Você está na página 1de 49

Professora autora/conteudista:

ELISABETE MARIUCCI LOPES


É vedada, terminantemente, a cópia do material didático sob qualquer
forma, o seu fornecimento para fotocópia ou gravação, para alunos
ou terceiros, bem como o seu fornecimento para divulgação em
locais públicos, telessalas ou qualquer outra forma de divulgação
pública, sob pena de responsabilização civil e criminal.


SUMÁRIO
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

1. Origem e evolução histórica do Direito Previdenciário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

2. O Direito Assistencial e Previdenciário no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

3. Princípios do Direito Previdenciário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

4. Fontes do Direito Previdenciário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

5. Regime Geral da Previdência Social . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14


5.1 Segurados obrigatórios e facultativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
5.1.1 Dos empregados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17
5.1.2 Dos empregados domésticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
5.1.3 Trabalhador avulso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
5.1.4 Segurado especial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
5.1.5 Contribuinte individual (antigo autônomo) . . . . . . . . . . . . . . 20
5.1.6 Filiação e inscrição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
5.1.7 Dos beneficiários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
5.1.8 Qualidade de segurado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

6. Do plano de benefícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
6.1 Carência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
6.2 Do salário de benefícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
6.3 Do salário de contribuição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

7. Dos benefícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
7.1 Auxílio reclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
7.2 Auxílio doença . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
7.3 Aposentadoria por invalidez . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
7.4 Auxílio acidente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
7.5 Pensão por morte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
7.6 Salário maternidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
7.7 Aposentadoria por idade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
7.8 Aposentadoria por tempo de contribuição (antiga aposentadoria
por tempo de serviço) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
7.9 Aposentadoria especial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

8. Custeio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

Referências bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47


INTRODUÇÃO
Desde a Primeira Revolução Industrial, o Direito Previdenciário tem sido um dos temas de
maior relevância entre a classe laboral, visto que a existência digna depende de boas condições
de trabalho. A natural preocupação em prover subsistência para si e para os entes próximos fez
surgir primeiramente o assistencialismo, que sofreu diversas modificações até que se chegasse ao
atual modelo de seguridade social (englobando saúde, assistência e previdência, cujos requisitos
de concessão de benefícios estão sendo discutidos no Projeto de Lei da Reforma Previdenciária).

As regras mudam, mas as bases permanecem as mesmas, de modo que abordaremos a origem
e o desenvolvimento do Direito Previdenciário de acordo com o contexto histórico. Após análise dos
aspectos propedêuticos, serão abordados os benefícios e os requisitos para concessão.

1. ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO PREVIDENCIÁRIO


Figura 1 – Direito Previdenciário

Fonte: 101cats/iStock

O Direito Previdenciário constitui um dos pilares da Seguridade Social, que é formada, conforme
art. 194 da Constituição Federal de 1988, também por normas de saúde e de assistência. Ou seja,
a seguridade social é formada por três pilares: saúde, assistência e previdência social.

A rede de saúde é ofertada a todas as pessoas, independentemente de contribuição, por meio


do SUS (Sistema Único de Saúde). No Brasil, a saúde é pública, universal e gratuita. A assistência
social também independe de contribuição, sendo disponibilizada aos mais carentes de acordo com
as regras estabelecidas pela Constituição Federal e pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS)
– Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993.

Pág. 4 de 49


A previdência, por sua vez, somente é prestada aos segurados contribuintes e seus dependentes,
observadas as exigências legais.

O atual formato é, na verdade, fruto de uma evolução histórica que parte da assistência social.
Sabe-se que, desde antes de Cristo, sempre existiu a assistência privada, pela qual os particulares
auxiliam as pessoas necessitadas de forma espontânea ou por imposição legal. Em Roma, por
exemplo, as famílias tinham obrigação de prestar assistência aos servos e clientes (pessoas que,
apesar de não serem escravas, eram submetidas a uma dura rotina de trabalho).

Por sua vez, a assistência pública, ou seja, aquela em que o Estado assume o dever de amparar
as pessoas necessitadas, surgiu somente em 1601, na Inglaterra, com a Lei dos Pobres (Poor Law
Act). Esta atribuía às paróquias o dever de desenvolver programas para minimizar a miséria da
população, dando proteção às crianças pobres, proporcionando trabalho aos desempregados e
amparo aos idosos e inválidos.

Essa mesma lei criou uma contribuição obrigatória com objetivo de subsidiar os programas,
que deveria ser paga por todos os ocupantes e usuários de terras. Em conjunto, foi instituído um
sistema de fiscalização para certificar o correto emprego do dinheiro recebido pelas paróquias
(HORVATH, 2018).

Como já explanado, a Lei dos Pobres era uma lei inglesa, portanto restrita ao povo inglês. Na
sequência, em 1789, a França tratou de inserir um modelo de proteção social de caráter público na
Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, conforme arts. 12 e 13, que assim dispõem:

Art. 12. A garantia dos direitos do homem e do cidadão necessita de uma força pública.
Esta força é, pois, instituída para fruição por todos, e não para utilidade particular
daqueles a quem é confiada.

Art. 13. Para a manutenção da força pública e para as despesas de administração é


indispensável uma contribuição comum que deve ser dividida entre os cidadãos de
acordo com suas possibilidades.

Até esse momento, verificaram-se apenas regras relativas à assistência social, ou seja, prestações
ofertadas sem necessidade de contribuição do beneficiado.

O chamado sistema de seguro social, que se baseia na substituição do salário por um valor
em dinheiro no momento da ocorrência de eventuais infortúnios na vida do trabalhador, surgiu

Pág. 5 de 49


somente a partir de 1883, na Prússia, atual Alemanha, com o chanceler Otto von Bismark, na época
do imperador Guilherme I. Isso tinha por intenção ganhar a simpatia dos trabalhadores, que estavam
sendo influenciados pelas ideias socialistas.

De acordo com esse sistema, a previdência passou a ser custeada tanto pelos empregadores
quanto pelos trabalhadores.

Vivia-se uma época de total degradação humana, com exploração de trabalho infantil, dentre
outras questões que ensejavam a miséria do povo trabalhador. Por esse motivo, em 1891, foi editada
a Encíclica Rerum Novarum, do papa Leão XIII, que estabeleceu princípios a ser seguidos pelos
trabalhadores e pelos patrões em atuação conjunta com o Poder Público para minimizar os efeitos
da injustiça social.

SAIBA MAIS

Leia a Encíclica Rerum Novarum em http://w2.vatican.va/content/leo-xiii/pt/encyclicals/documents/


hf_l-xiii_enc_15051891_rerum-novarum.html.

Em 1917, a Constituição Mexicana também passou a prever seguro social, proteção à maternidade
e proteção contra acidentes de trabalho. Em 1919, a Alemanha editou a Constituição de Weimar,
com caráter eminentemente social. No mesmo ano, foi fundada a Liga das Nações, juntamente
com a OIT (Organização Internacional do Trabalho), estabelecendo regras relativas a trabalho e
seguridade social.

Figura 2 – Declaração Universal dos Direitos Humanos

,
Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/3f/Eleanor_Roosevelt_and_United_
Nations_Universal_Declaration_of_Human_Rights_in_Spanish_09-2456M_original.jpg.

Pág. 6 de 49


Após o término da Segunda Guerra Mundial, a ONU apresentou ao mundo a Declaração Universal
dos Direitos Humanos, cujos arts. 22, 25 e 28 são dedicados à segurança social:

Artigo 22

Todo ser humano, como membro da sociedade, tem direito à segurança social, à
realização pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a
organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais
indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade.

[...]

Artigo 25

1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e à


sua família saúde, bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados
médicos e os serviços sociais indispensáveis e direito à segurança em caso de
desemprego, doença invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios
de subsistência em circunstâncias fora de seu controle.

2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as


crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.

[...]

Artigo 28

Todo ser humano tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e
liberdades estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados.

Pág. 7 de 49


SAIBA MAIS

Você sabia que a famosa Santa Casa de Misericórdia de Santos foi fundada por Brás Cubas em 1543 e
que a primeira Santa Casa de Misericórdia no Brasil foi instalada em Olinda em 1539?
Figura 3 – Santa Casa de Misericórdia de Santos

Fonte: http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0260d10.htm.

2. O DIREITO ASSISTENCIAL E PREVIDENCIÁRIO NO BRASIL


Em 1539, foi instalada a primeira Santa Casa de Misericórdia para prestação assistencial aos
menos favorecidos. Ainda no Brasil Colônia, em 1793, o príncipe regente d. João VI aprovou o Plano
dos Oficiais da Marinha, que garantia o pagamento de meio soldo a viúvas e filhas dos oficiais
falecidos. Seu custeio dava-se com o desconto de um dia de vencimento.

Vejamos agora a evolução legislativa brasileira após a independência do Brasil:

Século XIX

• 1824: A primeira Constituição do Brasil assegurava assistência às pessoas carentes, mas isso
não teve aplicação prática.
• 1835: Criado o Mongeral (Montepio Geral dos Servidores do Estado), importante entidade de
previdência privada.
• 1850: O art. 79 do Código Comercial fez a previsão para acidente do trabalho, e o Regulamento
737 disciplinou a matéria.
• 1890: Concessão de aposentadoria aos trabalhadores da Estrada de Ferro Central do Brasil
por meio do Decreto nº 221, de 26 fev. 1890.

