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Para fazer o reI r:110de um pássaro

Pl11wr
Jacques Préven (Pilroles)
À Eisa Ilcnriquez
primeiro uma gaiola! com uma porta abena! pintar em seguida! algo
bonito! algo simplesl algo belol algo útil! pnra O pássarol pôr em seguida a
tcla contra uma árvorel num jardim! num mOl1le! ou num bosque! esconder-
se atrás da árvore! sem dizer nada! sem se mexer". ! Às vezes o pássaro chega
logol mas também pode demorar longos anos! antes de se decidir! Não tem
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que desanimarl é preciso esperar! esperar anos se (ar necessáriol a rapidez ou
a lentidão da chegada do pássaro/ não tem relação/ com o sucesso da pintura/
Para Transformar o Ensino
Quando o pássaro cheguarl se chegarl é preciso ficar no silêncio mais profun-
doi Esperar que o pássaro entre na gaiola/ e quando tenha entradol é preciso da Leitura e da Escrita
(cchnr docemente a porta com o pincel! depois/ apagar uma por uma as gra-
d('~1 I n 10 cuidado de não tocar nenhuma das penas do pássaro/ Fazer em
!w~uldrl retrato da árvorel e escolher o mais belo de seus ramos/ para o
P HfWIO! pIntar também o verde da folhagem e a frescura do vento/ o pó do
fwl I' o Nlllll ti s insetos da vegetação no calor do verão/ e depois esperar que
o pl\~fIjlllllt1('ddn Céllllar/ Se o pássaro não cantar! é um mau sinal! sinal de que
II pllllUlll !\dm! mas se cantar é bom sinal! sinal de que se pode assinarl
11,1111101111111 11 11
l{' (1 cemellle/ uma das penas do pássaro/ e ponha seu nome
I..er" escrever evocar", Um texto evoca outros
1111111 tllI'1 t'llIlIrl't rio CIlindro. textos, um título evoc,~ oll'
. d ·t" novo tltLl o
"0 1Í1LI1os,"Para transformar o ensino da leitura e ~ es~~' a - "
À F.ISfl Ilcnriqllez lOro uma nova versão do artigo originaJ'- é uma al~sao a Para fazer o leu,o
Peindre d'abOHJ 11tH' tll}lI'/llVI'(' \l1H' POIICouv rte / peindre ensuite / quelque :0 I um pássaro", esse poema de Pré~ert que 'p0dena ser lido como u_mtexI~
chose de joli / qll 'hllW l'IH)'1I' d(' HllIlpl{'I quclquc chose de beau / quelque In 11I1 ional para se realizar uma difíCil mlssao como adque sle propo: aqu,l,'
, odeio que eten ,a seu voo s I
chose d'mile / pour ]'obt'rl\l I I,IIH'('I l'IlSllI1{'In l lIe cOntre un arbre I dans un I nlO" quc um pássaro aceIte posar como m , , f r
jardin I dans un bois / ti drlll'l Ullt' 101 l/li' <,'nchcrderriere l'arbre I sans rien p 'rd r suo liberdade; tentar que a escola levante voo, que produza trans
dire I sans bouger ... / Parfois I'olscnu .llllve VII !mais il pem aussi bien mettre "'O~Õ s subSl'anciais sem perder sua especificidade institucIonal, sem renun
de longues années I avant de s cl cltlCI ! N pas se décourager / attendre I
cinr LIsuo função ensinante, . ' '"
attendre s'ille faut pendam eles anné s I In vitcssc ou la lenteur de I'arrivée de , N'i S desanimar - é o conselho do poeta -, perSistir na tentatlVa, Icno
l'oiseau I n'ayant aucun rapport / avcc 1:1réllSSltCdll tableau I Quand l'oiseau V'H os "sforços mais uma vez .., Apelar para todas as ferramentas neccsS~llt:
arrive / s'il arrive I observe r le plus profanei silcnce ! attendre que l'oiseau p~rll 'Iornar realidade um propósito que é difícil alcançar, mas para o {(nll "
entre dans la cage / et quand il est cntré I fcrmcr doucement la porte avec le
pinceau I puis I effacer un à un tous les barreaux! en ayant soin de ne toucher impr's 'Indlvcl se encaminhar,
aucune des plumes de l'oiseau / Faire ensuite le portrait de I'arbre / en choisissant
la plus belle de ses branches / pour I'oiseau / peindre aussi le vert feuillage et
la fra'lcheur du vent I la poussiere du soleil I et le bruit des bêtes de l'herbe QUAL É O DESAFIO?
dans la ehaleur de I'été! et puis attendre que l'oiseau se décide à chantcr / Si
l'oiseau ne chante pas c'est mauvais signe / signe que le tableau est m311vaisI O dcs',fio formllr prlltl'llnl'eS da leitura e da c.scrita nno IIpcnllS Sll
mais s'il chame c'est bon signe / signe que vous pouvez signer ! Alors VOllS • 'd 't E já o dls' ' - fOl'lnnr
jeitos qllC possam "dccill'lII" o sIStema e escn a, - , "
arrachez tom doucement I une des plumes de l'oiseau / et vous écrivcz votre leitores que sabcrão escolhl'l o motcrial escrito adequado para bllS 11111sOl
nom dans un coin du tableau. - lunos cap"z s nl)cl11\S( ,
lução de probl mns <Jllr drvrm ,'n fI' nmr ~ nao a .,. I'
oralizllr um tcxtu S it'('\olllulo 110101111'0,I', for~ar seres humanos cdl COR.
opo. Sde I r mrc\ll1lll1Nr tlr 11 IIl11lrlll1ll1poslçao própna frentc à m.1I111tln,
C••••• ' "Inl l'llR"11l
xp\(Citll Ollimp\l'llllllII'I1Il', 1lt'lo~ ,,110""1 tios t XlOScom os quaIs '
28 11,1111
I,'""" L', C (".(H'VI'I "" lU 111

"li v,'' d,' I"'"i,tir m formar indivíduos dependentes da 1,""' dll 1,'X10e da alunos na cr nçn dr (1\1(' II scrita é somenleparn I \'p Itltl 11I 11 I'
um Il1ci
11111 III1i1l1d,'ti, OUlros. m I1leJ ou para 1('''UI1\ll - - o pcnsuIIWIl10 di' ""1111
mas sem reinterpretar
() "l";lf,o é formar pessoas desejosas de embrenhar-s ,'li' 1I111,OS
nlLlI1- O desafio ,1'11',uma, combater a discriminação qu :"'1(01.1 "I"" ,1.1111,.1
clll\ po•.• ,fvcis que a literatura nos oferece, dispostas n idenliflfill \(' 0111o mente, não s6 quando cria o fracasso explícito daqueles li"I' 11,\" 1111'"~I"
',"II,<'1I",nle ou a solidarizar-se com o diferente e capazes de ap' ',,,li n qual i- alfabetizar, como também quando impede aos outros - os qUI' 111',11"111"""111'
d"d,' literária. Assumir este desafio significa abandonar as atividad.', mecâni- não fracassam - chegar a ser leitores e produtores de l. XW't ((11111" lt'lI11 •

,,'s e desprovidas de sentido, que levam as crianças a distanciar-se da leitura autônomos. O desafio que devemos enfrentar, nós que eSIl1I1l"','011'1"0111"11
paI considerá-Ia uma mera obrigação escolar, significa também incorporar dos com a instituição escolar, é combater a discriminação deldl' li "li' "01 d.,
situações em que ler determinados materiais seja imprescindível para o de- escola; é unir nossos esforços para alfabetizar todos os alunos, 1'''''''' , '11111
senvolvimento dos projetos que se estejam levando a cabo, u - e ist é igual- que todos tenham oportunidades de se apropriar da leitura e da ",1 '"' '11110
mente importante - que produzam o prazer que é inerente ao contato com ferramentas essenciais de progresso cognoscitivo e de crescimenlO I'" 0,,1
textos verdadeiros e valiosos.
O desafio é - por outro lado - orientar as ações para a formação de escri-
tor ,de I essoas que saibam comunicar-se por escrito com os demais e com É POSSíVEL A MUDANÇA NA ESCOLA?
las m('snH", m vez de continuar "fabricando" sujeitos quase ágrafos, para
<111('111 tl ('1'i(111.1 ( lfio estranha, que se recorre a ela somente em última instân- Os desafios apresentados implicam uma mudança profunda. L. v, 111,I
I,' r ti 'po" d,' hnv r esgotado todos os meios para escapar de ta] obrigação. prática não será fácil para a escola. As reformas educativas - pelo m "0' '"
d 'suho " runs guir que os alunos cheguem a ser produtores de língua que realmente merecem tal nome - co tumam tropeçar em fortes resisl '11',",
s ri ta, ns 'I('nl,', <In p ninência e da importância de emitir cerro tipo de A instituição escolar sofr urna verdadeira tensão entre dois pólos (1111
mensagem li' 1,'ll'IIllillado tipo de situação social, em vez de se treinar uni- traditórios: a rotina repetitiva e a moda. Ao mesmo tempo em que a lia II~IIII
camente com "rop'''''''' qu r produzem - sem um propósito próprio - o opera como um fator suficiente para justificar a adequação de contel,tlo', "
escrito por outros, Ou '0'"0 ,(' '('Pl re de ditados cuja finalidade - também métodos, costumam aparecer e se difundir no sistema escolar "inovaçõ s" qlll\
estranha - se reduz à IIVlllill' 10 po, I ""e do prof ssor. O desafio é conseguir nem sempre estão claramente fundamentadas. Como costuma ocorrer 011' li
que as crianças manejem 'Olll d ,('(h'1I1os tlikr nles escritos que circulam na moda, em muitos casos essas inovações sâo adotadas não porque repres nll'lIl
sociedade, e cuja utilização n '('('s,II, in 011('n, iquec' I ra para a vida (pesso- algum progresso sobre o anterior, mas simplesmente porque são novi I"d ",
al, profissional, acadêmica), m vez de ,,' lo,nlll '111 specialistas nesse gênero Quando estávamos escrevendo A aprendizagem da língua escrita. /ICI eM li/li
exclusivamente escolar que se dCnOlllillt\ 'Olllposiçfi "Oll "redação".
11
(1992), decidimos dedicar um capítulo para analisar e rebater a denominlt '110
O desafio é conseguir que a es rita tldx,' <I' s r na escola somente um de "novo enfoque" que se costumava atribuir na Venezuela à nossa PIOPO'''"
objeto de avaliação, para se constituir realm nl' num objeto de ensino; é didática. Essa denominação nos preocupava, já que aludia à novid,,(i<' 1"'1"
tornar possivel que todos os alunos se apropri m la scrita e a ponham em novidade mesma. Nossa proposta corria o risco de se transformar 1'11'111111'
prática, sabendo - por experiência, não por transmissão verbal - que é um uma moda? Transformá-Ia em uma moda poderia ser uma maneira de lIIII'I"II>,
longo e complexo processo consti~uído por operações recorr· ntes de planeja- la, de reduzi-Ia aos elementos assimiláveis pelo sistema escolar S 11I'1"" I 'li
mento, textualização e revisão'> E assim que se irá abrindo o caminho para se visse obrigado a operar modificação alguma sobre si mesmo.
que este conhecimento deixe de ser patrimônio exclusivo de alguns privilegi- Mostramos então que a perspectiva proposta marcava uma clm" 1olllllltl'
ados que têm a oportunidade de adquiri-lo fora da escola, enquanto outros dade com posições didáticas anteriores - e, nesse sentido, podilllll " d,,,.
continuam acreditando no que a apresentação escolar da escrita leva a crer: tados nela muitos elementos "velhos" - e mostramos também qUI' I'I,'IIV""" 111'
que é possível produzir um texto quando começa a aula e terminá-lo quando havia elementos novos, elemenlos cujo valor não derivava dt' "'111 11•• '.1,111,
bate a sineta; que é possível começar a escrever no momento mesmo em que mas da vaJidez das pesquisas recem s de que eram produto. A II'vl',II0 I 010111110
foi definido o tema que será objeto do texto; que a escrita foi concluída quan- sa da obra de, entre outros, Dewey, Kilpal rick, Decroly e Freincl ','"11111111I11111,1"
do se pôs o ponto final na primeira versão; que corresponde a outra pessoa - e contraditório efeito: por um lado, p rmiliu termos clara n,(. 111111,1",11111I
ao professor, não ao autor - se encarregar da revisão. que é introduzir uma mudança na e c In, n onstarar que cenn~ hh'l, ,h 11
O desafio é promover a descoberta e a utilização da escrita corno instru- fundamentais estão sendo apresentadas h~ mais de um século (' 'lU ,nu
to. só deram lugar a experiências restritas, mas não cons~)otult '111 I
'""1'"
mento de reflexão sobre o próprio pensamento, como recurso insubstituível
para organizar e reorganizar o próprio conhecimento, em vez de manter os nada no sistema escolar global; por outr lad • foi poss(wl I "" I ,
30 1"'1111,1'11'1" Lcr'c

