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2ª Edição
Impossível não te amar
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civis.
Esta é uma obra de ficção. Os fatos aqui narrados são produtos da
imaginação da autora. Qualquer semelhança com nomes, pessoas,
fatos ou situações reais deve ser considerado mera coincidência.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei 9.610 de
19/02/1998.
Ficha Técnica
Copyrigth © 2023 – Santino Amaro
ANIKA
Este não está sendo o momento mais feliz da minha vida,
estou triste e com medo do desconhecido.
Depois que estes papéis estiverem assinados, o que irá
acontecer?
Eu vou conseguir criar o Zaki, sozinha?
Ele vai me culpar por separá-lo do pai?
Muitas perguntas rondam minha mente quando estou
sentada na bancada da cozinha esperando por Ted que logo
chegará, afinal liguei mais cedo pedindo que ele não chegasse tão
tarde.
Ele vem fazendo muito isso ultimamente e quando chega
está com cheiro de perfume feminino e álcool, o que me deixa triste
por ver como nosso casamento se desgastou.
Deixei Zaki na casa de um amiguinho da escola, pois não o
quero aqui quando tiver essa conversa com seu pai e espero que
não aconteça mais uma discussão desnecessária, pois nós não
merecemos mais isso.
Meu corpo se endurece quando escuto o barulho das suas
chaves sendo deixadas no móvel da entrada de casa e em seguida
seus passos vindo na minha direção. Bebo um pouco de água e
logo que deixo o copo na bancada, meu marido entra na cozinha.
Ele olha em volta parando seu olhar em mim.
— Você está bem? — Sua voz soa preocupada.
Uma lágrima escorre pelo meu rosto e balanço a cabeça
negando.
— Não, não estou bem.
Ted se aproxima e se senta ao meu lado.
— O que está acontecendo com você, Anika?
Empurro lentamente os papéis para ele que pega e vejo pelo
canto dos olhos que ele começa a ler. Quando termina, deixa de
volta os papéis na bancada, fica em silêncio e espero seu tempo.
Eu me preparei para tomar esta decisão, já Ted não. Ele foi
pego de surpresa porque por mais que nosso casamento não
estivesse bem, acredito que ele não pensou que eu poderia pedir o
divórcio.
Quando finalmente diz algo, percebo que sua voz é triste.
— Anika, podemos tentar outra vez? Jesus, são dez anos
juntos, não podemos acabar assim! Vamos nos dedicar mais para
dar certo, não sei, uma viagem, algo que podemos fazer e…
Ted para quando seguro sua mão.
Não impeço que lágrimas escorram por meu rosto e sussurro:
— Não funcionamos mais, Ted, já estamos muito danificados
para continuarmos juntos. Chegou o momento de cada um seguir
seu caminho separado, uma viagem não vai adiantar, estamos
tentando há um ano e nada mudou. — Faço uma pausa e fungo. —
É melhor nos separarmos quando ainda amamos um ao outro... Não
quero virar uma mulher amarga, que todas as noites vê seu marido
chegar em casa com perfume de outra, porque não temos relação
sexual há meses... Merecemos ser felizes, Ted, mesmo que para
isso tenha que ser com outra pessoa.
Ted começa a chorar baixinho.
— Um de nós dois teria que tomar essa decisão e essa
pessoa fui eu. Fiz isso pensando no nosso bem e no bem do nosso
filho. Quero que sejamos amigos por Zaki, e por nós. Antes de tudo
éramos amigos e espero que continue assim.
Nos abraçamos enquanto choramos, pois, o fim de um
casamento não é fácil.
Imagina viver anos com uma pessoa, com quem planeja
passar a velhice e um tempo depois você percebe que precisa
deixá-la para ser feliz longe de você, porque os dois não funcionam
mais juntos.
Nos casamos muito jovens e pode ser esta a causa do
desgaste no nosso casamento. Eu tinha vinte e dois anos e Ted
vinte e três, não tínhamos aproveitado a vida, logo que nos
formamos, nos casamos e não demorou muito estava grávida de
Zaki. Seguro Ted em meus braços assim como ele me segura,
choramos e sentimos a dor um do outro.
— Eu te amo — murmura no meu ouvido.
Cria uma bola na minha garganta, mas me esforço a falar.
— Eu também te amo, Ted.
Eu realmente o amo, e é por isso que dói tanto.
Planejamos, construímos uma vida e nasceu um fruto do
nosso amor, Zaki, meu menino de nove anos.
Não sei quanto tempo passou, portanto, quando nos
afastamos não estávamos mais chorando e sorrimos um para o
outro quando assinamos os papéis.
Um ciclo foi fechado hoje, mas outro se abriu, um novo ciclo
que nos deixa cheios de possibilidades.
O recomeço
“O amor de uma mãe nunca deve ser questionado.”
(Santino Amaro)
ANIKA
Alguns meses depois...
Olho no relógio e suspiro aborrecida, pois os produtos que
pedi para a loja chegaram depois da hora que marcaram. Ao invés
de ver se estava tudo certo e não ter nada quebrado, tenho que sair
correndo para buscar Zaki na escola, afinal hoje é o meu dia de
buscá-lo.
Espero a última cliente sair da loja para fechar tudo e sair
correndo para a escola do meu menino.
Passo dois faróis fechados, entendo que é errado, mas a
cadela da professora do Zaki já chamou minha atenção cinco vezes
por chegar atrasada. Se ela soubesse como minha vida é, não
reclamaria tanto, pois, não tenho tempo para nada.
Na mesma semana em que assinamos os papéis, fui para um
hotel até encontrar um lugar para ficar com meu filho.
Ted quis que Zaki e eu ficasse na casa, mas queria ter outro
lugar para recomeçar uma nova vida, com novas lembranças.
Não previa que seria tão difícil, mas consegui uma cobertura
onde estou até hoje.
Ele também ficou um tempo em um hotel, acho que Ted não
queria ficar na casa rodeado de memórias nossas. Logo que vendeu
a casa, Ted quis me entregar todo o dinheiro, mas não aceitei
porque nós dois temos como nos manter. Por isso, decidimos abrir
uma conta, onde depositamos todo o dinheiro da venda da casa
para pagar os estudos de Zaki no futuro, ou o que meu menino
decidir fazer com o dinheiro quando for de maior.
Com o passar dos meses decidi abrir uma loja, ainda é
recente, pois tem apenas três meses.
Tudo começou de forma online e agora tenho uma loja física.
Minha vida está uma correria, no entanto, não mudaria nada
e me sinto útil.
Estou feliz, trabalhando em algo que amo, tenho meu
cantinho para morar com meu menino e tenho fé que com o tempo
tudo vai se acertar.
Acredito que minha maior preocupação era como Zaki iria
reagir, e me surpreendi por ele levar tudo da melhor forma.
Ted continua bem presente na vida do filho e é o que
realmente importa.
Deixo qualquer pensamento de lado quando paro em frente à
escola, nem desligo o carro e saio correndo.
Ao entrar percebo que mais uma vez cheguei atrasada. Bufo
ao encontrar a professora de Zaki no caminho, ela me avisa que ele
está me aguardando na secretaria e que a diretora quer falar
comigo.
Sigo para a sala da diretora.
Dou uma batida à porta e quando escuto, “entra”, a empurro
e entro.
A diretora está sentada na sua cadeira com aquele ar
superior.
— Senhora Aduke, não posso ficar presa na escola porque a
senhora sempre se esquece do seu filho, já deveria ter previsto isso,
pois sempre acontece com as mães divorciadas.
Minha raiva toma uma proporção gigantesca e me viro
lentamente para meu menino.
— Baby, vai indo para o carro, já, já me junto a você.
Zaki me olha, depois olha para a diretora saindo em seguida.
Assim que a porta se fecha atrás de mim, caminho até a mesa dela,
bato minhas mãos abertas em cima da mesa e rosno:
— Você, não sabe nada da minha vida para ficar falando
merda, é a minha vida pessoal e não é da sua conta... Se sou uma
mãe divorciada é problema meu! Você, nunca deveria ter falado isso
na frente do meu filho, e a minha vontade é de fazê-la engolir cada
papel que está em cima desta mesa, estamos entendidas, diretora?
Ela está pálida me olhando enquanto balança a cabeça.
Me levanto, seguindo para a porta, coloco a mão na
maçaneta, mas não abro. Olho por cima do ombro e digo:
— Se sonhar que alguém nesta escola anda maltratando
Zaki, pela sua cor da pele, vou meter fogo nisso tudo. — Abro a
porta e saio escondendo um sorriso.
Zaki tinha me contado que algumas professoras tinham
comentado sobre sua cor de pele e sobre o turbante que uso na
cabeça, além das minhas roupas coloridas.
Elas vivem de rótulo, já eu não, vivo à minha maneira.
Foda-se todos!
Quando estão falando de mim, tudo bem, mas se falarem do
meu menino eu viro o Diabo.
Assim que chego no carro pergunto ao meu filho que está me
olhando com um sorriso no rosto.
— Como foi seu dia, amor?
— Foi bom, conheci uma menina hoje... Foi o primeiro dia
dela aqui.
Levanto uma sobrancelha.
— Humm, então fez amigos?
Ele encolhe os ombros.
— Mais ou menos... E a senhora, como foi seu dia?
Bufo e ele ri.
— Muito cansativo, tanto que vamos pedir pizza hoje, não
tenho força para ainda cozinhar.
— Eu não vou reclamar de comer pizza.
Sorrio.
— Você nunca reclamou, afinal ama comer pizza.
Ele ri.
— Então, o que a senhora falou com a diretora?
É minha vez de encolher os ombros.
— Nada de mais, só falei o que uma mãe pode fazer para
proteger sua cria.
Ele balança a cabeça, em seguida liga o som e começamos a
cantar enquanto dirijo de volta para casa.
A melhor hora do meu dia é quando estou com meu menino.
Escrevendo no site de namoro
“Sua vida nunca fica entediada quando tem um filho.”
(Santino Amaro)
ANIKA
Com as mãos na cintura, fuzilo meu filho e ele ri.
— Zaki, você fez o quê? — pergunto tentando ao máximo
não ficar brava com ele.
— Mamãe, não fique brava, por favor, eu acho que estou
fazendo a coisa certa. Você passa muito tempo na loja e quando
não está lá... Está cuidando de mim. Você precisa de um tempo
para si mesma.
Meu coração se enche de amor com o que escuto.
Como ficar brava com uma criatura tão maravilhosa como
essa?
Ele só quer me ver feliz.
Esta manhã peguei Zaki entregando panfletos com Ted,
procurando uma ajudante para minha loja, “Afrodite, sex shop”. Sim,
minha loja é um sex shop e é uma longa história o motivo por que a
abri.
Puxo meu menino em um abraço, enquanto murmuro:
— Me desculpe por ter gritado, filho, estou tentando organizar
minha vida e uma ajudante seria perfeito. Não tinha pensado nisso e
você sempre pensa em tudo. — Passo a mão em sua bochecha. —
Portanto, quero que me prometa que não sairá entregando anúncios
por aí, farei essa procura pela internet. — Beijo sua testa.
— Eu prometo mamãe, agora tenho que ir.
Faço biquinho e olho para Ted que ri parado, nos
observando.
Hoje, Zaki irá para a casa do Ted e passará o fim de semana
todo lá, pelo que me contaram, irão assistir um jogo no domingo.
— Se cuida e qualquer coisa me liga... Não fale com pessoas
estranhas, não aceite nada de ninguém e não se afaste do seu pai,
por nada, Zaki. Não esqueça, caso se perder diga seu endereço e
os nossos nomes para um policial.
Zaki revira os olhos e Ted ri.
Ele fala tudo certinho até nosso telefone, pois o ajudei a
decorar. Vejo muitas crianças se perder e morro de medo de que
isso aconteça, pois, quero proteger meu menino de tudo.
— Te vejo na segunda-feira, mamãe, e não atrase.
Dou mais alguns beijos nele até que Ted fala que tem que ir,
porque ainda irão ao cinema.
Assim que eles saem, vou para o computador e começo a
fazer um anúncio procurando uma ajudante.
Meu filho está certo, preciso urgentemente de alguém para
me ajudar. Depois que envio o anúncio para algumas empresas que
contratam profissionais, fico vendo algumas coisas nas minhas
redes sociais. Rastreio uma encomenda que chegará na próxima
semana e estou prestes a desligar o computador quando um
anúncio aparece na minha tela me chamando a atenção.
Franzo o cenho com o nome, “O lugar perfeito para
encontrar a sua alma gêmea.” Encolho os ombros, clico no link e
entro para me cadastrar. O site pede meu nome verdadeiro ou um
codinome e prefiro usar o codinome.
Olho para a roupa que estou usando e sorrio ao escrever o
nome Leoa, pois estou usando um longo vestido estampado com
um leopardo. Em seguida pede para colocar a idade e foto para o
perfil.
Logo que finaliza, aparece um perfil me chamando para
conversar e seu nome é Gato Selvagem.
Reviro os olhos, pois sua mensagem é pior que seu
codinome.
“Hey, gata, aceita fazer um sexo selvagem? Estou disponível,
é só marcar.”
Nem me dou ao trabalho de responder.
“Eu devo estar ficando muito louca para entrar nesse tipo de
site!”
Penso quando saio do meu perfil, desligando o computador
em seguida.
Definitivamente mães que querem ser santa
casamenteira, é um porre!
“Sexo nunca é demais!”
(Santino Amaro)
DOMENICO
A campainha não para de tocar e aperto o travesseiro nos
ouvidos, tentando abafar o barulho.
O som cessa por um instante e suspiro aliviado imaginando
que quem estivesse tocando a campainha já estava indo embora,
mas logo percebo que estou enganado porque a pessoa continua a
tocar.
— Humm... Dá para você atender logo a porta? Jesus, minha
cabeça vai explodir com este som!
Levanto a cabeça ainda grogue e olho para a ruiva com o
cabelo espalhado pelo meu lençol.
Ontem fui em uma balada com meu amigo, Charles, e como
hoje não trabalho quis aproveitar a noite, e no fim como sempre vim
acompanhado para casa.
— Estou indo!
Me arrasto da cama e vou ver quem é.
Ainda de cueca abro a porta e suspiro ao ver a pessoa que
está parada na entrada, com um grande sorriso no rosto.
— O que você quer, Stella?
Seus olhos percorrem meu corpo.
Stella é filha da melhor amiga da minha mãe.
Pensa em uma pessoa insuportável, essa é a Stella.
Éramos melhores amigos quando éramos crianças, minha
mãe a ama e acha que formaríamos um casal perfeito, por isso em
cada oportunidade que tem, ela me empurra para cima da Stella.
— Domenico, sua mãe falou para a minha que hoje você não
iria trabalhar... Então pensei que poderíamos tomar café juntos e já
até trouxe um bolo.
Fico puto!
Minha mãe fez isso de propósito e sei que falou diretamente
para Stella que hoje estaria em casa e não para a mãe dela.
— Não dá, Stella, já tenho compromisso e companhia.
Seus olhos desviam de mim, indo para as minhas costas.
Me viro para ver a ruiva nua que vem andando até nós, pega
o bolo das mãos de Stella e diz:
— Humm, adoro bolo! Vem se juntar a nós.
Me seguro para não rir do semblante furioso de Stella.
— Domenico, faça essa... Essa... Sair agora! Você será meu
futuro noivo.
Reviro meus olhos.
Stella é muito mimada e me quer só por capricho. Levar um
não, não está em seu vocabulário e pelo fato de nunca querer nada
com ela, me fez virar um prêmio.
— Eu não vou ser seu futuro noivo, Stella. Como falei tenho
companhia, por favor, vá embora e esqueça o caminho do meu
apartamento.
Ela faz bico e bate o pé no chão enquanto cruza os braços
parecendo uma criança birrenta.
— Vou falar com sua mãe... Com tudo isso aqui, como pode
me trocar por isso aí? — Stella balança a mão apontando a ruiva e
ela.
— ISSO AÍ, FEZ O GATO GOZAR VÁRIAS VEZES — a ruiva
grita da cozinha.
— Faça o que quiser, Stella, e aproveita para esquecer meu
endereço.
Antes que ela fale mais merda, fecho a porta e sigo até a
cozinha onde a ruiva, que não sei o nome ri, para mim.
Meu apartamento é pequeno, pois, não quis nada tão
extravagante. Moro sozinho e uma suíte, cozinha e sala parecem
ser perfeito para mim.
— Você sabia que não me ajudou, né? — Sorrio e caminho
até ela que ri.
— Não concordo com você, acho que ajudei muito... Ela te
dará um tempo.
Suspiro.
— Ela vai encher a cabeça da minha mãe e minha mãe vai
encher a minha, mas de qualquer forma obrigada por sua ajuda.
— Não tem de que.
Me afasto e volto para meu quarto, pois preciso de um banho
para tirar o cheiro de bebida e sexo.
Por cima do ombro grito:
— QUANDO SAIR FECHA A PORTA.
— ANOTADO — grita de volta.
Só trago uma mulher para o meu apartamento deixando claro
o que ela terá, uma noite repleta de sexo e depois disso cada um
segue seu caminho.
Entro no banheiro, tiro a cueca e a jogo no cesto de roupa
suja. Entro debaixo do jato de água quente, o que ajuda a relaxar
meus músculos, pois, não tive descanso na academia esta semana.
Sou dono de uma academia de artes marciais e dou algumas
aulas porque a luta faz parte de mim, apesar de não poder me
esforçar como antes.
Sempre amei lutar, lutava profissionalmente, mas tive que
parar faz dois anos, depois que sofri uma lesão e não pude mais
competir. Foi nesse momento que decidi abrir a academia.
Sou feliz com a vida que levo e não mudaria nada.
Não quero me amarrar a ninguém, quero apenas aproveitar o
lado bom da vida.
Assim que saio do banho não encontro qualquer sinal da
ruiva, coloco água na cafeteira e preparo um bom café.
Quando está pronto despejo em uma caneca e no primeiro
gole meu celular toca.
— Merda! — digo ao olhar a tela do meu celular.
Sigo para o quarto com a caneca de café, Stella já deve ter
ligado para ela e contado tudo.
— Oi, mamãe.
— Domenico, você deixou uma vagabunda qualquer tratar
mal a Stella…
Afasto o telefone do ouvido quando minha mãe começa a
falar o mesmo de sempre.
— Stella é a mulher perfeita para você...
Você deveria se casar com ela e parar de sair à noite à
procura de outras mulheres que não prestam.
Quando ela para de falar e perguntar se vou no fim de
semana à sua casa, já terminei meu café e coloco o telefone de
volta no ouvido.
— Você virá jantar conosco, filho?
Rapidamente nego, pois, sei que Stella estará lá.
— Não, mãe, marquei com Charles e não posso faltar.
Bufa.
— Meu Deus, você vai trocar sua família por um... Ele não é
uma boa companhia para você.
Jesus, algumas vezes mamãe é um porre!
— Mãe, já sou um homem, tenho vinte e cinco anos e não
preciso da senhora falando com quem devo andar. Até logo, tenho
que desligar. Beijo, te amo.
Desligo, mas ainda posso escutá-la xingando.
Como papai pode aguentá-la?
Joguei o celular na cama e pego o cesto de roupas sujas.
Vou levar tudo para lavar e arrumar a casa que está uma bagunça.
Mamãe fazia isso para mim, porém, não deu mais.
Toda vez ela trazia Stella, inclusive deu uma cópia da minha
chave para ela e a peguei várias vezes no meu quarto.
