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Sul S., Costa A.

, (2021) The role of Community Health Nursing in preventing


sexually transmitted infections among Adults: scoping review, Journal of
ARTIGO ORIGINAL: Sul S., Costa A., (2021)
AgingThe& role of Community
Innovation, 10 (): 31-Health
42 Nursing in preventing
sexually transmitted infections among Adults: scoping review, Journal of Aging & Innovation, 10 (2):
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Revisão Scoping da Literatura

O papel da Enfermagem em Saúde Comunitária na prevenção de


Infeções Sexualmente Transmissíveis em Adultos: revisão scoping

El papel de la enfermería de salud comunitaria en la prevención de infecciones


de transmisión sexual entre adultos: revisión de alcance

The role of Nursing in Community Health in the Prevention of


Sexually Transmissive Infections in Adults: Scope Review

Susana Isabel Rodrigues de Sul 1, Andreia Cátia Jorge Silva Costa 2,

1
RN, MSc, Centro Hospitalar de Lisboa Central, Lisboa, Unidade de Investigação e Desenvolvimento em
Enfermagem (UI&DE), Escola Superior de Enfermagem de Lisboa, Portugal
2
RN, MSc, PhD Unidade de Investigação e Desenvolvimento em Enfermagem (UI&DE), Escola Superior de
Enfermagem de Lisboa, Portugal

Corresponding Author: susana.sul@gmail.com

RESUMO
Esta revisão scoping pretende mapear a literatura relativamente ao papel da Enfermagem em Saúde Comunitária na prevenção
das Infeções Sexualmente Transmissíveis (IST) em Adultos. Através da metodologia do The Joanna Briggs Institute para revisões
scoping1 foi selecionado, nas bases de dados MEDLINE, CINAHL, BVS e PUBMED, um total de 11 artigos a serem analisados.
Os resultados da revisão evidenciam o papel da Enfermagem em Saúde Comunitária na prevenção das IST como sendo
absolutamente essencial e revê-se essencialmente em programas de Educação para Saúde em grupo. Extraíram-se artigos
provenientes da América do Norte, América do Sul, África e Europa; da análise dos mesmos compreende-se a necessidade de
inovação e de adaptação dos diferentes programas de educação para a saúde aos recursos existentes em cada contexto.
Existem grupos de risco sob os quais recai mais atenção aquando do planeamento de programas de saúde, ainda assim
continuam a existir assimetrias no seu acesso. São necessários mais estudos que se debrucem sobre o papel da tecnologia nos
programas de promoção de saúde sexual e prevenção de IST no contexto da enfermagem comunitária.
Palavras Chave: Enfermagem em Saúde Comunitária; Sexualidade; Infeções Sexualmente Transmissíveis; Enfermagem;
Adultos.

ABSTRACT
This scoping review intends to map the literature regarding the role of Community Health Nursing in preventing Sexually
Transmitted Infections (STIs) in Adults. Using The Joanna Briggs Institute's methodology for scoping reviews1 a total of 11
articles to be analyzed were selected from the MEDLINE, CINAHL, BVS and PUBMED databases. The review results show the
role of Community Health Nursing in the prevention of STIs as being absolutely essential and is essentially reviewed in group
Health Education programs. Articles from North America, South America, Africa and Europe were extracted; from their analysis,
the need for innovation and adaptation of the different health education programs to the existing resources in each context is
understood. There are risk groups on which more attention is paid when planning health programs, yet there are still
asymmetries in their access. More studies are needed that look at the role of technology in sexual health promotion and STI
prevention programs in the context of community nursing.
Keywords: Community Health Nursing; Sexuality; Sexually Transmitted Infections; Nursing; Adults.

