitos, o art. 98, § 2° e §
3°, da Lei 8.112/1990.”
civil
constitucional
“É inconstitucional, por violação do art. 132 da CF, a criação de órgão ou de cargos jurídicos fora
da estrutura da Procuradoria do Estado, com funções de representação judicial, consultoria ou
assessoramento jurídico de autarquias e fundações públicas estaduais.”
“Ofende a autonomia administrativa das Defensorias Públicas decisão judicial que determine a
lotação de defensor público em localidade desamparada, em desacordo com os critérios
previamente definidos pela própria instituição, desde que observados os critérios do art. 98, caput e
§ 2º, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT.”
“Há um estado de coisas inconstitucional no sistema carcerário brasileiro, responsável pela violação
massiva de direitos fundamentais dos presos. Tal estado de coisas demanda a atuação cooperativa
das diversas autoridades, instituições e comunidade para a construção de uma solução satisfatória.
2. Diante disso, União, Estados e Distrito Federal, em conjunto com o Departamento de
Monitoramento e Fiscalização do Conselho Nacional de Justiça (DMF/CNJ), deverão elaborar
planos a serem submetidos à homologação do Supremo Tribunal Federal, nos prazos e observadas
as diretrizes e finalidades expostas no presente voto, especialmente voltados para o controle da
superlotação carcerária, da má qualidade das vagas existentes e da entrada e saída dos presos. 3. O
CNJ realizará estudo e regulará a criação de número de varas de execução penal proporcional ao
número de varas criminais e ao quantitativo de presos.”
“Em respeito à autonomia federativa, não viola o art. 37, V, da Constituição a lei estadual que
considera as promoções entre entrâncias para o escalonamento dos subsídios da carreira da
magistratura.”
militar
“1) A perda da graduação da praça pode ser declarada como efeito secundário da sentença
condenatória pela prática de crime militar ou comum, nos termos do art. 102 do Código Penal
Militar e do art. 92, I, ‘b’, do Código Penal, respectivamente. 2) Nos termos do artigo 125, § 4º, da
Constituição Federal, o Tribunal de Justiça Militar, onde houver, ou o Tribunal de Justiça são
competentes para decidir, em processo autônomo decorrente de representação do Ministério
Público, sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças que teve contra
si uma sentença condenatória, independentemente da natureza do crime por ele cometido.”
“É constitucional norma legal que veda aos servidores titulares de cargo efetivo de agências
reguladoras o exercício de outra atividade profissional, inclusive gestão operacional de empresa, ou
de direção político-partidária.”
“1. É inconstitucional, por ausência de simetria com as competências do TCU e por afronta à
separação de poderes, lei que condicione genericamente o repasse de recursos federais à prévia
aprovação de projeto pelo Tribunal de Contas da unidade federativa destinatária das verbas. 2. É
inconstitucional, por contrariedade ao art. 70 e incisos da CF/88 e por desrespeito à autonomia
federativa, lei federal que atribua aos tribunais de contas estaduais competência para analisar contas
relativas à aplicação de recursos federais.”
“O ato de qualquer dos poderes públicos restritivo de publicidade deve ser motivado
objetiva, específica e formalmente, sendo nulos os atos públicos que imponham, genericamente e
sem fundamentação válida e específica, impeditivo do direito fundamental à informação.”
“É inconstitucional lei estadual que autoriza o cômputo de gastos previdenciários como despesas
com manutenção e desenvolvimento do ensino.”
“1. É constitucional norma estadual que, sem afastar a aplicação da legislação nacional em
matéria ambiental (inclusive relatório de impacto ambiental) e o dever de consulta prévia às
comunidades indígenas e tradicionais, quando diretamente atingidas por ocuparem zonas contíguas,
autoriza a concessão à iniciativa privada da exploração de serviços ou do uso de bens imóveis do
Estado; 2. A concessão pelo Estado não pode incidir sobre áreas tradicionalmente ocupadas por
povos indígenas, remanescentes quilombolas e demais comunidades tradicionais.”