Decidi eu mesmo fazer minhas coisas e deixo para arrumar
tudo nos finais de semana.
Menti para minha mãe, pois, não vou sair hoje.
Provavelmente, ligarei mais tarde para alguma mulher que
saio às vezes para ela vir em casa e termos um pouco de diversão.
Primeiro encontro
“Homens deveriam tratar as mulheres como se fossem joias raras,
porque elas são!”
(Santino Amaro)
ANIKA
Algumas semanas depois...
Me sinto nervosa e olho no espelho pela quinta vez.
Será que estou bonita?
Estava me sentindo acima do peso e comecei a fazer
caminhada depois que contratei a Nicole, que por sinal é um doce e
está me ajudando muito na loja.
Nicole foi a terceira pessoa que entrevistei, as duas que
vieram antes quando falei que o trabalho seria em um sex shop,
logo disseram que não trabalharia em um lugar como esse.
Não entendo como as pessoas podem ser tão hipócritas, o
sex shop é um lugar que ajuda muitas pessoas a encontrar prazer.
Já teve uma mulher que veio à minha loja completamente
perdida, ela não sentia mais desejo pelo marido, mas queria salvar a
relação dos dois. Apresentei uns brinquedos para ela e na semana
seguinte ela estava atrás de mais novidades.
Já tive muitos casos assim, ou até mesmo de mulheres que
querem apenas descobrir como tocar em seu corpo.
Não vejo mal nenhum nisso como as pessoas que entrevistei
falaram, a última até citou o nome de Deus e falou, "isso é pecado,
Deus nunca aprovaria esta obra do diabo.”
Não queria, mas ri muito aquele dia, portanto, o que importa é
que tenho agora alguém para me ajudar.
Estou ficando mais tempo com o Zaki e entrei novamente no
bendito site. Comecei a falar com uma pessoa e desta vez ele
parece ser educado e gentil.
Marcamos essa noite um jantar e é claro que será em um
lugar movimentado.
Zaki ficará com a babá que contratei.
Ela mora aqui no prédio e cuida das crianças daqui.
— Será que estou bem? — pergunto para Zaki que me olha
rindo.
— Mamãe, essa é a décima vez que pergunta e já falei que
você é a mulher mais linda do mundo.
— Oh! — Beijo sua testa. — Você é maravilhoso, filho! —
Dou mais um beijo e um abraço nele antes de pegar minha bolsa e
sair de casa.
Não sem antes avisar a babá que qualquer coisa ligasse
imediatamente para mim, ou para o Ted, pois pode acontecer do
meu celular ficar sem sinal.
Respiro fundo e dirijo para o restaurante onde Adrian está à
minha espera.
ANIKA
Quando paro o carro no estacionamento de uma casa
noturna penso estar no lugar errado. Olho o endereço que recebi do
Leonardo por e-mail e vejo que realmente é o lugar certo.
Quem leva uma pessoa para o primeiro encontro em uma
casa noturna?
Um lugar onde nem se pode conversar para nos conhecer
melhor, pois tem muito barulho.
Conheci o Leonardo em um supermercado há duas semanas,
conversamos um pouco e ele tem uma conversa legal. Ele me
chamou para sair e aceitei, já tinha até desistido do site. Depois do
encontro com Adrian no restaurante, tive mais dois outros encontros
que deram o mesmo resultado, ou seja, fiquei frustrada com os
encontros e não encontrei ninguém que valesse a pena.
Deixo estes pensamentos de lado e saio do carro, pois ele
deve estar à minha espera.
Amaldiçoo a roupa que escolhi para a noite.
Como pensei que o encontro seria em um lugar reservado,
estou usando um vestido azul bem-comportado e deixei meu cabelo
solto com um grampo no lado.
Sigo para a fila enorme e não demora muito para uma mão
segurar meu braço, o que me faz virar dando de cara com
Leonardo, que me cumprimenta com um beijo em cada lado do meu
rosto.
— Anika, você está linda e tenho certeza de que vai amar o
lugar! Sempre venho aqui.
Dou um sorriso forçado o seguindo.
Leonardo vai até os seguranças, fala algo no ouvido de um
deles e nos deixam entrar.
O lugar é como imaginei.
Já tem muito tempo que não vou a lugares assim, mas vejo
que não mudou nada. Um lugar cheio de pessoas e muita fumaça,
inclusive não damos um passo sem estar esbarrando em alguém.
Com muita dificuldade conseguimos chegar até a área VIP,
onde uma mesa já estava reservada para nós.
Leonardo se senta do meu lado no sofá e antes de
começarmos qualquer conversa um garçom vem nos atender.
Peço um coquetel de frutas vermelhas sem álcool e Leonardo
pede uísque.
Logo que o garçom sai a mão de Leonardo descansa na
minha coxa e educadamente a tiro.
— Que lugar barulhento? — Olho para o andar de baixo onde
as pessoas estão dançando.
— Sim, o tipo de lugar que gosto de frequentar.
Minha cabeça gira para olhá-lo.
— Me desculpe?
Ele aponta a mão para as pessoas.
— Eu gosto de estar lá, onde um se esfrega no outro
deixando tudo perfeito.
Lembro das suas palavras, "Anika, sou muito caseiro, já
tenho quarenta anos e gosto de frequentar lugares calmos como
restaurantes.”
Estou prestes a confrontá-lo quando o garçom chega com as
nossas bebidas. Dou um gole na minha, sinto novamente a mão na
minha coxa, a tiro e tento começar uma conversa.
— Não chegamos a falar sobre em que trabalha.
Leonardo dá um sorriso de deboche.
— Não trabalho, Anika, minha família é muito rica, eu só me
divirto! E você deve fazer cada coisa, hein? Levando em conta no
que trabalha posso até imaginar o que ele está deduzindo.
Levanto uma sobrancelha devido sua pergunta indecorosa
sobre o meu trabalho. Tinha comentado sobre meu trabalho com ele
com muito orgulho, afinal não foi fácil abrir uma loja de sex shop e
amo muito o que faço.
— O que você quer dizer com “faço coisas pelo trabalho?".
Leonardo gargalha e fico parada esperando que ele me
responda.
Quando isso acontece vejo que este aqui na minha frente não
é a mesma pessoa com quem venho falando por duas semanas.
— Pelo amor de Deus, Anika, você é dona de um sex shop,
deve ser uma puta na cama.
Minha mão se levanta dando um tapa tão forte em seu rosto
que faz minha mão arder, afinal a maneira suja que ele se refere a
mim e ao meu trabalho, passa de todos os limites.
— Meu trabalho é como qualquer outro, não é porque sou
mulher e dona de um sex shop que te dá o direito de me ofender,
Leonardo. Queria saber se fosse um homem, como tem muitos
homens donos de lojas de sex shop, você iria chamá-los de puta?
O rosto de Leonardo está furioso quando se levanta.
— Você está se ofendendo por te chamar de puta? Me fala
uma coisa, quem se jogou em cima de mim, em um supermercado?
Quem veio desesperada atrás de uma trepada aqui foi você,
querida.
Balanço a cabeça e sorrio.
— VOCÊ FALANDO ASSIM, ATÉ PARECE QUE TEM UM
PAU DAS GALÁXIAS, QUERIDO. O MEU MENOR VIBRADOR, É
MAIOR QUE SEU PAU, ENTÃO NOS POUPEMOS DESTA
VERGONHA — grito para as pessoas na área VIP escutar.
Os olhos de Leonardo se arregalam e seu rosto fica todo
vermelho.
Dou uma piscadela e me levanto saindo. Passo pela multidão
de pessoas dançando e quando saio pela porta noto que a fila está
maior que antes.
Entro no estacionamento e vejo alguns casais namorando.
Passo por eles e entro no meu carro. Não ligo o carro a princípio,
apenas deito minha cabeça no banco e fecho os olhos.
Sou uma romântica incurável, acredito no amor e acredito
que vamos encontrar a pessoa certa que vai nos amar.
Meu casamento não deu certo, mas nem por isso deixarei de
acreditar que ainda posso encontrar a pessoa certa.
Estou cansada de encontros fracassados, que só me fazem
passar por tudo isso.
Rotulei que queria somente homens da minha faixa etária de
idade, e vejo agora que não importa qual seria a idade dos homens
para que eles não sejam machistas.
Se uma mulher toma a iniciativa, ela é uma puta e vadia que
está louca para trepar. Se tiver uma certa idade, tem que pegar
qualquer coisa por desespero, o que estes homens não percebem é
que somos independentes, fortes e que nascemos para amar e ser
amada nada menos que isso.
Tenho Zaki, amo meu menino, porém sou mulher e tenho
necessidades como qualquer homem solteiro na minha idade.
Abro os olhos, ligo o carro e sigo para casa, pois, não há
nada melhor do que um dia após o outro e não irei desistir de
encontrar alguém.
Sexo a três
“Vamos realizar todos os seus sonhos sujos!”
(Santino Amaro)
DOMENICO
Passo por um monte de pessoas suadas dançando na sala
da casa de Charles que está dando uma festa e me chamou para
vir. Como todas as festas que ele dá, essa não poderia ser diferente,
muitas pessoas e a maioria é mulher gostosa.
Passo por algumas gostosas seguindo para a cozinha e dou
uma piscadela para elas. Ao entrar na cozinha encontro Charles
com uma mulher, sigo até o balde cheio de gelo e pego uma
cerveja.
— Já começou a diversão sem mim? — digo enquanto abro a
tampa da garrafa e dou um longo gole na minha bebida.
Charles afasta a boca da mulher e ri.
— Dom, você demorou, hein? Está é…
Observo que Charles faz uma expressão pensativa e a
mulher ri com a palhaçada dele.
Elas sempre riem com seu jeito e posso apostar que ele não
sabe o nome dela.
— Sou a Mia e você deve ser o amigo do Charles, vai se
juntar a nós?
Levanto a garrafa de cerveja em um cumprimento, então Mia
se afasta de Charles e caminha em minha direção. Ao se aproximar
passa suas longas unhas no meu peito por cima da camisa polo que
estou usando.
— Você é tão forte, é lutador como Charles?
— Algo do tipo.
Suas mãos continuam passando pelo meu corpo e Charles
se aproxima parando nas costas de Mia enquanto beija seu
pescoço.
— Vamos subir, que meu amigo e eu vamos cuidar de você.
Mia ronrona entre Charles e eu.
Meu amigo e eu já fizemos isso antes e Mia parece que já fez
o mesmo.
Deixo a garrafa de cerveja na mesa e acompanho meu amigo
e a garota que estão indo para o andar de cima. Meu amigo pega a
chave do seu quarto no bolso e abre a porta, pelo que percebi este
é o único quarto que não tem ninguém transando. Entramos e
tranco a porta atrás de mim, para que ninguém nos incomode.
Seguro a mão de Mia e a levo até a cama king size.
Sento na ponta da cama, puxo o corpo de Mia para se sentar
no meu colo e Charles ergue uma mão afastando o cabelo da garota
do pescoço, beijando o local, enquanto massageio seu seio
esquerdo e dou um beijo selvagem em sua boca vermelha.
— Nem começamos com você e já está tão molhada? —
Charles diz.
Sorrio entre os lábios de Mia e mordo seu lábio inferior
enquanto Charles está com uma mão entre as coxas dela.
— Estamos muito vestidos, querida — digo tirando Mia do
meu colo e me levanto.
Tiro minhas roupas, Charles faz o mesmo enquanto Mia tira a
saia e o top, já que está sem calcinha. Em seguida se ajoelha na
nossa frente e gememos quando ela segura nossos membros com
suas mãos e faz movimentos para cima e para baixo.
Sinto neste instante meu corpo ficar tenso e estou duro.
— Abre a boca, querida, e nos leve até ela — Charles pede.
Mia faz o que Charles pede, primeiro suga a cabeça do pau
de Charles enquanto masturba o meu. Ela tira o membro do Charles
da sua boca e me chupa.
— Sua boca é tão quente, querida, continue assim que está
fazendo um ótimo trabalho.
Mia sorri enquanto chupa meu pau como se fosse um picolé,
alternando com o de Charles.
— Onde você a encontrou? — pergunto para meu amigo em
um rosnado e ele ri.
— Por aí, cara. A menina sabe como chupar um pau.
Gargalho.
— Sim, você tem razão.
Mia leva cada um de nós até o fundo da sua garganta e
minhas bolas se apertam tão forte que se não parar agora irei gozar.
Ajudo Mia se levantar enquanto meu amigo acaricia seu pau.
— Tem alguma preferência? — pergunto e Charles dá de
ombro.
— Fico por baixo. — Charles coloca uma camisinha e em
seguida se deita na cama.
Mia sobe em cima dele, senta no seu pau e eles começam a
transar. Enrolo meu membro em uma camisinha, ando até eles e
seguro a cintura de Mia. Cuspo na mão e molho meu cacete, em
seguida coloco no buraco dela. Não empurro a princípio e fico
parado enquanto aliso suas nádegas.
— Relaxa, querida, que você vai levar nós dois — Charles diz
e empurra para cima o quadril.
Mia vai relaxando com a minha carícia, vou empurrando meu
pau no seu buraco apertado e tenho que me controlar muito para
não gozar. Ela é tão gostosa e quando estou completamente dentro
dela sincronizo meus movimentos com os de Charles entrando e
saindo.
Posso sentir seu pau através da fina pele que nos separa.
— Porra, baby! — rosno quando começo a gozar, pois, não
dá para me segurar mais.
Mia aperta forte meu pau no mesmo tempo em que goza.
Dentro do meu nevoeiro de luxúria, escuto Charles rosnar
enquanto goza.
Caímos na cama todo suado e satisfeito.
Essa mulher mexe com minha estrutura
“Será que é destino ou coincidência?”
(Santino Amaro)
DOMENICO
Minha cabeça está latejando...
Dou um longo gole na cafeína enquanto tento resolver
algumas papeladas burocráticas da academia, mas preferia estar
dando minhas aulas.
Quando abri a academia era apenas Charles e eu. Hoje,
somos sete professores e cinquenta alunos.
Porém, o ruim é que ninguém pode fazer a parte burocrática,
além de mim, nem mesmo Charles.
O dinheiro que entra e sai, os equipamentos comprados e por
aí vai, com isso estou aqui a manhã toda. Levanto meu rosto dos
papéis e faço alongamento dos braços e pescoço. Quando estou de
volta para a pilha de papéis a porta do meu escritório é aberta,
melhor dizendo, invadida.
— Dom, você não vai acreditar em quem está na academia
procurando por você.
Faço cara de dor, pois só pode ser Stella.
— Fala que não estou e não sei quando vou voltar.
Ele me olha, confuso.
— Pensei que você estava louco, querendo a coroa do
restaurante.
Tão logo estou em pé e me sinto tão surpreso que não falo
nada por ele se referir àquela deusa como “coroa”.
— Como é que é? Não é a Stella que está aí? — pergunto
confuso.
— Se agora, Stella tem pele negra, corpo de dar inveja a
muitas mulheres, então não, não é ela. É a mesma coroa do
restaurante que você não para de falar. Ela está lá fora querendo
falar com o dono, que no caso é você, meu amigo.
Meu coração bate forte só em imaginar que pode ser a
mesma mulher que encontrei em um restaurante há algumas
semanas.
Não queria ir em um encontro com Charles e a menina que
ele estava saindo, mas parece que foi uma exigência dela, que só
sairia com meu amigo se ele levasse um acompanhante para sua
irmã.
Não sou do tipo de sair em encontro duplo, mas terminei indo
pelo meu amigo.
Pensando bem, valeu a pena, pois esbarrei em uma linda
mulher, debochada e que não consigo tirar da cabeça seus lábios
vermelhos e olhos negros como a noite.
Meus olhos não se afastaram da sua mesa até ela dar um
show e sair. Cheguei a ir atrás dela, mas não a encontrei.
Ela, simplesmente, sumiu e agora está na minha academia,
só pode ser coisa do destino.
Porra!
— Você vai ficar aí parado ou vai lá ver o que ela quer?
Saio do meu devaneio com a voz do Charles.
— Peça que ela entre e não deixe ninguém nos incomodar!
Charles sai rindo.
Aproveito o tempo que Charles sai em busca da mulher mais
linda que já vi e organizo o melhor que posso a sala. Rapidamente
tiro a camisa que está um pouco suada e pego outra no meu
armário. Quando termino de vestir e me sentar, escuto uma batida à
porta que em seguida é aberta. Charles faz sinal para ela entrar e
quando isso acontece, nos encaramos enquanto meu amigo fecha a
porta nos deixando a sós.
— Você?
Percebo que sua voz está assustada, dou um sorriso e me
levanto estendendo a mão para ela quando me apresento.
— Domenico Dallamari, prazer em revê-la… — Deixo a frase
morrer no ar para ela falar seu nome, meus olhos passam por seu
rosto e em seguida por seu corpo.
Ela está usando uma calça de ioga, regata que está bem
ajustada em seus seios grandes e tênis. Seu cabelo black está
preso no topo da sua cabeça.
Meus olhos voltam para seu rosto e foca em seus lábios que
estão presos entre seus dentes.
Tenho vontade de me aproximar e libertar seus lábios, mas
me contenho.
— Anika Aduke. — Descaradamente me olha dos pés à
cabeça, como fiz com ela.
Esse é o tipo de mulher que gosto, que não se sente
intimidada com o olhar de um homem.
— Quero falar com o dono, poderia chamá-lo? — pergunta de
forma autoritária.
Não afasto o sorriso do rosto quando respondo:
— Para sua sorte, está falando com ele.
Lentamente, Anika se senta em uma cadeira na minha frente
e me sento em seguida, observando como ela está desconfortável,
olhando para os lados, apertando as mãos juntas.
Será que ela pode sentir esta atração entre nós?
Acho impossível não sentir.
Meu Deus, o ar do escritório mudou para algo proibido e
sensual, somente em estar perto dela.
Limpo a garganta tendo sua atenção agora.
— O que deseja? Tem alguma arte marcial em particular que
deseja praticar?
Ela dá uma risadinha e encolhe os ombros.
— Para ser sincera, não faço a mínima ideia do que fazer.
Não gosto de academia e ficar presa dentro de paredes, apenas
mexendo com máquinas. Isso não é o tipo de coisa que me agrada.
Gosto de fazer caminhada ao ar livre, escutando os pássaros no
parque.
Anika dá um sorriso tão lindo, que me faz imaginar um dia
ensolarado em um parque.
— Não entendo o motivo de estar aqui. Claro que aqui não é
uma academia com máquinas, mas você estará presa dentro de
paredes como disse que não gosta.
Anika faz uma cara engraçada e tenta explicar seu ponto de
vista.
— Há duas semanas passei aqui em frente, por curiosidade
entrei para dar uma olhada e o lugar me pareceu ser interessante.
“Como você falou ficarei presa dentro de paredes, mas não
parece ser a mesma coisa do que fujo!
“Vou tentar lhe mostrar meu ponto de vista. Pelo que vi aqui,
os alunos têm contato com o professor, aquele contato físico de lutar
e em uma academia comum não teria isso!
“Além disso tudo que senti foi o aconchego do lugar, não é
algo grande e com máquinas espalhadas.
“Cada lugar que olhamos tem um grupo de pessoas lutando e
outro assistindo.
“Achei legal e quero experimentar.”
Anika termina de falar e estou cheio de orgulho por ter
conseguido fazer o que desde o início queria.
Quando abri a academia com Charles, foi este pensamento
que tive, um lugar para as pessoas se sentirem livres e fazerem o
que quiserem, além de todo o aconchego que não se tem em uma
academia normal. Só fico ressentido por não saber que ela esteve
aqui na semana passada.