JJOURNAL OF AGING AND INNOVATION, AGOSTO, 2021, 10 (1)  ISSN: 2182-696X  http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v10i2-3
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BACKGROUND
É absolutamente imperativo nos dias de hoje que exista um crescente foco nas
políticas de saúde centradas na promoção da saúde e prevenção da doença2. Para
tal, é necessário dar relevância ao impacto dos hábitos e estilos de vida saudáveis,
como forma fundamental de potenciar a saúde de indivíduos, famílias, grupos e
comunidades. A promoção da saúde deverá, de acordo com a Direção-Geral da
Saúde (DGS)3, citando a Carta de Ottawa (1986), criar condições para que os
cidadãos possam agir, individual ou coletivamente, sobre os principais determinantes
da saúde, de modo a maximizar ganhos em saúde e reduzir desigualdades.
A promoção da saúde, com especial ênfase na sua abordagem a nível da
enfermagem comunitária, é muitas vezes operacionalizada nos projetos de educação
para a saúde. Segundo Tones & Tilford (1994), citado por Carvalho & Carvalho4 (p.25),
a educação para a saúde
é toda a actividade intencional conducente a aprendizagens relacionadas com
a saúde e doença (…), produzindo mudanças no conhecimento e compreensão
e nas formas de pensar. Pode influenciar ou clarificar valores, pode facilitar a
aquisição de competências, pode proporcionar mudanças de convicções e
atitudes e pode ainda conduzir a mudanças de comportamentos ou estilos de
vida.
Outra definição, oferecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), mais
uma vez reforça a educação para a saúde como sendo constituída por todas e
quaisquer combinações de experiências de aprendizagem concebidas para ajudar os
indivíduos e as comunidades a melhorar a sua saúde através do aumento do seu
conhecimento ou influenciando as suas atitudes5.
Quando se aborda especificamente a educação para a saúde a nível da
prevenção das Infeções Sexualmente Transmissíveis (IST) surge o conceito de saúde
sexual. A saúde sexual pode ser definida, segundo a Organização Mundial de Saúde 6,
como o bem-estar físico, emocional, mental e social em relação com a sexualidade.
Abrange aspetos da saúde reprodutiva, nomeadamente a capacidade de controlo da
fertilidade − através da anticonceção e a interrupção voluntária da gravidez −, a
prevenção das Infeções de Transmissão Sexual, o tratamento de disfunções sexuais
e de sequelas da violência sexual ou da mutilação genital feminina. A Saúde Sexual
abrange ainda, além das questões supracitadas, as experiências sexuais seguras e

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prazerosas, livres de coação, discriminação ou violência. Sendo assim, a sexualidade


humana inclui muitas formas diferentes de comportamento e expressão, e o seu
reconhecimento contribui para uma sensação geral de bem-estar e saúde.
Focando a atenção no conceito desta revisão, as IST são causadas por
bactérias, vírus e parasitas e são predominantemente disseminadas por contacto
sexual, incluindo sexo vaginal, anal e oral. Destas infeções, existem oito mais
prevalentes, quatro delas curáveis: sífilis, gonorreia, clamídia e tricomoníase. As
outras quatro são até agora consideradas incuráveis, sendo elas hepatite B, herpes,
HIV e HPV. Independentemente do agente patogénico, as IST têm um profundo
impacto na saúde sexual e reprodutiva, sendo que mais de 1 milhão de pessoas
adquirem diariamente uma IST. A prevenção deverá ser uma das grandes apostas,
especialmente através de aconselhamento e mudança de comportamentos em grupos
de risco7.

OBJETIVO
Mapear a literatura relativamente ao papel da Enfermagem em Saúde
Comunitária na prevenção das Infeções Sexualmente Transmissíveis (IST) em
Adultos.

MÉTODOS
A presente Revisão scoping teve como guidelines a metodologia proposta pelo
Joanna Briggs Institute (JBI) para revisões scoping1. Utilizando a mnemónica PCC,
pretendeu-se responder à seguinte questão: “Qual o papel da Enfermagem em Saúde
Comunitária na prevenção das Infeções Sexualmente Transmissíveis (IST) em
Adultos?”, correspondendo a Population (População) aos “adultos”, o Concept
(Conceito) às IST e o Context (Contexto) à enfermagem em saúde comunitária.
Relativamente à Estratégia de Pesquisa (Tabela 1), foi realizada uma pesquisa
nas bases de dados MEDLINE e CINAHL, com os respetivos termos de indexação;
optou-se por excluir o descritor “Adult” pois limitava os resultados da pesquisa e, uma
vez que este é um termo bastante amplo, optou-se por fazer posteriormente, na leitura
dos artigos, a exclusão dos artigos que não focavam esta faixa etária.
Em seguida, foi realizada uma segunda análise nas bases de dados científicas
PUBMED e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), utilizando os Descritores em Ciências

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da Saúde. Uma terceira pesquisa, e última, foi realizada com recurso às referências
bibliográficas consideradas pertinentes dos estudos identificados.

