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SUMÁRIO

MINI-CURSO – 2 h 1.1. Introdução

1.2. Definições

INTRODUÇÃO A 1.3. Critérios a serem atendidos

1.4. Constituintes básicos & classificação


MATERIAIS COMPÓSITOS
1.5. Importância, indicadores e mercado
Prof. Sandro C. Amico, Ph.D. 1.6. Benefícios & limitações de uso
amico@ufrgs.br 1.7. Barreiras à aceitação

1.1. INTRODUÇÃO

O Boeing de Plástico - Boeing 787 Dreamliner (2010).


# O custo por milha é 10% inferior que aviões do mesmo porte.
# Pesa 130 ton, contra 180 ton dos A330. Consumo de combustível é 20% menor que das aeronaves de
alumínio, sem prejuízo para a resistência...
# Período para revisão completa é 12 anos, enquanto o Boeing 767 é de 6 anos.
# 60% mais silencioso que qualquer jato.
# “Para os mais assustados, um aviso: o
material usado na construção do avião não tem
nada a ver com os plásticos de que são feitos os
baldes usados pelas donas de casa ou os pára-
choques de automóveis. São compostos de alto
desempenho, feitos com fibras...”
35 ton CFRP 4
3 https://www.youtube.com/watch?v=SJZk9vNS8NE
1.2. DEFINIÇÕES 1.3. CRITÉRIOS A SEREM ATENDIDOS
 Não há definição aceita universalmente.  Consiste de 2+ materiais, intrinsecamente insolúveis (mantém sua identidade no

 ASTM D38780-20 – Standard material final), com formas e/ou constituições e/ou propriedades diferentes.
Terminology for Composite Materials:  As propriedades do compósito precisam ser notadamente distintas daquelas dos

“A substance consisting of two or more constituintes (exclui-se assim a aditivação polimérica convencional).
materials, insoluble in one another, which  Os constituintes têm que estar presentes em teores razoáveis (e.g. 5%).
are combined to form a useful engineering  Os diferentes materiais (fases) estão separados por uma interface de escala
material possessing certain properties not
microscópica.
possessed by the constituents.
 Um compósito sintético é deliberadamente produzido por mistura e combinação
A composite material is inherently
inhomogeneous on a microscopic scale
(macroscópica) dos constituintes por vários meios.
but can often be assumed to be  Compósitos são fabricados para que se consiga um aumento (princípio da ação
homogeneous on a macroscopic scale for combinada) de uma ou mais propriedades: Resistência mecânica (TS) e rigidez
certain engineering applications. (E), resistência à corrosão e ao desgaste, redução de peso, isolamento acústico,
The constituents of a composite retain comportamento à fadiga, estética, custo, isolamento/condutividade elétrica, etc.
their identities: they do not dissolve or  Compósitos poliméricos competem atualmente com materiais tradicionais em
otherwise merge completely into each muitos setores...
other, although they act in concert.”.
5 6

1.4. CONSTITUINTES BÁSICOS & CLASSIFICAÇÃO


Materiais Compósitos × Materiais Conjugados × Materiais Compostos  MATRIZ:

# Pode ser metálica, cerâmica ou polimérica (termoplásticos, termorrígidos ou


 A terminologia “Material Compósito” foi “adotada” no Brasil em 2004 elastômeros).
(ABMACO/ALMACO). As denominações fiberglass, composto (TP+aditivos), # Fase contínua, geralmente presente em maior quantidade.
composite, polímero reforçado, poliéster reforçado etc, tendem a se tornar obsoletas. # Responsável por manter os reforços afastados e proteger sua superfície de danos.
 O termo "Materiais compostos" dá a impressão de que eles são simplesmente # Responsável por transferir as tensões aplicadas no compósito para o reforço por
constituídos de dois materiais misturados e não caracteriza o porquê de sua cisalhamento na interface Reforço/Matriz, que precisa estar alinhada na direção
combinação e nem a nova estrutura do material (sistema) formado, com propriedades de carregamento. Ou seja, o reforço precisa estar alinhado nesta direção para que
particulares. este mecanismo seja eficiente.
 Ou seja, compósitos não são polímeros aditivados, blendas, copolímeros ou Obs. Para particulados (e fibras muito curtas) em aplicações de baixa e média
ligas ou compostos! performance, o reforço aumenta a rigidez, mas aumenta a resistência somente
localmente. A matriz é a grande responsável por suportar o carregamento.

