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Estácio de Sá, 2023.

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Design Editorial, professora Paula Esteves Pericão

Livro composto por:

Amanda Teixeira Prest


Caio Avillis dos Santos Silva
Fernanda Ferreira da Silva
Matheus de Melo Alves
Pâmela Firmo de Mello
Raquel Pereira Machado
SUMÁRIO

EU SOU MESMO EXAGERADO

1. Prólogo, 7

2. Introdução, 9

3. 1958 Ipanema, 11

4. Indo contra corrente, 13

5. Born to rock, 15

6. Influência de Clarice Lispector, 17

7. Mulheres de Cazuza, 19

8. Blues no jogo das vozes, 21

9. AIDS como espetáculo, 23

10. O Tempo não pára, 25

11. Epílogo, 27

12. Bibliografia
PRÓLOGO
“Nada nesse mundo é nunca mais...”

E
ra uma noite de verão no Rio de Janeiro, em meio aos anos
80, quando uma estrela começou a brilhar com intensida-
de nas profundezas da cena musical brasileira. Era ali, nos
bairros boêmios da cidade maravilhosa, que um jovem talentoso
começava a deixar sua marca indelével no cenário artístico do país.
Seu nome era Cazuza, e sua vida, uma jornada de paixão, rebeldia
e autenticidade, seria uma fonte inesgotável de inspiração para
gerações futuras. Nascido Agenor de Miranda Araújo Neto, Cazu-
za cresceu imerso no caldeirão cultural da cidade que o viu nascer.
Desde cedo, sua sensibilidade artística e seu dom para as palavras
se destacaram, revelando um poeta nato em meio à efervescên-
cia da juventude. Influenciado por ícones do rock internacional e
pelas riquezas da música popular brasileira, Cazuza encontrou sua
voz singular, capaz de traduzir as complexidades do amor, da dor e
da vida em suas letras profundas e melodias arrebatadoras.

No entanto, sua jornada não seria marcada apenas pela música.


Cazuza enfrentou desafios pessoais, incluindo sua luta corajo-
sa contra o vírus da AIDS, que o afligiu em uma época em que
a doença ainda era estigmatizada e pouco compreendida. Sua
coragem ao expor sua condição ao público, através de sua arte e de
sua própria vida, transformou-o em um símbolo de resistência e
empatia, desafiando preconceitos e inspirando milhões de pessoas
ao redor do mundo. Neste prólogo, somos convidados a adentrar
nos bastidores da vida tumultuada e fascinante de Cazuza. Uma
história de amor, perda, paixão e autodescoberta, onde a música se
torna não apenas uma expressão artística, mas também uma forma

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Eu sou mesmo exagerado

de enfrentar os desafios mais difíceis da existência humana. Pre-


pare-se para mergulhar nas páginas deste livro, onde a trajetória
extraordinária de Cazuza se desdobrará diante de seus olhos, re-
velando os altos e baixos de um ícone eterno da música brasileira.

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INTRODUÇÃO

“Escrevo para não falar sozinho!”

N
o universo dinâmico da música brasileira, poucas figuras
são tão icônicas e impactantes quanto Cazuza. Sua vida foi
uma sinfonia de paixão, rebeldia e autenticidade, tecida
em versos profundos e notas vibrantes que ecoam através das dé-
cadas. Esta é uma história de um jovem poeta, que encontrou nas
palavras e nas melodias uma forma de expressar as emoções mais
intensas e os dilemas mais profundos da condição humana. Nas
páginas deste livro, mergulharemos na vida de Agenor de Miran-
da Araújo Neto, conhecido como Cazuza, explorando os altos e
baixos de sua jornada extraordinária. Dos palcos iluminados aos
bastidores sombrios, acompanharemos sua trajetória desde os
primeiros acordes até o legado duradouro que deixou para trás.
Em meio aos desafios pessoais e à busca incansável pela verdade,
Cazuza não apenas nos presenteou com músicas inesquecíveis,
mas também nos ensinou sobre coragem, autenticidade.

