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Título original: A Dançarina do CEO Libertino

C o p y r i g h t © 2 0 2 3 – D A N I E L A G AT I

Capa: Grazi Fontes.


Diagramação: Grazi Fontes.
Revisão: Raniely Batista

Esta é uma obra de ficção.


Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos
da imaginação da autora. Qualquer semelhança com nomes, datas e
acontecimentos reais é mera coincidência.
To d o s o s d i r e i t o s r e s e r v a d o s .
Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios existentes sem prévia autorização por escrito da
autora.
Os direitos morais foram assegurados.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela lei nº.
9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Ve r s ã o D i g i t a l — 2 0 2 3 .
Sumário
Sinopse
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
C a p í t u l o 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Epílogo
Agradecimentos
✨ Ele é um CEO arrogante acostumado a ser servido e
obedecido.
✨ Ela é uma dançarina de boate durante a noite e
assistente pessoal durante o dia.
✨ Ele é um pai exemplar e fofo para seu casal de
gêmeos.
✨ Ela é a melhor madrinha do mundo e também é
mamãe de Pet.

Leonardo Ricci é um italiano com cidadania


brasileira. Lindo, rico e mulherengo, o Homem de 40
anos é divorciado e pai de um casal de gêmeos de 5
anos. Filho mais velho, ele acaba de assumir o cargo de
CEO da empresa fundada pelos seus avós. Leo, como
gosta de ser chamado pelos mais íntimos, é um homem
de caráter e um pai exemplar. No trabalho, o italiano
arrogante é um chefe exigente e sério, já na vida
pessoal é um libertino que adora conhecer novos corpos
e ter mulheres diferentes em sua cama.

No entanto, a sua vida de libertinagem fica


balançada quando ele conhece uma bela dançarina
misteriosa que o deixa louco com a sua sensualidade e
sedução durante uma dança exclusiva.

Isabelle Brandão é uma estudante de administração


de 25 anos que veio do interior de São Paulo para
trabalhar e estudar na capital, onde divide apartamento
com uma amiga, sua afilhada e o seu cachorrinho.
Promovida ao cargo de assistente pessoal na empresa
onde trabalha, a jovem também faz bicos como
dançarina aos finais de semanas em uma boate de luxo.
É em uma dessas noites na casa noturna que Isabelle é
contratada para dançar para um homem lindo e
poderoso, sem saber que ele será o seu novo chefe.

Leonardo fica obcecado pela dançarina misteriosa


que o rejeitou e vem tirando o seu sono, sem sequer
imaginar que ela é a sua nova assistente pessoal. E em
meio a essas coincidências da vida, Isa e Leo irão
descobrir que quando é para algo acontecer, nada e
ninguém será capaz de impedir.

Conteúdo para +18


— Sai daí, sua maluca, você é um perigo atrás do
volante. — Tento ignorar os gritos de desaforo do
motorista ao lado, mas fico cega de ódio com o que ele
diz a seguir. — Lugar de mulher é pilotando um fogão,
sabia disso?

Meus olhos queimam e estou prestes a ter um


ataque de fúria, tamanha é a minha indignação. Coloco a
mão para fora da janela do carro e mostro o dedo do
meio para o babaca machista, ao passo que tento
emparelhar o meu golzinho com o carro que quase
atinge a minha lateral.
— Vai se foder, seu babaca! — Berro.

O idiota enche as bochechas de ar e fecha a mão


em punho, me olhando e simulando um boquete. Conto
até dez e enquanto acelero para longe do babaca, me
pergunto aonde eu estava com a cabeça quando decidi
que seria uma ótima ideia viver na cidade grande.

Você já parou para pensar de onde somos e para


onde vamos? Pois eu já! E para ser sincera, quanto mais
eu tento entender a minha vida, mais confusa eu fico.

Tenho 25 anos e sou a filha caçula de uma


enfermeira aposentada e de um guarda de patrimônio,
que apenas recentemente conseguiu a sua
aposentadoria. Meus pais vivem em uma cidade pacata
do interior de São Paulo, onde criaram três filhos.
Danilo, meu irmão mais velho, casou-se e mora duas
ruas abaixo da casa dos nossos pais, enquanto Isadora,
minha irmã do meio, teve uma filha com um traste que
não quis saber de assumir a criança e atualmente elas
vivem debaixo do teto dos nossos pais.

E eu, bem, eu divido um apartamento minúsculo


com a pessoa mais esperançosa e positiva do mundo.
Heloíse e eu nos conhecemos no primeiro dia de
faculdade e de lá para cá nunca mais nos separamos.
Ela é mãe solo de uma garotinha chamada Aurora, a
nossa pequeno furacão que acaba de completar seis
anos de pura esperteza e traquinagem. Também temos o
Ted, meu filho de 4 patas que ganhei do meu ex-
namorado.

Entro no estacionamento da DonRicci, dando graças


a Deus por ter chegado meia hora mais cedo e o local
ainda está vazio, assim não preciso ficar rodando atrás
de uma boa vaga para estacionar o carro. Há um pouco
mais de um ano, fui contratada para trabalhar na maior e
mais sofisticada produtora de vinhos do mundo, mas
como não tenho ensino superior completo, embora já
esteja no último período da faculdade e desenvolvendo o
meu TCC, acabei aceitando o cargo de auxiliar
administrativa, onde o salário não é tão ruim, mas
também não é o suficiente para pagar as minhas contas.
Por isso, há pouco mais de seis meses comecei um
trabalho freelancer em uma boate de luxo, servindo
mesas e dançando para homens podres de ricos. Como
faço faculdade a distância, tendo que ir apenas algumas
vezes ao polo da faculdade, consigo conciliar o meu
emprego na DonRicci e na boate, que é um bico que
exerço nas noites de quinta a domingo.

Esta foi a única solução que encontrei para manter


a faculdade, o meu aluguel e ainda socorrer a minha
família para não perdermos o único negócio que os
meus pais conseguiram ter.

Há quase 5 anos eles abriram uma pequena padaria


no bairro onde eu nasci e fui criada. A decisão de
montar um negócio surgiu depois que o meu irmão foi
mandado embora da antiga padaria em que ele trabalhou
por quase 15 anos. Junto com o nosso pai, Danilo juntou
as suas economias e montaram o negócio.

No início foi maravilhoso, eles vendiam e faturavam


bem, mas no ano passado, no entanto, as vendas
ficaram bem fracas após a inauguração de um
supermercado próximo da gente e o meu pai recorreu a
um empréstimo para dar um UP na padaria. Mesmo
assim, os rendimentos que estão entrando mal dão para
eles cobrirem os gastos e eles estavam até mesmo
cogitando a ideia de fechar o estabelecimento. Mas se
depender de mim, isso jamais irá acontecer! Por isso eu
me comprometi a pagar as parcelas do empréstimo
enquanto o meu pai e o meu irmão tentam fazer a
empresa voltar a ser como era antes.

— Bom dia, Isa. — Uma das moças que fica na


recepção do hall de entrada do edifício me cumprimenta,
um pouco antes de eu passar pela catraca de acesso.

— Bom dia, gatinha! Vamos animar, afinal, hoje é


sexta-feira.

Ela sorri de orelha a orelha e faz uma dancinha


atrás do balcão. Aproveito que o elevador está parado
no andar térreo e apresso os passos, antes que alguém
o solicite e eu tenha que esperar o outro descer.
Trabalho no último andar do mais alto arranha-céu de
São Paulo, então sem chance alguma de eu subir de
escada até o vigésimo terceiro andar.

— Bom dia, branca de neve! — Nicolas me


recepciona com um sorriso no rosto e um generoso copo
de capuccino cremoso nas mãos.

— E você ainda me pergunta porque é que eu te


amo tanto, né? Me conhece como ninguém, sabe de
todos os meus defeitos e mesmo assim sou mimada
todas as manhãs. Sério, Nick, se você gostasse do que
eu tenho para oferecer eu juro que me casaria contigo.

Ele joga a cabeça para trás e ri com vontade.

— Você é uma diva, Isa, uma das mulheres mais


lindas que eu já vi. Mas eu tenho tanta atração por você
quanto tenho pela minha irmã gêmea, que por sinal é
muito gata.

E ele não está exagerando, Heloíse é realmente


uma mulher muito linda. Tudo nela é natural e a danada
tem um corpo de dar inveja em muitas mulheres por aí.
Principalmente por ela já ser mãe e isso não ter mudado
em nada o seu físico.

— Vocês são muito rabudos, sabia? Tem uma


genética de dar inveja em muita gente. — Sibilo
enquanto sigo para a minha mesa. — Vamos trabalhar,
porque do jeito que acordei azarada hoje é bem capaz
do chefão aparecer aqui e demitir nós dois por estarmos
jogando conversa fora em horário de expediente.

— Ah, se você estiver falando do CEO, que muito


em breve não será mais o nosso CEO, ele é um fofo e
jamais nos mandaria embora por isso.

Sorrio e concordo com a cabeça. O CEO da


DonRicci é, sem sombra de dúvidas, o melhor chefe do
mundo.

Trabalho no andar presidencial e sou tratada com


muito respeito, e, tirando Roberto Sales, um dos sócios
que vez ou outra tenta me convencer a sair com ele, que
de tanto insistir se tornou inconveniente, eu amo
trabalhar aqui.

Já é quase hora do almoço e eu tento me concentrar


na planilha aberta no meu computador, mas os
burburinhos e entra e sai de pessoas na sala do
presidente da empresa me deixam totalmente
desconcentrada. Pelo canto do olho, vejo o Nick
tentando captar o máximo de informação que o seu radar
de fofoqueiro consegue alcançar.

Nick é recepcionista do andar da presidência e fica


encarregado de anotar os recados e autorizar a entrada
de terceiros no setor da presidência. Nos conhecemos
há um bom tempo por causa da sua irmã, mas nos
tornamos inseparáveis desde o primeiro dia em que eu
comecei a trabalhar na DonRicci.

— Isabelle, pode me acompanhar até a minha sala


por um instante?

Dou um leve pulo da cadeira à medida que meu


coração quase salta pela boca ao ser pega distraída,
quando deveria estar concentrada no meu trabalho. O
senhor Tommaso, meu chefe e CEO da empresa,
sustenta o olhar em mim e um discreto sorriso surge no
canto de sua boca.

Como diabos ele conseguiu chegar ao meu lado de


modo tão rápido?

Há um segundo atrás o homem estava se


despedindo de um engravatado e agora está bem na
minha frente.

— Claro, senhor Tommaso. — Respondo de


prontidão.

Me levanto da cadeira, tentando controlar o tremor


em minhas pernas causado pelo susto e sinto vontade
de socar a cara do Nicolas por ele não conseguir conter
um riso de deboche diante do meu pequeno vexame.
Acompanho o senhor Tommaso até a sala
presidencial e quando ficamos a sós ele aponta para a
cadeira em frente a sua mesa. Me sento um tanto
ansiosa para saber o que ele tem a dizer, os meus olhos
acompanhando os seus movimentos enquanto o senhor
de cabelos grisalhos e postura elegante enche um copo
com uísque.

— Aceita uma água ou suco? — Ele oferece, gentil.

— Não, obrigada!

— Bom, você deve estar se perguntando o motivo


pelo qual foi chamada aqui, não é mesmo? — Ele
inquire, após beber um gole do seu uísque e se sentar
em sua cadeira confortável atrás da mesa.

— Não posso negar, estou bem curiosa.

— Isabelle, mesmo com o curso superior em


administração de empresas incompleto, você vem se
mostrando uma profissional muito eficiente e
talentosíssima. Arrisco até mesmo a dizer que você está
com um desempenho muito melhor do que muitos
funcionários graduados da minha empresa.

— Uau... Nossa, eu nem sei o que dizer. Ouvir isso


do senhor me deixa extremamente honrada e feliz.

— Você é uma caixinha de surpresa, Isabelle. Tenho


certeza de que traz consigo muitos talentos. Porque é
que eu tenho a impressão de que você sempre tem uma
carta na manga?

Ah, se ele soubesse as coisas que eu faço quando


não estou neste trabalho...
Mordo a língua e me concentro em meu chefe.

— Eu apenas gosto de planejamentos para não ser


pega de surpresa, senhor Tommaso.

— Nisso nós somos muito parecidos e é por isso


que eu tenho certeza de que você é a pessoa certa para
o cargo que irei lhe propor.

Fico mais atenta, o meu coração dando uma


pequena acelerada. Ele vai mesmo me dar uma
promoção?

— Eu irei me aposentar e aproveitar para viajar pelo


mundo com a minha esposa. Já passei da hora de
sossegar. — O brilho nos olhos dele ao falar da esposa
é admirável.

— Os meus pais vivem me dizendo que a vida não é


só trabalho e que eu tenho que aproveitar os momentos
com a família e os amigos. — Comento com um sorriso
bobo, ao falar dos meus pais.

— Os seus pais são pessoas sábias, minha querida.


Eu demorei muito para pensar assim. Me dediquei tanto
aos negócios e mesmo tendo muito dinheiro fui um
marido e pai ausente. Meus filhos são as minhas
maiores riquezas, mas sinto culpa por não ter sido mais
presente na vida deles.

— Tenho certeza que eles sabem o valor que o


senhor tem.

Meu chefe sorri, negando com a cabeça.

— Às vezes eu esqueço que você trabalha conosco


há pouco tempo e que nunca viu nenhum dos meus
bambinos.

Eu realmente nunca vi os filhos dele, tudo o que eu


sei é que são homens de negócios como o pai e que
vivem as suas vidas discretamente.

— Ainda não tive a oportunidade de conhecê-los. —


Comento, sem ter muito o que dizer.

— Bem, parece que finalmente chegou o momento


de você conhecer um deles. Não posso dizer que é o
mais gentil, mas posso garantir que é um homem justo e
que valoriza os funcionários como ninguém. — Senhor
Tommaso escancara um sorriso, orgulhoso. — Leonardo
é o meu filho mais velho e o que mais se parece comigo
quando o assunto são negócios e crescimento da nossa
empresa. Ele ficará no meu lugar e será o novo CEO da
DonRicci. A minha assistente pessoal já trabalha há
anos comigo e também irá se aposentar. Por isso, após
analisar o seu currículo e ver a sua desenvoltura nos
últimos meses, tenho o prazer de lhe informar que a
senhorita receberá uma promoção e será a assistente
pessoal do meu filho.

Meu queixo quase vai ao chão. E, puta que pariu,


eu vou mesmo receber uma promoção? Abro e fecho a
boca algumas vezes até conseguir dizer algo.

— Nossa... muito obrigada pela oportunidade,


senhor Tommaso. Prometo dar o meu melhor.

— Tenho certeza que sim, minha querida. Mas tem


algo que você precisa estar ciente antes de começar na
sua nova função. — Ele faz uma pausa e me lança um
sorriso condescendente. — Precisa me garantir que
teremos o seu diploma de administração de empresas o
mais breve possível.
Minha cabeça trabalha a todo vapor, em busca de
uma solução para o problema financeiro do meu pai. Não
posso deixar de ajudá-lo, mas também não posso
interromper o meu curso, se houver alguma emergência
a mais com a padaria. Eu preciso dessa promoção e isso
é tudo o que importa no momento, por isso, me apego à
fé que dará tudo certo. Nem que eu precise arranjar um
terceiro emprego.

— Estou imensamente grata pela oportunidade e lhe


dou a minha palavra de que muito em breve estarei
formada, senhor Tommaso.

O homem sorri e me oferece um aperto de mão.

— Ótimo! Temos um combinado, então. Pode voltar


para a sua mesa.

— Obrigada. — Agradeço, ao passo que me retiro


da sala.

Não consigo disfarçar o sorriso e a euforia e Nick


percebe logo de cara que as notícias são boas. Como o
bom curioso que é, ele deixa o balcão da recepção e
corre para se sentar ao meu lado.

— Pelo tamanho do seu sorriso, dá pra ver que as


notícias são maravilhosas. Anda logo, mulher,
desembucha!

— Fui promovida e serei a assistente pessoal do


novo CEO da empresa, o filho mais velho do senhor
Tommaso.

O queixo do meu amigo quase vai ao chão.


— Mentira? Mas é muito rabuda mesmo, viu? Eu
aqui sonhando com uma promoção e você é quem
consegue. — Ele me puxa para um abraço. — Parabéns,
cachorra. Você merece muito!

— Obrigada, Nick. E como é o meu novo chefe?

Nicolas se afasta e sorri de um jeito tão malicioso


que sou obrigada a morder o lábio em expectativa.

— Um gato, gostoso, rico e com cara de malvadão.


Este é o seu novo chefe, amiga. O cara tem fama de
fodedor e não é à toa que ficou casado por tão pouco
tempo e já está divorciado. O negócio dele é estar na
pista, pegando geral. Uma pena que não gosta do que
eu tenho a oferecer.

— Uau... Você é o rei da fofoca, né? Sabe tudo


sobre o filho do chefe.

— Querida, não se esqueça que antes de você


começar a trabalhar aqui eu já fazia parte do quadro de
funcionários há um bom tempo. Se você me acha um
fofoqueiro raiz, você precisa conhecer a galera dos
outros setores. Todo mundo aqui sabe a fama de
Leonardo Ricci. Tive o prazer de ver aquele homem
pessoalmente nas únicas duas vezes em que ele esteve
aqui. E agora que ele vai assumir o cargo de CEO, será
uma delícia vir trabalhar todos os dias, só para me
presentear com a visão do paraíso.

— Nossa, já estou bem curiosa para ver se este


Leonardo Ricci é tudo isso mesmo.

Nick morde o lábio e sorri com malícia, voltando em


seguida para o seu posto na recepção.
Trabalhamos mais alguns minutos até finalmente
chegar o momento do horário de almoço.
Estaciono o meu Bugatti Divo na garagem da minha
nova mansão, localizada em um condomínio de alto
padrão em Alphaville e o meu segurança estaciona logo
atrás.

Ao completar os meus dezoito anos, a primeira


coisa que fiz foi tirar a minha habilitação e deixar claro
para a minha família que não queria ninguém dirigindo
para mim. Amo a sensação de liberdade que é estar
atrás do volante e não abro mão disso.
No entanto, vindo de uma família de classe média
alta e com um patrimônio milionário, não posso andar
por aí sem me preocupar com a minha segurança
pessoal. Por isso, sempre estou acompanhado de um
segurança particular que me segue para onde quer que
eu vá.

Rodrigo, o segurança que fazia a minha proteção


em Porto Alegre, é casado e tem uma família grande,
por isso não pôde vir comigo para São Paulo e foi
realocado para o setor de segurança da empresa. O
homem me indicou Saulo, que desde que assumiu o
cargo é como se fosse a minha própria sombra.

Meu novo guarda-costas está comigo há quase dois


meses e tem mostrado total eficiência no que faz. Como
Saulo está se mudando junto comigo, disponibilizei um
carro pessoal para que ele possa se locomover mais
livremente quando estiver de folga e uma casa anexa à
mansão para ele poder ter o seu próprio espaço e
privacidade.

— Saulo, quando você deixar a minha mala no


quarto, pode tirar o dia para descansar, mas quero que
esteja de prontidão à noite, pois iremos sair. — Informo,
quando saio do carro.

— Certo, senhor, estarei a postos no horário


desejado.

— Ótimo! Hoje sairemos apenas em um carro, pois


pretendo beber e não posso voltar dirigindo. — O
homem assente, ao passo que abre o porta-malas do
carro. — Termine de levar as minhas coisas e depois vá
até a casa anexa ao fundo da propriedade. Mandei que a
mobiliassem e abastecessem com tudo o que você
pudesse precisar. Veja se falta algo e me avise para que
eu possa providenciar.

— Obrigado, chefe!

Assinto com a cabeça e apresso o passo até a


entrada da casa.

— Senhor Leonardo, seja muito bem-vindo! —


Valquíria, minha governanta que me acompanha para
onde eu vou, me recebe com um sorriso acolhedor. —
Com a ajuda dos demais funcionários, deixamos tudo em
ordem, do jeito que o senhor gosta.

Valquíria é uma senhora de meia idade e trabalha


para mim desde que eu saí da casa dos meus pais e fui
morar sozinho. Quando me casei com a Morgana e nos
mudamos para o Rio Grande do Sul, para ajudar o meu
irmão na filial da DonRicci, ela seguiu comigo.

Minha fiel governanta viu os meus filhos nascer e


crescer e quando me divorciei, a mulher permaneceu ao
meu lado. Ao saber que voltaríamos a morar em São
Paulo, Valquíria ficou em êxtase, pois voltaria a ficar
perto do filho, que é casado e pai de uma menina de dez
anos.

Valquíria foi um achado e tanto em minha vida e,


sinceramente, não sei o que seria de mim sem ela. Val
cuida de cada detalhe da minha casa com tanto carinho
que a tenho como uma segunda mãe.

— Obrigado, Val! Já se adaptou ao novo ambiente?

A mulher estala a língua, enquanto gesticula com as


mãos.
— Claro que sim, senhor Leonardo, já até fiz
amizade com a governanta da casa ao lado.

— Você é rápida, hein?

— E o senhor deveria tentar fazer mais amizades.

— Não tenho tempo para essas coisas, Val. Além


disso, já tenho o Theo, que vale por um milhão de
amigos.

O jeito como ela muda o olhar e a forma como tenta


forçar um sorriso reforça a minha tese de que Valquíria
segue sem ter muita fé no meu melhor amigo. Theo é
herdeiro da DrinkColler, uma das bebidas mais caras e
consumidas entre os clientes da alta sociedade. Temos a
mesma idade e ao contrário de mim, que já me casei e
sou pai, meu amigo tem aversão a relacionamentos. O
sonho de seus pais é vê-lo a caminho do altar, no
entanto, Theo está focado apenas em enriquecer ainda
mais a empresa de sua família, ao qual ele é o CEO e
quando não está trabalhando está comendo bocetas sem
compromisso por aí.

A nossa conversa é interrompida pela chegada do


meu segurança e mais dois funcionários carregando as
minhas malas com pertences de uso pessoal, já que
todo o resto dos meus pertences chegaram na semana
passada através de uma transportadora.

— Venham, rapazes, vou mostrar aonde vocês


devem deixar essas malas. — Valquíria orienta e me
olha com um sorriso no rosto. — O quarto das crianças
ficou pronto, tenho certeza que eles vão amar. Vá e
confira se está tudo conforme o senhor solicitou.
Aceno um sim com a cabeça, mas antes de ir
verificar o quarto dos gêmeos sigo até o meu escritório,
pois preciso enviar um e-mail muito importante que não
pode esperar até segunda-feira. Entro no ambiente
amplo e perfeitamente decorado pelas mãos de uma
grande amiga que é dona de uma empresa de design de
interiores. Ela e a sua equipe foram responsáveis pela
decoração de cada ambiente da mansão, inclusive o
quarto dos meus filhos.

Desde a nossa separação, Morgana e eu


compartilhamos a guarda dos nossos filhos e é por isso
que a minha ex-mulher, e também melhor amiga, também
está de mudança para São Paulo, para mantermos a
rotina com as crianças.

Morgana é filha de um magnata do setor digital e


seguindo os passos do pai, ela se especializou em
marketing digital. Ela está transferindo a agência física
para a capital paulista, mas manterá uma sala no centro
de Porto Alegre, juntamente com a sua sócia.

Meu celular começa a tocar no momento exato em


que me preparo para enviar o e-mail e o atendo sem
olhar quem está chamando.

— Pois não?

— Amor, ele ainda está vivo. — A voz do meu pai se


sobressai do outro lado da linha e eu não consigo conter
uma risada diante do sarcasmo dele.

— Faz apenas três dias desde a última vez que


estivemos juntos no mesmo ambiente, pai. Não seja
dramático.
— Você não pode me julgar por sentir falta do meu
filho mais ausente. Seu irmão é mais presente, mesmo
tendo uma parte da empresa para cuidar, uma esposa
carente de atenção 24hrs e três filhos para dar atenção.

Sorrio com a acusação dele, mas não me ofendo,


pois no fundo o meu pai está certo. Giovanni Ricci, meu
irmão, que é apenas um ano mais novo que eu, mudou-
se para Porto Alegre para assumir o cargo de Diretor de
Operações tão logo ocorreu a abertura da nossa filial no
Rio Grande do Sul. Lá ele se casou com uma belíssima
gaúcha e teve três filhos. Mesmo com a distância o meu
querido irmão sempre dá um jeito de programar visitas
quinzenais aos nossos pais, para trazer as crianças até
os avós paternos. Eu, no entanto, não gosto de ficar
voando pra lá e pra cá e aproveitava as vindas de
Giovanni para mandar os meus filhos com ele, assim os
gêmeos aproveitavam o final de semana ao lado dos
avós, tios e primos.

— Certo, o senhor tem razão. Reconheço que sou


muito ausente, mas veja pelo lado positivo, agora
estamos na mesma cidade e vamos nos ver com mais
frequência e você e a mamãe vão ficar mais perto dos
gêmeos.

— Oh, figlio mio, tu madre e eu estamos tão felizes


com isso, Leonardo.

— Eu sei disso, pai. E os gêmeos também estão


muito empolgados com essa mudança. Eles chegam a
cidade esta tarde e já disseram que vão direto para a
casa de vocês, pois querem dormir com o vovô e a vovó.

— Diga para a Morgana trazê-los direto para cá,


então, vou fazer pizza caseira para os meus bambinos.
— É minha mãe quem diz ao fundo.
— Vou repassar o recado. Agora eu preciso
desligar, tenho que enviar um e-mail importante antes do
entardecer.

— Está bem. Seja bem-vindo de volta a São Paulo,


meu filho! — Meu pai deseja, ao nos despedirmos.

Quando finalmente concluo o envio do e-mail e


respondo outros, sirvo-me com uma dose de uísque e
ligo para o meu melhor amigo.

— Theodoro. — Ele atende no automático,


provavelmente sem olhar quem estava ligando.

