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Irmãos Moretti
Mila Ponti
Copyright © 2023 Mila Ponti
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou
transmitida por qualquer forma, meio eletrônico ou mecânico sem a permissão da autora. A
violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei nº 9.610/98 e punido pelo artigo
184 do código penal.
"Esta é uma obra de ficção e qualquer semelhança com nome, pessoas, fatos ou situações
da vida real, terá sido mera coincidência."
Prólogo
stava sendo uma semana difícil. Ainda não fazia muitos dias que meu
E
pai havia falecido devido a uma luta de anos contra o câncer e precisávamos
agora ouvir um advogado nos informar o destino de toda herança. Embora
todos tivéssemos nossa parte separada nos negócios da família, ainda assim,
meu pai havia deixado diversos imóveis espalhados tanto no Brasil como na
Itália, país do qual ele deixou quando ainda era criança junto com meus
avós.
— Lucca, não podemos mais esperar por você. Já estamos atrasados. —
Gritou Antonella, minha irmã do meio. — Como filho mais velho, todos
sabíamos que a presidência da empresa era uma responsabilidade minha e
um dos desejos de nosso pai. Essa parte da decisão não era nenhum segredo
para nenhum de nós, porém, não era apenas a empresa que estava sob
minhas mãos agora, toda a minha família. — Estou descendo Tone, apenas
terminando de abotoar o terno.
Entramos no veículo que estava parado na frente da mansão onde todos
morávamos. Enquanto eu, minha mãe e minha irmã ocupamos o banco de
trás, meu irmão mais novo Enzo ocupou o banco do carona ao lado de
nosso motorista.
Apesar de morarmos todos juntos e trabalharmos no mesmo lugar todos
os dias, eu e Enzo não nos dávamos tão bem como deveríamos, nosso
contato não passava de informações sobre a empresa, apenas. Enzo não se
conformava com a decisão de nosso pai de me deixar a frente da nossa rede
de hotéis, afinal, ele queria ter esse direito por se achar mais apto para a
atividade do que eu. Não posso dizer que ele não era qualificado, pois
estaria mentindo, Enzo formou-se com honras em Administração e acabara
de terminar seu mestrado em Contabilidade. Como diretor financeiro da
empresa, foi um dos que mais acreditava na expansão da nossa hotelaria por
toda a região do Nordeste do país.
Chegamos até o escritório do advogado da família. Doutor Maurílio já
cuidava de nossos negócios desde quando nosso pai havia começado o
primeiro hotel quando na verdade ainda era uma pequena pousada no litoral
de Natal.
Sinto muito pela perda de todos vocês e sinto muito mais ainda por
—
ter que recebê-los ainda no momento de luto. — Começou a falar logo que
nos viu entrar em sua sala.
— Doutor, não queremos demorar muito. Será que podemos ir logo ao
que interessa? — Enzo, impaciente e completamente desagradado da
situação tomou a frente para acelerar o processo de abertura do testamento.
Doutor Maurílio pediu que apenas nossa mãe ficasse na sala com ele no
primeiro momento, o que nos deixou de uma certa forma curiosos, mas
como disse doutor Maurílio, era a pedido do nosso próprio pai que assim
acontecesse.
Depois de quase uma hora trancados dentro da minúscula sala, foi a vez
de minha irmã ser chamada. E mais cerca de trinta minutos ela passou
sozinha com o advogado.
Posteriormente, meu irmão mais novo foi chamado e mais trinta
minutos aproximadamente se passaram. Ao sair, Enzo bateu à porta e logo
foi embora sem ao menos se despedir de nós. Quando o advogado chamou
meu nome, senti um calafrio na barriga, mesmo sabendo que a maior
informação seria minha nomeação como presidente da rede de hotéis
Moretti, ainda assim era angustiante pensar em toda a responsabilidade que
estaria em mim a partir daquele momento.
— Lucca, você já deve saber do que se trata. Afinal, seu pai sempre
deixou claro para todos o seu desejo de que você assumisse a empresa na
sua ausência.
— Sim doutor. Isso não seria nenhuma surpresa. Existe algum
procedimento padrão que precisamos seguir diante do conselho?
— Calma meu filho, não é tão rápido assim. Além da presidência da
empresa, seu pai deixou para cada filho, um imóvel no Brasil e um na Itália,
aqui estão as escrituras e já estou todas no seu nome. Estão agora sob sua
responsabilidade e você pode dar o destino que desejar. — Disse enquanto
me entregava as escrituras em um grande envelope, óbvio que feliz por
mais esses bens deixados pelo meu pai, porém, o fato de doutor Maurílio ter
esperado um pouco para tratarmos do assunto da minha nomeação me
deixou mais ansioso e preocupado ao mesmo tempo. — Agora, vamos tratar
do assunto que você mais espera. — Retirou um envelope pequeno de
dentro de uma pasta e me entregou. Nela estava escrito a punho com a letra
de meu pai meu nome.
Do que se trata? — Perguntei um tanto curioso ao mesmo tempo que
—
meu coração acelerou com medo do que poderia estar escrito naquele
envelope.
— Seu pai pediu que antes de tratar de qualquer questão da sua
nomeação, você lesse esta carta e entendesse o seu desejo. Não sei do que
se trata, mas só posso fazer qualquer outra coisa quando soubermos o que
está escrito.
Abri rapidamente o envelope e retirei um pedaço de papel não tão
grande de dentro. As lágrimas rolaram em meu rosto, afinal, tinha em
minhas mãos uma carta de meu pai que ainda podia sentir seu cheiro no
pedaço de papel.
Enquanto passei meus olhos por cada palavra, aos poucos fui
entendendo o motivo daquele bilhete. Não entendia a necessidade de tudo
aquilo que meu pai desejava, não acreditava que mesmo estando tudo certo
para que eu assumisse a presidência, ele me poria essa condição que não
fazia nenhum sentido.
— Isso não é possível. — Resmunguei e entreguei o papel ao nosso
advogado para que ele lesse e pudesse me explicar o que aconteceria a
partir daquela situação. — O que o senhor me diz agora doutor? —
Perguntei com uma fúria que tomou conta de mim. Não podia entender o
motivo, afinal, não era meu maior sonho tornar-me presidente, esse era o
desejo do Enzo, eu apenas aceitei para satisfazer os desejos de nosso pai e
de tanto ele falar, isso gerou uma ansiedade no me coração. Agora ele
estava me submetendo a essa condição. Como que eu resolveria isso?
— Infelizmente não tem muito o que fazer. Precisamos seguir aquilo
que seu pai escreveu aqui. — Respondeu-me um tanto quanto surpreso com
o que havia lido.
— E a empresa, como fica até tudo se resolver?
— Bem, fica na responsabilidade do maior acionista no momento, no
caso a sua mãe. Você poderá continuar suas atividades como diretor
administrativo, porém, depois do prazo estipulado pelo seu pai, caso o
senhor ainda não tenha acatado com a condição, precisaremos fazer uma
eleição, e assim como o senhor bem leu, nenhum dos filhos poderão
participar.
Não tinha outra coisa a fazer, ou era isso, ou era isso. Saí de seu
escritório e assim como Enzo, passei pela minha mãe e pela Antonella sem
nem as olhar nos olhos. Tudo o que mais queria era sair daquele lugar e
pensar por que meu pai desejara aquilo.
Capítulo 1
Lua Holanda
sol bateu na janela do quarto de hotel já forte. Acordei com meu rosto
O
queimando como se tivesse sido jogado água fervente. Até parece que o sol
a beira mar é mais quente do que em qualquer outra parte do mundo.
Olhei de um lado para o outro e não o vi. Procurei suas roupas jogadas
no chão como havíamos deixado na noite anterior, e encontrei o canto mais
limpo do que minha própria casa. Não conseguia acreditar que mais uma
vez havia caído naquele golpe.
Procurei o telefone e liguei para a recepção.
— Bom dia, em que poderia ajudar?
— Oi, estou no quarto 402, o moço que estava comigo ontem à noite,
ele já saiu?
— Só um momento... Ah, sim, ele já saiu, mas não se preocupe, ele já
deixou a hospedagem e o café da manhã pagos, a senhora deseja que
levemos?
Não consegui nem ouvir o que a recepcionista havia falado depois de
dizer que aquele cretino havia ido embora sem nem pagar pelos meus
serviços. Foda-se o pagamento do hotel e do café da manhã, eu queria o
dinheiro que ele havia prometido, afinal, ou levava esse dinheiro comigo
hoje, ou seria despejada de casa.
