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SUMÁRIO

TRAUMAS........................................................................................................................3
TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO (TCE) .........................................................3
TRAUMATISMO DA COLUNA VERTEBRAL ............................................................7
TRAUMATISMO DE TÓRAX ......................................................................................10
TRAUMA DE ABDOME ...............................................................................................14
TRAUMA MUSCULOESQUELÉTICO ........................................................................16
IMOBILIZAÇÕES ..........................................................................................................20
EQUIPAMENTOS DE IMOBILIZAÇÃO .....................................................................21
TÉCNICAS DE IMOBILIZAÇÃO .................................................................................24
PARTICULARIDADES NO ATENDIMENTO DE BÊBES E CRIANÇAS ................27
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................30
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TRAUMAS

TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO (TCE)

O trauma de crânio é responsável por 50% das mortes em pacientes traumatizados.


São as principais causas de óbito nas vítimas de acidentes automobilísticos. A maioria
das vítimas está na faixa etária de 15 aos 24 anos. E mesmo quando não causam a morte,
pode causar sequelas graves, incompatíveis com uma vida produtiva. O tratamento
adequado é eficaz para diminuir essas complicações.
Os traumatismos da cabeça podem envolver, isoladamente ou em qualquer
combinação, o couro cabeludo, crânio e encéfalo.

Lesões no couro cabeludo

Podem causar hemorragias importantes devido a sua intensa vascularização. Nos


adultos, os hematomas subgaliais (galos) são úteis para determinar a força do
traumatismo. Os sangramentos devem ser controlados com compressão. Na presença de
fratura com depressão, efetuar a compressão na margem da lesão para evitar agravamento.

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Fraturas de crânio

As fraturas de crânio não implicam, necessariamente, presença de lesão


encefálica, mas indicam a severidade do trauma e maior probabilidade de ocorrer lesão
intracraniana. Podem ser classificadas em:
• Fraturas, linear ou simples: representam 80% das fraturas de crânio, são
lineares e sem desvio;
• Fraturas abertas: localizam-se sob lesões do couro cabeludo e têm maior
potencial para infecção;
• Fraturas deprimidas: ocorrem geralmente após lesão de baixa velocidade
com impactos de pequenos objetos. Têm maior potencial para causar lesão cerebral, pois
fragmentos ósseos penetram na massa encefálica;
• Fraturas de base de crânio: a presença de sangramento pelo nariz
(rinorragia) ou pelo ouvido (otorragia) indica a possibilidade desta lesão. A equimose
periorbitária (olhos de guaxinim) surge algumas horas após o trauma. A equimose de
mastoide é um sinal tardio (mais de 24 horas após a lesão).

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Lesões cerebrais
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a) Concussão: episódio de alteração do nível de consciência após um violento


choque, com retorno rápido ao normal. Não há lesão cerebral definida. O quadro clínico
é a perda da consciência por alguns segundos ou minutos, confusão, amnésia e vômitos.
b) Contusão cerebral: ocorre geralmente nas áreas em que o cérebro entra em
contato com protuberâncias ósseas, caracteriza-se por áreas de hemorragia no cérebro.
Pode causar deficits permanentes ou se resolver totalmente. As lacerações cerebrais
podem ocorrer nas mesmas situações das contusões cerebrais.
c) Hematomas intracranianos: existem três tipos de hematomas (epidurais,
subdurais e intracerebrais);
Hematomas epidurais: ocorrem em quase todos os casos de fratura de crânio, não
ocasionando sequelas graves. Criam um aumento da pressão intracraniana em poucas
horas. São responsáveis por 5 a 10% dos óbitos por TCE; Hematomas subdurais: ocorre
quando o sangramento está presente entre a dura-máter e a aracnoide. Geralmente de
natureza venosa, tendo uma velocidade de expansão menor. Podem ser classificados de
acordo com a apresentação clínica em agudos, subagudos e crônicos;
Hematomas intracerebrais: são causados por dano vascular no momento do
impacto. O quadro clínico depende da região do cérebro que foi afetada.
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Avaliação e abordagem da vítima

• Avaliar a cena;
• Realizar a sequência ABCD (abertura das vias aéreas, boa ventilação,
verificação da circulação com controle de hemorragias);
• Realizar miniexame neurológico (escala de coma de glasgow);
• Avaliar pupilas (tamanho, simetria, responsividade à luz);
• Movimentos das extremidades (comparar a simetria entre o lado direito e
esquerdo do corpo);
• Transportar rapidamente para o serviço apropriado para reduzir a
gravidade das lesões. E diminuir a mortalidade das vítimas.
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Escala de coma de Glasgow

É utilizada para avaliação e comparações repetidas no nível de consciência em


intervalos frequentes. São atribuídos valores numéricos às seguintes respostas da vítima:
abertura ocular, respostas motora e verbal. A pontuação obtida é somada e reflete o status
neurológico da vítima de TCE. A pontuação mínima é três e a máxima 15, pontuações
menores ou iguais a oito são compatíveis com o estado de coma.