— Depois de ouvir isso, vou aconselhá-la a começar pelo
boxe ou autodefesa. Vou entregar a você uns papéis que precisam
ser assinados e são apenas por precaução. Se por acaso você se
machucar ou se ferir, estará ciente. Os exames são para seu
instrutor estar ciente de quão pesado pode ir com você, se tem
algum problema de coração ou outra coisa. Alguma pergunta?
— Eu posso me machucar ou me ferir? — Sua voz treme
quando fala.
Sou sincero com ela, mas tento não a assustar.
— Sim, você pode! Quando você estiver chutando um saco
de pancada pode ocorrer de deslocar seu pé ou pulso.
“Nós, instrutores, fazemos de tudo para que nossos alunos
não se machuquem, mas pode acontecer de você cair de mau jeito
e se machucar.
“Mas fica tranquila que temos um médico aqui e qualquer
coisa estaremos levando você a uma unidade médica o mais rápido
possível.”
Aponto o dedo para o papel.
— Aí tem também um laudo em que você estará nos dando a
autorização de assinar por você, se precisar ir em uma unidade
médica.
Anika me olha ainda insegura, me levanto e dou a volta na
mesa.
— Vem, vou te apresentar a academia corretamente, você vai
conhecer tudo e como serão as aulas.
Ela me dá um suspiro e me segue para fora da sala.
Vou mostrando os setores onde estão ocorrendo os treinos e
Anika fica encantada com tudo até chegar no setor de MMA.
— Eu não farei este esporte... Jesus, não tenho idade para
isso!
Ela ri ainda com o semblante assustado e quando Anika nota
que não falo nada, olha para mim e não estou sorrindo mais ainda.
— Oh, me desculpa, se ofendi, este não é o tipo de esporte
que praticava, você sabe, né?
— Não, não sei? Por que você não faria? — respondo
zangado.
Ela tenta desviar os olhos, mas seguro no seu queixo,
mantendo nossos olhos nivelados.
— A minha idade — responde em um sussurro.
Abaixo um pouco meu rosto, pois sou bem mais alto que ela.
— Não há nada de errado com sua idade... Idade é apenas
um número! Você pode fazer o que quiser, Anika. Vejo a mulher
forte que é! Pare apenas de se preocupar com a sua idade, porque,
para mim, não significa absolutamente nada! — Deixo minha mão
escorregar do seu queixo e dou um passo para trás.
Não seria adequado beijá-la no meio da academia, além
disso, ela não está pronta para admitir que sente atração por mim.
Sei disso pelo fogo que vejo em seus olhos quando ela nota
que estou duro.
Sim, estou duro e minha calça de moletom não esconde isso.
— Vo... Você não chega mais perto de mim. — Sua voz está
trêmula.
Anika se vira e anda apressadamente para longe de mim.
Cruzo os braços sobre o peito e assisto seu traseiro lindo rebolando
para longe.
Mas não por muito tempo.
— Você acha que ela ainda vai voltar depois do que fez?
Olho para Charles que está ao meu lado.
Nem notei que ele se aproximava.
— Não sei, mas agora tenho seu nome e sobrenome, e
posso procurá-la. Não é como se eu pudesse deixar esta mulher
escapar, meu amigo.
Charles gargalha e dá um soco no meu braço.
— Onde está o Domenico Dallamari, que não iria se amarrar
em ninguém?
Sorrio e passo a mão pelo queixo.
— Eu não falei que iria me amarrar a alguém, meu amigo. —
Aponto para onde Anika saiu. — É apenas luxúria. Quando a tiver
em meus braços, isso passará.
Sua arrogância desperta um lado ruim em mim
“Para amar alguém
não importa a classe social ou idade,
a única coisa que importa é a simplicidade de amar.”
(Santino Amaro)
ANIKA
Como aquele filho de uma...
Uma...
Como ele se atreve me tocar ou me olhar daquele jeito?
Soco o volante, furiosa, quando sigo para a Afrodite, o sex
shop que tenho.
Como hoje irei fechar a loja, pedi para que Nicole a abrisse e
no tempo livre que tive, aproveitei para ir à academia que passei
algumas semanas atrás para me inscrever.
Se soubesse que era dele...
Aquele...
Aquele...
Eu não teria ido!
Não colocarei meus pés nunca mais naquele lugar e irei
procurar outra academia!
Afinal a academia dele não é a única na cidade.
Quero dar um tempo nos encontros e já percebi que não
importa a idade, os homens sempre são uns babacas.
Mas isso não significa que desisti de encontrar uma pessoa
que me ame como eu mereça, afinal sou uma romântica incurável.
Acredito no amor e ainda vou ter o meu felizes para sempre.
Tenho meu pequeno e adoro ficar com ele, mas, quando meu
filho vai para a casa do pai ou quando me deito, sinto aquela
vontade de ser abraçada e me sentir amada. Sinto falta de acordar e
fazer amor antes do dia começar, e é por isso que me aventurei em
encontros depois de um ano separada.
Agora quero passar um tempo cuidando de mim, da minha
mente, corpo e alma, e se nesse tempo aparecer o cara que
realmente me mereça, me respeite e, principalmente, ame meu filho,
aí sim, poderei ter um encontro com esse alguém.
No mesmo instante, aparece na minha mente o rosto de
Domenico e seus olhos intensos cheios de luxúria contida. Ele olhou
para os meus lábios de uma maneira que pensei que ele iria me
beijar, mas se afastou dando um passo para longe de mim.
Empurro esses pensamentos para longe, afinal não sei a
idade de Domenico, mas tenho certeza que ele é mais jovem que
eu.
Não ficarei com homens que tenham menos que quarenta e
um anos, pois homens jovens tendem a procurar meninas da sua
idade quando querem algo sério.
Eu não tenho mais idade para brincadeiras e não quero todo
dia levar um homem diferente para apresentar ao meu filho. Quero
algo sério para que possamos sair aos finais de semana com Zaki.
Claro que esse homem não será o pai do meu menino, afinal
ele já tem um pai que o ama muito.
Ted pode não ter sido um bom marido, mas é um ótimo pai,
isso não posso negar.
Para mim, é importante que Zaki ame a pessoa que escolher
para compartilhar a minha vida.
Saio do carro no estacionamento da loja e entro.
Assim que Nicole me vê dá uma risada.
— Bom dia, Anika, como foi na academia?
Só de me lembrar daquele...
Meu sangue ferve!
— Bom dia, Nicole, não gostei do trabalho deles. Vou
procurar outra academia que me agrade.
Ela levanta uma sobrancelha, mas não diz nada e agradeço
internamente.
— Nicole, irei ficar no escritório. Como agora não está tão
movimentado aqui, vou verificar porque não chegou ainda os
pedidos que fiz há duas semanas.
Suspiro.
— Este será o último pedido que farei com esse fornecedor,
pois não suporto mais a demora deles em entregar a mercadoria.
Nicole faz um semblante de dor.
— Só hoje já recebi cinco ligações perguntando sobre os
produtos. As clientes estão atrás das encomendas.
Passo a mão pelo rosto.
— Se elas ligarem, peça que me deem uma semana.
— Tudo bem, falarei isso. Anika tem café fresquinho no
escritório.
Mando um beijo no ar para Nicole quando sigo para meu
escritório.
— Muito obrigada, necessito de cafeína.
Empurro a porta do escritório e antes de me sentar, encho
uma caneca com café. Em seguida, me sento na cadeira, ligo o
computador e começo a trabalhar.
DOMENICO
Seus lábios se abrem e fecham como um peixe e a sua cor
negra some do seu rosto a deixando um pouco pálida.
Dou um passo à frente e Anika dá um passo para trás.
Continuamos nesse ritmo até eu estar dentro do seu apartamento.
— Como você descobriu onde moro? — Fala com a voz
trêmula, tentando se recompor.
Dou um sorriso presunçoso.
— Pelo Google e confesso que foi até fácil. Sabendo seu
nome e sobrenome, joguei as informações no Google e descobri que
você tem uma loja, o Afrodite, sex shop.
Ela me olha espantada.
— Por que você fez isso e o que está fazendo aqui? Não ficou
claro que o quero longe de mim?
Encolho os ombros levantando o saco marrom.
— Vamos discutir isso durante o jantar, porque definitivamente
não ficarei longe de você.
Anika levanta uma sobrancelha, em seguida joga a cabeça
para trás gargalhando. Com este gesto meus olhos viajam pelo seu
corpo e somente agora noto que Anika está apenas com um roupão
de seda.
Seu cabelo está úmido jogado em seus ombros e seus pés
estão descalços.
— Você é perfeita! — Minha voz sai tão rouca que penso que
ela não entendeu bem, então limpo a garganta e volto a falar. —
Você é a mulher mais perfeita que já vi e não estou disposto a me
afastar porque pensa que um número é mais importante do que a
atração que sentimos um pelo outro.
Uma fúria frustrante passa pelos seus olhos e ela suspira,
como se estivesse cansada.
— Domenico, não sinto essa atração que você falou. Na
verdade, quando olho para você, só vejo um garoto que não sabe
levar um “não” e quer experimentar algo novo com uma mulher mais
velha. Mas veja bem, tenho um filho e uma vida que lutei para
conseguir. — Faz uma pausa enquanto seus olhos me perfuram. —
Eu não quero brincar, quero algo sério e promissor. Quer brincar?
Procura alguém da sua idade, porque comigo não vai acontecer
nada. Não irei apresentar o meu filho para homens diferentes, todo
dia, que querem apenas uma noite com uma senhora.
Aproximo meu rosto do dela.
— Eu serei o único na sua cama e que seu filho conhecerá,
Anika. Não estou para brincadeiras se ainda não notou, a quero
como nunca quis uma mulher... Não sou um garoto, sou um homem
que sabe bem o que quer, e esse alguém é você.
Anika tenta retrucar, mas não deixo, capturando seus lábios
em um beijo apaixonado, onde a princípio ela fecha a boca sem me
dar passagem.
Seguro seu grande traseiro e a puxo para colar seu corpo no
meu.
Anika ofega e aproveito para aprofundar nosso beijo, que
rapidamente fica mais intenso. Suas mãos agarram minha camisa e
ela geme de um jeito sexy.
Queria pegá-la em meus braços, colocar suas pernas em volta
da minha cintura e a foder na parede próxima à sua porta para seus
vizinhos escutarem seus gritos de prazer e saberem que esta mulher
tem alguém.
E que esse alguém sou eu.
Nunca me senti tão possessivo com uma mulher, mas Anika
mexe com algo dentro de mim.
Quebro o beijo a deixando ofegante, com os olhos fechados e
sorrio com a linda visão.
Porém, meu sorriso morre quando Anika abre os olhos e o
verdadeiro pecado está escrito neles.
— Não irei ficar para o jantar, pois se ficar vou transar com
você. Eu a desejo tanto que não conseguiria fazer amor com você,
quer dizer, conseguiria somente depois de transar três vezes e aí
sim, poderia ir com calma, apreciando as belas curvas que você tem.
— Faço uma pausa e passo a língua nos lábios, sentindo seu gosto.
Fecho os olhos e dou um gemido antes de continuar. — Não vejo a
hora de estar com o meu rosto entre as suas coxas. Tenho certeza
de que será tão saborosa como um pêssego maduro e suculento...
Humm... Por hora, vou embora com o gosto dos seus lábios. — Abro
os olhos e encontro os dela pesados de desejos com a boca aberta,
implorando para ser beijada.
Linda!
— Não quero mais te ver! E nunca mais me beije. Eu não
sinto nada, absolutamente nada por você!
Dou um sorriso quando coloco o saco com sua comida em um
suporte para chaves. Ela não tem tempo de reagir quando abro seu
roupão e a encontro nua como imaginei que estaria.
— VOCÊ… VOCÊ... ENLOUQUECEU? OH… — grita quando
meus dedos chegam na sua boceta.
— Humm, molhada como imaginei. — Brinco com os dedos
na sua boceta escorregadia.
Ela tenta se afastar, mas a seguro com minha outra mão que
está em sua nuca.
— Essa é a prova que você sente sim... Você está molhada e
isso é por minha causa, Anika, só não consegue admitir. Portanto,
irei esperar o dia em que irá assumir o que sente por mim! —
murmuro.
Meus lábios devoram os seus em um beijo faminto enquanto
dois dedos mergulham na sua boceta suculenta. Com o dedão faço
círculo no seu clitóris e Anika tenta fechar as pernas, mas não
permito e intensifico meus movimentos. Encontro uma protuberância
no seu canal, é o seu ponto U e o acaricio no mesmo ritmo que
acaricio seu clitóris.
Muitos homens não sabem que estimular mais de um ponto
de prazer pode fazer uma mulher chegar ao êxtase. O ponto mais
conhecido é o G, mas tem o U, que é o que estou estimulando em
Anika, entre outros que faz uma mulher ir à loucura.
Ela morde meus lábios quando chega ao seu clímax. Sinto
uma picada de dor e o gosto de sangue preencher minha boca.
Meu pau dói na calça e cuidarei dele quando voltar para casa.
Agora, minha prioridade é Anika.
Afasto a boca da dela e a seguro com o rosto colado no meu
peito, enquanto minha mão ainda está dentro dela. Tiro lentamente a
mão escutando Anika choramingar, em seguida coloco os dedos na
boca e seu sabor explode na língua.
— Oh, tão doce… — murmuro.
Anika levanta o rosto para me olhar e seus olhos se prendem
na minha boca que está sugando os dedos.
— Eles estavam dentro de mim? — pergunta espantada.
Sorrio e tiro os dedos, que agora estão limpos, da boca.
— Sim, estavam e posso garantir que vou amar estar com
minha língua onde os meus dedos estavam.
Anika me olha e seus olhos demonstram uma mistura de
medo, confusão e desejo. Me afasto dela, a colocando firme em seus
pés.
Por hoje, já passei dos limites e quero ir com calma com
Anika.
— Boa noite, Anika, nos veremos em breve. — Dou um beijo
na sua testa e saio.
Ela não reage e acredito que ainda está em êxtase.
Eu vou voltar sempre e mostrarei que nossa idade é apenas
um número.
Não tem como esconder uma atração
“Quando suas mãos estão me tocando
esqueço de tudo à minha volta.”
(Santino Amaro)
ANIKA
Fiquei a manhã toda distraída, sem conseguir esquecer o que
aconteceu na noite anterior. Não pude dormir, meu corpo estava tão
quente que tomei dois banhos e não resolveu até que usei o
vibrador, mas ainda sentia falta de algo quente e proibido.
No entanto, me contentei com o vibrador que me deu dois
orgasmos, claro que nada comparado ao que tinha recebido de
Domenico.
Preciso tirá-lo da minha mente e não posso permitir que ele
ocupe qualquer parte dos meus pensamentos.
Não podemos ficar juntos e Domenico tem que entender isso.
Eu vou me certificar que aquele homem entenda que aquilo
que aconteceu nunca mais acontecerá e se realmente ele aparecer
esta noite falarei isso.
O telefone toca me afastando dos meus pensamentos.
Como é o telefone da loja e o número usado apenas para me
comunicar com Nicole, já sei quem é.
— O que houve, Nicole?
— Chefa, um cliente não para de ligar reclamando que o
pedido que fez ainda não chegou... Achei estranho, por não me
lembrar de tê-lo atendido e agora está exigindo falar com você.
Logo que ela me chamou de chefa presumi que algo tinha
acontecido.
Só me faltava esta, já não tenho problemas demais?
— Nicole, passa o número do meu telefone particular,
resolverei isso!
— Tudo bem, chefa, e me desculpa.
— Tudo bem, Nicole, isso pode acontecer comigo também. —
Desligo o telefone.
Passa um tempinho, o celular começa a tocar, olho o visor e
é um número não identificado. Imagino que é o cliente que irá me
encher de reclamações, por isso dou um gole na minha cafeína, em
seguida deslizo o dedo para o lado e atendo a ligação.
— Anika Aduke.
— Sua voz fica mais sexy pelo telefone, sabia disso?
No mesmo instante cuspo todo o café na mesa.
— DOMENICO?
— Sim, sou eu, liguei para confirmar nosso encontro de hoje
à noite.
Meu temperamento vai a mil com a tranquilidade em sua voz.
— Domenico, estou no meu trabalho esperando a ligação de
um cliente e não tenho tempo para você agora. — Escuto sua risada
e em seguida aquela voz pecaminosa.
— Bem… Eu sou o cliente que ligou reclamando.
Fecho os olhos e tento me acalmar.
— Jesus, você não tem limites? É por este motivo que não
gosto de me envolver com garotos!
— Eu agi assim porque sabia que se ligasse e falasse que
sou eu, você não me atenderia, sabemos disso! Liguei porque sei
que você está se martirizando pelo que aconteceu na noite passada,
mas quero que saiba que não me arrependo de nada e para ser
sincero quero mais que meus dedos dentro de você. — Seu tom de
voz não é mais divertido.
A raiva que estava sentindo é substituída por um desejo
avassalador, uma parte minha pulsa e mordo os lábios para não
gemer.
— Peço que me esqueça, Domenico. Você tem que entender
que não podemos ter nada. Eu não posso ficar com alguém tão...
Tão... Eu não posso! — Suspiro cansada e ele bufa furioso.
— Não posso te esquecer! Pelo amor de Deus, Anika, me dá
uma chance, é só isso que peço! Não é justo não nos conhecer e
você já rotular que não podemos ficar juntos! Me deixa provar que
podemos ser algo…
Fico em silêncio refletindo o que ele disse, realmente
Domenico tem um ponto, eu não dei qualquer chance para nos
conhecer melhor. Se fosse alguém da minha idade já teria aceitado
um encontro, mas por ele ser mais jovem tento mantê-lo longe.
Eu sou uma mulher justa e por isso darei uma chance para
conhecê-lo melhor.
— Tudo bem, te darei essa chance e só peço uma coisa, se
depois de nos conhecer e perceber que não podemos ficar juntos,
você terá que me prometer que me esquecerá.
— Dou minha palavra que a deixarei em paz, Anika —
responde tenso.
“Só peço a Deus que não esteja fazendo a coisa errada.”
— Certo, o que faremos a seguir? — pergunto confusa.
Os encontros que tive não foram os melhores da minha vida,
inclusive parei em uma casa noturna. Não sei qual lugar Domenico
irá me levar e espero que não seja para uma balada.
— Um encontro, irei buscá-la às nove horas da noite.
Mordo o canto da boca antes de responder.
— Para onde me levará? — Escuto sua risada.
— Surpresa, não posso falar.
Reviro os olhos, mas termino rindo.
— Como vou saber o que vestir se não sei aonde vou? Não
quero usar algo que não seja propício para a ocasião.
— Use algo leve, como se fosse assistir um filme à noite.
Franzo a testa.
— Ah, use chinelos de dedos.
Dou um sorriso de lado.
— Eu não vou assistir um filme com chinelo.
Domenico dá uma risada.
— Você vai gostar, é o que espero.
Penso em lugares que ele pode me levar vestida assim e
nada vem em mente.
— Sério que você me quer assim? Não sei se você sabe,
mas nos encontros as pessoas têm a tendência de usar suas
melhores roupas e sapatos — digo com um sorrisinho.
— Minha deusa, este é um encontro entre você e eu. Não
quero impressionar ninguém além de você e para mim, não tem
importância a roupa que estará vestida, o que importa é você e não
suas roupas ou qualquer coisa.
Fico sem fala, pois ninguém nunca falou isso para mim.