 A INTERFACE F/M tem forte influência nas propriedades mecânicas do


compósito, em especial resistência, tenacidade e tolerância ao dano.
7 8
 FENÓLICAS (Resóis ou Novolacas) (Smith, 1899*):
Total World 2019 (= 2018): # Sistema relativamente antigo e estabelecido.
•Thermoset (61%) and # H. Lebach moldou tanque resistente a ácido (fenólica/amianto) (1907).
thermoplastic resins (39%).
# Baixo custo (R$ 30/kg) e bom balanço de propriedades.
# Boa resistência ao fogo, baixa emissão de fumaça e baixa toxicidade (leis mais
rígidas promoveram o seu retorno ao cenário mundial para interiores).

 POLIÉSTERES (Ellis, 1936):


# Poliéster insaturada, ou simplesmente poliéster. poliéster insaturada
# Moldagem de assento para avião com algodão (King plastics,1941).
# Dominam o mercado. São relativamente baratas (R$ 28/kg) e versáteis.
# Baixas viscosidades (facilitam a fabricação do compósito).
# Sua habilidade de curar à Tamb (cura a frio) a torna muito adequada para a
fabricação de estruturas muito grandes e complexas.
JEC # Tuso limitada, elevado encolhimento durante a cura (4 - 8%) e baixa tenacidade.
9 *Handbook of Composites - George Lubin - Springer, 1982. 10

 REFORÇO:
 EPOXIS (Castan, 1938): # Pode ser metálico, cerâmico ou polimérico. Sintético ou natural.
# Araldyte (1946) - Ciba # Morfologia: Particulado (platelet, esferóide, esférico, irregular...) ou fibroso.
# Mais viscosas (dificultam a # Pelo menos uma das dimensões é reduzida (1–500 m).
impregnação) e caras que poliéster (R$
# O arranjo pode ser: Randômico ou Preferencial (originando anisotropia).
90/kg). Há ampla variedade de
formulações. Podem ser curados em 2 ou
mais estágios (→ pre-pregs).
# Geralmente mais rígidas, mais
resistentes, mais quebradiças, melhor
performance em ↑T e menor encolhimento
(≈ 1-5%) que poliéster.
# Resina padrão para aplicações
estruturais avançadas.
 OUTRAS RESINAS: Ester-vinílica
(R$ 32/kg), poliimida (1962),
bismaleimida, silicones, furanos, etc.
11 ×
Compósitos

Reforçado por partículas Reforçado com fibras Estutural Nano

Partículas Reforçado Contínuas Descontínuas Laminados Paineis Composite performance vs. Orientation
grandes por dispersão (alinhadas) (curtas) Sanduíche

Alinhadas Orientadas
aleatoriamente Callister – Cap 16 (2016)

13 14

 Fibras Longas – Vantagem: 90,0


PP30%FV
# Tensão é transferida às fibras – o 80,0
PP20%FV
componente estrutural. Fonte: 70,0 PP0%FV

# Fibras longas criam uma Ticona 60,0

Tensão (MPa)
“estrutura esqueleto” no artigo 50,0
moldado que resiste à distorção e 40,0
Composite performance vs. Fiber length
fornece um diferencial importante 30,0
1.0
em termos de resistência, 20,0
tenacidade e performance global. 0.8 10,0
Relative Property Level

0,0
0.6
 Fibras Contínuas – Modulus 0 5 10 15 20 25 30 35 40
Strength Deformação Específica (%)
Vantagem: Impact
0.4
# Neste caso, a carga é Processibility
TS E Res. Impacto
“inteiramente” transferida às 0.2 (MPa) (MPa) (kJ/m2)
fibras. E.g. a fluência em tração na PP 40,3 2500 5,6
Cargas Fibras curtas Fibras longas Contí-
direção da fibra é limitada. 0.0 nuas GFRPP (20%) 71,9 6905 7,7
0.1
Source: OCF
1
Length (mm)
10 100
15
GFRPP (30%) 81,9 10183 9,5 16
1.5. IMPORTÂNCIA, INDICADORES E MERCADO

Total World 2019 (= 2018): Are composites important?


• Glass (88%), natural (11%)
and carbon fibers (1%).

Considered as one of the ten outstanding achievements of 1964-1989!


JEC 17 18

Dique seco no
meio da floresta!