Pág. 8 de 49


• 1891: A primeira Constituição Republicana do Brasil trouxe a garantia de concessão de


aposentadoria por invalidez aos funcionários a serviço da nação, assegurando também
socorros públicos em casos de calamidades.

Século XX – Primeira metade

• 1919: A Lei do Acidente do Trabalho (Lei nº 3.724, de 15 de janeiro de 1919) estabeleceu a


responsabilidade objetiva do empregador, ou seja, independentemente de culpa ou dolo,
deveria indenizar o empregado.
• 1923: A Lei Eloy Chaves (Decreto Legislativo nº 4.682, de 24 de janeiro de 1923) criou a Previdência
Social no Brasil por meio das Caixas de Aposentadorias e Pensões para os ferroviários em nível
nacional. A partir de então, cada empresa ferroviária poderia criar sua Caixa de Aposentadoria
e Pensões de acordo com critérios próprios, sem previsão de mínimo legal. Assim, empresas
mais fortes davam mais proteção a seus empregados do que as outras. Essa lei é referência na
história do Direito Previdenciário no Brasil, garantindo proteção aos trabalhadores nos casos
de riscos, doença, velhice, invalidez e morte.
• 1933: criação do IAPM (Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Marítimos) pelo Decreto
nº 22.872, de 29 jun. 1933.
• 1934 O Decreto nº 22.273, de 22 maio. 1934, criou o IAPC (Instituto de Aposentadorias e Pensões
dos Comerciários), e o Decreto nº 24.615, de 9 jul. 1934, o IAPB (Instituto de Aposentadorias
e Pensões dos Bancários).
• 1934: A Constituição Federal fez previsão do custeio tripartite entre patrões, empregados e
Estado e garantiu assistência médica e sanitária ao trabalhador e à gestante.
• 1936: Criação do Iapi (Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários) pela Lei nº
367, de 31 dez. 1936.
• 1937: A Constituição estabelecida por Getúlio Vargas nomeou o sistema como seguro social
e não previdência social, criando seguros em casos de velhice, invalidez, morte e acidentes
de trabalho.
• 1938: O Decreto-Lei nº 288, de 23 fev. 1938, criou o Ipase (Instituto de Previdência e Assistência
dos Servidores do Estado), e o Decreto-Lei nº 651, de 26 de agosto de 1938, o IAPETC (Instituto
de Aposentadorias e Pensões dos Empregados em Transportes e Cargas).
• 1946: pela primeira vez, foi empregada a expressão “previdência social”, na Constituição
Federal, estabelecendo o custeio tripartite e a adesão obrigatória pelo empregador do seguro
contra os acidentes do trabalho.

Pág. 9 de 49


Século XX – Segunda metade

• 1954: Pelo Decreto nº 35.448, foi editado o Regulamento Geral de Aposentadorias e Pensões,
padronizando as regras entre todos os institutos previdenciários.
• 1960: A Lei nº 3.807, de 26 ago. 1960 (Lops – Lei Orgânica da Previdência Social), ampliou os
riscos e contingências cobertas.
• 1966: O Decreto-Lei nº 72, de 21 nov. 1966, criou o INPS (Instituto Nacional de Previdência
Social). Este unificou todos os institutos, com exceção do Iapfesp (Instituto de Aposentadorias e
Pensões dos Ferroviários e Servidores Públicos), do Ipase (Instituto de Previdência e Assistência
dos Servidores do Estado) e do Sasse (Serviço de Assistência e Seguro Social dos Economiários,
que filiava os empregados das Caixas Econômicas Federais).
• 1977: Criação do Sinpas (Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social), composto
pelos seguintes órgãos:

◊ Iapas (Instituto de Administração Financeira de Previdência e Assistência Social);

◊ Inamps (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência e Assistência Social);

◊ Dataprev (Empresa de Processamento de Dados);

◊ LBA (Fundação Legião Brasileira de Assistência);

◊ Ceme (Central de Medicamentos);

◊ Funabem (Fundação Nacional de Assistência e Bem-Estar do Menor).

• 1988: A Constituição Federal criou a seguridade social no Brasil, envolvendo saúde, assistência
social e previdência social.
• 1990: Criação do seguro desemprego pela Lei nº 7.998, de 11 jan. 1990. Nesse mesmo ano, o
Programa de Reforma Administrativa do governo Collor extinguiu o Sinpas e unificou o MTPS
(Ministério do Trabalho e Previdência Social). O Decreto nº 99.350, de 27 de junho de 1990,
criou o INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social).
• 1991: As Leis nº 8.212 e nº 8.213, ambas de 24 jul. 1991, tratam da organização da Seguridade
Social dos planos de benefícios da previdência social, respectivamente.
• 1992: Extinção do Ministério do Trabalho e da Previdência Social e criação do Ministério da
Previdência Social e do Ministério do Trabalho e da Administração, pela Lei nº 8.442, de 13
maio. 1992.

Pág. 10 de 49


• 1998: Primeira Reforma da Previdência Social, por meio da Emenda Constitucional (EC) nº 20,
de 15 dez. 1998.

Século XXI

• 2003: A Medida Provisória nº 103, de 1 jan. 2003, desmembrou o Ministério da Previdência e


Assistência Social em Ministério da Assistência e Promoção Social e Ministério da Previdência
Social.
• 2003: Segunda Reforma da Previdência Social por meio da EC nº 41, de 19 dez. 2003.
• 2005: Terceira Reforma da Previdência Social – EC nº 47, de 5 jul. 2005.
• 2016: Extinto o Ministério da Previdência Social pela Lei nº 13.266/16. Suas competências
foram transferidas para a Secretaria de Previdência do Ministério da Fazenda, apropriando-se
de políticas, diretrizes, administração e gerência dos benefícios previdenciários.
• 2019: A Medida Provisória nº 871, de 18 de janeiro de 2019, chamada de minirreforma, alterou
regras de concessão de benefícios, como auxílio-reclusão, pensão por morte e aposentadoria
rural. Também instituiu mecanismos para revisar benefícios e processos com suspeitas de
irregularidades

3. PRINCÍPIOS DO DIREITO PREVIDENCIÁRIO


Figura 4 – Princípios do Direito Previdenciário

Fonte: NicoElNino/iStock

As normas jurídicas dividem-se em princípios e regras, que se diferenciam basicamente pelos


critérios de generalidade e especificidade. Os princípios possuem grau de abstração relativamente
elevado, enquanto as regras são mais objetivas.

Princípios são normas de grande relevância para o ordenamento jurídico, na medida em que
estabelecem fundamentos normativos para a interpretação e a aplicação do Direito. O Direito
Previdenciário pauta-se, especialmente, nos seguintes princípios:

Pág. 11 de 49


Quadro 1 – Princípios do Direito Previdenciário

Princípio Descrição

Contributividade A previdência social apenas concederá os seus benefícios e serviços


aos segurados (e seus dependentes) que se filiarem previamente
ao regime previdenciário, sendo exigido o pagamento de tributos
classificados como contribuições previdenciárias. Em muitas
hipóteses, a legislação previdenciária presume de maneira absoluta
o recolhimento das contribuições previdenciárias em prol de
determinados segurados, normalmente quando a responsabilidade
tributária é transferida às empresas.

Obrigatoriedade de filiação O RGPS é de caráter compulsório para os trabalhadores em geral,


exceto no que concerne aos servidores públicos efetivos e militares
vinculados a algum RPPS. Se não o fosse, grande parte das pessoas
não programaria espontaneamente o seu futuro. Exceção feita aos
segurados facultativos.

Equilíbrio atuarial É preciso haver um equilíbrio entre as receitas que ingressam no fundo
previdenciário e as despesas com o pagamento dos benefícios.

Universalidade de Deverá o RGPS buscar sempre a sua expansão a fim de filiar cada vez
participação nos planos mais segurados, inclusive facultando a adesão ao plano de pessoas
previdenciários que não exercem atividade laboral remunerada, na condição de
segurados facultativos.

Uniformidade e Veda-se a discriminação negativa dos povos rurais, já ocorrida


equivalência de benefícios no passado. É possível o tratamento diferenciado se houver base
e serviços às populações constitucional para tanto, como no caso dos trabalhadores rurais que
urbanas e rurais laboram em regime de economia familiar para a subsistência. Eles
terão uma redução de cinco anos para se aposentarem por idade, o que
é justificável em razão do desgaste físico que a atividade campesina
traz.

Seletividade e O legislador deve escolher os riscos sociais a ser cobertos, respeitado


distributividade na o conteúdo mínimo constitucional. Da mesma forma, entre o universo
prestação dos benefícios de segurados e dependentes, serão selecionados pelo legislador os que
apresentem maior necessidade social da prestação previdenciária, de
acordo com o interesse público.

Irredutibilidade do valor O valor dos benefícios não pode ser reduzido nominalmente e deve
dos benefícios sofrer reajustes anuais a fim de preservar o seu poder aquisitivo. Em
regra, os benefícios deverão ser reajustados na mesma data do reajuste
do salário mínimo e de acordo com o INPC (Índice Nacional de Preços
do Consumidor), elaborado pela Fundação IBGE, com base nos Índices
de Preços ao Consumidor Regionais.

