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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES – UCAM

CLEIDE APARECIDA GOMES BORGES

A FUNÇÃO DA ESCOLA CONCERNENTE À INCLUSÃO

MIRASELVA – PARANÁ
2015
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES – UCAM
CLEIDE APARECIDA GOMES BORGES

A FUNÇÃO DA ESCOLA CONCERNENTE À INCLUSÃO

Artigo Científico Apresentado à Universidade Cândido


Mendes - UCAM, como requisito parcial para a
obtenção do título de Especialista em Educação
Especial.

MIRASELVA – PARANÁ
2015
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A FUNÇÃO DA ESCOLA CONCERNENTE À INCLUSÃO

RESUMO

A partir da concepção de que para que haja uma escola efetivamente inclusiva é necessário
mudanças em todas as dimensões relacionadas à escola, o presente texto trata da função social da
escola, pois esta não é apenas uma mediadora de conhecimentos, é uma instituição que trata de
várias áreas inerentes aos seus sujeitos como: trabalho, ciência, tecnologia e cultura. O trabalho em
pauta visa tecer algumas considerações acerca da escola, vista como um espaço que propicia uma
formação cidadã,inclusiva, além de abrigar diversas culturas. O texto discorre sobre a Educação
Especial no Brasil, traz o conceito do que é a escola nos dias atuais, explana algumas considerações
acerca da diferença entre a concepção critica e positivista de escola, e discute a relevância do
espaço escolar na formação de cidadãos, na diversidade de culturas e na inclusão.

Palavras-chave: Educação Especial. Inclusão. Função social da escola.

Introdução

O presente texto trata da função social da escola no que tange à inclusão,


pois esta não é apenas uma mediadora de conhecimentos, é uma instituição que
trata de várias dimensões inerentes aos seus sujeitos como: trabalho, ciência,
tecnologia e cultura.
O objetivo desse texto é tecer algumas considerações acerca desse espaço
que permite a formação cidadã, a inclusão, além de abrigar diversas culturas.
As mudanças são essenciais para que uma escola seja efetivamente
inclusiva, portanto, para que isso ocorra toda a comunidade escolar, familiares e
sociedade devem estar engajados, aptos para lidar com essas transformações, além
das ações políticas. É preciso que todas as mobilizações em prol da construção da
escola inclusiva sejam permanentes, como a formação continuada dos professores,
políticas púbicas que respaldem essa mudança e o efetivo funcionamento do ensino.
O referido estudo é ancorado em algumas bibliografias que abordam as
perspectivas contemporâneas da escola em relação à inclusão, tais como: Bueno
(2015);Glat (2007);Guimarães (2006). O texto discorre sobre a Educação Especial
no Brasil, traz o conceito do que é a escola nos dias atuais, explana algumas
considerações acerca da diferença entre a concepção critica e positivista de escola,
e discute a relevância do espaço escolar na formação de cidadãos, na diversidade
de culturas e na inclusão.
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Para que a educação inclusiva se efetive não significa apenas matricular os


alunos com necessidades especiais na escola, conforme Glat (2007, p.17) é preciso
adequar o espaço arquitetônico, formar os professores, conscientizar os alunos não
especiais acerca da diversidade, trabalhar toda a logística da escola para atender
satisfatoriamente as necessidades desses alunos, pois a realidade atual de muitas
escolas ainda não permite a inclusão desse público.
Desenvolvimento

A educação especial no Brasil

Glat e Fernandes (2005) asseveram que há duas décadas a educação dos


alunos com necessidades educacionais especiais, que eram relegados, vem
pautando-se em uma educação inclusiva, principalmente depois da Declaração de
Salamanca, que dentre outras propostas, fala da necessidade desse alunado ser
inserido em uma escola regular adequada.
Nesse contexto, a Educação Especial vem sendo repensada. Os médicos
foram os primeiros profissionais que deram conta da importância de escolarizar as
pessoas com deficiências educacionais especiais. A educação oferecida pela escola
não era considerada essencial, possível. Pensava-se que esses eram vistos como
academicamente incapazes e sem aptidão para a cultura formal.
A Educação Especial, no Brasil, foi instituída na década de 1970, a partir daí,
o foco passou a ser a possibilidade de aprendizagem dos alunos com necessidades
educacionais especiais, o que se percebia era a falta de um meio adequado para
que isso ocorresse. Começaram, então, a se pensar em metodologias de ensino
para os cegos, surdos, superdotados etc. Embora houvesse mudanças no que diz
respeito à Educação Especial, as salas que abrigavam esse alunado, nas décadas
de 1970 e 1980, continuavam sendo um espaço de preterição.
Sendo assim, a Educação Especial preterida passou a ser rigorosamente
questionada, buscando métodos pedagógicos para que esses alunos pudessem
ingressar, preferencialmente, no ensino regular, desse modo foi instituída a
Integração, que tem por objetivo oferecer a esses alunos o ingresso em salas
regulares, e dependendo das necessidades recebem um atendimento em salas de
recursos ou outras especialidades, concomitantemente.