Abertura Ocular Espontânea 4

Ao comando verbal 3
À dor 2
Ausente 1
Resposta Motora Obedece a comandos 6
Localização à dor 5
Flexão inespecífica (retirada) 4
Flexão hipertônica 3
Extensão hipertônica 2
Sem resposta 1
Resposta Verbal Orientado e conversando 5
Desorientado e conversando 4
Palavras inapropriadas 3
Sons incompreensíveis 2
Sem resposta 1

TRAUMATISMO DA COLUNA VERTEBRAL

A ideia mais difundida em relação aos acidentes é que “não se deve remover a
vítima”, uma vez que a remoção inadequada pode causar danos irreversíveis. Tal
preocupação é fundada, principalmente no risco de lesão de coluna vertebral. Essa, se não
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reconhecida e adequadamente tratada, pode deixar a pessoa paralítica por toda a vida ou
levá-la à morte imediata.
Este tipo de traumatismo é mais comum em jovens (entre 16 e 35 anos), tendo
como causas mais frequente: acidentes automobilísticos, mergulhões em águas rasas,
acidente de motocicletas e quedas.
A proteção da coluna cervical deve ser uma das prioridades do tratamento pré-
hospitalar, a não ser que outra situação esteja produzindo risco de vida iminente.

Mecanismos específicos de lesão

• Sobrecarga Axial – esta compressão da coluna ocorre mais comumente


quando a cabeça atinge um objeto e o peso do corpo, ainda em movimento, vai de
encontro à cabeça. Exemplos: vítima sem cinto de segurança que vai de encontro ao para-
brisa em colisão frontal, ou indivíduo que bate a cabeça durante mergulho em águas rasas;

• Flexão excessiva, lateralização, extensão ou hiper-rotação – a coluna é


mais susceptível à flexão lateral, sendo necessário um menor grau de movimento para
produzir lesão do que na extensão e flexão anteroposteriores. Um choque lateral causa
danos mais facilmente que um impacto anterior ou posterior;

• Estiramentos - ocorrem quando a cabeça é mantida em uma posição fixa


enquanto o movimento de tronco tende a separá-los. Este é o mecanismo de leso dos
enforcamentos;
As lesões medulares podem ser classificadas do ponto de vista clínico em
completas e incompletas. As completas resultam em perda total de função, ao exame o
paciente não tem movimentação ou sensações abaixo do nível da lesão; nas incompletas,
há preservação de algumas funções. Mesmo algumas lesões que parecem completas
podem melhorar. Desse modo, todos os pacientes devem ser tratados com o máximo de
cuidado para evitar o segundo trauma e danos secundários à medula espinhal.
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Avaliação e Abordagem da Vítima

• Avaliar da cena;
• Realizar a sequência ABCDE (Abertura das vias aéreas, Boa ventilação,
verificação da Circulação com controle de hemorragias, verificarem
Deficits neurológicos e Exposição da vítima prevenindo resfriamentos);
• Observar sinais e sintomas indicativos de lesão da coluna como dor ao
movimento, pontos de maciez, deformidade e defesa;
• Observar sinais e sintomas neurológicos indicativos como paralisia
bilateral, paralisia parcial, fraqueza (paresia), “dormência” do membro, sensação de
fincadas, formigamento e choque neurológico.
• Imobilizar da vítima;
• Adaptar a vítima à prancha longa, em decúbito dorsal e em posição neutra;
• Reavaliar a imobilização, periodicamente, durante o transporte. Pode estar
“frouxa”, colocando a coluna em risco, ou muito apertada, comprometendo a circulação
nos membros.
Todos os passos devem ser seguidos sem movimentação da cabeça ou da coluna
vertebral. Se há possibilidade de lesão da coluna vertebral, considerar como certeza até
que essa possa ser excluída.
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Imobilização da coluna vertebral

A cabeça, pescoço, tórax, abdome e pelve devem ser imobilizados em bloco. Os


pacientes com indicação de cuidados especiais devem ter a coluna imobilizada, quer se
encontrem de pé, sentados ou deitados no momento do socorro. A posição mais estável
para o transporte é o decúbito dorsal, que permite fácil acesso a todos os segmentos
corporais.