IIlv"ldll. d \llIs didáticas, estavam ocorrendo importantes prog. 'ssos, já que as m gcral, muita dlllnrldade para se expandir no sistema ducallvo, 1"'"1111
(111111 h\ll ,( 'S rccentes permitiam, em alguns casos complCli1r J, '111 outros,
I afctam o núclco In 1l"1tica didática vigente; as segundas - emb 1'il1l('I,'"' 1'11
1I1111111101lllr'
d forma contundente as proposições anteriores. sageiras - se irrndlnm facilmente, porque se referem a aspcct S ujw.11111I1,
li 111vação tem sentido quando faz parte da história do onhccimento muito parciais ela nçã docente.
1Il'!I(rgÓgiCOe quando, ao mesmo tempo, retoma e supera o ant riormente A reproduç[í acrítica da tradição e a adoção também acrl,1 n !lI' rllo!lll'i
pr oduzido, No entanto, as inovações que realmente supõem um progresso em tanto mais adol. v is quanto menor é a profundidade das mudnnçlls 11"1'I'rll
rclação à prática educativa vigente têm sérias dificuldades para sc instalar no põem - são dois riscos constantes para a educação, são obstáculos 1111 H'!I11111 11
si tema escolar; em troca, costumam adquirir força pequenas "inovações" que a produção de verdadeiras mudanças. E, se essas mudanças profulI!I,." 'li' ll'I,'
permitem alimentar a ilusão de que algo mudou, "inovações" que são passa- rem - como em nosso caso - ao ensino da leitura e da escrita, a r '~iSI~1I1111tlII
geiras e logo serão substituídas por outras que tampouco afetarão O essencial sistema escolar agiganta-se: não só estamos questionando o núclco!lll 1"1\11111
do funcionamento didático. didática, como revisamos também a forma como a escola conceb u I""I 1111
Ao se referir à relação entre esse "inovacionismo" e o avanço do conheci- nalmente sua missão alfabetizadora, essa missão que está nas rar',l'~ dr' NIIII
mento cicntifico no campo didático, Y. Chevallard (1982) assinala: função social.
Agora, como fazer - no marco desse panorama pouco alentado, 1111111
A r10vldncle não é interessante como tal e não pode ser buscada por si mesma ajudar a produzir e generalizar uma mudança na concepção do cnslnll .111
1... 1 Illbloricamente, a inovação como valor e corno ideologia dificultou o de- leitura e da escrita, essa mudança que, conforme pensamos, tornaria posslvl'j
/>I'I\VolvllllC'nLO d~ pesquisa. [ ... ] Observa-se assim que a ideologia da inovação que todos os que têm acesso à escola pudessem ser leitores e escritores compl'
I {'lllh- ,\ {'l\{'('l tt.U'O estudo do sistema educativo numa terrível lógica, num im- tentes e autônomos?
plllt'l '0'1'1 dt'It'llt1inismo: a inovação corno valor ideológico só pode tornar im-
PUIMI POtqUI' fi flusl!ncia de uma história científica no domínio da educação
dclxn lIvl(' ('111~Il n lo(\ns i:lSpretensões Cc entre elas há algumas imposturas, já A CAPACITAÇÃO: CONDiÇÃO NECESSÁRIA, MAS NÃO
que InovfU.lOI IHllOll:t,n fi si mesmo); inversamente, o peso da obsessão inova-
SUFICIENTE PARA A MUDANÇA NA PROPOSTA DIDÁTICA
dora nas c 1l/)(:I~t1dllS t' 111\0; pt OIicas impede que se constitua o fato educativo
em objeto de um Ilnlwl' PIOHI('Il~lvo.
Se a atualização sempre é necessária para todo profissional, é mais 11111111
no caso dos professores latino-americanos de hoje, Essa afirmação se S,,,t('IIIII
Cria-se assim uma espécic ti, 'Ir 'trio vi ioso: a ausência de história cien-
em razões muito diversas: a mudança radical de perspectiva IUC c 11('" li'"
Lifica torna possível o ínovacionismo, CO II10vaci nismo dificulta a construção
últimos vinte anos em relação à alfabetizaçã04 não teve suficicnt crll 111'
de uma história científica,
instituições formadoras de professores, a função social do doe ntc .11;\Nllforll
Para manter esse inovacionismo perman nl, necessário mostrar sem-
do um processo de desvalorização sem precedenres, o accsso a livr s,' ,,'vi 111
pre o fracasso da inovação anterior:
especializadas é difícil - dada a situação econômica dc 11 SS .I pul,,' , 111
particular, o deplorável panorama profissional dos educador .I -, os 1'11I1"li
A inovação - assinala G. Brousseau (1991) - n50 permite nunca extrair lições
res têm muito poucos espaços próprios para a discussão dc sua 111IIn
úteis das experiências que não cessa de provocar e, portanto, não pode propor·
Entretanto, a capacitação está longe de ser a panacéiaulllvrr 111'111 11
cionar nada à didática. [ ... ] A constatação de fracasso é necessária para a
to gostaríamos de descobrir.
automanutenção da inovação, mas o próprio fracasso é inevitável? Não, acho
que através dessas inovações - por outro Jado fortemente
l l cíclicas -, o pro- Nossa experiência coincide totalmente com a d ' M, N,'mhuv. li
gresso caminha apesar de tudo, mas suas possibilidades de ação são muito que assinala:
limitadas. Realmente, para se difundir com suficiente velocidade, Ul11flinova-
ção necessita o ritmo que só os processos da moda podem permItir-lhe. Para Houve uma Clril}n (lIl\lhIlIIlOlnll~ll(lrll) ('11I IUI'1I J}1I\pllu.1 11 ti "I Im I••••
permitir esse ritmo, é preciso que as inovações não afetem nac/a essencial nas fissional, em que. (Il) IlllullllH 41111111'\'li (11'('lll)jll'lllt~ 1111 Itltlr "111' li
partes profundas das práticas dos professores [... ].3 siderava que linhulOll I~~lllll" 1II(111I"OIH\t(1!1I I' 11" II •• til
I "t •
verdade tinha sido ~ll'liv••hul" II '" 111111'.I'.lllulf~ •• lII I. lU,"
I~:
illlponante, então, distinguir as propostas de mudança que s50 produ- lhado, daí que o lI.hlllll" 11111111011"
,I I • ","r, 111
1111I" li'
Àmedidaquc aCIIIHlllo 11I"1111 1111,I ml"lI , Mil, ~ IIII
10 da bus '(I rigorosa de soluções para os graves probl mas educativos que
de professores, pru\,\lIO rlli WIlI I fUlltt 'l"tI .t1lt1htllil I" U It
IIfr '1I1lll1l0Sdaqu las qu pertencem ao domlnio da motlll, IIs prim iras têm,
L r c escl CV('1 1111'''ji 0111
2 "di" 11'1111'1
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l1VIl'l, porque sei que tudo aquilo que tento que o prorC~S()l 11ll'HlllHl está em 1.11tl1cntav 11ll{'llll', n50 podemos modelar o sistema ele enSIno i'l IUIlI (1111
l IIlllllldlçfio não só com o que estudou na etapa de formaçao il' \lfISNlonnl, como (' ~tlll Ihança ele rl()SSOS desejos) não temos uma varinha m:1gitl! rupil", di'
,um sua história como aluno e com as crenças socialmente :1Vtlll'/.!Wlls em rela· 'OIlS guir qu I ix' d se cumprir a função implicitamenl r prOdullvlNIII tlII
~llo a como se aprende. insliluiç50 esc 101' que só se cumpra a função explícita d iL'mOl'lilllzllI 1/
conhecimento. Mrls tampouco podemos renunciar a modifi -or d(' fOi 1111'(1i'1'I
A d,ficuldade para se conseguir que os professores tornem suas a' cont~i- siva o sistema de ensino,
,d~Ol'S científicas sobre a leitura e a es:rita e sobre o sUJe!to que apr nde nao Reconhecer que a capacitação não é condição suficiente PIIl,' li "'udl"l\'"
I'V' ser atribuída a uma Simples reslstenCla II1dlv,dual, Ja que essa dlflculda- na proposta didática porque esta não depende só das vontades indtvltlll,d" dl/',
~ ' aprofunda suas raízes no funcionamento institucional. ,A escola eSlampa professores - por melhor capacitados que eles estejam -, signifi li 11('('1111/ ((lU',
ua marca indelével sobre tudo o que ocorre dentro dela: ha mecanismos lI1e- além de continuar com os esforços de capacitação, será necessário ('~tlldlll 1/'1
r nles à instiluição escolar que operam à margem ou inclusive contra a vonta; mecanismos ou fenômenos que ocorrem na escola e impedem qUI' 'odll~ li',
~I conscienl dos professores, Não bastará então ca~acitar os docentes, ~era crianças se apropriem dessas práticas sociais que são a leitura e a selllli ("'li'
mpr s indlv('1 lambém estudar quais são as condiçoes l,nStltuclonals para a correrem o risco de caírem posteriormente no analfabetismo funcionnl), Ali
1iUduI1 'n, <[ullis são os aspectos de nossa proposta que tem ~als posslbIllda- conhecê-los, se tornará possível vislumbrar formas de controlar sua aç"o, IIS
1 'S d,' :,,'1 Il('oll'; los pela escola e quais requerem a construçao d,e esque,;,as sim como precisar algumas questões relativas à mudança curriculol' "
')I ,I'VIU'1 pHI ti pod 'I' '!TI ser assimilados Dito de ,outro rr;odo, ~era ne,cessano institucional.
11'111111('1111 jl{1 vlIllllltar"islllO que costuma caractenzar a nos que lmpulslOna~o.s É por isso que, antes de centrar a análise nas diferentes ferramentas qll(~
Il', I11\ldlll\~I\'I, '11'1,111('(' S ário reconhecer que o objeto q?e queremos n;odlfI- consideramos essenciais para transformar O ensino, faremos algumos r fie
{'I 11' () SISH'llll1 di' (lll,.i 110- existe independentemente de nos e tem .lel~ propna~, xões sobre esses fenômenos próprios da instituição escolar,
N sS' s('lItltl", CI,,'volinrd (1985), ao refletir sobre a conslltulçao da dl-
lálica ela mill \1111 dt'll ('omo i nci3, assinala:
ACERCA DA TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA:
TodJ ciêncl~1 tln'l' 11";lllHil "'OlHO SlIa condição primeira o conceber-se como A LEITURA E A ESCRITA COMO OBJETOS DE ENSINO
ciência de um O!lJ""IO, (Jco tl111 OhJl'\O I cnl que existe indepen~enteme~te. do
l'
olhar que o trallsfol llllll ('In oh)I'1I) ti, conhecimento. Posiçao ~a.tenahsl,a o primeiro aspecto que deve ser analisado é o abismo ((,'" ',"I "li li 1 11'1\11'-11
mínima. Portanto, seró 1l(.'{TijIH~llo !aIPOf 11 SI objeto um detenmnLsmo pro- escolar da prática social da leitura e da escrita:/a IíngulI ('~,'lItll, (111Idll 1I1i1i1
prio, uma necessidade que n cl~llu.1 v:l! qll('l' r d;~cobrir._ A~ora: tud.o isso - representar e comunicar significados, aparece em gCI"D111ll (',oH 01.1Itll}\Il\{\llldclll
que é tão válido para a psic;lnjhS(' <:01110pnln;l fl~lcn - na? e ~vldente.q~~n~ em pedacinhos não-significativos; a leitura em v Z 011:101'\11111 11111
IIIHI'" 11111 lo
do se trata desse "objeto" SUPOSI:lI11Cnt ' ,no peculIar que e o ststema drdatrco
maior no âmbito escolar que a leitura silenciosa, enquanto qu<.'('111()llll11'! 'jllllll
ou, mais amplamente, o sistema de ensino. l.onge de cons,iderá-l0.e~ponta~ea-
mente como dotado de um determinismo cspccffico que e necessano elUCidar,
ções sociais ocorre o contrário; na sala de aula, espern-sc qu ns ('1111111;"1"00111
atribuímos-lhe em geral uma vontade muitO fraca e submetida a nosso livre zam textos num tempo muito breve e escrevam direwmentc a vr"llo 1111.1, rll
arbítrio de sujeitos desejosos. E, naquilo que nos oferece resistência, quere- quanto que fora dela produzir um texto é um longo processo qUI' "''1"1'' 111111'0'
mos ver o simples efeito da "má" vontade de alguns "maus" sujeitos (os do- rascunhos e reiteradas revisões ... Escrever é uma tarefa diff il PIU" o ",llIlto
centes, dramaticamente conformistas; a administração, incorrigivelmente bu- mesmo para aqueles que o fazem habitualmente -; no entanto, "'PrI" "'I"" '"
rocrática; os "governos sucessivos", o ministro; etc.). Seja qual for a or.igem crianças escrevam de f rma rápida e fluente ... Ler é uma 1I,lvill",1 U11t",,"1,.
sociohistórica de uma atitude tão compartilhada [ ... ], é necessáno se por propósitos - de bus ar lima informação necessária pam 'r "Ivr, 1I1111',ohl
conscientizar de que permanecemos, desse modo, em uma situação vcrdadei- ma prático a se internar ',n "m ll1undo criado por um (,s('lllo, ,'1"" o IlIlIIn,"
ramente pré-científica. [ ... ] O sistema de ensino continua ~end? ? terren,o ficar relegados do âmbito ('S<'OII", onde s I s rn nl IlIIIII 111" 11,1" ,.11 I I •
privilegiado de todos os voluntarismos - dos quais talvez seja o ulllmo ~efu- eS,creve somente para ;lPlt,'Il(h'. 111"l('Il'V('r, ••
gio. Hoje, mais do que ontem, deve suportar o peso de todas as cxpectatlv~s,
A versão escolar dn Idllll" " 0111"llI'rilll P"'('(,(' 111"111111 "'"11
dos fantasmas, das exigências de toda uma sociedade para a qll~1a cdl.lcaçao
é O último portador de ilusões. [ ... ] Esta atitude é uma conflssn .: o sistema comum, Por que e para qu 'l'II~III'" IIlxo lfio ,lIf""'I1I(' do '1" ., ,I
dt' 'usina _ lotaI mente impregnado de vontade humana podcl'l;l modelar- que usar depois, fora da 'scol,,'
lI\.' fi mcdida de nossos desejos, dos quais seria apcnas IIm;l I'l'Ojc~·;jo na maté- Durante muito tempo, IIl1lhllf'"0 r 11.1"1""'11": " on,
lll! in rlC de llm;] instituição. ção eondutista que impera na 'smlll No 1'111,,,,10.I' 01111101"1 I"
34 Ih·lI" I",,,·,
'lO 1"'11'1Ih' ,'11 nLrar uma nova e esclarecedora resposta pa, li nsa5 velhas IltIlIPH'(,Il~lva: 110;11'111\ ou sílabas se apresentam em forma CSllil:lIIlt,'I\lI' 'li