— Ei, Theo, por onde você anda? — Vou direto ao


assunto. —Cheguei a pouco em São Paulo e minha
pergunta é: ainda está de pé aquela saída esta noite?
Confesso que estou curioso para conhecer a casa
noturna que você acaba de se associar.

— É claro que você está. Desde quando um libertino


recusa algumas horas de diversão em uma casa noturna
de luxo? E a propósito, eu estou muito bem, obrigado.

Rio do seu sarcasmo, mas não dou ibope para o seu


drama disfarçado.

— Manda o endereço novamente e nós nos


encontramos lá às 22hrs. Segunda-feira eu assumo o
cargo de CEO na DonRicci e quero ir bem relaxado, será
uma sorte grande se encontrar uma bela acompanhante
para me distrair a noite toda.

— Esqueci de comentar algo com você, Leo. As


garotas dessa boate são lindíssimas, belas damas diante
da sociedade e putas perfeitas entre quatro paredes. No
entanto, não são todas as meninas da casa que saem
com os clientes por dinheiro. Algumas apenas fazem
danças sensuais, te deixam de pau duro e com um puta
tesão e você precisa se contentar com outra mulher que
vá além disso.

Solto uma lufada de ar, pensando seriamente se não


é mais fácil contratar uma acompanhante em uma
agência de confiança. Deixo o pensamento de lado e
decido seguir em frente.

— Vamos à boate, Theo, quero ver o que a noite


tem reservada para mim.

Encerro a ligação e deixo o escritório, indo direto


para o piso superior. O cheiro gostoso que vem da
cozinha me faz lembrar que estou há algumas horas
apenas com lanche e que o meu organismo necessita do
bom e velho arroz com feijão. Chego ao andar superior e
o meu peito aquece assim que entro no quarto dos
gêmeos e vejo que tudo, absolutamente tudo ficou do
jeitinho que eles projetaram junto com a nossa designer
e a arquiteta.

— Eles vão amar quando entrarem aqui. — Diz Val,


parada na porta.

— Ficou perfeito, Val!

— Sim, ficou mesmo perfeito, senhor Leonardo. Mas


agora vá tomar o seu banho e trocar de roupa. Estou
terminando de preparar o seu almoço.

— Estou mesmo precisando de uma comida caseira,


algo como arroz, feijão e brócolis.

A mulher coloca as duas mãos na cintura e sorri.


— E eu não sei disso? Te conheço muito bem e sei
que com essa mudança você está se alimentando de
forma bem precária. Por isso mesmo preparei tudo
fresquinho.

— Às vezes você parece a minha mãe, sabia? —


Resmungo brincalhão e ela dá de ombros.

— A sua mãe me deu liberdade para puxar a sua


orelha e cuidar da sua alimentação direitinho. Então sim,
pode-se dizer que eu sou a sua segunda mãe. Vou
descer para preparar a melhor salada de brócolis que
você vai comer.

Valquíria gira nos calcanhares e se vai. Saio do


quarto infantil e ao entrar na minha suíte, tiro a roupa e
sigo direto para o chuveiro. Após um banho relaxante,
estou colocando uma cueca limpa quando o nome da
minha ex-mulher surge no visor do meu celular em cima
da cama.

— Ei, Morg, tudo bem por aí?

— Oi, Leo, está tudo bem sim. Te liguei para avisar


que as crianças e eu vamos embarcar daqui há quarenta
minutos.

— Que ótimo! Assim que aterrissar em São Paulo


me avise, por favor. O motorista dos meus pais irá
buscá-los no aeroporto. As crianças vão ficar com eles
esta noite, não é?

— Se isso não acontecer eles vão enlouquecer a


nós dois, Leo. Nossos filhos são muito persuasivos
quando querem algo. E já que fazem tanta questão de
dormir esta noite com os seus pais, eu vou aproveitar
para sair com uma amiga que não vejo há bastante
tempo.

— Papai... — As vozes de Vincenzo e Beatrice se


misturam do outro lado da linha, mas é Beatrice quem
dita a regra seguinte. — Nós já estamos prontos para a
mudança, papai! Vamos sentir muita saudade da vovó
Izzy,, mas a mamãe já explicou que vamos voltar sempre
para visitar ela e o vovô.

— É isso mesmo, meus amores, vocês sempre


poderão ver os seus avós maternos.

— Isso, papai. E hoje o Vince e eu vamos dormir na


casa da vovó Vittoria.

— Já estou sabendo da programação de vocês.

— Amanhã você vai levar a gente para passear,


papai? — É Vince quem pergunta, eufórico.

— Claro, meu amor. Podemos ir ao parque andar de


bicicleta ou de patins, o que vocês acham?

— Eba!

Os dois comemoram e se despedem, as suas vozes


ficando cada vez mais distantes da linha.

— Eles estão muito empolgados com esse novo


recomeço. — Diz Morgana, após um suspiro.

— O que está te preocupando, Morg? — Inquiro,


pois a conheço bem demais para saber que há algo
errado em seu tom de voz.

— Não é nada demais, Leo, não se preocupe.


— Morg, antes de qualquer coisa eu sou seu amigo,
e você sabe que pode me contar tudo. Anda logo,
mulher, diga o que está te incomodando?

Ela solta um suspiro longo e desembucha de uma


vez.

— Eu acho que estou grávida e não sei muito bem


como o Pedro vai lidar com essa novidade.

— Uh! Eu não sei exatamente o que dizer... É…


parabéns, hum… — Gaguejo as palavras, pois eu
realmente fui pego de surpresa.

— Se eu realmente estiver grávida, não será a


primeira vez que passo pelo susto de um bebê surpresa.
Lembra quando descobri a gestação dos gêmeos? Você
e eu quase surtamos.

Quando nos casamos, estávamos decididos a não


ter filhos. Morgana e eu nos demos bem desde o
primeiro encontro e viramos melhores amigos.
Queríamos uma vida apenas a dois, mas aí ela
engravidou, mesmo tomando o anticoncepcional
religiosamente. No início foi um susto e até mesmo
ficamos uns dias como dois estranhos dentro de casa,
mas isso durou apenas uma semana, pois logo nos
adaptamos com a ideia de ter um bebê para cuidarmos e
tudo foi acontecendo de forma natural.

É claro que houve o baque ao descobrirmos que não


teríamos apenas um bebê, mas sim dois. Mas logo nos
acostumamos com a ideia e desde então vivemos para
os nossos pequenos.

O fim do casamento foi um acordo em comum, pois


já não existia amor entre um homem e uma mulher, não
havia mais tesão e já estávamos começando a discutir
por não haver mais compatibilidade como casal.

— Tenho certeza que se você estiver mesmo grávida


será uma ótima mãe para este bebê, assim como é para
os nossos filhos. Tudo vai ficar bem, Morg, e você pode
sempre contar com o meu apoio e ajuda no que precisar.

— Obrigada, Leo. Você sempre usa as palavras


certas, nos momentos certos. Por isso que é o meu
melhor amigo.

— Façam uma boa viagem, Morg, você e as


crianças. E aproveite a sua primeira noite em São Paulo
para colocar as conversas em dia com a sua amiga. Não
deixe a preocupação arruinar a sua noite.

Nos despedimos com um até logo e eu termino de


colocar uma roupa para ir almoçar. Estou ansioso para
que chegue logo à noite. Ando estressado por causa da
mudança e umas horas de sexo me farão bem.
Enquanto faço um cálculo rápido na calculadora do
celular, recebo algumas lambidas na mão que acaricia a
cabeça peluda do Lhasa apso. O bichinho tem pelos
brancos e dourados e mesmo sendo bem pequeno é o
dono da casa e o xodó das três mulheres que habitam
este apartamento.

Desvio o olhar da tela do celular e encaro os olhos


pidões de Ted. Ao ganhar a minha atenção, o espertinho
põe a língua para fora entre uma latida e outra e
balança as orelhas.
— Shiu! Hoje é sábado, quer mesmo acordar as
garotas antes das 9h? Sabe que elas vão ficar bravas,
não é?

O cãozinho olha na direção onde ficam os pratinhos


de ração e água e em seguida me olha novamente,
dando mais uma latida.

— Tá legal, tá legal, eu já entendi que você quer


mais comida. — Levanto-me e coloco um pouco mais de
ração para ele. — Você está muito comilão, sabia? Se
continuar assim vai acabar levando mais uma bronca na
próxima vez que nós formos ao veterinário.

Me ignorando completamente, ele se concentra em


devorar a sua ração. Pego uma xícara e a encho com
café puro e sem açúcar, pois é a minha dose certa para
iniciar o dia. Ontem cheguei tarde da boate, onde
trabalho como dançarina e garçonete nas noites de
quinta a domingo.

Aceitei o emprego quando precisei complementar a


minha renda, mas agora que recebi a promoção, talvez,
muito em breve eu possa ficar apenas com o emprego na
DonRicci.

— Bom dia, dindinha. — Estou de costas quando


sinto os bracinhos finos e delicados da minha
bonequinha em volta da minha cintura.

Coloco a xícara sobre a bancada da cozinha e viro-


me para ficar de frente para ela. Aurora ainda está um
pouco sonolenta, mas o sorriso lindo e banguela estão
escancarados em seu rosto. Semana passada caiu o seu
segundo dentinho de leite.
— Bom dia, princesa. O que você quer para o café
da manhã? Hoje temos misto quente, pão fresco e pão
de queijo.

— Hum — A pequena desliza a língua entre os


lábios e responde. — Quero misto quente, dindinha.
Você pode colocar orégano no queijo?

— Só porque você tirou dez na prova de português,


a dinda vai fazer um misto completo, com direito a
orégano e tudo.

— Uhu! — Ela comemora e o meu peito se aquece


com a sua animação.

— Vá escovar os dentes e tirar o pijama enquanto


eu preparo o seu café da manhã reforçado.

— Tá bom, dindinha. — A menina gira nos


calcanhares e dá de cara com a sua mãe, entrando na
cozinha. — Bom dia, mamãe!

Heloíse beija o rosto da filha e a menina dispara


para o quarto, sendo seguida por um Ted muito saltitante
e latindo atrás dela.

— Vocês acordaram bem animadas hoje, hein? —


Diz minha amiga, indo até a cafeteira para se servir com
a nossa bebida matinal favorita. — Bom dia, Isa! Como
foi a noite na boate? Ainda não caiu na sua rede um
velho da lancha para nos levar para Paris?

— Olha, amiga, os velhos que frequentam a boate


são tão gatos e elegantes que eu não me importaria em
ser a novinha de um deles. — Murmuro brincalhona e
ambas rimos. — Tenho uma notícia boa para te contar.
Minha amiga, curiosa como é, se senta em uma das
banquetas e se concentra totalmente em mim. E
enquanto preparo os mistos quentes, conto a ela sobre a
minha promoção.

— Uau…Que notícia maravilhosa, Isa! Parabéns,


sua linda, você arrasou.

- Ai, amiga, eu estou tão feliz e empolgada para


iniciar esta nova etapa em minha carreira.

— E quando você assume o novo cargo?

— Na próxima segunda-feira. Também vou conhecer


o meu novo chefe, o filho mais velho do senhor
Tommaso. O seu irmão já o viu pessoalmente, em uma
das poucas vezes que ele visitou a empresa. Ele falou
que o novo CEO é um pedaço de mal caminho e eu
estou mega curiosa para conferir se o homem é tudo
isso mesmo.

— Amiga, se o Nick disse que o cara é gato, pode


apostar que o homem é a perfeição em pessoa. Meu
irmão tem um gosto impecável para homens.

— Eu sei, amiga, e é por isso que estou mega


ansiosa para conhecer o meu mais novo chefe gato.

— Com essa promoção e aumento de salário, você


pretende continuar com o bico na boate?

— Por enquanto sim. Eu gosto de trabalhar na


boate, sempre fui respeitada pelos clientes, ganho
algumas gorjetas gordas e já me acostumei com as
meninas da casa.
— Está certo, se te faz bem, então não tem porque
parar. Olha, bem que eu queria receber um aumento do
meu chefe mão de vaca.

— Amiga, você precisa mesmo é de um novo


emprego. Ninguém merece ter que trabalhar de domingo
a domingo dentro de um shopping, com um chefe
ranzinza como o seu.

Helô suspira, desanimada.

— Eu sei, Isa, mas levei muito tempo para


conseguir o cargo de gerência e poder colocar a minha
formação em prática. Não vou jogar tudo para o alto por
causa daquele velho ranzinza.

— Eu te entendo, amiga. Infelizmente temos que


engolir alguns sapos para conseguir conquistar as
nossas coisas.

Aurora e Ted voltam para a cozinha, ambos fazendo


a maior algazarra. Minha afilhada se senta na banqueta
ao lado da mãe e os seus olhos brilham quando a sirvo
com o misto quente e uma xícara de chocolate quente, já
que a bonitinha não gosta de café.

— Obrigada, dindinha! — Agradece.

— Come tudinho, meu amor.

Sirvo um misto para Heloíse e outro para mim e


juntas tomamos o nosso café da manhã, enquanto Ted
corre para a sacada, onde ele adora pegar o sol da
manhã.

— Mamãe, posso levar a minha boneca nova para a


casa da vovó Yara? — Aurora pede, ansiosa por um sim.
Yara é a sua avó paterna, e ao contrário do filho,
que é um pai extremamente ausente, a avó ama ficar
com a neta. Com a autorização da Helô, a avó paterna
de Aurora fica com a menina a cada quinze dias. E como
a minha amiga trabalha no período da tarde para a noite,
são os seus pais que ficam com a nossa garotinha até
Heloíse ou eu chegarmos do serviço.

Os pais da minha amiga moram no mesmo conjunto


de prédios que a gente, apenas em torre diferente.
Moramos em moradias populares, o local é simples, mas
muito bem organizado e limpo. O aluguel não é caro e
assim conseguimos tocar com as despesas sem passar
aperto.

— Você pode levar a sua boneca, mas precisa me


prometer que vai cuidar dos seus pertences e não
esquecer nada na hora de vir embora.

— Eu prometo, mamãe! — A menina sorri e então


aperta os lábios ao dizer baixinho: — A vovó falou que
dessa vez o papai vai lá me ver. Ele prometeu para a
minha avó que vai me ver amanhã, mamãe.

Heloíse e eu trocamos um olhar de pura frustração.


Eu tenho tanto ranço do ex-namorado da minha amiga,
do lixo de pai que ele é. Helô já conversou várias vezes
com a ex-sogra sobre fazer promessas que na maioria
das vezes não irão se concretizar, mas a mulher nutre
esperanças de que o filho um dia tome jeito na vida e
comece a dar mais atenção para ela e a neta.

O pai de Aurora é um filho da puta egoísta que só


pensa no próprio umbigo. Atualmente o cretino vive com
uma mulher e parece que se esqueceu que tem mãe e
filha, pois o imbecil vive a sua vida como se o seu
mundo girasse apenas em torno dele e da nova família.
O mais irônico tudo isso é que a mulher é mãe de uma
criança, e o babaca dá amor e atenção apenas para o
filho dela, enquanto a sua própria filha vive na carência
de sua presença e afeto.

— Aurora, presta atenção no que a dinda vai te


falar. — Chamo a atenção da menina para mim e fitando
os seus olhos, tento passar todo o amor que tenho por
ela. — Você sabe que você é o amor da minha vida e da
sua mamãe, não sabe? — Ela assente com um sorriso
lindo. — Pois então, se por acaso o seu pai não
aparecer na casa da sua avó, eu não quero saber de
tristeza nesse seu lindo rostinho. Sabe porque?

— Porque o seu amor e o da mamãe, assim como o


amor dos meus avós e do titio Nick, são tão grandes que
eu não preciso de mais nada. Eu sei disso, Dinda. Pode
ficar tranquila, eu já sou uma mocinha e entendo muito
do amor. — Diz ela, toda inocente e minha amiga e eu
rimos.

Embora Aurora tente passar a imagem de uma


menina madura, ela ainda é apenas uma criança de sete
anos e sei o quanto fica chateada quando vai para a
casa da avó e o traste do pai não vai vê-la.

— Isso mesmo, minha boneca. Agora termine o seu


café que a mamãe vai te ajudar a preparar a sua
mochila. Daqui a pouco é hora de irmos para a casa da
sua avó. — Diz Heloíse, deixando uma Aurora eufórica.

— E eu vou pendurar as roupas e colocar outras


para lavar, pois nós três sujamos mais roupas que um
quartel do exército inteiro.

As meninas seguem para o quarto, rindo e eu vou


direto para a lavanderia. Quero fazer tudo agora pela
manhã, pois à tarde tenho hora no salão, antes de ir
para a boate. Aqui as funções são divididas entre a
Heloíse e eu e hoje fiquei com as roupas.

A casa noturna onde trabalho há pouco mais de seis


meses já está lotada, como se é esperado para um
sábado à noite. Homens podres de ricos se acomodam
em volta do palco para assistirem à segunda
apresentação da noite, enquanto conversam com as
garotas e bebem algo.

A Firefly é uma boate luxuosa de acesso privativo


onde somente sócios dispostos a pagar uma pequena
fortuna mensal conseguem frequentar.

Dou uma última olhada no espelho, arrumo a


máscara em meu rosto e saio do camarim. Danço no
palco para o público em geral e também faço dança
privativa quando o cliente é mais exigente, porém, não
passo disso. Tem meninas que estendem a programação
com os clientes e dividem metade do cachê com a casa.
Não tenho nada contra, mas eu realmente não durmo
com homem nenhum por dinheiro. Desde o dia em que
comecei a trabalhar aqui, houve várias tentativas de
clientes tentando me convencer a estender a noite com
eles, dentro ou fora da casa. E mesmo recebendo várias
ofertas generosas em dinheiro, eu sempre estou com a
resposta afiada na ponta da língua. Não!
— Bella, hoje você vai servir as mesas do terraço e
a sua primeira dança será daqui há quarenta e cinco
minutos. — Um dos organizadores da casa me passa as
orientações desta noite.

Além de dançar, também atendo as mesas e ajudo


no bar. As noites na boate são sempre cheias e agitadas
e estamos sempre fazendo algo além da função ao qual
fomos contratadas.

— Perfeito! — Digo alto, por causa da música.

Após servir às mesas do terraço maravilhoso que dá


a visão de boa parte da cidade, volto para dentro da
boate e me preparo para subir ao palco. Antes, no
entanto, viro um shot de marguerita de morango e só
então me junto a mais duas dançarinas.

Subimos aos poucos e fomos recebidas com


aplausos e assobios. Os clientes gritam palavras
obscenas e outras mais amenas.

— Que morena gostosa. — Um deles diz, eufórico.

— Eu quero a loira! — Um outro cliente berra, em


meio a multidão.

— A ruiva é minha! — Um homem bem perto do


palco diz, em tom quase obcecado.

Das três que estão no palco, eu sou a morena.


Como alguns clientes costuma dizer, a minha pele cor de
pêssego e o meu cabelo castanho escuro se destacam,
fazendo um contraste perfeito de cores. Todas as
meninas da casa usam máscaras, pois é uma das regras
e eu particularmente amo essa. Assim consigo me
manter no anonimato e da porta para fora sigo a minha
vida normalmente.

Iniciamos a dança e mesmo com a casa cheia,


consigo sentir um olhar pesado sobre mim, como se
alguma energia estivesse me conectando a apenas uma
pessoa entre a multidão. Fico levemente incomodada,
mas ignoro a sensação e me concentro na apresentação.
A boate de que tanto o Theo me falava realmente
faz jus a toda a empolgação por parte do meu amigo. O
lugar é puro luxo e conforto, o atendimento é impecável
e as mulheres são simplesmente perfeitas! Cada uma
mais linda do que a outra, mulheres bem cuidadas e
cheirosas.

Faz quase uma hora que nós chegamos ao local e o


meu olhar já passeou por várias garotas, mas uma em
especial, monopolizou a minha atenção. Uma linda
morena de cabelos castanhos que neste momento faz
uma performance extremamente sensual no pole dance,
me deixando completamente excitado.

— Gostou da morena, não foi? Essa aí é a mais


difícil! — Theo diz, quase gritando para que a sua voz
se sobressaia à música alta. — Lembra que eu te falei
que nem todas as garotas da boate estendem a
programação? Então, a Bella não aceita ir além de uma
dança, este é o seu limite.

‘— Todo mundo tem um preço, Theo, e ela não é


diferente. Aquela morena vai ser minha!

O corpo do meu amigo chacoalha quando ele


explode em uma risada carregada de deboche.

— Cara, desculpa ter que te desapontar, mas você


será apenas mais um que entrará na lista de rejeitados
dela. Acha mesmo que você é o primeiro a tentar? A
mulher nunca aceitou nenhuma proposta dos clientes.
Quando soube o quanto ela é dura na queda, nem quis
perder o meu tempo.

Viro o copo de uísque de uma só vez e a bebida


desce queimando pela minha garganta. Olho bem sério
para o meu amigo e inquiro impassível:

— Com quem eu falo para reservar uma dança


privativa com ela?

— Tá legal, tigrão, eu tinha me esquecido que você


gosta de um bom desafio. Fique aí apreciando a sua
bela morena que eu já volto, vou te dar uma
apresentação privativa com ela, será o meu presente de
boas-vindas ao meu amigo de putaria.
Gargalho alto e não espero ele se afastar, volto o
meu olhar para as mulheres no palco, mas a minha
concentração está totalmente na morena. Todas as
garotas da casa usam máscaras e por isso não dá para
ver os seus rostos com detalhe, mesmo assim é possível
notar que são belíssimas. No entanto, a morena, sem
sombra de dúvidas, é a mais linda entre todas que já vi
esta noite.

A dança termina e eu vejo quando um funcionário se


aproxima assim que elas descem do palco e se direciona
direto para a morena. Ele diz algo em seu ouvido e ela
abre a boca em espanto, ao passo que o seu pescoço
gira freneticamente em direção a plateia, que aos
poucos está se afastando do palco. Ela concorda com
algo que o homem lhe diz e então segue em direção a
um corredor escuro com apenas algumas luzes
vermelhas em determinados pontos.

— A gata é toda sua. — Diz Theo, ao voltar e me


entregar um cartão magnético. — Segundo piso, sala vip
202.

— Obrigado, cara, mas antes de subir eu vou até a


gerência, não quero apenas uma hora com ela, quero a
noite toda.

— Relaxa, cara, eu te conheço bem e sabendo do


seu individualismo quando o assunto é mulher, eu
consegui burlar uma das regras da casa, paguei um
preço exorbitante e contratei exclusividade até o final
desta noite. Normalmente este tipo de coisa não rola por
aqui, o máximo que um cliente consegue ficar com uma
dançarina na sala vip é de uma hora. Então, meu
querido Leo, se você não me amar pelos próximos
duzentos anos, eu juro que te rogo uma praga eterna.
Sorrio e bato em seu ombro.

— Valeu, Theo! Fico te devendo essa.

— Pode apostar que na hora certa eu vou cobrar.

Theo se vira e segue para a mesa, acompanhado de


uma garçonete lindíssima, e pela forma como ele a está
tocando, muito provavelmente ela seja uma das
exceções que saem com os clientes para algo a mais.

Subo o lance de escada até o segundo piso da


boate e sigo as sinalizações até chegar ao meu objetivo.
O corredor é todo escuro com fios de luz em alguns
pontos e há seguranças posicionados em pontos
estratégicos.

Passo por eles sem me intimidar e ao me aproximar


da sala indicada pelo meu amigo, encosto o cartão
magnético na porta e entro.

Sou recebido por uma música baixa e sensual e ao


fechar a porta, o ambiente fica mais aconchegante e
íntimo.

O local é equipado com uma poltrona de couro em


formato de L, que pega todo o canto da suíte e uma das
paredes é de vidro, mas no momento há uma cortina
impedindo a visão de quem está do lado de fora. No
meio da sala há um Pole Dance com luzes coloridas
projetadas no centro dele e nas paredes vejo utensílios
eróticos em uma espécie de vitrine, e no outro canto da
sala há um bar com os mais variados tipos de bebidas.

Uma porta que eu não havia percebido no ambiente,


se abre e o motivo do meu desejo passa por ela. Usando
apenas um conjunto de lingerie todo de couro com uma
cinta liga, é possível ver todas as suas curvas e o quão
lisa é a sua pele em tom de pêssego, o desenho de um
lindo botão de rosa tatuado entre o vale dos seus seios
e os destacando ainda mais. Os cabelos castanhos
escuros estão soltos em cascatas e a máscara lhe dá um
ar misterioso que muito me agrada.

— Boa noite, querido. Seja bem-vindo a nossa


brincadeira privativa! — Sua voz aveludada e sensual
me atinge de um jeito tão potente que o meu sangue
corre quente pelas veias, se concentrando diretamente
no meu pau, que dá uma leve pulsada em expectativa. —
Sou a Bella. Como você gostaria de ser chamado?

— Bella... — Sussurro o seu nome com o meu


sotaque italiano e percebo que ela gosta. — Una bella
donna! Você pode me chamar de Leo.

— Muito bem, Leo. Sente-se e aprecie o nosso


momento juntos. Você é um cara exigente, não é
mesmo? Exclusividade até o final da noite?

Dou um passo em sua direção e ela pega a porra de


um chicote.

— Paradinho aí, meu bem! Já percebi que você é


novo por aqui, então vou passar algumas informações
importantes.

— Essa é a primeira vez que venho aqui e você me


enfeitiçou. Então, querida, essa com certeza não será a
minha última visita a este local.

— Você é bem-vindo, Leo. Sente-se!

Desta vez obedeço ao seu comando e me sento no


sofá de couro. Bella anda sensual em minha direção e
para entre as minhas pernas. Com a parte macia do
chicote ela vai deslizando-o pelo meu pescoço até
chegar ao abdômen, enquanto explica as regras do jogo.

— Meu objetivo é te deixar relaxado e que você


permaneça o tempo todo à vontade. Vou tocar em você,
dançar e me insinuar, e em determinado momento irei
me sentar brevemente em seu colo. No entanto, você
não pode me tocar sem a minha permissão.