Prepare-se para uma viagem emocionante pelos altos e baixos de


uma das mentes mais brilhantes da música brasileira. Esta é a his-
tória de Cazuza, um artista que transcendeu fronteiras e continua a
tocar os corações daqueles que se aventuram a ouvir suas canções
profundas e sinceras.

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1958 IPANEMA

“Viver é bom, nas curvas da estrada.”

N
o coração pulsante do Rio de Janeiro, sob o calor escal-
dante do sol tropical,Cazuza teve sua infância moldada
pelas ruas coloridas e pelas batidas frenéticas da cidade.
Ele era um menino inquieto, curioso e intensamente apaixonado
pela vida, mesmo quando ainda não compreendia completamente
o significado de sua própria existência. Cazuza cresceu em uma
casa repleta de música. dedicada. Desde cedo, ele foi envolto por
um mundo de notas, acordes e letras, o que despertou sua imagi-
nação.

Enquanto outros meninos brincavam com carrinhos e bonecos,


Cazuza se encantava com os discos empoeirados em vinil que
encontrava pela casa, perdendo-se nas histórias contadas por mú-
sicas que ecoavam pelas paredes. Aos olhos de Cazuza, o mundo
era um palco esperando para ser explorado, e ele estava disposto a
desvendar todos os seus segredos.Nas ruas agitadas de seu bairro,
ele observava os rostos variados da sociedade carioca, absorvendo
as histórias e os personagens que cruzavam seu caminho. Cada
pessoa, cada experiência, tornava-se um fragmento da narrati-
va complexa que começava a se formar em sua mente curiosa. A
escola, no entanto, nem sempre foi um lugar fácil para Cazuza. Sua
rebeldia natural e seu espírito questionador muitas vezes o colo-
cavam em conflito com os professores e colegas. livros didáticos
não poderiam ensinar. Foi durante esses anos turbulentos que ele
começou a canalizar sua energia criativa para a escrita, encontran-
do nas palavras uma forma de expressar suas emoções e ideias
intrépidas.

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Eu sou mesmo exagerado

Apesar dos desafios, a infância de Cazuza foi marcada por momen-


tos de pura magia e descoberta. As tardes intermináveis brincando
nas praias douradas do Rio, as risadas compartilhadas com amigos
leais e as histórias ouvidas à luz das estrelas contribuíram para
moldar a personalidade vibrante e apaixonada que ele se tornaria.
Neste capítulo, exploramos as raízes de rebeldia de Cazuza, sua
conexão com a música desde tenra idade e os primeiros sinais de
sua natureza artística indomável. É nesse cenário efervescente que
o jovem garoto começa a trilhar o caminho que o levará a se tornar
uma das figuras mais marcantes da música brasileira. Esses anos de
formação, repletos de desafios e descobertas, são os alicerces sobre
os quais sua trajetória excepcional será construída.

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INDO CONTRA CORRENTE
“Não bata de frente comigo. De tanto cair eu aprendi a derrubar.”

A
rebeldia era uma força incontrolável que pulsava nas veias
de Cazuza. Desde a infância, ele questionava as normas,
desafiava as expectativas e recusava-se a ser moldado
pelo que a sociedade esperava dele. Sua personalidade vibrante
e indomável era como uma chama que queimava intensamente,
iluminando não apenas o seu próprio caminho, mas também o de
todos ao seu redor. Para Cazuza, a rebeldia não era apenas um ato
de desafio, mas sim uma forma de arte.

Era uma maneira de expressar suas ideias, suas paixões e suas


frustrações em um mundo que muitas vezes parecia desprovido de
sensibilidade. Suas letras ousadas e suas melodias inovadoras eram
um reflexo direto dessa rebeldia intrínseca, capturando a essência
crua da experiência humana de uma maneira que ressoava pro-
fundamente com seu público. Sua música tornou-se um grito de
liberdade, uma declaração ousada de independência que encoraja-
va outros a questionar, a desafiar, a viver plenamente.