Tabela 1 – Estratégia de Pesquisa


Base de Dados Síntese de termos de pesquisa
("Sexually Transmitted Diseases" [MESH Terms]) AND ("Community
MEDLINE
Health Nursing " [MESH Terms])
("Sexually Transmitted Diseases" [MESH Terms]) AND ("Community
CINAHL
Health Nursing " [MESH Terms])
("Adult" [MESH Terms]) AND ("Sexually Transmitted Diseases" [MESH
PUBMED
Terms]) AND ("Community Health Nursing " [MESH Terms])
BVS (Biblioteca Virtual ("Adult" [MESH Terms]) AND ("Sexually Transmitted Diseases" [MESH
em Saúde) Terms]) AND ("Community Health Nursing " [MESH Terms])

Os estudos foram selecionados, num primeiro momento, através da leitura dos


seus títulos e resumos, por forma a eliminar duplicados e excluir artigos inelegíveis.
Foram ainda excluídos do presente estudo artigos que consistissem em comentários
ou editoriais. Após essa etapa, foram lidos integralmente os restantes artigos, tendo
sido aplicados todos os critérios que serão apresentados em seguida.
Consequentemente, foram excluídos artigos que se focavam noutros objetivos que
não os do interesse da presente revisão e ainda os que apresentavam dados
incompletos e os cujo acesso ao texto integral não era livre.

CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO


Para realizar a seleção de artigos, foram elaborados previamente os critérios
de inclusão e de exclusão relativamente aos participantes, conceito e contexto.
Quanto aos participantes, foi definido como critério de inclusão tratar-se de
adultos com idades iguais ou superiores a 18 anos.
Em relação ao conceito, foram incluídos todos os estudos que analisam as
Infeções Sexualmente Transmissíveis do ponto de vista da prevenção.
Seguidamente, configuraram ainda como critério de inclusão os estudos que
tivessem sido desenvolvidos no contexto da enfermagem comunitária.
Foram também considerados elegíveis todos os artigos apresentados em
revistas científicas de enfermagem em língua inglesa e portuguesa, decorrentes dos
últimos 5 anos e existentes em texto integral.

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RESULTADOS
A Figura 1 especifica os resultados das etapas da análise, seguindo o modelo
PRISMA Flow Diagram 8.

Figura 1 - Diagrama de PRISMA referente ao processo de seleção dos


estudos

Deste modo, foram selecionados para análise 11 artigos, sendo a maioria deles
estudos quantitativos (n=6). A proveniência dos mesmos é, na sua maioria, do
continente sul-americano (n=5). Todos os artigos analisados se encontram publicados
em revistas científicas de enfermagem. Na tabela 2 exibe-se sumariamente as
principais caraterísticas dos estudos analisados.

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Tabela 2. Principais caraterísticas dos artigos incluídos na Scoping Review

Variável Total Artigos (N=11)


Tipo de Estudo
Quantitativo 6
Qualitativo 4
Misto 1

Zonas geográficas de origem do estudo


América do Sul 5
América do Norte 3
África 2
Europa 1
Ano publicação
2015 – 2017 8
2018 – 2020 3
Grupo etário focado
Jovem Adulto 6
Adulto 5
Género focado
Nenhum 8
Feminino 3

DISCUSSÃO

Da leitura dos artigos selecionados, compreende-se que, relativamente à


enfermagem de saúde comunitária, o principal papel que lhe é atribuído é o da
educação para a saúde, especialmente nas suas vertentes de capacitação e
promoção de autonomia. Esta ideia é apresentada em todos os 11 artigos que foram
analisados9-19.