— Hum... — Resmungo e ela continua ditando as


regras.

— Durante o tempo em que ficarmos juntos


podemos dar uma volta pela boate, se você quiser.
Também podemos ir até uma área isolada do terraço,
onde apenas os clientes vip tem acesso ou podemos
ficar aqui até o final da noite.

— Vamos deixar as coisas acontecerem. Agora eu


quero a minha dança exclusiva.

Bella curva o tronco e aproxima a boca do meu


ouvido.

— Esta noite estou à sua inteira disposição,


querido. Faremos tudo o que você pedir, desde que não
saia dos meus limites.

E então o show começa. Ela se afasta e vai até o


Pole Dance e começa a sua performance. A cada
movimento da morena eu fico mais excitado e obcecado
pela ideia de tê-la em minha cama.

Puta merda, Bella é perfeita demais!


Seu corpo tem todas as curvas que me deixam
louco, os seios são de tamanhos médios, proporcional
ao seu tipo físico. A bunda redonda e durinha me faz
viajar na ideia de tê-la de quatro enquanto eu meto
fundo em seu cu apertado. Caralho, estou muito
excitado.

Após mais de uma hora de show, ela vem


engatinhando em minha direção e se senta sobre os
calcanhares, entre as minhas pernas.

— Quer beber um drink, meu bem?

— Eu quero você no meu colo, mas também aceito o


drink.

Ela ri e fica de pé. Meu pau está tão duro que chega
a doer, e quando ela morde o lábio e se senta de ladinho
em uma das minhas pernas eu quase gozo na cueca.

— Estou com um puta tesão em você, garota!

— Hum... — Ela geme manhosa e logo fica de pé.

A sigo com o olhar enquanto ela vai até o ramal e


liga para pedir os nossos drinks. Em seguida ela volta
para o sofá e se senta de frente para mim com as suas
pernas cruzadas. A morena bebe o resto da água que
estava sobre uma mesinha ao lado e me observa com
curiosidade.

— Você é bem jovem, querida Bella. Quantos anos


tem? Aposto que é ainda mais linda sem essa máscara.

— Quantos anos você acha que eu tenho, Leo?

— Não dou mais que 20 anos.


— Ah, desse jeito você me deixa com o ego
elevado, meu bem. Tenho 25 anos, e sinto te dizer, mas
não será possível mostrar o meu rosto.

— Por que não? — Indago, já imaginando o motivo.

— São regras da casa e eu também não mostro a


minha verdadeira identidade para os clientes.

— Irei voltar mais vezes, Bella. Em uma dessas


vezes vou te convencer e muito em breve conhecerei o
seu rosto lindo sem toda essa maquiagem e essa
máscara.

— Você pode tentar me desvendar, só não garanto


que vá conseguir.

Entramos em um pequeno embate de quem venceria


aquele jogo, quando uma batida na porta anuncia a
chegada dos nossos drinks. Bebemos um pouco e
quando ela faz menção de voltar a dançar, eu a puxo e
peço que se sente novamente.

— Sei que você está sendo paga para dançar, mas


eu não estou com pressa. Sente-se e vamos conversar
um pouco mais, mia Bella.

Percebo um leve hesitar por sua parte, mas logo ela


se recompõe e volta a se sentar ao meu lado. Agora a
música está um pouco mais baixa e a luz do ambiente
também. Bella fita os meus olhos através de sua
máscara e sorri com gentileza.

— Bem, sobre o que você gostaria de falar?


Confesso que estou um tanto nervosa, pois desde
quando trabalho aqui esta é a primeira vez que estou
passando por uma situação assim. Normalmente danço
por cerca de quarenta e cinco minutos e logo o cliente
se despede. Você é o primeiro que paga por tantas
horas e ainda me chama para conversar.

— Eu sinto que teremos muitas primeiras vezes,


Bella. Pode parecer loucura o que eu vou dizer, mas há
uma química e uma sintonia muito forte entre a gente.
Notou que desde o momento em que você passou por
aquela porta nós nos demos bem logo de cara?

— Isto eu preciso concordar com você. Nem parece


que estou diante de um cliente, mas sim de um amigo.

— Um amigo que quer te foder, mas sim, podemos


ser amigos. — Ela ri alto, a sua risada gostosa me
deixando ainda mais relaxado. — Me fale um pouco
sobre você?

— O que você gostaria de saber, querido?

— Soube que você não dorme com nenhum cliente.

— Exatamente. Não rola sair com cliente, eu apenas


danço e sirvo mesas. Nada além disso!

— Nem mesmo se te oferecem uma quantia


absurdamente alta?

— Querido, isso já aconteceu várias vezes, mas a


minha resposta continua sendo a mesma, não!

— Todo mundo tem um preço, bella ragazza.

— Eu não sou todo mundo, meu bem. Por isso, eu


peço que não insista neste assunto, sim?
A mulher fica exaltada e eu percebo que será mais
difícil do que eu imaginei. Por hora não vou insistir
neste assunto, mas não desistirei. Ela não sabe, mas
Bella ainda conhecerá a minha cama e tudo o que eu
posso fazer com uma linda mulher como ela.

Para não estragar o momento, sugiro uma dança e


ela morde o lábio carnudo pintado de vermelho antes de
iniciar uma nova performance.
Lindo… O homem é simplesmente um deus do
Olimpo! Se eu pudesse chutar, diria que ele tem 1,90 de
altura e no máximo uns trinta e cinco anos. A sua pele
bronzeada fica ainda mais destacada com os seus olhos
verdes, a barba bem feita e os seus cabelos castanhos
claros. Um belíssimo e gostoso italiano!

Porra, deveria ser proibido um homem desse


andando por aí. Eu não saio com cliente por dinheiro
nenhum, primeiro porque não rola ir para a cama só
porque alguém está me pagando, eu simplesmente não
consigo fazer sexo sem química ou vontade. Segundo,
porque não mostro a minha verdadeira identidade para
ninguém. Eu prezo pela minha privacidade e anonimato,
pois a gente nunca sabe com quem está lidando. De
repente pode surgir um louco que ficará no meu pé feito
um psicopata e isso seria algo muito ruim.

Então, para a minha própria segurança, é melhor


não ultrapassar os limites. Leo não é o primeiro homem
bonito que contrata uma dança vip comigo e tenta me
convencer a sair para algo mais. No entanto, preciso
admitir que ele é o primeiro que mexe comigo ao ponto
de me deixar balançada com a ideia de irmos além de
uma dança.

Os movimentos do meu corpo acompanham o ritmo


da música lenta e sensual. Observo atentamente cada
reação do meu cliente, ao passo que os nossos corpos
ficam cada vez mais colados. Deslizo a ponta do chicote
pelo seu abdômen e em seguida junto as suas pernas e
me coloco sobre elas, com uma perna de cada lado do
seu quadril.

Simulo um ato sexual, à medida que vou me


sentando lentamente em seu colo. Ele xinga um palavrão
em italiano, o que o deixa ainda mais sexy.

— Caralho, garota, você vai me matar de tesão.

Sorrio com o seu desespero e rebolo ainda mais em


seu colo. Não vou negar, eu adoro atiçar os homens até
tê-los praticamente implorando por mim.

Mordo o lábio inferior e aproximo a minha boca da


sua orelha.

— Você gosta disso, querido? Gosta de ter o meu


corpo tão colado ao seu e de me sentir assim no seu
colo?

— Ah, bella mia, eu tenho vontade de te colocar de


quatro e te dar umas boas palmadas para você deixar de
ser uma provocadora do caralho.

Sorrio e dou uma última rebolada em seu colo antes


de me levantar. Normalmente eu não me demoro quando
me sento no colo de um cliente, a coisa é automática e
faz parte da coreografia. Na verdade eu praticamente
nem chego a sentar, apenas simulo que farei isso e me
afasto, seguindo a coreografia. Com o Leo, no entanto,
está sendo diferente, pois eu simplesmente tenho
vontade de sentar de verdade e com vontade neste
homem.

Que química é essa?

— O nosso tempo está acabando, meu bem. Uma


última dança para o meu cliente comportado. —
Murmuro, com a voz baixa e sensual. — Você aceita
mais uma bebida?

— Não sou tão comportado assim, bella mia, se


você quiser posso te mostrar que consigo ser um cara
bem traquino em alguns momentos. E sim, eu aceito
mais uma dose de uísque.

Despejo o uísque no copo com dois cubos de gelo e


volto para junto dele.

— Fique quietinho aí e aproveite o resto do show. —


Aviso, enquanto lhe entrego a bebida.

Capricho na última dança e ao término dela,


assusto-me quando o meu cliente fica de pé em um
rompante e se aproxima de mim feito um touro
desgovernado. Ele para a centímetros de distância e
uma de suas mãos pousam na minha cintura enquanto a
outra toca a máscara em meu rosto.

— Você precisa se afastar, Leo. — Ordeno, em tom


de alerta.

— Eu não vou fazer nada sem a sua permissão, mia


bella dona. Mas você não pode negar que sente toda
essa energia e atração entre nós. Isso aqui não é
apenas uma dança com um cliente, Bella, e você já deve
ter percebido isso. Então porque essa recusa, Bella?
Aceita sair comigo e vamos terminar esta noite nos
perdendo no prazer dos nossos corpos unidos. Nós dois
estamos excitados aqui.

— Não é assim que as coisas funcionam, Leo. Eu...


eu não posso.

— Não pode, ou não quer?

Hesito quando ele aproxima o rosto do meu pescoço


e suspira muito perto da minha pele, fazendo-me sentir o
calor do seu hálito na região sensível. Eu nunca havia
sentido tanta atração por um cliente ao ponto de deixá-
lo ficar tão perto e até mesmo me tocar. Merda, Leo tem
razão, estou tão excitada quanto ele.

— Nossa hora acabou, meu bem. — Digo e com


muita dificuldade, pois a minha vontade era ficar
agarrada com ele, o afasto para longe.

O homem elegante e de feições bonitas de repente


bufa, frustrado e faz mais uma tentativa.

— Quanto você quer para passar a noite comigo?


Diga o seu preço, mia Bella, eu pago qualquer valor.
Apenas me diga o seu preço e ele estará na sua conta
em minutos.

— Eu não estou à venda, Leo.

— Cazzo! — Ralha exaltado, me assustando com a


sua mudança brusca no tom de voz. — Todo mundo tem
um preço, garota. Olha onde você trabalha. Vai me dizer
que me engana tentando ser santa.

Neste momento, todo o encanto pela beleza do


homem à minha frente se rompe como quando uma
barragem estoura e jorra água para todos os lados e o
meu sangue ferve de pura raiva.

— O seu horário acabou, bonitão. Faça o favor de


sair da minha frente e por favor, não me contrate mais.
Eu não sou bagunça e não aceitarei dançar novamente
para você.

Muito sério e aparentemente com raiva por ser


contrariado, o homem fita os meus olhos e as palavras
que saem de sua boca me fazem dar dois passos para
trás.

— Eu sei quando uma mulher me deseja, sei que


uma hora, mais cedo ou mais tarde, você vai aceitar a
minha proposta. Todo mundo tem um preço e eu não vou
sossegar até descobrir qual é o seu. Até lá, vou procurar
uma de suas amiguinhas para me distrair pelo resto da
noite.

Lentamente ele se dirige até a porta e eu


simplesmente não consigo guardar esse desaforo para
mim.

— Vai se foder, seu cretino arrogante do caralho!


Leo gargalha e antes de sair pela porta me dá uma
última olhada.

— Você ainda vai para a minha cama, Bella. Pode


apostar que vai!

— Quando esse dia chegar, o inferno vai congelar.


— Rebato, e ele apenas dá de ombros ao sair pela porta
sem olhar para trás.

Que filho da puta!

Após trocar de roupa e pegar as minhas coisas, saio


da boate faltando poucos minutos para as quatro da
manhã. A maioria das boates desta região funciona até
às cinco ou seis horas da manhã. A Firefly é uma das
poucas que encerram as suas atividades antes das
quatro. E para mim isso é perfeito, pois assim consigo
dormir um pouco antes de ir para o meu trabalho diurno.

Um carro de aplicativo já está me aguardando na


saída para me levar para casa. Eu nunca venho para a
boate dirigindo o meu carro, pois sempre bebo algo com
álcool. Mesmo que seja em pequena quantidade, eu não
pego no volante quando isso acontece. E assim,
normalmente venho para a boate de transporte público e
volto em carro de aplicativo, por causa do horário e por
questão de segurança.

Por ser madrugada, não há trânsito e chego no meu


bairro em menos de vinte e cinco minutos.

— Chegamos, moça. — O motorista do Uber


informa, ao parar na frente do conjunto de prédios onde
eu moro.
— Obrigada e tenha uma ótima semana! —
Agradeço e saio do carro.

Entro no prédio e solto uma lufada de ar ao


constatar que já passam das quatro da manhã. O que me
alivia é saber que hoje é domingo e eu posso me dar ao
luxo de dormir até mais tarde.

O cansaço será ainda maior na próxima madrugada,


pois danço por boa parte dela e ainda tenho que estar
pronta para o trabalho na segunda-feira de manhã.
Nesta segunda começo no meu novo cargo na DonRicci
e de jeito nenhum posso me atrasar.

Giro a chave na porta e ao entrar na sala, me


deparo com Heloíse deitada no sofá, ainda acordada e
assistindo um Dorama. Como está fazendo um calor
infernal, minha amiga está usando apenas um sutiã e um
short de pijama minúsculo.

— Boa noite, princesa! — Cumprimento-a. — Pensei


que a esta hora você estaria atracada com o seu pau
amigo.

— Quem me dera, viu. A mãe dele passou mal


depois de comer camarão, parece que é alérgica e não
sabia. Ele estava com ela no pronto-socorro e voltaram
para casa agora a pouco.

— Nossa, que perigo. Uma pena ter melado a noite


de vocês, mas o importante é que a mulher vai ficar
bem.

— Sim, isso é o mais importante. De qualquer


forma, meu lance com o Vitor, mesmo sendo casual, está
perto do fim. Já não temos mais a mesma química do
início e para ser sincera, eu não sei se vai rolar mais
alguma coisa. Durante a semana vou chamá-lo para
conversar, chegou a hora de ficarmos apenas na
amizade sem vantagens. Estou sem sono, amiga. Dormi
um pouco e desde as duas da manhã estou até agora
sem conseguir pegar no sono novamente. Então resolvi
terminar um Dorama que estou assistindo desde a
semana passada.

Tiro o meu sapato e começo a arrancar a roupa à


medida que vou conversando com ela.

— Se te serve de consolo, você não foi a única que


teve uma péssima noite.

— O que rolou? Me conta tudo.

Usando apenas calcinha e sutiã, eu me jogo no sofá


ao lado e começo a falar.

— Amiga, hoje eu conheci o homem mais lindo do


mundo e também o mais cretino e arrogante. —
Calmamente conto a ela sobre o italiano que me deixou
excitada durante toda a apresentação.

— Mas que filho da puta esse tal de Leo. — Helô


ralha, indignada.

— Pois é. E o que me deixa mais puta da vida é


saber que o meu corpo traidor ficou no auge do tesão
durante todo o tempo que permanecemos juntos. Você
sabe, amiga, eu nunca me excito com nenhum cliente. Aí
vem um maldito arrogante do caralho, tão lindo quanto
um anjo caído do céu e me deixa embasbacada com
tanto charme e sedução. Boa parte da noite foi muito
agradável, tivemos uma conexão bacana logo de início.
Se o babaca não tivesse estragado tudo com as asneiras
dele ao final da apresentação, talvez tivesse rolado algo
mais e agora eu estaria tirando o meu atraso. Mulher, eu
preciso transar e seria tão perfeito com aquele deus
grego.

— Xi, já vi que você vai acabar caindo nas garras


desse cara.

— Vou porra nenhuma!

— Amiga, ele vai voltar e você vai ceder. Eu nunca


te vi tão acesa por nenhum cliente. Quem sabe da
próxima vez ele seja mais cavalheiro.

— Credo, Helô. Você tinha que ficar do meu lado,


mas ao invés disso está aí torcendo para eu cair no colo
do capeta. — Me levanto e pego as minhas coisas que
deixei espalhadas pelo sofá. — Vou tomar um banho e
dormir. Fica aí com o seu Dorama e se martirizando
porque perdeu uma foda com o seu pau amigo.

Heloíse solta uma gargalhada monstruosa.

— Como você é vingativa e debochada, Isa. É claro


que estou brincando, amiga. Você é boa demais para se
deixar cair na lábia de um bastardo rico e arrogante.
Você merece muito mais que isso. Pode deixar, vou ver
se arrumo um contatinho para você tirar as teias de
aranha dessa sua boceta enferrujada.

Explodo em uma risada tão alta que é bem capaz de


ter acordado os vizinhos do apartamento ao lado.

— Você é louca, Helô. É por isso que eu te amo


tanto. — Vou até ela e deixo um beijo em sua bochecha.
— Boa noite, amiga! Vou dormir, pois estou só o pó.
Heloíse volta a se concentrar em seu Dorama,
enquanto eu sigo para o meu quarto. Ela realmente está
sem sono. O apartamento que dividimos tem apenas um
banheiro, vou ao quarto apenas para pegar a minha
toalha e logo em seguida já estou debaixo do chuveiro.

Enquanto ensaboo o meu corpo, inevitavelmente


penso no meu cliente cretino. O homem é gostoso e
sabe disso.

Que merda está acontecendo comigo para estar tão


vidrada em um homem que até poucas horas atrás eu
nem sabia de sua existência?

Eu, hein, coisa esquisita.

O foda é que ele mexeu comigo de um jeito tão


intenso que todo o meu corpo treme só de imaginar
como seria uma transa com aquele italiano delícia.
À medida que tento abrir os meus olhos, sinto como
se a minha cabeça fosse explodir a qualquer momento.
Pego o meu celular para conferir as horas e
inevitavelmente xingo um palavrão. Caralho, que dor de
cabeça dos infernos.

Minha vontade é de fechar os olhos e tentar dormir


novamente, mas eu jamais quebro uma promessa feita
aos meus filhos e hoje prometi que iria passar o
domingo com eles. Amanhã inicio o novo cargo na
DonRicci e as primeiras semanas serão puxadas até eu
me situar e estar com tudo do meu jeito. Terei que focar
no trabalho durante estes dias e com isso não terei
muito tempo com as crianças. Por isso, hoje ficarei à
inteira disposição dos meus bambinos.

Sinto mais uma pontada na cabeça quando me


levanto rápido demais, ficando meio tonto. Após ser
rejeitado pela bela dançarina que me proporcionou horas
de danças sensuais e prazerosas, saí da boate
acompanhado de uma garota de programa que até
tentou, mas não conseguiu me deixar 100% relaxado. A
mulher sabia exatamente o que fazer, me seduziu e
fodemos uma única vez, mas eu não consegui me
prender a sua companhia. E quando fiz o seu pagamento
e saí do motel eu ainda estava frustrado, porque o corpo
que eu havia acabado de foder não era o que eu queria.

Bella não me conhece e não sabe o quão insistente


e persuasivo eu consigo ser quando quero algo. Nunca
forcei nenhuma mulher a ficar comigo e nunca farei isso.
Também não insisto quando noto que não há interesse
por parte delas, mas Bella é diferente. Aquela bela
morena me deixou tão obcecado que estou disposto a
insistir e até mesmo ser chato, até finalmente tê-la em
minha cama. Foi possível notar e sentir a sua atração
por mim desde o primeiro segundo em que ficamos cara
a cara, ela também me quer, eu vi isso em seus olhos.

Após tomar um banho e colocar uma roupa


despojada e confortável, abro o meu WhatsApp para
verificar algumas mensagens. Uma delas é do puto do
meu amigo. Ele anexou na mensagem uma foto onde
duas garotas de programa estão de joelhos entre as
suas pernas, se beijando e acariciando o pau dele.

Theo: “Enquanto você se rastejava pela sua


dançarina misteriosa, eu me banqueteava com duas de
suas colegas de serviço. Aprenda, Leozinho, essas aqui
são as melhores para brincar. Não há regras e nem
pudores”.

A mensagem foi enviada por volta das cinco da


manhã e pouco me importando se o cretino está
desmaiado após a noite de farra, ligo em chamada direta
para o seu celular. O número chama algumas vezes e
quando penso em desistir e ligar em outro momento, ele
atende com a voz rouca e muito puto por ser acordado.

— Leonardo Ricci, eu espero que seja algo muito


sério para você me acordar a esta hora da manhã em
pleno domingo. Porque se você estiver me ligando para
falar qualquer merda eu juro que a nossa amizade acaba
de ser rompida e nunca mais quero falar contigo.

— Para de falar tanta merda, Theo, você sabe que


me ama e não consegue viver sem a minha amizade. —
Rebato, com deboche.

—Porra, Leo, diga logo o que você quer. Eu estou


em uma ressaca do caralho e pretendo dormir o domingo
inteiro.

— Olha, estou com inveja de você. Queria isso


também, mas prometi aos meus filhos que iremos passar
o dia juntos e vamos ao parque andar de bicicleta.

— Que merda, cara. É por isso que eu não quero ter


filhos! Deus me livre, gosto demais da minha liberdade e
de dormir para recarregar as energias após uma boa
noite de farra. Eu amo as suas crianças, Leo, e sempre
serei o tio preferido delas, mas é isso, nunca serei pai,
apenas o tio legal e que dá presente.

— Vou guardar essas suas palavras debaixo de sete


chaves para esfregá-las em sua cara no dia em que você
descobrir o verdadeiro amor, ao se tornar pai.

— Amigo, isso não vai acontecer. É claro que se um


dia eu engravidar uma mulher, mesmo tomando todos os
cuidados para isso não acontecer, vou assumir as
minhas responsabilidades e ser um pai tão foda quanto
você. Mas acho bem improvável que isso aconteça, pois
eu realmente tenho muito cuidado e não confio meter
sem camisinha.

— Eu não vou ficar aqui tentando te explicar que


nenhum método contraceptivo é 100% eficaz, não foi
para isso que eu te liguei.

— Hum. — Ele resmunga meio grogue e eu percebo


que está quase dormindo novamente.

— Cazzo, Theo, daqui a pouco eu deixo você


dormir. Agora eu preciso saber o que é necessário para
me tornar sócio e cliente vip da Firefly. Preciso voltar
àquela boate, preciso de mais momentos com a morena
misteriosa. Bella é dura na queda, mas eu senti que ela
também me queria. Aquela mulher será minha, mais
cedo ou mais tarde. Se ela é teimosa, eu sou bem mais.

Meu amigo explode em uma risada histérica e eu


fico puto com o seu deboche.

— Puta que pariu, Leo... A garota ainda nem sentou


e você já gamou? Bella tem esse poder dentro daquela
boate e os caras dariam um rim para passarem uma
noite com ela. A mulher é foda demais, viu. Agora eu
entendo porque todos os clientes da boate desejam a
bela morena.

— Foda-se os outros clientes, Theo. A Bella é


minha! Esta noite eu voltarei lá e tentarei convencê-la
disso. Você me conhece, cara, e sabe que eu não
insistiria se não tivesse certeza que sou correspondido.

— Olha só, cara, é bem provável que a Bella te


ache um psicopata perseguidor de mulher, Leonardo.

— Não. Ela não vai achar isso, pois sentiu tanta


atração por mim quanto eu senti por ela. Eu só preciso
de uma foda com ela para esse tesão de merda se
dissipar e assim seguir com a minha vida sem pensar
naquela dançarina a todo instante.

— Você está se arriscando muito, meu amigo. Uma


transa pode ser suficiente sim, mas também pode te
deixar ainda mais fissurado na mulher. E isso sim seria
um problema. Porque você não esquece a garota e parte
para outras conquistas? Deveria ir a outras boates,
contratar uma dança vip com outra mulher.

— Relaxa, Theo! Não é a primeira vez que eu fico


interessado em uma mulher difícil. Eu não vou propor
casamento para a garota, quero apenas senti-la uma
única vez.

— Certo, cara, vamos ver aonde isso vai te levar.


Só não diga que eu não te avisei.

Encerramos a ligação após ele me explicar passo a


passo para me tornar membro vip da boate onde mia
doce e Bella trabalha.
Chego à casa dos meus pais e sou recebido com
festa pelos meus filhos e meus sobrinhos.

— O papai chegou! — Beatrice grita a plenos


pulmões, ao me ver passar pela lateral que dá acesso ao
jardim.

Meus pais, meu irmão e cunhada estão sentados em


volta da mesa perto da piscina, enquanto as crianças se
esbaldam na água.

— Oi, bonequinha. — Pego a minha filha nos braços


e giro com ela no ar, arrancando uma gargalhada
gostosa da garotinha.

Em seguida a coloco no chão e pego Vincenzo, que


solta um gritinho quando o coloco de cabeça para baixo
e giro com ele preso em volta da minha cintura.

— Você tá ficando pesado, cara. Daqui a pouco o


papai não consegue mais te pegar no colo. — Coloco o
meu filho no chão e bagunço os seus cabelos.

— Logo eu vou ficar do seu tamanho, papai. — Diz


Vincenzo, todo ansioso. — Já quero ser um homem
grandão.

— Não seja apressado, carinha. Aproveite a sua


infância, pois ela passa muito rápido.
Desvio a minha atenção do meu garotinho para
Maria Cecília, minha sobrinha que está de pé
aguardando o meu abraço também. A menina tem sete
anos e foi o primeiro bebê a chegar na nossa família,
porém, o seu reinado durou pouco, pois logo foi a vez
dos meus gêmeos e há pouco mais de um ano e meio,
meu irmão e a minha cunhada deram a ela dois
irmãozinhos. Gêmeos idênticos.

— Como está a princesinha do titio? — Inquiro, a


medida que a pego nos braços e giro o seu corpinho no
ar.