Cazuza não tinha medo de abordar temas tabu, de explorar as


sombras da vida e expor suas próprias vulnerabilidades. Ele acredi-
tava que a verdadeira arte deveria ser provocativa, desencadeando
emoções e provocando reflexões profundas. Cada acorde, cada
palavra, era uma rebelião contra o status quo, uma celebração da
individualidade em um mundo muitas vezes uniformizado. Além
da música, Cazuza também expressava sua rebeldia por meio de
suas ideias. Ele era um pensador profundo, sempre à procura de
significados mais profundos nas complexidades da existência hu-

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Eu sou mesmo exagerado

mana. Suas opiniões ousadas sobre política, sexualidade e socieda-


de desafiavam as convenções, fazendo com que as pessoas recon-
siderassem suas próprias crenças. Ele se recusava a ser silenciado,
a ser reduzido ao silêncio em face da injustiça ou da intolerância.
Sua voz ecoava como um trovão, provocando tempestades de pen-
samento e incitando debates apaixonados.

Para Cazuza, a rebeldia não era apenas um ato de desafio, mas sim
uma forma de arte. Era uma maneira de expressar suas ideias, suas
paixões e suas frustrações em um mundo que muitas vezes parecia
desprovido de sensibilidade. Suas letras ousadas e suas melodias
inovadoras eram um reflexo direto dessa rebeldia intrínseca, cap-
turando a essência crua da experiência humana de uma maneira
que ressoava profundamente com seu público.

Neste capítulo, exploramos não apenas a rebeldia de Cazuza,


mas também suas ideias intrépidas que sacudiram os alicerces da
música brasileira e da cultura contemporânea. Sua personalidade
ardente e suas convicções profundas deixaram uma marca indelé-
vel no cenário artístico e continuam a inspirar aqueles que buscam
a verdade e a autenticidade em um mundo muitas vezes superfi-
cial. Cazuza não era apenas um músico rebelde; ele era um visio-
nário, um provocador de pensamentos e um ícone de coragem que
desafiou o mundo com sua música e suas ideias.

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BORN TO ROCK

“Para poesia que a gente não vive tranformar o tédio em melodia.”

C
azuza sempre soube que sua alma estava entrelaçada com o
pulsante coração do rock’n’roll. Desde os primeiros acordes
que ouviu ainda criança, ele sentiu uma conexão visceral
com o poder e a paixão inerentes a esse gênero musical. Para ele, o
rock não era apenas um estilo de música; era uma filosofia de vida,
uma forma de expressão que transcendia barreiras e desafiava con-
venções. A adolescência de Cazuza foi marcada pela descoberta de
bandas lendárias e músicos visionários que moldaram o cenário
do rock. Ele se perdeu nas distorções de guitarras elétricas, nas
batidas frenéticas da bateria e nas letras provocativas que ecoavam
em sua mente inquieta. Cada acorde, cada solo de guitarra, era
um chamado irresistível que o impelia a explorar os confins mais
profundos de sua própria criatividade. Quando finalmente encon-
trou sua voz como artista, Cazuza não hesitou em incorporar as
influências do rock em suas próprias composições.

Suas músicas eram um híbrido poderoso de poesia lírica e energia


roqueira, uma fusão que cativava audiências e ressoava com almas
rebeldes em todos os lugares. Ele entendia a linguagem do rock,
suas nuances e suas explosões, e utilizava esse conhecimento para
criar um som que era ao mesmo tempo emocionalmente intenso
e inegavelmente contagiante. A relação de Cazuza com o rock era
complexa e apaixonada. . Ele encontrava conforto nas canções me-
lódicas que o inspiraram, mas também desafiava as convenções do
gênero, empurrando os limites com experimentações audaciosas.
Cazuza entendia que o rock não era apenas um estilo musical, mas
sim uma forma de expressão artística que transcendia as barreiras

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Eu sou mesmo exagerado

Nos palcos, ele incorporava a essência rebelde do rock’n’roll, mo-


vendo- -se com uma energia frenética e contagiante.