1"'1 1111'11'" principalmente, nos permitiu descobrir outrn (1,," 'nsão do Ijlllllllddo' 1l1111lldl11It'llt '- antes da palavra, da oração, do texto; Ol) llhIIlU',
IlIoIII"1I1l1. 111'\'1'111COIllPllTlldl't lllltcralmente" o texto antes de fazer uma in! IPl't'III '!lo
H 'll1n, 'nte, conhecer o fenômeno de transposição didática I sto em IlIlIpllll d '1(' \' 11111110unles de poder fazer uma leitura crítica ... TanlO ti Ifng\lll
,'v,d 11'ia por Chevallard no quadro de seu trabalho de Didática da Matemáti- I IIII!I m() ,I pl,lIJ(n da leitura e da escrita se tornam fragmclllthioS, SilO
"I permitiu tomarmos consciência de que a distância entre o objeto de co- oI""III,lda5 d,' lill Illodo que perdem sua identidade.
IIl1ecimento que existe fora da escola e o objeto que é realmente ensinado na I'"[lgm('llIal i" im os objetos a ensinar permite alimentar duas IIllSCH'S
'scola está muito longe de ser privativa da leitura e da escrita, é um fenômeno 111111'0111 rl,ig"d,l' na tradição escolar: contornar a complexidad d ,o1lJclos
geral que afeta todos aqueles saberes que ingressam na escola para ser ensina- d, 'unh Clnh'nlll reduzindo-os a seus elementos mais simples e excl ", '''"
dos e aprendidos. ""I"UI' ',li 110sobre a aprendizagem. Lamentavelmente, a simpliri açuo r"z
O saber - mosttou Chevallard - adquire sentidos diferentes em diferen- 11"'''pnr,'Cl'I' O objeLo que se pretende ensinar, e o controle da reproduçJo tias
t s instituições, funciona de um modo na instituição que o produz e de outro 1""' 'S nutln diz sobre a compre nsão que as crianças têm da língua e Ctilll
na instiluiçã encarregada de comunicá-lo. Não é a mesma coisa aprender 1II'IllS01l'I' 5UllSpossibilidades como iptérpretes e produtores de texto.
alg - a I, screver, por exemplo - na instituição escola ou na instituição A'lHnsposição didática é in vitável, mas deve ser rigorosamente conllO
famílill 'Ihdo s'lb r e toda competência estão modelados pelo aqui e agora da 1"d,1. I', ,nl'vitáve1 porque o prop SilOda escola é comunicar o saber, porque a
~1111{1(.•
'!I{) III\lIIU'I()I1 •.1 em que se produzem. 'li' 'n uu ti ensino faz com que bjeto não possa aparecer exatamente da
A 1''1111[11<,'" n finalidade de comunicar às novas gerações o conheci- lllt'~Ill11 f rma, nem ser utiliza I da mesma maneira que é utilizado quando
111('1110 el:II,," 111111111'1[1sociedade. Para tornar realidade este propósito, o objeto ,''',I in, 'nç50 n50 exisL , p r lU as situações que se apresentam devem levar
ti, 'onh' '11111'1110o slIb r científico ou as práticas sociais que se tenta co- ,'nl 'onlO os conh cim nlOS pr vi s das crianças que estão se apropriando do
municar - sc li ""',lolllI,, ·m "objeto de ensino". Ao se transformar em objeto o!lJ " m questão. Dev r rig rosamente controlada, porque a transf flnll
de ensino, O sob 'I UH li pl.li ~ a nsinar se modificam: é necessário selecio- ~,IO I bjeto - da língua escrita e das atividades de leitura e escrita, m no'so
nar-se alguma qu '''I ,', 1'111V,'1 d oUlras, é necessário privilegiar-se certos • ,") I ria que se restringir àquelas modificações que, realmenre, s5 in 'v, I
aspectos, há que se d"II,1lu" '" ,,·U 5 n tempo, 1lá que se determinar uma V<'IS. amo o objetivo final do ensino é que o aluno possa fazer funcwnu, o
forma de organizar os I111'lidos.1\ III'r('.llic/ode de comunicar o conhecimento IIp'l'n li lo fora da escola, em situações quejá não serão didáli 11S,S('Ii\ Ill' ·cs
leva a modificá-lo. SOI'Omanter uma vigilância epistemológica que garanta uma S'nll'lhon'a fun
A pressão do tempo é um dos f 'li 111 1'11os 'lu ,na instituição escolar, marca dlllllCnlal ntre o que se ensina e o objeto ou prática so iol 'lU se preLende
de forma decísiva o tratamento dos ·0l111'll(lOS. n1lecimento vai-se distri- IIU' s alunos aprendam. A versão escolar da leitura do scrila não deve
buindo através do tempo, e essa distribuição faz m que adquira característi- "Iaslar-se demasiado da versão social não-escolar.
cas particulares, diferentes das do objet I i 'ina!. A graduação do conheci- onLrole da transposição didática não pode ser uma responsabilidade
mento leva ao parcelamento do objeto. Comênio já afirmava: "Alei de todas as .'X lusiva de cada professor.' É responsabilidade dos governos tornar possív I
criaturas é partir de zero e se elevar gradualm ,He. O educador deve avançar ,I participação da comunidade científica nessa tarefa e é responsabilidade da
passo a passo em todos os terrenos [...]. Apenas uma coisa de cada vez. Ape- (·olllunidade científica se pronunciar sobre a pertinência dos "recortes" que se
nas uma coisa sobre a qual se passará todo o tempo necessário". luz m ao seleci nar conteúdos; os que projetam os currículos devem ter com
No interesse da graduação, tempo e conhecimento se confundem. pl cupação prioritária, ao formular objetivos, conteúdos, atividades e f r-
mas de avaliação, que tais práticas não desvirtuem a natureza dos obj 'os d
A organização do tempo didático - assinala Chevallard (1984) - se apóia sobre , nhecimento que se pretende comunicar; a equipe diretiva e docente de cada
a matéria a ensinar, se identifica com a organização do saber, conforme uma ;n tituição, ao eSlab I er acordos sobre os conteúdos e formas de trabalho
dialética da decomposição e da recomposição. Forma-se uma pedagogia analí- 11s diferentes graus ou iclos, deve avaliar as propostas em função de u~
tica que decompõe até em seus elementos mais simples n matéria a ensinar. odequação à natureza e 00 funcionamento cultural- extra-escolar - do saber
que hierarquiza em graus cada fase do processo. lue se tenta ensinar. É r sponsabilidade de cada professor prever atividad 'S C
intervenções que favoreçam a presença na sala de aula do objeto de conhc I
As conseqüências da graduação no caso do ensino da IIngtlJ escrita são mento tal como foi socialmente produzido, assim como refletir sobre sua pr:l
bo lont con1lecidas: no começo, leitura mecânica e, só mais tarde, leitura Iica e efetuar as retificações que sejam necessárias e possíveis.
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1.","", ,
A R A DO "CONTRATO DIDÁTICO" distribuiçã d di, 'il" responsabilidades entre o professor s alllll"'. 1,,1
quire caractcrfsliclls 'specíficas em relação a cada conteú I 1\" '111I",i1" '
1\1'1 ndcr na escola - assinalou E. Rockwell (982) - é j>11I)l'qMlm lHe [...] rcfcrente à inlC' 1" 'wção de textos parece estabelecer - conf rm' nO\ ',IIX"
nprender "usos" dos objetos escolares, entre eles o da língu:l (''>1.1113 [ .•• ] O rcm as observaçõ 'S de Rockwell- que o direito de decidir sob,c a vlIl"l"tI,' ti,
sistema de usos deriva algumas de suas regras ou conteúdos impU IIOS de sua interpretação privativo do professor, que a autoridade instilU('ionlll ti" '111111
inserção na estrutura de relações sociais que caracleriza a insllllllc;ao, que pro-
está investido o xime de apresentar argumentos ou assinalai dado" 1\0 I,' 111
porciona autoridade ao professor [...]. É por causa desse fato que n{1O se LIata
de um problema de métodos ou conhecimentos do docente. S0111cnLenesse
que avalizem sua interpretação - o que não impede, naturall1l"II11', '1"" tI'
contexto institucional e social mais amplo pode-sc compreender a tendência à professores que assim o desejem possam fazê-lo - ~ que os aluno, "'lIh,lI11
assimetria entre professores e alunos na produção e interpretação de textos. sido convencidos ou não - têm a obrigação de renunciar a suas p,6p",," 1111"
pretações em favor da do professor.
Os efeitos dessa assimetria institucionalmente determinada são melhor Que efeitos produzirá essa distribuição de direitos e obrigaçõ(" 1111I",
cntendidos quando, depois de haver analisado diversos registros de classe nos mação das crianças como leitores? Se a validade da interpretação ,iI'v,' ",.,
quais profc ores e alunos estão lendo textos de ciências naturais ou sociais - sempre estabelecida pela autoridade, como farão depois as crianças P,II" '.'
qucr Iizrr, dr lasses onde a leitura é utilizada como instrumento para apren- tornarem leitores independentes? Se não se aprende a buscar na info, "'"',1'''
drr CH'"O' ('Onll'l,dos e nos quais o professor não propõe explicitamente obje- visual proporcionada pelo texto dados que confirmem ou refutem a inll"1'"'
tação realizada - não é preciso buscá-los, já que é o professor quem dCIl"I1lIIl11
IIVO' "''''"'IIII'S "pr ndizagem da leitura -, a autora observa que o tipo de
,l'1,'Ç.tll (',I,illI'lI' 'Idll ntre professores e alunos imprime características espe- a validade -, como poderão depois as crianças autocontrolar suas 1"opll",
interpretações? Se não se aprende a coordenar diferentes pontos d VI',/., "
'fi, '''s LI P'O( (',SO ti· . mpreensão do que se lê:
bre um texto - tampouco isto é necessário quando o ponto de vista [1111",1/1101"
se apresenta como indiscutível e como o único possível-, onde ('01111111'1 111
Ncl , '\1 ('lll IllHO fi dupl::l autoridade do professor: a "autoridade" de quem
"sabe lllrll,," (', POllllIIlO, P d ontribuir com mais para O texto e a "autorida-
oportunidade os alunos de descobrir que a discussão com os Oullll' 1"'''"11'
de" inslilu(.'ioll,d (IUt' lt\\lIl111' ff IH n s alunos. As crianças, dentro dessa rela- chegar a uma maior objetividade na compreensão do que I ~"" "IUIIII
ção assimélriclI, CIIII.! til, 11l)Il\ 'Ihol" d s casos, em um duplo processo: tratar de não tem direito de atuar como um leitor reflexivo e crítico na i's,ull1, '111111'"
interpretar o texto c, no IlH'I,IIl() 1l'1l1PO, trrll;lr de "interpretar" o que o profes- a instituição social que lhe permitirá formar-se como tal?
sor entende e solicitn. Ne::.::.e s('lllldo, fi I'clnçfío social característica da escola Mas, além disso, se o direito de escolher os textos qu,' ',i' I1i'II' ,"u,l" '",
estrutura o processo de Intel p' Clfl\' o do I XLO que se ensina aos alunos. privativo do professor, como elaborará o aluno cri, rio IIIUIIs,'I,', IIIIIIU 1111
futuro seu próprio material de leitura? Se o aluno Irl1\ [I ohtlf:II,llo ti" 111,·, ,
la conceito de "contrato didático" clab rado por G. Brousseau (1986) estritamente à informação visual proporcionada p lo I('XIO,'''' 11 "1"11,011"",,
contribui para dar conta desses fatos. Ao analisar as interações entre professo- de selecionar dessa informação somente aquclrs ('kI11"III1"1III'II"",i ,11011,I
res e alunos acerca dos conteúdos, pode-se postular que tudo acontece como para corroborar ou refutar sua anteci pação, se 10miOu '(J 1('11\d', •.11"'I "h" I 11
se essas interações respondessem a um contrato implícito, como se as atribui- que não entende - ou o que o chateia, ou a v ltar ali, s qUflndo tirlr,'" 111111
ções que o professor e os alunos têm com relação ao saber estivessem distribuí- incongruência no que interpretou -, se o aluno não onsc' va ",'"hlllll ,I
das de uma maneira determinada, como se cada um dos participantes na rela- direitos elementares de qualquer leitor, qual ser:.\ cnlDo " 111111111" "'
ção didática tivesse certas responsabilidades e não outras quanto aos conteú- que lhe vai oferecer a oportunidade de aprender a I r?
d s tfãbalhados, como se tivesse sido tecido e enraizado na instituição escolar Se, por outro la I, aluno tem a obrigação d <l'Irvrl ,111,
UI11interjogo de expectativas recíprocas ... Esse "contrato" implícito preexiste versão final dos pou s 'CXIOSqu lal ora, sc não, m dlll'lI11 I'.
11 S contratantes e, naturalmente, às pessoas concretas que estão na institui- riscar, nem a fazer ra:, 'ultlm" ~lIl'('ssiv s; S lflml ém nau Ir", ,111 1111
fi; muito eficaz, apesar de não ter sido explicitado, e somente se põe em e corrigir o que escrcv u, 11"''1'"' ,t1unç( (J dc oor Çtl(l ,Ir 11111 IIh ,I
,'vid n ia quando é transgredido. sivamente pelo profcss()t, "111'" 101110lIod,',~ M', UIII 111,"10~1I1 111'
UI11IIspecto essencial que Brousseau sublinha ao definir a lIoçfio de "con- competente da escrita
11,ItO" r que estc compromete não apenas o pro essor e os alunos C0l110tam- Fica assim eviden 'illd,1 11I1I1M'lIl1lr"'"'"l(lIç lO 'I"r
hrll1 o ~lIlwr_j~ qu stc último - nós o vimos ao analisarm s" ""nsposição- ra como se distribuem 11111II"hlll, o '0111' o tlhrhll •
MIl", lI1otlllt( ,'ç ) -s ao S r comunicado, ao ingressar no Irlnçao didática. A professor e alunos têm cm It"!1I, "' IIIIMII"r , 111•• r" I""
que essa mesma instituiç~o M' (tlltlt 11 "111 "IIU.I~li 11 'IU'U
Ler c cscrcv I nll ('Moi ••
38 Ih'lI" 10"""1