— Estou bem, titio. — Responde ela, quando a


coloco no chão e beijo a sua bochecha. — Meu dente
está mole e a vovó falou que logo vai cair e eu vou
ganhar dinheiro da fada do dente.

Giovanni e eu fomos criados com toda essa


inocência, nossos pais sempre fizeram questão de
preservar a nossa infância e foram moldando o nosso
caráter à medida que íamos crescendo. Meu irmão e eu
estamos seguindo o exemplo da nossa boa criação e
passamos todos estes valores para os nossos filhos. Por
isso, me abaixo para ficar na altura dos olhos da minha
sobrinha e entro na brincadeira.

— Tenho certeza que a fada do dente vai ser bem


generosa com você, só porque você é uma boa garota.

A menina sorri e arregala os olhos em expectativa.


Minha filha, um pouco enciumada, praticamente entra
entre nós dois e tenta chamar a minha atenção.

— Eu não vejo a hora de trocar os meus dentinhos


também, papai, assim posso ganhar muito dinheiro da
fadinha.
— Quando isso acontecer você também será bem
recompensada por ser uma boa menina, minha princesa.
Agora vão lá brincar mais um pouco que eu vou
cumprimentar os adultos.

As crianças correm em direção a piscina e como


fazem natação desde quando ainda eram bebês, eles
pulam na água e nadam com muita habilidade.

— Ei, família. Demorei, mas cheguei. —


Cumprimento a minha mãe e a minha cunhada com
beijos no rosto e troco tapinhas no ombro com o meu
irmão e o meu pai.

— Eu nem acredito que finalmente teremos um


almoço de domingo com os meus dois filhos presentes.
— Diz minha mãe, toda emocionada.

— Agora que eu vou morar novamente na terra da


garoa, prometo que serei mais presente, dona Vittoria.

— Olha, eu tenho até medo de que ocorra um


dilúvio... Leonardo fazendo presença na casa dos
nossos pais. Essa eu pago para ver! — Giovanni zomba
e eu mando o meu querido irmão se foder em italiano.

Em seguida, me derreto de amores quando me


aproximo do carrinho dos gêmeos e ambos os bebês me
recebem batendo palminhas alegremente e balbuciando
palavras incompreensíveis.

— Vocês são tão fofinhos, sabia? Ainda bem que


puxaram apenas para a mãe de vocês, pois o pai é o
puro suco da feiúra.

Os gêmeos riem, totalmente alheios ao que eu digo


sobre o pai deles e a nossa família os acompanha em
uma risada gostosa. Puxo uma cadeira e me sento.

— Você ainda nem tomou café, não foi? — Minha


mãe indaga e eu apenas concordo com a cabeça. — Vou
montar um desjejum com tudo o que você gosta no café
da manhã.

– Ah, eu acho que vou começar a me ausentar mais


vezes. — Meu irmão resmunga, fingindo-se de ofendido.
— Olha só, o Leo quase não vem e quando vem é
recebido com um pratinho com tudo o que ele tem
direito.

— Deixa de ser ciumento, amor. A sua mãe fez o


mesmo para você agora a pouco. — Minha cunhada mete
a bronca, ganhando pontos comigo e com a minha mãe.

— Ainda bem que você é sensata, Laís. Seu marido


parece que nunca saiu da quinta série. — Digo
brincalhão e o meu pai entra na conversa.

— Na verdade, eu acho que os meus dois filhos


ficaram presos na adolescência.

— Poxa, pai... Aí o senhor pegou pesado! —


Resmungo e ele apenas me ignora.

Minha mãe me serve com café, pão, bolo e frutas.


Nem se eu estivesse há dias perdido no deserto sem
comida, conseguiria comer tudo isso de uma só vez. De
qualquer forma, agradeço pela gentileza.

— Obrigado, mãe.

— Coma tudo! Sei muito bem que você não se


alimenta direito quando está longe dos meus olhos. —
Assinto com a cabeça, mesmo sabendo que não vou
comer nem a metade disso. — Por falar em não se
alimentar direito, eu acho que a Morgana está doente. A
coitadinha esteve aqui mais cedo, estava pálida e
parecia um pouco anêmica. Perguntei se estava tudo
bem e ela apenas me disse que a mudança para São
Paulo a deixou ansiosa e uns dias sem conseguir se
alimentar direito. Mas eu acho que ela estava tentando
me esconder algo. Só não insisti no assunto para não
ser tão invasiva na vida pessoal dela. O casamento de
vocês acabou, mas eu continuo gostando muito dela.
Morgana é uma boa mãe e respeita a todos.

— Sim, mãe. Morg e eu não demos certo como


casal, mas somos grandes amigos. Vou tentar descobrir
se ela está precisando de alguma ajuda. — Finjo
demência, mesmo sabendo o real motivo da palidez
dela. Morgana está grávida e se optou por ainda não
contar para ninguém, ela deve ter os seus motivos e eu
não sairei por aí feito um linguarudo fofoqueiro contando
algo tão pessoal da vida dela.

Passamos a manhã reunidos e após o almoço


peguei as crianças e fomos para o parque. Minha
sobrinha também foi conosco, o que nos obrigou a voltar
mais cedo, pois o meu irmão e a sua família tinham que
voltar para Porto Alegre antes do anoitecer.

No começo da noite, levei Beatrice e Vincenzo até a


nova casa de Morgana e aproveitei para conversar
brevemente com a minha ex-mulher. Ela realmente
estava pálida, mas disse ser normal por causa dos
enjoos que está sentindo no início da gravidez. Não
estendi a conversa e após me despedir dos meus filhos
passei em casa apenas para tomar um banho e colocar
uma roupa adequada para ir até a boate.
Cazzo, eu estou parecendo um louco alucinado pela
bela dançarina. Mas eu sei que ela também se sentiu
atraída por mim e isso é o suficiente para não me fazer
desistir.
Depois de mais de quarenta minutos de conversa e
negociação, o gerente da boate finalmente conseguiu
convencer a Bella a dançar para mim esta noite. Porém,
desta vez serão apenas meia hora de dança. Esta foi a
condição que a morena impôs para aceitar me atender e
quanto a isso não houve negociação. A mulher é dura na
queda e não aceitou estender a hora, mas tudo bem.

— A Bella irá te atender na mesma sala vip em que


te recebeu ontem. — Explica o gerente, me entregando o
cartão de acesso. — Lembre-se, senhor Leonardo, aqui
as garotas não são forçadas a nada. Bella vai te receber
porque decidiu ceder ao meu pedido, mas se ela se
sentir acuada e quiser sair no meio da dança, ela fará
sem pestanejar.

— Seja mais claro comigo, Hugo. — Encaro o


homem, que mantém a postura indiferente. — Você está
insinuando o que? Por acaso acha que eu vou atacar a
sua dançarina?

— Eu sei que homens como você, que vêm de uma


posição social altíssima, não iriam tão baixo. Mas eu
também sei o que você é capaz de fazer para tentar
persuadir uma mulher. Você acaba de se tornar um dos
nossos clientes vip, senhor Leonardo, mesmo assim
preciso deixar claro que isso não lhe dá o direito de
insistir em uma das minhas garotas. Se ela quiser sair
com você, está tudo certo. No entanto, se ela não
quiser, Bella tem toda a minha proteção e dos meus
sócios da boate.

Quando o Theo me falou que os donos dessa boate


não baixavam a cabeça para nenhum cliente, mesmo os
mais ricos, eu achei que era lorota. Mas acabo de
confirmar que o meu amigo não estava blefando. Estou
acostumado a ser obedecido e ter as pessoas sob os
meus comandos. Por isso, fico um pouco puto com o
babaca tentando me intimidar, mas também fico aliviado
por saber que as mulheres que trabalham aqui têm as
suas vontades respeitadas e estão seguras.

— Fique tranquilo, Hugo, eu não vou causar


problemas.

O homem assente e vira as costas, se infiltrando no


meio dos demais clientes. A boate está cheia, mas há
apenas uma pessoa aqui dentro que tenho interesse em
ficar perto. Sigo a passos largos para a sala VIP e desta
vez a belíssima morena já está à minha espera. Desta
vez ela está usando um vestido prateado de frente
única, tão curto que no primeiro movimento será
possível ver a cor de sua calcinha. Seus cabelos estão
soltos e uma maquiagem pesada ajuda a esconder o seu
rosto por baixo da máscara.

— Boa noite, meu bem. Sente-se e aproveite o


show. Hoje o nosso tempo será bem curto!

— Boa noite, Bella. Obrigado por me atender.

Ela não diz nada, apenas se vira e dá início a


dança. Os primeiros movimentos são no pole dance, mas
sou pego totalmente de surpresa quando a mulher tira o
vestido e, usando apenas um conjunto de lingerie sexy e
transparente pra caralho, fica de quatro no chão e
engatinha até ficar no meio das minhas pernas.

— Puta que pariu. — Xingo ofegante e concentrado


demais em cada movimento dela.

Essa morena é ousada e provocadora demais.

Bella apoia uma mão em cada uma de minhas coxas


e desliza o tronco em minha direção. Em seguida ela
fica de costas para mim e eu quase gozo com a visão da
sua bunda totalmente empinada para mim quando ela
dobra o corpo em um movimento sensual.

A música termina e quando ela se prepara para


iniciar uma nova dança eu seguro os seus braços e a
faço me olhar.

— Ouça, Bella. Eu realmente te peço desculpas


pelas coisas que falei ontem. Não quis te ofender.
— Está tudo bem, Leo. Eu já estou acostumada com
certos tipos de comentários.

— Mas eu não sou assim, Bella. Posso ser um


cretino em muitas coisas, mas não saio ofendendo as
pessoas de forma gratuita. Sei que peguei pesado, mas
o fato de você dançar nesta boate não faz de você uma
pessoa que não merece respeito.

Ela dá uma leve balançada com a cabeça e percebo


que ganhei alguns pontinhos positivos com a morena.

— Tudo bem, Leo, eu aceito o seu pedido de


desculpas e agradeço por entender.

— Será que nós podemos recomeçar a nossa


conversa e quem sabe, de um modo mais educado eu
consiga te convencer que sou uma boa companhia?

Bella se desvencilha das minhas mãos e ri alto. Ela


fica ainda mais linda sorrindo toda despojada. Porra,
que merda está acontecendo comigo? Estou cada vez
mais fissurado na mulher que conheço a pouco mais de
vinte e quatro horas.

— Sabe, Leo... Eu preciso te confessar uma coisa.


— Diz ela, apoiando as mãos nas minhas coxas e
inclinando o tronco até a sua boca estar a centímetros
do meu ouvido. — Sim, eu me sinto atraída por você,
como nunca me senti por nenhum cliente desta boate.
Você é um homem lindo e que sabe como seduzir uma
mulher.

Ela se afasta e fica parada em minha frente.

— Eu sou um homem livre, Bella, você também é,


ou não estaria trabalhando aqui. Então, porque tanta
dificuldade em aceitar um convite para sair comigo?
Você fez questão de dizer que não sai com ninguém por
dinheiro, mesmo assim eu estou disposto a pagar um
valor que você com certeza não recusaria.

A dançarina se afasta novamente, os seus olhos


bem concentrados nos meus.

— Se um dia eu for para a sua cama, Leo, será por


puro desejo e vontade de transar com você. Ouça bem,
Leo, eu não transo por dinheiro. Nada contra quem faz,
muitas meninas da boate fazem isso e está tudo bem,
cada um faz o que achar melhor. Mas eu realmente não
consigo.

Fico de pé e mesmo sabendo que posso ser


enxotado mais uma vez, enlaço a sua cintura e aproximo
os nossos rostos.

— Eu te respeito, querida Bella. Não aceita transar


por dinheiro? Tudo bem! Mas me diga, o que você faria
se eu te beijasse agora mesmo? — Ela abre e fecha a
boca várias vezes, mas não consegue dizer nada. — E
então, bella ragazza?

— Foda-se! — É tudo o que ela diz, antes de grudar


os seus lábios nos meus e me beijar esfomeada.

Não interrompo o beijo enquanto empurro-a até a


parede mais próxima e me esbaldo em sua boca
gostosa. Minhas mãos passeiam pela lateral do seu
corpo e ela geme quando afasto as suas pernas com as
minhas e esfrego o meu pau duro pra caralho em seu
ventre.

O beijo fica cada vez mais obsceno e tomados pelo


desejo insano, ajudo-a a montar no meu colo, com uma
perna de cada lado do meu quadril. Ando a passos
largos e decididos até o sofá e caímos deitados no
móvel de couro. A posição permite um contato mais
íntimo entre os nossos sexos e eu rebolo entre as suas
coxas, simulando um ato sexual. Bella estremece e
agarra o meu cabelo com força.

— Deliziosa! — Sussurro perto do seu ouvido e em


seguida beijo a curva do seu pescoço, descendo e
deslizando a minha língua pelo colo até chegar no vale
dos seus seios onde há uma linda tatuagem de um botão
de rosas. — Fica comigo esta noite, Bella?

Meu celular começa a tocar, mas o ignoro e aguardo


uma resposta da dançarina que vem tirando a minha
paz. Ela não responde, apenas geme quando aperto a
lateral da sua coxa e volto a atacar a sua boca. Nossas
línguas se enroscam e o beijo fica ainda mais indecente
quando Bella ergue o quadril em busca de um atrito
maior entre os nossos sexos.

Meu celular volta a tocar e desta vez não para.

— Cazzo. — Resmungo ao ter que me afastar dela.


— Preciso atender, Bella. Me dá um minuto e podemos
continuar com isso aqui.

Ela se senta no sofá, os lábios borrados de batom


por causa do nosso beijo. Ambos estamos ofegantes e o
meu pau está tão duro que está começando a doer. Pego
o meu celular que toca incessantemente e meu corpo
gela ao ver que é o número da minha ex-mulher.
Morgana não estaria me ligando a esta hora se não
fosse algo sério.

— Oi, Morgana. O que foi?


— Estou chegando ao pronto-socorro infantil com o
Vince, ele bateu a cabeça ao cair da cama e após alguns
minutos vomitou e convulsionou. Será que você pode
nos encontrar lá?

— Porra. É claro que estou indo para lá! Quem ficou


com a Beatrice? — Inquiro, enquanto arrumo a minha
roupa e pego a minha carteira sobre a mesa perto do
sofá.

— Como os meus pais estão longe, tive que ligar


para os seus pais. Ainda não consegui uma babá para
as crianças e não quis trazer a Bia para o hospital, pois
ela poderia se assustar ainda mais.

— Você fez o certo. Minha mãe vai cuidar dela.


Manda a localização do pronto-socorro para onde vocês
estão indo que eu chego logo em seguida.

— Vou mandar no seu WhatsApp. — Diz Morg, um


pouco antes de encerrar a chamada.

Quando olho para a Bella, a sua feição já não é


mais de uma dançarina excitada e sensual, mas sim de
uma mulher preocupada.

— Não sei o que aconteceu, mas espero que tudo


termine bem. — Diz Bella, em um tom solidário.

— Um dos meus filhos se machucou e está indo


para o pronto-socorro após sofrer uma convulsão. Eu
preciso ir.

— Meu Deus, Leo. Claro, vá até o seu filho. Eu


espero que ele fique bem e tudo isso não passe de um
susto.
Por alguma razão que eu não sei explicar, olho para
Bella e não a vejo apenas como uma dançarina ou uma
simples parceira de foda. Estranhamente ela mexe
comigo de formas diferentes e mesmo nos conhecendo
há tão pouco tempo, eu tenho um carinho pela pessoa
dela e curiosidade para conhecer a sua história. Todo
mundo tem uma história para contar, Bella não veio
parar neste lugar por um acaso do destino. O que será
que levou a jovem garota a trabalhar na noite?

— Eu voltarei, Bella! Quando tudo estiver resolvido


eu voltarei aqui para te ver. — Me abaixo e deixo um
beijo casto no topo de sua cabeça. — Obrigado pela
dança e até breve.

— Até breve, Leo.

Enquanto desço para o primeiro piso da boate,


envio uma mensagem para o meu segurança já ficar a
minha espera do lado de fora. Como me tornei sócio não
preciso ir ao caixa, pois a nota com o meu consumo da
noite é debitado automaticamente da minha conta
bancária.

— Boa noite, senhor! — Saulo já está com a porta


traseira aberta para mim.

— Boa noite, Saulo. Vamos direto para o pronto-


socorro infantil. — Abro o aplicativo de mensagem e
quando o motorista se senta atrás do volante passo o
endereço e ele sai em disparada, sem questionamentos
pois sabe que é algo com os meus filhos.

O meu ponto fraco sempre serão os meus filhos! por


eles eu deixo tudo e qualquer coisa que estou fazendo.
Eles sempre serão a minha prioridade. Vincenzo e
Beatrice chegaram no susto, não foram bebês
planejados, mas quando chegaram, tão pequenos e
frágeis, pois nasceram algumas semanas antes da data
do parto, os dois anjinhos quase arrebentaram com o
meu coração. Foi um amor imediato e desde o primeiro
momento que os vi e os tive em meus braços eu soube
que a minha vida inteira passaria a girar em torno deles.
Por isso, neste momento todo o meu corpo está tenso
com a possibilidade de perder o meu filho.

Deus, que não seja nada grave!


Ainda estou ferrada no sono quando o meu
despertador dispara, avisando que já chegara a hora de
me levantar. Cheguei tarde da boate e mesmo após um
banho, ainda fiquei horas revivendo em minha mente os
amassos com o cara gostoso que surgiu na boate e vem
tirando o meu sossego.

Não sou ingênua ao ponto de pensar que ele me vê


como uma mulher comum, sei onde estou me metendo e
o tipo de imagem que passo para os homens da boate.
Mas, puta que pariu, a confiança daquele puto sobre o
meu próprio corpo me deixou irada. Ele tem tanta
certeza de que vai me levar para a cama que chega a
ser irritante e depois do que aconteceu hoje, já não
tenho mais tanta certeza se vou conseguir resistir por
muito tempo.

Não sou uma pessoa impulsiva, em quase um ano


trabalhando na boate nunca saí com nenhum cliente.
Meu ex-namorado terminou comigo por não aceitar o
meu trabalho freelance e também porque não acreditava
em mim quando eu dizia não sair com os clientes.
Quando Beto e eu nos assumimos como namorados eu
havia acabado de entrar para a boate e quando
terminamos ele confessou que só aceitou porque em sua
mente idiota ele acreditava que iria me convencer a
largar o emprego noturno.

Assim como meu ex-namorado, a maioria dos


homens acham que dançar na noite faz de mim uma
mulher acessível para qualquer um deles.

Merda, estou há meses sem transar e isso está me


deixando ainda mais irritada. Sou uma mulher fogosa e
gosto muito de sexo. Esta madrugada, quando o Leo me
olhou com aqueles olhos famintos e me pediu desculpa
com tanta sinceridade eu não pude resistir ao seu
charme e ataquei a boca gostosa dele.

Merda, ele beija bem pra caralho. Mesmo furiosa


por ser tão fraca ao ponto de pensar na possibilidade de
ir para a cama com ele, sinto que nesta batalha de quem
seduz mais, o italiano insistente é quem vai ganhar.

Me levanto antes que o sono me ganhe e eu volte a


dormir. Não posso me atrasar, hoje será a apresentação
do novo CEO da DonRicci e como serei a sua assistente
pessoal, tenho que mostrar profissionalismo ao meu
novo chefe.
Após um banho e fazer toda a minha higiene
matinal, começo a me arrumar. Como está fazendo um
calor dos infernos aqui em São Paulo, opto por uma saia
lápis de cor preta que vai até o joelho, uma blusa social
cinza de manga 3/4 com botões na frente e um sapato
scarpin preto de salto baixo. No rosto passo uma base
simples e um batom rosa clarinho. Deixo o meu cabelo
solto e após borrifar um pouco do meu perfume, saio do
quarto em busca de uma boa dose de café.

Encontro o Nick tomando café com a Heloíse e a


Aurora, na nossa pequena cozinha.

— Dindinha... — Minha afilhada pula da sua cadeira


e corre para me abraçar.

— Oi, minha boneca. Como foi o seu final de


semana com a sua avó?

— Foi muito legal, dinda. O meu pai foi lá e a


namorada dele me deu uma boneca. — A menina conta
mega empolgada, mas logo o seu sorriso murcha ao
continuar. — Ele não pôde ficar muito comigo e com a
vovó, não ficaram nem para o almoço, foi tipo assim,
chegaram e logo se foram. Papai precisou ir embora
correndo porque o filhinho da namorada dele não estava
muito bem e eles precisaram voltar para casa. Mas o
meu papai falou que um dia vai me levar para passar um
dia inteirinho na casa dele.

Olho para Nick e Helô e ambos estão se controlando


para não soltar meia dúzia de palavrões. O filho da puta
não tem nenhum pingo de amor pela própria filha, ele já
deixou bem claro para Heloíse que não curte crianças.
Muito provavelmente está dando um pouco de atenção
para o filho da namorada só para não afastá-la.
— Entendi, meu amor. — Murmuro, após deixar um
beijo casto em sua testa. — E sua vovó, está bem? —
Inquiro, pois, a avó paterna de Aurora é uma pessoa
muito boa e uma avó babona pela neta. Uma pena que
teve um filho tão ordinário.

— A vovó e eu fomos ao shopping, assistimos


desenho juntas e ela fez mais uma blusinha de tricô pra
mim, dindinha.

— Uau, que legal, minha boneca. Depois eu quero


ver, Tá? Agora vá terminar o seu café.

A pequena volta para a sua cadeira e eu


cumprimento a minha amiga e o seu irmão.

— Depois conversamos sobre isso. — Diz Helô, se


referindo ao pau no cu do pai da Aurora.

— Relaxa, amiga. — Beijo a sua bochecha e volto a


minha atenção para o meu amigo e colega de trabalho.
—Bom dia, Nick. Para você estar aqui a esta hora,
aposto que veio em busca de uma carona, do contrário
já estaria a caminho da empresa. Você raramente vem
tomar café conosco.

— Ai, bixa, como você gosta de me humilhar. — Ele


faz uma carinha de cachorro abandonado. — Minha moto
quebrou de novo e dessa vez eu acho que vai demorar
no conserto. Então, como você é o meu anjo e está
sempre me salvando, eu tenho certeza que não vai me
negar uma carona.

— Seu bobo, é claro que não vou te negar carona.


Ficou doido? Mas acho bom você pensar em comprar
uma moto melhor, pois logo vou achar um comprador
para o meu carro e você e eu ficaremos a pé.
— Duvido muito... Tenho certeza de que você não
vai conseguir ficar sem carro e vai acabar comprando
outro. Sei que o seu golzinho está dando muita
manutenção, mas você vai sentir falta quando ele for
embora.

Bebo um gole de café e bufo, frustrada com o


choque de sinceridade do meu amigo.

— Ai, amigo, pior que você tem razão, eu vou sentir


falta do meu bichinho. Ele é velhinho, mas quebra tanto
o meu galho. Mas não vou poder comprar outro, pelo
menos não este ano. Vou mandar o dinheiro para o meu
pai abater metade do empréstimo.

— Cara, eu admiro muito esse seu amor e cuidado


com os seus pais. — Diz Heloíse. — Não é todo filho
que abre mão das coisas para ajudar pai e mãe. Amiga,
na bíblia diz que o filho que honra pai e mãe tem uma
vida longa. Por isso, tenho certeza que você vai viver
uns duzentos anos.

— Neste caso, você e o Nick também vão, pois


vocês também são filhos maravilhosos.

— Tirando o dia em que eu quase matei o meu velho


quando me assumi gay, sim, nós somos bons filhos. —
Nick relembra, brincalhão.

— O papai só se assustou porque esse desnaturado


chegou jogando a bomba sem prepará-lo antes. Mas
depois ficou de boa e hoje você é o filho preferido dele.
— Helô resmunga, fingindo um ciúme que todos nós
sabemos que não existe.

— A vovó falou que vocês não são mais os


preferidos do vovô, agora sou eu a dona dos dias felizes
dele. — Aurora comenta, com um sorrisinho convencido
nos lábios.

Nick a pega no colo e a menina gargalha quando ele


usa a barba para fazer cosquinhas em sua barriga.

— Não tem como ser de outra forma, minha preciosa


Aurora. Você foi a melhor coisa que aconteceu em
nossas vidas e o titio te ama do tamanho do universo.

— Também te amo muito, titio, mas agora eu preciso


ir. Meu desenho preferido já vai começar.

Aurora é a sinceridade em pessoa. Ela dispara em


direção a sala e liga a tv.

— Fui deixado para trás por causa de um desenho.


Que mundo ingrato! — Nick faz drama e Helô e eu rimos
do exagero dele.

— Pois agora que você é um homem sem uma


sobrinha, trate de acelerar o café, pois nós vamos sair
daqui a pouco. Não posso chegar atrasada hoje.

— Sei. Hoje é o dia que o gostoso do nosso novo


CEO irá assumir o cargo. E você, como uma boa rabuda
que é, vai começar no novo cargo também. Ah, que
inveja boa de você, amiga.

— Tenho certeza que em breve você também será


reconhecido dentro da empresa, amigo. Você vai ver, é
apenas uma questão de tempo.

— Isa, meu amor, só de estar empregado já é tudo


para mim.
Houve um tempo em que o Nick ficou desempregado
e quase caiu em depressão porque não encontrava uma
vaga no mercado de trabalho. Quando ele entrou na
DonRicci, ficou tão feliz que passou um final de semana
inteiro comemorando como se não houvesse o amanhã.

Após tomarmos o nosso café, nos despedimos das


meninas e seguimos para a empresa. Meu carro não
anda muito bem, está perdendo força e apagando de vez
em quando. Mesmo com ele quase nos deixando na mão,
conseguimos chegar alguns minutos antes do nosso
horário.

— Amiga, é sério. Você vai precisar usar todo o seu


autocontrole para não pular no colo do poderoso
Leonardo Ricci. — Diz Nick, quando ficamos sozinhos no
elevador após o décimo andar. —Aquele homem é
surreal de tão lindo.