Sua presença era eletrizante, sua voz, uma arma poderosa que
comandava multidões. Cazuza entendia o poder transformador
do rock, como podia inspirar, provocar e unir pessoas de todas as
origens. Neste capítulo, exploramos a dança eterna de Cazuza com
o rock, uma jornada musical que moldou sua identidade como
artista e o levou a explorar novos horizontes criativos. rock até os
dias de hoje. Cazuza encontrou no rock uma expressão para sua
alma inquieta. Suas letras penetrantes e melodias pulsantes eram
como um eco das lutas e paixões que fervilhavam em seu interior.

O legado de Cazuza no mundo do rock vai além das músicas


atemporais que ele criou; ele representou uma geração, uma voz
destemida que inspirou inúmeros artistas a seguirem seus próprios
caminhos criativos Neste capítulo, exploramos a dança eterna de
Cazuza com o rock, uma jornada musical que moldou sua identi-
dade como artista e o levou a explorar novos horizontes criativos.
rock até os dias de hoje.

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INFLUÊNCIA DE CLARISSE LISPECTOR

“A pessoa que eu mais amo chama-se Clarice Lispector”

N
os corredores labirínticos da criatividade, onde palavras e
melodias dançam em harmonia, Cazuza encontrou uma
musa incomum que moldou suas composições de maneira
profunda e intrigante: Clarice Lispector. A escritora, com sua prosa
introspectiva e estilo único, tornou-se uma fonte de inspiração
rica para o jovem poeta que buscava dar voz às complexidades da
condição humana através de suas canções. A influência de Clari-
ce na música de Cazuza era sutil, mas poderosa. Em suas letras,
ele começou a explorar a complexidade das relações humanas, as
nuances do amor e da solidão, temas que Clarice tanto explorou
em sua obra. Cazuza abraçou o tom melancólico e contemplativo
de Clarice, dando vida às suas palavras através de sua voz única e
melodia apaixonada. Em músicas como “Codinome Beija-Flor” e
“O Tempo Não Pára”, Cazuza canalizou a profundidade emocional
encontrada nas obras de Clarice.

Cada acorde, cada nota, era uma homenagem à habilidade de


Clarice em explorar a psique humana, uma tentativa de capturar a
essência da existência em suas canções. A ligação entre Cazuza e
Clarice não era apenas artística; era uma afinidade de almas cria-
tivas. Ambos compartilhavam a capacidade de enxergar além das
aparências, de penetrar nas camadas mais profundas da humani-
dade e de expressar as emoções humanas de maneiras verdadeiras
e poéticas.

Neste capítulo, exploramos a dança delicada entre as palavras de


Clarice Lispector e os acordes de Cazuza, uma colaboração silen-

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Eu sou mesmo exagerado

ciosa que resultou em algumas das músicas mais emocionalmen-


te ricas da música brasileira. A influência de Clarice não apenas
elevou o trabalho de Cazuza, mas também mostrou ao mundo
a poderosa sinergia entre literatura e música, dois meios de ex-
pressão que, quando entrelaçados habilmente, podem criar uma
experiência artística verdadeiramente transformadora.

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MULHERES DE CAZUZA

“Porque o amor é feito bebida: tem que tomar a dose certa.”