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TRAUMATISMO DE TÓRAX

Os traumatismos de tórax causam aproximadamente 25% das mortes nos


pacientes politraumatizados. Cerca de 60% dos politraumatizados que evoluem para o
óbito apresentam lesões torácicas.
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Os traumatismos podem ser fechados ou penetrantes, dependendo da integridade


da parede torácica. Os fechados podem ser por compressão dos órgãos torácicos ou por
aceleração-desaceleração e são mais frequentes que os penetrantes. Os traumatismos
penetrantes podem ser causados por arma branca ou arma de fogo. São mais evidentes e
a trajetória do projétil ou lâmina pode ser imaginada, determinando o local de lesões em
órgãos. As lesões específicas no trauma de tórax são:

Fratura de costelas

As fraturas mais comuns são as laterais entre a terceira e oitava costelas. Elas são
longas, finas e pouco protegidas. Fraturas simples isoladas quase nunca trazem risco de
morte. Podem ser detectadas por dor ao movimento ou palpação e, às vezes, crepitação
local. As fraturas de costelas mais baixas podem ser associadas com lesões do fígado (à
direita) e, baço (à esquerda).

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Tórax instável

O tórax instável é causado geralmente por um impacto no esterno ou na parede


lateral com fraturas de duas ou mais costelas adjacentes em dois ou mais pontos, deixando
uma parte da parede “solta”. Esta porção perde o suporte ósseo e passa a fazer movimento
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contrário ao resto do tórax em cada respiração. É uma lesão grave e pode levar à hipóxia
e à morte, se associada à contusão pulmonar e não tratada adequadamente. O tratamento
consiste em medicação para dor e, em alguns casos, suporte ventilatório por aparelhos.

Contusão pulmonar

A compressão do pulmão pode produzir hemorragia dentro dos alvéolos,


reduzindo a capacidade do pulmão de transferir oxigênio para o sangue. Deve-se suspeitar
se houver sinais de trauma importante do tórax, como fraturas de várias costelas, tórax
instável e equimoses. Crianças podem apresentar contusões graves sem qualquer sinal de
lesão externa ou fratura de costela. O tratamento específico somente será realizado em
ambiente hospitalar ou por unidade de suporte avançado.

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Pneumotórax hipertensivo

Pneumotórax significa a presença de ar no espaço entre pleuras. Pode ser


resultante de lesão aberta no tórax (facada, por exemplo), ou lesão do próprio pulmão
(após ser atingido por um fragmento de costela quebrada, por exemplo), ou ambos. À
medida que o ar entra para o espaço pleural ele impede o pulmão de expandir-se e de
realizar as trocas gasosas. Se o ar estiver entrando em um mecanismo de válvula (entra e
fica aprisionado), haverá compressão total do pulmão do mesmo lado com desvio do
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mediastino para o lado oposto, levando à redução do retorno de sangue para o coração e
ao choque. Normalmente, há grande dificuldade respiratória, taquicardia, hipotensão
arterial e distensão do lado do tórax afetado.
Nessa situação, o ar pode escapar para debaixo da pele, podendo ser detectado
pela palpação e sendo chamado enfisema subcutâneo. O pneumotórax hipertensivo
poderá matar a vítima em poucos minutos, se não for detectado. Tratamento específico
só em ambiente hospitalar, ou por equipe de suporte avançado de vida.
Consiste na drenagem do ar, permitindo expansão pulmonar.

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Pneumotórax aberto

É produzido quando um ferimento penetrante conecta o espaço pleural com a


atmosfera. Quando maior que 2/3 do diâmetro da traqueia torna o paciente incapaz de
encher os pulmões durante a inspiração, pois o ar tende a entrar pela ferida e não pelas
vias aéreas.

Contusão cardíaca

A contusão cardíaca pode produzir leso miocárdica. Devem-se suspeitar quando


a vítima apresenta contusão ou fratura esternal. Devido a sua posição anterior e
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subesternal o ventrículo direito é mais afetado que o esquerdo. Tem como complicações
as arritmias, hipotensão e rupturas de miocárdio ou válvulas.