Uma crise de riso me ataca enquanto seguimos até


o nosso andar e o meu amigo me olha como se eu
estivesse enlouquecendo.

— O que foi, sua louca? Contei alguma piada, por


acaso?

— Não é nada disso, Nick, eu apenas estou rindo de


algumas coincidências. Este fim de semana conheci um
cliente que se chama Leo e ele é basicamente a mesma
descrição que você tanto faz desse tal Leonardo Ricci.
Rico, lindo e gostoso. Mas é um filho da puta arrogante.

Faço um resumo do meu novo cliente para Nicolas e


o meu amigo fica de boca aberta.

— Credo, que delícia. Eu não tenho essa sorte de


um boy rico e gostoso ficar obcecado por mim.
— Para com isso, seu bobo. — O elevador chega ao
andar da presidência e a secretária de um dos sócios me
recebe com uma pasta nas mãos.

— Bom dia, Isabelle. As coisas estão bem


movimentadas por aqui, todos ansiosos para conhecer o
novo CEO da empresa. O senhor Tommaso já está na
empresa e pediu para eu te entregar isto. O filho dele
teve um imprevisto esta madrugada e vai chegar
atrasado para a apresentação, mas já está a caminho.
Alguns funcionários do RH e o pessoal que trabalha no
andar da presidência foram convidados para uma breve
apresentação no auditório. — A mulher olha para o meu
amigo. — Inclusive você, Nicolas.

Em seguida ela se retira, pisando firme em seus


saltos.

— Amiga, essa apresentação vai dar o que falar.


Nem as casadas vão perdoar e com certeza vão cobiçar
o nosso novo CEO.

Cada vez que Nick fala sobre este homem eu fico


ainda mais curiosa. Graças a Deus os minutos voaram e
agora estamos todos reunidos no grande auditório para
a apresentação de Leonardo Ricci, nosso novo chefe.

O senhor Tommaso entra no auditório e começa a


falar sobre a sua empresa e o quanto ele preza pelo
bem-estar dos seus funcionários. E após mais algumas
palavras ele pede a nossa atenção, pois o seu filho mais
velho irá se apresentar. E no exato momento que o
homem surge no palco, todo elegante em um terno
caríssimo e uma postura empoderada, o meu coração
erra algumas batidas e eu tenho uma arritmia que muito
provavelmente me levará ao infarto.
— Senhoras e senhores, bom dia! Meu nome é
Leonardo Finkler Ricci e estou muito honrado em poder
seguir com o legado da minha família.

— Puta que pariu… — O xingamento sai engasgado


da minha garganta e eu já não ouço mais o que
Leonardo fala.

Nick me olha preocupado.

— O que foi, amiga? Tá passando mal com a beleza


dele, né? Eu te avisei que o bofe era gostoso.

— Meu pai amado, que merda! Nick, amigo, pelo


amor dos santos protetores das ferradas. Estou tão
fodida!

— O que? Por que você está tão nervosa assim?

— Amigo, lembra do cara que eu conheci na boate?


O Leo?

Meu amigo leva apenas alguns segundos para


entender o que eu estou tentando dizer.

— Puta merda, Isa... Caralho, amiga! Este Leo é o


mesmo bofe que quer te comer? — Pergunta baixinho,
bem perto do meu ouvido.

— Migo, todo castigo pra corno é pouco... — Ralho,


me segurando para não disparar nem uma risada
histérica. — Tanto homem no mundo e eu fui dançar
justamente para o homem que será o meu novo chefe. —
Jogo meu corpo para trás da cadeira. — Tomei na gruta
do fiofó.
Nick, escandaloso como é, não se contém e explode
em uma risada alta. Algumas pessoas nos olham, mas
seguem com a atenção no novo CEO.

— Ai, amiga, eu sinto muito te dizer isso. Mas sim,


você tomou bonito nesse seu cu.

— A partir de hoje serei o novo CEO da DonRicci e


quero deixar claro que seguirei a mesma hierarquia do
meu pai. — Volto a minha atenção para as palavras do
novo chefe. — O respeito e bem-estar de vocês sempre
serão a nossa prioridade. Aqui dentro somos uma equipe
e eu gosto de acreditar que todo trabalho em equipe,
quando é bem-feito, sempre será sucesso. Com o tempo
vocês verão que não sou um chefe ruim, mas sou bem
exigente em alguns momentos. Vocês tem o meu
respeito e eu exijo o mesmo. Todos aqui temos família e
eu sei que imprevistos acontecem. Eu tolero faltas e
atrasos, desde que sejam justificadas. Como alguns de
vocês já devem saber, sou divorciado e pai de um casal
de gêmeos, sei que crianças ficam doentes ou se
machucam. Está madrugada mesmo o meu filho me deu
um susto grande, mas já está em casa. Passei boa parte
da noite cuidando dele e por isso cheguei atrasado. Por
isso, volto a repetir, sou compreensivo quanto a faltas e
atrasos, desde que tenham justificativas plausíveis.

Uma explosão de palmas toma conta do auditório e


quando finalmente começo a me acalmar do susto,
quase infarto de verdade ao ouvir as palavras do senhor
Tommaso.

— Aproveitando este momento, gostaria de lhes


apresentar a assistente pessoal do novo CEO. — O dono
da empresa olha diretamente para mim. — Senhorita
Isabelle, venha até aqui, por favor.
Entro em uma espécie de transe e só me dou conta
que estou paralisada no lugar quando Nick me dá um
beliscão.

— Vai logo, amiga. Estão todos te olhando.

Me levanto com muita dificuldade e à medida que


subo os poucos lances de escada até o palco, sinto o
meu coração prestes a sair pela boca.

Caralho, estou muito fodida!


Ainda estou com a cabeça doendo devido ao susto
que o meu filho me deu, mas tranquilo após ouvir da
boca do pediatra e de um dos melhores neurologistas
infantis que não haverá sequelas e que Vincenzo ficará
bem. Quase não dormi esta madrugada e mesmo com o
meu pai me sugerindo que nós adiássemos a minha
apresentação para amanhã, fui categórico ao afirmar
que não tinha necessidade disso. Estou assumindo o
cargo hoje, mas não começarei de imediato. Hoje serão
apenas apresentações aos funcionários e membros da
diretoria, por tanto será mais tranquilo e irei embora no
início da tarde.

Confesso que estava muito curioso para conhecer a


mulher de quem o meu pai tanto falou e engrandeceu
como uma excelente funcionária nos últimos meses. Eu
li o currículo dela e gostei muito. Mas à medida que a
moça se aproxima do palco, após ser chamada pelo meu
pai, me surpreendo com as suas características físicas.
Em seu currículo diz que ela tem vinte e cinco anos, mas
se eu não soubesse desta informação daria no máximo
uns vinte anos para a bela morena de olhar desconfiado
que acaba de parar na minha frente. Ela é uma mulher
naturalmente linda, sem muita maquiagem e muitos
acessórios.

Sem dúvidas, una bella donna!

— Leonardo, esta é a sua nova assistente pessoal,


Isabelle Brandão. — Meu pai nos apresenta.

Enrugo a testa e aperto os olhos, tentando me


lembrar de onde eu conheço esta moça. Algo nela não
me é estranho, tenho quase certeza de que a conheço
de algum lugar ou ocasião, mas neste momento não
estou conseguindo ligá-la a ninguém em específico.

Estendo a mão para lhe cumprimentar e ela abre um


sorriso um pouco forçado, deixando evidente o seu
nervosismo por estar perto de mim. E quando as nossas
mãos se tocam, tenho a sensação esquisita de que esta
não é a primeira vez que a toco.

— Isabelle, este é Leonardo Ricci, meu filho mais


velho. — Diz meu pai. — Ele será o seu novo chefe e a
partir de agora você trabalhará diretamente com ele, em
uma sala anexa a sala dele.
— É um prazer te conhecer, senhorita Isabelle. Meu
pai falou muito bem de você!

— O prazer é meu, senhor Leonardo. — A voz dela


está trêmula e eu tenho a impressão de que a moça vai
desmaiar a qualquer momento.

Solto a sua mão e faço um gesto para uma


funcionária da copa trazer um copo com água.

— Você está bem, senhorita? — Inquiro, preocupado


ao ver o quão ela está abalada. Isabelle está tentando
fingir tranquilidade, mas o seu nervosismo está
estampado em seu rosto bonito. A funcionária me
entrega o copo com água e eu o entrego para a minha
nova assistente. — Tome um pouco de água, você
parece nervosa.

Com um sorriso sem graça, ela aceita a bebida e


vira o copo em uma única golada. Cacete, está fazendo
muito calor lá fora, mas aqui o ar-condicionado deixa o
ambiente fresco e agradável. Não era para a mulher
estar com a aparência de quem vai morrer a qualquer
momento.

— Obrigada pela preocupação, senhor Leonardo. —


Ela agradece, após beber toda a água. — Mas estou
bem.

— Que ótimo! Espere aqui um momento. — Peço e


olho para os demais funcionários sentados de frente
para nós. — Gostaria de agradecer a presença de cada
um de vocês. Podem voltar para as suas funções, a
reunião está encerrada!

—Meu filho,, tenho uma reunião importante com o


diretor de finanças da empresa daqui a pouco e preciso
ir. — Diz meu pai. — Nos encontramos no horário do
almoço e depois vamos embora juntos.

— Certo, pai, irei esperar o senhor na minha sala.


— Informo e ele assente.

Após se despedir de mim e da minha assistente,


papai segue o mesmo caminho que os demais, deixando-
me a sós com Isabelle Brandão. Ao olhá-la com mais
atenção, tenho ainda mais certeza de que a conheço de
algum lugar.

— Venha, Isabelle, vou te mostrar onde será a sua


sala e serei breve ao explicar exatamente o que espero
do seu desempenho ao trabalhar comigo. — Faço um
gesto com a mão, orientando-a a seguir na minha frente.

No ambiente de trabalho sou um homem


responsável e respeitador com as minhas funcionárias e
por ser assim, estou me odiando neste instante por não
conseguir tirar os olhos da bunda perfeita e redonda da
minha assistente. A saia justa, a sandália de salto alto e
os cabelos soltos me fazem ter ideias super
inapropriadas para o nosso local de trabalho. Ao
entrarmos na minha sala, fecho a porta e peço para ela
se sentar na cadeira em frente a minha mesa.

— Bem, para nós darmos certo juntos eu acho


importante nos conhecermos um pouco. — Começo a
falar, após contornar a minha mesa e me sentar de
frente para ela. — Li o seu currículo e fiquei
impressionado. Você ainda é bem jovem, mas tem tanto
talento quanto muita gente com vários anos de
experiência no meio empresarial. Meus parabéns!

Ela sorri orgulhosa e pela primeira vez, desde o


momento em que coloquei os meus olhos nela, vejo a
garota ficar um pouco mais relaxada.

— Obrigada, senhor Leonardo! Eu estou sempre


estudando e buscando aprender cada vez mais sobre a
minha área.

— Isso é muito bom, Isabelle. Se continuar assim


você será uma grande mulher de negócios, em um futuro
muito próximo.

— É o que eu almejo, senhor.

— Também vi no seu currículo que você é do


interior. Porque decidiu vir para a capital?

— Sou de uma cidade pequena e sem muitas


oportunidades de trabalho, por isso escolhi a capital
para estudar e trabalhar.

De repente ela faz um movimento mais brusco ao


trocar a posição da perna e o seu perfume chega até
mim. E, cacete, não é possível! Ela tem o mesmo cheiro
da dançarina que vem tirando o meu sono. Eu sabia que
Isabelle me lembrava alguém, só não imaginava que
fosse justamente a mulher que venho desejando ter em
minha cama.

— Você trabalha apenas aqui, Isabelle? — Vou


direto ao ponto, pois agora fiquei muito pilhado com
essa possibilidade.

Ela fica nervosa novamente e o meu coração


dispara dentro do peito. Ansioso, apoio os dois
cotovelos sobre o tampo da mesa e fito os seus olhos
enquanto aguardo a sua resposta.
— Este é o meu único trabalho, senhor Leonardo.
Faço faculdade e divido o aluguel de um apartamento
com uma amiga e a minha afilhada.

Não consigo evitar e olho para os lábios dela, em


seguida desço o olhar para os seus seios volumosos
dentro da blusa social e me demoro um pouco ali.
Quando volto a mirar os seus olhos ela está mordendo o
lábio inferior, tentando controlar o nervosismo. Fico em
pé em um rompante, assustando a moça, que acaba
fazendo o mesmo. Quando dou a volta na mesa e
ficamos frente a frente eu tento buscar mais
semelhanças entre ela e a bela dançarina.

— Eu tenho a sensação de que te conheço de algum


lugar, Isabelle. — Vou direto ao ponto. — Pode ser
loucura da minha cabeça, o meu cérebro tentando me
pregar uma peça, mas você me lembra uma pessoa.

— O senhor deve estar me confundindo. — Ela


rebate, ficando ainda mais tensa. — Trabalho nesta
empresa há pouco mais de um ano e nunca nos vimos
aqui. E com certeza também nunca nos vimos em outro
local.

Minha cabeça está confusa e nada faz sentido.


Caralho, elas possuem o mesmo tom de voz e jeito de
falar. E se não bastasse está coincidência, ambas usam
o mesmo perfume, têm o mesmo biotipo físico e os
nomes também se conversam. Bella e Isabelle.

Qual a chance disso ser apenas uma coincidência?

Algo nesta história não está batendo e eu não vou


sossegar até desvendar essa merda e me convencer de
que tudo não passa de uma fodida coincidência.
— Tudo bem, senhorita. Venha, vamos conhecer a
sua sala. — Mudo de assunto e seguimos para a sala
anexa à minha. Abro a porta e dou passagem para ela
entrar primeiro. — Está com o básico de decoração, pois
você fica livre para decorar do seu jeito. Aqui é onde
você ficará boa parte do seu dia, então procure deixar o
mais confortável possível.

Observo-a atentamente enquanto ela olha cada


detalhe da sala. O ambiente é bem menor do que a
minha sala, mas é bem arejada e comportada por móveis
de cores alegres.

— Obrigada, senhor Leonardo. Darei o meu melhor


como sua assistente.

— Ótimo! Você disse que tem uma afilhada?

— Sim. O nome dela é Aurora, tem sete anos e é a


menina mais meiga e inteligente que eu já conheci até
agora. Sou completamente apaixonada pela minha
garotinha.

Sorrio ao vê-la falar com tanto carinho da garota,


Isabelle passa a imagem de uma mulher responsável e
muito família.

— Crianças possuem o poder de nos enfeitiçar.


Tenho um casal de gêmeos, Vincenzo e Beatrice, de
cinco anos de idade. Eles são o meu coração fora do
corpo e o meu mundo gira em torno deles. Sinto que vou
envelhecer dez anos a cada aniversário deles, pois sei
que estão crescendo e ganhando mais independência.
Isso significa que logo deixarão de ser os meus bebês e
os perderei para o mundo fora da minha casa e dos
meus olhos.
Pela primeira vez, desde o momento em que fomos
apresentados, Isabelle ri de verdade. Um sorriso tão
sincero e amplo que o seu rosto inteiro se ilumina.

— Desculpa, eu não resisti. — Ela murmura, quando


percebe que permaneço sério. — Você parece ser um
pai de milhões, desses que os filhos morrem de orgulho.
Sei disso porque o meu pai me criou debaixo das suas
asas e falava essa mesma frase que você acabou de
usar. Ele vivia pedindo para o tempo ir mais devagar,
pois estava perdendo a sua menininha para o mundo
fora de casa. E quando comuniquei que iria me mudar
para a capital ele fez o maior drama e fingiu que
enfartaria, só para me ver recuar. Quando viu que o seu
drama não daria em nada, meu ursão me abraçou e
desejou apenas que eu fosse muito feliz e que eu
voltasse para casa na hora que quisesse.

— Seu pai deve ser um homem incrível.

— Ele é sim. Minha mãe também é a melhor pessoa


do mundo e tem um coração capaz de acomodar o
planeta inteiro. — Os olhos dela brilham ao falar dos
pais.

— E você tem irmãos? — Indago, gostando dessa


nossa pequena interação.

— Somos em três irmãos, e eu sou a mais nova.

E provavelmente a mais linda! Penso em minha


mente. Isabelle é toda perfeita, zero defeito. A mulher
chama a atenção sem ter que fazer muito esforço para
isso. Sua beleza é natural, não há quase nada de
maquiagem em seu rosto e mesmo assim ela consegue
ser muito mais linda que muitas mulheres por aí. Neste
momento a minha cabeça trabalha a milhões de
pensamentos por segundos, porque sim, eu ainda estou
comparando a minha assistente com a dançarina
gostosa.

Coço a garganta e me concentro na nossa conversa.

— Muito bacana, senhorita. Bom, vou te deixar a


sós para você olhar tudo com mais detalhe, fique à
vontade para colocar flores e fotografias de sua família
ou apenas da sua afilhada, pelo o que entendi ela é o
seu grande amor.

— Tenho sobrinhos no interior, mas a distância não


me permite vê-los com frequência. Eu os amo com todo
o meu coração, mas a minha pequena Aurora é o meu
xodó. Provavelmente pela convivência e a troca de afeto
diário.

— Com certeza. — Aceno com a cabeça.

— Não quero parecer mexeriqueira, mas posso


perguntar como está o seu filho? Eu amo crianças e
sempre fico preocupada quando algo não está bem com
elas.

Desta vez eu não escondo o sorriso, sempre fico


meio bobo quando o assunto são os meus filhos.

— Vince está bem, caiu da cama e bateu a cabeça.


Meu garoto teve uma convulsão por causa da pancada,
mas após uma bateria de exames com os melhores
especialistas, não encontraram nada grave ou que eu
deva me preocupar. Meu filho vai ficar bem! Obrigado
por perguntar.

— Que bom! Fico feliz que ao final tudo deu certo.


Eu realmente fiquei preocupada depois que você...
Ela faz uma pausa, como se tivesse se dado conta
de que estava falando demais.

Encerro a distância entre nós e paro com o rosto


bem próximo do seu, avaliando as suas expressões. O
cheiro dela me deixa excitado e isso é uma grande
merda, levando em consideração que estamos na
empresa e que eu lhe devo respeito.

— Depois que eu o que? Sabe, Isabelle, você pode


até não ser a pessoa que eu estou pensando, mas vocês
duas poderiam facilmente serem gêmeas idênticas.
Admita, nós já nos conhecemos, não é mesmo? —
Encurralo a moça e ela estremece.

Isabelle engole em seco e um fio de suor escorre


pela sua testa. Sem pensar nas consequências, agarro a
sua cintura e aperto a carne macia por cima da blusa,
puxando o seu corpo para mais perto do meu. Ela está
ofegante e a medida que desço o olhar pelo rosto bonito
e delicado da minha assistente, a nuvem de lembranças
que me fazem acreditar que ela é, sim, a linda dançarina
da boate que vem me enlouquecendo desde o nosso
primeiro momento juntos, fica cada vez mais clara. Sou
bem mais alto do que ela e da posição em que estamos,
tenho uma visão privilegiada dos seios redondos e
empinados dentro da blusa. Olhando atentamente para o
volume, noto o primeiro botão aberto da blusa e é aí que
consigo ver a ponta do botão de rosa tatuado ali, entre o
vale dos seus seios.

Já não me restam mais dúvidas. É ela!

Isabelle e Bella são a mesma pessoa e eu estou me


sentindo um idiota por não ter percebido isso antes.
— Porca miséria! — Ralho mais alto do que deveria
e ela se assusta com o meu rompante. — É você mesmo!
Eu sabia que era você! — Afirmo, ao olhar em seus
olhos. Ela parece estar em uma espécie de transe, os
olhos congelados nos meus. — Eu sabia que não estava
imaginando coisas, tinha certeza de que te conhecia de
algum lugar. Você está muito diferente da jovem
dançarina que me enlouqueceu naquela boate, mas
ainda assim, olhando com mais atenção é possível
perceber que são a mesma pessoa.
— Eu nem sei o que dizer... Acredite, estou tão
embasbacada quanto o senhor. Juro que nem em meus
sonhos mais loucos eu iria imaginar que o cliente para
quem me apresentei neste final de semana é também o
meu novo chefe. Fiquei chocada quando te vi entrar no
auditório, na verdade estou até agora tentando entender
o que foi que eu fiz de errado para a vida me dá essa
rasteira.

Grudo ainda mais os nossos corpos, sentindo a sua


pele quente e a sua respiração misturada com a minha.
Isabelle está apoiada na mesa e eu estou prestes a
erguê-la e fazê-la se sentar sobre a superfície de
madeira, para que assim eu possa me enfiar entre as
suas coxas.

— Em outro momento eu gostaria de entender como


isso é possível, Isabelle, mas agora eu só preciso te
sentir. Sei que o que vou te pedir beira ao absurdo,
levando em consideração onde estamos e que você
talvez queira até mesmo me processar por assédio, mas
eu sei que também está sedenta por um beijo meu e
doida para continuar de onde nós paramos na boate. Por
isso eu te peço, deixa-me te beijar, la mia belíssima
ballerina?

— Senhor Leonardo, isso não tem como dar certo...


Eu...

— Só um beijo, Bella! Um maledetto beijo e eu juro


que te deixo em paz.

Não tiro os meus olhos dos seus, aguardando


ansioso por um simples aval. A morena passa a língua
entre os lábios e pela sua expressão, sorrio ao perceber
que ela também não vai resistir.
— Senhor, eu... — Sua voz está trêmula quando ela
responde baixinho. — Ai, meu Jesus, eu já estou fodida
mesmo, não é?

Não espero mais nada, pois mesmo sabendo que


estamos indo por um caminho totalmente torto e
perigoso, eu preciso beijar a boca dela novamente. E
sem pensar em mais nada, ataco a sua boca com fúria e
desejo. E quando ela dá passagem para a minha língua
encontrar a sua, nos perdemos no prazer de um beijo
obsceno e selvagem.

Caralho, qual a chance de eu ter um caso com a


minha assistente e isso dar muito errado?

Várias!

Muita coisa pode dar errado, mesmo assim, neste


momento com a Isabelle gemendo em minha boca e com
o seu corpo totalmente colado ao meu, eu não consigo
imaginar outra coisa que não seja nós dois suados,
fazendo um sexo selvagem e gostoso em cima da sua
mesa de trabalho.

Ela geme manhosa em minha boca, quando esfrego


descaradamente o meu pau duro na altura do seu
ventre. Minhas bolas estão pesadas e o líquido pré-
seminal que sai pela ponta da minha glande começa a
molhar a minha cueca. Em questão de segundos eu a
tenho sentada no tampo de sua mesa e com muito
prazer me encaixo entre as suas coxas, fazendo a saia
da minha assistente enrolar até a altura da sua cintura.

— Porra, como eu te desejo, garota! — Aperto a


lateral das suas coxas, ao passo que me abaixo para
que ela sinta a minha ereção no ponto exato do seu
sexo.
— Leo... — Ela sussurra, totalmente dominada pela
névoa de prazer que nos consome neste momento.

— Ah, como você é gostosa, mia bella… — Murmuro


rouco, dando mordidas na curva do seu pescoço. —
Estou louco por você desde aquela maldita dança
exclusiva, Bella. Quero te ver perder o juízo debaixo de
mim, gritando o meu nome enquanto eu meto sem dó na
sua boceta deliciosa.

Volto a atacar a sua boca novamente, chupando a


sua língua e esfregando o meu pau em sua boceta por
cima do tecido da calcinha. Estamos a um passo de
transar na sala pequena quando sinto que algo a faz
recuar. Não tenho forças para cessar o beijo, mas ela o
faz por nós dois.

Isabelle apoia as duas mãos no meu peito e me


afasta.

— Você é perfeita, garota… Tudo em você é


maravilhoso! — Digo ofegante, enquanto observo ela
descer da mesa e arrumar a saia no lugar. — A sua
beleza natural, esse seu cheiro gostoso, os seus olhos
lindos, os seus cabelos macios e sedosos e a sua
boca... O seu beijo me enlouquece e me faz perder a
noção das coisas, Isabelle. Eu a quero e a desejo como
há muito tempo não desejo uma mulher. — De um jeito
esquisito e totalmente inesperado por mim, ela explode
em uma risada quando paro de falar. Enrugo a testa e
inquiro confuso. — Porque o riso? Falei algo engraçado?

— Não é óbvio, Leo? Há alguns minutos atrás você


não sabia quem eu era e agora sabe o que eu faço
durante a noite nos finais de semana. Nós estamos
atraídos um pelo outro e loucos para transarmos como
dois coelhos, o desejo latejando em nossas veias. Não
tem como isso dar certo sem que eu termine com um
currículo debaixo dos braços, batendo de porta em porta
em busca de uma nova vaga de emprego. — Ri sem
humor. — Meu Deus, como sou azarada… Meu novo
emprego acabou mais rápido que casamento de
famosos.

— Acha mesmo que eu irei te demitir por uma coisa


que você faz fora do seu horário e ambiente de
trabalho? — Ela fica muda e eu continuo a falar. — Pelo
seu espanto e cuidado com este segredo, presumo que o
meu pai também não sabe do seu trabalho fora da
DonRicci, não é?

— Não. Apenas um amigo aqui da empresa sabe


que eu danço a noite.

— Ouça bem, Bella. Quer dizer, Isabelle. — Esfrego


o rosto, contrariado. — Já não sei mais como me referir
a você.

— Se eu puder escolher, aqui dentro da sua


empresa eu gostaria que me chamasse pelo meu nome.

— Tudo bem. Isabelle, ouça o que eu vou lhe dizer.