N
o tumulto emocional da juventude de Cazuza, os rela-
cionamentos amorosos surgiram como rios caudalosos,
levando-o por caminhos sinuosos de paixão, desespero
e descobertas. Sua busca incessante pelo amor verdadeiro e sua
intensidade emocional o levaram a experiências profundas e, por
vezes, tumultuadas, moldando não apenas sua vida pessoal, mas
também sua música e sua arte. Apesar das lutas pessoais, os re-
lacionamentos de Cazuza também foram fontes inesgotáveis de
inspiração. Cazuza era um amante apaixonado, mergulhando de
cabeça em relacionamentos que muitas vezes se transformavam
em tempestades de emoção. Sua alma inquieta ansiava por co-
nexões profundas e significativas, mas, ao mesmo tempo, ele era
assombrado por um medo persistente de se perder no processo.
Seus relacionamentos amorosos foram marcados por uma dualida-
de constante - o desejo ardente de intimidade e o medo paralisante
do abandono. Em suas letras, Cazuza retratou os altos e baixos de
seus relacionamentos com uma sinceridade brutal.

Em canções como “Todo Amor Que Houver Nessa Vida” e “Pre-


ciso Dizer Que Te Amo”, ele capturou a intensidade das paixões
arrebatadoras e a dor dilacerante dos desencontros amorosos. Sua
música tornou-se um espelho de seus próprios sentimentos, refle-
tindo a complexidade dos relacionamentos humanos em todas as
suas nuances. As alegrias efervescentes do amor correspondido e
os desgostos profundos das despedidas dolorosas encontraram eco
em suas composições emotivas. Seu talento para transformar suas
experiências pessoais em letras profundamente comoventes era

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Eu sou mesmo exagerado

incomparável, tocando os corações de milhares de ouvintes que


encontravam consolo e identificação em suas músicas. No entanto,
por trás das canções apaixonadas e dos versos românticos, estava a
constante luta de Cazuza para encontrar equilíbrio entre seu dese-
jo avassalador de amor e sua necessidade de liberdade.

Cazuza era um amante romântico, um sonhador que acreditava no


poder transformador do amor. Suas letras exploravam os senti-
mentos mais profundos e as complexidades das relações humanas,
e suas performances no palco muitas vezes eram carregadas de
energia sensual e emocional. Ele cantava sobre o desejo, o amor
correspondido e as dores do coração partido com uma honesti-
dade brutal. No entanto, Cazuza também era assombrado por um
medo persistente de se perder no amor. Neste capítulo, mergulha-
mos nos relacionamentos amorosos complexos de Cazuza, explo-
rando as profundezas de suas paixões e as cicatrizes emocionais
que moldaram sua visão do amor. Sua jornada amorosa, pontuada
por encontros efêmeros e relacionamentos intensos, adiciona ca-
madas de profundidade à compreensão da complexidade humana.

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O APELO DO BLUES

“Faz parte do meu show.”

N
os bastidores dos palcos vibrantes do Rio de Janeiro,
Cazuza encontrou uma paixão que transcendeu as fron-
teiras do rock brasileiro: o blues. Esse gênero musical, en-
raizado na dor e na emoção, encontrou uma ressonância profunda
na alma do jovem poeta, deixando uma marca indelével em sua
música e em sua jornada artística. As letras de Cazuza começaram
a refletir a profundidade emocional encontrada no blues. O blues,
com suas notas melancólicas e letras carregadas de sentimento,
serviu como uma fonte infinita de inspiração para Cazuza. Ele
entendia a essência da música, a maneira como ela podia capturar
a tristeza e a esperança, a dor e a redenção, tudo em uma única
canção. Cazuza mergulhou nas obras dos mestres do blues, ab-
sorvendo as histórias de lutas pessoais, amores perdidos e a busca
constante por liberdade, e essa influência ressoou em suas próprias
composições.