IlIllllllloo'~ <I,'I,'XI ,Se, de verdade, se pretende conseguir a '1'"II/.IIÇIlOdesses I, /I ne ssi<lll<l,' Ic estabelecer objetivos por ciclo, em vez de eSlllill'lt',
111 Ol""',lio'[, (' preciso revisar essa distribuição, é preciso mOSll'(lI' 11110 só aos 11I'~ porgrnll, llfio só porque isto diminui o risco de fracasso explícil nu t1PI ('li
1"l ti ,",'1111,'S, 'o mo para toda a comunidade - os efeitos que pr duz nus possi··- d zl'g 'm da I ilUlll da escrita, como também porque permite elevar [l qU1,11
lillI.llltI,'s de formar leitores e escritores, é preciso criar na escola, IllbiLOSde d"t1' da alfabcliznção: ao atenuar a tirania do tempo ditlátic ,LOrna·s 1)0,,1
<I/o,III'S:lOpara elaborar possíveis vias de transformação, é preciso analisar a v'l 'vil.ar - u p 'lo menos reduzir ao mínimo - a fragmentaçã do ollh" 'i
possibilidade de levantar a drástica barreira que separa as atribuições do pro- m nlO c abordar então o objeto de conhecimento em toda sua c mpl xidll<l(',
I('ssor das do aluno para se aproximar dos direitos mais compartilhados, é Professores alunos podem, assim, dedicar o tempo necessário para Icr Vê' I"
preciso ir elaborando o "contrato" que responda melhor à necessidade de for· <I iros livros, para trabalhar sobre diferentes tipos de texto, para dlsculit tli
mar leitores e escritores competentes, v rsas interprelações possíveis de cada um, para empreender a produ\'f1o I,'
É responsabilidade nossa, que trabalhamos no campo da pesquisa didáti- I xtos cuja elaboração requer um processo mais ou menos prolon '[,tio: 111\
ca, proporcionar elementos que permitam conhecer melhor as "regras" impl(.; lcmpo para cometer erros, para refletir sobre eles e para retificá-los; há I '111PO
itas nas inlerações entre professores e alunos acerca da língua escrita, assim I)ara avançar realmente para o domínio da língua escrita,
omo Sludar quais são as modificações desejáveis e factíveis e, quando efeti- 2, /I importância de atribuir aos objetivos gerais prioridade absolull1 50
V[llllcntC OCOI" r m modificações, analisar quais são os efeitos que produzem, bre os objetivos específicos, Dado que - como assinalamos em outra obra (I),
(, I ',pol1slIhllldode dos organismos que regem a educação, assim como dos Lerner e A, Pizani, 1992) - a ação educativa deve estar permanentemenl '
''''IH'lllIlhl''', ('111proj lO curricular e em análise institucional, levar em conta orielllada pelos propósitos essenciais que lhe dão sentido, é necessário evilar
o', <111<10'11/\ p,opoldonados pela pesquisa didática, a fim de avaliar suas pro- que eSles fiquem ocultos atrás de uma longa lista de objetivos específicos, qu ,
poslas .\ Ili/., tio" l'll'itos que produzirão no "contrato didático" referente à m muitos casos, estão desconectados tanto entre si como dos objetiv s g r[lls
lfngua s 1111\ l', lli" ('XI('ns50, nas possibilidades de contribuição da escola, de lo quais deveriam depender,
maneira f'llvII, 1IIIIIIIII0llnação de leitores e produtores de texto, É respon- Cada objetivo específico - e naturalmente também cada conr ú lo, I'SII"
sabilidade dos 101111,,<111' "" tI(, plof ssores criar situações que permitam a estu· légia metodológica, atividade ou forma de avaliação propostos - d"VI' :11",I
dantes e professol 'S 1'1111111""'11<1('1('111 11 conl radição aqui apresentada e assu- gorosamente analisado em função de sua consistência com os prOl (,:i1I().',11I1:.1
mirem uma posiçiio supell,t1I1II1, (: 1('I,polI~nbilidade de todas as instituições e cos que se perseguem, consistência que deve estar claram nl' explll'lldtlll 110
pessoas que tenham acesso 1I11~IIH'ios ti•• l'ol11unicação informar a comunida- I cumento curricular, Perguntas como "qual é o objetivo ge'lll lIu' 'SI' ohJe
de, e em particular os pais, sobre ()~ti"l'il os qll(' os alunos possuem na escola, livo específico (ou este conteúdo, estratégia, etc,) permil 'Clllnp,lr'/" " rr
para poderem formar·se como praticlIl1lt'S IlUI nOI11s da língua escrita, se o risco de que transmita alguma metamensagem que não s 'ja oerenl m
O que nos propomos?" deveriam orientar a anális avalillliva de LOdas as pro
postas que são feitas no currículo. Seria evitac!n, nssirn) a aparição no d cu
FERRAMENTAS PARA TRANSFORMAR O ENSINO mento curricular de incongruências tão freqüellles quanto perigosas: pr p r,
por exemplo, como objetivo geral que as crianças aumentem sua comp I n '111
Como a análise precedente mostrou, a capacilação em serviço não é con- lingüística e comunicativa e, ao mesmo tempo, formular como objetivo 'spe
dição suficiente, para produzir as mudanças profundas que a proposta didática cífico a descrição detalhada de pessoas e objetos presentes na sala dc :lula,
vigente requer,/E necessário introduzir modificações no currículo e na organi- sem estipular nenhuma condição para a realização das atividades corr spon
zação institucional, criar consciência em relação à opinião pl~blica e desenvol- dentes, O cumprimento do objetivo específico dificulta aqui o desenv Ivímen
ver a pesquisa no campo da didática da leitura e da escrita, E necessário tam·
to do objetivo geral: como a descrição resultará supérflua do pontO d vlsla dll
bém traçar novamente as bases da formação dos professores e promover a comunicação, já que o objeto que se descreve está à vista de tod s, nã 5lll'gí,[\
hierarquização social de sua função, a necessidade de buscar s recursos lingüísticos mais adequados parll 'OllS('
Em primeiro lugar, no que se refere ao currículo, além de controlar - guir que os destinatários p ssam imaginá·lo - necessidadc qu slMI" ,'111
como já se disse - a transposição didática, de cuidar que o objeto apresenta· primeiro plano se o objet a s r d 'scrito fosse desconhecido pel s uvlnl,'s IIn
cio na escola conserve as características essenciais que tem fora dela e de leitores e valorizado pelo produtor da mensagem, Algo similar [1 0111 n' ('0111
velar para que as atividades e as intervenções que eventualmente se suge- objetivos como "ler em voz alta de forma fluente" ou "ler com elllonllçllOl'lll
rem ao professor tornem possível a formação de leitores e escritores compe· reta", quando aparecem desconectados do propósito fundamenlnl di' "'"11"'
I:entes, em vez de atrapalhar, devem ser levadas em conta - entre outras - as leitores e dão lugar a situações de leil.llra oral repetitiva, que, rdt'm tlr 11 o
seguintes questões:
40 I.""li',
11"1111 Ler e escrever nll "'('0111 41

