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A origem antropológica da família, monogamia e a divisão sexual do

trabalho pela perspectiva de Morgan e Engels: pressupostos da


desigualdade de classes reproduzida pelo patriarcado

O presente estudo tem por objetivo apontar e divulgar, através do método


dedutivo, com revisões da literatura, os meandros relacionados à origem
antropológica da família, assim como o provável surgimento da monogamia, da
divisão sexual do trabalho e mesmo da escravidão do homem pelo homem, como
meio de repressão e controle social. Com efeito, o trabalho se baseia
principalmente na obra “A origem da família, da propriedade privada e do
Estado”, partindo da discussão que o autor Friedrich Engels, em conjunto com
estudos de Karl Marx, estabelece com as obras de Lewis Morgan. Nesse sentido,
neste trabalho será abordada a evolução histórica da família, com ênfase
antropológica nos estudos de Morgan, avançando nos estágios da sociedade
humana em suas três fases: selvageria, barbárie e civilização, assim como na
subdivisão das famílias em quatro etapas concebida por Engels, sendo as
consanguíneas, punaluana, pré-monogâmica e monogâmica, cada uma com
suas particularidades. Ademais, segundo Engels, com uma análise materialista
da história, verificava-se que somente ao homem era concedido o poder de
romper o matrimônio ou até mesmo repudiar sua companheira, de modo que a
expressão família teria sido inventada por romanos visando designar um novo
organismo social, cujo chefe mantinha seu poder sob a mulher e filhos, até
mesmo escravos, o qual advém do termo latim famulus, que significa “escravo
doméstico”. Não obstante, para Engels, o nascimento da família, em especial da
monogâmica, concebida ontologicamente como criação humana, representava
não somente o desenvolvimento das relações sociais, mas também um vínculo
à gênese da exploração do homem pelo homem, assim como à propriedade
privada e à formação das classes sociais através do patriarcado e,
posteriormente, a figura do Estado, o qual possui a função de repressão e
controle social, através de todo o seu aparato de violência, responsabilizando-
se como instrumento assegurador e legitimador para a manutenção da classe
dominante. Nesse sentido, a família monogâmica idealizava a mulher como mera
consumidora da propriedade, baseando-se no predomínio do homem e na
preservação da propriedade privada e sua retenção na família através da
monogamia e da herança, inaugurando o primeiro antagonismo de classes, com
a escravização de um sexo pelo outro. Dessa forma, o estudo buscou aclarar e
observar a maneira como Friedrich Engels analisava a evolução da família
monogâmica como criação humana, resultando no surgimento da propriedade
privada, da sociedade de classes e da necessidade da hegemonia do Estado
nesse contexto, visando assegurar a transmissão da propriedade privada,
iniciando um processo de desigualdade social reproduzida pelo patriarcado,
concluindo-se que, em uma sociedade verdadeiramente emancipada
humanamente, tais relações deveriam extinguir-se.

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