“É inconstitucional, por violação à competência da União para legislar sobre direito civil e seguros
(CF/1988, art. 22, I e VII), lei estadual que estabelece obrigações contratuais para operadoras de
planos de saúde.”
“É inconstitucional, por violação à competência legislativa privativa da União, a lei estadual que
autoriza a seus órgãos de segurança pública a alienação de armas de fogo a seus integrantes, por
meio de venda direta.”
“É inconstitucional lei estadual que (a) reduza o conceito de pessoas com deficiência
previsto na Constituição, na Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência, de estatura constitucional, e na lei federal de normas gerais; (b) desconsidere, para a
aferição da deficiência, a avaliação biopsicossocial por equipe multiprofissional e interdisciplinar
prevista pela lei federal; ou (c) exclua o dever de adaptação de unidade escolar para o ensino
inclusivo.”
“A suspensão dos direitos políticos prevista no artigo 15, III, da Constituição Federal (‘condenação
criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos’) não impede a nomeação e posse de
candidato aprovado em concurso público, desde que não incompatível com a infração penal
praticada, em respeito aos princípios da dignidade da pessoa humana e do valor social do trabalho
(CF, art. 1º, III e IV) e do dever do Estado em proporcionar as condições necessárias para a
harmônica integração social do condenado, objetivo principal da execução penal, nos termos do
artigo 1º da LEP (Lei nº 7.210/84). O início do efetivo exercício do cargo ficará condicionado ao
regime da pena ou à decisão judicial do juízo de execuções, que analisará a compatibilidade de
horários.”
“São inconstitucionais normas que atribuem a emissão de pareceres opinativos aos auditores de
Tribunal de Contas estadual, por incompatibilidade com a função de judicatura de contas
estabelecida pelos arts. 73, § 4º, e 75, caput, da Constituição.”
eleitoral
“Em atenção aos princípios democrático, da soberania popular e da centralidade dos partidos
políticos no sistema proporcional, o parágrafo único do art. 16-A da Lei 9.504/1997 deve ser
interpretado no sentido de excluir do cômputo para o respectivo partido apenas os votos atribuídos
ao candidato cujo registro esteja indeferido ‘sub judice’ no dia da eleição, não se aplicando no caso
de candidatos com pedido de registro deferido ou não apreciado.”
A mora legislativa na edição de lei complementar para proceder aos ajustes necessários à
adequação do número de deputados federais à proporção da população de cada estado e do Distrito
Federal configura omissão inconstitucional do Congresso Nacional em dar efetividade à segunda
parte do art. 45, § 1º, da CF/1988.
“É inconstitucional a omissão do poder público em ofertar, nas zonas urbanas em dias de eleições, transporte
público coletivo de forma gratuita e em frequência compatível com aquela praticada em dias úteis.”
PENAL
Compete ao STF processar e julgar ação penal ajuizada contra civis e militares não
detentores de foro privilegiado quando existir evidente conexão entre as suas condutas e as apuradas
no âmbito mais abrangente de procedimentos em trâmite na Corte que envolvam investigados com
prerrogativa de foro
Não comete o crime de apropriação indébita (CP/1940, art. 168, § 1º, II), pois ausente a
elementar “coisa alheia”, o sócio-administrador, nomeado depositário judicial, que deixa de
transferir o montante penhorado do faturamento da empresa para a conta judicial determinada pelo
juízo da execução.
A dosimetria da pena é uma fase independente do julgamento, razão pela qual todos os
ministros possuem o direito de se manifestar, independentemente de terem votado no sentido da
absolvição ou condenação do réu.
São constitucionais — por não violarem os preceitos dos arts. 3º, I a IV, e 5º, “caput”, ambos
da CF/1988 nem o princípio da proporcionalidade, sob a perspectiva da proibição da proteção
deficiente — dispositivos de leis que estabelecem a suspensão da pretensão punitiva estatal, em
consequência do parcelamento de débitos tributários, bem como a extinção da punibilidade do
agente, se realizado o pagamento integral.