Quando o assunto é a prevenção das IST, a educação para a saúde surge


inequivocamente como ideia principal; no entanto, a sua operacionalização surge nas
mais variadas formas, tendo sempre como objetivo a promoção de uma vivência
sexual saudável, que diminua comportamentos de risco. Assim, a utilização do
preservativo surge como um dos grandes focos, através de sessões de demonstração
da sua utilização17, de disponibilização de preservativos a nível comunitário9 ou de
incentivo à sua utilização (quer masculino ou feminino)9,16; por fim, um dos artigos
aborda ainda a influência exercida pelos profissionais de saúde no sentido de intervir
na comunidade, levando-a num todo a compreender a utilização do preservativo como
uma questão de responsabilidade social15.

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A questão do preservativo é sempre a mais focada quando o assunto é as IST,


dado compreensível tendo em conta que o preservativo é efetivamente um método de
proteção de barreira eficaz. Ainda assim, são referidas outras estratégias de
prevenção de IST que os enfermeiros em saúde comunitária destacam em alguns
programas de promoção da saúde sexual, como a diminuição do número de parceiros
sexuais ou mesmo abstinência9,16.

Para debater a prevenção das IST, a literatura analisada sugere que na


enfermagem de saúde comunitária a abordagem é maioritariamente realizada em
grupos15,17, o que vai ao encontro das competências específicas do enfermeiro
especialista em enfermagem comunitária, cuja intervenção − mais do que individual −
visa liderar “processos comunitários com vista à capacitação de grupos e
comunidades na consecução de projetos de saúde e ao exercício da cidadania” 20
(p.19356).

Outro aspeto que se salienta deste processo de revisão é a importância dada


pela enfermagem de saúde comunitária à utilização dos mais variados recursos na
comunidade. Este estabelecimento de parcerias com os mais variados agentes na
comunidade, como escolas ou meios de comunicação locais, aparece como sendo
essencial para a intervenção primária junto de um determinado grupo de
indivíduos13,14,17-19. Mais uma vez, este facto vai ao encontro das competências do
enfermeiro especialista em saúde comunitária, posto que, de acordo com o
Regulamento n.º 428/201820, este “promove o trabalho em parceria/rede no sentido
de garantir uma maior eficácia das intervenções” (p.19355).

A escolha dos grupos sociais em que se intervém, especificamente na


prevenção de IST, também não é um processo realizado de ânimo leve. A
enfermagem de saúde comunitária procura intervir prioritariamente junto de grupos de
risco, ou seja, grupos que exibem comportamentos que se associam com o aumento
da probabilidade de uma ocorrência específica, embora não exista necessariamente
uma relação causal21. No caso das IST, e de acordo com a revisão realizada, um dos
principais grupos de risco são os jovens adultos, quando associados ao fator de risco
de consumo de álcool e drogas − que aumenta a probabilidade de comportamentos
sexuais de risco14,15,18. Por outro lado, grupos minoritários como a comunidade LGBT

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são também um grupo de risco, derivado, por um lado, da discriminação e do


desconhecimento a que são sujeitos e, por outro, por os profissionais de saúde
comunitária não terem muitas vezes formação específica para dar resposta a estes
utentes e intervir junto dos mesmos10.

A questão da necessidade de formação em algumas áreas mais específicas da


promoção da saúde não é a única limitação da enfermagem de saúde comunitária. A
intervenção de enfermagem é ainda apresentada como tendo uma resposta limitada,
no âmbito da saúde sexual e prevenção de IST, especialmente a nível dos grupos em
que consegue de facto intervir.

Um dos principais problemas apontados nesta revisão prende-se com as


assimetrias a nível dos géneros que são incluídos nos programas de educação sexual.
Contrariamente aos indivíduos do sexo masculino, as mulheres acabam por ter mais
acesso a programas de saúde sexual e reprodutiva, uma vez que vão a consultas de
planeamento familiar e ginecologia. Por sua vez, os homens terão uma dificuldade
acrescida em encontrar este recurso na comunidade 9,15.