A escola pública no decorrer da história


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A escola pública gerida pelo estado já foi vista sob diversas óticas no decorrer
da história. Na década de 1970 atendia as demandas da sociedade industrial e
tecnológica, ou seja, o individuo era formado para o mercado de trabalho, nos anos
de 1980 era concebida como elitista, favorecia uma minoria da população.
A escola na contemporaneidade deve levar em conta a proliferação de
informações que seu alunado recebe a todo o momento, o contexto social, ao qual
seus sujeitos estão inseridos, visando sempre a transformação social.

Seja qual for a perspectiva que a educação contemporânea tomar, uma


educação voltada para o futuro será sempre uma educação contestadora,
superadora dos limites impostos pelo Estado e pelo mercado, portanto, uma
educação muito mais voltada para a transformação social (GADOTTI, 2000,
p. 07) .

Desse modo, a educação, na atualidade, deve levar em consideração as


informações que seus alunos possuem e ajudá-los a organizá-las de acordo com os
conhecimentos científicos aliados ao contexto social, possibilitando a transformação
social.
A concepção critica sobre a escola é que, esta é responsável pela
transformação social de seus sujeitos, ou seja, a educação deve ser propicia para
que o alunado seja critico e reflexivo para que possa atuar efetivamente nas mais
diversas e distintas esferas do convívio humano.

A concepção da pedagogia crítico-social dos conteúdos ou histórico-crítica


atribui à escola o papel social e político da socialização do saber
sistematizado. Utiliza-se de processos pedagógicos-didáticos que
asseguram a interligação entre as práticas socioculturais dos alunos e a
cultura elaborada e assim, a unidade conhecimento-ação. Pretende que o
domínio de instrumentos culturais e científicos consubstanciados no saber
elaborado auxilie no conhecimento e compreensão das realidades sociais,
favorecendo a atuação dos indivíduos no seio das práticas de vida e das
lutas pela transformação social" (LIBÂNEO, 1989,p. 8).

A escola vista sob a ótica positivista e crítica

A escola vista sob a ótica positivista concebe que a educação é uma atividade
social, é a solução para os problemas sociais. Em consonância com Bergo (1983, p.
56) “Se a pretensão do positivismo é regenerar a humanidade, a educação aparece
como o ponto de unidade do sistema.”
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Bueno (2001,p.5) enxerga a escola sob a perspectiva crítica, segundo o


autor: “À escola foi delegada a função de formação das novas gerações em termos
de acesso à cultura socialmente valorizada, de formação do cidadão e de
constituição do sujeito social.”

A escola é um espaço que recebe diversas culturas que precisam ser


respeitadas, e muitas vezes, incorporadas, aliadas ao processo de ensino-
aprendizagem, promovendo, dessa maneira a inclusão. Candau (2003, pag.160)
assevera que:

"A escola é, sem dúvida, uma instituição cultural. Portanto, as relações entre
escola e cultura não podem ser concebidas como entre dois polos
independentes, mas sim como universos entrelaçados, como uma teia
tecida no cotidiano e com fios e nós profundamente articulados."

As disciplinas ministradas na escola podem favorecer o acesso à cultura


toda vez que abordam temas culturais possibilitando, dessa maneira, aos alunos que
conheçam, reflitam e respeitem as diversas manifestações culturais.

Uma escola inclusiva depende, em parte, do conhecimento, do respeito que


a comunidade escolar tem sobre as diferentes culturas que permeiam a sociedade
na qual a escola se situa.