Vesti-me rapidamente e saí. Não havia motivos para ficar ali naquele
lugar, precisava trabalhar ou fazer qualquer coisa para conseguir o dinheiro
hoje ou o Bebê não esperaria mais nenhum dia para colocar para fora os
poucos bens que ainda me restavam.
Apesar de o chamarem de Bebê, ela pesava quase cem quilos e
assustava qualquer pessoa que tentasse enganá-lo. Mesmo devendo quase
dois meses de aluguel, eu era a única que conseguia aliviar sua cobrança,
afinal, conseguia sempre um tempo a mais satisfazendo alguns de seus
desejos, o que era nojento, mas era a única forma de não parar na rua.
Peguei meu celular e fiz algumas ligações, tentei entrar em contato com
alguns clientes antigos, mas não obtive retorno. Alguns eram casados,
outros trabalhavam mais tempo viajando do que dentro de um escritório.
Liguei para algumas amigas de profissão para ver se tinha algum evento
aquele dia em alguma boate, às vezes, esses eventos eram os lugares onde
mais ganhávamos dinheiro. Ricos vindos de toda parte do mundo a
negócios ou apenas por diversão, nada os impedia de curtir a vida ou a noite
regada a drogas, bebida e muito sexo.
Fiquei sabendo da inauguração de uma boate nova na praia de ponta
negra, perto do hotel onde estava hospedada, aproveitei para pedir uma
roupa emprestada de uma amiga e um lugar para ficar até o anoitecer, temia
voltar para casa e me deparar com minhas coisas na rua, preferi arriscar e
permanecer onde estava, caso conseguisse algum noturno, teria no dia
seguinte dinheiro suficiente para pagar o que devia, pelo menos uma boa
parte.
Capítulo 3
Lucca
Lucca
Luiz
Lucca
Luiz
Na lista.
Lucca
e fato, Luiz tinha razão. Não ia adiantar deixar de viver porque não
D
tinha esposa para estar apto para me tornar presidente da empresa. Deveria
sair, curtir e tentar amenizar a fúria que eu estava naquele momento.
Apaguei as luzes da minha sala, que não era a sala do meu pai, ainda era
minha sala antiga, chamei um carro de aplicativo e fui para a mansão me
arrumar para ir a boate.
Capítulo 4
Lua
oje, a noite não seria suficiente para mim. Estava disposta a voltar pra
H
casa apenas quando tivesse em minhas mãos, todo o dinheiro necessário
para pagar meu aluguel atrasado. Não poderia passar pela humilhação de
ser despejada de casa. Se não fosse os dias que havia ficado sem trabalhar
por conta de uma crise de asma, e os cafajestes com que dormi que não me
pagaram, não estaria passando por esse problema.
Chamei um carro de aplicativo junto com minha amiga que também iria
até a boate. Um cliente fixo seu colocou nosso nome para não termos
problema quando chegarmos no local. Seria uma corrida de pelo menos
vinte minutos e durante esse tempo, poderia aproveitar para retocar a
maquiagem e passar um pouco mais de perfume.
Eu não era a mais bela das mulheres, pelo menos era o que muitos
clientes me falavam. Talvez pelas sardas que eu possuo bastante em meu
rosto. Sempre que era possível, passava um pouco mais de base e blush para
esconder o máximo que eu pudesse. Durante toda infância e adolescência,
sofri na escola com piadinhas que me ofendiam e que me deixaram até por
um tempo, sem querer estudar, o que me atrasou bastante na conclusão dos
meus estudos. Hoje, com vinte e seis anos, tudo o que eu mais desejo é um
dia poder recuperar o tempo perdido e conseguir fazer uma faculdade.
Já não estou mais tão nova e os homens estão cada vez mais exigentes
quanto a idade das mulheres com quem eles deitam. Querem cada vez
mulheres mais jovens.
Enquanto o carro percorria toda a avenida, passávamos por enormes
prédios residenciais, restaurantes que por algumas vezes estive com alguns
clientes, mas que desejara muito um dia poder sentar em uma daquelas
mesas, não por estar acompanhando alguém como companheira de luxo,
mas por estar acompanhando o homem que seria meu marido.
Esse era um assunto muito delicado no nosso meio que exercia essa
profissão. Algumas garotas até já haviam perdido a esperança de um dia ter
um relacionamento sério, afinal, que homem iria querer casar-se com uma
mulher que já havia dormido com mais homens do que sua própria idade?
Chegamos. — Só percebi que havíamos chegado quando o motorista
—
interrompeu meus pensamentos.
A fila de frente a boate já dava voltas. Felizmente, as pessoas com o
nome na lista podiam seguir em uma outra entrada exclusiva para
convidados.
— Por sorte que o meu boy conhece o dono. — Comemorou minha
amiga eufórica com o fato de podermos entrar logo e aproveitar tudo ao
máximo.
Júlia e eu nos conhecíamos desde o tempo de escola. Diferente de mim,
ela terminou os estudos no tempo certo, porém, não se deu tão bem na
faculdade como esperava. Não chegou a concluir o curso de enfermagem
pois logo casou-se com um homem que só fez mal a ela. O próprio marido a
entregou a um traficante que ele estava devendo e a partir dali ela começou
a vender seu corpo para poder tirar o seu sustento.
Assim como eu, Julia acredita que um dia, aparecerá alguém que pedirá
sua mão em casamento como num conto de fadas e ela poderá viver feliz
para sempre.
— Vamos Lua, é nossa vez. — Me puxou pelos pulsos e fomos em
direção a portaria.
Dois enormes seguranças conferiram nossos nomes e nos colocou uma
pulseira VIP, o que nos daria acesso a bebidas, comida e ao camarim, lugar
onde as pessoas mais importantes e ricas da cidade poderiam estar. Jovens
cheios da grana em busca do primeiro sexo, homens mais velhos
insatisfeitos com o casamento e até homens mais velhos que nunca se
casaram, eram esses homens velhos que nunca casaram que nos davam uma
certa esperança de um dia casar.
Capítulo 5
Lucca
ão sei bem se deveria estar aqui. Não tinha nem uma semana desde a
N
morte de meu pai e apesar de tudo o que estou passando, deveria estar com
minha mãe e minha irmã, o fato é que nem pensei em nada disso quando
resolvi vir até aqui.
— Lucca, Lucca, aqui. — Busquei a direção da voz que me chamava
insistentemente em meio ao barulho de dentro da boate quando avistei de
longe no andar de cima, Luiz.
Subi alguns degraus, mostrei a pulseira que me dava acesso ao camarote
VIP, peguei um drink no bar e fui em sua direção. O homem já estava
acompanhado com algumas garotas em sua mesa e não fazia nem muito
tempo que a boate havia sido aberta.
— Senta aqui irmão. Esse é meu harém pessoal. — Disse enquanto
apontava para as mulheres a seu redor.
O dono da boate era um amigo de Luiz. Um homem de negócios, mas
que também tinha sua forma ilegal de fazer dinheiro. A boate serviria
apenas para satisfazer seus desejos e lavagem de dinheiro. Apesar de
conhecer pessoas assim, Luiz era um homem justo e honesto, e esses foram
os motivos que levaram meu pai a nomeá-lo gerente de nossa sede aqui em
Natal.
— O que você bebeu? Chegou aqui agora. — Perguntei ao mesmo
tempo em que imaginava que não havia sido apenas bebida que o tivera
deixado naquele estado.
— Uma coisa muito boa, quer?
— Não, obrigado. Prefiro ficar com meu whisky.
O local estava lotado e não parava de entrar mais gente. A boate era
dividida em três ambientes. O primeiro era o andar de baixo, onde ficava
um bar e a pista de dança. O segundo andar era uma área mais reservada,
com salas que podiam abafar o som para ser um ambiente onde poderia
tratar de negócios e um enorme salão com algumas mesas e que dava vista
para todo o andar de baixo. O terceiro andar era onde tinham alguns
quartos, digamos que um Motel particular dentro de uma boate. Um
negócio bem lucrativo para o dono.
Aos poucos, fui me adaptando a tudo o que estava acontecendo a meu
redor. O local sem dúvida seria muito mais frequentado por garotos saindo
da puberdade e um pouco mais jovens. Eu, com meus trinta e seis anos de
idade já não tinha tanta disposição para dançar a noite toda, principalmente
depois de um longo dia de trabalho.
Não precisava subir ao terceiro andar e entrar em um dos quartos para
ver pessoas se esfregando umas nas outras, homens excitados e
completamente embriagados, mulheres se agarrando no meio do salão, um
verdadeiro antro de perversão.