Garantia do benefício não De acordo com a Constituição, nenhum benefício pago pela previdência
inferior ao salário mínimo social pode ter valor inferior a um salário mínimo.

Tempus regit actum Os benefícios previdenciários devem se regular pela lei vigente ao
tempo em que preenchidos os requisitos necessários à sua concessão.

Fonte: Elaborado pela autora.

Pág. 12 de 49


SAIBA MAIS

Você sabia que existe o PREVBarco? Trata-se de um programa que tem por objetivo levar serviços do
INSS aos segurados que habitam às margens de rios em locais onde não há acesso a uma agência.

Acesse o site https://www.inss.gov.br/tag/prevbarco/.


Figura 5 – PREVBarco

Fonte: https://www.anasps.org.br/wp-content/uploads/2016/07/inss-amazonas.jpg.

4. FONTES DO DIREITO PREVIDENCIÁRIO


O Direito tem origem em fatos e normas, que se dividem em fontes materiais e formais. As fontes
materiais decorrem de fatos políticos, econômicos, sociais e culturais que revelam a necessidade de
regulamentação pelo Direito positivo, ou seja, pelas normas escritas. As fontes formais representam
as maneiras pelas quais as normas passam a integrar o mundo jurídico.

As fontes formais do Direito Previdenciário são as seguintes:

1. Constituição Federal;
2. emendas constitucionais;
3. leis complementares;
4. legislação ordinária (leis ordinárias, leis delegadas, decretos legislativos, medidas provisórias,
resoluções);
5. legislação subsidiária (regulamentos, instruções, portarias, orientações internas).

Pág. 13 de 49


Figura 6 – Constituição Federal

Fonte: Global_Pics/iStock

SAIBA MAIS

Você sabia que medidas provisórias também podem ser usadas em matéria previdenciária? Veja,
por exemplo, a Medida Provisória nº 871, de 18 de janeiro de 2019, em http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Mpv/mpv871.htm.

5. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL


O Regime Geral da Previdência Social está previsto no art. 201 da Constituição Federal, conforme
segue:

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter
contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio
financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:

I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada;

II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;

III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;

IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa


renda;

V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro


e dependentes, observado o disposto no § 2º.

Não existe apenas o Regime Geral de Previdência Social. Paralelamente, há os regimes próprios
de previdência social (RPPS) e o regime de previdência privada.

Pág. 14 de 49


Os regimes próprios são os destinados aos servidores públicos e aos militares (arts. 40 e 42
da Constituição Federal), que devem ser instituídos pelo respectivo ente da federação. Caso não
sejam criados, os servidores serão filiados obrigatórios do Regime Geral.

O regime de previdência privada está previsto na Constituição Federal, em seu art. 202, que
assim dispõe:

Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de


forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social, será facultativo,
baseado na constituição de reservas que garantam o benefício contratado, e regulado
por lei complementar.

Pela análise do dispositivo, verifica-se, que o regime de previdência privada possui caráter
facultativo e complementar, diferentemente dos demais, que são obrigatórios.

Após essa breve explanação a respeito desses dois regimes, seguiremos com foco ao Regime
Geral da Previdência Social, a começar pelas espécies de beneficiários, que se dividem em duas:
segurados e dependentes. Os segurados são os que possuem vínculo direto com a Previdência,
enquanto que os dependentes são os que possuem vínculo familiar ou que forem equiparados a
tal pela lei.

Os segurados podem ser obrigatórios ou facultativos.

5.1 Segurados obrigatórios e facultativos


Os segurados obrigatórios são aqueles que exercem atividade laboral remunerada e não eventual
e que não integram nenhum regime próprio. Todos que possuem trabalho remunerado são obrigados
a contribuir e estão disciplinados pelos arts. 11 a 15 da Lei nº 8.213/91. Classificam-se em:

1. empregados;
2. empregados domésticos;
3. trabalhadores avulsos;
4. segurados especiais;
5. contribuintes individuais.

Pág. 15 de 49


Os segurados facultativos são pessoas que exercem atividades não remuneradas e que
voluntariamente se vinculam ao regime. Possuem previsão nos art. 16, I, II e III, da Lei nº 8.213/91.
Dentre eles, podemos citar:

1. a dona de casa;
2. o síndico de condomínio, quando não remunerado;
3. o estudante;
4. o brasileiro que acompanha cônjuge que presta serviço no exterior;
5. aquele que deixou de ser segurado obrigatório da previdência social;
6. o membro de conselho tutelar, quando não esteja vinculado a qualquer regime de previdência
social;
7. o bolsista e o estagiário;
8. o bolsista que se dedique em tempo integral à pesquisa, curso de especialização, pós-
graduação, mestrado ou doutorado, no Brasil ou no exterior, desde que não esteja vinculado
a qualquer regime de previdência social;
9. o presidiário que não exerça atividade remunerada nem esteja vinculado a qualquer regime
de previdência social.
10. o brasileiro residente ou domiciliado no exterior, salvo se filiado a regime previdenciário de
país com o qual o Brasil mantenha acordo internacional;
11. o segurado recolhido à prisão sob regime fechado ou semiaberto, que, nessa condição:
a) aquele que preste serviço, dentro ou fora da unidade penal, a uma ou mais empresas, com
ou sem intermediação da organização carcerária ou entidade afim;
b) aquele que exerce atividade artesanal por conta própria

De acordo com o Decreto nº 7.054/09, o segurado preso passou a ser segurado facultativo em
qualquer hipótese, independentemente de exercer ou não atividade laboral remunerada.

Pág. 16 de 49


5.1.1 Dos empregados


Figura 7 – Carteira de Trabalho e Previdência Social

Fonte: filipefrazao/iStock

O conceito de empregado é extraído do art. 3º da CLT, in verbis:

Art. 3º: Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza
não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.

Parágrafo único - Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição


de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual.

Esse artigo, ao conceituar empregado, estabelece os requisitos necessários para caracterização


do vínculo empregatício. São eles:

• Pessoa física
• Subordinação jurídica
• Onerosidae
• Não eventualidade
• Continuidade
• Habitualidade
• Pessoalidade

No entanto, para fins de Direito Previdenciário, trata-se de uma categoria de segurados mais
extensa do que os abarcados pela definição de relação de emprego, que estipula os requisitos
da remuneração, pessoalidade, subordinação e habitualidade. De acordo com o art. 11 da Lei nº
8.213/91 e o art. 9º do Decreto nº 3.048/99, são considerados empregados:

Pág. 17 de 49


1. Aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não eventual,
sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado. De acordo
com a jurisprudência dominante, o aprendiz será considerado como segurado empregado,
desde que perceba remuneração, mesmo que indireta (alimentação, fardamento, material
escolar). Segundo a Súmula 18, TNU (BRASIL, 2004):
Provado que o aluno aprendiz de Escola Técnica Federal recebia remuneração, mesmo
que indireta, à conta do orçamento da União, o respectivo tempo de serviço pode ser
computado para fins de aposentadoria previdenciária.

Figura 8 – Empregado aprendiz

Fonte: monkeybusinessimages/iStock

2. Aquele que, contratado por empresa de trabalho temporário, definida em legislação específica,
presta serviço para atender à necessidade transitória de substituição de pessoal regular e
permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços de outras empresas.
3. O brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado
em sucursal ou agência de empresa nacional no exterior.
4. Aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou a repartição consular de carreira
estrangeira e a órgãos a ela subordinados ou a membros dessas missões e repartições,
excluídos:
a) o não-brasileiro sem residência permanente no Brasil;
b) o brasileiro amparado pela legislação previdenciária do país da respectiva missão
diplomática ou repartição consular.
5. O brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais brasileiros ou
internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado,
salvo se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio.
6. O brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado
em empresa domiciliada no exterior, cuja maioria do capital votante pertença a empresa
brasileira de capital nacional.

Pág. 18 de 49


7. O servidor público ocupante de cargo em comissão sem vínculo efetivo com a União,
autarquias, inclusive em regime especial, e fundações públicas federais. Nesse rol, incluem-
se os ministros e secretários sem vínculo efetivo com a Administração Pública. Os titulares
de cargos em comissão estaduais, distritais e municipais foram vinculados ao RGPS com
o advento da EC nº 20/98.
8. O exercente de mandato eletivo federal estadual ou municipal, desde que não vinculado
à RPPS. O dispositivo foi inserido pela Lei nº 9.506/97, que acabou com o Instituto de
Previdência dos Congressistas, mas criou o Plano de Seguridade Social dos Congressistas,
a cargo da União, de filiação facultativa dos deputados federais e senadores. O objetivo
foi vincular o titular de mandato eletivo sem vínculo efetivo com a Administração Pública
ao RGPS, na condição de segurado empregado. Todavia, a CF determina que não poderia
o titular de mandato eletivo ser inserido como segurado do RGPS por lei ordinária, vez que
inexistia essa fonte de custeio para o pagamento das contribuições previdenciárias. O STF,
em 2003, julgou a hipótese incidentalmente inconstitucional. Em razão disso, o Senado
Federal, pela Resolução nº 26/05, suspendeu a eficácia erga omnes dessa alínea.
9. O empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no Brasil,
salvo quando coberto por RPPS.
10. O exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vinculado a
RPPS. Não será filiado ao RGPS o congressista federal que optar por se filiar ao Plano de
Seguridade Social dos Congressistas.