A voz rouca e apaixonada de Cazuza, combinada com sua habili-


dade para contar histórias, deu uma nova dimensão ao blues. Suas
interpretações carregadas de emoção levaram suas audiências a
uma jornada íntima, onde as dores e alegrias compartilhadas pelos
músicos de blues ressurgiram com um vigor renovado. A influên-
cia do blues se tornou uma parte intrínseca de seu estilo, uma mar-
ca registrada que diferenciava sua música e a elevava a um patamar
superior. Neste capítulo, exploramos a profunda influência do
blues na alma de Cazuza. Sua jornada musical foi enriquecida pelo
gênero, que moldou não apenas seu som, mas também seu ethos
artístico. O blues, com sua autenticidade e emoção crua, encontrou

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Eu sou mesmo exagerado

um lar na música de Cazuza, transformando-o em um dos ícones


mais emocionais e sinceros da música brasileira.

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AIDS COMO ESPETÁCULO

“Viver é bom, nas curvas da estrada.”

O
diagnóstico de HIV positivo em Cazuza não foi apenas
uma reviravolta em sua vida, mas também uma chama-
da à ação para o músico e uma comoção para seus fãs e
admiradores em todo o Brasil. A AIDS, uma doença então pou-
co compreendida e cercada por estigma, lançou Cazuza em uma
jornada de coragem, resiliência e determinação, transformando-o
em um ícone da luta contra a epidemia que assolava o mundo. Ao
enfrentar a notícia devastadora, Cazuza escolheu ser público sobre
sua condição, desafiando tabus e preconceitos em uma época em
que a AIDS era frequentemente mal compreendida e temida. Ele
se tornou um defensor incansável da conscientização e da preven-
ção, usando sua própria experiência para educar os outros sobre a
importância do sexo seguro e do diagnóstico precoce. A relação de
Cazuza com a AIDS foi uma montanha-russa de emoções. Hou-
ve momentos de desespero e tristeza, mas também momentos de
coragem e inspiração.

Sua música, uma vez cheia de paixão e rebelião, encontrou um


novo propósito na luta contra a AIDS. Em canções como “O Nosso
Amor a Gente Inventa” e “Minha Flor, Meu Bebê”, ele comparti-
lhou suas emoções cruas e seus medos, dando voz às preocupações
e às esperanças de muitos que enfrentavam a mesma realida-
de. Cazuza transformou sua própria dor em uma mensagem de
esperança, lembrando a todos que a AIDS não era uma sentença
de morte, mas sim uma condição que poderia ser enfrentada com
dignidade e apoio adequado. Durante os anos de sua batalha con-
tra a AIDS, Cazuza continuou a criar música poderosa e impactan-

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Eu sou mesmo exagerado

te. Suas canções eram um testemunho de sua força e determina-


ção, uma prova de que a criatividade e a paixão podiam florescer
mesmo nas circunstâncias mais difíceis. Ele deixou um legado
de coragem e resistência que ressoa até hoje, inspirando outros
a enfrentar a doença com dignidade e esperança. Neste capítulo,
exploramos a jornada de Cazuza enquanto ele enfrentava a AIDS,
destacando sua coragem, sua resiliência e seu impacto duradouro
na conscientização sobre a doença.

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O TEMPO NÃO PÁRA

“O tempo não pára e a gente ainda quer correr...”

E
m meio às notas e aos acordes da sua guitarra, Cazuza criou
uma obra- -prima que transcendeu o tempo e se tornou um
hino para uma geração. “O Tempo Não Pára”, uma das músi-
cas mais emblemáticas de sua carreira, não era apenas uma canção;
era uma filosofia de vida, uma reflexão profunda sobre a passagem
inexorável do tempo e a efemeridade da existência humana. A
letra poética de “O Tempo Não Pára” era um espelho das reflexões
profundas de Cazuza sobre a vida, o amor e a mortalidade. Para
Cazuza, “O Tempo Não Pára” era mais do que uma canção; era
um lembrete visceral de que cada momento era precioso e fugaz,
uma chamada para abraçar a vida com paixão e autenticidade. Ele
próprio personificava a mensagem da música, vivendo sua vida
com uma intensidade palpável, enfrentando desafios com bravura
e celebrando a beleza efêmera dos momentos fugidios. A música
também capturou a imaginação de uma geração inteira, tornando-
-se um hino para os jovens que buscavam sua identidade em meio
às turbulências sociais e políticas do Brasil dos anos 80.

