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Aula 73: Tratando o medo

“Tudo em volta induz à loucura, ao


infantilismo, à exasperação imaginativa.
Contra isso o estudo não basta. Tomem
consciência da infecção moral e lutem,
lutem, lutem pelo seu equilíbrio, pela sua
maturidade, pela sua lucidez. Tenham a
normalidade, a sanidade, a centralidade
da psique como um ideal. Prometam a
vocês mesmos ser personalidades fortes,
bem estruturadas, serenas no meio da
tempestade, prontas a vencer todos os
obstáculos com a ajuda de Deus e de
mais ninguém. Prometam SER e não
apenas pedir, obter, sentir, desfrutar.”
Olavo de Carvalho
A normalidade (uma perspectiva de ordem e
saúde) - é o centro do tratamento da
psicoterapia, entretanto é um tema
completamente abandonado na psicologia.

Freud diz que a normalidade é uma ficção ideal,


ou seja, para ele todos são doentes -uns em
maior e outros em menor grau.

Um terapeuta que não trabalha com o conceito


de normalidade caminha de maneira
desordenada. Terapias levadas desse modo são
intermináveis e têm pouca clareza.

O profissional precisa da normalidade para


saber para onde está conduzindo o seu
paciente.

Uma vez que só se pode levar os pacientes a


lugares que já se foi anteriormente, a
normalidade é fundamental para a vida do
terapeuta.
Psicologia da Normalidade:
A Psicologia da Normalidade começa a partir
de um itinerário de autoconhecimento e
sinceridade do terapeuta consigo mesmo -
que repercute diretamente na atuação
clínica.

A normalidade traz uma clareza e uma


resolubilidade muito maior para o terapeuta
em sua atuação.

Uma vez que já tenha transformado a própria


personalidade, sendo co-autor e personagem
nessa história de mudança, acaba tornando
possível propor a outra pessoa essa mesma
situação.

O terapeuta é um espelho para o paciente.

Normalidade, sanidade e centralidade da


psique como ideal significa ter uma
personalidade forte, bem estruturada e
serena em meio a tempestade.
Medo:
Além das definições básicas a respeito do
medo, aqui ele será tratado como um
sofrimento relacionado à vida afetiva - o
modo com que se interpreta a realidade.

O medo quando bem compreendido pode


ser uma coisa boa, ou seja, uma resposta
satisfatória a perigos que são iminentes.

Existem duas realidades problemáticas em


relação ao medo: aqueles que afirmam
que nunca o tem, e aqueles que sempre o
carregam consigo.
Os medos mais frequentes:
Morrer;
Ficar sozinho a vida inteira;
Ficar pobre;
Ser um fracassado;
Eleições.

No caso dos terapeutas:


Não saber atender;
Errar no atendimento;
Prejudicar o paciente.

Além de uma vida travada, o medo leva a


uma agitação interior.
O sujeito vencido pelo medo tem
dificuldade em conservar dois hábitos
fundamentais para um diálogo interior:
ficar em silêncio e ficar sozinho.

Desse modo, ele vai em busca daquilo


que não tem valor, mas que promete uma
falsa proteção, resultando em uma série
de sentimentos, como de derrota,
sensação de ter perdido tempo e
oportunidades… E essas são sensações
percursoras para o desenvolvimento de
uma depressão.

Apesar do medo defender de ameaças,


quando é motivado por situações que não
são realmente ameaçadoras, ele se
transforma em covardia, e depois em
paralisação.
Quando se está diante de uma ameaça, é
necessário questionar: isso é real, ou fruto da
imaginação?

Se de fato está acontecendo algo, a postura


deve ser de ação. Dependendo da situação,
é necessário fugir ou então resolvê-la.
Existem medos que também são frutos de
traumas.

O fenômeno do medo é enriquecido pela


imaginação.

Aristóteles dizia que o medo nasce da


imaginação de um mal, que destrói e
entristece. Ou seja, o ser humano tem
medo de ficar triste e ser destruído.

Entretanto, há medos fantasiosos - que


envolvem elementos impossíveis. E é
necessário investigar a carga de
imaginação e fantasia que participam dos
medos dos pacientes.
O medo é uma fonte de muito sofrimento.
Padre Miguel Fuentes vai dizer que ele leva a
uma pusilanimidade - um encolhimento da
própria alma.

Um dos passos necessários na terapia é pedir


que o paciente narre os acontecimentos de
sua vida que tem relação com o seu medo -
dando atenção aos elementos fantasiosos ali
presentes.

As faces do medo mais percebidas na clínica


são três:
Medo propriamente dito: é aquele que
tem relação com algo concreto ou
imaginário, e que é possível identificar;
Ansiedade: algo difuso, sem identificação;
Fobia: em geral, é o temor exagerado;
Santo Tomás de Aquino dizia que os
principais objetos de medo são:
A morte;
As coisas repentinas;
Aquilo que não tem remédio;
O próprio medo.

Um remédio para os medos em geral é se


preparar, e moldar as fantasias e os
movimentos imaginários.

Após narrar o objeto de medo, é necessário


trabalhá-lo de maneira clara, vendo qual
seria o pior cenário se a situação em
questão acontecesse, então, a partir da
virtude da fortaleza, preparar-se para
melhor enfrentar essas ameaças caso
aconteçam.

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