Mas quero que você preste bastante atenção. — Olho no
fundo dos seus olhos ao dizer com sinceridade. — Fora
da minha empresa você pode ser e fazer o que você bem
entender, a DonRicci não tem nada a ver com a sua vida
pessoal. Seu emprego ainda está seguro e você tem a
minha palavra de que aqui dentro será tratada com
profissionalismo e respeito. Nossa interação e
tratamento serão estritamente profissional e o que
acabou de acontecer nesta sala não irá se repetir.

— Obrigada, eu realmente precisava ouvir isso para


tentar ficar um pouco mais calma. Está tudo muito
bagunçado dentro da minha cabeça e eu não posso ficar
desempregada agora.

— Isso não vai acontecer aqui na empresa, no


entanto, eu ainda vou te procurar naquela boate e te
convencer a ficar comigo. eu ainda a quero na minha
cama, Isabelle. — Vou direto ao ponto, e segurando o
seu rosto entre as mãos deixo claro os meus desejos. —
Nunca vou te obrigar e nem te pressionar a ficar comigo,
Isabelle, mas eu gosto de acreditar nas armadilhas do
destino e não acho que foi por acaso que os nossos
caminhos se cruzaram e farei de tudo para te provar
isso. Prometo que não voltaremos a falar sobre este
assunto quando estivermos em horário de trabalho, não
quero você se sentindo assediada, então pode ficar
tranquila quanto a isso.

Com muita dificuldade, me afasto dela, pois fui


muito sincero quando disse que não iremos falar deste
assunto dentro da empresa.

— Vou te deixar a sós para que você fique mais à


vontade em sua nova sala. Hoje irei embora mais cedo,
mas amanhã ficarei em período integral. — Arrasto a
porta de transmissão com a minha sala para o lado e
antes de deixá-la sozinha, dou um último recado. —
Enquanto aguardo o retorno do meu pai, vou aproveitar
para responder alguns e-mails. Estou na minha sala
caso precise de algo.

Isabelle morde o lábio inferior, demonstrando o seu


nervosismo. Ela vai demorar, mas aos poucos vai
aprender que eu não misturo as coisas. É claro que não
vou desistir de tê-la em meus braços, mas farei isso da
empresa para fora. Aliás, não vejo a hora de chegar o
final de semana e poder investir pesado na garota.
— Estou a sua disposição, senhor Leonardo. — Diz,
tão baixinho que quase não compreendo tudo o que sai
de sua boca.

Volto para perto dela e fico frente a frente com a


morena, colocando as duas mãos no bolso da minha
calça social e estalando a língua ao fazer um pedido
informal.

— Sei que temos uma boa diferença de idade e você


com essa aparência de uma garota de vinte anos torna
tudo ainda mais difícil. Porém, a partir de hoje quero que
você se reporte a mim apenas pelo meu primeiro nome.

— O tratamento formal faz parte das regras da


empresa, impostas pelo senhor Tommaso. — Diz de
forma automática.

— Eu sei, mas a partir de hoje você não vai mais


me chamar de senhor. Isso não é um pedido, Isabelle, é
uma ordem do seu novo chefe.

Uma coisa que notei em Isabelle em tão pouco


tempo que nos conhecemos, é sua dificuldade em
receber ordens. Ela até tenta disfarçar, mas falha
miseravelmente. A mulher está prestes a soltar espuma
pela boca, mas se contém e apenas concorda com a
cabeça ao responder com profissionalismo.

— Você é o chefe aqui e sabe o que é melhor dentro


da sua empresa., mas irei tentar me acostumar com essa
nova regra, senh... Leonardo. — Ela coça a garganta e
eu controlo a minha vontade de rir de sua cara de
poucos amigos.

— Tem mais uma coisa que eu gostaria de saber,


senhorita.
— Se for relacionado ao trabalho, você pode
perguntar o que quiser.

É, parece que eu consegui deixar a morena nervosa


e irritadíssima. Ela fica ainda mais linda quando é
contrariada e tenta fingir que está tudo bem.

— Vi no seu currículo que você é fluente em inglês


e espanhol e que tem disponibilidade para viajar.
Preciso saber se posso contar com a sua presença em
uma reunião de negócios que farei na Suíça, daqui há
duas semanas?!

— Suíça? — Inquire, nervosa.

— Sim, Isabelle. A DonRicci está fechando um


contrato importantíssimo com um dos maiores enólogos
da Suíça. Será uma fusão entre as nossas empresas.
Você poderá me acompanhar ou terei que contratar uma
pessoa especificamente para isso?

— Não é necessário, eu irei para esta viagem com o


senhor.

Fecho a cara e ela logo entende o motivo, mas não


se retrata.

— Ótimo! Já esteve na Suíça alguma vez?

— Nunca, será a minha primeira vez. — Responde


rapidamente.

— Certo. Preciso que leve roupas quentes, porque


esta época do ano faz bastante frio na região em que
ficaremos hospedados. — Ela assente com a cabeça,
atordoada com tantas informações ao mesmo tempo.
Sem dizer mais nada, deixo a minha assistente a
sós para que ela possa processar os acontecimentos
dos últimos minutos. Eu também preciso me afastar dela
ou irei acabar agindo por impulso e atacando a sua boca
novamente. Trabalhar com Isabelle não será uma tarefa
fácil, porque na maior parte do tempo terei que controlar
os meus desejos e a vontade insana de passar a língua
pela tatuagem que ela tem entre os seios empinados e
suculentos.

Porca miséria…
Estou ferrada e nem é pouco. A minha cabeça está
pesada com os meus pensamentos confusos e parece
que acabei de ser atropelada por um trem
desgovernado. Caralho, Leonardo Ricci é um homem que
sabe o que quer e a sua sinceridade me deixou sem
palavras. Isso nunca vai dar certo, não precisa ser um
gênio para saber que toda essa atração que sentimos
uma hora, mais cedo ou mais tarde, vai acabar nos
arrebatando para um caminho sem volta, onde um de
nós sairá machucado. E é claro que esta pessoa serei
eu, pois desde que o mundo é mundo, a corda sempre
arrebenta para o lado mais fraco.

Enquanto nos beijávamos, pude sentir o seu pau


rígido apontando para o meu ventre e foi o suficiente
para me deixar toda molhada e desejosa. Quando
gememos na boca um do outro, cheguei a pensar que
ele iria perder a cabeça e insistir para transarmos dentro
da minha sala. Estava tão excitada que muito
provavelmente cederia ao desejo e a luxúria falaria mais
alto.

Dou uma olhada em toda a sala e fico satisfeita com


o espaço que agora será somente meu. Porém, ao
mesmo tempo que fico feliz com essa nova oportunidade
também tento controlar a minha euforia, pois o medo de
perder esse emprego antes mesmo de ter o primeiro
salário na conta me dá calafrios e me deixa à beira do
surto.

Não quero dar de cara com ele, não até me


recuperar do baque. Por isso, opto por ficar na sala até
o horário de almoço. É quase meio-dia e agora estou um
pouco mais tranquila quando a porta anexa se abre e o
senhor Tommaso e o seu filho surgem elegantes em
seus ternos caros.

— Senhorita Isabelle, o meu filho e eu vamos sair


para almoçar e hoje não voltaremos mais para a
empresa. A partir de amanhã não estarei mais aqui, mas
antes de começar a usufruir da minha tão sonhada
aposentadoria eu gostaria de saber se a senhorita
gostou da sala e se tudo está do seu agrado?

— Esta sala é perfeita, senhor Tommaso. Mais uma


vez eu gostaria de agradecer pela oportunidade que
você e o seu filho estão me dando.
— Meu pai falou maravilhas sobre você, senhorita.
— Diz Leonardo, em um tom casual. — Tenho certeza
que nos daremos muito bem.

O homem mais velho avalia minuciosamente a


nossa interação e percebe o momento em que Leonardo
me dá uma piscadela.

— É impressão minha ou vocês já se conheciam? —


Inquire o meu antigo chefe.

— Não, pai. Isabelle e eu acabamos de nos


conhecer, mas nos demos bem logo de cara. O senhor
fez uma bela escolha para ser minha assistente.

O senhor de cabelo grisalho sorri de orelha a


orelha, enquanto ajeita a gravata. Leonardo é muito
parecido com o pai, ambos são homens elegantes e
muito bonitos para as suas faixas etárias de idade. A
semelhança entre eles é incrível.

— Eu tinha certeza de que vocês se identificariam e


dariam uma bela dupla de trabalho. Nem preciso ser
gênio para saber que vocês farão um ótimo trabalho na
minha empresa.

— Darei o meu melhor, senhor Tommaso. — Afirmo,


com um sorriso discreto.

— Tenho certeza que sim, minha jovem. —


Responde o senhor Tommaso. — Bem, agora eu preciso
ir. Tenho uma esposa ansiosa me esperando em casa e
malas para arrumar, vamos viajar esta noite para a
Sicília e começar a aproveitar os prazeres da
aposentadoria.
— Está certinho, senhor Tommaso. Diga a sua
esposa que lhes desejo uma ótima viagem.

— Direi sim, minha querida. — Responde com um


sorriso amplo e em seguida olha para o filho. — Vamos,
Leo?

— Me espere no saguão, pai. Preciso explicar algo


importante para a senhorita Isabelle. Não vou demorar.

O homem assente com a cabeça e se vai, nos


deixando a sós. E mais uma vez estou sozinha com
Leonardo em um ambiente pequeno e discreto.

— Estou com um contrato grande e cansativo na


minha mesa e precisarei da sua ajuda, será que você
consegue entrar meia hora mais cedo amanhã? Hoje,
após o almoço você pode tirar a tarde de folga, para
compensar a entrada Antecipada de amanhã.

— Claro, chegarei mais cedo amanhã, Leonardo. —


Respondo.

— Obrigado, Isabelle! — o safado me dá uma


piscadela ao se despedir. — Até amanhã.

Fico parada tentando entender o que será da minha


vida daqui pra frente. Leonardo é intenso demais e
mesmo sendo muito errado eu o quero também.

Pego a minha bolsa e o celular sobre a mesa e saio


em busca do meu amigo, que a esta hora já deve estar
sem unhas. Nick com certeza está se corroendo de
curiosidade para saber como foi a minha conversa com o
novo CEO. Sei disso porque o conheço muito bem e
afirmo de olhos fechados o quanto o meu amigo é
fofoqueiro. Ele já me mandou várias mensagens em meu
WhatsApp, mas eu ignorei todas, pois prefiro falar tudo
pessoalmente.

— Pensei que nós fossemos melhores amigas... —


Diz Nick, todo dramático quando me aproximo de sua
mesa na recepção. — Poxa, Isa, você é cruel demais
para ser considerada uma amiga, sabia? Não respondeu
nenhuma das minhas mensagens e eu estou a um passo
de tirar o sapato para roer as unhas do pé, pois as da
mão já não tenho mais nada.

— Você é uma bixa ordinariamente exagerada, Nick.


Credo!

— Amiga, eu sou ansioso demais, você sabe.

— Sei sim. Vem, vamos almoçar e colocar a fofoca


em dia. — Resmungo. — Olha que absurdo, nesta
história sou eu a fodida e você é quem vem com ataque
de histerismo. Palhaçada viu...

Nick ri e eu acerto o seu ombro com um tapa forte.


Saímos da empresa e andamos um quarteirão até o
restaurante onde costumamos almoçar quase todos os
dias.

Um atendente anota o nosso pedido e quando


ficamos a sós, Nick me olha com ansiedade.

— Vamos lá, minha filha, eu estou tendo um troço


aqui.

Começo a falar o que rolou após ficar sozinha com


o Leonardo e me assusto quando Nick grita eufórico no
momento que relato sobre o beijo.
— Amiga, sua vadia sortuda! Eu não acredito que
não precisou nem da metade de um dia para você se
atracar com o boy delícia.

— Nick, eu sinto que isso vai terminar de um jeito


muito ruim para o meu lado, mas também não consigo
resistir a intensidade com que aquele homem vem para
cima de mim. Puta merda, amigo… Estou muito fodida!

— Mas será uma fodida muito bem comida, meu


amor. Isa, minha querida Isabelle, eu tenho certeza que
o nosso novo CEO come com força e gostoso demais.
Está tudo muito incerto agora, eu sei, mas vocês já
foram mais longe do que uma funcionária e o chefe
deveriam ir. O que rolou não dá para ser esquecido, meu
bem. Por tanto, se joga e viva sem se preocupar com o
amanhã.

— Você é uma péssima referência, Nicolas. Olha o


conselho que está me dando. Fica aí pensando só no
prazer, mas será que vai me consolar quando eu for uma
desempregada magoada por ter sido dispensada após
algumas trepadas sacanas com o meu chefe gostoso?

— É claro que eu vou te consolar, amiga! Que


espécie de amigo você acha que eu sou, Isa?

Rimos alto, chamando a atenção dos outros


clientes. Nossa refeição é servida e continuamos falando
besteira enquanto nos alimentamos. Estamos quase
terminando a sobremesa quando informo ao meu amigo
que não voltarei para a empresa hoje.

— Porra, você ainda nem sentou e já tem o cara de


quatro aos seus pés? Como assim ele te deu o resto do
dia de folga? Ah, eu estou literalmente morrendo de
inveja, amiga. Não me julgue, mas eu realmente gostaria
de estar no seu lugar. Iria dar um chá de cu tão bem
dado para aquele príncipe delícia que ele me pediria em
casamento no dia seguinte, uma pena que não gosta da
coisa.

Explodo em uma risada e quase me engasgo com o


pedaço de pudim que acabo de levar à boca.

— Não viaja, mona. Às vezes você é muito


emocionado, Nick. Leonardo me deu folga, mas amanhã
tenho que entrar mais cedo para ajudá-lo com um
contrato importante.

Nick bebe o resto da coca-cola em seu copo e os


seus olhos brilham quando diz baixinho:

— Parece que estou dentro de um dos nossos livros


de romance erótico, amiga, daqueles em que a
secretária gostosa seduz o chefe safado e eles transam
feito coelhos. A única coisa diferente é que eu vejo
vocês dois fazendo tudo isso na versão gay, é claro. Na
minha fanfic você também é um homem bem gostoso e o
safado do Leonardo Ricci é um gay fodedor de primeira
linha.

— Eu não acredito nisso... Nick, seu safado, não


quero você me usando para as suas ideias malucas.
Adoro suas fanfics, mas não vou conseguir ler uma
sabendo que você se inspirou em mim e apenas mudou o
meu sexo. — Me jogo na cadeira, rindo sem parar. Meu
amigo faz o mesmo e pelo canto do olho vejo as pessoas
nos olhando com curiosidade. — Certo, até que seria
interessante ler uma fic comigo sendo macho. Eu teria
um pau de verdade e seria bem roluda?

— Gata, o seu pau teria o apelido de kid bengala.


Me respeita, Isa, já leu alguma fanfic minha onde os
meus boy são piroquinhas? Meu amor, deixa eu sonhar e
criar machos perfeitos.

Voltamos a rir feito dois loucos. Nicolas escreve


fanfic em suas horas vagas, o meu amigo tem um talento
e tanto para desenrolar uma história e já tentei
convencê-lo a construir um livro completo e publicar na
versão digital. Tenho certeza que ele ganharia muitos
leitores em bem pouco tempo e ainda ganharia uma
grana bacana com royalty.

Após o almoço com o Nick, nos despedimos e como


ainda estava cedo, decido passar no shopping para
comprar algumas lingeries novas. Ao entrar sou recebida
pelo ar-condicionado e sinto alívio de imediato. Compro
um sorvete e enquanto me refresco com a delícia, me
sento em um banco e ligo para a minha mãe através de
chamada de vídeo e ela atende no primeiro toque.

— Oi, filha. — Ela sorri para a câmera, ao passo


que amassa a massa de pão.

— Oi, mãe, como estão as coisas por aí?

— Tudo na santa paz, meu amor. Estamos na


correria aqui para organizar a festinha de aniversário da
Aninha. Seria tão bom se você pudesse vir.

— Eu também queria estar presente na festa e


matar a saudade de todos vocês, mãe, mas não posso.
Como a senhora já sabe, acabei de ser promovida e
preciso me atualizar sobre todas as aptidões do meu
novo cargo.

— Ah, minha filha. Eu tenho tanto orgulho de você.


Tão nova e assumindo tanta responsabilidade. Eu ainda
me sinto mal quando lembro que você se desdobra em
dois empregos para nos ajudar.

Suspiro emocionada e cheia de saudades.

— Deixa disso, mãezinha. A senhora sabe que eu


amo ajudá-los.

Minha relação com os meus pais sempre foi muito


transparente e nunca escondi nada dos dois. Quando
comecei a trabalhar na boate, os dois quase me
enlouqueceram tentando me convencer a ficar apenas
com o emprego na DonRicci. Apenas quando ambos
entenderam qual seria a minha função na casa noturna
foi que se acalmaram um pouco. Meu pai ainda tenta, de
vez em quando, me fazer desistir do segundo emprego,
mas ele sabe que sou mulher de uma palavra só e que
depois que decido algo ninguém mais me faz recuar.
Meu pai e minha mãe não estão totalmente felizes com
essa minha escolha, mas respeitam a minha decisão.

— Mãe, vou mandar um Pix para a sua conta para a


senhora comprar um presente para a Aninha. Não posso
ir, mas posso mandar o meu presente para ela.

— Oh, minha filha, você já nos ajuda tanto... Não


precisa se preocupar com isso, deixa que eu compro
algo aqui para ela.

— Nada disso, dona Margarete. Eu quero dar um


presente para a minha sobrinha e a senhora não vai me
impedir.

Mamãe gargalha ao ponto de seu corpo inteiro


sacudir na frente da tela do celular.
— Às vezes eu esqueço que você tem esse gênio
forte. Puxou todinha para a família do seu pai.

Agora sou eu quem ri alto. Cresci ouvindo isso dela,


porque dos três filhos de dona Margarete eu sou a única
que carrega um gênio forte demais. Meus irmãos são
mais maleáveis e têm mais facilidade em voltar atrás
com as suas palavras, já eu, não. Posso até me ferrar,
mas quando decido algo eu não volto atrás.

— Tchau, mãe. Dê um abraço em todo mundo por


mim.

— Pode deixar, minha Isa. Se cuida, meu amor!

Nos despedimos e eu volto para as minhas compras.


Após pegar tudo o que estava precisando, sigo para
casa, mas antes de entrar no meu apartamento vou até o
apartamento dos pais da Heloíse e aviso que hoje sou
eu quem vai buscar a Aurora na escola. Quase nunca
tenho essa oportunidade, pois normalmente saio do
trabalho direto para a faculdade, ou sempre estou na
correria para me preparar para a noite. Por isso vou
aproveitar que estou com a tarde livre para fazer uma
surpresa para a minha afilhada.

Eu amo tanto aquela garotinha!


— Meu filho, o que você achou da Isabelle? — Meu
pai questiona, enquanto almoçamos em um restaurante
italiano próximo da empresa.

— Além de ser muito bonita, deu para perceber que


ela tem um grande potencial para os negócios.

Ele sorri, satisfeito com a minha resposta.

— Ah, eu sabia que você não iria deixar passar a


beleza dela.
— Una bela donna, mio padre. Devo-lhe agradecer
pela linda assistente.

O sorriso brincalhão desaparece do seu rosto,


dando lugar para um semblante sério e preocupado.

— Leonardo, eu te conheço muito bem e sei da sua


fama. Na nossa empresa não há restrição para
envolvimentos com funcionários, mesmo assim eu quero
que você controle esse seu fogo e deixe a menina em
paz. Isabelle é uma boa moça e muito esforçada, não
seja um cretino e atrapalhe o crescimento dela. Você já
deixou bem claro que não quer envolvimento sério com
ninguém, então se você não pretende ser o mocinho da
história dela, então a deixe em paz. Isa é uma moça
muito doce e merece viver uma linda história de amor
com alguém que a ame de verdade.

Como o perfeito cretino que sou, sorrio e finjo uma


inocência que há muito tempo deixou de existir em mim.
Meu pai, é claro, não acredita no meu teatro.

— Pai, fique tranquilo! Eu jamais faria algo para


prejudicar a moça dentro da empresa. Isabelle me
parece ser uma jovem muito inteligente e ambiciosa e,
no que depender de mim, irei ajudá-la a chegar no topo.
Não se preocupe, senhor Tommaso Ricci, a sua
funcionária está segura comigo!

Meu coroa ergue uma sobrancelha e estica os


lábios, em um sorriso sarcástico. O seu telefone começa
a tocar e quando o seu sorriso se amplia ainda mais, eu
sei que é a minha mãe quem está ligando.

— Oi, amore mio! — Meu pai atende, todo


apaixonado e eu sorrio orgulhoso por ser filho de um
casal tão unido quanto eles. — É sério? Ah, só faltava
isso para as nossas férias ficarem perfeitas. O Leo está
aqui, vou contar a novidade para ele. — Ele faz uma
pausa para escutar o que ela diz, e em seguida sussurra
todo amoroso. — Te amo, mia bella!

Eles encerram a chamada e o meu pai fica um


tempo sorrindo para a tela.

— Quer um babador aí, coroa! Vai alagar o


restaurante com tanta baba.

— Não seja bobo, meu filho... Eu apenas estou


muito feliz. Olha, foi uma pena o seu casamento com a
Morgana não ter dado certo, pois a minha ex-nora
definitivamente é um anjo.

— O casamento não deu certo porque já não existia


mais nenhum sentimento e atração entre marido e
mulher, mas sim, concordo com o senhor a respeito de
Morgana. Ela é uma mulher incrível e sempre terá o meu
respeito. Agora me diga o que foi que a mamãe falou
para te deixar sorrindo feito um menino quando ganha o
melhor presente?

— A sua mãe disse que a Morgana conseguiu a


autorização para as crianças se ausentarem da escola
por duas semanas.

— Meu Deus, pai. Eles nem começaram na nova


escola e já vão faltar? Morgana pediu a minha opinião
sobre deixar os meninos irem à Itália com o senhor e a
minha mãe e eu concordei, mas não achei que a escola
fosse liberar eles por tantos dias.

— Estamos falando de pré-escola, Leo. Duas


semanas ausentes não vai prejudicar as crianças.
— Sei que não, pai. Mas eu pensei que esta viagem
seria algo mais romântico, apenas você e a mamãe.

— Leo, meu filho, acredite, a sua mãe e eu teremos


tempo de sobra para namorar e reviver as nossas
aventuras de quando não tínhamos você e o seu irmão.
Esqueceu que agora sou um homem aposentado?
Quando voltarmos da Itália, Vittoria e eu vamos
programar outras viagens e na maioria delas seremos só
nós dois. Estamos pensando em fazer um tour por todo o
continente europeu, mas antes vamos visitar a minha
irmã e tenho certeza de que o Vince e a Bia vão amar
passar uns dias com os primos italianos. Morgana falou
que eles estão eufóricos com a expectativa da viagem.

— Bem, sendo assim, desejo uma ótima viagem a


vocês. Hoje é o meu dia de ficar com eles e mais tarde
irei buscá-los para dormirem lá em casa esta noite. Vou
aproveitar para matar a saudade dos gêmeos mais
sapecas do mundo inteirinho.

— Você é um ótimo pai, Leonardo. Tenho tanto


orgulho de ver que aquele garotinho chorão que corria
pela casa me pedindo colo ou pedindo para brincar, se
tornou um homem de bom caráter. Você e o seu irmão
são mais do que um dia eu sonhei. Obrigado por me dar
tanto orgulho, meu filho!

— Certo, senhor Tommaso... Já vi que hoje o senhor


está muito emocionado. Vamos terminar essa refeição
maravilhosa, pois eu ainda tenho que passar na empresa
do Theo antes de ir buscar os gêmeos. E a propósito, eu
tenho um puta orgulho de ser o seu filho, pai! O senhor
é a minha maior inspiração.

E assim, em um clima gostoso e descontraído


terminamos o nosso almoço. Após me despedir do meu
pai, dirijo até a empresa do meu melhor amigo. Aguardo
a secretária informar sobre a minha presença e após ter
o acesso liberado, o encontro compenetrado em uma
pilha de documentos sobre a mesa.

— A que devo a honra de receber o novo CEO da


DonRicci em minha humilde empresa?

Ando até uma das poltronas no canto da sala e me


sento com uma perna apoiada sobre a outra.

— Até parece, Theo. — Rio com deboche. — O seu


patrimônio é tão milionário quanto o meu.

— Eu sei, cara, mas eu gosto de te provocar. — O


cretino responde na maior cara de pau. — Aconteceu
alguma coisa, Leo? — Agora o tom de voz dele está
sério.

— Lembra da dançarina da boate?

— Veio aqui só para falar dela, não foi? O quão


obcecado você está por essa mulher, caralho?

— Você acertou em cheio, meu amigo, vim aqui


porque quero falar sobre ela. Mas antes, deixa de ser
um stronzo mal educado e me ofereça uma dose de
uísque.

Theo ri sem nenhum constrangimento, enquanto vai


até o pequeno bar e nos serve com a bebida. Meu amigo
me entrega um copo e se senta em uma poltrona de
frente para mim.

— Pelos próximos quarenta minutos eu sou todo


seu, meu amigo. — Diz ele, tentando disfarçar a
curiosidade. — Depois eu preciso sair, pois tenho uma
reunião importante. Agora vamos, Leozinho, diga o que
está te atormentando tanto que te fez vir me procurar no
meio do expediente?

Dou um gole na bebida e o líquido de cor âmbar


desce queimando pela minha garganta, isso é o
suficiente para me acalmar um pouco.

— Qual a chance do destino ser tão filho da puta ao


ponto de me colocar frente a frente com a bela
dançarina em mais de uma vez, em cenários diferentes?

— Nenhuma! — Theo responde, sem titubear. — O


raio não cai no mesmo lugar duas vezes, meu amigo.

— Pois eu acho bom você se atualizar melhor sobre


esta probabilidade, Theo. Porque o maldito do raio caiu
duas vezes na minha cabeça.

Meu amigo parece não entender onde estou


tentando chegar, mas a sua confusão mental é
passageira e logo o tenho me encarando com os olhos
tão arregalados quanto é possível.