"III'IIIi"'1I1 '\('lIhull1~ função do ponto de vista da compreens1ío do II'XIO nem 1"'1 1Ir10 lill!,üISlIt'1l '''i1h'crrica em relação à língua escrita". POrlanlO, d sd o
1111punIU d\' vista comunicativo, distanciam as crianças da leillllll, porque a 1,,1111(pio, a 's(,oli, dl'v(' fOler as crianças participarem em situa ões de leil.urfl
OJlH"I(llllrlIl1 como atividade tediosa e carente de sentido. \' di' ('$ til~: ti ,",(,,:,s:lrio põr à sua disposição materiais escril s variados, (I
:1. 1\ necessidade de evitar o estabelecimento de uma corr sp ndência 1II'('\,ss(lli I 'I plllll t\las muitos e bons textos para que tenham portuniebcle
1I',,110 n lermo entre objetivos e atividades, correspondência que leva certa- d,' ('onh ,dlv"lsos gêneros e possam fazer antecipações fundadas ncss
1I11'1I1 ao parcelamento da língua escrita e à fragmentação indevida de atos nllllie ';m 1110", (.: IIccessário lhes propor também situações d I roduç50 qu
1110complexos como a leitura e a escrita, 1I,,'s "I r S nlfll lO O desafio de compor oralmente textos com d SIino Til
É aconselhável introduzir no currículo a idéia de que uma situação didática p",~ scr m t111~dos ao professor, por exemplo -; no curso dessa ~,ivid" I ,
cumpre em geral diferentes objetivos específicos, ao menos quando essa situa- s('rfío "pr S nl~dos problemas que as levarão a descobrir novas c~rac' rlSI i flS
ção foi planejada levando em conta os objetivos gerais, Por exemplo, uma du lín 'ua 'seI ita c a se familiarizar com o ato de escrita, antes d snbt.'rC 111
situação de leitura dramatizada de um conto - feita para gravar uma fita que ('s 'rcvcr no sel1lido convencional do termo,
oulros escutarão ou para fazer uma apresentação pública de "teatro lído" - Pôr m cvidência que - como diria F. Smith (1983) - não há uma di
p rmil t.r~b~lhar t.anto sobre a compreensão do significado do texto como r nça fundamental entre ler e aprender a ler, ou entre escrever e aprentl r"
sobr ti 1l10ntl ão mais adequada para comunicar os sentimentos dos perso- ('S revcr, pode contribuir para esclarecer quais são os principios gerais 'lu
nogcns, (i<'s('nvolvcr a linguagem oral, assim como avançar na aprendizagem dcvem regcr o trabalho didático em leitura e escrita desde o primeiro dia d
dns ('OIlV('1I' )('s próprias da língua escrita, ao mesmo tempo em que torna aula I nsino fundamental - 01.1da pré-escola - e ao longo de toda a esco-
possíV('1 l'xpli('I'11I umo argumentação (quando as crianças justificam suas di- l'"'idad ,
f(', ('IlICS i1111"p, \'1lIçi>('S d lexto) e utilízar uma línguagem descritiva (quando
I 1~11jam c,'lllllio qo,' pr pararão para ambientar a dramatização)", Urna últillli:l, m[lS rnllilO imponnnte - porque se refere aos funclanll'll
tOS - consideraç"o S 1)1' O currículo: é necessário sustentar as proposl 'I,' ,""
4, A neccssiti[ltil' dv SlIP rnr ~ tradicional separação entre "alfabetiza- c ntribuições d~s ciências da linguagem e nas da psicologia, em parti ui,,, 1I0S
ção em sentido SlrilO" I' "nlf[lh,'lizaçào em sentido amplo" ou, para dizê-lo
cSLudos rcalizad s sobre a construção de determinados conteúdos S 'ollll\'s
com nossas palavras, \nll ,1I11ploplln 'fio d iSl ma de escrita" e "desenvol-
da área.
vimento da leitura e da '5 'll1H", 1':SS(l ~c.'pl1ruçflo um dos fatores responsá- Para e1ar apcnas um exemplo da relevância que assum m algum"" (i,lS
veis pelo fato da edllcaçã 11 'I1SiIlO fllntinm I1lal enll'ar-se na sonorização
conlribuiçõ S das ciências da linguagem na perspectiva didál i a,7 as 1"1111'
desvinculada do significado, do 'omp' "I1S;' lo lCxto ser exigida nos ní-
r mos qu as ntribllições da sociolingüística obrigam a revisar critic8111('ll
veis posteriores de ensino sem que haja I ido uma prcparação dos alunos para
le - nLr outros ,.spectos - a noção de "correção", qu sLá Lão arraiga In II~
isso, já que a compreensão é avaliada, m~s r~r~mcnte tomada como objeto
sc la, para subsl il.uÍ-Ia pela de "adequação à situação comunicativa"~ o '111'
de ensino, Essa separação levou também a sup r que o manejo do sistema supõe ai ondonllr a desvalorização que sofreram os dialetos ou SOC10It'II)S
alfabético é um requisito prévio para a utilização da linguagem escrita como
S m pr sLÍgio ('lu são a lingua materna de muitos dos alunos de no" IS
tal, para a interpretação e produção de textos escritos correspondentes aos scolas).
diferentes gêneros que circulam na sociedade,
Qu~nlO iJ 1 ol'la da aprendizagem, como assinala ColI (1993), há mlll'l de
Agora sabemos que a leitura é sempre - desde o começo - um ato centrado
10 ~nos xisl Llln~ onvergência notável entre diferentes autores e enf"'1I1"s
na construção do significado, que o significado não é um subproduto da leóricos, cm r l"ç1o aos principios explicativos básicos de aprendizage,,, ",n
oralização, mas o guia que orienta a seleção da informação visual; agora sabe-
gcral e la aprendiW!I('m scolar em particular,
mos que as crianças reelaboram simultaneamente o sistema de escrita e a
"linguagem que se escreve"." Por que manter então uma separação que teve
f itos negativos?
o principIO ('xpll"Ilt!vo 1l111is<lJl1plamente compartilhado é, sem nenhullI IIHo
de dtlVidll InHlhlllll1 () ,1I110r -, o que se refere à importância da atilJlill •• 1 '
O objetivo deve ser desde o começo formar leitores; portanto, as propos- mental C IH.ll\lllv!1 I li 1111 \111,) l'In r ~I ização das aprendizagens escolares; II '111~1
rns d vem estar centradas na construção do significado também desde o co- cípio 'lU levlIll (1~1l('I'IH'1 li (lpl\'n(\izagem escolar como um processo d 'III'~
m ço. Para construir significado ao ler, é fundamental ter constantes oportu- trução do conl1ct'illl('1I1O I "I t' /) l'n~lnocomo uma ajuda para essa constul ),
lIidnd S de se cnfronhar na cultura do escrito, de ir construindo expectativas [ ... ] Daí o I nno "('UIINllllllvhm(l" hl\hilll~ll1lente escolhido para se r , 11
a' I' a d que pode "dizer" neste ou naquele texto, dc ir aumentando a com- essa converg(!:nclll,
42 111"1111 I,·, "'" L r c crcvt:l l\il ,",rolu