5.1.2 Dos empregados domésticos

De acordo com o art. 1º da Lei Complementar nº 150/15, são empregados domésticos aqueles
que prestam serviço para uma família, como o mordomo, a cozinheira, o jardineiro, o motorista, etc.

Frise-se que sua atividade não deve ter natureza econômica, pois, nesse caso, passa a ser regido
pela CLT, descaracterizando a natureza doméstica.

5.1.3 Trabalhador avulso

Essa espécie de trabalhador presta serviços a diversas empresas sem ser empregado de nenhuma
delas. São reunidos em sindicato ou órgão gestor de mão de obra (OGMO), por intermédio do qual
as empresas contratam seus serviços, não havendo subordinação entre eles.

Pág. 19 de 49


Os sindicatos ou os OGMOs recebem dos tomadores de serviços e fazem o rateio entre os


trabalhadores na medida da participação de cada um. Incluem-se nessa categoria os trabalhadores
da orla marítima e, para parte da doutrina, também os “boias-frias”, ainda que sem intermediação
de sindicatos.

5.1.4 Segurado especial


Figura 9 – Segurado especial

Fonte: Alfribeiro/iStock

Trata-se do pequeno produtor rural ou pescador artesanal que trabalha individualmente ou em


família, para fins de subsistência, sem a utilização de empregados permanentes, bem como o índio
reconhecido pela Funai ou o artesão que utilize matéria-prima proveniente de extrativismo vegetal
que exerça atividade de economia familiar para sustento próprio e de sua família.

5.1.5 Contribuinte individual (antigo autônomo)

É aquele que escolhe para quem prestará o serviço. São segurados em caráter residual em
relação aos elencados acima e, de acordo com a Lei nº 9.876/99, são os seguintes:

1. A pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária, a qualquer título, em
caráter permanente ou temporário, em área superior a quatro módulos fiscais; ou, quando
em área igual ou inferior a esta ou em atividade pesqueira, com auxílio de empregados
ou por intermédio de prepostos. Trata-se de previsão residual ao segurado especial (se a
pessoa não é enquadrada como segurada especial, ela pode estar aqui).
2. A pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade de extração mineral (garimpo),
em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos, com ou
sem o auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de forma não contínua.

Pág. 20 de 49


O garimpeiro não é mais segurado especial, a menos que haja relação de emprego, pois a
filiação do contribuinte individual é subsidiária.
3. O ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida consagrada, de congregação
ou de ordem religiosa, quando remunerados. Antes, eles eram considerados segurados
facultativos.
4. O brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o Brasil
é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto por RPPS.
5. Certas pessoas em empresas:
a) titular de firma individual urbana ou rural;
b) diretor não empregado de sociedade anônima;
c) membro de conselho de administração de sociedade anônima;
d) sócio solidário, sócio de indústria, sócio gerente e sócio cotista que recebam remuneração
decorrente de seu trabalho em empresa urbana ou rural;
e) associado eleito para cargo de direção em cooperativa, associação ou entidade de
qualquer natureza ou finalidade;
f) síndico ou administrador eleito para exercer atividade de direção condominial, desde que
receba remuneração.
6. Quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais empresas,
sem relação de emprego. Se for prestação de serviços portuários ou não portuários com a
intermediação de órgão gestor de mão de obra ou sindicato, não haverá o enquadramento
como contribuinte individual, e sim como trabalhador avulso.
7. A pessoa física que exerce, por conta própria, atividade econômica de natureza urbana, com
fins lucrativos ou não. São os antigos trabalhadores autônomos.
Figura 10 – Trabalhador autônomo

Fonte: LightFieldStudios/iStock

Pág. 21 de 49


Também fazem parte dessa categoria de segurados:

1. O cooperado de cooperativa de produção que, nessa condição, presta serviço a esta mediante
remuneração ajustada ao trabalho executado, conforme Decreto nº 4.032/01.
2. O microempreendedor individual (MEI), nos termos dos arts. 18-A e 18-C da Lei Complementar
nº 1.123/06, que opte pelo recolhimento dos impostos e contribuições abrangidos pelo
Simples Nacional em valores fixos mensais.

5.1.6 Filiação e inscrição

A filiação é o ato pelo qual a pessoa é incluída no RGPS na condição de segurada, sendo,
portanto, o vínculo estabelecido entre o segurado e a previdência. Pode ser automática, no caso
dos segurados empregados, ou depender do pagamento da primeira contribuição, no caso dos
contribuintes individuais que trabalhem por conta própria, bem como dos facultativos.

A inscrição, por sua vez, é o ato administrativo pelo qual o segurado é cadastrado no RGPS.
Atualmente, a inscrição é feita no Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS), sistema
responsável pelo controle das informações de todos os segurados e contribuintes da previdência.

5.1.7 Dos beneficiários

Os beneficiários do Regime Geral de Previdência Social são os segurados e seus dependentes,


lembrando que os primeiros podem ser obrigatórios ou facultativos, como já explicado.

Os dependentes podem ser de três classes diferentes, sendo que a existência da classe precedente
exclui a seguinte. Além disso, a dependência dos beneficiários de primeira classe é presumida,
enquanto nos demais casos deve ser comprovada. Conforme o art. 16 da Lei nº 8.213/91, são eles:

a) De primeira classe: o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de


qualquer condição, menor de 21 anos, ou inválido, ou que tenha deficiência intelectual ou
mental ou deficiência grave.
b) De segunda classe: os pais.
c) De terceira classe: o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (anos, ou
inválido, ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave.

O parágrafo 2º desse artigo determina que o enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho
mediante declaração do segurado e desde que comprovada a dependência econômica. O parágrafo

Pág. 22 de 49


3º determina que se considera companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser casada, mantém
união estável com o segurado ou com a segurada. Já o parágrafo 5º determina que

a prova de união estável e de dependência econômica exigem início de prova material


contemporânea dos fatos, não admitida a prova exclusivamente testemunhal, exceto
na ocorrência de motivo de força maior e ou caso fortuito, conforme disposto no
Regulamento. (BRASIL, 1993)

SAIBA MAIS

Você sabia que, no caso de pensão por morte, havendo mais de um beneficiário, ou seja, mais de um
pensionista, o benefício será rateado entre todos?

Acesse o site e leia a notícia: https://www.jornalcontabil.com.br/a-pensao-por-morte-apos-a-


mp-871-2019/.

5.1.8 Qualidade de segurado


Figura 11 – INSS

Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:INSS.svg

Quando se trata de manutenção da qualidade de segurado, é necessário saber que existe


um período chamado período de graça, que se refere ao tempo em que, mesmo não recolhendo
contribuições ao INSS, o filiado permanece como segurado. Esse período varia de acordo com o
tipo de segurado, conforme determinado pelo art. 15 da Lei 8.213/91:

a) Sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício.


b) Até 12 meses após a cessação das contribuições, os segurados obrigatórios e os
acometidos de doença de segregação compulsória, bem como o segurado retido ou
recluso, a contar do livramento.

Pág. 23 de 49


c) Até três meses após o licenciamento, o segurado incorporado às Forças Armadas para
prestar serviço militar.
d) Até seis meses após a cessação das contribuições, o segurado facultativo.

A lei prevê prorrogação em algumas situações, conforme os parágrafos 1º a 4º do art. 15.


Um dos casos refere-se ao segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela
Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem remuneração; este terá prorrogação por
até 24 meses se já tiver pago mais de 120 contribuições mensais sem interrupção que acarrete a
perda da qualidade de segurado.

6. DO PLANO DE BENEFÍCIOS

6.1 Carência
A qualidade de segurado exige um período de carência, ou seja, um número mínimo de contribuições
para ter determinado benefício. Tais contribuições devem ser feitas ao longo do tempo, de forma
tempestiva. Para recolher com atraso, deve-se preencher alguns critérios.

Alguns benefícios não exigem carência, conforme art. 26 da Lei nº 8.213/91:

Art. 26. Independe de carência a concessão das seguintes prestações:

I - pensão por morte, salário-família e auxílio-acidente;

II - auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos casos de acidente de qualquer


natureza ou causa e de doença profissional ou do trabalho, bem como nos casos de
segurado que, após filiar-se ao RGPS, for acometido de alguma das doenças e afecções
especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e da Previdência Social,
atualizada a cada 3 (três) anos, de acordo com os critérios de estigma, deformação,
mutilação, deficiência ou outro fator que lhe confira especificidade e gravidade que
mereçam tratamento particularizado;

III - os benefícios concedidos na forma do inciso I do art. 39, aos segurados especiais
referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei;

IV - serviço social;

V - reabilitação profissional.

Pág. 24 de 49


VI – salário-maternidade para as seguradas empregada, trabalhadora avulsa e


empregada doméstica.