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Tratamento e Condutas

• Avaliação da cena;
• Realizar a sequência ABCDE (Abertura das vias aéreas, Boa ventilação,
verificação da Circulação com controle de hemorragias, verificarem Deficits
neurológicos e Exposição da vítima prevenindo resfriamentos);
• Transporte imediato para centro de saúde de referência.

TRAUMA DE ABDOME

O trauma de abdome ocorre em 20 a 40% dos politraumatizados, causando 50%


das mortes evitáveis por trauma. A mortalidade elevada é explicada pelo fato de que,
frequentemente, o paciente não é diagnosticado na avaliação inicial, na emergência. O
óbito pode ocorrer devido à hemorragia extensa proveniente de lesão aberta (trauma
abdominal penetrante) ou lesão fechada (trauma abdominal contuso).
Complicações tardias também podem surgir se lesões pequenas passarem
despercebidas, principalmente quando confia no aspecto externo da vítima e não valoriza
o potencial de dano causado pelo acidente, sobretudo no trauma contuso. A completa
ausência de sintomas e sinais locais não descarta a possibilidade de trauma abdominal.
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Os traumatismos podem ser fechados ou penetrantes, dependendo da integridade


da parede abdominal.

Traumatismos fechados

Os traumatismos fechados podem ocorrer por compressão dos órgãos abdominais


ou por aceleração-desaceleração, e são cinco vezes mais frequentes mais que os
penetrantes. As vítimas podem não ter dor ou evidências de trauma ao exame.

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Traumatismos penetrantes

Os traumatismos penetrantes podem ser causados por arma branca ou arma de


fogo. São mais evidentes e a trajetória do projétil ou lâmina pode ser imaginada,
determinando o local de lesões em órgãos. A mortalidade é bem mais elevada em
ferimentos por arma de fogo, pois as lesões aos órgãos abdominais são bem mais
frequentes.
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Abordagem e condutas

• Avaliar da cena;
• Realizar a sequência ABCDE (Abertura das vias aéreas, Boa ventilação,
verificação da Circulação com controle de hemorragias, verificarem Deficits
neurológicos e Exposição da vítima prevenindo resfriamentos);
• Administração de oxigênio;
• Imobilização rápida;
• Acesso venoso e infuso de soro (somente com supervisão e/ou orientação
médica);
• Transporte imediato para o centro de saúde de referência.

A avaliação e o tratamento cirúrgico são os elementos básicos para a redução da


mortalidade dessas vítimas. Por isso, qualquer medida que retarde a chegada da vítima
até esse recurso deve ser bem justificada. O tempo de chegada ao centro de saúde de
referência é crucial.

TRAUMA MUSCULOESQUELÉTICO
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Lesões musculoesqueléticas ou de extremidades são muito comuns. Pequenos


acidentes domésticos, recreativos ou esportivos levam a esse tipo de lesão, na maioria das
vezes, sem maiores consequências.
O principal mecanismo pelos quais essas lesões podem representar uma ameaça à
vida é a perda sanguínea, que pode causar choque, dano a vasos sanguíneos e nervos. Os
tipos de lesões musculoesqueléticas são:

Fraturas abertas e fechadas

Ocorre interrupção na continuidade do osso. Nas fraturas fechadas à pele está


intacta, e na fraturas abertas ocorre sobre a lesão de continuidade da pele, que pode ser
produzida pelos próprios fragmentos ósseos ou por objetos penetrantes.

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Luxações

São lesões em que à extremidade de um dos ossos que compõem uma articulação
é deslocada de seu lugar. O dano a tecido mole pode ser muito grave, afetando vasos
sanguíneos, nervos, e a cápsula articular.

http://www.clifisio.com
Entorses

São lesões aos ligamentos. Podem ser de grau mínimo ou grave, causando ruptura
completa do ligamento. As formas graves produzem perda da estabilidade da articulação,
à vezes, acompanhada por luxação.
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Distensões

São lesões aos músculos ou seus tendões, geralmente são causados por
hiperextensão ou por contrações violentas. Em casos graves pode haver ruptura do tendão.

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Amputações traumáticas

As amputações traumáticas são lesões em que há separação de um membro ou de


um uma estrutura protuberante do corpo. Podem ser causadas por objetos cortantes,
esmagamentos ou tracionamento. As causas por acidentes industriais e automobilísticos
são mais comuns em jovens.