No ,,",0 1',1111ular da leitura e da escrita, os estud > 1",ho~"II li os e 1I111I1H'III,anO: qll,.lq'"'1 stratégia de trabalho que se distanci d 011~,11111111
p',h 111i1l11(,,11'0 já permitiram esclarecer aspectos imponalll'" tio piO esso "lvlI VIU o UVII",1111'IIl10 respeite a seqüência estabelecida pios m 10<111"
ti" O'''"'''IUçiio da lingua escrita por parte do sujeito. 111111'1kos (ill '1IIIIIdo o silábico), gera grande preocupação n s pais dos ~\I
ndOll1lular a concepção do objeto de ensino em funçã tI,I'1,'Oll,ribui- P""OS "porqlllllhos da-índia", preocupação que algumas vezes se ,ranslol
o,', Ilnguísticas e a concepção do sujeito que aprende a ler ,",I 'v r, de illil '111r si" n 'io declarada,
1In1ldo com as contribuições psicolingüísticas realizadas desde umll 1)('rSpecti- "n v "JlI cocupa pelo simples fato de ser novo - não pl i O avc,;
Vilconstrutivista, parece ser uma condição importante para COnt,,11111l, desde gllor e st(, I 'm fundamentado ou não -; o "velho" tranqüiliza ap na~ P 'lo
o projeto curricular, para a mudança na proposta didática vigelll na 'scola. lillo de SCI onhecido, independentemente da sustentação cientffi a ou \('Óll
Em segundo lugar, no que se refere à organização institucional, eviden- 'o que possa t r. A lamentável conseqüência dessa situação é que nã s ap"
te a necessidade imperiosa de promover o trabalho em equipe, de abrir, em , nla a nec ssidade de avançar no campo didático; se o professor tenta, Ili)1
ada escola, espaços de discussão que permitam confrontar experiências e iniciativa própria ou de seus colegas, não porque haja uma exigência m 11I1
superar, assim, o isolamento no qual costumam trabalhar os professores, que ntido por parte dos pais de seus alunos ou de algum outro setor da c II1l1ni
tornem possível pôr em dúvida as modalidades de trabalho instaladas no sis- dade. O que seria de nossa saúde se isso acontecesse também no campo In
t ma . olar avaliá-Ias à luz dos propósitos educativos que se perseguem, medicina?
qU(' 111 11 111
lIl'm a análise crítica dos direitos e obrigações atribuídos ao docente Parece essencial, então, criar-se a consciência de que a educação tamb m
,',11" ,ti 11"'" ,'m Iclação à leitura e à escrita, que favoreçam o estabelecimento obj to da ciência, de que dia a dia se produzem conhecimentos que, s
dt' ,ll'Oldl1', ('1111 (' os t centes não só para conseguir maior coerência no traba- ingr ssassem na escola, permil iriam melhorar substancialmente a situaçã
lho, ('0111011111111,1", IHIIli empreender projetos em comum, ducativa. É necessário, além di so, mostrar - da maneira mais acessível qu
11 'InI101a ,lO <I,' proj tos institucionais pode, em alguns casos, apelar se encontre - quais são as práLicas escolares que deveriam mudar, p~ll'nS{'
para a pal,1 'ipn '111)<lo' puis, Faz r da escola o centro de uma comunidade de adequarem aos conh cimentos que temos hoje sobre a aprendizagem o ['li"
leitores pod ria> 'I '"" <lo>ol1j'Iivos desse tipo de projeto, no da leitura e da e crita. assim como mostrar os efeitos nocivos dos m{~I()do:,
Também n' ''', 110<lI" ,11" outras modificações possíveis da institui- e procedimentos tradicionais que são tão "tranqüilizadores" para a omlllll<l"
ção escolar, tomand ',!lllI) IlO1110 <I,' P"" ida s estudos sociológicos e etno- de, e tornar públicas as vantagens das estratégias didáticas IU(' I ,,,lm['lIlt'
gráficos que possam P'OPO' '11!llill('I 'm 'llIO, 111tal sentido e estudar de que contribuem para formar leitores e escritores autônomos.
modo seria possível demo lati!."l (l (\~11\l'1I1,111[l1i 'ionalmente autoritária do É responsabilidade dos governos e de todas as institlli 0(', 'P ',soas qu
sistema educaciona1.8 Se essa I \mo Itltll.lIçaO p Illlitir revalorizar a posição têm acesso aos meios de comunicação - e estão envolvidos I1n11'011 mática dn
do professor dentro do sistema, cenal1l '1111'011,i1':\também um espaço para leitura e da escrita - contribuir para formar essa consci n ia l1aopinião públi a,
revalorizar a posição dos alunos na aula ' t Il1ar:\ possível - entre outros Quanto ao desenvolvimento da investigação di Icftica IICI área da leiwl'C/ e
benefícios - que sejam reconhecidos como I Il 1 produtores de texto. da escrita - o quarto aspecto antes anunciado -, é evid lHe a necessidade d s
Por último, é necessário definir modificações que desterrem o mito da continuar produzindo conhecimentos que permitam resolver os múltiplo pro
homogeneidade que impera na instituição escolar e o substituam pela aceita- blemas que o ensino da língua escrita apresenta, e de fazê-lo através d SIu
ção da diversidade cultural e individual dos alunos. Desse modo, pode ser dos cada vez mais rigorosos, de tal modo que a didática da leitura e da s I ila
vitada - ou pelo menos diminuída - a formação de "grupos homogêneos" ou deixe de ser matéria "opinável" para se constituir como um corpo de onl1 'cj
"grupos de recuperação", que só servem para incrementar a discriminação mentos de reconhecida validez.
escolar. O conhecimento didático não pode ser deduzido simplesmente las ' li
O terceiro ponto que anunciamos - e que se agrega às considerações já tribuições da psicologia ou da ciência que estuda o objeto que t nlam lI~i
realizadas sobre o curricular e o institucional - refere-se à consciência que é nar, É necessário realizar investigações didáticas que permitam eswdar 'vali
n ssário se criar na opinião pública. dar as situações de apr ndizagem que propomos, aperfeiçoar as inter v nçot",
Realmente, no caso da educação - e ao contrário do que acontece, por de ensino, apresentar probl 'mas novos que só se fazem present s na snla ,h-
x mplo, no caso da medicina - não existem pressões sociais que incitem ao aula, Os problemas did,lti os - om por exemplo: Por que é tiio difí iI ('011','
plogr sso, 11prática da sala de aula é questionada quando se afasta da tradi- guir que os alunos assumam a orreç,'ío dos textos que escrevem? QII(' 1I0VII
çfiO, nqunnto que raramente o é quando reproduz exatamente o que se vem recursos podem pôr-se em aç<io para 'onsegui-Io? Que efeitos produ,,('1ll r r
foz ndo le geração em geração, Esse fenômeno - que merec ria ser estudado novos recursos? A sistematizaç50 do conhecimento ortográfico UIll IIU'!Orir
do POIIIOd' vista sociológico - se expressa muito c1arament no caso da tivo para melhorar a ortografia? Em que condições? - não p dCl'fio ,,'I ~1"t1
44 I h'lI11 1"11""
Ler c csc:rcv r nu nl 011'

011101" 111'111 "',olvidos por pesquisas psicológicas ou lingüfsll(· ••.I. ',om nte a (1.111(o, lingufSI i 'O, p,1 ·olingüístico .. , -, de tal modo que eles tenham olhd 11
IIv""IHII' o (hd, tica pode resolvê-los, (111.no futur , da n' 'ssidade de aprofundar e atualizar seu saber d 10111111
SI' M' pl I nde produzir mudanças reais na educação, e cm 111111 i ular na 11('ll11nnCntc,
illllill'!lwç50, é imprescindível - em vez de dirigir os escassos I '("liSOS dis- 11<\umarclllç50 recíproca entre a hierarquia do papel dos profcssOlcs "
pOllfvl'is para a realização de estudos diagnósticos, que só scrv m pnra con- 1 'conhccimcnto social de sua função - e a melhoria da qualidade dc suo lo,
1III1\ar as deficiências educativas que já conhecemos, mas não paro Ii porci- mação. Ambas as questões deveriam ser atacadas simultaneamcnl : Clt'V11I 11

uno r elementos que contribuam para superá-las - propiciar a invcstigação qualidade acadêmica e proporcionar melhores condições de trabalho. 1,111111
didática, dando-lhe um apoio muito maior que o que atualmente s oferece do ponto dc vista econômico como do ponto de vista da valorizaçau '1\'" 11
m nossos países, Cedamos a palavra a G, Brousseau (1988) - um do funda- comunidade tem do trabalho dos professores,
dores da didática da matemática como ciência - para ampliar a argumenta- Além do que se possa fazer nesse sentido a partir dos organismo oi/( 101 •
ção em tal sentido: orresponde aos professores - naturalmente - defender sua profissão, f0'"1111
entidades que - como as associações profissionais - propiciem pesquisas, ((11
sos, conferências, discussões sobre problemas que devem ser resolvido, (li
A riaç50 c a condução de situações de ensino não são redutíveis a uma arte
gentemente,
qur O pr fessor possa desenvolver espontaneamente por meio de atitudes
IlO!iIlIVn!; ( seUlar a criança ... ) ou em torno de uma simples técnica (utilizar
E agora, finalmente, nos ocuparemos da capacitação, que é também UIIIO
III);U?I, IHfll('1 iais, ou o conflito cognitivo. por exemplo). A didática não se reduz ferramenta importante - embora não a única - para transformar o ensino,
1111l111l1l'llloloRia e sua teoria não é a da aprendizagem, mas a da organização Elaborar um programa de capacitação em serviço que possa transf 1Ill,II
(III~111I11'IHIl1"lHensde outros, a da comunicação e transposição dos conheci- a prática didática supõe colocar-se múltiplos problemas de diversos tipos: COIIIO
IlH'lllO'I I ,1 AnIHU' se encarregar dos meios individuais de aprendizagem do conciliar a profundidade exigida para o trabalho de cada grupo com a 11(',ó'~
lllullO (o r.ull'110 (,oRnhiv ) exigiria uma modificação completa do papel do sidade de estender a proposta a um número de professores que seja si>:IIII,"
pl r '~.•
01 (' .!t S\1.1 rOllllnçiio.
l um;) transformação do próprio conhecimento, tivo para o sistema? Deve apresentar-se como obrigatória a capacilil ;!II 1'"11'
outros In 'los tt.' ~Ol\lInlt' (lndivldunis e sociais) do conhecimento, etc, ( ... ] é os professores ou como voluntária? É conveniente dirigi-la a profe ~Oll'" ".,,1.
uma dcci . O (lUI' ,1111'\1'1\11\ j1lohh'll1:lS que só a didática pode - talvez - resol- dos, que procedem de instituições diferentes, ou é mais produlivu 1IIII'lilllll
ver. Certamenl(~ n,tu c\ UlIlU t!4't 1\, n Clllt' POSS:'l d pender da livre escolha dos
lhe um caráter institucional? Que condições devem reunir os Cap,I('lllItI,"",·
professores nem d IIllll 1111(', 11I'o1\IUIIU)\ floht '('1jlll contradição: se, atualmente,
o sujeito não tem lugar IHI H'ln!; u d(' ('mino ( nquanto que o tem na relação
Como promover a formação contínua dos participantes d P"II,'lu :011111'
pedagógica), não é POI'CjU ' os pt n(l'toM)1 ('8 /l(' obsl inem no dogmatismo, mas segurar que o processo de capacitação permita aos pr f •. SU'('S 11111('IIt1,'1 II
porque não podem corrigir as nllsn~ t11dnll (lS pr fundas dessa exclusão. Cor- concepção didática que se pretende comunicar-lhes?
remos o risco de pagar muito cnro '11'011 <lu' onsistcm em requerer do volun- Em relação à conciliação de profundidade e ext '/lsoo. n c ss, riu I"VIII
tarismo e da ideologia aquilo que s6 p de provir do conhecimento. À pesquisa em conta que o tempo é uma variável importanl pnrn a 'npacilaç50: H~"I{II
em didática corresponde encontrar explicaçõ s c soluções que respeitem as nadas" de duração muito curta - às vezes lima manhã - pod m cr III 'I'l 1'.11,'
regras do jogo do ofício de docente ou negociar as mudanças necessárias sobre a dar a conhecer que uma questão existe, mas são sempre insuficicnH', 1',111'
base de um conhecimento cientifico dosfenômenos. Não se pode hoje [ ... ] deixar analisá-Ia e, portanto, é muito difícil que gerem algum efeito na pdlll li, o 111
que a instituição convença os alunos que fracassam de que são idiotas - ou bora em alguns casos possam despertar inquietações; por outro IlItI", ""101
doentes -, s6 porque não queremos enfrentar nossos limites. quantidade de horas - quarenta, por exemplo - distribuída numa :-:('11I111111 "lU

nas não equivalc u ssa I11csma quantidade de horas disll'ibuftlo ,'11I 1'0,1"
Se se quer, de verdade, criar uma mudança profunda, é também impres- meses, já que esta úhimu diSlribuição permite que os pr f SSOll" I1"1li 11I1011011
cindível rec%car as bases da formação dos professores e promover a valorização ografia. ponham em prôíll(,\ novas atividades e discUL;l1n (,'011I ',('li i 111, NtI
social de sua função, entre uma reuniã OUII,I.
No que se refere à preparação dos professores e centrando-nos no proble- A alternativa qu fOI "'ill~ IIIII(IIII'VU m nossa XP('" '" .• \ 11",11111
mu da alfabetização, duas questões parecem essenciais: assegurar sua forma- situação de oficina - quI' 11".,,,11111110.•II,II('ur lima quantitl"II" \ '1I1',hl ,
Ç[ 'omo leitores e produtores de textos e considerar como eixo da formação professores - com uma in~1 11111011,' 111olllpllllllamrl1lo 11111I11t'i1l11 •
o '01,11 cimcnto didático (relacionado à leitura e à escrita, cm nosso caso), aula, - que permite alcançlll' 1111I11p,"I1I1I1I1111Ih' lI1ultO 11\111",1'011I1111\nlll~lIIt"
Por 01111'0Indo, todo o currículo deveria contribuir para mostrar aos estudan- menor de professores, aqu I 'S 'lU" r HlIlllHOIlIC'h'lII 111111fhllwm tU
I S os pl'ogr ssos que se vão registrando na produção do nhccimento - di- projeto, No quadro dessa "I, 'II','"VII, 11IIlh 11111"'11I IUIIII 1I11'"~ li I
46 11<'111' 1"1'"" Ler e escrever na " 'ula 47