Usei as minhas melhores roupas para os encontros
fracassados que tive e não notei o que realmente importava.
— Você está certo, o que realmente importa é quem está ao
nosso lado. Te vejo a noite.
— Até a noite, Anika.
Me despeço de Domenico com uma sensação diferente, não
sei como explicar, só posso afirmar que ela é boa.
Quando descobrir o que sinto, vai passar!
Pelo menos é o que espero.
“Não sabemos explicar alguns sentimentos
apenas senti-los.”
(Santino Amaro)
DOMENICO
Desligo a caminhonete em frente ao prédio onde Anika mora,
dez minutos adiantado.
Estou tão nervoso!
Merda, nunca estive assim, nem quando fui fazer sexo pela
primeira vez fiquei assim!
O tempo que tive um pouco de paz foi quando estava
cozinhando, preparei tudo que vamos comer e espero que ela goste.
Batuco os dedos no volante até que a vejo saindo no portão e saio
da caminhonete para recebê-la.
— Uau, você está deslumbrante!
Anika usa um turbante na cabeça colorido, assim como suas
roupas e afirmo que ela está mais linda do que nunca. Quando
Anika se aproxima percebo que ela não usa maquiagem e sua
beleza simplesmente é natural.
Ela me dá um sorriso que ilumina a noite.
— Vesti algo como se fosse ficar em casa para assistir um
filme.
Pego sua mão, levo até os lábios e dou um beijo suave.
— Você é magnífica e estou admirado por essa beleza toda
ser apenas para ficar em casa.
Não solto sua mão e ela não se afasta quando levanta um
pouco o vestido que cobre seus pés mostrando seu chinelo de tira
de couro.
— Não vamos esquecer dos chinelos.
Percebo que seus pés são lindos com unhas bem-feitas.
— Eles são lindos.
Anika levanta o rosto e me olha. Seguro seu olhar e quero
que ela tenha certeza de que estou falando a verdade.
— Acho que devemos ir. — Sorri quando fala.
— Também acho, vamos.
Seguimos até o carro, abro a porta do lado do passageiro
para Anika, ela entra e fecho. Em seguida, vou para o lado do
motorista e quando me acomodo, me viro em sua direção
observando que ela está terminando de colocar o cinto de
segurança.
— Antes de começar, Anika, peço que esteja aberta para
novas experiências... Você pode fazer isso? Estou sendo sincero
com você, quando falo que nunca senti isso antes. Não posso
afirmar para onde vamos com este encontro, mas quero que seja
com você.
Não estou mentindo quando falo que estou nutrindo
sentimentos por Anika, pensei que poderia tê-la uma vez e tirá-la do
meu sistema, no entanto, depois que senti seu sabor, a desejei
como não desejei qualquer mulher que já esteve em minha cama.
Anika me olha por um instante e em seguida balança a
cabeça.
— Sim, eu posso! Quero que saiba, Domenico, que estou te
dando uma chance para nos conhecer e anote bem em sua mente
que não dou uma segunda chance!
Passo a mão pelo seu rosto antes de responder.
— Não irei precisar da segunda chance. — Dou a partida na
caminhonete e saio.
ANIKA
— OH, NÃO! — grito quando Domenico me puxa para
embaixo d’água.
Seguro o fôlego até voltar à superfície, limpo os olhos com a
costa da mão e olho para ele que está a pouca distância de mim.
Não sei quanto tempo estamos dentro do mar, pois depois de
comer, conversamos um pouco e em seguida ele me arrastou para a
água, que por sinal está uma delícia como ele havia me dito, por
isso bato minhas mãos na água o molhando.
— Você não deveria ter feito isso... — diz ameaçadoramente
enquanto passa a mão pelo cabelo tirando o excesso de água.
— O que você irá fazer a respeito? — pergunto empurrando
seu peito.
Meu plano era afundar Domenico, mas ele prevê o que faria e
me puxa com ele. Afundamos juntos tentando me soltar de
Domenico, mas ele me segura. Quando sinto que estou perdendo o
fôlego, sinto seus lábios sobre os meus.
O ar volta aos meus pulmões, e ele me puxa de volta para a
superfície ainda me beijando. Enrolo meus braços em volta do seu
pescoço e coloco minhas pernas em volta da sua cintura. Suas
mãos grandes seguram minhas nádegas e as apertam quando
esfrega sua dureza no meu centro. A única coisa que nos impede de
nos conectar é sua cueca e minha calcinha. Entramos na água com
nossas roupas íntimas, eu de calcinha e sutiã e Domenico de cueca.
Com cada esfregada da sua dureza no meu ponto mais
sensível, chego mais perto do meu clímax. Minhas unhas arranham
suas costas quando meu corpo treme e Domenico afasta seus
lábios dos meus para morder meu pescoço. Ele geme enquanto
sussurra obscenidade e suas mãos apertam minhas nádegas de
uma maneira que sei que no dia seguinte estará com uma marca,
assim como suas costas.
— Puta merda! Gozei como um adolescente na puberdade.
Levanto o rosto da curvatura do seu pescoço para olhar em
seus olhos.
— Não importa, eu amei! Eu nunca me senti tão viva e, ao
mesmo tempo, livre para poder estar com você intimamente em uma
praia.
Domenico afasta a expressão de horror em seu semblante e
ri tirando uma mecha do meu cabelo do rosto.
— É assim que se deve viver, Anika. A vida é um parque de
diversão onde devemos nos divertir. — Dá um sorriso de lado
aproximando nossos rostos quando sussurra: — Porém, prometo
que quando estiver dentro de você, não vou gozar como um
adolescente.
Sorrio.
— Oh, sim! Espero que isso não aconteça, no entanto, na
dúvida levarei um vibrador da minha coleção.
Os olhos de Domenico brilham com uma luxúria contida,
quando ele rosna.
— Tenho certeza de que não irá precisar, mas se quiser levar
não me importo.
Aproximo os lábios dos dele e o beijo, pois estou viciada em
seus lábios.
Domenico beija tão bem que quero beijá-lo o tempo todo,
inclusive posso imaginar como será ter estes lábios por todo meu
corpo.
— Acho melhor sairmos, não posso ficar doente e nem você.
Preciso mostrar meus lugares favoritos e se estiver doente não
poderá ir.
Ele me abraça por trás e sinto sua dureza me cutucando.
Domenico anda comigo em seus braços até a margem da
praia, em seguida caminhamos para as nossas coisas, mas percebo
quando ele observa meu corpo e faço o mesmo.
Sorrimos quando nos vestimos e não coloco o turbante, pois
meu cabelo está encharcado. Tiro um pouco de excesso de água
dele, porém com a calcinha e o sutiã não tenho a mesma sorte. Elas
molham um pouco meu vestido e olho interrogativa para Domenico
que está com a bermuda seca.
— Por que sua bermuda está seca?
Domenico me olha de uma maneira tão sexy, levantando a
cueca na mão.
— Tirei, na próxima faz o mesmo.
Olho para o meu vestido e faço bico.
Como não pensei nisso antes?
Ah, porque já tem tempo que não vou à praia.
— Relaxa, Anika, você fica linda até molhada.
Estreito os olhos para ele que está rindo.
— Você é um idiota!
Sorrimos quando pegamos nossas coisas e voltamos para o
carro.
Descanso a cabeça no banco enquanto Domenico dirige,
fecho os olhos e sorrio.
Esse foi o melhor encontro que já tive, na verdade, foi perfeito
e olha que nem precisou ser em um restaurante chique para isso
acontecer.
Em uma praia, no meio da areia, tive o encontro que queria
ter há muito tempo, com uma pessoa fora da minha descrição de
homem perfeito.
— Você não me falou ainda muito sobre seu trabalho.
Me afasto dos meus pensamentos com a voz de Domenico,
abro os olhos e me viro para ele que está prestando atenção na
estrada.
— O que você quer saber? — pergunto meia desconfiada.
A última vez que falei com alguém sobre meu trabalho não
me saiu muito bem, mas não posso comparar Domenico com
Leonardo que é um babaca.
— Como veio a ideia de ter um sex shop? Já tem muito
tempo que tem a loja?
Me sento mais confortável e noto que Domenico não está
perguntando isso para fazer alguma piada de mau gosto. Sinto que
ele só quer saber mais de mim.
— Eu sempre gostei de usar brinquedos eróticos e era
superdifícil encontrar, mas o pior de tudo era a entrega. — Gargalho
quando me lembro da primeira vez que comprei um vibrador.
— O que teve a entrega?
Mordo os lábios para parar de rir.
— A primeira vez que comprei um vibrador veio em uma
embalagem nada discreta. Na caixa vinha desenhado um pênis, dá
para imaginar?
“A portaria me ligou avisando que tinha uma encomenda para
mim e que, por favor, não demorasse para buscá-la.
“Na hora não entendi, mas depois que vi do que se tratava
morri de vergonha.”
Domenico gargalha assim como eu, tanto que coloca a mão
na barriga de tanto rir e quando recuperamos nosso fôlego, volto a
falar.
— Depois que a vergonha passou, veio a raiva e a
indignação pela loja não ter qualquer respeito pelo seu cliente.
“As pessoas do meu prédio olhavam para mim, de forma
estranha e depois do acontecido observei que nós, mulheres, não
podemos ter um brinquedo erótico que já somos julgadas.
“Tomei uma atitude, liguei para minha advogada e pedi para
que ela me orientasse, pois iria abrir uma loja online.
“Entrei em alguns sites à procura de referências e
fornecedores.
“Em três meses, consegui criar um site somente para
mulheres, deixando claro que elas teriam suas compras anônimas e
que as entregas seriam as mais discretas possíveis.”
Ao contar para Domenico como nasceu a Afrodite, sinto
orgulho e me lembro até da primeira cliente.
— Tudo começou para ajudar algumas mulheres e terminou
virando um grande negócio. A Afrodite é um lugar livre, sem
julgamento e acho que é por isso que tenho tantos clientes.
Paramos em um farol e ele se vira para mim.
— Pensei que você tinha aberto a loja física primeiro.
Balanço a cabeça em negativa.
— Não, abri a loja depois do divórcio. Estava pensando em
ter mais contato com o público ao invés de ficar sempre pela
internet. Minha loja é para todos os públicos que forem maiores de
idade, inclusive estou pensando em abrir uma filial, pois a minha loja
está indo muito bem.
Domenico volta a dirigir.
— Tem algum lugar em mente, onde a loja seria?
Encolho os ombros.
— Não sei, mas penso em algo maior. Por enquanto vou
apenas estudar o assunto, minha vida deu uma aliviada depois que
contratei uma ajudante, então por enquanto irei aproveitar esse
tempo livre.
Paramos em frente ao meu prédio, entretanto, não saímos do
carro e continuamos conversando.
— Acho lindo, a forma que você fala da sua loja e o brilho em
seus olhos.
— Isto é orgulho do que construí, Domenico. É por este
motivo que tenho este brilho nos olhos. Agora, me fala sobre você...
Por que decidiu ter uma academia?
Uma tristeza passa pelo seu rosto enquanto bate os dedos no
volante.
Nunca se abriu para ninguém
“Temos várias formas de realizar um sonho,
só não podemos desistir deles!”
(Santino Amaro)
DOMENICO
Aquele aperto no peito volta.
Faz tanto tempo que não falo sobre o que me aconteceu há
dois anos, mas me vejo me abrindo para Anika.
Não sei se foi porque ela se abriu comigo, porém, uma coisa
é certa...
Eu me sinto livre para falar o que quiser com ela.
Dou um sorriso sem graça como se estivesse prestes a
contar uma piada.
— Sonhava em ser um grande lutador de MMA. Jesus, queria
tanto seguir carreira que meu único foco era treinar, ter uma boa
alimentação, dormir na hora e eu fazia tudo certo, Anika!
“Meus amigos se afastaram porque não saía mais com eles.
“Meu foco era lutar e se eles não podiam entender aquilo
então não poderiam ficar próximos a mim.”
Faço uma pausa apertando o volante quando fecho os olhos
bem apertados.
Depois de tanto tempo pensei que tinha superado, no
entanto, vejo que não.
Sinto a mão suave de Anika no meu braço.
— Está tudo bem... Se você não puder falar, Dom, vou
entender.
Ainda com os olhos fechados sorrio.
Será que ela notou como me chamou?
Sua mão não para de acariciar meu braço e volto a me sentir
bem.
— Estava com uma luta marcada, seria a minha quinta luta e
o treinador estava confiante, pois iria vencer.
“Me lembro que naquela noite estava muito nervoso, porém,
confiante.
“No primeiro e segundo round fui bem, a confiança subiu pela
cabeça e baixei a guarda.
“Este foi o meu erro...
“Meu adversário aproveitou e finalizou a luta, com isso sofri
uma lesão grave no braço e não pude mais lutar.”
Anika puxa minhas mãos do volante e rasteja para se sentar
no meu colo. Ela envolve os braços em volta do meu pescoço, me
confortando.
— Sinto muito — Anika sussurra, afastando seu rosto do meu
pescoço, passando a mão pelo seu rosto.
— Está tudo bem, é difícil falar sobre o assunto, mas depois
que falei com você, sinto que estou melhor. Olha pelo lado bom,
depois de um ano decidi abrir a minha academia, estou muito feliz
em dar aula e aproveitar a vida o máximo possível. — Dou uma
piscadela e sorrio para ela de verdade.
— Você sempre olha para o lado bom das coisas?
Dou de ombro.
— Sim, porque se não for assim, qual seria a graça da vida
em apenas ficarmos revivendo coisas desagradáveis?
Ela sorri.
— Você está certo.
Sorrio de lado.
— Se acostumar sempre, estou certo?
Ela dá um tapa no meu braço e sai do meu colo.
— Nem sempre, agora vou subir que está tarde e amanhã
logo cedo tenho que buscar o Zaki.
Franzo a testa.
— Zaki?
Anika me olha e vejo um orgulho em seus olhos.
— Já tinha falado que tenho um filho. Ele tem dez anos e seu
nome é Zaki. Meu menino foi passar o fim de semana com o pai e
amanhã vou buscá-lo.
Não paro para pensar quando falo.
— Adoraria conhecê-lo.
Ela passa a mão pelo meu rosto.
— Vamos com calma, já disse que não vou apresentar
homens aleatórios para meu filho.
Seguro sua mão.
— E eu já falei que serei o único na sua vida.
Ficamos nos encarando por alguns segundos, até que
suspiro e saio da caminhonete. Dou a volta até sua porta e a abro
para ajudar Anika sair.
— Boa noite, Anika.
Ela sorri por cima do ombro.
— Boa noite, Domenico.
Observo Anika desaparecer através do portão da portaria,
volto para o carro e sigo para casa.
Estava nervoso, mas foi bom e saiu tudo bem. Conheci uma
parte de Anika esta noite e sinto que realmente ela está deixando
um “nós” acontecer.
Almoço de Domingo
“Família algumas vezes é uma dor na bunda.”
(Santino Amaro)
DOMENICO
Paro o carro em frente à casa dos meus pais e suspiro
quando vejo o carro de Stella.
Pelo jeito, outra vez mamãe está tentando fazer com que eu
fique com Stella.
Estou começando a me cansar disso tudo e ainda não parei
de vir aqui por respeito e amor que tenho por meus pais.
Sou filho único e entendo que mamãe quer o meu melhor,
mas algumas vezes o melhor dela não é o meu.
Faz um mês que estou saindo com Anika e sei de uma coisa,
estou apaixonado por ela.
Se soubesse que ela não se assustaria já a teria pedido em
namoro.
Não tivemos qualquer contratempo com a nossa diferença de
idade, mas parando para pensar não saímos em público ainda.
Não imaginei que poderia me apaixonar por alguém, estava
tão confiante que não namoraria tão cedo e olha eu aqui apaixonado
e feliz, definitivamente, Anika me mudou.
Quero levar Anika para o cinema ou um barzinho, porém,
todas as vezes que a chamo, ela me dá uma desculpa.
Nesse um mês de “namoro”, não transamos e só vou fazer
amor com Anika quando ela realmente aceitar a nossa diferença de
idade, pois sinto que ela não aceitou ainda.
Uma fúria me toma, então olho para a casa dos meus pais
uma última vez antes de ligar o carro e sair dali.
Hoje, antes de vir aqui falei com Anika pelo telefone, pois
estava pensando em fazer algum programa junto com ela.
Porém, ela me falou que teria um jogo na escola do seu filho
e iria com seu ex assistir à partida.
Ela não fez menção em me convidar, mas deixei passar.
Só que estou puto com ela, afinal tudo tem limite, já cheguei
ao meu e vamos ter que chegar em um acordo.
Ou ela, realmente, quer estar comigo ou pode seguir seu
caminho sem mim, mas ficar com alguém que não pode ir a lugares
públicos não dá.
— Droga! — amaldiçoo quando paro no farol e passo a mão
pelo rosto, frustrado.
Eu amo esta mulher de todas as formas possíveis...
Por que é tão difícil ela aceitar isso?
É só mandar os outros ir se foder.
Com a mente cheia dirijo para um parque perto de onde
estou.
Sempre que tinha tempo fazia caminhada aqui, afinal é um
lugar gostoso de se passar um tempo e espero que me acalme.
Depois de dirigir por uma quadra, estaciono o carro em uma
vaga no parque e saio para uma caminhada apreciando o dia
ensolarado. Encontro um carrinho de sorvete e compro um para
mim.
Estou tão distraído que não noto a bola vindo em minha
direção até que ela acerta a minha mão derrubando meu sorvete no
chão. Balanço a mão em uma tentativa de limpá-la e quando olho
em volta procuro por quem jogou a bola.
Um garotinho vem correndo na minha direção, ele deve ter
uns dez anos mais ou menos, está de boné, camiseta, calção e
chuteira.
— Sua bola? — pergunto a ele que dá um sorriso de lado
com o rosto coberto de vergonha.
O seu jeito me lembra alguém, mas deixo passar porque não
me lembro quem é.
— Sim, é minha bola e estou ensinando meu pai a jogar, mas
pelo visto ele não está aprendendo.
Sorrio, com a expressão cansado que ele faz, em seguida um
homem vem correndo parando logo atrás do menino.
Olhando para os dois percebo que é o pai do garoto.
— Filho, encontrou a bola?
O garoto levanta o queixo apontando para mim.
— A bola derrubou o sorvete dele.
O homem me olha horrorizado.
— Jesus, desculpe! Não sou bom nisso, mas, pelo meu filho,
faço este sacrifício que é jogar bola.
O menino suspira cansado.
— Papai, acho melhor pararmos antes que acerte mais
alguém.
Eles riem e encolhem os ombros.
— Se quiser posso dar uma aula para você, jogo bola
algumas vezes e estou precisando ocupar a cabeça hoje.
O alívio no rosto do homem é visível.
— Você está convidado a se juntar a nós.
Andamos até o lugar onde estavam jogando, o homem que
até então não sei o nome me joga a bola e a pego no ar.
— E A PROPÓSITO, SOU DOMENICO
— TED E ZAKI, MEU FILHO, PRAZER, DOMENICO.
Franzo a testa e paro.
— COMO DISSE? — pergunto ainda confuso quando uma
voz atrás de mim, grita o nome dos dois que estão a alguma
distância.
— VEM RAPAZES, TROUXE OS SORVETES.
Me viro lentamente em direção a voz, seus olhos encontram
os meus e os sorvetes nas suas mãos caem no chão.
— Anika?
Ela me olha com os olhos assustados.
— Domenico? — sussurra e seu ex ou quem quer que seja
está ao nosso lado com seu filho.