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Abordagem e condutas (gerais)

• Avaliar da cena;
• Realizar a sequência ABCDE (Abertura das vias aéreas, Boa ventilação,
verificação da Circulação com controle de hemorragias, verificarem Deficits
neurológicos e Exposição da vítima prevenindo resfriamentos);
• Imobilização adequada (se lesão óssea, imobilizar incluindo uma
articulação acima e uma abaixo; e se lesão articular, imobilizar incluindo um osso em
cima e um abaixo);
• Transporte para o centro de saúde de referência (realizar radiografia).

Condutas nas amputações

O tratamento inicial deve ser rápido pela gravidade da lesão, que pode causar a
morte por hemorragia, e pela possibilidade de reimplante do membro amputado. O
controle ABC é crucial na primeira fase do tratamento.
O membro amputado deve ser protegido com pano limpo e o sangramento
comprimido. O uso de torniquete não é recomendado, pois reduz as chances de reimplante
com sucesso.
Observar sinais de choque hipovolêmico, devido à hemorragia.
As partes amputadas devem ser enxaguadas com solução salina normal ou água
limpa, colocadas em um saco plástico e mantidas frias durante o transporte para o
hospital. Não devem ser colocadas em contato direto com gelo.
Transportar a vítima e o membro amputado o mais rápido possível para o hospital.
Quanto mais precocemente o atendimento, mais chance tem de reconstituição.

IMOBILIZAÇÕES

A maioria das vítimas de trauma necessitará de algum tipo de imobilização e a


totalidade necessitará de transporte. O objetivo da imobilização é a condução das vítimas
à assistência especializada sem causar danos adicionais, principalmente no que diz
respeito à coluna vertebral.
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EQUIPAMENTOS DE IMOBILIZAÇÃO

Colar Cervical e Imobilizador Lateral

É importante que a vítima tenha sua cabeça e coluna cervical imobilizadas


manualmente até que elas estejam fixadas em dispositivo próprio. Para imobilizar
parcialmente a coluna cervical da vítima, emprega-se um dispositivo de resina resistente
que envolve o seu pescoço como se fosse um colar. O colar cervical, isoladamente, não
imobiliza o pescoço, apenas limita os movimentos de flexão. Utiliza-se então, o
imobilizador lateral (bachal) ou fitas adesivas e rolos de pano para fixação na prancha
longa.

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Prancha Longa

É o equipamento indicado para a remoção de vítimas encontradas em decúbito


(deitadas). Eventualmente, pode ser utilizada como suporte secundário quando outros
materiais são empregados. É feita de compensado naval ou resina resistente. Possui
saliência para que o socorrista possa introduzir seus dedos e elevar a prancha, e sua
espessura deve ter poucos centímetros para facilitar a colocação do paciente. Sua
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superfície deve ser lisa para facilitar o deslizamento da vítima. A maioria das pranchas
encontradas no mercado suporta até 150 Kg.
A vítima deve ser fixada na prancha por, pelo menos, três cintos (tirantes), que
devem estar posicionados nos ombros, no quadril e acima dos joelhos. Após o ajuste do
tronco e das pernas, fixa-se a cabeça. Só neste momento pode-se liberar a imobilização
manual.
As técnicas para colocação de pacientes na prancha longa devem respeitar a
estabilização da coluna vertebral, movimentando a vítima em bloco. As mais utilizadas
são as manobras de rolamento.

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Ked

O KED (Kendrick Extrication Device) é um dispositivo utilizado na imobilização


da coluna cervical, vertebral e lombar em uma posição anatômica, permitindo que a
vítima seja imobilizada, extricada e transportada na posição sentada.
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TÉCNICAS DE IMOBILIZAÇÃO

Dois indivíduos podem ser suficientes para a execução destas técnicas, porém o
ideal são três. Existem rolamentos de 90 e 180 graus. O princípio básico consiste em
estabilizar inicialmente a cabeça e o pescoço mediante tração manual e, em seguida, em
alinhar os membros. Rola-se, então, o paciente em bloco, preferencialmente pelo lado
menos lesado.