Vale ressaltar que o auxílio doença e a aposentadoria por invalidez exigem 12 contribuições nas
demais causas não previstas no inciso II, assim como o salário maternidade exige 10 contribuições
nos casos não previstos no inciso VI.

Outros exigem carência, conforme o art. 25 da mesma lei:

I - auxílio-doença e aposentadoria por invalidez: 12 contribuições mensais quando


não decorrente de acidente do trabalho ou doença decorrente de atividade profissional
ou do trabalho.

II - aposentadoria por idade, por tempo de serviço e especial: 180 contribuições


mensais.

III - salário-maternidade para as seguradas na qualidade de contribuinte individual


e facultativa: 10 contribuições mensais

IV -auxílio-reclusão: 24 contribuições mensais.

Para as contribuintes individuais, avulsas e facultativas, de acordo com o art. 25, § único, da Lei nº
8.213/91, caso o parto seja antecipado, a carência do salário maternidade será reduzida (nove meses
é o período normal de gestação, mas, se a criança nasceu de oito meses, a mãe deverá comprovar
nove meses de contribuição; se nasceu de seis, deverá comprovar sete; e assim por diante).

6.2 Do salário de benefícios


Salário de benefício refere-se ao valor de referência para apurar a quantia que o INSS deverá
pagar aos segurados ou dependentes. Os arts. 29 e seguintes da Lei nº 8.213/91 tratam do assunto
da seguinte forma:

Pág. 25 de 49


Quadro 2 – Salário de benefício

Espécie Salário de Benefício

Aposentadoria por idade Média aritmética simples dos maiores salários de contribuição
correspondentes a 80% de todo o período contributivo,
Aposentadoria por tempo de multiplicada pelo fator previdenciário.
contribuição

Aposentadoria por invalidez Média aritmética simples dos maiores salários de contribuição
correspondentes a 80% de todo o período contributivo.
Aposentadoria especial

Auxílio-doença

Auxílio-acidente

Fonte: Elaborado pela autora com base na Lei nº 8.213/91.

Além do disposto no quadro, vale observar os seguintes dispositivos do art. 18 da Lei nº 8.213/91
(BRASIL, 1991):

§ 2º O valor do salário-de-benefício não será inferior ao de um salário mínimo, nem


superior ao do limite máximo do salário-de-contribuição na data de início do benefício.

[...]

§ 6º O salário-de-benefício do segurado especial consiste no valor equivalente ao


salário-mínimo, ressalvado o disposto no inciso II do art. 39 e nos §§ 3º e 4o do art.
48 desta Lei.

[...]

§ 10. O auxílio-doença não poderá exceder a média aritmética simples dos últimos
12 (doze) salários-de-contribuição, inclusive em caso de remuneração variável, ou,
se não alcançado o número de 12 (doze), a média aritmética simples dos salários-
de-contribuição existentes.

6.3 Do salário de contribuição


O salário de contribuição refere-se à base segundo a qual será calculado o valor que o contribuinte
deverá pagar ao INSS. A tabela é atualiza anualmente. Para 2019, apresenta os seguintes valores:

Pág. 26 de 49


Tabela 1 - Tabela para empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso 2019

Salário de contribuição (R$) Alíquota

Até R$ 1.693,72 8%

De R$ 1.693,73 a R$ 2.822,90 9%

De R$ 2.822,91 até R$ 5.645,80 11%

Fonte: https://tabelainss2019.com/tabela-de-contribuicao-inss-2019/.

Contribuintes individuais e facultativos observam alíquotas diferentes. A tabela a seguir descreve


cada faixa:

Tabela 2 – Alíquotas para contribuintes individuais e facultativos

Salário de contribuição Alíquota Valor


(R$)

R$ 998,00 5% (não dá direito a aposentadoria por R$ 49,90


tempo de contribuição e certidão de tempo
de contribuição)*

R$ 998,00 11% (não dá direito a aposentadoria por R$ 109,78


tempo de contribuição e certidão de tempo
de contribuição)**

R$ 998,00 até R$ 20% Entre R$ 199,60 (salário


5.645,80 mínimo) e R$ 1.129,16
(teto)

*Alíquota exclusiva do Facultativo Baixa Renda; **Alíquota exclusiva do Plano Simplificado de


Previdência; Fonte: https://tabelainss2019.com/tabela-de-contribuicao-inss-2019/

Curiosidade

Você sabia que, se o contribuinte individual prestar serviço a uma ou mais empresas, poderá deduzir
significativa parcela da contribuição mensal delas? Para saber mais, leia o art. 30, § 4º, da Lei nº
8.212/91.

Pág. 27 de 49


7. DOS BENEFÍCIOS
Este capítulo é destinado aos diversos tipos de benefícios previdenciários.

7.1 Auxílio reclusão


Conceito: Benefício de natureza alimentar, destinado exclusivamente aos dependentes do
segurado de baixa renda (valor indicado em portaria do Ministério da Fazenda).

Critérios para concessão:

a) O recluso deve ter a qualidade de segurado no momento da reclusão.


b) Deve estar privado da liberdade em regime fechado ou semiaberto.
c) Pode ser concedido inclusive nos casos de prisão provisória, ou seja, não exige
condenação (Instrução Normativa INSS nº 77/15).
d) Também se aplica a menores de idade que estiverem em medida de segurança em núcleo
de ressocialização.
e) O segurado não pode estar recebendo aposentadoria ou licença remunerada.
f) O requerente deve ser dependente, conforme art. 16 da Lei nº 8.213/91.

Valor do benefício: 100% do valor a que teria direito se estivesse aposentado por invalidez
(média aritmética simples dos 80% maiores salários de contribuição de todo período contributivo
da pessoa, após julho de 19994).

Carência: 24 contribuições mensais (art. 25, IV, Lei nº 8.213/91).

Previsão legal: art. 201, IV, CF; art. 80, Lei nº 8.213/91; art. 116, § 5, Decreto nº 3.048/99.

Observações:

a) Se estiver na condicional, não está enclausurado, portanto não tem direito. O mesmo
ocorre se fugir da prisão.
b) Assim que o segurado recluso for posto em liberdade, o dependente ou responsável deverá
apresentar imediatamente o alvará de soltura, para que não ocorra recebimento indevido
do benefício.
c) O benefício cessará quando o segurado sair da reclusão ou morrer nela (nesse caso,
haverá conversão para pensão por morte). A cada três meses, os beneficiários devem
apresentar declaração de que o segurado está recluso.

Pág. 28 de 49


d) Se fugir, o auxílio será suspenso. Para que seja concedido novamente, caberá nova análise
na época em que foi recapturado. Se durante o período de fuga ele perder a qualidade de
segurado, quando recapturado, os dependentes não terão direito ao auxílio.

7.2 Auxílio doença


Figura 12 – Auxílio doença

Fonte: elenabs/iStock

Conceito: Benefício devido ao segurado que ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a
sua atividade habitual por mais de 15 dias consecutivos. A primeira quinzena de afastamento deve
ser paga pela empresa. Essa regra não é observada para o trabalhador doméstico, caso em que o
empregador não arca com nenhum dia. Desde o primeiro dia de afastamento, e independentemente
de quanto tempo dure o período de recuperação do empregado, a Previdência Social arcará com a
remuneração. Após a perícia, o INSS concederá ao empregado uma ordem de pagamento, para ser
sacada na rede bancária, referente aos dias de afastamento.

Assim, a solicitação deve ocorrer:

a) após 15 dias de afastamento (podendo ser intercalados dentro do prazo de 60 dias);


b) no momento em que se incapacitar, nos casos de segurado empregado doméstico,
trabalhador avulso, contribuinte individual, facultativo, segurado especial.

Critérios para concessão: A causa incapacitante deve ser temporária e superior a 15 dias, ou
seja, avançar para o 16º dia.

Valor do benefício: Verificam-se os 80% maiores salários de contribuição desde julho de 1994
e aplica-se 0,91 (91%), observando-se a limitação dos 12 últimos salários de contribuição.

Carência: 12 meses de contribuições mensais, mas não é exigida quando:

Pág. 29 de 49


a) o empregado for acometido por: tuberculose ativa, hanseníase, alienação mental, neoplasia
maligna (câncer), cegueira, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença
de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estado avançado de doença
de Paget (osteíte deformante), síndrome de insuficiência imunológica adquirida (Aids) ou
contaminação por meio de radiação, com base em conclusão da medicina especializada;
b) sofre acidente de qualquer natureza.

Duração: Enquanto durar a incapacidade.

Previsão legal: Arts. 18 a 21 e 59 a 64, Lei nº 8.213/91.

Espécies:

a) Auxílio doença comum (B 31) - redução da capacidade sem nexo com atividade laboral.
b) Auxílio doença acidentário (B 91) - redução da capacidade devido a atividade laboral após
sua filiação ao RGPS.
Quadro 3 – Espécies de auxílio doença

Auxílio doença comum (B 31) Auxílio doença acidentário (B 91)

Causa Não tem relação com o trabalho. Tem relação com o trabalho.

Carência 12 contribuições. Não há (art. 26, Lei nº 8.213/91)

Exceções: doenças graves,


contagiosas ou incuráveis.

Estabilidade Não há. 12 meses após a alta médica (art. 118, Lei
nº 8.213/91)

Fonte: Elaborado pela autora.