Agora entendo com quem parecia o sorriso de lado de Zaki, é
com sua mãe, Anika.
— Mamãe, vocês se conhecem? — Zaki pergunta sem
afastar nossos olhares e respondemos juntos.
— Não — Anika diz.
— Sim — digo.
Jogo a bola para Ted e me viro para sair.
— Acabei de lembrar que tenho algo para fazer, por isso
deixarei esta partida para outra hora.
Me afasto com algo martelando na minha cabeça.
Anika mentiu para mim e agora tenho certeza de que ela
sente vergonha de estar com alguém mais jovem, ou ela está
voltando para seu ex e não quer que ele saiba de nós.
Não sei qual a resposta para isso, mas estou muito puto
agora para ser compreensivo.
É por este motivo que ficamos escondidos no seu
apartamento?
Este é o motivo para tudo?
Entro no meu carro e vejo quando ela vem correndo com seu
filho e o ex logo atrás. Dou partida e dirijo para a academia.
Desta vez não quero ir a qualquer lugar que não seja o lugar
onde irei tirar essa raiva de mim.
Desligo o celular logo que entro na academia e estou
sozinho.
Hoje não abrimos e isso é bom, pois, não quero falar com
ninguém, apenas socar, chutar e treinar até a exaustão.
Arranco a roupa ficando somente de cueca e entro no tatame.
O medo que tenho de te perder
“Existem momentos que nos fazem questionar se estamos fazendo a escolha
certa.
São nestes momentos que devemos ouvir o nosso coração!”
(Santino Amaro)
ANIKA
Coloco as mãos na cabeça quando as lágrimas escorrem
pelo rosto, meus sentimentos estão à flor da pele e sinto que logo
entrarei no meu período.
Toda vez que estou próxima do meu período, meu corpo
muda, assim como meu temperamento. Choro, sorrio e fico com
raiva, tudo, ao mesmo tempo, e neste momento ver como Domenico
saiu está me matando.
Ele deve estar pensando tantas coisas e muitas delas não
são verdadeiras.
Jesus, por que menti para ele?
Seria tão fácil se tivesse dito a verdade.
— Anika, tudo bem? Quem é ele?
Me viro para Ted que está com o rosto preocupado e o nosso
menino que me olha com seus olhinhos preocupados.
— Ele é alguém especial para mim, mas não posso falar
agora, Ted, preciso resolver isto, por favor, entenda e cuide de Zaki
para mim.
Ted balança a cabeça.
— Tudo bem, Anika. Zaki, fica esta noite comigo.
Abaixo na frente do meu filho e beijo sua bochecha.
— Você vai ficar com o papai e qualquer coisa pode me ligar.
Mamãe irá resolver uma coisa e depois vou te buscar, se comporta
e come toda a comida.
Zaki ri e franzo a testa com sua reação.
— Enfim, você encontrou um namorado.
Levanto a cabeça para olhar para Ted que olha para qualquer
lugar menos para mim e limpo a garganta antes de falar.
— Depois nos falamos, ok?
Zaki ri ainda mais.
— Tudo bem, mamãe.
Dou mais um beijo nele e saio correndo a procura de um táxi.
O primeiro que passa na minha frente, balanço o braço como uma
louca e quando ele para, entro dando o endereço do apartamento
de Domenico.
Agradeço a Deus por não ter trânsito e logo chegamos em
frente ao seu prédio.
— Me espera, vou pagar pelo dia.
Não espero que o motorista responda, pego a bolsa e saio
rumo a portaria.
Nunca estive aqui, mas é o único lugar que pensei em vir e
pedi para o motorista ficar a minha espera porque não sei qual será
a reação de Domenico.
— Olá, boa tarde, quero ir ao apartamento de Domenico
Dallamari.
O senhor me olha por um instante e faço cara de choro.
Sei que não irá demorar para estar chorando de qualquer
forma.
— Por favor, sou a namorada dele.
Nunca tinha me referido a Domenico como meu namorado,
porque nem sei o que está acontecendo entre nós e tenho medo de
como as pessoas vão pensar de alguém tão velha, como eu, estar
junto com um homem tão jovem como ele.
— Ele não está aqui, senhorita. O senhor Dallamari saiu cedo
e não voltou ainda.
Vejo sinceridade nele.
— Você conhece outro lugar que ele pode estar?
Ele pensa.
— Não sei.
— Obrigada — respondo desanimada.
Saio do prédio chorando, entro de volta no táxi e peço para
me levar para o meu apartamento.
Abaixo a cabeça e choro baixinho até sentir o carro parar e
imagino que já chegamos, pois, só quero me enrolar no meu
cobertor e chorar.
Porém, quando levanto a cabeça, olho para fora e estamos
parados no farol, ao lado tem um outdoor com a imagem de dois
lutadores de boxe.
— A academia… — sussurro e em seguida grito para o
homem. — ME LEVA PARA A ACADEMIA DALLAMARI AGORA.
O motorista se assusta, mas segue a minha ordem.
Sinto que Domenico está na academia.
Desta vez, quando o motorista estaciona em frente da
academia, não peço para ele me esperar. Me aproximo da porta e
tudo está fechado, mas o barulho de pancada é audível e sei que
meu homem está aqui.
Tiro um grampo do cabelo e abro a porta.
Sim, eu já fui uma adolescente rebelde.
Fecho a porta atrás de mim e ando na direção de onde vem o
barulho.
Congelo no caminho quando vejo que Domenico está coberto
por suor, sua pele brilha e seu cabelo negro está jogado no seu
rosto. Ele está socando um saco de pancada como se fosse a última
coisa da sua vida.
Me aproximo lentamente não por medo de como ele está,
mas por medo dele não querer nada mais comigo.
Acho que ele sente a minha presença porque sua cabeça se
levanta.
Posso ver agora seus olhos selvagens e seu peito que sobe e
desce.
Não paro por aí, tiro minha sandália e entro no tatame. Me
aproximo do meu homem e coloco a mão no seu peito quando digo:
— O que vou te falar não foi ensaiado porque nem tempo tive
para isso. — Dou um sorriso de lado e ele continua me olhando em
silêncio. — Quando te vi saindo daquele parque só queria encontrá-
lo e me jogar em seus braços, Domenico, mas sei que você merece
uma explicação e estou aqui para te dar isso. — Minhas mãos
passam pela sua pele morna e ele grunhi. — Estava com medo de
como as pessoas vão reagir a nós. Jesus, sou mais velha que você
e não quero que o que sentimos acabe porque a sociedade pensa
que é fora do padrão. Esse foi o motivo de não o apresentar a Ted e
Zaki ou sair com você em público. — Uma lágrima escorre pelo meu
rosto.
Domenico abaixa a cabeça, se aproximando de mim.
— O que mudou agora, Anika? Por que está aqui? —
pergunta com a voz grave.
Passo a língua em meus lábios ressecados.
— Você... Eu tenho mais medo de te perder do que da
opinião da sociedade! Eu te amo, Domenico Dallamari e estou aqui
para perguntar se você aceita namorar comigo.
Ele me olha por alguns segundos.
Sei que Domenico está me analisando para saber se estou
falando a verdade e quando percebe que sim, sorri.
— Eu aceito namorar você... Eu te amo, mulher.
Seus lábios capturam os meus, me beijando fortemente e em
resposta jogo os braços em volta do seu pescoço. As mãos de
Domenico agarram minhas nádegas, levantando para que minhas
pernas estejam em volta da sua cintura. Ele se ajoelha comigo
grudada nele e lentamente me coloca deitada no tatame.
Domenico levanta a cabeça e olha em meus olhos.
— Todo este tempo não fiz amor com você, Anika, porque
não senti que realmente queria estar comigo... Que nossas idades
não passariam de um número, mas vejo isso agora e vou fazer amor
com você aqui neste tatame. Se não estiver de acordo podemos ir
para qualquer lugar.
Arqueio o corpo e puxo o vestido pela cabeça ficando apenas
de calcinha.
— Não ligo para o lugar se estiver com você.
Seus lábios voltam a me beijar, em seguida beija meu
pescoço e vai descendo até chegar nos meus seios. Sua boca
morna e seus dentes me deixam quente, por isso começo a gemer
baixinho até que sinto meu centro ficar escorregadio.
Domenico afasta a calcinha para o lado e beija minha parte
escorregadia como se estivesse me fodendo. Jogo a cabeça para
trás gritando seu nome e obscenidades quando gozo na sua língua.
Ele levanta o rosto entre as minhas pernas e me olha com o rosto
sofrido.
— Não tenho camisinha, droga! — Passa a mão pelo cabelo
molhado, com um sorriso enquanto estão mole depois de gozar.
— Estou limpa, tomo anticoncepcional e confio em você.
Ele beija meus lábios.
— Tenho todos meus exames no meu escritório, se quiser
pode ver antes.
— Eu já falei, confio em você.
Domenico se afasta para tirar a cueca e não consigo ver
muito do seu pau.
Não ligo para isso porque terei tempo para vê-lo depois.
Domenico volta a ficar entre minhas coxas e logo sinto seu
pau em minha boceta. Ele vai empurrando lentamente e seus olhos
não se afastam dos meus.
— Eu te amo — sussurro de volta.
— Também te amo.
Seus movimentos fluem, entrando e saindo de mim, enquanto
seus lábios não deixam os meus.
Seus beijos são lentos degustando minha boca.
Nosso corpo se une de uma forma que não consigo explicar e
somos apenas um agora.
Meus dentes mordem seus lábios quando sinto a onda de
espasmos me agarrar.
Domenico não acelera seus movimentos, ele apenas vai mais
fundo e posso senti-lo por completo. Aperto em volta do seu eixo,
nosso corpo vibra e nos entregamos a nossa paixão.
Cada jato de sêmen que sai do seu membro, sinto em meu
interior.
Nosso corpo para de se movimentar, mas ainda ficamos
conectados e não paramos de nos beijar.
— Foi lindo — murmuro depois de algum tempo.
Fico deitada com a cabeça apoiada no seu peito e sua mão
acaricia meu cabelo.
— Você é linda, Anika, e não quero sair de dentro de você.
Dou um sorriso.
— Quero você dentro de mim, o tempo todo.
Com uma manobra, ele me coloca embaixo dele, se
posiciona entre minhas coxas e percebo que seu membro já está
duro.
— Então não vou deixá-la esperando.
A gargalhada fica presa na minha garganta quando ele entra
em mim, em um único golpe.
Me sinto feliz e completa.
Não preciso de muitas mulheres, preciso apenas de uma
“Pare de pensar "e se" e reaja sem medo,
se não der certo é porque não era para ser.”
(Santino Amaro)
DOMENICO
Guardo o celular no bolso da calça jeans, quando Charles
chega no barzinho que marcamos para nos encontrar.
— Hei, cara.
Nos cumprimentamos batendo o punho no outro.
Charles se senta no banquinho ao meu lado e ergue a mão
chamando uma garçonete que logo se aproxima.
— Traga duas cervejas, por favor.
A garçonete sai e percebo que Charles está olhando para a
bunda dela.
Balanço a cabeça rindo, ele me observa e dá de ombros.
— O que foi? Uma diversão para o fim da noite.
A garçonete volta com duas cervejas e sorri para Charles que
pisca para ela.
— Qual é seu nome, linda?
Seu rosto fica corado.
— Chris.
— O nome é tão lindo como você, Chris.
Charles, é um filho da puta e sabemos que ele não vai sair
com essa garota.
Ela não é o seu tipo de mulher, é tímida e meu amigo gosta
de mulher do tipo Mia, aquela garota que ficamos alguns meses
atrás.
Sei que com essa aqui, ele quer curtir um pouco usando seu
charme.
Charles é bonito, tem um metro e noventa de altura, cabelo
loiro na altura dos ombros, barba por fazer, estilo guitarrista de
banda de rock e é bonito.
Eu sou homem e não ligo em falar isso.
— Chris, este é meu amigo, Dom. Você se importa em se
divertir a três?
A garota deixa a cerveja de Charles virar, derramando o
líquido na sua calça.
— Porra! — rosna e eu gargalho.
— Desculpa, desculpa. — Chris se desculpa enquanto um
homem se aproxima e presumo ser o seu chefe.
— O que está acontecendo aqui? Está fazendo merda
novamente, Chris?
O homem é grosseiro e estou prestes a colocar esta
merdinha no seu lugar quando Charles toma a frente.
— Ela não fez nada, fui desastrado e acabei derramando a
cerveja. Porém, mesmo que ela tivesse derramado, você não teria o
direito de falar com ela dessa maneira.
O homem ri e percebo que meu amigo vai socá-lo, o que me
faz segurar o braço de Charles.
— Acho melhor a gente ir.
Charles está fuzilando o homem com os olhos.
— Não, viemos tomar uma cerveja e é isso que vamos fazer.
Chris, por gentileza, traga outra cerveja para mim — Charles diz.
Com o rosto assustado ela sai, já o chefe nos olha por um
tempo e em seguida se afasta.
— Tudo bem, cara?
Charles passa a mão pelo cabelo e ri.
— Não, não estou bem... Iria brigar com um cara por uma
mulher, mas você viu como ele falou com ela? Que merda!
— Eu vi, não é certo e você não deveria provocá-la. Você
nem vai sair com ela.
Charles dá de ombro.
— Não vou sair com ela, mas isto não quer dizer que não
gostei do seu jeito tímido.
Chris volta com a bebida de Charles.
— Obrigada, você salvou meu trabalho — agradece
sussurrando.
Ele ri.
— Então, você me deve — Charles diz sorrindo.
— Sim — diz tímida com a cabeça baixa.
Ela se afasta para atender outra pessoa e ficamos a sós.
— Então marquei com a Mia hoje, se lembra dela? —
pergunta erguendo as sobrancelhas. — Topa? Ela quer nós dois
outra vez.
Dou um gole na minha bebida e deixo a garrafa na bancada.
— Procura outro... Eu não quero.
Charles me olha com descrença.
— Você está recusando uma foda por uma mulher?
Pego a carteira no bolso, jogo algumas notas na bancada.
— Sim, não preciso de muitas mulheres, apenas de uma, e
por hoje estou indo para minha casa... Boa noite, Charles.
Se fosse alguns meses atrás ficaria mais que feliz em topar
sexo a três, mas hoje em dia só quero uma mulher, Anika.
ANIKA
Espero Zaki se afastar para poder falar com Ted a sós, o
conheço tão bem que sei quando algo o incomoda e ele está
inquieto desde que saímos da reunião de pais da escola de Zaki.
— Me diga o que está te incomodando, Ted?
Ele anda pela sala parecendo ainda mais inquieto, vou para
a cozinha e preparo um chá enquanto a chaleira não apita. Pego
alguns biscoitos e coloco em dois pratinhos em cima da bancada.
Ted entra, pega um biscoito e joga na boca.
— Anika…
Levanto meu rosto.
— Pode falar o que tem a dizer, Ted.
Ele passa a mão pelo cabelo antes de falar.
— Entendo que você está começando a sair com alguém
agora, mas não acha que este "alguém" é muito jovem? Jesus, ele
tem idade para ser seu filho! — Faz cara de deboche.
Não falo nada esperando que ele termine de falar, mas
posso garantir que meu sangue está começando a esquentar.
— Um garoto!
“Aposto que ele não vai querer nada sério com uma mulher
da sua idade.
“Anika, você é novidade e logo que não for mais, ele irá atrás
de uma garota da idade dele.
“Sei que você vai ficar deprimida quando isso acontecer.
“Zaki vai assistir um desfile de homens entrando e saindo do
seu apartamento e não posso concordar com sua atitude...
“Era isso que queria falar.”
Tranquilamente deixo a xícara de chá na sua frente e dou um
pequeno gole na minha, em seguida abaixo deixando em cima da
bancada. Tenho certeza de que a minha voz é tranquila, porém, sai
faísca dos meus olhos.
— Antes de tudo, Ted, você não tem que concordar ou
discordar com nada na minha vida.
— Anika… — Ele tenta falar, mas levanto a mão.
— Você já falou, agora é a minha vez. Ted, você está sendo
um hipócrita e quem anda fazendo um desfile aqui é você.
“Com um mês de separados, você já estava seguindo em
frente e desde então Zaki vem me falando que cada semana é uma
mulher diferente na sua casa.
“Agora me diga, em algum momento chamei sua atenção?
“Não, né?
“Sabe por quê?
“Eu sei o pai que você é e não me importa com quem sai,
pois Zaki sempre será sua prioridade.”
Faço uma pausa para colocar meus pensamentos em ordem.
— Estou aqui me perguntando se você notou, mas você
sabe a idade das garotas que sai com você?
"Porque a última que vi poderia ser sim, a sua filha.
“A menina não passava dos vinte anos e para constar
Domenico tem mais que isso.
“Se tenho trinta e cinco anos, faz as contas e veja se posso
ser mãe dele.
“Mesmo que fosse, não é da sua conta e sua obrigação é
com Zaki...
“A minha vida não é mais da sua conta.”
Olho firme para ele, que está de boca aberta.
— Eu te respeito e espero o mesmo da sua parte.
“Nunca mais chame Domenico de garoto, ele tem nome e é
um homem magnífico.
“Quero que saiba, Ted, que apresentei Domenico para Zaki,
porque tenho certeza do que quero e foi por este motivo que passei
um ano organizando minha vida, preparando Zaki para dar um
passo deste e apresentá-lo a alguém, que no caso é meu
namorado.”
Noto o momento que ele engole em seco.
Sim, com educação o coloquei no seu devido lugar. Ted é
meu ex-marido, pai do meu filho, e apenas isso.
— Anika, me desculpe pelo que falei. Só pensei que você
estava tão fascinada pelo ga... Domenico, que não estava
pensando com clareza.
Estreito os olhos para ele.
Conheço Ted tão bem e sei que não se arrependeu do que
falou, já que foi o que pensa e não mudou nada depois do meu
discurso.
— Vamos deixar algo claro aqui, Ted, quando quiser vir me
chamar para conversar, que seja sobre o nosso filho, se não for o
caso, guarde sua opinião para você. Não me meto na sua vida e
faça o mesmo com a minha. — Pego um biscoito, dou uma mordida
e ele faz o mesmo.
O silêncio que recaí sobre nós é constrangedor.
Quando terminamos deixamos as xícaras na máquina de
lavar e sigo para sala com ele logo atrás de mim.
— Vou dar um beijo no Zaki antes de sair.
Balanço a cabeça concordando e me sento no sofá ligando a
televisão em qualquer canal.
Estou chateada com Ted.
Depois que nos separamos estávamos nos dando muito bem
e noto agora que era porque não tinha encontrado ninguém. Ele
poderia ter um monte de namorada, mas eu teria que ficar sozinha.
Ted gostando ou não vou reconstruir minha vida e torço para
que ele faça o mesmo, pois gosto muito dele e desejo o melhor.
Escuto seus passos se aproximando e logo ele está na
minha frente.
— Estou indo, Anika, boa noite.
Me levanto para levá-lo até a porta.
— Boa noite, Ted.
Ele me olha por mais alguns segundos antes de seguir para
o elevador.
Fecho a porta e me encosto nela deixando um suspiro
frustrado escapar dos meus lábios, então coloco a mão no peito
quando sinto um aperto.
Tenho o pressentimento que meu relacionamento vai passar
por muito julgamento ainda.
Cinema tudo de bom
“A simplicidade da vida nos faz feliz.”
(Santino Amaro)
ANIKA
Minhas bochechas estão doendo de tanto rir, Domenico
passou hoje mais cedo no meu apartamento e pegou Zaki e eu para
ir ao cinema.
