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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO SAÚDE MENTAL


DISCIPLINA: A Reforma Psiquiátrica e as Políticas de Saúde Mental
Profa.: Daniene Cássia dos Santos

Primeiro semestre de 2023

Alunos/Matrícula:
Fernando Martins da Conceição Maia / 177358

O artigo "Clínica e cotidiano: o CAPS como dispositivo de


desinstitucionalização" de Erotildes Maria Leal aborda o papel dos Centros de
Atenção Psicossocial (CAPS) como dispositivos de desinstitucionalização na área
da saúde mental.
A autora começa destacando a importância de repensar a prática clínica
tradicional, que muitas vezes se baseia em internações e tratamentos hospitalares,
para um modelo mais aberto e inclusivo. Nesse sentido, os CAPS são apresentados
como uma alternativa aos hospitais psiquiátricos, proporcionando um espaço de
cuidado e acolhimento que busca a reinserção social dos usuários.
Leal destaca que a desinstitucionalização vai além de um simples
fechamento dos hospitais psiquiátricos, envolvendo uma transformação na forma de
lidar com a saúde mental. Os CAPS, por sua vez, são estruturados como unidades
abertas, que promovem a convivência e a participação ativa dos usuários em seu
próprio processo de tratamento.
A autora destaca a importância do cotidiano no processo terapêutico dos
CAPS. Ela argumenta que é no dia a dia, nas atividades do centro e nas relações
interpessoais estabelecidas, que se constroem novos significados e possibilidades
para a vida dos usuários. Dessa forma, os CAPS se tornam espaços de convivência
e trocas, permitindo a construção de redes sociais e o fortalecimento da autonomia
dos indivíduos.
Leal também ressalta a importância da interdisciplinaridade no trabalho
desenvolvido pelos CAPS. Profissionais de diferentes áreas, como psicólogos,
assistentes sociais, enfermeiros e terapeutas ocupacionais, atuam de forma
integrada, considerando a singularidade de cada usuário e a complexidade dos
problemas enfrentados.
A autora enfatiza que a desinstitucionalização proposta pelos CAPS não
significa a exclusão dos serviços hospitalares, mas sim uma reorganização do
sistema de saúde mental, privilegiando a atenção comunitária e a inclusão social.
Os CAPS são vistos como dispositivos que possibilitam a superação do modelo
asilar e a construção de práticas de cuidado mais humanizadas e efetivas.
A valorização da subjetividade é um dos aspectos cruciais abordados no
artigo "Clínica e cotidiano: o CAPS como dispositivo de desinstitucionalização". A
autora ressalta a importância de considerar a singularidade de cada usuário nos
Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), levando em conta suas vivências, desejos
e necessidades. Nesse sentido, a abordagem terapêutica adotada nos CAPS
valoriza a subjetividade, reconhecendo que cada pessoa possui uma história e uma
trajetória próprias. Essa perspectiva individualizada permite uma compreensão mais
ampla e empática das demandas dos usuários, promovendo uma relação
terapêutica mais humanizada e efetiva.
Outro ponto relevante abordado no texto é a desconstrução do estigma
associado à saúde mental. Os CAPS são apresentados como espaços que visam
combater o estigma e promover a inclusão social, independentemente das
condições de saúde mental dos usuários. Ao oferecer cuidado aberto, centrado no
cotidiano e na participação ativa dos indivíduos, essas instituições contribuem para
que os usuários sejam vistos como cidadãos plenos, valorizando sua dignidade e
respeitando sua diversidade. Essa abordagem tem o potencial de reduzir o
preconceito e a discriminação, fomentando uma sociedade mais inclusiva e
igualitária.
A importância da participação dos usuários é um dos pilares destacados no
artigo. Nos CAPS, os usuários são convidados a serem protagonistas de seus
próprios processos terapêuticos, tendo voz nas decisões relacionadas ao seu
tratamento e à organização do espaço. Essa participação ativa fortalece a
autonomia dos indivíduos, permitindo-lhes ter um papel ativo na definição de seus
objetivos terapêuticos e no desenvolvimento de estratégias de cuidado que sejam
significativas para eles. Essa abordagem colaborativa empodera os usuários,
contribuindo para o fortalecimento de sua autoestima e confiança.
Outro aspecto crítico abordado no texto é a reflexão sobre a medicalização
excessiva no campo da saúde mental. Os CAPS propõem um olhar mais amplo,
considerando não apenas os aspectos biológicos, mas também as dimensões
sociais, culturais e subjetivas dos indivíduos. Ao evitar uma abordagem meramente
medicamentosa, os CAPS buscam promover um uso racional de medicamentos,
priorizando intervenções terapêuticas que envolvam aspectos psicossociais e a
construção de redes de apoio. Essa visão crítica da medicalização excessiva
contribui para a promoção de práticas de cuidado mais integradas e
contextualizadas.