111l"~I' I' '.n W i.ldota uma modalidade intensiva naqueles C3~O'. ('111 que é im- qücnlc n onu (11o sistema de "cascata" na organização da capaciwç50: 1I111,1
plI\ldvf'I, pU! 1t1/.ÕCS geográficas e econômicas, reunir periodi :1I1H'IH{' os parti- pcqUCIl:l qUlp apacita uma maior; e esta, por sua vez, outro gnlJ) lI'llll ••

, 1',1111"',O acompanhamento na sala de aula se desenvolve no mrnll11' duran- amplo, CIC. onscqüentemente, quando a capacitação chega ao prof S I, j
houve qllflll ou cinco intermediações entre os capacitadorcs "origin:lis" c 0\
li' ,"11 uno leLivo e é especialmente fecundo quando inclui a pall' "pação do
que lcv;lrno - ou se supõe que levarão - a cabo a implementaç50 da prol' Slrl
'001 d nador nas atividades com as crianças, entrevistas com cada p,or ssor e
em 'lU 5150. Essa prática leva a que, geralmente. nem sequer O "cnpl1cilóJclol"
I('uni-es que agrupam professores de diferentes escolas, para favol' c r o in- conhcç::l, maneje, assuma, os critérios fundamentais sobre os quais se SuSlcnlfl
«'rcâmbio de experiências. a proposta c, portanto, tampouco as respostas ou orientações 'lu :'c p 5:"1111
Quanto à dimensão obrigatoriedade-voluntariado, está claro qu ada uma dar freme às dúvidas que os professores apresentam. Pode-se SUl' r qunis c;
das opções possíveis tem vantagens e inconvenientes: se a capacitação é obri- rão as conseqüências dessa situação para a implementação de diws propo~l.l\.
gatória, o organismo responsável pelo programa pode estabelecer prioridades Se bem que não há muitas indicações alternativas para resolver esse pl' bl In".
e selecionar em função delas para os professores que participarão, correndo- o que quero enfatizar é sua importância.
se o risco de que uma certa porcentagem dos participantes não se interesse o
suficiente p los conteúdos da oficina; se, em troca, a inscrição dos professores Efetivamente, é muito difícil que a aspiração ptOposta pela autora se pos-
é volunlá,ia, aumentam as possibilidades de eles se comprometerem seria- sa cumprir: os que elaboram as propostas didáticas são muito poucos, e os
m nlr ) logo ~c transformem em ativos promotores da proposta, mas é mais docentes de uma rede educacional são muito numerosos, No entanto, podem-
difl('il , ',po,,,I," ~s prioridades educativas. se construir alternativas que reduzam as intermediações ao mínimo possível e
\';111'"" plOl<,lo de capacitação que realizamos na Província de Buenos sejam menos arriscadas que a acelerada "multiplicação" característica das ten-
Ali t'S '11\'" I'IIIH " I 91 - ao qual apelaremos para ilustrar algumas opções tativas de capacitação massiva no sistema educacional, desde que se aceite que
p,odUlivas • 'oll,illl'ou s a variável voluntariado-obrigatoriedade com refe- a dimínuição do risco supõe necessariamente um aumento no tempo destina
rência à incol P(II,'o,,1I)dos prof ssores de forma individual ou por equipes ins- do à formação dos capacitadores - já que, como vimos, o tempo é impres indl
titucionais: o PUIII IPIl .IU ('In voluntária, mas era requisito para a inscrição vel para se conseguir um certo grau de profundidade - e uma redução da il 'I
nas oficinas qu de 5cola, integradas por um membro
. IUI Illtl',',t'lll (\qllip s tura que é possível se conseguir em um período determinado.
do pessoal da direçã ,(1111III1'ml)!()do ,Clor psicopedagógico (no caso de ha- No projeto da Província de Buenos Aíres, todo o ptimeiro ano foi til' "
ver este setor na esc la) '1)('10 111('110'dois P' f ss res. Somente de forma cado à formação de coordenadores, Os docentes envolvidos n 's", IIISlOn'ia
excepcional se aceitaram p' il'SSO'('S 1>!,lndos, eram professores, assistentes educacionais, diretores e SllP ,viso, ('S, qll fo-
Tomamos essas decisões po'qU(' a, ('XI(', i n 'ias anteriores tinham posto ram previamente selecionados levando-se em consideraçii sua lI'ojeL ria m
em evidência as sérias dificuldades nf, 'nllltlll' pelos professores que empreen- relação à alfabetização - participação em experiência alL l'l1alivas e em cur-
diam, de forma solitária, uma transforma [lO d sua prática. Parecia, então, sos vinculados com a questão, compromisso com a transformação da práti a
necessário criar uma situação que permitiss a ada professor compartilhar pedagógica. Para se definir os que seriam coordenadores de futuras oficinas
interrogações e possíveís respostas com seus I gas, assim como contar com o os que os acompanhariam como co-coordenadores ou como colaboradores
respaldo do pessoal da direção de sua escola, A avaliação do projeto mostrou encarregados do registro das sessões, realiza-se, no curso da oficina, um pro-
que essas idéias eram em geral corretas, mas tornou manifesto também uma cesso de avaliação que contemplava a qualidade das contribuições realizadas
limitação: em muitos casos foi difícil integrar realmente os diretores, porque em classe, assim como a apresentação de um trabalho centrado no planeja
eles estavam pressíonados pelas tarefas administrativas, ou porque não se sen- mento fundamentado de uma oficina dirigida a grupos de escola de sua z na.
tiam diretamente envolvidos na problemática didática, ou pelas duas razões ao Por outro lado, desde o momento em que o trabalho com os profe s r s
mesmo tempo. Uma instância de capacitação específica para os diretores, que começou, se pôs em marcha um modo de funcionamento que assegurava o
foi posta em prática no último ano do projeto, foi muito mais produtiva do aperfeiçoamento conSUIII1Cdc toe/os os envolvidos no projeto: os coordenadores d
p nto de vista do compromisso assumido pelo pessoal da direção. cada zona se reuniam semanalmente com O objetivo de discutir novo mat rial
No que se refere às condições que os capacitadores devem reunir. M. bibliográfico e de analisar os I roblemas apresentados durante o desenvolvi-
Nemirovsky (1990) assinala: mento das oficinas; repr sellllllll s das diferentes zonas - que haviam sido sei
cionados pata formar uma "equip inl rmediária", que funcionava como nexo
Outro aspecto decisivo sobre o qual a experiência proporcionou dados sufi- entre a equipe central e os demais oordenadores - se reuniam mensalm n1r
iCllt s é que a capacitação deveria ser organizada e coord ~nada pclos profis- com a equipe central, e essas reuniõcs tornavam possível a supervisão e a ori n
:'Ionni'\ lir wm rue envolvidos na elaboração das pl'OpOSlnS didáticas. É fre- tação cooperativa do trabalho de capa ilO<;iioque estava em desenv IvinwnlO,
48 Ih·II.' I,'"""
11 ,""11'." d,' , 'gisLros de classe das diferentes oficina o'''ltllllu um dos
It "11',.. 1lI'I'Otl,lnleS para a formação de todos como capaclllltioll's, No en-
I 111 ". po, lIu
I' 011 IIVl1l1
0"1",,,,, os diferentes a utores lhes permitirá agi r com alllono,"ill
'ar ('lll ,,11IIprópria formação mais tarde, quando já não SI 'j""1
1,111111,d,''>!'nv Iver essa tarefa não foi fácil, porque registrar é d,iI'lI 'porque '11 ,dvldos mUlll '11'0 dc capacitação, A leitura é particularmenLe signifi ai Iv"
111'111
IlIdos s atrevem a submeter a própria prática à análise do:> Oul raso Foi '111.,"d" s, rllllp,lI" lia bibliografia para responder a interrogações qu u"gi
111""',0 UIl1Lempo para se passar do relato oral para a leitura do r('glsLro tex- 1·'11'I',,'vwm('nl,' no urso das dIscussões, quando os participanL s sabcm qu'
1111,1
dns classes, mas insistimos em que esse passo se desse, porqu o registro "I' '''"1111' 11011, 'sp stas para perguntas quejá se formularam.
, IrlsubsLituível quando se trata de compartilhar as dificuldades da prática, 1':111,laçllO o s conteúdos, a avaliação permanente da larcfa d s nvolvi
Ih'almente, enquanto dependemos dos relatos orais, nos defrontamos unica- oi" "li p'oj '10 OI1ICSmencionado nos foi mostrando a necessida le d' nlla,
menLe com aquelas dificuldades que os coordenadores da situação puderam , ,d" v z mais o trabalho no componente didático e incorporar as ' 1111 ihul
Lerconsciência. Somente o registro textual permite trazer à luz outros proble- '.'"'' I, oUlla iências - da lingüística, da psicolingüística, etc, - na m 'd,dll
mas que não foram observáveis para os que estiveram envolvidos diretamente "'" 'lU 'onll ibuíram para resolver problemas didáticos, ou para funl13m 'Illl"
na atividade. 1""I)(~SI.'SLI nsino: Como essa questão será desenvolvida no último capÍlIII"
A seleçfi prévia dos candidatos a coordenador, O trabalho profundo du- 11'"(' 'p.lI 'mos, aquI, somente um aspecto vinculado com o lugar da prMI 11
onnlC as oficinas d capacitação, a avaliação rigorosa do desempenho de cada 'lll 111O('t'SSode capacitação,
UI1l,o It 1IIl01lloell1 grupo e o aperfeiçoamento constante - incluindo nele a 1)lv'lsas xperiências alternativas de alfabetização realizadas na Am ri 'U
,l'Il,'xl,o "Ool""llIlva sobre a prática de capacitação, com base na discussão 1.IIIInll(I':, ,"crrciro, 1989) colocaram em evidência que a presença da sala eI
dll\ Ii'ghll 0\ di' dilSS' - foram os recursos que nos permitiram assegurar uma 1110111 n"s situações dc capacitação dos professores é fundamental. Em nosso
10"11"00 ",I,IIIVIIII"'1l1' sólida daqueles que trabalharam como capacitadores '"II'IU, (ISS;) presença se fazia efetiva tanto na instância de oficina como na d \
t' 'Vital, lP.•',III1, li ~IIP(,Ifj<:ialidade e os efeitos nocivos que em muitos casos Illoll'pal1hamento: na primeira, a prática na sala de aula aparecia aLrav s d,l
aractcl i7,:1I11.1 t l'llilnl.lt;lIO ar r ida pelas redes educacionais mais ou menos 1I".\II~' dos registros de classe trazidos pela equipe de coordenação. do pl,lIH'
cxtensasY 111m"H de atIv,dades que os participantes levariam a cabo com s us IIlulIO',"
Finalmcntc, PIII" 111,11 ,'''''f
" 'oll1pr cnsão por partc dos professores da doi IIvuli, ç5 conjunta do desenvolvimento dessas atividades; duranlt' o 1)1 o, ,',
concepção didática qu ' '" 1",'I,'lId,' LOI11\II,irlo, sscncial que todo o processo "\t1' 11 mpanhamento, a sala de a~la estava ainda mais pr S '1111',/1 110"
d capacitação eSLeja 011'111111111 P(ll """ 1I1(',m:' 011 pção e que os conteú- IIh 111d rcahzar atIVidades SImIlares as descritas para a ofi 'inll " d,' I, ,lh,oIhol
dos didáticos constituam o clxo do 1t"",,lllo, '",1)1,' , 'glslros realizados pelos próprios professores de suas los,'s ou dlls le
Em nosso caso, assumir li 111 11 ('011('(.'1' 'tiO c()nstrulivista do ensino e da "lgUln 01 ga - o coordenador colaborava com os pror sso, 'S 1111'ondu 50 d'
aprendizagem supõe centrar a capa '1Iaçl'tl dos do CI1Ls em situações que re- :oI,l:'''~1nsslluaçõcs d}dáticas, o que permitia, por um Indo, qu I s aprcn I s
presentem um desafio para eles e lhes p Imllllm ,'elaborar o conhecimento, "m I, r parti 'paçao na tarefa concreta" e, por OuLr lado, que se SUSLcn", .
que favoreçam a cooperação entre pares C a c n iel1tização de suas próprias ,,'lll hs ussõ sobre aspectos muito específico da prática didáLica,
cstratégias como leitorcs e produtorcs dc tCXLOS,quc torncm possível discutir ~ IIv(llinçfi do projeto mostrou que o acompanhamento na sala de aula
c analisar criticamente diferentes materiais bibliográficos referentes aos con- P'" '~1'lIntll I r resultados muito mais notáveis cm relação à transforma .50 da
leúdos, que permitam pôr permanentemente em jogo a própria concepção da 1"',' ;1. o qu pode ser resultado simplesmente da maior duração do Lrabalh
prática didática e confrontá-Ia com a dos demais, que permitam explicitar os ('()rIJI1l110,om Iambém da impossibilidade de encontrar outro instrumenl eI
pr ssupostos implícitos nas posições adotadas sobre o ensino e a aprendiza- ('(Ipa ilaçll lU s ja t50 efetivo como compartilhar a realidade da sala ele aula,
gcm ela língua escrita .., Todos os conteúdos da oficina são considerados como AgOla, inqui ",nLe que o acompanhamento na sala de aula c nLinu
(,O'" údos em construção: em cada reunião ficam questões abertas para as li",IdOo li' 'Ih r r ' 'urso para a capacitação, que o consideremos inclu ive como
1I"lllslogo se voltará, a fim de analisá-las a partir de outra perspectiva; rediscuti- l) III~' O r nlm 1,11..fclivo para transformar a prática, É inquietanLC por eloi.~
11"1ptllnilC chegar a novas conclusões, mas em alguns casos se apresentam '"0IlvOS: m prtm Iro IU}\IIr, I)Orque nunca disporemos da qual1lidad de r'.
d''',III''" dos, u se abrem interrogações que levam a recorrer ao material bi- I'urs s humanos qu s'~ 11111(' 'S :Iria para acompanhar a prática ele Lodos s
111 o}t' fi 'o, p'of sores, ,to mUIIl) }\'"V' qUllndo o que se pretende é cvitar o fracasso
O 1I"II"Iho sobre a bibliografia cumpre um papel importante, porque é \'s olar e conseguir que todns Il~c,lnnças se formem como leitores e produto
III1I1V("<I,'''''' Icit uras que os professores podem refletir acerca das propostas ":S ~I. texto; em segundo IlIgrll. po'qu o fato de que necessitemos impres in
<lhl/lth li" ;;'''11' t" quais cstão trabalhando, assim como sobr s us fundamen- ,hv Im nLe compartilhar a p,lIll n do prof ssor para poder comunicar.lh t,
50 I h'lh' 11'11H'1 Ler e escrever n:, ':;COI,1 51