Meu filho escolheu o filme, um desenho de comédia, “O
bicho vai pegar” e acho que nunca demos tanta risada como hoje.
— Dom, mamãe, vamos assistir à continuação, por favor. —
Junta as mãos e faz biquinho.
Dom, como estamos chamando Domenico, olha para mim e
não resistimos.
— Vamos para a segunda sessão e assistir à continuação.
Querida, você poderia pegar pipoca e refrigerante enquanto isso vou
com este garotão comprar os ingressos. — Ele me dá um beijo
rápido e se afasta com Zaki todo feliz.
Ainda sorrindo fico na fila para pegar nossas pipocas e
refrigerantes. Quando chega a minha vez a atendente me
cumprimenta com um sorriso ensaiado.
— Em que posso ajudá-la?
Não gosto do jeito que ela me olha, mas relevo.
— Preciso de três pipocas e três refrigerantes, por favor.
Ela sai para pegar o que pedi, vejo que murmura algo para
sua colega de trabalho e quando volta com o meu pedido está com
o mesmo sorriso. Pago, pego as coisas da sua mão, dou dois
passos e escuto as duas rirem.
— Com certeza a velha é cheia de grana... Um gostoso
daquele deveria ficar com alguém como nós, jovens e lindas — uma
delas diz.
Penso em continuar andando, porém, essa não sou eu.
Não irei engolir calada sem retrucar, por isso volto e quando
elas me veem param de rir.
— Lindas? É isso que vocês pensam que são? — Meus olhos
passam demoradamente por seus corpos, parando em seus rostos.
— Vocês são feias, a aparência não é tudo e o tempo vai passar.
“O corpo que vocês têm agora, não terão para sempre e o
que sobrará é o interior.
“Adianto que o de vocês são horríveis.
“Só para constar, ele é meu namorado e está comigo porque
me ama.
“Vocês não vão entender isso porque não sabem o que é
amor e pensam que dinheiro é tudo.”
As duas me olham com a boca aberta e estou prestes a sair
quando um homem na faixa dos quarenta anos fica logo atrás delas
e me olha.
— Posso saber o que está acontecendo?
Afasto meus olhos delas e olho para ele.
— Você deveria treinar melhor suas funcionárias, pois elas
deveriam respeitar todos, não importando a idade ou cor de pele.
Seus olhos se arregalam e a cor some do seu rosto.
— Desculpa, minhas funcionárias... Senhora, irei tomar
providências a respeito do acontecimento, peço que aceite um vale
de três meses como sinal de desculpas. — Ele estende um cartão,
mas não pego e sacudo a cabeça.
— Não há necessidade, só peço que elas tenham mais
respeito. — Dessa vez não espero, me viro e saio dali.
O que aconteceu hoje, sei que vai nos acontecer muitas
vezes e que vou me sentir mal todas as vezes, como me sinto
agora.
— Amor, tudo bem?
Olho para Domenico parado na minha frente com o
semblante preocupado e tento colocar um sorriso no meu rosto.
Não vou permitir que este incidente estrague nossa noite.
— Tudo bem, conseguiu os ingressos?
Ele me olha por um tempo em seguida ri e sei que Domenico
fez as vontades do meu filho.
— Compramos seis ingressos, três para a sessão do “O
bicho vai pegar 2”, e três para um “Espião animal.”
Estreito os olhos para ele que está rindo.
— Vamos maratonar desenhos.
Entramos na sala de cinema e sorrio, esquecendo o que
aconteceu.
DOMENICO
Estou com os braços atrás da cabeça, olho para o teto e
penso sobre a conversa que tive com Charles ontem, mas no
momento seguinte esqueço o que estava pensando quando a
atmosfera muda e um ar erótico invade o quarto.
Arqueio o corpo e meus olhos capturam os dela que estão
felinos esta noite.
Deixo os olhos percorrerem por seu corpo que está coberto
por uma camisola preta transparente que me dá o privilégio de ver o
que tem por baixo, uma minúscula calcinha preta de renda e um
sutiã da mesma cor e tecido sem bojo que me permite ver seus
mamilos.
Meus olhos descem para suas coxas torneadas que estão
com meias e uma cinta-liga que prende na calcinha. Para completar
em seus pés tem um scarpin perto.
Nossos olhos se encontram outra vez, Anika levanta a mão e
com o dedo me chama. Rastejo pela cama e quando estou na ponta
da cama, ela me manda ficar sentado.
Nunca na minha vida fiquei tão feliz em obedecer a uma
mulher.
Ela anda pelo quarto, mas parece que está flutuando.
A leveza e elegância é notável em cada passo que ela dá e
meus olhos não se afastam de Anika um só minuto. Ela liga o som
do quarto e uma música sensual começa a tocar, fica no meio dele
de costas para mim e suas mãos passam lentamente por todo seu
corpo. Seus movimentos sensuais me deixam a ponto de correr
para pegá-la em meus braços e beijar seus lábios.
Anika se vira lentamente para mim, deixa os braços ao lado
do seu corpo, movimenta seus quadris e em nenhum momento seu
rosto deixa de ser sensual.
Esta mulher vai me matar e vou morrer feliz!
Ela movimenta seus ombros, ao mesmo tempo, em que seus
quadris balançam e suas mãos passam pelos seus seios quando ela
me olha.
Não me lembro em que momento que ela pegou a cadeira da
sua penteadeira, só noto quando ela apoia as mãos nos braços da
cadeira de costas para mim e empina o bumbum na minha direção.
Anika balança o bumbum no mesmo tempo em que suas pernas
abrem e tenho a visão do paraíso.
Ela volta a repetir o gesto para no momento seguinte se
sentar na cadeira de pernas aberta com sua boceta em plena
exibição. Corro a língua em meus lábios e posso me lembrar de
quando meus lábios estavam devorando a sua boceta.
Meus olhos estão enfeitiçados por sua sensualidade, Anika
passa as duas mãos em sua cintura e vai subindo até seu cabelo
cacheado que ela coloca para cima. Não posso mais me segurar
quando escorrego para o chão e vou atrás dela de joelhos.
— Não consigo mais só assistir, não sou um homem
paciente...
Seus lábios se abrem em um sorriso sexy e lentamente sua
cabeça concorda.
— Eu sei, me admiro por apenas ter ficado assistindo até
agora.
Pego seu pé direito, o coloco em cima da minha coxa e tiro o
seu sapato, depois faço o mesmo com o outro pé. Começo
massageando o peito do seu pé sem afastar meus olhos dos dela.
Anika morde os lábios quando minha mão massageia sua
panturrilha. Minha massagem vai subindo até chegar na sua coxa e
com um único movimento solto o fecho que prende a cinta da
calcinha.
— Oh! — Ela geme.
Passo minha mão por toda sua perna e em seguida levo seu
pé até meus lábios e o beijo. Observo os nós dos seus dedos
ficarem brancos quando ela aperta os braços da cadeira. Acabei de
descobrir que Anika fica excitada ao tocar seu pé.
Quando estou satisfeito, coloco seu pé lentamente no chão e
pego o outro e repito meu gesto. Anika se levanta e pede para que
eu me sente na cadeira. Assim que faço ela se senta no meu colo e
volta a dançar rebolando. Seguro seu cabelo, beijo seu pescoço e
ela arqueia as costas, mas não para de se mexer.
Minhas mãos descem, passando por seus seios e param na
sua cintura. Levanto os quadris e começo a me movimentar
embaixo dela no mesmo ritmo. Estamos dançando de um jeito tão
erótico que não precisamos tirar nossas roupas para estar
transando.
Nunca tive uma preliminar como essa...
Afirmo que esta mulher está me levando à loucura.
— Tira a minha roupa — ordena em um choramingo.
Minhas mãos se aventuram aproveitando cada segundo,
segurando as alças da camisola e lentamente as abaixo beijando
seus ombros.
Uma parte da sua roupa fica ao redor da sua cintura e Anika
levanta os quadris me dando acesso para baixar sua roupa. Termino
de tirar as peças que usa e no processo tiro sua calcinha junto. Ela
sai do meu colo e seu peito sobe e desce ofegante. Seus olhos se
encontram os meus, sem qualquer palavra, Anika segura o cós da
minha cueca puxando para baixo e arqueio meus quadris facilitando
o movimento.
Ela volta para o meu colo, mas desta vez estamos nus.
Seguro firme no braço da cadeira quando meu pau afunda na sua
boceta escorregadia.
— Jesus Cristo!
Preciso de cada força que ainda possuo para não gozar.
Seu olhar, seus lábios, seu cheiro e seu corpo sobre o meu é
uma combinação perfeita.
Anika coloca os braços em volta do meu pescoço e com os
olhos nos meus ela rebola, começando a dançar no meu colo com
meu pau pulsando no seu interior. Deixo os braços da cadeira para
segurar seus seios e massageá-los. Ela morde os lábios, arqueia as
costas e abaixo a cabeça tomando um dos seus seios na minha
boca, mamando como um menino faminto por estar dias sem uma
refeição.
Junto os dois seios e revezo entre eles, mamando e
mordendo seus bicos endurecidos. Em seguida, deixo meus lábios
subirem pelo seu pescoço passando por sua clavícula até se
chocarem nos seus lábios que me recebe com um beijo
avassalador. Suas mãos puxam meu cabelo, sinto o couro
queimando e esta sensação de sedução faz meu pau ficar tão duro
que chega a doer.
Abraço seu corpo sem afastar nossas bocas e movimento
meus quadris para cima, encontrando com os dela.
Aqui não é apenas sexo suado, aqui somos um só!
Nossos corações estão em sintonia e nosso corpo se
movimenta como se fosse um só. Quando alcançamos o nosso
clímax alucinante, espasmos deixam nosso corpo em combustão e
gritamos entre beijos e mordidas.
Antes de sair desta confusão de sentimentos, Anika olha em
meus olhos.
— Eu te amo.
Um sentimento forte invade meu peito sempre que escuto
estas três palavras saindo dos seus lábios.
Para ser honesto, ela não precisa me falar, afinal vejo escrito
em seus olhos.
— Eu te amo, Anika.
Ficamos abraçados até que nossa respiração se normalize e
quando isso acontece, pego Anika em meus braços e a levo para a
cama, a enrolando no cobertor.
Eu me afasto para pegar minha roupa.
Nunca dormi na sua casa e essa é a primeira vez que
fizemos algo aqui. Já nos beijamos no sofá, na porta, mas nunca
dentro do seu quarto.
— Você está indo aonde?
Coloco a cueca e me viro para ela que está com o semblante
sonolento.
— Casa.
Ela franze a testa e logo explico.
— Não é o que você pensa... Acho que é melhor você
conversar com Zaki primeiro, não gostaria que ele estranhasse ao
acordar, me ver aqui e saber que passei a noite com a mãe dele.
Anika passa a mão pelo cabelo e ri.
— Se for por isso pode ficar tranquilo, Dom, já conversei com
Zaki sobre o caso de você algum dia passar a noite aqui. Quando
comecei a namorar imaginei que mais cedo ou mais tarde isso iria
acontecer, então preparei meu menino.
Suspiro aliviado e subo na cama pegando Anika em meus
braços.
— Você é uma mãe maravilhosa, sabia disso?
Ela dá uma risadinha.
— Tento fazer o meu melhor... Erro como qualquer pessoa,
mas tento ao máximo ser a melhor mãe para Zaki.
Ela já é a melhor...
Fecho os olhos, inalando seu cheiro e assim adormeço.
Momento de homens
“A simplicidade faz alguns momentos únicos,
como um café da manhã em família.”
(Santino Amaro)
DOMENICO
Escuto passos pelo ambiente quando estou terminando de
preparar os ovos mexidos com bacon. Não demora muito para Anika
e Zaki entrarem na cozinha.
— Humm, que cheiro bom — Anika diz.
— Bom não, mamãe, delicioso!
Me viro para os dois.
— Pensei em fazer o café da manhã, espero que não se
importe por ter usado sua cozinha.
Anika se aproxima e beija meus lábios quando se afasta rindo.
— Se for para cozinhar algo delicioso assim, pode usar minha
cozinha quantas vezes quiser.
Eles se sentam na ilha, pego a frigideira e sirvo cada prato. Ao
terminar deixo a frigideira na pia e me sento junto com eles.
— Bom dia, Zaki, como passou a noite?
— Bom dia, Dom, passei a noite bem e você dormiu aqui? —
Zaki olha para sua mãe e para mim.
Juro que neste momento penso que ele não vai gostar de me
ter aqui e limpo a garganta antes de responder.
— Sim, espero que esteja tudo bem com isso.
Ele dá de ombros.
— Acho que é normal namorados dormirem juntos.
Franzo a testa sem saber o que responder e pelo canto dos
meus olhos posso ver Anika rir.
— É... Acho que sim — respondo.
— Então, por mim, está tudo bem, papai também tem várias
namoradas — ele diz com desdém.
Dou alguns goles de suco.
— É normal seu pai ter namoradas, ele é um cara solteiro —
completo.
— Acho que sim.
Voltamos a comer enquanto conversamos sobre coisas
aleatórias, depois que terminamos nos levantamos e começo a pegar
a louça.
— Ah, não! Nada disso Domenico. Você já cozinhou, agora eu
lavo e não tem negociação — Anika diz e se vira para Zaki que já
terminou de comer.
— Sobe e pega sua mochila que daqui a pouco te levarei para
a escola.
Vejo o menino sair e assim que não posso mais escutar seus
passos, seguro a mão de Anika que está prestes a pegar meu prato.
— Se não tem negociação para te ajudar, terei que subornar.
— E como seria isso?
Lentamente subo a mão e passo os dedos no vão dos seus
seios.
— Hum, se eu te colocar em cima desta mesa e usar minha
boca em cada parte do seu corpo conseguirei o que quero? —
Belisco o bico do seu seio e fico com o ouvido atento para caso Zaki
apareça.
— Acho que isso não é justo.
Encho a mão com seu seio.
— Não falei que seria.
Puxo Anika para o meu colo, seguro sua cintura, prendendo
seu corpo e acaricio seu pescoço com meus lábios.
— Hum.
Ela começa a fazer uns sons que me deixam duro e não me
canso de sentir o seu cheiro.
— Baunilha.
— Hã?
— Você cheira a baunilha. — Dou uma leve mordida em sua
mandíbula e quando estou próximo a sua boca, escuto os passos de
Zaki.
Afasto Anika depressa do meu colo e tento me esconder com
o guardanapo em frente a calça.
— Estou pronto, mamãe.
Anika limpa a garganta antes de responder e mesmo assim
sua voz sai rouca.
— Vou colocar as louças na máquina e já saímos.
Sinto que já estou mais controlado, então me levanto.
— Vou ajudar a tirar as louças da mesa.
Quando pego a primeira caneca, meu celular toca, tiro do
bolso e na tela aparece o nome, Stella. No mesmo instante,
escorrego o dedo para o lado vermelho, desligando a ligação.
Como Stella conseguiu meu número?
Porra, isso só pode ser coisa da minha mãe!
— Tudo bem aí?
Levanto a cabeça para encontrar os olhos curiosos da minha
namorada.
— Sim, era o Charles, depois ligo de volta.
Minha intenção não era mentir para Anika, no entanto, tenho o
pressentimento que ela não gostaria de saber que outra mulher está
me ligando e se eu fosse explicar só pioraria mais as coisas.
— Tem algo para fazer hoje à noite?
Me esforço para pensar e nada vem à mente.
— Eu pretendia vir para cá, se tiver tudo bem.
— Seria perfeito ter você aqui… No entanto, estava pensando
em convidá-lo para um jantar. — Seca a mão e se vira para mim.
Olho em volta e não vejo Zaki
Certamente, ele está na sala esperando pela mãe.
Aproveito e me aproximo de Anika colocando as mãos em sua
cintura.
— Acho tão sexy você me convidar para jantar.
— Acho que nós, mulheres, deveríamos estar mais no
controle e se eu quero jantar com meu namorado não vejo problema
em convidá-lo.
— Nem eu, qual o horário? Eu te busco?
— Me encontre no restaurante, mais tarde mandarei o
endereço.
— Tudo bem, vamos antes que Zaki volte para te chamar.
Sorrimos e saímos da cozinha para encontrar Zaki na sala
impaciente.
— Relaxa, filho, ainda estamos no horário.
Seus olhos se desviam dos da mãe e sinto que ele está
escondendo algo.
— Anika, você não ia pegar sua bolsa? Vamos esperar do
lado de fora — digo sem tirar os olhos dele.
Ela olha para nós dois e sai franzindo a testa.
Eu sei que depois ela vai perguntar o que conversamos e sem
sombra de dúvida irei falar.
Assim que saímos do apartamento, pergunto:
— O que está acontecendo? Algum garoto está causando
problemas a você na escola?
Zaki passa a mão no pescoço.
— Hã... Tem uma garota que eu gosto.
— Então qual é o problema?
— Não sei se ela gosta de mim e toda vez que estamos
próximos ou fico calado, ou falo demais. Estou querendo ir mais cedo
para poder vê-la chegar.
Não tenho filhos, mas já fui da idade de Zaki e passei pela
mesma coisa.
— Você sabe do que ela gosta?
— Como o quê?
— Filmes, livros, algo do tipo.
Ele para um pouco pensando.
— Eu a vejo muito na biblioteca, acho que ela gosta de livros.
— Boa, agora é só você se aproximar dela e falar de um livro
que gosta, vai ser uma conversa que não vai deixá-lo nervoso até
porque você também gosta de ler.
Zaki ri.
— Obrigado, Dom.
Passo a mão pelo seu cabelo, bagunçando.
— Quando você precisar é só me chamar para conversar,
estarei sempre aqui, garotão.
— Oi, desculpa a demora, Nicole acabou de ligar avisando
que vai chegar atrasada e não vai poder abrir a loja.
— Você, quer que eu leve o Zaki à escola? Posso fazer isso
com o maior prazer.
— Não, você tem a academia para abrir também.
— Charles pode abrir, levarei o Zaki.
Ela fica pensativa, depois se aproxima e beijo sua bochecha.
— Você é minha namorada, não vejo nenhum problema em
levar seu filho para escola e ainda tem mais, nos damos super bem...
Confia em mim, Anika.
Anika olha para Zaki.
— Filho, o Domenico pode te levar para escola?
— Sim, mamãe, vou adorar — Zaki responde todo animado.
— Fechado, vamos antes que nos atrasamos ainda mais —
digo e seguro a cintura de Anika, enquanto com a outra mão seguro
a de Zaki.
Entramos no elevador e descemos para o estacionamento. Ao
chegar, cada um segue para o seu carro, não sem antes Anika se
despedir de Zaki avisando que Ted irá buscá-lo.
DOMENICO
Logo que saio do elevador encontro minha mãe na porta do
meu apartamento, com o semblante sério e os braços cruzados.
Sua postura me alerta que nossa conversa não será fácil.
— Bom dia, mãe. Tudo bem?
— A Stella te ligou, por que não atendeu?
Dou um beijo em sua bochecha, passo por ela abrindo a
porta e faço um gesto para que ela possa entrar.
Dona Lenore entra e olha em volta do apartamento. Ela não
tem o que reclamar, sou um cara que mora sozinho e muito
organizado.
— Não atendi porque não tenho nada para falar com Stella,
mamãe. Não sei por que você deu meu número para ela.
Ela range os seus dentes.
— É por causa dela?
Franzo a testa.
— Ela quem?
Dona Lenore me fuzila e eu juro que não sei o motivo.