Observações:

a) O benefício não será devido:

◊ ao segurado que se filiar já portador da doença ou da lesão invocada como causa para o
benefício, exceto “quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento
da doença ou da lesão” (art. 42, § 2º, Lei nº 8.213/91).

◊ ao segurado recluso em regime fechado, que terá o benefício suspenso na data do recolhimento
à prisão por até 60 dias contados daí, cessando após esse prazo. O benefício será restabelecido
a partir da data da soltura.

Pág. 30 de 49


b) Ocorrendo afastamento que gere concessão de novo benefício decorrente da mesma


doença dentro de 60 dias contados da cessação do benefício anterior, a empresa
fica desobrigada do pagamento relativo aos 15 primeiros dias de afastamento por se
considerar prorrogação, podendo encaminhar o empregado ao INSS para perícia médica.
c) Caso o pedido seja feito depois de 30 dias de afastamento, o INSS não se responsabiliza
pelo pagamento de valores retroativos.

7.3 Aposentadoria por invalidez


Figura 13 – Aposentadoria por invalidez

Fonte: arthobbit/iStock

Critérios para concessão: Deve estar na qualidade de segurado ao tempo da incapacidade, que
não pode ser preexistente.

Valor do benefício: 100% do SB + 25% se comprovar necessidade de auxílio de terceiros, podendo


passar do teto do INSS. O Decreto nº 3.048/99 apresenta nos anexos relação dos casos que dão
direito ao acréscimo.

Se estiver aposentado há mais de cinco anos e demonstrar recuperação parcial:

• Até seis meses: benefício integral + remuneração de onde está trabalhando.


• De 6 a 12 meses = 50% do benefício + salário.
• De 12 a 18 meses = 25% do benefício + salário.
• Depois de 18 meses = cessará o benefício.

Carência: 12 contribuições mensais anteriores à causa incapacitante, salvo se for acidente de


qualquer natureza ou uma das doenças do MPS.

Duração: Cessa quando morrer ou quando recuperar sua capacidade. Ex.: transplante.

Pág. 31 de 49


Previsão legal: Arts. 42 a 47 da Lei nº 8.213/91.

Observações: Acidente de qualquer natureza é qualquer acidente (não interessa a causa), inclusive
os de trabalho. Deve ser TIP (total, irreversível e permanente). Não precisa haver auxílio doença para
depois ter auxílio por invalidez.

7.4 Auxílio acidente


Figura 14 – Auxílio acidente

Fonte: jehsomwang/iStock

Conceito: Benefício concedido à pessoa que não se encontra incapacitada, mas com redução
da capacidade de trabalho. A definição de acidente do trabalho encontra-se no art. 19 da Lei nº
8.213/91 (BRASIL, 1991):

Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa


ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos
no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional
que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade
para o trabalho.

Previsão legal: O art. 86 da Lei nº 8.213/91 traz (BRASIL, 1991):

O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado quando, após


consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem
sequelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente
exercia.

Critérios para concessão: dever haver nexo de causalidade.

Pág. 32 de 49


a) Nexo técnico epidemiológico: verifica-se a CID (Classificação Internacional de Doenças) e


cruza-se com a CNAE (Classificação Nacional de Atividade Econômica). Se a doença tiver
relação com a atividade, entende-se que ocorreu o nexo (Decreto nº 3.048/99).
b) Nexo técnico profissional: doenças relacionadas com a profissão que exerce.
c) Nexo técnico individual: depende das condições laborais de cada pessoa.

Valor do benefício: 50% do salário de benefício que deu origem ao auxílio doença. Não substitui
a remuneração. Portanto, pode ser menor que o salário mínimo. O valor do benefício é acrescido ao
salário de contribuição do segurado para cálculo de aposentadoria (art. 31, Lei nº 8.213/91).

Carência: Não há.

Observações:

a) Decorre de acidente ou de uma incapacidade parcial em virtude de doença.


Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior, as
seguintes entidades mórbidas:

I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício


do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação
elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social;

II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de


condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente,
constante da relação mencionada no inciso I (Lei nº 8.213/91, BRASIL, 1991).

b) Pode ser cumulado com outros benefícios, desde que não seja aposentadoria, visto que é
considerado como indenizatório. Quando o trabalhador se aposenta, o auxílio acidente é
automaticamente cortado.
c) Para caracterizar acidente de trabalho, exige-se emissão de CAT (Comunicação de
Acidente de Trabalho) no primeiro dia útil seguinte ou no mesmo dia em caso de morte.
Caso o empregador não o faça, a CAT pode ser emitida:

◊ pelo empregado;

◊ pelos dependentes;

◊ pelo sindicato;

Pág. 33 de 49


◊ pelo médico que atendeu o empregado;

◊ por qualquer autoridade pública.

d) Beneficiários - tem direito ao benefício:

◊ empregado urbano/rural (empresa);

◊ empregado doméstico (para acidentes ocorridos a partir de 1 jun. 2015);

◊ trabalhador avulso (empresa);

◊ segurado especial (trabalhador rural).

e) Não tem direito ao benefício: contribuinte individual e facultativo.

7.5 Pensão por morte


Conceito: Benefício concedido aos dependentes do segurado.

Previsão legal: Art. 201, I e V, CF e arts. 74 a 79, Lei nº 8.213/91.

Critérios para concessão: Morte real ou presumida. A morte pode ser presumida por ausência
ou por desaparecimento em virtude de acidente, desastre ou catástrofe.

Valor do benefício: 100% do salário de benefício ou o valor da aposentadoria por invalidez.

Carência: Não há.

Duração: Este benefício cessa:

1. Pela morte do pensionista.


2. No caso de filho ou equiparado e irmão (ambos os sexos):

◊ pela emancipação ou ao completar 21 anos de idade, salvo se for inválido ou tiver deficiência
intelectual ou mental grave;

◊ pela cessação da invalidez;

◊ pelo afastamento da deficiência.

Pág. 34 de 49


3. Pelo decurso de certos prazos em relação ao cônjuge e ao companheiro.


4. Pela condenação por prática de crime de que tenha dolosamente resultado a morte do
segurado.
5. Pela apuração, em processo judicial (com contraditório e ampla defesa), de simulação ou
fraude no casamento ou na união estável, ou a formalização destes com o fim exclusivo de
constituir benefício previdenciário.

Observações:

a) O benefício passa a ser concedido da data do óbito quando requerido até 30 dias depois.
b) O benefício passa a ser concedido da data do requerimento quando requerido após 30
dias, não sendo devida nenhuma quantia anterior.
c) O benefício passa a ser concedido da data da decisão judicial quando se tratar de morte
presumida.

7.6 Salário maternidade


Figura 15 – Salário maternidade

Fonte: Sudowoodo/iStock

Previsão legal: Art. 201, II, CF e arts. 71 a 73, Lei nº 8.213/91.

Valor do benefício: conforme o art. 72 da Lei nº 8.213/91, será igual à remuneração integral para
a segurada empregada ou trabalhadora avulsa. As demais são regidas pelo disposto no art. 73 , in
verbis (BRASIL, 1991):

Art. 73. Assegurado o valor de um salário-mínimo, o salário-maternidade para as


demais seguradas, pago diretamente pela Previdência Social, consistirá:

I - em um valor correspondente ao do seu último salário-de-contribuição, para a


segurada empregada doméstica;

Pág. 35 de 49


II - em um doze avos do valor sobre o qual incidiu sua última contribuição anual,
para a segurada especial;

III - em um doze avos da soma dos doze últimos salários-de-contribuição, apurados


em um período não superior a quinze meses, para as demais seguradas.

Carência:

• Empregada, empregada doméstica e avulsa: não há.


• Contribuinte individual e facultativo: 10 contribuições (esse prazo será reduzido em caso de
parto precoce).
• Segurada especial: 10 meses de efetivo exercício de atividade rural.

Duração: Varia conforme os casos a seguir.

Quadro 4 – Duração do salário maternidade

Regra geral 120 dias, com início no 28º dia que antecede o parto, até 91 dias após o
parto (art. 71, Lei nº 8.213/91).

Risco para a vida 120 dias, mediante atestado médico específico, com os períodos de repouso
do feto ou criança anterior e posterior ao parto, chegando o benefício a 148 dias (art. 93, § 3º,
ou da mãe Decreto nº 3.048/99)

Microcefalia pelo 180 dias (art. 18, § 3º, Lei nº 13.301/16)


Aedes aegypti

Adoção ou guarda 120 dias (art. 392-A, CLT, com redação dada pela Lei nº 13.509/17, e art. 71-
judicial para fins A, Lei nº 8.213/91)
de adoção

Aborto Duas semanas (art. 93, § 5º, Regulamento da Previdência Social)

Fonte: Elaborado pela autora.

Pág. 36 de 49


7.7 Aposentadoria por idade


Figura 16 – Aposentadoria por idade

Fonte: MicrovOne/iStock

Previsão legal: Art. 201, § 7º, II, Constituição Federal.

Critérios para concessão: O critério de concessão segue alguns requisitos, elencados no quadro 5.