Mesmo não sendo um voyeur, podia sentir meu sangue ferver e meu pau
querer subir excitado buscando por prazer. A bebida já fazia um efeito
escaldante em meu corpo e vendo aquelas pessoas excitadas, quase que
fazendo sexo na frente de todos, me senti como um adolescente quando fica
escondido no banheiro vendo foto de mulheres peladas, a única diferença é
que eu não precisava me preocupar em me esconder.
Sentado numa roda cercado de mulheres seminuas em uma das salas
privativas do segundo andar, algumas se beijando e tocando em seus seios à
mostra, enquanto outras duas se excitavam enquanto excitavam Luiz, abri
minhas pernas e deixei que o volume em minha calça aumentasse, fechei os
olhos e viajei em meus prazeres imaginários quando senti um peso em
minhas pernas.
— Aí gostoso, que tal assim? — Uma das garotas percebeu minha
excitação e se sentou em cima do meu volume fazendo movimentos pra
frente e pra trás. Fiquei sem reação de pedir pra que ela saísse, e nem
queria. Estava muito gostoso todo aquele prazer.
— Continua. — Foram as únicas palavras que saíram de minha boca.
Apesar de dormir com muitas garotas de programa, eu nunca as beijava
e nem fazia sexo oral em nenhuma delas, o meu único objetivo era o meu
prazer e nada mais. O beijo era algo muito especial e íntimo, algo que eu
não tinha com nenhuma dessas garotas.
A sala em que estávamos era toda vidrada, podíamos ver todo o
ambiente lá fora, mas quem estava fora, não conseguia ver nada do que
fazíamos lá dentro. O que era bem estranho, pois podíamos ver as pessoas
nos olhando nos olhos, quando na verdade, apenas nós estávamos as
olhando nos olhos.
nquanto a garota esfregava sua calcinha úmida em meu pau, Luiz
E
metia seu pau em outra garota no meu lado. Nunca havia visto outra pessoa
fazer sexo ao vivo em minha frente e foi uma experiência muito excitante
apesar de ser maluca. Outras duas garotas se chupavam no sofá de frente
para onde eu estava, as duas completamente peladas, satisfaziam seus
próprios desejos.
Em meio a tanta orgia, abri o sutiã da garota que cavalgava em cima de
mim, apalpei um de seus seios com uma mão e o outro, abocanhei fazendo
movimentos circulares com a língua. Enquanto ela gemia de prazer, eu me
excitava com seu esfregar.
Lentamente, desci minhas mãos pelo seu corpo a impulsionando a
acelerar um pouco mais os movimentos que fazia. Não aguentando mais de
tanta excitação, a tirei de cima de mim, fiquei de pé apenas para abrir o
zíper da calça e colocar pra fora meu pau que estava ficando sufocado de
tão duro que estava, a ajoelhei diante de mim e das pessoas que estavam
com a gente naquela sala pequena e pedi que me chupasse.
Segurei seus cabelos e movimentava sua cabeça pra frente e pra trás
pressionando ainda mais, enquanto eu olhava para fora da vidraça e tinha a
impressão de que as pessoas estavam todas vendo o que estava
acontecendo, mas eu me excitava com a fricção das mãos e da boca da
garota.
Luiz quando se deu conta do que estava acontecendo, parou e ficou
olhando enquanto colocou as mãos em seu pau e começou a se masturbar
com a cena, algo inimaginável para mim, mas eu não podia parar, estava
chegando ao ápice do prazer.
— Mais um pouco...
Quando gozei, soltei um longo suspiro diante de todos, só então fui me
dar conta da loucura que fizera.
Limpei-me com um guardanapo que havia em cima da mesa, peguei
duzentos reais de dentro da carteira e entreguei a moça que havia me
satisfeito.
Capítulo 6
Lua
pesar de saber que não deveria ter entrado naquele carro, eu não tinha
A
como chegar em casa. Meu dia não estava nada bom e parecia que só tinha
a piorar.
O homem parecia sério e muito bem aparentado. Com aquele carro, não
tinha dúvidas de que era alguém com muito dinheiro além de ser muito
atraente e bonito.
Seguimos para o endereço que eu havia indicado no gps do veículo. Em
silêncio a todo momento, ele não ousou me perguntar o real motivo do meu
desespero, visto que o que ele imaginava, não era de fato o que havia
acontecido. O carro não estava sendo roubado, mas a minha dignidade mais
uma vez estava sendo arrastada para o fundo de um poço que ficava cada
vez mais profundo a ponto de não conseguir enxergar mais nem um fio de
iluminação se quer.
bvio que depois de tantas cobranças ele não esperaria mais nenhuma
Ó
noite sequer e ainda me ameaçou dizendo que se eu não lhe pagasse,
mandaria alguns homens atrás de mim e me encontraria onde quer que eu
estivesse. Sem um pouco de compaixão, entrou em seu carro a arrancou
dali.
lhei rapidamente para trás e avistei seu carro parado. Por que ele não
O
foi embora? Fiquei envergonhada com aquela situação, afinal, tinha toda
certeza que ele havia visto toda aquela confusão e ainda mais, me visto
naquela situação deplorável.
Capítulo 9
Lucca
iquei sem reação ao ver tudo o que havia acabado de acontecer. Não
F
entendia direito o que aquela mulher estava passando, mas sabia que ela não
poderia mais ficar em sua casa. Era seu marido? Seu locatário? Será que a
estavam roubando?
esci do carro quando percebi que ela me viu. Não sei se fiz certo,
D
talvez ela ficasse constrangida com minha presença, mesmo assim fui em
sua direção.
Moça, está tudo bem? — Só percebi que a pergunta que havia feito
—
tinha sido tão idiota depois que as palavras saíram de minha boca.
Parece até que você não é desse mundo. Nunca percebe nada do que
—
está acontecendo. — Friamente ela me respondeu, mas pude sentir a dor em
sua voz.
Desculpa por ser meio idiota, mas posso dizer que de fato não sou do
—
seu mundo. — Minhas palavras pareceram um pouco soberbas, mas não
estava mentindo. De fato, eu não pertencia àquele mundo que ela vivia.
Não mais do que você com tudo no meio da rua. — Mais uma vez
—
falei merda. Como pude ter sido tão insensível? Também, estou apenas
tentando ajudar e ela vem com sete pedras nas mãos pra tacar uma de cada
vez.
Sai daqui agora antes que eu... — Sem saber o que dizer, ela respirou
—
fundo e saiu andando na rua escura e desértica. Voltei para o meu carro afim
de voltar para casa, porém, alguma coisa me fez mudar de ideia e eu apenas
dirigi em sua direção. Não foi tão difícil alcançá-la com aqueles saltos altos.
Por que eu iria querer alguma coisa em troca? Você já me fez essa
—
pergunta hoje. — A questionei enquanto descia do carro já perdendo a
paciência de tudo aquilo.
edi uma macarronada para nós dois, pois se a fome apertava meu
P
estômago, imagine o de Lua. Me despi dentro do meu quarto e fui tomar um
banho rápido apenas para tirar o odor da boate e da bebida que ainda
exalava em meu corpo.
Não conseguia parar de pensar em Lua no quarto ao lado. Apesar de não
estar tão limpa e com a maquiagem borrada, não dava pra deixar de
perceber que ela era linda e diferente de todas as mulheres que já havia
estado na vida. Seu rosto pintado de sardas era a coisa mais linda e inocente
que poderia ter visto, apesar de saber que de inocente ela não tinha nada.
Enquanto a água caía em meu rosto, minha mente viajou até seu quarto
e pude quase ver seu corpo perfeitamente nu deitado na banheira. Seus seios
que quase saltava daquele vestido sendo saboreado pela minha língua e suas
mãos em meu pau me fazendo gozar.
O que eu estou fazendo? Não posso pensar isso.
Tentei interromper meus devaneios voltando a realidade quando alguém
bateu na porta. Certeza que era o garçom trazendo nosso jantar.
Rapidamente me cobri com o roupão desajeitado e fui receber nossa
refeição. Percebi que ela ainda não havia terminado o banho e fui até seu
quarto chamá-la antes que a comida esfriasse. Bati repetidas vezes e
nenhum sinal de vida. Girei a maçaneta da porta e percebi que ela deixara
aberta. Não ouvi barulho de chuveiro e pensei que talvez ela pudesse ter ido
embora assustada ou até mesmo com medo de mim ou de que eu fizesse
algo com ela. Fui até o banheiro e a vi deitada, de olhos fechados coberta
por espuma.
