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RESUMO

Por Maria Luiza Anselmo

O capítulo O Tempo Dos Pioneiros da obra escrita pelo antropólogo François Laplatine,
Aprender Antropologia, relata, assim como pressuposto, enxertos da trajetória dos ditos
“pesquisadores-eruditos do século XIX”. Rememorando a constituição da antropologia
moderna enquanto elucida a mudança radical equiparada à época iluminista, o texto discorre
as noções da antropologia evolucionista, que enxergando o dito selvagem agora como
ancestral, buscou compreender as transformações econômicas, sociais e culturais das
populações que se desenvolvem de maneira desigual e passam por etapas semelhantes para
atingir o estágio final da civilização. A sequência dessas transformações foi cientificamente
determinada principalmente na obra Ancient Society, de Morgan, que se tornou referência
adotada pela maioria dos antropólogos no momento, bem como na lei de Haeckel, a afirmar
que o indivíduo atravessa as mesmas fases que a história das espécies contrastando com a ideia
de “vestígios da infância da humanidade” sobre povos primitivos de Hegel.
Os estudos sobre parentesco, religião e aborígenes australianos, são as grandes áreas de
pesquisa dessa nova corrente. Enquanto no estudo dos sistemas de parentesco, os pesquisadores
procuravam evidenciar a anterioridade histórica dos sistemas de filiação matrilinear sobre os
sistemas patrilineares, imaginando um matriarcado primitivo, na área dos mitos, da magia e da
religião, os antropólogos evolucionistas eram antirreligiosos e consideravam as religiões
primitivas como grotescas e ininteligíveis. Considerado tanto simples quanto suspeito, o
pensamento evolucionista e suas objeções foram criticados por seu etnocentrismo e pela
tentativa de universalizar as práticas do Ocidente como as únicas legítimas, bem como por sua
falta de rigor científico e fundamentação documental. Essa abordagem é vista como uma
justificativa teórica para o colonialismo e a exploração de sociedades não ocidentais.
Com o surgimento de sociedades científicas de etnologia, as primeiras cadeiras universitárias
e os museus (como o Museu do Homem), a antropologia evolucionista passou a ter como
objetivo explicar a universalidade e a diversidade das técnicas, das instituições, dos
comportamentos e das crenças humanas além de comparar as práticas sociais de diferentes
povos. Tyler e Frazer trabalhavam intensamente para entender a unidade da espécie humana e
a diversidade cultural, buscando demonstrar que as disparidades culturais não eram resultado
de predisposições congênitas, mas sim de situações técnicas e econômicas. A obra desses
estudiosos teve o mérito de estabelecer a hipótese mestra da antropologia, sem a qual não
haveria essa ciência, mas apenas etnologias regionais: a unidade da espécie humana. Eles
mostraram que as disparidades culturais entre os grupos humanos não eram resultado de
predisposições congênitas, mas sim de situações técnicas e econômicas. Assim, uma das
principais características do evolucionismo foi o seu antirracismo.
Laplatine conclui o capítulo com Morgan, que inovou ao estudar os processos de evolução que
ligam as relações sociais, jurídicas e políticas; reintegrando as sociedades “arcaicas” na
humanidade e colocando ênfase no desenvolvimento material, a romper com a visão idealista
da história.

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