Exemplo disso, no estado do Paraná existe as chamadas Equipes


Multidisciplinares, que envolvem toda a comunidade escolar com debates,
estratégias e ações que visam oferecer a todos envolvidos no processo de ensino
aprendizagem o conhecimento e valorização das culturas.

Função social da escola


Concernente à inclusão, a função da escola é acolher a diversidade que
abriga. A escola é um espaço em que há diversidade e esta não pode ser ignorada,
deve-se pensar que a comunidade escolar é composta por seres histórico e
culturalmente constituídos. Nesse contexto, é necessário preparar a comunidade
escolar para conviver, respeitar a pluralidade de diversidades existentes no espaço
escolar, contribuindo, dessa forma, com a diminuição da exclusão, promovendo
sempre a inclusão.
Escola inclusiva é aquela que consegue atender a todas as demandas, ou
seja, oferece uma educação de qualidade a todos, independente de etnia, sexo,
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realidade social, raça, religião ou deficiência. É capacitada, organizada para


corresponder às expectativas e necessidades da sua comunidade escolar, viabiliza
um ambiente que os seus sujeitos se sintam acolhidos, valorizados podendo, dessa
forma explorar suas habilidades e competências e atuar de modo significativo na
sociedade, na qual está inserido.

Do modelo segregado à educação inclusiva

Na contemporaneidade os alunos que necessitam de uma educação especial


são vistos com olhares diferentes de outrora, ou seja, há uma preocupação em
inseri-los na educação regular de maneira adequada e não mais segregá-los como
acontecia.
Antigamente os alunos portadores de necessidades especiais eram vistos
como incapazes de aprenderem o que lhes era ensinado, depois de alguns estudos,
a visão de muitos pesquisadores mudou, no que diz respeito ao fato de que esse
alunado não aprendia porque não havia condições que viabilizassem a
aprendizagem e profissionais capacitados para suprir as reais necessidades desses
alunos.
Em consonância com o artigo 208 da Constituição Federal os alunos
provenientes de escolas especiais devem ser integrados nas escolas regulares e,
conforme a demanda esses educandos, devem ser atendidos concomitantemente
em salas regulares e salas de recursos ou outras modalidades especializadas em
atender determinados e específicos casos de deficiências. “Na educação inclusiva
não se espera que a pessoa com deficiência se adapte à escola, mas que esta se
transforme de forma a possibilitar a inserção daquela.” (GUIMARÃES, 2003, p. 44)

Conclusão

A escola já passou por muitas transformações e certamente continuará


passando, pois é integrada por sujeitos cultural e historicamente constituídos,
precisa ser inclusiva, acessível, um espaço em que as diversas culturas,
necessidades especiais possam conviver em constante harmonia e respeito.
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A função social da escola vai muito além da mediação de conhecimentos,


esta deve viabilizar oportunidades para que seus sujeitos sejam cidadãos críticos e
reflexivos, efetivos atuantes em todas as esferas do convívio humano.

REFERÊNCIAS

BUENO. J.G.S. Função social da escola e organização do trabalho pedagógico.


Educar, Curitiba, n. 17, 2001. Editora da UFPR .Disponível em:<
http://www.educaremrevista.ufpr.br/arquivos_17/silveira_bueno.pdf >.Acesso em:01
de jun. de 2015.
BERGO, Antonio Carlos. O positivismo: caracteres e influência no Brasil. Reflexão,
Campinas, ano VIII, n. 25, p. 56, jan./abr. 1983.
CANDAU, Vera Maria Ferrão - Educação escola e Cultura(s): construindo caminhos.
Revista Brasileira de Educação, 2003.
GADOTTI, Moacir. Perspectivas atuais da educação. São Paulo Perspec. [online].
2000, v.14, n. 2, p. 03-11. Disponível em: . Acesso em: 03 de jun. de 2015.
GLAT, Rosana.Educação Inclusiva: Cultura e Cotidiano Escolar.Rio de Janeiro.7
Letras,2007.
GLAT, Rosana; FERNANDES, Edicléia Mascarenhas. In: Inclusão - Revista da
Educação Especial. Ano 1, n.1, 2005, MEC/Seesp.
GUIMARÃES, A. Inclusão que funciona. Revista Nova Escola, São Paulo, p .44,
2003.
LIBÂNEO,José Carlos.Democratização da Escola Pública_- A pedagogia crítico
social dos conteúdos. 8. ed., São Paulo: Loyola, 1989.

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