Sua perna elevada me fez imaginar seu corpo esbelto. Seus cabelos
úmidos já não estavam tão claros como quando estavam secos, mas
continuavam como véu. Meu pênis começou a sair do meu controle e dei
alguns passos para trás antes de chamar por seu nome um pouco mais alto.
Lua. — Gritei. — O jantar chegou. Melhor comermos logo antes que
—
esfrie e assim podermos nos deitar um pouco antes que o dia amanheça.
— Sim. Perdi um pouco a noção do tempo, mas já estou indo. — Não
tinha como não ter percebido isso. Pude ver como ela havia perdido noção
do tempo, mas ela não viu o quanto ela me fez perder a noção do perigo.
Voltei rapidamente para a mesa e sentei-me para que ela não percebesse
que eu havia entrado em seu quarto, e mais do que isso, que eu a havia visto
tomar banho.
Tentava de todas as formas tirar aquela lembrança da minha cabeça, mas
não tinha como esquecer alguém tão angelical em seu momento mais
íntimo.
— Desculpe a demora. Acabei relaxando tanto que não vi o tempo
passar. — Ela veio andando enquanto ainda amarrava o roupão do hotel em
sua cintura.
Com uma tolha enrolando seu cabelo e agora, sem maquiagem no rosto,
pude ter a certeza de que estava diante de um anjo, e não mais de uma
mulher. Esse anjo tinha um olhar que fuzilava qualquer ser humano, era
assim que eu me sentia quando ela me olhava.
— Não tem problema, eu também acabei de sair do banho. — Tentei
disfarçar a tensão que tomou conta de mim.
Enquanto comíamos, nada falamos e rapidamente tudo terminou.
— Lucca. — Chamou meu nome com tanta intimidade que me deu até
calafrio. — Quero agradecer o que você fez por mim.
— Não precisa. Está tudo certo. Eu fiz por você porque senti que
precisa fazer isso.
— Mas você não me conhece, não sabe pelo que passei e nem o que
posso fazer com você e mesmo assim, me deu abrigo, me alimentou e se
preocupou por mim. Me diga o que posso fazer por você, por favor. —
Aquele seu pedido parecia tão sincero que não sabia o que responder. Juro
que tudo que queria pedir era uma noite de sexo, mas não podia fazer isso
com aquela mulher, não com Lua, não com aquele anjo demônio que
parecia ter invadido todo o meu ser sem nem saber.
— Posso pensar em alguma coisa, mas não te responderei agora, preciso
de um boa noite de sono.
— Sem problemas, amanhã ainda estarei aqui. — Ela respondeu com
um sorriso no rosto que ressaltou ainda mais sua beleza. Céus, por que ela
me tomou dessa maneira? Não podia me apaixonar por alguém assim. Eu
mais do que ninguém sou desacreditado dessas coisas de amor à primeira
vista. — Vou me deitar. Boa noite.
Ela saiu e eu fiquei parado no mesmo lugar. Milhões de coisas passaram
pela minha cabeça. O que ela poderia fazer por mim? Procurei qualquer
coisa que ela pudesse fazer, mas não conseguia pensar em nada. Meu
celular tocou e eu percebi que havia deixado em cima da cama. Corri para o
quarto e vi que era Luiz. Havia saído da boate sem dizer nada e o deixei
muito bem acompanhado, sabe-se lá o que poderia ter acontecido com ele.
— Luiz.
— O que aconteceu irmão, você saiu do nada depois daquela gozada.
— Aquilo não deveria ter acontecido. Onde você está?
— Já tô em casa. Relaxa. Mais me fala, o que aconteceu?
— Só não me senti bem.
— E aí? Foi pra casa ou está com alguma boazuda?
Luiz apesar de não ter muita noção das coisas, era meu melhor
amigo e a pessoa que me conhecia melhor do que meus irmãos, ele era
quem sabia todas as loucuras que eu já havia feito na vida. Não pensei duas
vezes antes de contar toda a loucura que havia sido a minha noite.
— Irmão, se essa dona te assassinar enquanto você dorme?
— Ela não faria isso. Eu sei. Ela quer fazer alguma coisa por mim,
mas ainda não pensei em nada.
— Por que você não pediu só uma noite?
— Porque ela não é um pedaço de carne. Ela é uma mulher e muito
linda por sinal.
— Já sei. Pede ela em casamento. Isso resolveria todos os seus
problemas.
— Isso é loucura. Eu mal a conheço e o fato de achá-la bonita não
significa que ela é mulher pra ser mãe dos meus filhos.
— E quem falou em filhos idiota. Tô falando de um casamento de
mentira. Pensa só, você precisa de uma esposa e ela precisa de um lugar
pra morar. Além do que, você pode oferecer um bom dinheiro pra ela poder
fazer alguma coisa da vida depois da separação. Um ano ou um pouco
mais, e só.
— Você precisa dormir Luiz, e está assistindo filme demais. Boa
noite.
Apesar daquela sugestão ser loucura, poderia ser uma boa pra nós dois.
Isso é loucura. Não posso pensar em nada disso. — Falei em voz alta
—
afim de me ouvir e não esquecer que era tudo uma grande loucura.
Capítulo 12
Lua
Lua
alguma coisa?
Júlia
Lua
Lua
se resolver.
Júlia
Lua
Júlia
Manda a boa.
Lua
Júlia
resolver.
Preciso que prepare esse contrato pra mim, mas tem que ser no
—
sigilo.
Não conseguia acreditar que estava fazendo isso, mas era o que iria
acontecer, e o mais rápido possível. Liguei para um amigo advogado e
enviei por e-mail todas as informações necessárias que deveriam estar no
contrato.
Acordamos algumas coisas que seriam importantes para tudo dar certo e
funcionar perfeitamente. Precisava comprar um apartamento o mais rápido
possível e deixar no nome da Lua, quando nos separássemos depois de um
ano, o apartamento seria dela e assim ela não precisaria passar por mais
nenhuma necessidade, afinal, mesmo sendo um casamento falso, ela ainda
seria ex-esposa de um Martinelli.
Um outro ponto importante que não poderia ficar de fora, era a ausência
de sexo. Lua não queria se sentir obrigada a ter relações sexuais comigo, o
que um casamento geralmente trazia, a responsabilidade de homem e
mulher como casal.
Depois de nós dois analisarmos bem cada detalhe do contrato, e não
deixar nada passar. Entramos em um acordo e o selamos com um aperto de
mão assim como fazemos em qualquer outro negócio.
Saímos juntos do hotel e fomos direto visitar alguns apartamentos que
ficassem próximo ao hotel. Assim, eu poderia ficar perto do trabalho e Lua
perto da praia, o que era um grande desejo seu.
Ainda não sabia o que iria dizer para minha família, como anunciar que
iria me casar e que não demoraria tanto? Não tinha pensado em nada, mas
não estava disposto a desistir.
Capítulo 14
Lua
assar estes dias longe da Lua foi muito importante, eu não poderia
P
perder a cabeça e me apaixonar tão fácil assim. Nunca acreditei nessa
história de amor à primeira vista, mas vê-la tão indefesa aquela noite, fez
algo brotar dentro de mim. Não posso negar que sua beleza natural me
abalou fortemente e me fez delirar por várias noites.
Quando assinamos o contrato, pensei: — Não tem mais volta. E só tinha
uma última coisa a fazer, apresentá-la para minha família.
Não sei bem o que ainda vou fazer, como vou fazer, e isso estava
tirando o meu sono. O que iria dizer? Ninguém poderia saber as condições
com que estaríamos nos casando, mas precisaria inventar uma boa desculpa,
afinal, Enzo não deixaria nada disso barato. Sua inveja e o desejo por
ocupar o lugar que deve ser meu sempre falou mais alto do que o próprio
sangue.
Saímos do escritório do Dr. Chagas e o destino seria nosso lar. Se é que
podia chamar assim. Deixei tudo por conta da Lua. Todos os móveis,
pintura, decoração. Tudo a seu gosto, afinal, minha moradia ali seria
temporária.
— Está pronta? — Olhei para o lado do carona e a vi ansiosa enquanto
abraçava sua via do contrato. Sua garantia para daqui um ano.
— Não sei se posso dizer pronta, mas ansiosa. — Um sorriso tímido e
nervoso brotou em seu rosto. Ah! Que belo sorriso.
— Então vamos. Quero ver como tudo ficou.