Além das principais ideias mencionadas anteriormente, há alguns outros
pontos relevantes a serem destacados no texto "Clínica e cotidiano: o CAPS como
dispositivo de desinstitucionalização":
A valorização da subjetividade: O artigo ressalta a importância de considerar
a singularidade de cada usuário nos CAPS, levando em conta suas vivências,
desejos e necessidades. Isso implica em uma abordagem terapêutica que valoriza a
subjetividade, reconhecendo que cada pessoa possui uma história e uma trajetória
próprias.
A desconstrução do estigma: Os CAPS são apresentados como espaços que
visam combater o estigma associado à saúde mental. Ao promover a inclusão social
e o respeito à diversidade, essas instituições contribuem para que os usuários
sejam vistos como cidadãos plenos, independentemente de suas condições de
saúde mental.
A importância da participação dos usuários: O texto destaca a participação
ativa dos usuários como um dos pilares dos CAPS. Eles são convidados a serem
protagonistas de seus próprios processos terapêuticos, tendo voz nas decisões
relacionadas ao seu tratamento e à organização do espaço.
A visão crítica sobre a medicalização excessiva: O artigo faz uma reflexão
sobre a medicalização excessiva no campo da saúde mental e como isso pode
reforçar práticas institucionais. Os CAPS propõem um olhar mais amplo,
considerando as dimensões sociais, culturais e subjetivas dos indivíduos, além do
uso racional de medicamentos.
Os desafios e avanços na implementação dos CAPS: O texto menciona que,
embora os CAPS sejam considerados um avanço na área da saúde mental, ainda
existem desafios a serem enfrentados, como a ampliação da rede de serviços, a
capacitação de profissionais e a superação de resistências institucionais. No
entanto, são ressaltados os avanços e benefícios já alcançados por meio desses
dispositivos.
Embora o texto "Clínica e cotidiano: o CAPS como dispositivo de
desinstitucionalização" apresente importantes ideias sobre o papel dos Centros de
Atenção Psicossocial (CAPS) na transformação do modelo de cuidado em saúde
mental, algumas críticas podem ser levantadas:
Falta de embasamento teórico: O artigo carece de uma fundamentação
teórica mais sólida. Embora a autora apresente algumas ideias interessantes, como
a importância do cotidiano e da participação dos usuários, seria benéfico incluir
referências teóricas que sustentem essas perspectivas e ampliem a compreensão
do leitor.
Limitação na abordagem das críticas ao modelo tradicional: Embora o texto
mencione brevemente a necessidade de repensar a prática clínica tradicional, não
explora de maneira aprofundada as críticas e limitações desse modelo, nem oferece
um contraponto robusto. Isso reduz a compreensão da complexidade do debate em
torno da desinstitucionalização.
Ausência de discussão sobre a efetividade dos CAPS: Embora o texto
ressalte os benefícios dos CAPS, não há uma análise detalhada sobre a efetividade
dessas instituições. Seria relevante discutir e apresentar evidências sobre os
resultados alcançados pelos CAPS em termos de recuperação, reintegração social
e redução de recaídas.
Falta de problematização das práticas nos CAPS: O artigo não aborda
possíveis problemas ou desafios enfrentados nos CAPS, como a falta de recursos
financeiros, a sobrecarga de profissionais e a necessidade de uma maior articulação
com outros serviços de saúde. Ignorar essas questões pode limitar a compreensão
realista da implementação e funcionamento dos CAPS.
Ausência de perspectivas críticas: O texto apresenta uma visão
predominantemente positiva dos CAPS, sem oferecer perspectivas críticas ou
considerar possíveis aspectos negativos ou dilemas éticos relacionados à
desinstitucionalização. Uma abordagem mais equilibrada e reflexiva seria desejável
para uma discussão aprofundada do tema.
Em suma, o artigo de Erotildes Maria Leal aborda a importância dos CAPS
como dispositivos de desinstitucionalização na área da saúde mental, destacando
sua proposta de cuidado aberto, centrado no cotidiano e na participação ativa dos
usuários. Através da interdisciplinaridade e do fortalecimento das redes sociais, os
CAPS contribuem para a construção de um novo modelo de atenção em saúde
mental, mais inclusivo, humano e eficaz. Embora o texto ressalte os benefícios dos
CAPS, é importante reconhecer que existem desafios a serem enfrentados na
implementação desses dispositivos. A ampliação da rede de serviços, a capacitação
de profissionais e a superação de resistências institucionais são algumas das
questões mencionadas. Além disso, é fundamental problematizar possíveis
problemas e desafios enfrentados nos CAPS.

Referências Bibliográficas:

LEAL, Erotildes M.; DELGADO, Pedro G. G. Clínica e cotidiano: o CAPS como


dispositivo de desinstitucionalização. 1. ed. Rio de Janeiro: CEPESC: IMS/LAPPIS:
ABRASCO, 2007, v., p. 137-154.

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