— Tá tentando me dizer que você encontrou com a


Bella em outro lugar, fora da boate?

— Bella é, ninguém mais ninguém menos, que


Isabelle Brandão, a minha nova assistente pessoal.

Theo cospe o resto da bebida em sua boca e me


olha incrédulo.

— Mentira? Você tá de sacanagem comigo, né?

— Não mesmo, cara. Descobri há pouco que a


minha assistente séria, profissional e admirada pelo meu
pai, também é a dançarina que me deixa explodindo de
tesão apenas por olhá-la.

— Caralho, Leo. Será que a sua mente não está te


sabotando e você está ficando maluco?

— Não, Theo, é ela! Tive certeza quando vi a linda


e delicada tatuagem de um botão de rosa que a safada
tem desenhada entre os seios. Aquela mulher é perfeita
em tudo, cara, e eu vou enlouquecer se não me enterrar
nela com força. — O puto joga a cabeça para trás e ri
alto. — Tá rindo do que, babaca?

— Cara, você tá muito emocionado, sabia? Se


acalma ou vai acabar com a festa antes mesmo de
começar. Vamos lá, o que te impede de ficar com ela?
Tirando o fato de ela ser dura na queda e estar te dando
a maior canseira, é claro.

— Porra, Theo, nós dois sabemos que uma hora vai


acabar acontecendo. Isabelle tem muitas regras, mas eu
sei que ela também está afim. No entanto, não quero
que o tesão que sentimos um pelo outro atrapalhe a
carreira dela dentro da minha empresa, mas também já
deixei claro que vou procurá-la na boate e que lá não
farei cerimônia quanto aos meus desejos por ela.

— Tá, eu já entendi onde você quer chegar. — Diz


Theo, rindo com a maior cara de safado. — Você acha
que em algum momento vai acabar perdendo a cabeça e
vocês vão transar no horário de trabalho dos dois, não é
mesmo?

— Pois é. Isso nunca foi um problema para mim, já


transei com algumas funcionárias na filial de Porto
Alegre, antes e depois do meu casamento. Você sabe o
quanto eu abomino traição, por isso sempre fui fiel
enquanto estive casado com a Morgana. Mas com a
Isabelle eu sinto que será um grande erro seguir este
mesmo hábito. Não sei explicar, Theo, mas eu sinto um
carinho especial por ela, mesmo que só a tenha
conhecido há tão pouco tempo.

— Puta que pariu, Leo, ela ainda nem sentou e você


já está aí todo rendido pela gostosa.

— E tem mais... — Murmuro e ele ergue as duas


sobrancelhas com deboche. Cretino! — Isabelle irá
comigo para uma viagem de negócios e nós passaremos
um fim de semana inteiro na Suíça.

— Chega! — Theo fica de pé e abre a gaveta para


pegar um maço de cigarro.

Ele faz um gesto para mim segui-lo e eu vou no seu


encalço em direção a um terraço pequeno, porém muito
bem cuidado e limpo. A área externa fica anexa à sala
dele e o ambiente é exclusivo para o CEO do grupo
DrinkColler.

Theo é um dos poucos amigos de longa data que eu


mantenho contato íntimo e direto até hoje. Nos
conhecemos em Cambridge, quando fizemos nossa
graduação em Harvard. Foram os melhores anos da
minha vida, estudávamos com seriedade, mas nas horas
de lazer tocávamos o foda-se e curtimos as noites de
Massachussets como dois putos sem medo do amanhã.

— Você sabe que vocês dois irão acabar trepando


feito dois coelhos, não sabe? Isso é uma verdade que
não precisa ser gênio para saber. — Diz Theo,
encostado na proteção de vidro do terraço e fumando o
seu cigarro fedorento. — O que eu quero saber, meu
caro amigo, é até que ponto você está disposto a se
arriscar?

— Arriscar? — Indago confuso.

— Leo, a mulher é a sua assistente pessoal. Sabe o


estrago que pode acontecer se ela de repente se
apaixonar por vocês, depois de algumas transas?

— Será uma única vez, Theo. Eu não trepo duas


vezes com a mesma mulher.

O idiota explode em uma risada e eu estreito os


olhos, ao passo que mostro o dedo do meio para ele.

— Você também disse isso quando queria foder a


sua antiga secretária, lá em Porto Alegre, e até onde eu
sei, foram bem mais que uma noite. Então não vem com
esse papo para cima de mim não, Leonardo Ricci.

— Com a Patrícia foi apenas uma exceção. Não fico


mais de uma vez, justamente para não acontecer esse
tipo de merda. Não quero me apaixonar e nem muito
menos ter uma mulher apaixonada no meu pé.

— Então, meu amigo, você passará por uma prova


de fogo dos infernos. Bella é uma das mulheres mais
lindas e gostosas que eu já vi, acho que ela vai
enlouquecer o seu cabeção e prevejo um pau sofrendo
com a visão de uma bela assistente toda gostosa, mas
que será apenas a lembrança de uma única noite de
foda.

No fundo ele está coberto de razão. Mas eu


realmente estou decidido a ter uma única noite com
Isabelle. Já cometi o erro de misturar prazer com
negócio e cortei um dobrado com a minha ex-secretária
grudenta tentando me seduzir a qualquer custo.

Theo dá uma tragada no cigarro e alisa a barba


gigante e muito bem cuidada e aparada em seu queixo.

— A mulher é gostosa demais, vou correr o risco. —


Respondo descontraído. — E como anda suas noites de
luxúria? — Inquiro e ele solta um gemido agoniado.

— Estou saindo com a filha de um amigo do meu pai


e sinto que isso vai dá merda, mas não consegui resistir.
A mulher é pegajosa e eu já estou pensando em um jeito
de sair dessa sem ter uma maluca no meu pé, mas ainda
pretendo arriscar uma ou duas trepadas de despedida.

— Imbecil! Fica aí rindo do meu desespero quando


você também está tão fodido quanto eu. — Encurto a
nossa distância e toco no seu ombro. — E sim, meu caro
amigo, vai dá uma merda das grandes. Muito
provavelmente os seus pais ficarão do lado dela e a
essas horas a sua mãe deve estar torcendo para você
engravidar a moça e sossegar esse teu rabo cabeludo
no lugar.

Rio alto, quando o Theo faz o sinal da cruz três


vezes seguidas.

— Vai jogar praga em outro, seu filho da puta!

— Eu sonho com o dia em que você vai chegar até


mim e dizer: Cara, engravidei uma mulher e vou ser o
melhor pai do mundo. — Provoco, e em troca ganho um
tapa forte no ombro.

— Vai se foder, Leonardo!


Saio da empresa do Theo e sigo direto para o
condomínio onde a minha ex-mulher escolheu para viver
com os nossos filhos. O lugar é enorme e muito
confortável, todo murado e filmado por toda parte. Uma
segurança bem reforçada, dando às crianças um
ambiente seguro onde elas podem brincar com os
coleguinhas sem nenhum risco.

Morgana deixou o meu acesso liberado logo que se


mudou para cá, por isso, entro pela entrada privativa e
nunca sou barrado na portaria. No entanto, o meu
segurança ficou em seu carro, me aguardando do lado
de fora. Eu até poderia solicitar a sua entrada, mas o
condomínio é realmente muito seguro e não há
necessidade de tê-lo aqui dentro comigo.

— O papai chegou... — Meus bambinos correm para


me abraçar assim que me veem passar pela porta da
sala da casa deles.

— Olá, meus preciosos. — Abro os braços para


receber o abraço caloroso deles. — Vim buscar vocês
para termos a nossa noite de bagunça lá em casa. —
Beijo o topo da cabeça dos dois e a minha ex-mulher
surge, rindo da nossa interação.

— Nada de empurrar besteiras nesses dois


pestinhas, viu Leo? — Diz Morgana, ao nos
cumprimentarmos rapidamente.

— Como você está, Morg? — Inquiro, e antes que


ela possa me dar qualquer resposta, nossa filha toma a
frente.

— A mamãe está grávida, papai, o Vince e eu


vamos ser irmãos mais velhos.

Olho para a Morgana e ela assente com a cabeça.


Sorrio para ela e lhe dou os parabéns.

— Meus parabéns, Morg! Que ocorra tudo bem e


que você tenha uma gravidez mais tranquila desta vez.

Minha ex-mulher ri alto, ao entender do que eu


estou falando. Por ser gravidez gemelar, ela sofreu
horrores com os enjoos e o aumento da pressão arterial.
E quando a barriga ficou tão grande ao ponto de quase
explodir, ela passou a reta final da gravidez deitada à
espera do parto.
— Fiz a primeira ultrassonografia hoje de manhã e
graças a Deus, desta vez é um único bebê.

— Então será mais tranquila. E como andam as


coisas com o seu namorado, ele já sabe que será pai?

— Ele não é meu namorado, Leo, somos apenas


amigos com benefícios. E sim, o Pedro já sabe do bebê
e está louco de felicidade. Juro que eu não sabia que
ele queria tanto ser pai. O homem está me deixando
maluca, me liga a todo instante para saber se eu ou o
bebê estamos precisando de algo. Leo, o que um bebê
que está sendo gerado dentro de uma barriga pode
precisar? Eu vou enlouquecer!

— Ele só está querendo fazer o melhor para você e


o filho. Isso é bom, Morg, pois independente de vocês
estarem juntos ou não, o Pedro será um excelente pai.

— Quanto a isso eu não tenho a menor dúvida, Leo.

— Admite, vai... Você gosta dele, não é?

Morgana olha para os nossos filhos.

— Crianças, vão terminar de arrumar a mochila de


vocês e voltem para ir com o papai.

Os gêmeos assentem e saem em disparada para o


andar de cima da mansão. Quando ficamos a sós,
Morgana solta um suspiro e começa a falar.

— No começo era só sexo, sabe? Mas aí ele foi me


conquistando cada vez mais e sim, eu estou apaixonada
pelo Pedro. Ele quer muito vir morar conosco, mas eu
não quero morar com ele, não neste momento.
— Porque não, Morg? O que te impede?

— Não quero fazer o mesmo que nós fizemos


quando descobrimos a gravidez dos gêmeos, Leo. Não
quero tomar esse passo e morar junto com alguém só
porque estou grávida. Eu gosto do Pedro e ele já
mostrou de diversas formas diferentes que também
gosta muito de mim, mas se um dia chegarmos a um
acordo e ficarmos juntos de vez, quero um casamento
por amor incondicional, nada por obrigação.

— É, eu acho que entendo onde você quer chegar.


Nós cometemos o erro de tentar fazer dar certo por
causa dos bebês, mas nunca tivemos uma conexão boa
o bastante para mantermos um casamento. Você está
certa, hoje é uma mulher mais experiente e sabe o que
quer. Te admiro muito por isso, Morg. Desejo que vocês
sejam muito felizes e que façam o que for melhor para
os dois, e principalmente para as crianças. Uma vez que
o Pedro passar a viver com vocês, ele também fará parte
da vida dos meus filhos e eu não quero os gêmeos
vivendo em um lar pela metade, um lar onde há amor
apenas de uma das partes.

— É sobre isso, Leo. O Pedro está de mudança para


São Paulo. Nós tínhamos combinado que nos veríamos
algumas vezes no mês, quando eu fosse visitar a minha
família em Porto Alegre ou quando ele pudesse vir a São
Paulo, mas agora, com a descoberta do bebê ele
simplesmente pediu transferência para a sede daqui e
eu estou ajudando-o a encontrar um apartamento bacana
aqui por perto mesmo. Será assim até decidirmos algo
mais sério e definitivo.

— Vai dar tudo certo, Morg. Se precisarem de algo é


só me falar.
Pedro é bem sucedido financeiramente e a minha
ex-mulher também. Ambos possuem um poder aquisitivo
bem elevado e eu sei que não precisam da minha ajuda
neste quesito, mesmo assim me coloco a disposição.

— Os meus pais estão te colocando em o altar por


você ter conseguido a liberação para as crianças irem
com eles para a Itália. — Comento, mudando de assunto
e ela sorri animada.

— O Vince e a Bia queriam tanto ir, então dei um


jeito. Além disso, os seus pais são tão fofos, Leo, é
impossível dizer não para aqueles dois.

— Eles são mesmo. Obrigado por isso, Morg!

As crianças voltam carregando as suas mochilas e


após nos despedirmos de Morgana, os coloco em suas
cadeirinhas no banco de trás do meu carro, em seguida
guardo as suas mochilas no porta-malas e enquanto
dirijo em direção a saída do condomínio aviso ao Saulo
que estamos de partida. Ao chegar na rua, vejo pelo
espelho retrovisor interno o momento em que o meu
segurança começa a me seguir.

— Então quer dizer que vocês dois estão de partida


para a Itália? — Inquiro aos gêmeos e eles dão gritos de
alegria.

— O vovô falou que vai me levar para conhecer o


lugar onde ele nasceu e passou a infância, papai. —
Vincenzo relata, mega empolgado.

— E eu vou conhecer as nossas primas e vamos


brincar muito. — Minha filha também está empolgada.
— Vocês irão viver uma aventura e tanto, hein. —
Brinco.

Confiro as horas no painel do carro, são quase seis


da tarde e o trânsito deve estar um inferno neste
momento, e para piorar começa a chover. Isso significa
que o caos está instaurado. Por isso decido levar os
gêmeos para dar uma volta no shopping aqui perto,
assim evitamos ficar presos no engarrafamento.

Entro no estacionamento do shopping cidade jardim,


acompanhado por Saulo, que para o seu carro ao lado
do meu.

— Nós vamos comprar algumas guloseimas, mas


não fiquem mal acostumados, viu? Será só dessa vez e
só estou abrindo uma exceção porque vou ficar duas
semanas longe de vocês e muito provavelmente vou
morrer de saudade. Seus pestinhas viajantes. — Explico
enquanto os ajudo a desafivelar o cinto de segurança.

De mãos dadas com as crianças entramos no


shopping, os dois tagarelando muito e eu aproveitando
esse momento com eles. Meu fiel segurança nos
acompanha a uma certa distância e assim seguimos
desbravando um dos shoppings mais caros e luxuosos
de São Paulo. Vince e Bia avistam a loja de brinquedos
favorita dos dois e ambos se distraem mais tempo do
que eu gostaria. Após um tempo indecisos, eles
escolhem um jogo de Imobiliária.

— Papai, podemos comprar roupas novas para a


viagem? — Beatrice pergunta, entusiasmada. — Eu
quero dois vestidos novos para combinar com o All Star
que ganhei do tio Pedro.
Uma das coisas que me fazem gostar pra caramba
do atual namorado da Morgana é esse carinho que ele
tem pelos meus filhos. Vincenzo e Beatrice não precisam
de nada, a mãe deles e eu estamos sempre suprindo as
suas necessidades, mas eu não vou negar que amo ver
os meus filhos sendo mimados por todos os lados.

— Claro, minha principessa. — Olho para Vincenzo.


— E você, carinha, vai querer roupa nova também?

— Eu não, papai, já tenho um monte de roupa. —


Responde meu garoto, sem muito interesse. — Quero
mesmo é um joguinho novo para o meu ps5.

— Aff, meninos só pensam em videogames. — Bia


ralha, fechando a cara. — Tomara que o bebê da mamãe
seja uma menina, assim ela poderá fazer compras de
roupas lindas comigo e também podemos comprar
bonecas novas, eu vou até deixar ela mexer na minha
coleção da Barbie.

— Não. — Vince cruza os braços e faz uma careta.


— O bebê da mamãe será um menino e ele vai jogar
videogame comigo. Não é, papai? Ele vai jogar comigo e
com você.

Me abaixo para ficar na altura dos dois e fito os


seus olhos, enquanto explico como as coisas
acontecerão.

— Independente se for menino ou menina, vocês


vão amar muito o irmãozinho que está a caminho. Ele
será só um bebezinho que precisará de muito amor e
cuidado de vocês. Tenho certeza de que quando ficar
maiorzinho, ele ou ela, vai amar brincar com vocês dois.
A prima de vocês não brinca com os irmãozinho dela? —
Pergunto, me referindo aos filhos do meu irmão e os
meus gêmeos assentem com a cabeça. — Então, será
assim também com vocês dois quando o bebê da mãe de
vocês nascer. Vocês vão amar e cuidar dele?

— Sim, papai! — Os dois respondem juntos, e Bia


complementa. — Vou ficar grudadinha com ele nas
noites de tempestades, para ele não sentir medo dos
trovões e dos raios. O Vince faz isso comigo e fico sem
medo. — Ela encara o irmão e eu me derreto quando os
dois se abraçam.

— Eu amo vocês, mios bambinos! — Sussurro e os


abraço.

Quando nos recompomos, seguimos para a loja e


Vince e eu, pacientemente aguardamos a Bia escolher
os vestidos novos. Estou distraído quando olho para o
fundo da loja, ainda no setor infantil, vejo Isabelle
acompanhada de uma linda garotinha tagarelando entre
as diversas araras.

— Puta merda, só pode ser a minha mente me


sabotando. — Ralho baixinho. — Não é possível que
seja ela.

Não consigo tirar os olhos da mulher, pois por mais


prazeroso que seja a visão de tê-la tão perto, estou
começando a acreditar que o destino quer nos unir nem
que seja na força do ódio. E no momento em que Isa
olha em minha direção e me reconhece, eu sinto o
baque do seu olhar me atingindo como uma bala.

Não consigo desviar o olhar enquanto a observo


andar em minha direção, segurando a menina pela mão.

— Oi... — Ela me cumprimenta, um pouco


encabulada. — Nossa, que coincidência te encontrar
aqui.

— Oi, Isabelle. Realmente estou muito surpreso,


mas é uma surpresa agradável. Passeando?

— Vim trazer a minha afilhada para comprar uma


roupa nova, porque essa princesa vai a uma festa de
aniversário no fim de semana. A mãe dela trabalha aqui
e pediu para trazê-la para escolher algo. iríamos fazer
isso amanhã, mas eu recebi um comunicado que hoje
não haverá aula na faculdade então resolvi adiantar as
coisas. — Ela olha para a menina. — Aurora, este é o
meu chefe, Leonardo. Leo, esta é a minha afilhada,
Aurora.

Me abaixo para cumprimentar a menina.

— Olá, Aurora. É um prazer te conhecer!

— Oi, moço. Obrigada. — A menina, que deve ter


mais ou menos a mesma idade dos meus filhos,
agradece com um sorriso faltando dois dentes de leite
que devem ter caído recentemente.

Beatrice e Vincenzo se aproximam quando os


chamo.

— Aurora, Isabelle, estes são os meus filhos,


Beatrice e Vincenzo.

As crianças se cumprimentam e quando chega a vez


de Isabelle, ela se abaixa para cumprimentar os meus
gêmeos.

— Oi, crianças, vocês são muito lindos, sabiam? —


Minha assistente olha diretamente para o meu filho. —
Soube que você caiu, rapazinho, espero que esteja
melhor.

— Eu estou bem, moça, o médico cuidou de mim e


já estou bom.

—Fico feliz em saber disso, Vincenzo. Bem, Aurora


e eu vamos pagar a roupa e já estamos indo embora. Foi
um prazer conhecer vocês.

— Espera! — Digo sem pensar nos meus atos. — Já


que estamos aqui, porque não damos uma volta com as
crianças?

Caralho, o que é que tá acontecendo comigo?

Eu simplesmente não quero me afastar dela e


desejo ficar o máximo de tempo possível ao seu lado.

— Tudo bem, Leo. Vou pagar o vestido e podemos


ir. — Isa responde, descontraída.

— Minha filha também já escolheu os vestidos dela,


vou para o caixa com você. — Informo e nós seguimos
em direção aos caixas da loja.
Jesus, é muita coincidência ou o universo realmente
está tentando pregar alguma pegadinha em mim.
Primeiro que eu nem costumo vir a este shopping, pois
qualquer coisa aqui dentro custa quase o meu salário
inteiro e só vim porque a Heloíse tem um desconto bom
por ser funcionária de uma das lojas mais caras do
Brasil e me pediu para trazer a Aurora para escolher
uma roupa para ir ao aniversário de uma amiga da
escola.

Por se tratar do shopping Cidade Jardim, eu


esperava encontrar um artista ou um digital influencer
ou qualquer outra pessoa do universo, menos o meu
chefe gostoso que vem tentando acabar com o pouco de
juízo que eu tenho. Quase tive um troço quando o vi
parado, me olhando sem reservas. Após o susto inicial,
agora estou mais tranquila para lidar com a presença
dele.

Os seus filhos são umas gracinhas e isso ameniza o


impacto de estarmos juntos no mesmo ambiente, sem ter
combinado tal encontro.

Uma atendente está finalizando a compra dele no


caixa ao lado, enquanto Heloíse finaliza a minha,
cadastrando o cupom de desconto para funcionários.

— Você está esquisita, Isa. — Minha amiga


sussurra, discreta.

Me aproximo o máximo que posso do balcão e


cochicho para que apenas ela me ouça.

— Tá vendo esse cliente aqui ao lado, que a sua


amiga está atendendo? — Helô assente e eu despejo a
informação de uma só vez. — Ele é o meu novo chefe e
também é o cliente para quem eu danço na boate.

Os olhos de Heloíse se arregalam tanto que eu fico


preocupada de verdade. Minha amiga tosse e xinga um
palavrão em tom baixinho para não chamar a atenção
das outras pessoas.

— Você está bem, mamãe? — Pergunta Aurora,


preocupada com a mãe.

— Estou bem sim, meu amor. Só me engasguei


aqui, mas já estou bem. — Helô estreita os olhos para
mim. — Quando chegar em casa você vai me explicar
essa história com os mínimos detalhes.

Leonardo finaliza a compra e antes de se afastar o


homem passa por mim e todos os pelos do meu braço se
arrepiam quando ele diz baixinho:

— Vamos esperar você e a sua afilhada na saída da


loja. — Ele me dá uma piscadela e eu fico sem reação.

— Amiga, você tá me dizendo que esse cara lindo é


o seu novo chefe e o mesmo cara que quer te... — Ela
faz uma pausa e pensa nas próximas palavras, por
causa da Aurora. — Esse é o mesmo boy que quer te
levar para comer a sobremesa antes do jantar?

—O próprio! E o pior é que só descobri hoje de


manhã.

Helô se abana e sorri com malícia.

— Se deu bem, hein garota. Puta merda, esse tipo


de coisa não acontece somente nos filmes ou livros de
romance?

Abro a boca para responder, mas me interrompo


quando o gerente dela se aproxima com cara de poucos
amigos.

— Eu posso saber o que está acontecendo neste


caixa para tanta demora? Algum problema no seu
computador, Heloíse?

— Está tudo bem, já estou finalizando aqui. — Ela


responde ao cara de cu do seu chefe, e é possível sentir
a antipatia que ela tem por ele.
O homem se afasta novamente e eu emito um
gemido de puro ranço. Minha amiga sempre fala o
quanto ele é um pé no saco, mas pessoalmente eu
consigo ter uma ideia mais detalhada do quanto.

— É melhor eu ir. — Pego a sacola que ela me


entrega e aguardo mãe e filha se despedirem.

— Tchau, minha preciosa. Não me espere acordada,


Aurora, com esta chuva eu provavelmente vou chegar
em casa mais tarde.

— Tá bom, mamãe. Te amo!

— Eu também te amo, minha vida! — Helô me lança


uma piscadinha. — Vai lá com o seu Richard Gere,
gatona.

Reviro os olhos e só não dou uma resposta


malcriada porque estamos em seu ambiente de trabalho,
mas pela minha cara ela entendeu o recado.

De mãos dadas com uma Aurora feliz da vida com a


sua roupa nova, encontramos Leonardo e os gêmeos no
aguardando na saída da loja. Ao andarmos um pouco,
somos parados pelas crianças.

— Papai, agora que a sua amiga voltou, nós


podemos ir no playground? — O menino pergunta,
apontando para os brinquedos no gigante playground
instalado em um lado estratégico do piso inferior do
shopping.

— Podemos, papai? — A menina inquire, tão


eufórica quanto o irmão.
— Claro, meus amores. Vamos lá, minha tropa,
vamos brincar no playground. — Leonardo sorri para os
filhos, ao concordar com o pedido.

— A Aurora também pode ir com a gente? — A filha


do meu chefe indaga, me olhando fixamente com os
seus olhos semelhantes ao do pai. — Ela agora é minha
amiga e eu gostaria muito de brincar com ela. —
Beatrice direciona o seu olhar para a minha afilhada. —
Você quer ir no play com a gente, Aurora?

— Eu queria muito, mas não posso. — Fecho os


olhos, rezando mentalmente para que a minha pequena
afilhada sincera demais não diga o motivo pelo qual não
pode ir ao play. — A minha dinda e a minha mãe ainda
não receberam o pagamento delas e por isso não podem
pagar desta vez. Não é, dindinha? — A menina me olha
em busca de uma confirmação do que lhe disse antes de
nós sairmos de casa.

Meu rosto queima e Leonardo entende de imediato o


meu silêncio. Eu simplesmente não consigo falar nada.

— Você quer ir ao Playground com os meus filhos,


Aurora? — Ele pergunta para a minha pequena. —
Vamos, eu vou pagar para vocês se divertirem um
pouco. Que tal?

— Eba! Eu quero sim. — Aurora busca o meu olhar


outra vez. — Posso ir, Dindinha? Por favor!

— Ela pode ir com a gente, dindinha da Aurora? Diz


que sim, vai… Eu quero tanto que ela vá brincar com a
gente. — A filha do meu chefe me desarma ao juntar as
mãos em uma súplica um tanto exagerada.
— Tá legal, vamos lá, crianças. — Murmuro e as
crianças gritam de alegria.

Após cadastrar os três, uma monitora os ajuda a


tirar os sapatos, pois só podem brincar de meia ou
descalço e em seguida os levam para o interior do
playground.