Seguimos para o apartamento e durante todo o percurso, a via olhar para
o lado de fora enquanto o vento batia em seu rosto severamente jogando
longe as lágrimas que escorriam. Espero eu, lágrimas de alegria. Apesar de
ser um casamento de mentirinha, ainda assim, estaria a prendendo a mim
por um ano. Como homem, sei que posso saciar meus desejos a qualquer
momento que ninguém me repreenderia, mas e ela? E sua felicidade? Ela
renunciou a tudo isso para me ajudar e claro, ela teria sua recompensa, mas
será que valia a pena?
Chegamos. — Disse enquanto estacionava o carro na nossa vaga de
—
garagem. Nossa. Tudo agora não era mais meu, mas nosso.
— Você já ficará comigo aqui ou esperará o casamento?
— Bem, trouxe algumas roupas. Antes de qualquer coisa, preciso
apresentar você para minha família e ainda estou pensando em como fazer
isso, mas hoje pretendo ficar aqui, tudo bem pra você?
— Claro, o apartamento também é seu. Na verdade, mas seu do que
meu.
Suas palavras não foram frias, mas senti uma pontada apertar em meu
peito.
O lugar estava magnífico. A sala minimalista, poucos móveis, um sofá
que ocupava todo espaço em seu contorno e uma pequena mesa no centro
com alguns livros em cima. Na varanda, plantas tornavam o lugar praiano
mais arborizado e uma rede que complementava a vista. Não era um lugar
tão grande, mas era o suficiente para nós dois. Na cozinha, um balcão
separava na sala de jantar, o que era necessário estava lá, nada mais e nada
menos. Um corredor nos levava a duas suítes e um banheiro social. Ambos
os quartos estavam decorados. Um, que acredito ser o meu, mais escuro.
Tons cinza e preto nos móveis. O outro, tons mais claros. Rosa e branco.
— Está tudo perfeito Lua. — Disse enquanto desfazia minha mala e
organizava as roupas no móvel.
— Que bom que gostou. Não sabia se lhe agradaria, afinal, a gente mal
se conhece.
— Tem razão. Mas precisamos mudar essa situação. Precisamos nos
conhecer e muito bem. Minha mãe vai querer saber tudo sobre você e meus
irmãos mais ainda.
— Nossa, até me deu um medo agora. Mas acho que posso me sair bem.
— Hoje à noite vamos jantar juntos. Se você não tiver compromisso,
claro.
— Não tenho não. Aceito seu convite. — Ela piscou um olho pra mim e
saiu. Fiquei paralisado com tanta beleza. Lua não estava usando as
maquiagens que usava quando a conheci. Agora, seu rosto parecia cada vez
mais lindo e suas sardas brilhavam e embelezavam toda sua face. Era tão
doce e angelical.
Capítulo 16
Lua
ão tenho uma roupa decente para ir jantar. Não sei onde estava com a
N
cabeça quando aceitei o convite. Mas também, não tinha como negar, afinal,
ele é meu noivo tecnicamente falando.
Troquei umas dez vezes de roupa enquanto ele já devia estar me
esperando na sala. Podia sentir seus passos de um lado para o outro. Peguei
um vestido de cetim de cor bege e alcinhas, vesti e não ficou tão bom, o
sutiã aparecia e não ficou confortável. Retirei o sutiã e ficou perfeito. Será
que não fica tão sedutor? Talvez ele pense que eu queira seduzi-lo? Não
podemos ter relações sexuais, está no contrato, então, ele não pode fazer
nada.
Passei um pouco de lápis no olho apenas para realçar o azul céu e passei
um pouco de brilho nos lábios. Lucca já havia deixado bem claro que não
gostava de muita maquiagem. Por que eu estaria preocupada com o que ele
ia pensar de mim? Meu coração acelerou quando me preparei para sair do
quarto como se eu fosse encontrar ali o amor da minha vida. Como se
existisse amor da vida.
— Estou pronta. — Saí como se estivesse despreocupada e nada tensa
com aquele jantar.
— Uau! Você está, deslumbrante.
— Estou arrumada demais? Se eu estiver, pode falar que posso trocar.
— Não, está perfeito. — Parecia que seu olhar atravessava meu vestido
pela maneira com que ele me encarou. E se for, não tenho problemas com
isso, Lucca não era de se jogar fora.
— Você também está bem. Muito bonito. — Aproximei-me e abri mais
um botão de sua camisa social branca. — Assim está melhor. — Apoiei
minhas mãos em seu peitoral e pude sentir sua respiração acelerar. Nos
encaramos por alguns segundos que mais parecia uma eternidade.
— Acho melhor irmos. — Ele interrompeu aquele momento
constrangedor e ao mesmo tempo tão esquisito.
aímos e fomos em direção a um dos melhores restaurantes da região.
S
Fomos exatamente no restaurante que sempre me imaginei com meu esposo
ou até mesmo sozinha, sendo dona da minha própria vida. Infelizmente, não
era como eu gostaria de estar, mas era melhor do que antes. Posso dizer que
estava acompanhada de um amigo.
Comemos, bebemos e jogamos muita conversa fora. Foi de fato uma
boa oportunidade para nos conhecer melhor. Lucca apesar de ter esse rosto
sério e quase que intocável, amava sua família e eu pude entender os seus
motivos para fazer essa loucura de se casar mesmo sem amar alguém. Por
um momento, até havia esquecido o porquê de estar ali, me senti viva, e
feliz.
Estava chegando a hora da sobremesa e Lucca começou a me contar seu
plano para me apresentar a sua família. Primeiro começaríamos pela sua
irmã que poderia ser mais compreensível. Como ele mesmo disse, ela
sempre quis vê-lo em um relacionamento sério, então, seria a cumplice
perfeita para apoiá-lo nessa decisão. Combinamos que iríamos contar meia
verdade sobre como nos conhecemos, seria menos perigoso e Lucca não
queria que eu me sentisse constrangida com a situação apesar de eu nunca
ter me sentido assim.
Quando a sobremesa chegou, não pude acreditar no que aquele maluco
tinha preparado. O garçom se aproximou acompanhado de um violinista e
ao colocar o prato com um pudim de leite em minha frente, tinha um lindo
anel de noivado com uma pedra de diamante superdelicada. Por um
momento, não acreditei que fosse pra mim. Então, Lucca se ajoelhou,
segurou minhas mãos e me pediu em casamento.
Nessa hora, todo o restaurante estava voltado pra nós dois que nos
sentamos discretamente numa mesa bem no fundo. As pessoas diziam: —
Aceita. Aceita. Diga sim.
As palavras não saiam de minha boca e as lágrimas escorriam como se
tudo aquilo fosse real. E mesmo eu sabendo que não era, pude sonhar e
imaginar como seria esse momento. Eu apenas balancei em cabeça em sinal
de afirmação e enquanto Lucca colocava o anel em meu dedo e se
levantava, um coro gritou: — Beija, beija.
— Posso? — Lucca sussurrou e eu pude ler seus lábios.
— Sim. — Eu disse.
Seus lábios se aproximaram do meu e pude senti-lo. Foi um beijo sem
calor, mas tão úmido que fez meu corpo se elevar como se fosse ser
arrebatada daquele lugar. O beijo tinha vida, tinha cor, tinha nome, e mesmo
não parecendo, tinha desejo e amor. Não durou três segundos, mas parecia
uma vida inteira. Suas mãos apertaram minha cintura com força, com
vontade. Senti seu calor e seu peito junto a mim. Pude ouvir seu coração
com o meu bater descompassado até nos afastarmos e receber os aplausos
de todos que estavam ali.
— Vocês gostariam que eu tirasse uma foto? — Perguntou o garçom
que estava nos atendendo. Rapidamente, Lucca puxou de seu bolso o
celular e entregou nas mãos do garçom. Ele me puxou para seu lado e me
abraçou novamente. Era o registro daquele nosso momento. Nos olhamos e
mais uma foto. Era a prova de que estávamos juntos.
Capítulo 17
Lucca
I sso não está correto. Talvez ele esteja um pouco bêbado. Mas lembrei-
me de que no jantar só havíamos tomado uma taça de vinho e uma de
champagne. A garrafa de whisky ainda estava cheia, talvez faltando uma
dose.
‘— Não podemos Lucca. — Falei em voz alta, mas não conseguia me
desligar do seu toque.
Seu corpo foi cada vez mais se aproximando e pude sentir seu peito
colado ao meu.
— Eu sei Lua. Mas sei que você também quer.
— E quem não gostaria de ter uma noite com um Martinelli? E você
não é de se jogar fora. Mas temos o contrato.