Quadro 5 – Requisitos para obtenção de aposentadoria por idade

Espécies Homem Mulher

Urbana 65 anos 60 anos

Rural 60 anos 55 anos

Compulsória RGPS 70 anos 65 anos


(segurado empregado)

Art. 51, Lei nº 8.213/91

Compulsória RPPS 75 anos 75 anos

LC nº 152/15

Fonte: Elaborado pela autora.

Valor do benefício: A renda mensal inicial (RMI) será de 70% do salário de benefício + 1% a cada
grupo de 12 contribuições mensais (máximo 100% do salário de benefício). Para o segurado especial,
será de um salário mínimo.

Carência: Mínimo de 180 contribuições (15 anos de contribuição).

Observações:

Pág. 37 de 49


• Todas as categorias de segurados possuem direito a esse benefício: empregado, empregado


doméstico, avulso, contribuinte individual, segurado especial, facultativo.
• A data de início do benefício (DIB), conforme art. 49 da Lei nº 8.213/91, será, conforme o quadro 6:
Quadro 6 – Data de inicio da concessão do benefício

Caso Concessão inicial

Regra geral (segurado A partir da data do desligamento no emprego, quando requerida até
empregado, inclusive esse dia, ou até 90 dias depois dela, ou a partir da data do requerimento,
aos domésticos) quando não houver desligamento do emprego ou quando for requerida
após esse prazo.

Demais segurados A partir da data do requerimento no INSS.

Fonte: Elaborado pela autora com base no art. 49 da Lei nº 8.213/91.

7.8 Aposentadoria por tempo de contribuição (antiga


aposentadoria por tempo de serviço)
Figura 17 – Aposentadoria por tempo de serviço

Fonte: PIKSEL/iStock

Previsão legal: art. 201, § 7º, II, Constituição Federal.

Critérios para concessão: Seguem alguns requisitos, elencados no quadro 7.

Pág. 38 de 49


Quadro 7 – Requisitos para obtenção de aposentadoria por idade

Caso Regra

Pessoa que, antes de 16 dez. 1998, já possuía os Norma antiga revogada pela EC nº 20/98.
requisitos para requerer

Pessoa que se filiou antes de 16 dez. 1998, mas Deve observar regra de transição.
ainda não havia cumprido os requisitos para
requerer

Pessoa que se filiou após 16 dez. 98 Deve observar regras novas instituídas pela EC
nº 20/98.

Fonte: Elaborado pela autora.

Regras: estão explicadas no quadro 8.

Quadro 8 – Regras para aposentadoria por tempo de contribuição

Regra antiga antes da Regra de transição Regra nova


EC nº 20/98

Professores (tanto Proventos integrais Professores (somente


da educação básica educação básica. Os
quanto do ensino Contribuição Idade demais foram para regra
superior): geral):
Homens 35 anos 53
- 30 anos homens anos - 30 anos homens

- 25 anos mulheres Mulheres 30 anos 48 - 25 anos mulheres


anos
Demais segurados Demais segurados
(integral) Se por idade, deve-se acrescentar pedágio (integral):
de 20% do que faltar para o tempo de
- 35 anos homens contribuição. - 35 anos homens

- 30 anos mulheres Proventos proporcionais - 30 anos mulheres

Demais segurados Contribuição Idade Proporcional:


(proporcional)
Homens 30 anos 53 Extinta
- 30 anos homens anos
- 25 anos mulheres Mulheres 25 anos 48
anos

Se por idade, deve-se acrescentar pedágio


de 40% do que faltar para o tempo de
contribuição)

Fonte: Elaborado pela autora.

Pág. 39 de 49


Valor do benefício: A renda mensal inicial (RMI) será de 100%, devendo ser aplicado fator
previdenciário obrigatório, salvo:

a) Regra 85/95 (corresponde à a soma da idade da pessoa e do tempo de contribuição dela


para o INSS: 85 para mulheres, 95 para homens).
b) Para deficientes, é facultativo (só incide se benéfico).

Carência: Mínimo de 180 contribuições (15 anos de contribuição).

Observações:

a) Todos os segurados do RGPS possuem direito, menos segurado especial (exceto se


recolheu como contribuinte individual).
b) Pessoas que podem optar pela proteção previdenciária mínima:

◊ Contribuinte individual por conta (11%).

◊ Segurado facultativo (11%).

◊ Segurado facultativo de baixa renda (5%).

◊ MEI (5%)

A data de início do benefício (DIB), conforme o art. 49 da Lei nº 8.213/91, será:

Quadro 9 – Regra para a data de início do benefício

Caso Concessão inicial

Regra geral (segurado empregado) Data do desligamento do emprego, quando requerida


até essa data ou até 90 dias após o desligamento.

Quando solicitada após 90 dias do Data do requerimento no INSS.


desligamento do emprego

Demais segurados

Fonte: Elaborado pela autora

Pág. 40 de 49


7.9 Aposentadoria especial


Figura 18 – Exposição a agentes nocivos

Fonte: welcomia/iStock

Previsão legal: Arts. 57 e 58, Lei nº 8.213/91.

Critérios para concessão:

• Exposição a agente nocivo por período de 15, 20 ou 25 anos, dependendo do agente. A partir
de 1995, passou-se a exigir prova de efetiva exposição de forma permanente, ou seja, não
há mera presunção em decorrência da função. A prova deve ser feita mediante PPP (Perfil
Profissiográfico Profissional).
• Espécies de agentes (anexo IV do Decreto nº 3.048/99):

◊ químicos (benzeno, chumbo, amianto, mercúrio, entre outros);

◊ físicos (ruído, pressão, temperatura, radiação);

◊ biológicos (vírus, bactérias e bacilos).

• Segurados do RGPS portadores de deficiência também possuem direito de pleitear o benefício,


exigindo-se 180 contribuições e as seguintes idades, a depender do grau de deficiência:
Tabela 3 – Idade mínima para pedido de aposentadoria especial

Grave Moderada Leve

Homens 25 anos 29 anos 33 anos

Mulheres 20 anos 24 anos 28 anos

Fonte: Elaborado pela autora.

Pág. 41 de 49


A Lei Complementar nº 142/13, cujo art. 3º estipula as condições mencionadas na tabela 3,


também assegura a concessão do benefício, independentemente do grau de deficiência, desde que
cumpridos 15 anos de contribuição, com comprovação de deficiência por igual período, aos homens
com 60 anos de idade e às mulheres com 55 anos de idade.

Valor do benefício: 100% do salário de benefício (art. 29, II, Lei nº 8.213/91).

Carência: 180 contribuições mensais, conforme art. 25, II, Lei nº 8.213/91.

Observações: O benefício é previsto somente para estes segurados:

1. Empregado.
2. Trabalhador avulso.
3. Contribuinte individual cooperado (cooperativa de produção ou trabalho).

O segurado especial não possui direito a esse benefício, visto que não possui direito de
aposentadoria por tempo de contribuição. Os domésticos e os facultativos também não possuem
a previsão dele.

SAIBA MAIS

O fator previdenciário é um multiplicador que a previdência utiliza para calcular o valor dos benefícios
decorrentes de aposentadorias por tempo de contribuição. Em 1º de dezembro de 2018, sofreu
alteração diante da tábua de mortalidade divulgada em 29 de novembro pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).

Esse fator não é utilizado na aposentadoria por invalidez, e, na aposentadoria por idade, a fórmula é
utilizada opcionalmente (se for para aumentar o valor do benefício).

Para saber mais, acesse o site: http://www.previdencia.gov.br/2018/11/tabua-de-mortalidade-


divulgada-pelo-ibge-hoje-29-altera-calculo-do-fator-previdenciario-2019/.

Pág. 42 de 49


8. CUSTEIO
Figura 19 – Custeio

Fonte: lucky336/iStock

O tema custeio trata das fontes de arrecadação da previdência social, que estão previstas no art.
195 da Constituição Federal. Esse dispositivo estabelece que a seguridade social será financiada
por toda sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei (BRASIL, 1988):

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e
indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições
sociais:

I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei,


incidentes sobre:

a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer


título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;

b) a receita ou o faturamento;

c) o lucro;

II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo


contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência
social de que trata o art. 201;

III - sobre a receita de concursos de prognósticos.

IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar.

Como se percebe do artigo transcrito, a seguridade social é custeada de forma direta e indireta
por toda a sociedade da seguinte forma:

Pág. 43 de 49


• Recursos provenientes dos orçamentos da União, dos estados, do Distrito Federal e dos
municípios.
• Receitas decorrentes das contribuições para a seguridade social.
• Multas, atualização monetária e juros moratórios.
• Remuneração recebida por serviços de arrecadação, fiscalização e cobrança prestados a
terceiros.
• Doações, legados, subvenções e outras receitas eventuais.
• 50% dos valores obtidos e aplicados em virtude da desapropriação confiscatória (culturas
ilegais de plantas psicotrópicas ou exploração de trabalho escravo).
• 40% do resultado dos leilões dos bens apreendidos pelo Departamento da Receita Federal do
Brasil.