“O Tempo Não Pára” também simbolizava a resiliência de Cazu-


za em face da adversidade. Mesmo quando confrontado com o
diagnóstico de HIV positivo e os desafios inerentes à sua condi-
ção, ele continuou a criar música poderosa que inspirava outros a
enfrentar a vida com coragem e determinação. A música tornou-se
um lembrete de que, apesar das dificuldades, o espírito humano
poderia transcender as limitações impostas pelo tempo e pelas
circunstâncias Neste capítulo, exploramos a relação profunda e
multifacetada de Cazuza com “O Tempo Não Pára”. Desde a sua

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Eu sou mesmo exagerado

criação até a sua interpretação apaixonada nos palcos, a música


capturou a essência da filosofia de vida de Cazuza e se tornou um
marco na história da música brasileira. Mais do que apenas uma
canção, “O Tempo Não Pára” foi uma declaração de resistência,
uma celebração da efemeridade da juventude e um tributo à co-
ragem de viver plenamente, mesmo quando o tempo parece fugir
das nossas mãos.

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EPÍLOGO

“Quem vem com tudo não cansa...”

A
o fechar as páginas deste livro, somos levados a uma jorna-
da profunda pela vida, pela arte e pelo espírito indomável
de Cazuza. Sua história, cheia de altos e baixos, é mais do
que uma narrativa sobre um ícone do rock brasileiro; é um teste-
munho da resiliência humana, da paixão pela música e da busca
incessante pela autenticidade. Cazuza não foi apenas um músico
talentoso; ele foi um poeta, um contador de histórias que usava sua
voz rouca para dar vida às emoções e aos sonhos de uma geração.
Sua coragem em face da adversidade, especialmente quando con-
frontado com a AIDS, deixou uma marca indelével na história da
conscientização sobre a doença. Sua capacidade de transformar a
dor em arte, a vulnerabilidade em força, inspirou não apenas seus
fãs, mas também gerações futuras de músicos e artistas a abraçar
sua autenticidade e a explorar os cantos mais profundos de suas
almas criativas. O legado de Cazuza vive não apenas em suas músi-
cas atemporais, mas também nas vidas que ele tocou e nas mentes
que ele abriu.

Cazuza partiu deste mundo jovem demais, mas sua presença conti-
nua a ecoar através das notas de suas músicas, das palavras de suas
letras e do espírito rebelde que ele incorporou. Ele é uma estrela
que nunca se apaga, uma fonte inesgotável de inspiração para
todos nós, lembrando-nos de que, enquanto a música tocar nossas
almas e nossas histórias continuarem a ser contadas, seu legado vi-
verá para sempre. Cazuza, o poeta incansável, o músico visionário,
o ícone eterno do rock brasileiro, vive em nós, em nossas emoções
e em nossa própria busca pela autenticidade. Ele permanece como

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BIBLIOGRAFIA

Araújo, Lucinha. O tempo não pára - Viva Cazuza

Julião, Rafael. Cazuza - Segredos de Liquidificador

Figueredo, Thays; Vito, Isabella - [RESENHA] CAZUZA – SÓ AS


MÃES SÃO FELIZES, Rodapé de Livros

CAZUZA, em https://pt.wikipedia.org/wiki/Cazuza#Bibliografia

Grangeia, Mario. Cazuza, Renato Russo e a transição democráti-


ca

7 curiosidades sobre a vida e a obra do eterno Exagerado, Cifra-


Club

Música inédita de Cazuza ´lançada 30 anos após registro em


estúdio, Portal a Tarde
SEUS TRABALHOS
MAIS ICÔNICOS

1988, Ideologia

1985, Exagerado

1988, O tempo não pára


Esse livro foi composto com a tipografia Minion Pro
em corpo 12 e diagramado no Adobe Indesign

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