— A velha que você anda saindo... Domenico, ontem quando
Stella me ligou falando que viu você no cinema com uma velha, não
pude acreditar. Só acreditei ao ver uma foto de vocês com os meus
olhos.
Passo a mão pelo cabelo, furioso.
— Stella não tinha nada que falar sobre isso com a senhora,
pois eu iria conversar com vocês sobre esse assunto no próximo
domingo quando estava planejando convidar Anika para conhecê-
los. Anika é o nome da minha namorada e não sou mais criança que
esconde algo dos pais.
Mamãe joga a cabeça para trás rindo e percebo que não é de
felicidade quando para. Ela se aproxima de mim, coloca sua mão
em cada lado do meu rosto e começa a falar calmamente como se
estivesse falando com uma criança.
— Eu entendo, antes de vir aqui pesquisei sobre o assunto,
meu filho. Você está encantado pela novidade de ficar com uma
mulher mais velha e apenas isso. Vocês não têm futuro, Domenico,
ela já é vivida e está te usando... Um rapaz novo bem-sucedido com
um futuro promissor, esta mulher deve estar junto com as amigas
rindo e comentando como é estar com um garotão. Seu futuro é
com Stella, ela é a mulher perfeita para você, vocês formariam um
casal lindo e teriam filhos adoráveis. Por favor, deixe esta mulher e
vai ficar com Stella que te ama.
Meu corpo todo treme sentindo fúria e tento de tudo para me
controlar, me lembrando que esta mulher é a minha mãe, a mulher
que me ensinou a ter princípios.
Me dou um tempo até ficar mais calmo para falar.
— Eu a amo, mamãe... Eu amo Anika e não é apenas uma
fase pela qual estou passando...
“É amor!
“Ela me ama também e quero muito que você e papai
conheçam a Anika e o Zaki, aí vocês vão entender como é inevitável
não os amar.
“Agora sobre dinheiro...
“Jesus Cristo, ela tem dinheiro, é uma mulher independente
que paga suas contas e não precisa de um homem para nada.
“Agradeço a Deus por Anika me escolher par…”
Mamãe me interrompe com uma gargalhada, seus olhos
lacrimejam de tanto rir e quando ela para, segura sua bolsa firme no
ombro.
— Você nunca irá levar esta mulher à minha casa, me
entendeu, Domenico? Nunca vou aceitar e você irá estragar sua
vida se insistir nessa história. Irei para casa e quando você
reencontrar sua mente sabe onde me encontrar e onde está a
mulher ideal para você.
Mamãe passa por mim, vai embora e fico parado sem
acreditar nas suas palavras.
Não posso deixar as coisas assim, terei que ir à casa dos
meus pais e falar com eles.
Acredito que depois de alguns dias mamãe vai pensar melhor
e ser mais compreensiva.
À noite...
Paro o carro no estacionamento do restaurante que Anika
mandou o endereço ainda de tarde. Saio do carro com um buquê de
rosas e sigo para a porta onde encontro um anfitrião guiando os
clientes até suas mesas.
— Boa noite, senhor. Tem alguma reserva?
Olho em volta para ver se vejo Anika.
— Não tenho reserva, vim encontrar alguém.
Ele abre uma pasta preta e olha alguns nomes.
— O senhor poderia me falar o nome da pessoa que o
espera, para que possa ajudá-lo?
— Sim, Anika Aduke.
Ele fecha a pasta e ri.
— Ah, a senhorita Aduke, ela está no bar esperando pelo
senhor.
O homem me mostra o caminho e agradeço.
Sigo na direção indicada e no caminho vejo alguns olhares
direcionados para o bar, principalmente por homens. Acompanho
seus olhares e logo na minha frente, sentada em uma banqueta está
a mulher mais linda que já vi.
Anika usa um vestido longo vermelho com uma fenda lateral,
que deixa sua coxa torneada à mostra.
Me sinto possessivo quando me aproximo.
Seus olhos me encontram e sem dar tempo para que ela fale
nada, passo a mão por trás da sua cabeça e esmago meus lábios
nos dela, dando um beijo profundo.
Posso parecer um imbecil agora, mas não ligo e quero que
todos saibam que essa magnífica mulher é minha.
Apenas minha!
Findo o beijo e coloco entre nós o buquê.
— Para você, e a propósito está perfeita... É a mulher mais
linda do restaurante.
Sua respiração está pesada quando seus olhos encontram os
meus.
— Uau, e a propósito o que foi isso?
Encolho os ombros.
— Acho que sou um homem louco e ciumento por ver outros
homens olhando para minha mulher.
Anika ri e levanta uma sobrancelha.
— E agora ele vai abrir as calças e fazer xixi nas minhas
pernas?
Franzo a testa e sorrio.
— Não, ele irá te acompanhar em um drink.
— Bem melhor, "senhor possessivo". — Seus olhos passam
por todo meu corpo parando em meu rosto. — A propósito você está
uma delícia e obrigada pelas rosas... Elas são lindas.
Puxo um banco e me sento ao seu lado descansando uma
mão na sua coxa discretamente.
Levanto a outra mão para o garçom que se aproxima.
— Me traga uma taça de vinho branco suave, por favor.
— Para já, senhor.
Quando ele se afasta, me viro para Anika.
— Espero não a ter deixado esperando por muito tempo.
— Não, acabei de chegar, como foi o seu dia?
Não respondo de imediato porque o garçom aparece com o
vinho. Pego a taça e dou um gole, pois não quero falar sobre isso
agora.
O meu dia foi horrível e não parei de pensar nas palavras da
minha mãe que não é assim e não quero que Anika saiba de nada,
pelo menos não por enquanto.
— Domenico? Tudo bem?
Não olho para seu rosto quando respondo.
— Foi como todos os dias e o seu dia?
— E como são todos os dias?
Dou uma risadinha para descontrair.
— Trabalho e um monte de documentos para cuidar.
Sua mão cobre a minha e sinto que a dela está um pouco
fria, pois Anika estava segurando a bebida.
— O que está acontecendo, Domenico?
Passo a língua em meus lábios, umedecendo para falar.
— Anika…
— Sua mesa já está pronta, senhorita Aduke.
Sou salvo pelo garçom, me levanto do banco e estendo a
mão para ela.
— Me dá a honra?
— Com todo prazer.
Anika enrola o braço no meu e andamos logo atrás do
garçom que nos leva até a mesa um pouco afastada.
A luz do local é baixa, o que dá um ar romântico ao local.
Afasto a cadeira para Anika se sentar e assim que ela faz,
dou a volta na mesa e me sento na sua frente.
— Vocês já vão fazer o pedido? — o garçom pergunta e olho
para Anika.
— Sim, só nos dê um minuto.
Pegamos o cardápio, escolho uma massa ao molho branco e
Anika uma costela recheada. Depois que o garçom se afasta, sorrio
orgulhoso para ela.
— Uma mulher que come bem, impressionante.
— Gosto de comer e acho que vamos nos dar bem. — Faz
uma cara engraçada.
— Por que pensa assim?
— Você gosta de cozinhar e eu de comer.
Faço uma expressão de incredulidade.
— Então é por isso que está namorando comigo?
— Faz parte da equação.
Rimos, mas logo ela fica séria.
— Eu te amo, Domenico, e estou aqui sempre para qualquer
coisa, ok?
— Okay, e eu estou também para você.
Me lembro de algo que passei o dia pensando, além da
conversa com a minha mãe.
— Você ainda não me falou sobre sua família.
— Meus pais moram no Norte, tenho um irmão mais novo
que está fazendo faculdade de direito e os vejo nas férias de fim de
ano. Acho que isso é tudo, você quer saber de algo específico?
— Não, só queria conhecer minha namorada um pouco mais,
afinal quase não falamos da nossa família.
— Realmente não tinha pensado nisso, e aproveitando para
falar um pouco da sua família, sei que é filho único.
Antes que possa responder, o garçom chega com a nossa
comida, nos serve e em seguida vai embora. Encho nossas taças de
vinho e bebo um pouco antes de falar.
— Sim, sou filho único, minha mãe trabalha em casa e meu
pai é contador. Tenho alguns primos e quando nos juntamos no fim
de ano é uma bagunça.
Anika termina de mastigar e me observa.
— Uau, deve ser bem divertido ter a casa tão cheia. A minha
família não é tão grande assim.
Me lembro como é uma reunião com toda minha família e
balanço o meu corpo como se estivesse arrepiado.
— Realmente é, mas, algumas vezes, é chato, pois não se
pode ter um tempo sozinho, a minha família junta não sabe o
significado da palavra privacidade.
Anika sorri por cima da taça.
— Aposto que você os adora.
Sinceramente, adoro a minha família, mas algumas vezes
eles são tão inoportunos.
— Vamos dizer que sim.
Anika limpa os lábios e em seguida deixa o guardanapo na
mesa.
— Não vejo a hora de conhecê-los.
Engasgo com o vinho, pois não queria lembrar essa noite das
palavras da minha mãe.
— Tudo bem aí?
— Sim, e eu também não vejo a hora de vocês se
conhecerem.
Não vou falar para Anika ainda sobre o que minha mãe pensa
sobre o nosso relacionamento. Irei primeiro falar com minha mãe,
ela vai estar mais calma e vai entender que Anika é a mulher da
minha vida.
Agora, se não for assim vou continuar com Anika com a
aprovação dela ou não, pois se tenho uma certeza é que Anika e
Zaki são minha família.
Respeito muito a minha mãe, mas tudo tem limite.
DOMENICO
Em poucas horas, sairei de viagem com Anika, mas antes de
ter uma viagem romântica com a minha mulher, vou conversar com
os meus pais.
Não podemos ficar sem nos falar e minha mãe vai entender
quando conhecer Anika e Zaki, que eles são minha família também.
Depois de estacionar a caminhonete próximo ao carro do
meu pai, saio em direção à porta e me abaixo pegando uma chave
reserva no vaso de flores. Minha mãe sempre deixa uma cópia da
chave de casa aqui para mim, afinal já perdi tantas que ela achou
melhor deixar uma aqui à minha espera.
Com a chave em mãos abro a porta e entro.
Sigo o barulho da televisão e encontro meu pai na sua
poltrona reclinável, assistindo um jogo.
— Hey, meu velho, como está indo a partida?
Ele rosna.
— Esses filhos da puta, não sabem jogar, no meu tempo os
jogadores eram bem melhores.
Gargalho.
— O senhor está muito impaciente, onde está a mãe?
Seus olhos se afastam da televisão e sei que a mãe já falou
com ele.
— Eu sei que ela já deve ter dito algo, mas, pai, o senhor,
precisa me ouvir. Anika não é uma aproveitadora que quer a minha
virtude.
Ele sorri com a maneira que falo.
— Nós nos amamos e quando o senhor a conhecer vai
entender o motivo por amá-la tanto.
Meu pai não tem tempo para dizer nada, porque a mãe entra
rosnando.
— Seu pai, não irá conhecê-la, Domenico! Esta mulher não
vai entrar na minha casa... Pensei que tinha deixado claro isso.
Seu semblante está implacável, o que me faz perceber que
ela não mudou seus pensamentos e não vai.
— Eu queria que a senhora e o papai tivessem a chance de
conhecer Anika e Zaki, mas vejo que não dá. Sua decisão está
tomada e a minha também! — Deixo a chave no braço da poltrona e
me viro para ir embora.
Não chego na porta quando meu pai me chama.
— Domenico, fica e vamos conversar... Você e sua mãe
falaram, mas não me deixaram falar. Os dois agora no sofá!
Minha mãe abre a boca um pouco para debater e meu pai
levanta a mão.
— Lenore, por favor!
Ela a contragosto se senta no sofá, ando e me sento próximo
a minha mãe. Meu pai fica em pé com os braços cruzados.
— Eu não vou prolongar essa conversa, a questão é a
seguinte: Lenore, te respeito muito, mas estamos falando da vida de
um homem com vinte e cinco anos, e dono do seu nariz. Domenico
está sendo até compreensivo com você.
Mamãe corta.
— Luigi, ela é mais velha que nosso menino.
Meu pai revira os olhos.
— E daí, Lenore? Eu sou mais velho que você, nos casamos
e somos felizes. Construímos uma família e o que o nosso filho está
fazendo é construir sua própria família. Ele não está pedindo nossa
permissão, está apenas nos convidando para fazer parte da sua
nova vida e queira você ou não, eu quero estar presente na vida do
meu filho!
Meu pai fala tudo o que eu queria ter dito, só não falei porque
seria com a minha mãe e nunca falaria com ela assim.
— Obrigado, pai, a Anika tem um filho de dez anos, seu
nome é Zaki. Eu os amo e queria que vocês os conhecessem.
Meu pai olha para a minha mãe.
— Traga os dois para um almoço no domingo, vão ser bem
recebidos, não é mesmo, Lenore?
Minha mãe olha para nós dois e dá um sorriso que não
alcança seus olhos.
— Sim, vão ser bem recebidos, vou fazer sua comida
favorita.
Balanço a cabeça e me levanto.
— Vamos deixar para o outro final de semana, pois nesse
iremos fazer uma viagem e estarei fora da cidade por uns três dias.
Papai aperta meu ombro quando passo por ele.
— Boa viagem, filho — meu pai diz quando me segue até a
porta e mamãe não fala nada. — Ela vai ficar bem. Sua mãe é difícil
de lidar, mas quando ela conhecer sua namorada e o filho dela, vai
ver que você está feliz. Eu vejo em seus olhos o bem que essa
mulher te faz, Domenico — meu pai diz assim que chegamos na
caminhonete
Me pareço muito com o meu pai, fisicamente e posso dizer
que até na paciência.
— É o que eu espero, pai... Espero que ela possa ver isso. —
Dou uma abraço nele e entro no carro.
Quero muito que a minha mãe se dê bem com a minha
mulher e se ela não quiser vou respeitar sua decisão, mas não
deixarei Anika nunca!
LENORE
Vejo meu garoto conversando com o pai do lado de fora da
minha casa.
Eles podem pensar que deixarei essa mulher enfiar as garras
em Domenico, mas estão enganados.
Eu vou cuidar disso pessoalmente e Anika irá deixar
Domenico livre para se casar com Stella.
Eu posso garantir isso!
Ilha paradisíaca
“Apenas nós dois e o mar.”
(Santino Amaro)
DOMENICO
A água cristalina fica na altura da minha cintura e sinto a
areia embaixo dos meus pés.
O meu peito se enche de felicidade quando seguro sua fina
cintura e a puxo para mim. Meus dentes pegam sua orelha e mordo
quando escuto seu grito.
— Como não me trouxe aqui antes? — digo em tom de
brincadeira.
— Estava esperando você terminar de me levar aos seus
lugares favoritos para que pudesse te mostrar o meu.
Esmago meu pau nas suas nádegas.
— Humm!
Ontem à noite viajamos e Anika não me falou para onde
estávamos indo até chegar em uma ilha paradisíaca.
O lugar é lindo e ela tem uma casa próxima ao mar.
— Você está ciente que este é um lugar mágico? E com você
nele, é o lugar que nunca mais quero sair. — Mordo sua orelha e
Anika geme.
Desço uma mão até a parte debaixo do seu biquíni, coloco de
lado e mergulho dois dedos em sua boceta. Movimento os dedos
quando mexo o corpo como se estivesse a fodendo. Com a outra
mão seguro seu pescoço puxando para trás, o que me dá acesso ao
seu lindo pescoço. Passo a língua sentindo o gosto do sal do mar e
seu próprio sabor.
Tiro os dedos da sua boceta e coloco na minha boca.
Solto um gemido ao provar seu sabor natural e um calor toma
conta de mim. Coloco uma mão entre nós, abaixo a bermuda e
coloco meu pau para fora, o enfiando em sua boceta. A cada
estocada que dou meus dedos brincam com seu clitóris.
Aqui só podemos ouvir as ondas se quebrarem e os nossos
gemidos, pois não há ninguém além de nós.
Anika grita e todo seu corpo treme enquanto sua deliciosa
boceta esmaga meu pau que pulsa bem fundo no seu interior.
Mordo tão forte seu ombro quando minha porra preenche sua
boceta, o que a faz gritar meu nome enquanto goza.
Acredito que se não firmar os pés na areia a água nos levará.
DOMENICO
Olho para cada canto da casa procurando por Anika, desta
vez ela se escondeu bem.
Sim, estamos brincando de esconde-esconde...
Porra, estamos livres nessa ilha fazendo o que quiser sem
nos preocupar, inclusive um jogo sexual, onde vale encontrá-la e
quando isso acontecer transaremos no esconderijo recém-
descoberto.
— É MELHOR VOCÊ ESTAR EM UM LUGAR
CONFORTÁVEL, POIS NÃO QUERO QUE SE MACHUQUE
QUANDO ESTIVER FUNDO DENTRO DA SUA BOCETA — grito e
minha voz ecoa pela casa, até que em algum lugar escuto uma
risadinha.
Entro na cozinha e ando a passos lentos até a dispensa,
onde posso sentir o seu cheiro.
Ela pode até se esconder de mim, mas seu cheiro nunca e
sempre irei encontrá-la.
— Te achei! — afirmo segurando seu braço.
Anika gargalha jogando os braços em volta do meu pescoço.
Abaixo a cabeça beijando seus lábios, minhas mãos seguram
suas nádegas e a levanto para ficar com as pernas em cada lado da
minha cintura.
— Espera! — Anika quebra o beijo e olha para mim, ofegante
com uma mão no meu peito.
— O que foi?
— Não vamos transar aqui! Antes vou levá-lo em um lugar.
Levanto uma sobrancelha.
— Qual lugar? Já não estamos em um lugar que por sinal é
perfeito para o que vou fazer com você? — Dou uma piscadela e
Anika revira os olhos.
— Que tal um passeio de lancha? E sobre o lugar não posso
falar, é surpresa!
Seu olhar é firme e sei que ela não vai falar que lugar é este
até me levar. Dou mais um beijo em seus lábios e deixo as nossas
testas coladas.
— Vamos logo a este lugar antes que a tranco aqui.
Ela gargalha.
Anika é uma mulher que ninguém pode controlar, ela é como
a brisa em um dia frio, um pássaro livre para fazer suas próprias
escolhas e me sinto privilegiado por ela estar ao meu lado. Minha
mãe pode não entender o que sinto por esta mulher, mas eu sei e
por hora é mais que o bastante.
Logo que voltamos para casa da ilha noto que algo está
errado com Anika.
Ela está quieta e não para de espirrar.
Quando entramos em casa ela toma um banho e vai se
deitar, enquanto isso vou para a cozinha preparar o nosso jantar.
Agora estou ao seu lado com a mão na sua testa e sei a
causa do seu desânimo, Anika está queimando de febre.
Vou até o banheiro e procuro por um kit médico. Assim que
encontro, abro, vejo um termômetro digital que pego e volto para o
quarto. Coloco o termômetro embaixo do braço e espero apitar.
Enquanto espero, passo a mão na bochecha de Anika que dorme
tranquilamente.
O termômetro apita, pego para ver e um rosnado sobe na
minha garganta, pois ela está com mais de quarenta graus de febre.
Saio novamente do quarto e sigo até a cozinha para pegar um copo
com água e a sopa que preparei para o nosso jantar.
Pensei em fazer algo leve para nos alimentar mais tarde
depois de nos enrolar na cama fazendo amor, mas isso não vai
acontecer e não ligo, pois, estou junto com Anika na saúde e na
doença.
— Amor, acorde, por favor! — peço quando balanço
lentamente seu pequeno corpo.