“O prazo para a prescrição da execução da pena concretamente aplicada somente começa a correr
do dia em que a sentença condenatória transita em julgado para ambas as partes, momento em que
nasce para o Estado a pretensão executória da pena, conforme interpretação dada pelo Supremo
Tribunal Federal ao princípio da presunção de inocência (art. 5º, inciso LVII, da Constituição
Federal) nas ADC 43, 44 e 54.”
O dano moral sofrido pela vítima é inerente aos crimes praticados contra a mulher no âmbito
doméstico e familiar, de modo que a fixação do respectivo valor mínimo indenizatório (CPP/1941,
art. 387, IV) pressupõe o respeito aos princípios do contraditório e da ampla defesa, viabilizados
pela oportunidade de manifestação do réu durante o curso da ação penal.
É inconstitucional — por contrariar os princípios da dignidade da pessoa humana (CF/1988, art. 1º,
III), da proteção à vida (CF/1988, art. 5º, “caput”) e da igualdade de gênero (CF/1988, art. 5º, I) —
o uso da tese da “legítima defesa da honra” em crimes de feminicídio ou de agressão contra
mulheres, seja no curso do processo penal (fase pré-processual ou processual), seja no âmbito de
julgamento no Tribunal do Júri.
“O art. 268 do Código Penal veicula norma penal em branco que pode ser complementada
por atos normativos infralegais editados pelos entes federados (União, Estados, Distrito Federal e
Municípios), respeitadas as respectivas esferas de atuação, sem que isso implique ofensa à
competência privativa da União para legislar sobre direito penal (CF, art. 22, I).”
“É constitucional o sequestro de verbas públicas pela autoridade judicial competente nas hipóteses
do § 4º do art. 78 do ADCT, cuja normatividade veicula regime especial de pagamento de
precatórios de observância obrigatória por parte dos entes federativos inadimplentes na situação
descrita pelo caput do dispositivo” No caso de atraso na quitação das parcelas de precatório, o
sequestro de verbas públicas pela autoridade judicial é constitucional, pois configurado
descumprimento ao regime especial de pagamento (ADCT, art. 78), cuja adesão dos entes
federativos inadimplentes é obrigatória.
2
3CPC/2015: “Art. 1º O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e as normas fundamentais
da proporcionalidade e da razoabilidade — as medidas atípicas previstas no CPC/2015 destinadas a
assegurar a efetivação dos julgados.
“1. A Justiça Comum é competente para julgar ação ajuizada por servidor celetista contra o Poder
Público, em que se pleiteia parcela de natureza administrativa, modulando-se os efeitos da decisão
para manter na Justiça do Trabalho, até o trânsito em julgado e correspondente execução, os
processos em que houver sido proferida sentença de mérito até a data de publicação da presente ata
de julgamento.” Compete à Justiça Comum o julgamento de ação na qual servidor celetista
demanda parcela de natureza administrativa contra o Poder Público.
É inconstitucional — por usurpar a competência do STJ (CF/1988, arts. 105, I, “a” e “c”; e
128, I, “d”) — norma que atribui ao TJDFT a competência originária para processar e julgar ações
de “habeas corpus” nas quais figurem como autoridades coatoras (i) o Presidente e membros do
TJDFT; (ii) o Presidente e membros do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF); e (iii) o
Procurador-Geral de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios.
estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil, observando-se as disposições deste Código; (...) Art. 8º Ao aplicar o
ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da
pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência. (...) Art. 805. Quando
por vários meios o exequente puder promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o executado.
Parágrafo único. Ao executado que alegar ser a medida executiva mais gravosa incumbe indicar outros meios mais eficazes e menos
onerosos, sob pena de manutenção dos atos executivos já determinados.”
relacionadas à controvérsia constitucional objeto de apreciação.
“O Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) não possui natureza investigativa, podendo ser
lavrado por integrantes da polícia judiciária ou da polícia administrativa.” É constitucional — por
ausência de usurpação das funções das polícias judiciárias — a prerrogativa conferida à Polícia
Rodoviária Federal de lavrar termo circunstanciado de ocorrência (TCO), o qual, diversamente do
inquérito policial, não constitui ato de natureza investigativa, dada a sua finalidade de apenas
constatar um fato e registrá-lo com detalhes.