Fiberglass submersible built and


used by colombian drug smuglers:
Because much of its structure is made of
fiberglass and it travels mainly below the
water surface, it is virtually impossible to
detect via sonar or radar.
Narco submarines also have an upper
lead shielding to minimize their heat
signature to throw off infrared sensors.
In most cases, this means visually
spotting them from the air, although they
are also painted blue or green and
19
produce only little wake.
20
Moss Hemp Eco‐ DaimlerChrysler (2005): Proteção inferior do
Friendly iPhone piso do compartimento do estepe.
Case

Capacete (fibra de bamboo/resina)

HEMPEARTH WAVE (Paddleboard) - 100% HEMP Fiber,


Fiberglass Free, 100% Eco Resin, Recycled foam

Kestrel

22

Modelo The Handle


U$ 2.800,00

Filament
winding Peso Final 300 g
23
Suporta até 120 kg
Ferrari carbon
fiber challenge
office chair

U$2.500,00

Total World 2019:


Value: 86 Bi US$
Volume: 17.7 Mton
(China-28%, North America-26%,
Europe-21%, Other Asia-19%)

27
28
 MERCADO 2014 – ALMACO:
# O setor brasileiro representado pela ALMACO faturou
R$ 3,2 BI (-0,1% frente a 2013). Volume de matérias-
primas: -2%, sendo 206 kton. Empregos diretos: 74 mil.
2019
7RWDO: RUOG    MERCADO 2015 – ALMACO:
7UDQVSRUWDWLRQ FRQVWUXFWLRQ # Faturamento: R$ 2,665 BI (-18%). Volume: -21% (162
 HOHFWURQLFVDQGHOHFWULFDO
Kton). Empregos diretos: 64 mil (-12,7%).
 SLSHOLQHVDQGWDQNV
 ž  MERCADO 2016 – ALMACO:
# A variação foi de -14%. Volume: -16%, com 136 Kton.
 MERCADO 2017 – ALMACO:
# Faturamento: R$ 2,598 BI (+1,9% frente a 2016).
Volume: 196 Kton (+23%). Empregos: 59 mil (-0,9%).
 MERCADO 2018 – ALMACO:
# Faturamento: R$ 2,697 BI (+3,8%). Consumo: 202 Kton
(+3,1%). Empregos diretos: 63 mil (+5%).
 MERCADO 2019 – ALMACO:
# Faturamento: R$ 2,8 BI (+5,6%). Consumo: 218 Kton
(+8,3%). Empregos diretos: 63 mil (+5%). Construção
civil (32% do consumo), transportes (27%),
corrosão/saneamento (22%), energia elétrica (4%), eólico
(4%), náutico (2%) e outros (9%).
30
29

Histórico ‐ Trabalhos no CBECIMAT


800
700 Cerâmicos Metálicos
600 Poliméricos Compósitos
500
400
300
200
100
0
2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018

Histórico de Trabalhos no CBECIMAT (% Área)


40%
35%
30%
25%
20%
15%
10% Cerâmicos Metálicos
5%
Poliméricos Compósitos
0%
2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018 31
33 34

UFERSA
1 2 UFRN
3
UFMA
UFPA(3) 1 UFCG

UFRPE
01 Grupos: 1
2 UFPE
IFBA Materiais
2 3 UESC 1 IFS
UFMT(2)
UFRB
Compostos
UFSJ(2)
50 Grupos: 7 UFMG
UEMG
Compósitos IFMG
UTFPR (3) UNIFEI UFRN
UEM 5 6 PUC Minas
UEL 11 UFRJ(3)
1 1
1 UNESP(4) CEFET/RJ UFMA
UFRGS 1
UFPEL(3) 5 UFSC UFSCAR(3) UERJ
UFCG
UCS UNICAMP(2) IFRJ
UNITAU
http://www.bccm.com.br/ USJT