Seus olhos se abrem e ela dá um sorriso cansado.
— Tome o antibiótico e tome esta sopa, amor, logo estará
bem.
Sem relutância, ela faz o que peço e um ar aliviado escapa
dos meus lábios.
É a primeira vez que vejo Anika doente e me sinto mal por
vê-la assim.
Me sinto protegida
“Amar alguém,
é mais do que fazer amor é cuidado e carinho.”
(Santino Amaro)
ANIKA
Gemo com o rosto encostado no peito de Domenico.
Todo o meu corpo dói e mal posso falar, pois, estou com a
garganta muito inflamada.
Não esperava ficar doente, mas aconteceu!
Os dias que passamos juntos foram maravilhosos e mesmo
depois que fiquei doente, ele não me decepcionou.
Domenico cuidou de mim e quando voltamos de viagem ele
não me deixou colocar o pé no chão.
Como, por exemplo, agora que ele deixou as malas no carro
e estou em seu colo, dentro do elevador.
As portas do elevador se abrem e Domenico anda até minha
porta.
— Amor, você pode me colocar no chão, eu consigo andar.
Ele franze a testa.
— Não, você fica onde está, ainda posso sentir sua
temperatura alta e amanhã logo cedo vou dar um pulo na drogaria e
comprar mais medicamentos. Só peço que abra a porta, pois, estou
com as mãos ocupadas.
Pego a chave na bolsa que está no meu braço e abro a porta.
Entramos e Domenico leva meu traseiro doente para o meu quarto,
me colocando suavemente na cama e em seguida me cobrindo.
— Não se mexa, vou lá embaixo pegar as malas e fazer uma
sopa para você... Logo volto. — Me dá um beijo na testa e em
seguida sai.
Meus olhos cansados se fecham e caio no sono com um
sorriso feliz nos lábios. Ted nunca cuidou de mim como Domenico
está cuidando e me sinto protegida como nunca me senti. Falando
em Ted ainda não liguei para avisar que já estou em casa e vou
fazer isso amanhã.
DOMENICO
Chego a ir até à portaria do prédio em que moro, mas quando
vou entrar mudo de ideia.
Não vou seguir em frente deixando minha mãe invadir minha
vida como ela fez.
Decido ir para a casa dos meus pais.
Não estou com raiva, mas magoado.
Não demora muito para estar parando em frente à casa
deles.
Quando bato na porta dos meus pais, minha mãe abre
sorrindo, mas seu semblante fica tenso ao me ver.
— Domenico? Pensei que estava com Stella.
Passo por ela entrando em casa e logo vejo meu pai se
aproximar, então volto a atenção para minha mãe.
— Eu acreditei que a senhora tinha aceitado meu
relacionamento, mãe, mas não foi isso, né?
Ela abre a boca, mas ergo a mão a calando.
— Não, não fala mais mentiras porque estou cansado disso
tudo. Falei muitas vezes que a amava e mesmo assim você foi lá
falar merdas para Anika, que no fim me deixou. Eu só vou falar uma
vez, mãe, e não irei repetir... Se a senhora se intrometer na minha
vida outra vez, pode esquecer que já teve um filho, porque vou
esquecer a mãe incrível que um dia tive.
Seus olhos se arregalam, ao mesmo tempo, em que se
enchem de lágrimas.
— Domenico! — diz tentando se aproximar.
— Eu quero passar um tempo longe de você, mãe, pois estou
sofrendo porque Anika não me quer mais. Agora me diga o que
você falou para ela?
Ela limpa as lágrimas que escorrem pelo seu rosto e olha
para o meu pai em seguida volta para mim.
— Foram quase as mesmas palavras que falei para você,
mas o que mais a atingiu foi ter dito que ela seria sua infelicidade.
O silêncio recaí sobre nós e se uma agulha caísse
poderíamos escutar, abaixo a cabeça e sigo até a porta.
— Filho, por favor.
Olho para minha mãe, com um sorriso de dor no rosto.
— Eu nunca poderia viver sabendo que seria a infelicidade
dela, assim como Anika não queria ser a minha. Parabéns, mãe,
você conseguiu! Não vou atrás dela, porque ela merece ser feliz
sem se questionar se pode me fazer feliz. Você plantou a semente
da dúvida e se ficarmos juntos isso sempre vai estar entre nós.
Anika merece o mundo. —Fecho a porta atrás de mim.
Quando chego na caminhonete, olho para trás e meu pai está
segurando minha mãe na porta enquanto ela chora.
Acredito que ela não deve estar sentindo metade da dor que
estou sentindo.
Hoje a ficha caiu, perdi o amor da minha vida...
A cegonha
“Surpresas boas podem acontecer
quando menos esperamos.”
(Santino Amaro)
Anika
Com as mãos trêmulas seguro o papel, meus olhos ansiosos
leem as linhas até parar em uma palavra escrita em negrito,
"Positivo".
Essa única palavra pode significar muitas coisas, entre elas,
você está ferrada, Anika!
Como pode ter deixado isso acontecer?
Anika, parabéns você está grávida!
Meus olhos encaram minha médica, que está em silêncio.
Nunca imaginei que o resultado seria esse ao entrar na sua
clínica, algum tempo depois que terminei com Domenico.
Sei que é um ato de feminismo falar "terminei", mas enfim
estava deprimida e não estava me alimentando bem. Foi quando
comecei a passar mal e cheguei a pensar que meu psicológico
abalado seria a causa do meu mal-estar, mas não isso.
— Verônica, esse exame tem que estar errado... Eu tomo
anticoncepcional certinho, tem que estar errado. — Trato a médica
pelo primeiro nome, pois nos conhecemos há muito tempo e já
temos intimidade.
— Realmente você está grávida, Anika. Não tem nada de
errado e o efeito do anticoncepcional pode ter sido cortado se você
tomou algum antibiótico, esse foi o caso?
Passo a mão pelo rosto, nervosa ao me lembrar que fiquei
doente na viagem e Domenico me deu antibiótico.
— Eu fiquei doente e tomei antibiótico, sim.
Ela me dá um sorriso nervoso.
— Parabéns, Anika... Você vai ser mamãe e aconselho
começar logo o pré-natal.
Levanto resmungando, aviso que depois ligo marcando uma
consulta e me despeço dela.
Pego o elevador para o estacionamento, entro no meu carro
e dirijo para casa com minha mente em confusão.
Como eu vou contar para o Domenico que ele vai ser pai?
E se ele não acreditar em mim, depois de tudo que falei?
Ele deve estar me odiando!
Paro no farol e distraidamente passo a mão pela barriga
ainda lisa. Minha cabeça pode estar uma loucura, mas se Domenico
não quiser ou não acreditar que esse bebê é dele, eu vou criá-lo
sozinha, pois sou mãe o suficiente para isso.
ANIKA
No caminho para o apartamento de Domenico mudo meu
percurso, pois preciso fazer uma coisa antes de me acertar com ele.
Respiro fundo e em seguida bato à porta. Duas batidas são o
suficiente para escutar passos e em seguida a porta é aberta por um
homem de meia idade.
Não precisa adivinhar que este é o pai de Domenico. Ele é
alto, pele clara, cabelo preto como a noite e os olhos verdes como
as árvores na época da primavera. Nos olhamos por um tempo e ele
me dá um sorriso de lado como seu filho.
— Posso ajudá-la?
Passo a língua em meus lábios secos, em seguida ergo a
mão.
— Olá, sou Anika — digo como se ele soubesse quem sou e
quero me chutar por isso. — Quero dizer, sou…
Ele me interrompe.
— Ah, a namorada do meu filho, entra, Anika, por favor.
Se ele falou que sou a namorada de Domenico, não sou eu
que vou corrigi-lo.
Paro olhando ao redor.
— Aceita algo para beber?
— Sim, uma água, por favor.
O pai de Domenico se afasta e entra em uma porta que
imagino ser a cozinha, quando volta está com um copo de água nas
mãos. Ele me entrega, dou um gole e quando vou perguntar pela
sua esposa, escuto sua voz.
— Quem bateu à porta, Luigi?
A mãe de Domenico entra na sala e nossos olhos se
encontram. Ela fica parada com o rosto pálido, porém, não me
impede de falar.
— Precisamos conversar! — digo firme e Luigi olha para nós.
— Vamos conversar em outro lugar — diz com a voz suave.
Quero até rir, pois a mulher confiante que há alguns dias
estava na minha porta exigindo que me afastasse do seu filho, não é
a mesma que está agora na minha frente. Eu não quero criar uma
confusão entre os pais de Domenico, no entanto, quero falar com os
dois para depois não ter o pai dele na minha porta, mesmo que ele
pareça ser uma pessoa boa.
— Não, quero falar com a senhora e o seu marido. — Olho
para os dois e paro encarando a mãe de Domenico.
DOMENICO
Alguns minutos antes…
Chego na casa dos meus pais, depois de semanas sem vir.
Hoje, mais cedo recebi uma ligação do meu pai pedindo para
assistir um jogo com ele. Notei a tristeza na sua voz e foi por isso
que aceitei o convite.
— Oi, meu velho.
Meu pai sorri e sinto que ele não vem fazendo muito isso.
— Filho, entra, pensei que não viria, já vai começar o jogo.
Entro na casa e aperto o seu ombro com um jeito brincalhão.
— Você acha que vou recusar bebida de graça?
— E eu achando que você veio por mim — diz rindo e dá um
tapa atrás da minha cabeça.
Deixo meu velho na sala e vou à cozinha pegar duas
cervejas. Quando estou voltando, paro de andar rapidamente ao
ouvir a voz da Anika. Não deixo que ela me veja, mas me aproximo
para ouvir o que ela está falando com meus pais.
ANIKA
— Eu amo seu filho e não vou deixá-lo por nada, nem
ninguém...
“Você falou que posso ser a infelicidade de Domenico, mas
dou a minha palavra de mãe que farei de tudo para amar e fazer seu
filho feliz.
“Eu o amo tanto que esses dias que passei sem ele, meu
mundo não era mais colorido.”
Faço uma pausa colocando uma mão no meu ventre.
Eu sei que deveria contar primeiro para o pai do meu bebê,
mas vou fazer diferente.
— Estou grávida de Domenico, descobri há uma semana e
não falei com ele por medo, pois suas palavras, senhora, ainda me
assombram. — Lágrimas enchem meus olhos e escorrem pelo meu
rosto, enquanto os pais de Domenico estão com os olhos fixados
em meu ventre. — Eu sou mãe e mais velha que o seu filho, tive
medo da senhora estar certa ao me falar que eu era a infelicidade
dele, mas não sou.
“Eu sou a felicidade dele, assim como ele é a minha.
“Se Domenico ainda me quiser, quero construir uma família
com ele, assim como quero muito que vocês estejam presentes na
vida do seu neto ou neta.
“A decisão é de vocês, mas, vou deixar algo claro...
“Eu sou uma leoa em relação às minhas crias e se vocês
tiverem algo contra resolvam comigo...
“Nunca coloquem meus filhos no meio, pois sou capaz de
tudo para protegê-los.”
Limpo as lágrimas que teimam em cair.
— Era isso que vim falar.
O pai de Domenico está com um grande sorriso no rosto, já a
mãe dele parece estar surpresa.
— Eu vejo agora que você e meu filho estavam
predestinados a ficarem juntos. Estou feliz em saber que serei avó,
Anika.
Sinto verdade nas palavras da mãe de Domenico e um alívio
toma conta de mim.
— Então quer dizer que teremos um bebê e você conta
primeiro para os meus pais?
Sinto o chão embaixo dos meus pés sumir, meus olhos
crescem e minhas pernas viram gelatina, ao ouvir a voz de
Domenico atrás de mim.
Ele passa ao meu lado parando na minha frente.
Puta merda, ele está mais lindo do que na última vez que o
vi!
Dou um sorriso nervoso.
— Olá!
Seus olhos se estreitam.
— Eu vou ser pai?
Olho para seus pais e volto minha atenção a ele.
— Sim, estou grávida.
Domenico olha para minha barriga e sua língua passa pelos
lábios.
— Se você não estivesse grávida teria me procurado?
Meus olhos se arregalam.
— Sim! Eu não sei se você ouviu o que falei com seus pais,
mas independente de estar grávida ou não eu viria atrás de você.
“Eu te amo, Domenico, e mesmo se não amasse, você
poderia ir ver o seu filho sem termos qualquer relação.
“Sei que posso criar uma criança sozinha, mas quero criá-la
com você.”
Domenico cai de joelhos na minha frente, levanta a bata que
estou usando e fica olhando para minha barriga, em seguida a beija
e passo minhas mãos em seu cabelo.
— Jesus Cristo, mulher, você tem ideia do que passei longe
de você?
Balanço a cabeça assentindo e as lágrimas voltam a cair.
— Posso ter uma ideia, porque passei o mesmo.
Domenico se levanta me pegando em seus braços e seus
lábios chocam com os meus em um beijo urgente. Nossas línguas
se encontram em um delicioso duelo e me sinto viva em seus
braços.
Só paramos quando seus pais chamam nossa atenção.
— Acho melhor vocês pararem antes que façam algo que não
queremos ver, meu filho — o pai de Domenico diz.
Afastamos nossas bocas e Domenico me segura em seus
braços.
Seu pai está rindo e quando olho para sua mãe percebo seu
olhar diferente em minha direção.
— Seja bem-vinda a nossa família, Anika. Eu peço perdão
por tudo que falei. — Ela olha para o seu filho. — Qualquer um pode
ver o amor que vocês sentem um pelo outro.
“Quero participar do crescimento dos meus netos, isso se
você permitir que eu seja avó do Zaki também.”
Saio dos braços de Domenico, ando na direção da sua mãe e
ao me aproximar envolvo meus braços em volta do seu pescoço
dando um abraço forte.
— Você pode ser avó de Zaki, ele vai amar ter mais uma avó
e me desculpa, estou muito emotiva. — Me afasto e ela ri.
— Quando estava grávida de Domenico fiquei assim, Anika.
Suspiro cansada.
— Sinto muito enjoo.
Lenore me olha dos pés à cabeça.
— Você está magra, vem que vou preparar algo para você
comer depois vamos olhar umas coisas do Domenico de quando era
bebê, eu guardo até os sapatos dele.
Sorrimos e noto que não sou a única que faz isso.
— Eu também tenho as do Zaki, guardo tudo.
Nos afastamos e antes de entrar na cozinha, olho por cima
do ombro para Domenico que está com um sorriso no rosto, falando
algo para seu pai que ri.
O nosso amor não tem fim
DOMENICO
Alguns meses depois...
Sinto que a qualquer momento vou quebrar algo, pois meu
humor está uma merda.
— Por que mesmo que eu aceitei esta porra? — rosno para
Anika que ri mesmo com dor.
— Acho que a minha boca te convenceu! — Dá uma
piscadela.
Vejo sua testa franzir quando vem mais uma contração e ela
aperta minhas mãos.
— Vou levá-la a um hospital, você não vai ter a nossa filha
aqui.
Anika me convenceu a ter nossa filha em casa, ela falou que
teve Zaki assim e que queria que a nossa filha nascesse em casa
também.
Em algum momento aceitei e pode ter sido quando seus
lábios estavam em volta do meu pau ou quando estava fundo na
sua boceta, mas em algum momento aceitei e estou arrependido
agora.
— Mamãe, papai, a cabeça do bebê já está coroando — a
doutora diz e em seguida se vira para Anika sorrindo. — Anika,
quando a contração vier, faça bastante força.
Passo a toalha úmida na testa de Anika que está suando,
enquanto sussurro palavras carinhosas para ela próximo ao seu
ouvido. Suas mãos apertam fortemente as minhas quando mais
uma contração vem. Seu grito preenche o quarto para em seguida
um choro de bebê interromper qualquer barulho. A doutora
embrulha a nossa menina e a coloca nos braços de Anika ainda
com o cordão umbilical.
— Vou dar um tempo para vocês!
A médica sai nos deixando sozinhos e lágrimas cegam
nossos olhos quando choramos com o pequeno ser entre nós.
Podemos escutar o barulho do lado de fora do quarto, mas esse
momento é apenas nosso.
— Ela é linda, como você!
Minha garotinha só para de chorar quando Anika encaixa o
seio na sua minúscula boca.
Sua pele é negra como a da minha Anika, sua cabeça é cheia
de cabelo liso e preto e ainda não dá para ver seus olhinhos, pois
estão fechados. No entanto, ela é uma mistura perfeita minha e da
Anika.
— Sim, ela é linda e faminta.
Sorrimos enquanto nossa filha suga seu seio furiosamente.
O nome que escolhemos é perfeito para ela, Pietra.
Um tempo depois...
O sol banha minha pele, o ar puro enche meu pulmão e um
sorriso feliz brota em meu rosto.
— Você está tão gostosa, amor!
Minha esposa está deitada em uma espreguiçadeira com
óculos de sol, enquanto assistimos minha mãe passear com Pietra e
Zaki na praia.
— Comporte-se, Domenico, estou morrendo de vergonha dos
seus pais verem que não saímos do quarto desde que chegamos na
ilha.
Gargalho.
Viemos passar o feriado na ilha e meus pais vieram juntos.
Queríamos passar um tempo em família, mas também um tempo a
sós.
Admito que depois do nascimento da nossa menina é difícil
ter um tempo a sós.
— Amor, eles estão com Pietra, então relaxa. Minha mãe já
está pedindo por outro neto, ela quer a casa cheia de crianças.
Anika faz cara de brava.
— Nem pensa nisso, Domenico. Estou falando sério!
Me sento pegando sua mão com a aliança que coloquei
depois de alguns meses que a nossa filha tinha nascido e a beijo
suavemente.
— Você não precisa engravidar agora, podemos ir praticado
enquanto isso. — Dou uma piscadela e Anika morde os lábios. —
Vem, vamos dar uma volta de lancha.
Meu rosto deixa transparecer todas as promessas e minha
linda esposa me acompanha.
Antes de sair passamos pela minha mãe e meu pai que estão
ensinando Pietra a dar seus primeiros passos. Avisamos que vamos
dar uma volta no outro lado da ilha e meus pais ficam felizes por ter
as crianças somente para eles.
Entramos na lancha, eu dirijo e Anika se senta na proa. Ela
tira os óculos de sol e fecha os olhos quando joga a cabeça para
trás. A serenidade que vejo em seu rosto é linda e acho que ela
sente o peso do meu olhar porque os olhos dela se abrem e ri
quando me vê a admirando.
O anel de noivado e a aliança de casamento brilham em seu
dedo e isso me deixa feliz.
— MINHA VIDA, TE AMO!
— Te amo para a vida toda!
Nunca pensei que um dia estaria feliz por ter uma família
como tenho hoje e eu não mudaria nada do que fiz por esta mulher.
Anika é a mulher da minha vida e soube disso no instante em
que trombamos naquele restaurante por acaso.
FIM.
AGRADECIMENTO
Agradeço a Deus, pois tudo que temos é graças a ele!
A vocês, meus queridos leitores, que chegaram até aqui.
Me siga para ficar por dentro dos meus próximos lançamentos.
Um abraço!!!
S.A
BIOGRAFIA
Santino Amaro se aventurou no universo literário quando suas
histórias não couberam apenas em rabiscos no caderno, decidindo
assim dividir com o público que pudesse dar a chance de ler o que
ele escreve.
Escreve romances envolvente, com trama que lhe prende do início
ao fim, com finais surpreendentes embora um feliz para sempre seja
garantido.
Com a licença poética para ESCREVER o que quiser, sem medo.