Rolamento de 90 graus

É utilizado para vítimas encontradas em decúbito dorsal, devendo o socorrista


ficar ajoelhado por trás de sua cabeça, promovendo a estabilização manual da coluna
cervical. Aplica-se o colar cervical a partir da parte anterior do pescoço por outro
socorrista. Posiciona a prancha paralelamente à vítima, do lado oposto ao rolamento. Os
dois socorristas ajoelham-se do mesmo lado, no nível dos ombros e dos quadris da vítima.
E feito o alinhamento dos membros. Ao comando do líder (aquele que assume a cabeça),
o paciente é rolado em bloco, ficando de lado. A prancha é deslizada até encostar-se ao
corpo da vítima. Sob novo comando, a vítima retorna ao decúbito dorsal, sobre a prancha.
Se houver necessidade de ajuste de posição, este deverá ser feito com deslizamento
lateral, em bloco, sempre mantendo a estabilização manual da cabeça. Em seguida é feita
a fixação dos tirantes.
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Rolamento de 180 graus

É utilizada em vítimas que se encontra em decúbito ventral. O socorrista posiciona


ajoelhado atrás da cabeça da vítima e estabiliza a cabeça e pescoço. A prancha é
posicionada no lado para qual a vítima será rolada. Os outros dois socorristas se
posicionam ajoelhados sobre a prancha, no nível dos ombros e dos quadris. Os membros
devem ser alinhados. Após comando verbal, é feito meio rolamento na direção da
prancha, ficando a vítima de lado. Os dois socorristas saem da prancha ficando sobre o
solo. Ao novo comando, completam o rolamento, deitando a vítima sobre a prancha.
Coloca-se então, o colar cervical e completa-se a imobilização.

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Elevação a cavaleiro
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Indicada em locais estreitos. Um socorrista posiciona-se a cavaleiro nível dos


ombros do paciente, estabilizando manualmente sua cabeça e seu pescoço. O colar
cervical é aplicado por outro socorrista. Posiciona-se a prancha próximo aos pés da
vítima, no sentido de orientação de seu corpo. Outro socorrista posiciona-se o cavaleiro
sobre a vítima no nível do seu quadril e outro no nível dos pés. Promove então,
alinhamento dos membros, no eixo do corpo e, ao comando, a pessoa é elevada em bloco,
cerca de 20 cm. O socorrista próximo aos pés desliza a prancha por baixo do corpo da
vítima. Mediante novo comando, o paciente é colocado sobre a prancha e devidamente
fixado.

http://www.buzios.rj.gov.br

Imobilização com a vítima sentada

Este procedimento é realizado com o uso de “KED” (colete de imobilização


dorsal). Antes de iniciar o procedimento cria-se um acesso para se chegar atrás da vítima,
onde irá promover a estabilização manual da cabeça e do pescoço. Outro socorrista se
encarrega da colocação do colar cervical. O KED é colocado entre o banco e as costas da
vítima. São, então, presos os tirantes médio, inferior, das coxas e, por último, o do tórax.
Em seguida, fixa-se a cabeça, liberando-se a imobilização manual. Um socorrista aborda
a vítima pelas pernas e pelo quadril e outro pelas alças do colete. Promovem, então,
rotação, deixando a vítima de costas para a porta e com os pés sobre o banco do
passageiro. A prancha longa será colocada com sua extremidade inferior sob as nádegas
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da vítima e a extremidade superior apoiada por outro socorrista. A vítima é, então, deitada
sobre a prancha e deslizada para adaptação a esta. Os tirantes da coxa são liberados para
que as pernas possam ser estendidas. Em seguida, fixa a vítima à prancha.