III'! t OIlIl'UdO'l dldchicos é sintoma de uma carência nossa na COIl' 'Ílualização etllll~"lll\, w ,h''llllt'nm os de D. Graves (1991) e L. McCormick alkins (199:l),
11c-~,,,' 'lIiln quc queremos comunicar. No ...('llplt 11h I l,'l c 5 do presente livro, se fazem outras considerações sobl (' " ...
N('~~' sentido, é pertinente citar uma vez mais a G. Brouss 'au (1991), plote' MI!IIt IIVUIVldos na escrita, assim como o trabalho de produção escriw 1\lI

'111(',<I'I is de afirmar que a didática foi até poucos anos um probl ma de Id,l di' U\llil
() II,Hll ti l\ l\1)~~0.
"pllllll mais que um estudo científico, assinala:
hlll 111l1l1LllH.-,\
se produziu a partir da revolução conceitual gel"Jdn p las pcsqUl
~ll~ 'lul1l" p~lcogênese do sistema de escrita (Ferreiro e Tebel"Osky, 197() (' 0111
Os professores e os especialistas na disciplina em questão (os formadores de 11' 01111!1l lLh:: o de outras múltiplas pesquisas: das psicolingüísticns SOhll' li !lUlll
docentes) se vêem conduzidos então a minimizar o papel de toda teoria, a tl'lIl i1t)~ IIlOS de leitura e de escrita aos estudos históricos sobre;] I<"lllllil fl
pôr em primeiro plano O conteúdo puro ou a experiência profissional. Esta C'''II leu cun cbidas como práticas sociais; das contribuições da lingüísl i<'1ldo !l'X
pode ser considerada a tal ponto como incomunicável que se chegou a afir- I" ,. ti •• p',lgmática aos estudos etnográficos e a análise didálica do cnsino u lI,d,
mar que a melhor formação que se pode propor a um futuro professor éa que tlll'. IU'Mluisas em psicologia da aprendizagem ao estudo do funcion:lm{,llIu (1('
ele possa adquirir no próprio trabalho. Cabe perguntar-se, então, o que é que ,'CIII nuas de ensino apresentadas no marco de expcriências alternl'HIVll\ di'
impede que esta concepção empírica radical se aplique também às próprias nlldlwtiznç50 ...
crinnças e que se declare que a melhor formação em matemática para elas I, :olllhm r:l idéia em circulação de que o professor é o único e grande respolls!l
scrin a que podem adquirir resolvendo completamente sozinhas os proble- wl por todos os defeilos do sistema educativo foi um dos propósitos do [li IiHO
1ll11~ 0111que se deparam. que originou eSle capítulo. MOslrar quais são os diferentes componentes que r
111e ISOobscrvar e quais s50 as responsabilidades que outras instâncias do sisl
"",n ',\lP"I;II a concepção empírica, é necessário explicitar melhor os lUi.' I m n brigação de assumir ra também um propósito prioritário, já que o
'I mCl110s1t't'lIIl"\I(11<1,
licos que subjazem em nossa própria prática na sala de Lncontro do ERI.AI.C, n qunl originalmente foi apresentado estc trnh:llho,
lluln. II'abnll1o di' pesquisa didática no âmbito da língua escrita - que se vem tlllhn ;l miss;lo d Inb rar recomendações que seriam propostas em 1111111 I,'U
realizando IH\ 111\';IOS11110S P rmitiu conceitualizar cada vez melhor as con- nl ele lllinisll"OS ele EduCJção da América Latina e do Caribc.
(I Tomo el11preslJCIj] aqui a idéia humoristicamente cunhada por Chcvnl11llcI (11nl'I),
dições necess:\';[I~ PIII!' qll(' '""0 SilUllÇãode aprendizagem seja produtiva, os
/'i(:~lIndo j] qual este suposto "contrato" incluiria "cláusulas" ref"It'llIl' (I dl'llllllll
requisitos e caract rlllÍ 'nl dn llli(" v 'I1Çn I entc, a função do planejamento,
("onl lidos.
os parâmetros em 'lu S \ hil\t'ltl li ,1V;l1i[l üo. À medida que avancemos na 'I No ilpÍlulo seguinte, trataremos da contribuição de outro\ ti 1111,1c1u Illl}ttld
construção da didática da I i1ul.l t' <1,1('S('';I:I, rWmCl1le encontraremos me- ~lcm assim como a da história das práticas de leilUra ('\1'11111 1\tOlH'l'llllllll
lhores recursos para comuni ai 'SSt' SIII1('1(l()Sti mais. '1,nçIio do objeto de ensino e à explicitação dos COIII<.'I'ttlosqUI' l'lIdo l'111Jogo
Analisar rigorosamente difcr nl S sil ""ÇO s Ic apacitação e as transfor- qunnd se lê ou se escreve na sala de aula.
mações que elas produzem, estudar pr' 'sso ti reconstrução do conheci- ti Nu Provfncia de Buenos Aires, no período 1988 199', L' rll. '111111 nlgumas ex""
mento didático por parte do professor, avaliar as intcrvenções do capacitador, II 11'l,lS interessantes nesse sentido: criaram·s ollsclhos de escola c conselh \
detectar problemas que ainda não tínhamos pClcebitio ... em suma, fazer pes- cl<' dll se, introduziu-se a co-avaliação como modalidade para qualificar o de
quisa didática no terreno da capacitação permitirá também encontrar recur- l'lllpl'nh dos docentes, instituiu-se o consenso dos colegas de trabalh mo o
sos mais efetivos para transformar o ensino da leilUra e da escrita. 11'(\11'lO mais adequado para definir a nomeação de diretores interinos .. , I,nmen
I.IV('itlll'llI ,o período em que estiveram em vigência essas medidas foi dCIl1H'l1
lido l'IIIIO pnr[\ que se possa avaliar seus efeitos.
I) IL.vlli, IItn 111mcnto, 54 mil profcssores na Província de Buenos Air s; fi qui
NOTAS
IH' H'llInlll'ln formada por quatro pessoas; a equipe intemlediária, cuj ~ l11'lI1
hll)'" ('UlH '\.11.1111n desempenhar funções como capacita dores em 1989, era im -
1. Uma primeira versão deste capítulo foi apresentada como conferência - com o }t1.H!.1I')()l . () Pl'l'IW(I:, (Iinham sido selecionadas 120 pessons parn il1legrá-ltI,
título "Capacitação em serviço e mudança na proposta didática vigente" - no nHltl fOI ner '1t~ ,lo ~. njust;]r ao número de cargos que foi possível obter); il
EncontTo de especialistas proporcionado pelo CERLALC (dentro do projeto "Re- pnllll de 1990, Illl'OlI)()lill nm-se outros 40 coordenadores nas diferentcs regiõcs
novação de práticas pedagógicas na formação de leitores e escritores") e reali· dn plovfn 111,
z;]do em Bogotá, de 6 a 10 de outubro de 1993. Foi publicado em 1994, com o
m 'SI110título, em Lecturay vida, ano 15, nll 3.
2. modelo de escrita a que nos referimos foi tornado de J. lIayes e L. Flmver
(1986; 1994). Pode consultar-se também M. Scardamali" C . Bereiler (1992) e
M, ,hrll()lIcs (19 6). Entre os trabalhos cenlrados no nsino da scrita concebi-

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