Refletindo sobre os artigos analisados, é curioso, ainda quem sem qualquer


valor científico dada a metodologia da presente revisão, que de facto se tenham
encontrado alguns artigos dirigidos à capacitação de mulheres, mas nenhum
especificamente para homens (Tabela 2). É também de notar que, apesar do termo
Adultos utilizado para selecionar os participantes incluídos na presente revisão, uma
percentagem considerável (cerca de 55%) dos artigos debruçou-se especificamente
nos jovens adultos, o que pode ser um indicador da prioridade que é dada a esta faixa
etária na prevenção das IST (Tabela 2).

Outro aspeto a relevar, e que surgiu em vários dos artigos analisados, prende-
se com a necessidade de inovação e utilização de recursos existentes. Foi deveras
interessante analisar diferentes realidades geográficas e económicas e perceber que
as estratégias de intervenção comunitária se encontravam profundamente afetadas
por essas realidades. Os locais que foram descritos, nos artigos analisados, como
tendo recursos humanos e materiais mais escassos basearam bastante a sua
intervenção comunitária numa ótica de educação para a saúde auto-sustentável em
cadeia, passando a mensagem pretendida “friend-to-friend”, uma vez que os

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profissionais de saúde não tinham meios suficientes para desenvolver projetos com
maior intervenção de proximidade 12,13.

Esta questão de necessidade de inovação e adaptabilidade foi focada também


noutros artigos, entre eles na aposta nos recursos tecnológicos 10, mas também na
diversificação da educação para a saúde em termos da língua que é utilizada, tendo
em conta contextos de grande multiculturalidade17. De acordo com Blackwell10 existe
um fenómeno de safer sex fatigue, que consiste no cansaço e na perda de interesse,
por parte das comunidades, relativamente aos programas de educação sexual que
promovem práticas sexuais saudáveis, pelo que se torna imperativo conseguir ir
gradualmente inovando na forma como se veiculam estes projetos.

Por fim, uma última ideia apresentada ainda no artigo de Santos, Ferreira,
Duarte & Ferreira15 tem que ver com a importância da divulgação. Por muita qualidade
que os programas de educação para a saúde sexual e prevenção de IST na
comunidade tenham, é absolutamente essencial que exista a divulgação desses
mesmos programas, sob pena da intervenção não ter o impacto pretendido.

Apresenta-se no seguinte diagrama as ideias-chave da análise dos artigos.

Figura 2 – Diagrama resultante da análise dos artigos selecionados

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LIMITAÇÕES DO ESTUDO
As limitações da presente revisão scoping estão relacionadas com o facto de a
mesma se restringir a artigos escritos em inglês e português, bem como à limitação
temporal. Por estes motivos, pode excluir variadíssimos artigos potencialmente
relevantes, escritos noutras línguas ou noutros anos não contemplados. Esta foi uma
limitação necessária para restringir o volume de artigos a ser analisado.
Outra limitação foi a impossibilidade de acesso a artigos sem texto integral, pelo
que muitos artigos potencialmente relevantes para a temática foram excluídos por não
ser possível a sua leitura na totalidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando os resultados apresentados, conclui-se que a Enfermagem em
Saúde Comunitária tem um papel de extrema importância na prevenção das IST. A
sua importância, justificada de diversas formas em diferentes contextos geográficos,
revê-se na sua maioria em projetos de educação para a saúde que visam promover a
autonomia e capacitação de grupos, com objetivo supremo de promover uma vivência
sexual saudável.
Reitera-se que é necessário o investimento na promoção da saúde sexual e
prevenção das IST de forma sustentável, adaptando os programas de promoção de
saúde aos recursos existentes, em concomitância com os vários parceiros disponíveis
na comunidade.
Em futuras investigações seria interessante continuar a explorar a vertente
tecnológica, de inovação e adaptabilidade dos programas de prevenção de IST, por
forma a aproximar os cuidados de saúde primários de grupos de risco como o caso
dos jovens adultos e grupos minoritários.

Contribuições
S. Sul participou na conceção e projeto do estudo, análise e interpretação, bem como
redação do artigo. A. Costa participou na revisão crítica relevante do conteúdo
intelectual e aprovação da versão final.
Financiamento
Os autores declaram que não receberam financiamento para a realização da presente
revisão.

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