No tocante às receitas decorrentes das contribuições para a seguridade social, vale observar
que se dividem em:

1. Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (contribuições interventivas de


competência da União): Cide Combustível e Cide Royalties.
2. Contribuições de interesse de categorias profissionais ou econômicas, também de competência
da União.
3. Contribuição para Custeio de Iluminação Pública (CIP/Cosip), de competência dos municípios
e do Distrito Federal.
4. Contribuições sociais (parafiscais), apresentadas no quadro 11.
Quadro 11 – Descrição das contribuições sociais para a seguridade social

a) Contribuições sociais gerais a1) Contribuição ao salário educação União

a2) Contribuição para o Sistema S

b) Contribuições para a seguridade - União (regra geral)


social
- Estados/Distrito Federal /municípios só para custeio
dos seus servidores (regime próprio)

c) Contribuições residuais União

Fonte: Elaborado pela autora.

A arrecadação desses tributos é tão importante que o Poder Público não pode:

a) contratar com pessoas jurídicas em débito com a seguridade social;


b) conceder incentivos fiscais ou creditícios a pessoas jurídicas em débito com a seguridade
social.

Pág. 44 de 49


Vale ressaltar as contribuições em espécie e suas principais características:

a) Contribuições do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei:


• Incidentes sobre a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados,
a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício.
Trata-se da contribuição previdenciária patronal para o custeio do RGPS, que incide sobre o
total da remuneração paga ou creditada pelas empresas aos trabalhadores.
• Incidentes sobre a receita ou o faturamento (Cofins), que incide sobre a receita ou o faturamento
das pessoas jurídicas (receita bruta mensal). A alíquota é de 7,6%.
• Incidentes sobre o lucro líquido (CSLL), cuja base de cálculo é o valor do resultado do exercício
das empresas, antes da provisão para o IR, de acordo com as seguintes alíquotas:

◊ Regra: 9%.

◊ Exceções: 15% para seguros privados, capitalização e para determinadas instituições


financeiras (elevada para 20% até 31 de dezembro de 2018); 17% para cooperativas de crédito.

b) Contribuições do trabalhador e dos demais segurados do RGPS

É a contribuição previdenciário devida pelos trabalhadores e demais segurados do RGPS.


Aposentados e pensionistas não contribuem, exceto:

• o aposentado que continua a desenvolver atividade laborativa;


• a mulher que percebe o salário-maternidade.
c) Concursos de prognósticos

São todos os concursos de sorteios de números, loterias e apostas, inclusive aquelas realizadas
em reuniões hípicas, no âmbito federal, estadual, distrital e municipal.

Quando realizados pelo Poder Público, será repassada à seguridade social a renda líquida
apurada após deduzidos os custos com o pagamento de prêmios, impostos e gestão, ressalvada
uma parcela destinada ao crédito educativo. No caso do concurso TimeMania, apenas 3% da renda
líquida será destinada à saúde, e 1%, à seguridade social como um todo.

Quando realizados por particulares, 5% do seu movimento global são destinados à seguridade
social.

Pág. 45 de 49


d) Contribuição do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele


equiparar (Cofins importação)
Quadro 12 – base de cálculo do COFINS Importação

Base de Bens importados Valor aduaneiro


cálculo Cofins
Importação Prestação de serviços por Quantia paga pela
pessoas residentes no prestação
exterior

Fonte: Elaborado pela autora.

A alíquota, em regra, é de 7,6% (salvo inúmeras exceções elencadas no art. 8º da Lei nº 10.865/04),
havendo autorização legal para a redução da alíquota para zero em relação a vários produtos, por
decreto presidencial, ante a natureza regulatória que também marca esse tributo.

Por fim, vale ressaltar que há uma série de imunidades para entidades de assistência social,
conforme requisitos da Lei nº 12.101/09.

Curiosidade

Você sabia que a Previdência gastou em 2018 cerca de R$ 186 bilhões mais do que arrecadou e que
o déficit do RGPS entre janeiro e novembro de 2018 chegou a R$ 186,3 bilhões, sendo considerado o
maior da história?

Leia mais em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-46866691. Acesso em 21 maio. 2019.

CONCLUSÃO
O Direito Previdenciário transforma-se constantemente, e conhecer suas linhas mestras proporciona
aos gestores maior segurança para tomada de importantes decisões nos mais diversos ambientes
corporativos, garantindo eficiência empresarial e proporcionando dignidade aos trabalhadores.

Pág. 46 de 49


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOCCHI JUNIOR, Hilário et al. Manual do advogado previdenciário: teoria e prática. São Paulo:
JusPODIVM, 2018.

BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho.
DOU, 9 ago. 1943. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm>.
Acesso em: 15 maio. 2019.

________. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.


planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 15 maio. 2019.

________. Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência
Social e dá outras providências. DOU, 25 jul. 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/l8213cons.htm>. Acesso em: 15 maio. 2019.

________. Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993. Dispõe sobre a organização da Assistência Social
e dá outras providências. DOU, 8 dez. 1993. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/l8742.htm>. Acesso em: 15 maio. 2019.

________. Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999. Aprova o Regulamento da Previdência Social e


dá outras providências. DOU, 7 maio. 1999a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto/d3048.htm>. Acesso em: 15 maio. 2019.

________. Lei 9.876, de 26 de novembro de 1999. Dispõe sobre a contribuição previdenciária do


contribuinte individual. DOU, 29 nov. 1999b. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/l9876.htm>. Acesso em: 15 maio. 2019.

________. Decreto nº 4.032, de 26 de novembro de 2001. Altera dispositivos do Regulamento da


Previdência Social, aprovado pelo Decreto no 3.048, de 6 de maio de 1999. DOU, 27 nov. 2001.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2001/D4032.htm>. Acesso em: 15
maio. 2019.

Pág. 47 de 49


BRASIL.Lei nº 12.101, de 27 de novembro de 2009. Dispõe sobre a certificação das entidades


beneficentes de assistência social. DOU, 30 nov. 2009. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12101.htm>. Acesso em: 15 maio. 2019.

________. Decreto nº 7.054, de 28 de dezembro de 2009. Altera o § 1o do art. 11 do Regulamento


da Previdência Social, aprovado pelo Decreto no 3.048, de 6 de maio de 1999. DOU, 29 dez. 2009.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/D7054.htm>.
Acesso em: 15 maio. 2019.

________. Lei Complementar nº 150, de 1º de junho de 2015. Dispõe sobre o contrato de trabalho
doméstico. DOU, 2 jun. 2015. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp150.
htm>. Acesso em: 15 maio. 2019.

________. Medida Provisória nº 871, de 18 de janeiro de 2019. Institui o Programa Especial para Análise
de Benefícios com Indícios de Irregularidade, o Programa de Revisão de Benefícios por Incapacidade,
o Bônus de Desempenho Institucional por Análise de Benefícios com Indícios de Irregularidade do
Monitoramento Operacional de Benefícios e o Bônus de Desempenho Institucional por Perícia Médica
em Benefícios por Incapacidade e dá outras providências. DOU, 18 jan. 2019. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Mpv/mpv871.htm>. Acesso em: 13 fev. 2019.

BRASIL. Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Instrução Normativa INSS nº 77, de 21 de
janeiro de 2015. DOU, 22 jan. 2015. Disponível em: <http://sislex.previdencia.gov.br/paginas/38/
inss-pres/2015/77.htm>. Acesso em: 15 maio. 2019.

BRASIL. Secretaria de Previdência. Tábua de mortalidade divulgada pelo IBGE hoje (29) altera cálculo
do Fator Previdenciário 2019. 29 nov. 2018. Disponível em: <http://www.previdencia.gov.br/2018/11/
tabua-de-mortalidade-divulgada-pelo-ibge-hoje-29-altera-calculo-do-fator-previdenciario-2019/>.
Acesso em: 13 fev. 2019.

BRASIL. Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais. Súmula 18. Data do
julgamento 31 ago. 2004. Disponível em: <https://www.cjf.jus.br/phpdoc/virtus/sumula.php?nsul=
18&PHPSESSID=3go9li2s89jlaiuft6a2tav390>. Acesso em: 5 jun. 2019.

DECLARAÇÃO dos Direitos do Homem e do Cidadão. 1789. Disponível em: <http://pfdc.pgr.mpf.


mp.br/atuacao-e-conteudos-de-apoio/legislacao/direitos-humanos/declar_dir_homem_cidadao.
pdf>. Acesso em: 15 maio. 2019.

Pág. 48 de 49


GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Manual de Direito Previdenciário. 2ª ed. São Paulo: JusPODIVM,
2019.

HORVATH JÚNIOR, Miguel. Direito Previdenciário. 11ª ed. São Paulo: Quartier Latin, 2018.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). Declaração Universal dos Direitos Humanos. 1948.
Disponível em: <https://nacoesunidas.org/wp-content/uploads/2018/10/DUDH.pdf>. Acesso em:
15 maio. 2019.

REDE JORNAL CONTÁBIL. A pensão por morte após a MP 871/2019. Publicado em 23 fev. de 2019.
Disponível em: <https://www.jornalcontabil.com.br/a-pensao-por-morte-apos-a-mp-871-2019/>.
Acesso em: 24 fev. 2019.

TABELA de Contribuição INSS 2019: alíquotas de contribuição mensal. Disponível em: <https://
tabelainss2019.com/tabela-de-contribuicao-inss-2019/>. Acesso em: 10 fev. 2019.

Pág. 49 de 49

Você também pode gostar