— Assinamos hoje. Podemos fingir que assinaremos amanhã. — Pude
sentir seu hálito quente soprando em meu ouvido.
— E amanhã você vai estar arrependido. Não acho que devemos.
— Eu te quero desde aquela noite Lua. Só por uma noite. Estaremos um
ano como marido e mulher.
Seu braço me abraçou e pude sentir sua pele quente se aproximando da
minha e seu pênis parecia estourar sua calça. Não tinha como resistir àquele
homem mesmo sabendo que era errado. Mesmo sabendo que não devíamos
nos envolver emocionalmente.
Sua boca se aproximou da minha.
— Me mostra como é um beijo de verdade anjo. — Ele falou enquanto
aproximava seus lábios do meu e me olhou no fundo dos olhos. Ele me
chamou de anjo.
Não entendi o que ele quis dizer com aquilo, mas depois do que ouvi,
não tive mais saída e nem forças pra lutar com meu desejo ansioso por tê-lo
dentro de mim.
Nos beijamos com toda nossa força. Ele me empurrou para dentro da
sala enquanto ainda estávamos nos beijando, me apertou contra a parede,
levantou minha camisola buscando minha calcinha, mas eu estava sem ela.
Ele olhou para mim como se estivesse surpreso e eu apenas sorri. Enquanto
tirava minha roupa, eu desabotoava sua calça e a tirava deixando-o apenas
com sua cueca branca já úmida de desejo.
Me segurando pelas mãos, Lucca me levou até seu quarto. Me parou a
sua frente e ficou me olhando. Suspirou e voltou a me beijar. Era um beijo
intenso e ao mesmo tempo doce. Ele se preocupava se estava me
machucando ou se estava gostoso daquele jeito. Enquanto sua mão
deslizava pelo meu corpo nu, eu segurava seu pescoço o beijando ainda
mais. Eu me virei para tomar o controle da situação e o joguei em sua cama.
Subi de joelhos em cima dele e tirei sua cueca. Seu volume estava apetitoso
e eu o abocanhei fazendo movimentos para cima e para baixo enquanto com
uma das mãos segurava seu pau firme.
Podia ouvi-lo gemer de prazer e pedir por mais. Diferente dos outros
homens com quem me deitei, ele não segurou minha cabeça para controlar
meus movimentos. Ele estava gostando de como eu estava fazendo.
Parei antes que ele gozasse em minha boca e beijando seu corpo, subi
lentamente o deixando ainda mais excitado. O beijei e ele me beijou.
Passamos a noite juntos e posso afirmar que foi a melhor noite de sexo
que já tive em toda minha vida. Não me senti usada, apesar de saber que
tudo o que havíamos vivido, também não era tão real assim, mas eu queria
aquela noite, eu desejei aquele homem e fiz sexo porque queria fazer, e não
porque precisava fazer.
Enquanto seu pau pressionava dentro de mim, me senti indo parar em
outra dimensão. Sabia que tudo aquilo era real, mas era tão bom, tudo tão
mágico, que parecia tudo um sonho.
Quando ele gozou dentro de mim. Virou para o lado e me abraçou por
trás. Ficamos ali, de conchinha até ele adormecer. Levantei-me para fazer
um asseio e voltei para seus braços. Não queria que o dia chegasse, queria
ficar ali, quentinha e me sentindo segura.
Capítulo 19
Lucca
ão sei por que me decepcionei com ele. Sabia que isso podia
N
acontecer, mas bem no fundo, tinha esperanças.
Procurei a melhor roupa e mais discreta para ir ao almoço com a família
Martinelli. Tinha que estar preparada para o que viesse a acontecer. Lucca
já havia me passado algumas informações sobre eles e depois, pesquisei um
pouco mais. Eu estaria como noiva do filho mais velho, como sua futura
esposa e futura mãe de seus filhos. Teria que atuar por pelo menos duas
horas, mas isso não seria tão difícil. Não era tão difícil se apaixonar por
aquele homem.
Vestindo um vestido florido e calçando um allstar branco, com o cabelo
preso num coque solto no topo da cabeça, saí do meu quarto ao mesmo
tempo em que Lucca aparece com uma bermuda azul e uma camisa gola
polo cinza. Ele ficou parado me olhando dos pés à cabeça e eu o interrompi.
— Não está bom?
— Desculpa, está perfeito.
Ele aproximou-se, deslizou seus dedos pelo meu rosto descendo pelo
pescoço. Um leve calafrio tomou conta do meu corpo me fazendo puxar o
ar com força dos meus pulmões.
— Me desculpa. — Disse me olhando enquanto sua mão repousava no
meu busto. — Não queria que você pensasse que eu apenas te usei. Eu
queria ter aquela noite com você e teria outras vezes, só não quero que a
gente confunda nada.
Eu não queria e nem sabia que isso iria acontecer, mas nessa hora, uma
lágrima desceu dos meus olhos.
— Eu acredito em você mesmo não querendo acreditar.
— Mas porque está chorando? — Perguntou enquanto subiu sua mão
para aparar a lágrima que escorria.
— Eu não sei Lucca. Melhor a gente ir antes que atrasemos. — Tentei
passar, mas ele me segurou pelos braços e puxou-me para perto. Ele me
abraçou com força e ali, era o meu lugar de paz.
ua respiração em meu ouvido era forte, seu coração estava acelerado
S
de forma descompassada. Pude sentir seu sangue correndo pelas suas veias.
Nossa filho, você não falou nada pra gente. — Questionou minha
—
mãe.
ucca, estava um pouco mais leve e talvez até despreocupado por ter
L
tirado um peso de cima dos seus ombros, o passo seguinte agora seria
organizar um casamento simples e o mais rápido possível. Ele tinha apenas
seis meses para providenciar um casamento, e nós não podíamos esperar
esse tempo todo, afinal, nosso contrato só durava um ano apesar de que eu
estava começando a querer que durasse uma eternidade.
s dias foram passando e enquanto Lucca saia todo dia para o trabalho,
O
eu ficava em casa ou às vezes caminhava no calçadão da praia apenas para
relaxar. Não tinha muito o que fazer e a ociosidade estava começando a me
matar por dentro.
Lucca, falta apenas quinze dias para o nosso casamento. Como você
—
está se sentindo? — Quebrei o gelo enquanto tomávamos nosso café da
manhã.
Pensei que ficaria mais nervoso, mas estou até tranquilo. Depois que
—
casarmos, as coisas vão melhorar.
Não, claro que não. —Ele respondeu um pouco certo de que não
—
tinha problema de fato. — Por falar em nós dois, estava pensando uma
coisa. O que acha de fazer uma faculdade?
Como assim? Não está satisfeito comigo do jeito que estou? — Não
—
entendi onde Lucca estava querendo chegar. Fazer uma faculdade é tudo o
que sempre quis, mas porque tinha que trazer essa questão?
Não é nada disso Lua, eu só pensei que talvez você quisesse fazer
—
alguma coisa ao invés de só ficar presa nesse apartamento sozinha.
Você sabe que isso não é problema, enquanto estivermos juntos, você
—
é minha responsabilidade. Procure a faculdade, o curso e me fale, e não
demore. — Disse enquanto levantou-se da mesa e foi para seu quarto
terminar de se arrumar.
Capítulo 23
Lucca
ogo agora que as coisas estão prestes a entrar no caminho certo, vem
L
esse problema financeiro na empresa. Ainda não assumi a presidência, mas
sem dúvidas que esse problema pode ser um empecilho para que eu assuma
mesmo tendo cumprido o desejo de meu pai.
— Eu sei senhor, mas encontramos algumas divergências da
documentação que nos foi enviada com alguns lançamentos na empresa.
ma semana depois
U
Tem uma semana desde que Lucca foi afastado de suas atividades na
empresa até tudo ser esclarecido e confirmado. Durante estes dias, ele
reversou entre dormir aqui comigo e dormir em sua casa, apesar de que em
todas as vezes em que dormiu lá, chegava no outro dia cada vez pior por ter
que aturar as piadinhas de seu irmão.
Faltam apenas alguns dias para o nosso casamento e mesmo diante de
toda essa situação, Lucca não quis adiar ou desistir.
Conviver com sua presença era cada dia mais suportável e bom. Apesar
de estar cheio de problemas para resolver, em todo momento ele me tratou
com delicadeza e paciência. Mesmo nas noites de sexo, Lucca era
romântico e cuidadoso.
— Bom dia. — Seus olhos se abriram e se encontraram com os meus.
