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DISCIPLINA: HISTÓRIAS DE VIDA

ATIVIDADE FINAL

a) que missões a escola desempenha e quais poderia desempenhar? Pense nisso tanto do ponto de
vista do Estado e do “mercado” quanto do ponto de vista dos alunos e de suas comunidades!
b) como o “mundo da vida” e as expressões culturais das comunidades que frequentam a escola
estão sendo mobilizados (ou poderiam ser mobilizados) para favorecer o cumprimento das missões
da escola?

A escola, nas sociedades letradas como a nossa, ocupa lugar por excelência para que se
cumpram as funções da educação e da aprendizagem dos conhecimentos, das artes, das ciências e da
tecnologia.
Entretanto, a exigência em torno da escola quanto ao exercício de suas funções gerais
depende do lugar de onde se fala, ou seja, sua missão varia conforme os interesses do Estado, do
mercado ou do estudante.
Com base nas aulas do Prof. Felipe Maia, pode-se dizer que do ponto de vista do Estado
entende-se que as escolas têm como missão o papel de preparar os seus alunos para que estejam aptos a
vida em sociedade, de modo a exercer na coletividade seus papeis de cidadãos conscientes do exercício
das leis necessárias ao convívio social. Ademais, que seja capaz de fazer escolhas no campo da política e
que contribuam para que a sociedade se desenvolva materialmente. Dentre essas demandas, destacam-se
o aprendizado dos saberes científicos enquanto papel específico das instituições escolares, de forma que
assegure o acesso das novas gerações aos bens culturais desenvolvidos pela humanidade. Ou seja, sob a
perspectiva do Estado, pretende-se que a escola garanta o ensino voltado para a cidadania, a fim de que
cada estudante se desenvolva plenamente em todas as suas capacidades, voltando-se para às
necessidades de reprodução material e cultural da sociedade.
Quando se pensa do ponto de vista do mercado, salienta-se que nesse âmbito a escola tem
como missão o desenvolvimento de habilidades que se voltem para a disciplina e para o trabalho
produtivo, cujo o foco envolvem as capacidades de liderança e de inovação, que são competências de
valores extremos para o acesso do jovem ao mercado. Desta forma, o mercado espera que a escola leve
os seus estudantes para a compreensão desse mundo que envolve “razão” e “interesse”.
Entretanto, a leitura do texto “Responsabilidade e Cidadania”, de Rubem Barboza Filho,
aponta-nos que há uma distância significativa entre escola e mundo do trabalho, pois se percebe que a
atuação profissional dos estudantes, principalmente de áreas periféricas, quase não tem relação com
aquilo que lhes foi ofertado na escola. Isso porque estamos diante de um mercado hierarquizado e
regulado, no qual a escola tem poucas possibilidades de determinar a posição profissional que seus
estudantes ocuparão nesse mundo.
Essa distância vai repercutir no modo como os alunos veem a escola. Eles não estabelecem
relação direta do aprendizado adquirido nas instituições de ensino que frequentam com o
desenvolvimento de habilidades necessárias ao exercício profissional que irão lhes garantir o êxito no
mundo do trabalho. Para tais, a escola está relacionada como a aprendizagem de um processo mais
ligado ao auto-aperfeiçoamento e a aquisição de conhecimentos pouco relacionados às suas perspectivas
futuras.
Diante desse cenário, a escola precisa estar atenta e mobilizar ações que se voltem ao
cumprimento integral da sua missão para além do desenvolvimento de habilidades e conteúdos
científicos. Para tal, é imprescindível que considere o “mundo da vida” dos seus estudantes, que diz
respeito a cultura e tradições da sua comunidade.
Isso porque a linguagem científica presente nas escolas também convive com outras
linguagens que estão relacionadas a vida daqueles que povoam essa instituição, não podendo a escola
desconsiderar essas linguagens que se referem a valores e expressões indissociáveis ao contexto de vida
dessa população.
O esforço estar em conhecer e reconhecer quem são os estudantes a fim de levar à
descoberta dos adolescentes e jovens reais e corpóreos que habitam a escola. E que, em grande medida,
podem se afastar das representações negativas dominantes ou das abstrações sobre o “jovem ideal”.
Buscar perceber como os jovens estudantes constroem o seu modo próprio de ser é um passo para
compreender suas experiências, necessidades e expectativas.
Estamos diante de um desafio que se refere a difícil tarefa de compreensão dos sentidos com
os quais os jovens elaboram no agir coletivo, em seus grupos de estilo e identidades culturais e
territoriais que, em grande medida, nos são apenas “estranhos” (no sentido de estrangeiros) e diferem de
muitas de nossas concepções (adultas) de educação (escolar ou não), de autoridade, de respeito de
sociabilidade “adequada” e produção de valores e conhecimentos.
A escola coloca-se, então, diante de um dilema, ao ser interpelada pela pluralidade das
manifestações culturais juvenis. Há, assim, escolhas institucionais a serem feitas: as referências
extraescolares podem ser interpretadas como ruídos e interferências negativas para o trabalho
pedagógico - caso a escola se feche - ou significar oportunidades para a criação de espaços de mediação
cultural entre os diferentes mundos vividos pelos jovens estudantes. Estar atento para os grupos de
identidade com os quais eles se identificam ou dos quais fazem parte ativamente, torna-se condição para
o entendimento dos sentidos dos modos de agir desses estudantes.
Desta forma, ressalta-se a escola cumpre com sua missão à medida que se estrutura enquanto
espaço democrático, de debate, de convivência, de sociabilidade, onde seus estudantes possam não só se
expressar, mas serem respeitados por quem são, de onde vem, do que gostam e como são.

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