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PARTICULARIDADES NO ATENDIMENTO DE BÊBES E CRIANÇAS

De uma forma geral, a avaliação e tratamento das enfermidades e traumas do bebê


e na criança, são basicamente os mesmos indicados para os adultos. Porém, deve
considerar as características peculiares do bebê e da criança, pois sua fisiologia e
respostas emocionais são especiais.
Um exemplo da anatomia característica dos bebês e das crianças está na cabeça,
que é maior e mais pesada, em proporção ao resto do corpo. Em traumas suspeite
especialmente de danos na coluna vertebral e na cabeça. Também, manipule a cabeça de
uma criança de até 18 meses com extrema precaução. Não aplique pressão nas estruturas
delicadas como as fontanelas. A área da superfície do corpo de um bebê ou de uma criança
é grande se comparada à sua massa corporal. Isso os faz mais vulneráveis a hipotermia.
Cobrindo o paciente, especialmente a cabeça, ajudará mantê-lo aquecido.
Não espere pelo aparecimento de sinais e sintomas de choque no bebê. Se o trauma
ou a enfermidade apresentam risco potencial, providencie antecipadamente os
cuidados de emergência. Deve lembrar de que uma criança tem menos sangue que um
adulto. Uma perda de sangue relativamente pequena pode oferecer risco de morte.
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As crianças respiram pelo nariz, que se estiver obstruído, não os fará abrirem a
boca para respirar. Por isso, deve preocupar em limpar o nariz das secreções. Lembrar
também de que a língua é proporcionalmente maior em crianças, que é uma possível causa
de obstrução das vias aéreas. Quando manusear as vias aéreas de um bebê, tenha certeza
de que a cabeça está numa posição neutra, nem hiperfletida e nem hiperestendida.
Qualquer alteração respiratória em bebê e crianças é grave. Para insuficiência
respiratória, providenciar oxigênio por meio de uma máscara de tamanho pediátrico. Para
insuficiência respiratória severa ou parada respiratória, providenciar ventilações ou
ventilador manual (ambu) com oxigênio suplementar e, transportar imediatamente para o
hospital.
As crianças toleram febre alta melhor que os adultos, mas uma febre que sobe
rapidamente pode causar convulsões. Providenciar transporte para a criança, o mais
rápido possível. Também encaminhar a criança com diarreias e vômitos para a assistência
médica.
Fique atento para necessidades emocionais e para o sofrimento do paciente vítima
de maus tratos, abuso sexual ou negligência. Nesses casos, deve ser discreto nas suspeitas,
na presença do possível indivíduo que praticou o abuso, mas, deve defender a criança e
informar as suspeitas para as autoridades competentes.
Os cuidados gerais para traumas de bebê ou criança são:

• Assegurar as vias aéreas permeáveis. Usar a manobra de tração da


mandíbula para proteger a coluna cervical;
• Assegurar que as vias aéreas estejam limpas. Fazer aspiração, se
necessário;
• Providenciar oxigênio pela máscara ou fazer ventilações com um
ventilador manual com máscara e oxigênio suplementar, seguindo o protocolo;
• Imobilizar a coluna vertebral;
• Providenciar transporte o mais rápido possível para o centro de saúde de
referência;
• Durante o transporte, reavaliar sempre as condições do bebê ou criança e
oferecer os cuidados adequados.

Quando for determinar prioridade de transporte para o bebê ou criança, considere


alta prioridade se:
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• O estado geral da criança não for bom;


• O paciente estiver diferente ou apático;
• Paciente com vias aéreas comprometidas;
• Dificuldade respiratória ou respiração inadequada;
• Possibilidade de choque;
• Hemorragia descontrolada.

Deve-se prestar atenção para condições de risco de vida e lembrar que uma
resposta indiferente da criança necessitará de cuidados imediatos.
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REFERÊNCIAS

BERGERON, J. D.; BIZJAK. G. Primeiros Socorros. São Paulo: Atheneu, 1999.


EID, Carlos Alberto G. APH. Disponível em: <http:/www.aph.com.br/atend
_infarto_agudo_miocardio.htm>. Acesso em: 18 ago. 2005.
MARTINS, F. J. A. A Primeira Resposta. Manual de Socorros Básicos de
Emergência, 8. ed. Belo Horizonte. Feldar, 2001.
MARTINS, P. P. S., PRADO, M. L. Enfermagem e Serviço de Atendimento
PréHospitalar: descaminhos e perspectivas. Revista Brasileira de Enfermagem. Brasília
(DF), 2003.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Política Nacional de Atenção às Urgências. Brasília,
2004.
REVISTA NURSING – Serviço 192 de APH: A Enfermagem conquistando novos
rumos – NURSING Revista Técnica de Enfermagem. Abril, 2001.
ROCHA, P. K. et al. Assistência de Enfermagem em Serviço Pré-Hospitalar e
Remoção Aeromédica. Revista Brasileira de Enfermagem. Brasília (DF). 2003 nov/dez;
56(6).
SANTOS, R. R. et al. Manual de Socorro de Emergência. São Paulo: Atheneu,
2005.
SERGIO, D. G. et al. Manual de Emergências. Belo Horizonte: Folium, 2001.
SMELTZER, S.; BARE, B. G.; BRUNNER e SUDDARTH. Tratado de
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