— Oi. O que acha de levantarmos e fazer alguma coisa hoje?
— A ideia de levantar é boa, mas não posso sair hoje, preciso aguardar
minha mãe ligar. Ela mandou uma mensagem na madrugada avisando que a
auditoria seria concluída hoje.
— Nossa! Que bom Lucca. Fico feliz que tudo isso vai acabar.
— Bem, na verdade será o recomeço. Temos um casamento em alguns
dias e aí sim, tudo vai acabar. — Suas palavras me deixaram mais nervosa.
Meu medo de descobrirem que era um casamento arranjado era imenso.
Talvez tudo isso prejudicasse apenas a ele mesmo dentro da empresa. Era
necessário que um presidente tivesse bom caráter e honra.
Ficamos o dia todo esperando alguma resposta, alguma ligação, algum
e-mail. Qualquer informação que pudesse mudar a tensão que tomava conta
do ar da nossa sala.
Notícia do jornal
Acabamos de receber a informação de que Enzo Martinelli, diretor
financeiro da rede de hotéis Martinelli, foi destituído do seu cargo na
empresa. Fontes confiáveis informaram que Enzo fez um desvio de meio
milhão de reais enviando para uma de suas contas no exterior. Foi
constatado também que durante os últimos anos, Enzo desviava valores
menores e distribuía entre suas três contas no exterior para despistar
qualquer suspeita.
— Preciso ligar para minha mãe agora.
— Você precisa se acalmar. Ela deve estar nervosa e você não pode agir
sem pensar.
— Você tem razão. Se arrume, vamos até a mansão. — Lucca saiu para
seu quarto e vestiu a primeira roupa que deve ter encontrado. Fiz o que ele
me pediu e coloquei uma calça jeans e uma blusa gola polo para não o
deixar mais nervoso ainda. — O que você pensa em fazer?
— No momento o mais importante é ficar ao lado da minha mãe. Ela
não merece está passando por mais essa desgraça. Meu irmão não devia ter
feito isso com ela. — Enquanto íamos para o estacionamento do prédio,
pensei em como ele poderia estar mais preocupado com sua mãe do que
com sua reputação que poderia ter sido afetada.
Todo esse tempo a seu lado me fez conhecer um homem cada vez
mais admirável. No meu pior momento, foi ele quem apareceu e me
estendeu a mão. Por diversas vezes no dia, batia em meu rosto para me
fazer acordar para a realidade. O que temos é muito bom e gostoso, mas
esse é apenas um casamento arranjado. O que temos vivido tem sido
memorável, mas tudo não passa de um contrato.
As coisas não estavam muito boas quando chegamos na casa da
família Martinelli. Enzo já não voltava para casa há dois dias e nessas
circunstâncias, pensávamos que pudesse ter acontecido o pior. Antonella e
Lucca começaram a ligar para todos os hospitais da região e fora dela
procurando por ele, mas o pouco que conheço dele, tudo pode ser possível,
até mesmo uma fuga para não arcar com as consequências de seus atos.
Apesar de passar a maior parte do seu tempo na mansão dos
Martinelli, Enzo também tinha seu próprio apartamento, o lugar onde
poderia mais ser chamado de motel do que de um lar. Saí com Lucca a sua
procura e não o encontramos lá. Voltamos para a mansão onde se
encontravam sua mãe muito preocupada e sua irmã aflita. A polícia estava o
tempo todo no jardim a sua espera para prestação de esclarecimentos,
afinal, toda a diretoria da empresa estava questionando os seus atos e
pedindo pressa para que Lucca assumisse de imediato sua posição como
presidente.
Dois dias se passaram e durante este período, dormimos na mansão
para dar suporte e apoio a matriarca quando o telefone principal da casa
toca e acorda a todos nós assustados a espera de qualquer ligação. Enzo
sofrera um acidente de carro na noite anterior ao resultado da auditoria e
não portava nenhuma documentação ou aparelho de celular, o que
impossibilitou qualquer contato com sua família, foi graças aos jornais e a
grande busca da polícia que médicos e enfermeiros o reconheceram.
Depois de alguns dias, mesmo com Enzo ainda no hospital, o
mesmo foi afastado do seu cargo na empresa se mantendo apenas como
sócio devido as suas ações. A polícia o impediu de sair do país e até do
estado até que todas as acusações fossem apuradas e a condenação saísse
como deve acontecer, porém, devido a seu acidente, ficou em sua
residência, no caso, ele foi para o seu apartamento acompanhado de uma
enfermeira que ele mesmo contratou para tomar de conta das suas
necessidades.
Capítulo 25
Lua
Ficar longe de Lua tem sido sufocante, mas diante de tudo o que
passamos nos últimos dias, precisei dar forças a minha mãe, afinal de
contas, não faz muito tempo da perca do meu pai, e agora todo esse
escândalo envolvendo o meu nome e o acidente de Enzo. Tudo isso e o meu
desejo de querer estar com Lua ser muito forte, precisava me afastar um
pouco e colocar em ordem os meus sentimentos, se é que tenho de fato
algum por ela.
Agora só faltam três dias, e todo esse tempo longe só me fez ter
certeza de uma coisa: Eu não consigo esquecê-la por nenhum instante. Tudo
a meu redor me faz pensar em Lua. Se ando na rua, penso que ela amaria
estar ali, se faço compras, quero comprar o que ela gosta de comer, se
assisto um filme, deixo salvo na minha lista para assistir com ela novamente
depois. Se isso não for amor, então não sei o que pode ser. Nunca tive
muitas experiências boas nos meus relacionamentos.
Sou acordado no meio da noite por Antonella batendo na porta do
meu quarto.
— Meu Deus, você não tem nada pra fazer Antonella? — Perguntei
com cara de sono.
— Eu já sei de tudo. Você não tem vergonha de fazer uma proposta
indecente dessas pra Lua? — Afirma e pergunta batendo em meu peito me
fazendo entrar no quarto e ela mesmo fechando a porta do quarto.
— Fala baixo pra mamãe não ouvir. O que é que você está me
dizendo?
— A Lua me contou tudo. Acabei de voltar do apartamento dela,
afinal, depois que vocês se divorciarem, vai ser dela né.
— Como você descobriu? Por que ela contou? Ela desistiu da
proposta? — Preocupado e assustado com essa bomba, lancei mil perguntas
nas costas de minha irmã.
— Calma aí, uma coisa de cada vez. Não foi bem ela que me
contou.
Antonella sentou-se em minha cama e então começou a me contar o
que de fato havia acontecido, desde a história que Enzo havia contado até o
que Lua lhes contou. Até mesmo o fato dela achar estar apaixonada por
mim.
— E você? O que acha que sente por ela? Ela está muito triste e
apreensiva com seu isolamento.
— Me diga você o que estou sentindo? Eu não consigo ficar um
minuto sem pensar no seu rosto, no seu cheiro. Tudo em minha vida agora
não é mais meu. Fica um vazio se saiu sozinho no carro ou se faço qualquer
outra coisa que não seja trabalho.
— Não precisa mais falar nada. Você está caidinho por ela. Sinto
muito irmão, mas você está apaixonado pela senhorita Holanda. — Falou
apenas para implicar.
— Não a chame mais assim. Essa foi apenas uma fase ruim da sua
vida. — Disse bem sério.
— Não está mais aqui quem falou. — Levantou-se, tocou em meus
ombros com as duas mãos, olhou fundo nos meus olhos e disse. — Só peça
muito a Deus para mamãe não descobrir nada disso, porque você sabe como
ela é.
Nisso Antonella tinha razão. Na cabeça de minha mãe, eu deveria
me casar com uma mulher de classe alta para que pudéssemos juntar forças
e sobrenome e assim, fazer os negócios crescerem.
Após Antonella sair de meu quarto, resolvi acabar com meu silêncio
e mandar mensagem para Lua. Já não podia fazer mais nada se o que sinto é
amor.
— Ainda acordada?
Esperei alguns minutos e não tive nenhum retorno. Nem ao menos
visualizar a mensagem ela fez.
— Será que ela está com tanta raiva assim de mim? — Pensei em
voz alta, mas continuei insistindo e enviei uma nova mensagem.
— Oi Lua. Me perdoa. Eu precisava colocar algumas coisas em
ordem e acabei me afastando de você. Me responde por favor.
Depois de alguns segundos, a mensagem foi visualizada e ela
começou a digitar. E parou. E depois voltou a digitar novamente. Alguma
coisa não estava certa quando finalmente recebo sua resposta.
