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Gestalt II - Atividade 4

Discente: Victoria Maria Santiago Araujo

Ilha do medo, é um filme que deseja colocar os espectador no lugar do protagonista. Na


história, o marechal norte-americano Teddy Daniels (Leonardo Dicaprio) sai em busca de um
paciente fugitivo do Asilo de Insanos Ashcliffe, na Ilha Shutter. No entanto, numa reviravolta
radical, descobrimos que o próprio Teddy é um paciente do manicômio. Ele sofre de
transtorno delirante, criando um mundo falso para escapar da realidade traumática de seu
passado. Ilha do medo apresenta, inclusive, as considerações éticas do tratamento psicológico
e psiquiátrico aos considerados loucos.
Toda a loucura é uma forma de escape da realidade, no caso de Teddy, ele experiencia
momentos ilusórios e persecutórios ao longo de sua jornada no filme, acreditando que está à
beira de uma grande descoberta e ao mesmo tempo está sendo alvo de conspiração dos
médicos do manicômio Essas experiências são pós-traumáticas em resposta às suas
experiências na guerra e à morte da sua esposa e filhos. Teddy cria uma identidade totalmente
diferente, completa com um novo nome, profissão, um novo passado e um novo presente.
Para evitar que a verdade da sua situação destrua o seu recém-construído sentido de
identidade ao que vem se prendendo para não lidar com a angústia do trauma, Teddy acredita
que qualquer informação fornecida pelos seus médicos é apenas parte da conspiração para
mantê-lo na instituição. Este sentido alterado da realidade serve como um mecanismo de
defesa, um meio pelo qual ele se protege da dor das suas experiências passadas. Apesar de
várias dicas e associações expressas propositalmente ao longo da intervenção, os delírios de
Teddy persistem até a cena final, deixando-nos com uma sensação estranha de quão poderosa
e complexa a mente de um ser humano em sofrimento pode ser no seu processo de
autodefesa.
Além disso, o filme retrata o tratamento psicológico e psiquiátrico da década de 1950. À
medida que vivenciamos os flashbacks da guerra de Teddy, somos confrontados com outro
conflito – uma psicologia em meio a mudanças profundas. Por um lado, Ilha do medo retrata
o tradicional tratamento desumano de pacientes em um manicômio, evidenciado na militância
do diretor do manicômio e em sua concordância com o tratamento arcaico da lobotomia. Por
outro lado, Ilha do medo retrata avanços na psicanálise, como evidenciado pelo ponto de vista
mais progressista do Dr. Cawley, um defensor de uma alternativa mais compassiva e centrada
no cliente. É nesse sentido que se abre espaço para discutir inclusive a gestalt terapia,
inclusive para um protagonista com tantas gestalts em aberto e pouco ou nenhum awareness,
na sua distorcida experiência da realidade na vivência de sua loucura.

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