07 Grupos:
18-22/Janeiro/2021 Nanocompósitos
2 1 UFRJ

Dados: Maio/2020 UNESP


UFRGS 1 UFSCAR
35
(grupos certificados) 36
1.6. BENEFÍCIOS E LIMITAÇÕES DO USO DE
COMPÓSITOS
 Compósitos estão estabelecidos como materiais de engenharia e são encontrados  Algumas Vantagens (FRP):
com facilidade no mundo, particularmente para aplicações estruturais.
 O sucesso dos compósitos se estabeleceu na substituição de peças metálicas, Para configuração ótima de material! – Planeja-se
 Anisotropia.
com propriedades melhores que seus antecessores. (projeto e fabricação) para que a tensão máxima em
 Heterogeneidade.
serviço ocorra na direção de maior resistência.
 Desvantagens:
 O material compósito e a peça são formados simultaneamente.
 Ausência de ductilidade: Não perdoam concentrações não projetadas de tensão e
picos de carregamento (diferindo dos metais).  Resistência à corrosão: GFRP já é utilizado com sucesso em meios ácidos,
alcalinos, salubres, oxidantes e orgânicos.
Propriedades térmicas: Componentes com coeficiente de expansão térmica baixos
 Inspectabilidade: Compósitos requerem inspeção na estrutura inteira e não podem ser fabricados  Controle de tolerância dimensional. FC podem ter CTE
somente em juntas e pontos de soldagem como os metais. longitudinal negativos e ser utilizadas para produzir compósitos com expansão
térmica global quase nula!

37 38

Valores típicos de diversos materiais (Mathews&Rawlings,1996;Callister,2000)

Módulo Módulo Resistência


Densidade Resistência
Material de Young específico específica
(g/cm3) (MPa)
(GPa) (GPa/(g/cm ) (MPa/(g/cm3)
3

 Vantagens: cont.  Vantagens: cont. Metais


Aço 7,86 210 460 27 59
 Flexibilidade de manufatura:  Propriedades mecânicas como Alumínio 2,70 69 77 26 29
resistência e módulo específico Cerâmicos*
- Permite que estruturas
altos... Alumina 3,87 382 332 99 86
complexas e grandes sejam
Zircônia 5,92 170 900 29 152
fabricadas em uma única peça,  Propriedades são previsíveis
Polímeros (matrizes)
em equipamentos relativamente a partir das propriedades e Epoxy 1.1 – 1.4 2.1 – 6.0 35 - 90  3.2  50
simples, minimizando custos e a arranjo dos constituintes...
necessidade de juntas, corte ou Polyester 1.1 – 1.5 1.3 – 4.5 45 – 85  2.2  50
usinagem. Fibras Sintéticas
Vidro 2,54 70 2200 27,6 866
Carbono 1,86 380 2700 204,3 1452
Aramida
1,45 130 2900 89,7 2000
(Kevlar)
Peso de Compósitos de Epóxi (Vf = 0,60)
componentes pode Ep. + FV 2,1 45 1020 21 486
ser potencialmente Ep. + FC 1,6 145 1240 91 775
reduzido. Ep. + FK 1,4 76 1380 39 986
39 * Ensaio de flexão 40
1.7. BARREIRAS À ACEITAÇÃO 115 normas
específicas de
compósitos!
 Custos de Material.
Universal
 Custos de Processamento: Processos controlados para assegurar qualidade e testing
machine
legislação (health/safety). Tecnologia “Bucket/brush” não é mais aceitável.

 Não-familiaridade com o Material: Relutância na utilização de materiais


novos, pouco-testados.
# Experiências de falhas de plásticos em aplicações “low-tech” causam uma
imagem ruim, influenciando o uso em áreas “high-tech”.

 Falta de Expertise (projeto/processamento).

 Inabilidade de Reconhecer as Possibilidades de Mercado: Competitividade


precisa ser identificada.

 Caracterização mecânica mais complexa... ASTM D6641 ASTM D7078


https://www.youtube.com/watch?v=XVpSXD https://www.youtube.com/watch?v=qWkmITECsGk&l
sGnIM&list=PLaZiydHcW6b- ist=PLaZiydHcW6b-
41 DcP9EnsVq_Pcr6wB9icHz&index=17&t=0s DcP9EnsVq_Pcr6wB9icHz&index=19&t=0s 42

INFORMAÇÕES & CONTATO:


BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA:
• http://www.ufrgs.br/lapol/
Handbook of
Composites – An
Introduction. Mestrado, Doutorado,
Vol. 1. com Dr Sanduíche na Alemanha – CAPES/PROBRAL
2020. Pos‐doc na Suécia 2020‐2021 ‐ CAPES/STINT

Material do curso:
http://www.ufrgs.br/lapol/minicurso.pdf
• Prof. Sandro C. Amico, Ph.D. ‐ amico@ufrgs.br
DEMAT ‐ UFRGS. Porto Alegre/RS
2006

2011
Tel. (51) 3308‐9419
2011

1999

43
Obrigado !

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