— SOSBB.
Não entendi muito bem o que ela quis dizer, mas já ficando
preocupado, vou até o quarto de Antonella e a chamo com pancadas fortes
na porta.
— Que barulho é esse que vocês resolveram fazer essa noite? Meu
Deus, está acontecendo mais alguma coisa que eu não estou sabendo?
— Não é nada mãe, pode voltar a dormir. — Voltei a bater na porta
do quarto de minha irmã que demorava a abri. — Antonella, abre essa
porta.
Enquanto esperava por ela, recebo novamente uma mensagem de
Lua.
— Polícia chamar.
Nesse momento meu coração batia tão forte que parecia sair.pela
boca e Antonella finalmente abriu a porta.
— O que foi? Meu Deus. — Balbuciou enquanto saia para o
corredor e se deparava comigo e nossa mãe parados. — Aconteceu alguma
coisa? — Perguntou. — Alguém pode me responder por favor.
— A Lua.
— O que tem? — Perguntou ao mesmo tempo em que tomou o cel
de minhas mãos. — Meu Deus Lucca, você precisa ir pra lá agora. Eu
chamo a polícia.
— Polícia? O que aconteceu? Foi alguma coisa com o Enzo? —
Perguntou nossa mãe um tanto nervosa.
— Mesmo depois de tudo o que Enzo fez a senhora ainda fica aí se
preocupando com ele? Meu Deus mãe, minha noiva está em apuros e eu
não sei direito o que pode ter acontecido.
Tudo o que eu mais queria era encontrar Lua bem. Saí da mansão do
jeito que estava e peguei meu carro. Não sei como nada de ruim me
aconteceu. Costurei todos os carros que estavam em minha frente e ao
chegar no apartamento, tudo estava destruído. Chamei por seu nome
diversas vezes, mas ela não respondia. Parecia que por muitos minutos meu
coração havia parado de bater e meu corpo todo tremia e o ar me faltava só
em pensar que eu poderia ter perdido a mulher por quem estava loucamente
apaixonado.
Andei por todos os cômodos e ela não estava lá.
Quando voltei para a sala, Lua entrava juntamente com um policial
que havia sido chamado por Antonella. Quando a vi, bem, porém com
alguns machucados em seus braços, caí aos prantos de joelhos no chão e só
senti o seu abraço agachada junto a mim.
— Não precisa chorar. Está tudo bem. — Disse com a voz
embargada.
— A culpa é toda minha Lua, me perdoa. Eu deveria estar aqui com
você para te proteger e não permitir que nada desse tipo acontecesse.
— Você não tem culpa de nada. Isso apenas aconteceu.
— Quem fez isso vai pagar muito caro. Como foi que eles entraram
aqui? Onde estava a segurança do prédio?
— Eles entraram escondidos no carro de outro morador. Eles o
pegaram e o fizeram de refém. Eles estão agora prestando esclarecimentos
na delegacia e eu também preciso ir até lá, só voltei aqui para pegar alguns
documentos.
— Eu vou com você. Não sairei mais do seu lado.
Saímos juntos e fomos o tempo todo acompanhados pelo policial.
Lua contou toda sua história para a polícia inclusive os nomes das pessoas
que haviam invadido nosso apartamento. Apesar de estar com muito medo e
trêmula, ela foi forte o suficiente para prestar todos os esclarecimentos para
a polícia.
Quando saímos da delegacia, não voltamos para o apartamento.
Fomos para a mansão e ficaríamos lá até que tudo ficasse melhor do que
antes no nosso lar. Afinal, agora não seria mais apenas o apartamento dela,
mas nosso.
Capítulo 27
Lua
Foi a noite mais longa de toda a minha vida. E não foi porque estava
vivendo a melhor experiência que um ser humano poderia ter, mas por ter
vivenciado a pior de todas elas. Ter seu lar invadido, ser espancada e não
poder reagir, se sentir impotente é muito ruim. Por sorte que aquele
desgraçado do Bebê e dos seus capangas se assustaram com o barulho das
sirenes.
Não fosse por estar ao lado de Lucca, eu não teria sobrevivido
sozinha no nosso apartamento. Depois do que vi hoje, sei que o que sinto
pode ser correspondido por ele, o homem que tomou meu coração da forma
mais linda possível. O que antes era um contrato de casamento, agora é
amor.
Agora faltam apenas dois dias para nosso casamento. Tudo está
preparado e o pior aconteceu, mas Lucca não quer desistir. Agora mais do
que nunca ele quer que tudo ocorra como planejado.
Acordamos cedo na mansão dos Martinelli e logo descemos para
tomar café da manhã. Enquanto comíamos, sua mãe desceu de seu quarto e
com uma cara séria, o chamou para conversar no escritório sem ao menos
dizer bom dia. Fiquei um pouco constrangida com a situação, mas
Antonella logo apareceu para se sentar a mesa e tomar café juntamente
comigo. Curiosa como ela é, logo perguntou sobre tudo o que havia
acontecido na noite anterior. Contei tudo e procurei não esquecer de
nenhum detalhe, afinal, agora éramos amigas e logo seríamos cunhadas.
— Lua, preciso contar algo pra você. — Disse em tom sério e
olhando para a porta do escritório que se mantinha fechada com Lucca e sua
mãe lá dentro. — Ela sabe de tudo. — Contou-me.
— Meu Deus Antonella. — Disse surpresa. — Como ela descobriu?
Você contou?
— Desculpa, mas depois de ontem logo após Lucca sair daquele
jeito, ela me jogou contra a parede e se eu não contasse nem sei se estaria
aqui pra contar história. — Disse sendo sarcástica.
— Até numa hora dessas você tem que tirar brincadeiras. Por isso
que ela desceu e nem deu bom dia. — Disse pensativa. — Antonella, em
nenhum momento eu quis me aproveitar de Lucca, muito pelo contrário,
tudo isso foi proposto por ele, mas eu também não tiro minha culpa de ter
aceitado essa ideia. Eu sabia que isso não daria certo.
— Não precisa se preocupar. — Disse com a boca cheia de bolo. —
Ela não vai atrapalhar o casamento de vocês.
— Como assim? Mesmo sabendo que tudo é uma farsa?
— Eu já estou sabendo de tudo, mas também não posso contar.
Agora eu preciso ir, tenho alguém me esperando.
— Você e seus segredos amorosos.
Fiquei ansiosa esperando pelo retorno de ambos. Não demorou
muito, apenas Lucca apareceu. Como eu já havia terminado meu café da
manhã, subimos juntos para nosso quarto.
— Lua, precisamos conversar. — Disse bem sério.
— Tudo bem, Antonella já me contou o que aconteceu. Eu sabia que
uma hora alguém descobriria. E agora? Como fica sua nomeação?
— Mais do que você está falando? Tudo segue como o planejado.
Pelo menos quase tudo.
— Como assim? Sua mãe não questionou nada?
— Ela até questionou no começo, mas sem nem me deixar falar
nada, disse que ontem me viu diferente e sabia que eu havia encontrado a
pessoa certa para passar o resto da minha vida. A pessoa que conseguiu
capturar o meu coração.
— Como assim? — Fiquei sem entender as meias palavras que ele
dizia ou talvez tenha entendido, mas no fundo não conseguia acreditar que
poderia ser verdade.
— Eu estou apaixonado por você Lua e não iria nunca me perdoar
se algo acontecesse a você. Minha mãe viu esse amor que eu estou sentindo
e mesmo sabendo que tudo foi um contrato, ela sabe que o que sinto é real.
E eu preciso saber de você. — Disse enquanto se ajoelhava em minha frente
e abria uma pequena caixa com um lindo anel dentro. — Você aceita ser
minha esposa pelo resto da vida? Agora de verdade?
— Meu Deus Lucca. — Disse atônita e com as mãos trêmulas
cobrindo a boca de espanto por essa declaração. — Eu não sei nem o que
dizer depois do que você me disse.
— Apenas diga que sente o mesmo.
— Sim, eu sinto o mesmo por você. Sim, eu estou completamente
apaixonada por você e sim, eu desejo passar o resto da minha vida a seu
lado – de verdade.
Epílogo
Lucca
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E quando antes mesmo de você nascer, sua mãe faz uma acordo com a
melhor amiga dos filhos se casarem?
Luiza vive esse dilema difícil, ainda mais após a morte de sua mãe num
grave acidente em uma tempestade. Agora, ela fica sem saber o que fazer,
se casa e realiza o desejo de sua mãe, ou se vive sua própria vida e busca a
felicidade.
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