— Vamos deixar eles se divertirem um pouco,


Isabelle. — Diz Leo, me olhando com um sorriso lindo no
rosto. — Que tal um café? Assim podemos conversar
mais um pouco.

— Pode ser, Leo. Estou mesmo precisando de uma


boa dose de café.

Leonardo acena para um homem que está a uma


certa distância e somente quando ele chega mais perto
eu percebo que é o seu segurança particular

O quão rico este homem é para andar por aí sendo


escoltado?

— Saulo, eu vou para a cafeteria aqui perto, mas as


crianças ficarão brincando aqui no playground. Quero a
sua atenção inteiramente nos três, ok? — O homem
assente de prontidão. — Aquela garotinha brincando
com a Bia se chama Aurora. Se ela começar a chorar
perguntando pela madrinha, você me liga e nós voltamos
no mesmo instante.

— Pode deixar, chefe.

O homem se posiciona em uma coluna de frente


para o play e ali ele tem toda a visão dos brinquedos.
Enquanto sigo com Leonardo em direção a cafeteria, falo
um pouco sobre a personalidade da minha afilhada.
– Aurora não vai chorar, aquela sapequinha adora
brincar. E quando faz novas amizades aí é que ela
esquece da gente mesmo. Normalmente, quando a deixo
brincar no playground de qualquer shopping ela fica no
máximo quinze minutos, pois é muito caro ficar mais do
que isso. Ela sempre sai resmungando, então não se
preocupe, nós vamos voltar e ela ainda estará pulando
de brinquedo em brinquedo, sem lembrar que eu existo.

— Que bom, assim eu fico mais tranquilo. De


qualquer forma, gosto de ter o controle das coisas e o
Saulo monitorando eles me deixa mais tranquilo.

— Isso é engraçado, sabia? — Digo sem conseguir


controlar o riso.

— O que é engraçado, Isabelle?

— Um homenzarrão daqueles sendo deixado de


babá.

Desta vez Leo me acompanha na risada.

— São ossos do ofício, Isabelle. Quando foi


contratado, Saulo sabia que haveria momentos em que
os seus olhos e a sua atenção ficariam inteiramente nas
minhas crianças.

Chegamos à cafeteria e a atendente só não coloca o


Leonardo em seu colo porque não pode, a mulher
simplesmente está bajulando e se oferecendo para ele
na maior cara de pau.

— Mais alguma coisa, senhor? — Inquire ela,


quando o Leo termina de fazer o pedido dele.
— Somente isso. — Meu chefe responde e quando
penso que a biscate vai me dar um pouco de atenção
para anotar o meu pedido, eu simplesmente fico de cara
no chão quando a vejo com o olhar compenetrado nele.

— Vou caprichar na sua bebida e logo estará


pronta, eu só…

— Você está fazendo de propósito ou realmente não


percebeu que eu estou acompanhado? — A mulher
finalmente olha para mim, mas antes que consiga dizer
algo, Leonardo volta a falar. — Eu não admito este tipo
de conduta, senhorita. Cancele o meu pedido e chame o
seu gerente, ele precisa saber o tipo de funcionária que
coloca para atender os clientes.

— Não precisa, senhor, eu já iria atender a moça. —


A mulher se faz de sonsa enquanto tenta justificar tal
absurdo. — É que normalmente faço o pedido completo
de um, para depois anotar o do outro.

— Calma, Leonardo. Essas coisas acontecem com


muita frequência, acredite, eu já estou acostumada com
isso.

Me ignorando totalmente, Leonardo exige a


presença do gerente e após fazer uma reclamação
formal ele pega a minha mão e nós saímos do local sem
olhar para trás. Sinceramente, não me sinto bem
sabendo que a lambisgóia corre o risco de perder o
emprego por pura falta de profissionalismo da parte
dela, mas também não me sinto culpada por nada. Quem
sabe agora ela aprenda como se deve tratar todos os
clientes, independente de suas classes sociais.

— Para onde estamos indo, Leonardo? — Indago


quando caminhamos apressados na direção oposta.
— Vem, vou te levar a um lugar que eu tenho
certeza que o tratamento será bem melhor.

Passamos por um pequeno trecho externo até


chegarmos a uma cafeteria toda decorada com flores e
luzes baixas. O ambiente é bem discreto e as mesas são
distantes uma das outras, assim os clientes conseguem
ter mais privacidade.

— Uau! Eu não sabia da existência dessa cafeteria.


— Comento, após sermos atendidos com muito
profissionalismo e educação.

Escolhemos uma mesa ao fundo, onde não há


passagem de pedestre por nenhum dos lados. Estamos
totalmente isolados. A poltrona é um sofá de couro que
contorna boa parte da mesa. Leonardo não se faz de
rogado e se senta ao meu lado, quase me colocando em
seu colo.

— Eles tem uma rede espalhada pelo Brasil e pela


América Latina, gosto do serviço deles e sempre que
posso venho aqui para relaxar enquanto tomo um
cappuccino. Te levei para aquela cafeteria porque queria
experimentar algo deles, mas foi uma péssima escolha.
Deveria ter vindo direto para cá.

— Tudo bem, Leo, já passou.

Enquanto apreciamos a bebida fumegante,


conversamos sobre assuntos pessoais, até chegarmos
ao assunto que deixamos pendente após trocarmos
beijos em minha sala, na DonRicci.

— Eu quero você, Isabelle! E não me diga que você


também não quer isso, pois o seu corpo está te
entregando neste exato momento. — Leo sussurra,
fitando os meus olhos de um jeito tão profundo que o
meu corpo inteiro vira chamas. — Saia comigo este fim
de semana, Isabelle, vamos passar algumas horas juntos
e darmos vazão ao desejo que vem nos consumindo,
será um momento entre um homem e uma mulher que
estão perdendo o juízo de tanto tesão. Neste final de
semana esqueça que eu sou o seu chefe, esqueça que
sou seu cliente, apenas venha comigo e se entregue
sem reservas.

Ele aproxima os seus lábios dos meus e sem pensar


em mais nada, ataco a sua boca em um beijo calmo e
sensual. Leonardo chupa a minha língua e eu gemo
desejosa quando uma de suas mãos aperta a lateral da
minha coxa. Quando cessamos o beijo, ele morde o
lóbulo da minha orelha e geme rouco bem perto do meu
ouvido.

— Passa la notte con me, Bella?

Eu não tenho forças para continuar fugindo do


desejo insano que sinto por este homem. Com os olhos
fechados e a calcinha molhada de vontade de sentar
nele, eu apenas concordo entre um sussurro e outro.

— Eu quero, Leo. Quero passar a noite com você.

O homem segura o meu rosto entre as mãos e os


seus olhos brilham quando ele sorri para mim.

— Vai ser perfeito, mia Bella. Nossa noite será


perfeita e você será tratada como uma verdadeira
princesa. Eu queria ficar aqui te beijando por horas, e
depois te levaria para casa e te daria prazer até
apagarmos todo esse fogo que nos consome, mas temos
as crianças, não é minha linda?
— Sim, Leo. As crianças estão nos esperando.

Ele sorri, tentando conter um palavrão. O homem


está muito excitado e eu também.

— Vamos buscar aqueles anjinhos. Mas antes eu


gostaria de ter o seu número pessoal, assim nós
podemos conversar quando não estivermos na empresa.
Será uma tortura trabalhar a semana inteira ao seu lado,
sabendo que muito em breve eu a terei inteirinha para
mim. Mas valerá a pena a espera!

Concordo com ele. Quanto mais nós controlarmos o


tesão, melhor será a explosão de prazer quando chegar
o momento de ficarmos juntos. Troco o número do meu
celular com o meu chefe gostoso e após ele pagar a
conta seguimos ao encontro das crianças. Será uma
aventura trabalhar com Leonardo, tentando a todo
instante separar o prazer dos negócios.
Ter que assumir o cargo de CEO da DonRicci exigiu
uma maior concentração e atualização da minha parte,
sobre tudo o que envolve o desenvolvimento e
crescimento dos nossos negócios. Pensei que a semana
se arrastaria e que seria difícil trabalhar com Isabelle,
depois de tudo o que rolou entre nós até agora. No
entanto, estive tão compenetrado no trabalho e ela
também, que pouco nos vimos nestes dias.

Eu chegava na empresa cedo e logo saía para


reuniões intermináveis de negócios. Também tive que
ajudar a Morgana com os preparativos para a viagem
das crianças e só pude parar um pouco no final da tarde
de sexta-feira, após me despedir dos meus pais e dos
meus filhos no aeroporto internacional de São Paulo.

O sábado finalmente chegou e com ele veio a


ansiedade pelo que está por vir. Normalmente eu sou um
homem controlado e sei conduzir tranquilamente todos
os meus sentimentos, no entanto, neste momento estou
duro só de pensar que em breve ficarei sozinho com
Isabelle e que desta vez o nosso momento na sala vip
será mais íntimo e vou poder tocá-la como eu desejei
desde o primeiro momento.

Porra, passei o dia ansioso para ver a minha


assistente em seu outro papel, o papel da bela
dançarina que me atiça pra caralho.

“Venha direto para a sala Vip 202, meu bem.


Chegou o momento da sua surpresa…”

Me excito ainda mais com o caralho da mensagem


que ela me mandou, porque faz dois dias que Isabelle
vem me atiçando ao dizer que a nossa noite de sábado
será regada a uma dança diferente, com direito a
amassos que não são permitidos com um cliente normal.

Entro na sala Vip e sou recebido por uma música


baixa e ambiente um pouco mais intimista do que da
última vez. O cheiro do perfume dela também está no ar
e quando me preparo para chamar pelo seu nome, sou
agraciado com a visão da mais linda e perfeita das
mulheres entrando na sala, usando uma roupa de
secretária executiva sexy.

— Porra! — Não consigo evitar o palavrão e ela


sorri em agrado.
— Gostou da surpresa, chefe?

— Não pensei que isso seria possível, mas você


está ainda mais gostosa!

O conjunto sensual que ela usa é composto por uma


mini saia social preta de couro que mal cobre o seu
sexo, uma blusa branca de manga 3/4, uma gravata
preta e uma cinta liga por baixo da saia. Ela também
está usando a máscara, mas desta vez o cabelo está
preso em um coque frouxo. Nos pés, um sapato de salto
altíssimo na cor preta completa o look da gata.

Faço menção de ir até ela, mas Isa aponta para a


poltrona no canto.

— Senta aí, querido. O seu show particular já vai


começar...

Me sento um pouco contrariado, pois eu queria


mesmo era puxá-la para os meus braços e atacar a sua
boca gostosa. Depois do nosso encontro no shopping,
não voltei a beijá-la de novo, por uma puta falta de
tempo. Agora eu tenho sede pela boca dela grudada na
minha.

Bella coloca uma música própria para o que tem em


mente e muda as cores das luzes do vermelho para o
roxo. Ela começa a dançar de forma lenta e sensual e a
medida que vem se aproximando de mim, ela começa a
subir a saia um pouco mais, até o momento em que eu
consigo ver a calcinha minúscula que ela está usando. A
peça é toda rendada na cor preta, com umas pérolas
minúsculas em alguns pontos da peça.

— Você gosta de mandar, não é, chefinho? Pois


hoje eu sou toda sua, para você fazer o que quiser
comigo. — Ela sussurra provocadora e o meu pau pulsa
quando ela se senta no meu colo com as pernas abertas
em volta do meu quadril.

— Ah, mia Bella, hoje eu vou mostrar o quanto eu


gosto de estar no comando... — Aperto a sua bunda,
pois agora sei que tenho permissão para isso.

Isabelle enlaça o meu pescoço e eu ataco a sua


boca com a fome de dez homens.

Nossas línguas se encontram e ela geme e rebola


no meu pau, me deixando completamente duro. Desfaço
o coque do cabelo dela, enquanto chupo a sua língua e
inclino o meu quadril em direção a sua boceta.

— Gostoso! — Bella murmura ofegante, quando


afasto as nossas bocas para beijar o seu pescoço.

— Você que é uma delícia, minha bela dançarina.


Porra, eu não quero mais essa dança, preciso te levar
embora para foder gostoso essa sua boceta quente e
gulosa. Eu consigo sentir o seu fogo queimando o tecido
da minha calça. Caralho, você é muito fogosa, garota!

— Você me deixa assim, Leo! Eu quero tudo de você


esta noite, não aceito menos que isso. — Ela quica no
meu pau, no momento seguinte sai de cima de mim e
aperta a minha ereção por cima da calça. — Você é tão
grande e está tão duro... Vou me deliciar nesse pau
gostoso.

— Caralho, você é uma puta muito safada, não é?


— Urro quando ela me masturba lentamente.

— Quando nós sairmos daqui e você estiver me


fodendo forte e intenso do jeito que eu gosto, eu vou te
mostrar que entre quatro paredes eu sou sim uma puta
muito, muito safada. Não me faço de rogada na hora do
sexo, chefinho.

Seguro a sua mão e a faço parar de me masturbar


ou irei acabar gozando na cueca feito um moleque
inexperiente.

— Chega de dança, minha Bella, vamos sair daqui.

— Mas você pagou pela dança e nós ainda temos


muito tempo, Leo. — Isa murmura.

— Foda-se, amor! Deixa a porra do dinheiro para a


casa, eu quero e vou te levar embora deste lugar. Se
não posso te comer aqui, vou te levar para onde eu
possa me enterrar na sua boceta e delirar com os seus
gritos e gemidos enquanto nós fodemos feito dois
loucos.

— Tá bom, gostosão! Me dá só um minuto para


trocar de roupa e nós podemos ir.

— Nada disso, Bella, as minhas bolas estão quase


explodindo aqui. Há dias que eu não tiro você da
cabeça, há dias que não penso em outra coisa que não
seja em nós dois transando gostoso. — Vista o meu
blazer e vamos embora.

Estendo a peça de roupa para ela e Isabelle sorri,


achando graça do meu desespero. Saímos da boate por
uma porta discreta, onde apenas os funcionários têm
acesso. Saulo já nos aguarda com a porta traseira do
carro aberta e tão logo nos acomodamos passo as
ordenadas.
— Direto para a minha casa, Saulo! E, por favor,
nos dê privacidade.

Meu segurança entende o recado e no minuto


seguinte uma proteção de vidro fumê sobe atrás dos
bancos da frente, nos isolando do motorista.

Puxo Isabelle para o meu colo e ataco a sua boca


novamente. Enquanto nos beijamos enlouquecidamente,
levo as minhas mãos até a sua máscara. A mulher cessa
o beijo e faz um gesto com a cabeça, me autorizando a
tirar o acessório.

— Vamos tirar isso, Bella. Você fica linda com ela,


mas fica ainda mais bonita sem nada cobrindo cada
detalhe do seu rosto perfeito.

Quando a máscara é retirada eu fito os seus olhos


por um tempo até dizer com sinceridade:

— Sei una bella donna, Isabelle.

— Traduz isso para mim, gatinho. Sei que foi um


elogio, mas não compreendi tudo.

Deslizo os dedos entre as mechas do seu cabelo e


volto a repetir a frase, agora em português.

— Você é uma linda mulher, Isabelle! Uma morena


linda demais!

Ela sorri largamente e então ataca a minha boca


novamente. Nos beijamos com vontade, enquanto ela se
esfrega no meu pau sem nenhum pudor. Porra, eu gosto
disso, gosto de uma mulher com atitude.
Estamos quase tirando a roupa e trepando aqui
mesmo dentro do carro, quando o meu segurança avisa
que já chegamos.

Saulo estaciona em frente a minha casa e não


aguardo ele vir abrir a porta, me adianto e eu mesmo o
faço, ajudando Isabelle a sair.

— Pode ir descansar, Saulo. Se eu precisar de


você, te chamo.

— Tá certo, chefe. Boa noite para vocês!

— Boa noite, moço! — Isabelle diz, baixinho.

De mãos dadas com a bela morena entro em minha


casa e as luzes vão acendendo conforme os sensores
detectam a nossa presença. Isa olha para todos os
lados, curiosa.

— Prometo que depois eu faço um tour com você


pela minha casa, linda, mas agora o primeiro cômodo
que você irá conhecer será a minha suíte.

Isabelle solta um gritinho de susto quando a pego


no colo e subo os lances de escada até o meu quarto. A
casa está vazia, os meus funcionários ficam comigo
apenas de segunda a sexta-feira, por tanto não me
preocupo em ter que passar a chave na porta e apenas a
fecho com o pé. Deito a minha bela dançarina no meio
da minha cama e ela se esparrama rindo descontraída.

A danada apoia os dois cotovelos no colchão e


cruza as pernas, enquanto me observa tirar as minhas
próprias roupas.
— Eu já falei que você é um gostoso? — Murmura
ela, quando fico apenas de cueca boxer.

— Já! Mas eu irei te dar uma amostra grátis e você


verá que sou mais gostoso do que os seus lindos olhos
conseguem enxergar.

Engatinho até a cama e depois de ajudá-la a tirar o


blazer, começo a despi-la lentamente, ao passo que vou
beijando cada parte do seu corpo. Quando a tenho
apenas de calcinha e usando sandália de salto alto, eu
abro bem as suas pernas e vou deixando um rastro de
beijo do seu ventre até a sua boceta quente. Ela está
tão excitada que a calcinha está encharcada.

— Você ficou muito sexy vestida de secretária


safada, mas eu prefiro você toda nua, usando apenas
esses saltos. Quero sentir a ponta deles tocando as
minhas nádegas quando eu estiver metendo fundo em
você. — Isabelle arfa de desejo com as minhas palavras,
ficando ainda mais excitada quando seguro em ambas as
laterais da sua calcinha minúscula e rasgo a peça
íntima. — Sua boceta está deliciosamente suculenta com
a sua excitação e eu preciso sentir o teu sabor antes de
entrar nela.

Bella se contorce e puxa o meu cabelo com força


quando separo os seus lábios e meto a língua com gosto
em sua fenda melada.

— Ah, Leo…… Que delícia! — Sibila ela, ofegante.

Brinco com o seu clitóris e ela geme mais alto. Com


o rosto enfiado entre as suas pernas, busco o seu olhar
e digo safado:
— Que boceta gostosa e quente, Bella. Porra, eu
vou gozar muito dentro dela.

— Isso é tão bom, Leo... Ah, eu vou gozar assim...


Não vou aguentar muito…

— Deixa vir, mia Bella dançarina, goza na minha


boca, vai!

Volto a devorar o seu sexo e quando uso a ponta da


língua para chicotear o clitóris entumecido, Isabelle
aperta o meu rosto entre as suas coxas, puxa o meu
cabelo com toda a força que consegue e a sua boceta
pulsa na minha língua quando ela goza violentamente.

Enquanto Bella se recupera do gozo, tiro a cueca e


pego um preservativo na gaveta da minha mesinha de
cabeceira. Rasgo a embalagem com os dentes e quando
termino de desenrolar o látex em todo o meu pau, me
encaixo entre as suas pernas e pincelo a minha glande
na entrada da boceta inchada e melada pelo gozo dela.

— Abre bem as pernas para mim, Bella. Vou meter


tão gostoso que você vai me sentir por vários dias.

— Vem, Leo... Me fode!

— Porra, você acabou de gozar, mas parece que o


seu fogo só aumentou ainda mais. É pau que você quer,
Isabelle? Então é pau que você vai ter até o amanhecer.
— Em uma estocada certeira, deslizo todo para dentro
dela e meto sem dó, entrando e saindo com golpes
fortes e profundos. — Toma meu pau, linda... Geme
gostoso enquanto eu te fodo com vontade.

Fico louco quando ela arranha as minhas costas e


aperta o meu pau com a musculatura da vagina, me
fazendo revirar os olhos.

— Isso, Leo... Mete mais forte...

— Safada pra caralho. — Ralho, comendo ela com


tanta potência que estamos quase nos fundindo e nos
tornando uma única pessoa.

— Caralho, Bella... Eu vou querer comer essa


boceta todos os dias e você vai me dar sempre que eu
quiser, não é?

— Sou toda sua, Leo! Você fode tão gostoso que é


impossível dizer não.

— É? Vai ser a minha putinha particular?

— E você vai ser o meu puto também?

Sorrio e concordo com a cabeça. Ela avisa que vai


gozar novamente e quando o seu corpo relaxa após o
segundo orgasmo, abocanho um dos seus seios e mamo
gostoso enquanto meto sem dó. Estou prestes a gozar,
então deslizo para fora dela e a coloco de quatro. Dou
um tapa na lateral da sua bunda durinha e volto a
penetrá-la até o fundo.

— Que boceta gostosa, Bella. — Com uma mão


agarro o seu cabelo e com o dedo polegar da mão livre
esfrego o seu buraquinho traseiro. — Hoje eu vou foder
apenas a sua boceta, mas logo vou querer meter aqui
atrás também. — Ela geme dengosa quando acaricio a
entrada cheia de nervos. — Vai me dá esse cu apertado,
não vai? — Continuo metendo na sua boceta e ela
apenas assente com a cabeça. — Responde, Bella! Eu
quero ouvir. Vai deixar eu comer o seu rabo apertado?
— Sim, Leo! Você pode meter no meu cu, eu vou
adorar te sentir aí atrás.

Ela usa as palavras certas para me enlouquecer e


funciona direitinho. Pois no momento seguinte estou
gozando e enchendo a camisinha com a minha porra.

Mordo o seu ombro, ainda enterrado até o fundo de


sua boceta.

— Eu vou ficar viciado em você, mia Bella! —


Sussurro rouco, ao passo que saio de dentro dela e nós
caímos exaustos no colchão.
Acordo um pouco atordoada por estar em um quarto
tão diferente do meu e preciso de alguns segundos para
processar tudo o que aconteceu nas últimas horas. Olho
para o lado e vejo apenas o lençol bagunçado, mas o
cheiro dele está muito presente no tecido. Leonardo,
além de muito lindo, também é um homem extremamente
vaidoso e cheiroso.

O barulho do chuveiro ligado me dá uma noção de


onde o Leo está e me faz ter uma ideia ousada para
começarmos o nosso domingo. Saio de debaixo do
edredom macio e a minha pele se arrepia com a frieza
do quarto por causa do ar-condicionado ligado.
Totalmente nua, vou até o banheiro da suíte e a minha
boca saliva com a visão de Leonardo espalhando
espuma de sabão por todo o seu glorioso corpo. Ele nota
a minha presença quando me aproximo e abre a porta do
box para que eu possa entrar.

— Bom dia, mia Bella!

— Bom dia, Leo!

Fico na ponta do pé para beijar o pescoço dele e


Leo tenta beijar a minha boca, mas eu recuo e ele
estranha.

— O que foi? — Questiona, me olhando confuso.

— Eu ainda não escovei os dentes e você não vai


me beijar com bafo de onça.

Ele explode em uma risada alta e eu o acompanho.

— Eu não ligo para essas coisas, Bella. Você é


perfeita demais para eu me incomodar com algo tão
superficial e comum entre todas as pessoas ao acordar.

— Seu fofo, mas ainda prefiro te dar bom dia de um


jeito mais gostoso... — Murmuro sexy e ele entende a
minha intenção no momento em que me ajoelho em sua
frente e aperto o seu pau.

— Caralho, eu só posso ter ganhado na loteria! Uma


mulher linda, inteligente e fogosa... Será que eu morri e
fui para o céu?
— Querido, estamos bem longe do céu, depois de
todas as sacanagens que nós fizemos esta madrugada,
é mais fácil descermos de tobogã direto para o infer...

— Shhh…, Chega de falar, morena. Ajoelhou tem


que rezar! Chupa o meu pau, vai.

— Seu pedido é uma ordem, chefinho!

— Provocadora do caralho, você é uma de…

Ele se cala quando masturbo o seu pau duro e cheio


de veias, passando a língua na glande inchada e o
abocanhando até o fundo da minha garganta. Leo trava
o maxilar, gemendo rouco e enlouquecido com o calor da
minha boca em volta do seu pau.

— Ah, porra…Que boca deliciosa, Bella! Isso,


morena, chupa tudo, me engole até onde você aguentar.

E eu chupo com vontade, pois ele é gostoso demais.


Massageio as suas bolas enquanto faço sucção com a
boca, mamando o pau robusto e deliciosamente duro.

— Isa, se você não quiser que eu goze na sua boca


é melhor você se afastar. — Leo avisa, ao passo que o
seu pau pulsa forte dentro da minha boca. Ele tenta se
afastar, mas eu agarro a sua bunda e continuo chupando
com muita vontade. — Foda-se, amor! Eu vou encher a
sua boca gulosa de porra, minha bela dançarina. — Ele
segura o meu cabelo com mais força, ao passo que fode
a minha boca sem dó. Sinto quando o seu pau incha
segundos antes de despejar jatos grossos e quentes de
sêmen. — Oh… Porra... — Ele urra feito um animal
selvagem.
Engulo boa parte do líquido que sai do seu pau e o
restante deixo escorrendo pelo meu queixo, me
lambuzando toda. Leonardo está tremendo quando me
puxa até que eu fique de pé e sem que eu estivesse
esperando, sua boca invade a minha em um beijo
delicioso e ousado.

Enquanto as nossas línguas se devoram, uma de


suas mãos vai até a minha boceta e ele me masturba,
atiçando o meu clitóris com o polegar.

— Ah! — Arfo em sua boca e ele segue acariciando


o meu sexo com intensidade. Leonardo se afasta e
agora é ele quem está ajoelhado aos meus pés.

— Apoia uma perna no meu ombro e arreganha essa


boceta deliciosa para mim, mia Bella. Vou te chupar até
você se derramar toda na minha língua.

E quando faço o que ele pede e sinto a sua língua


me chupando com maestria, jogo a cabeça para trás e
gemo alto ao ser atingida pela sensação deliciosa de ser
chupada por um homem tão experiente.

— Leo… eu…

— Goza, Bella, goza para o seu macho! — Ele


ordena e volta a me chupar com mais intensidade,
enquanto mete dois dedos dentro de mim em
movimentos rápidos.

O calor gostoso do orgasmo se concentra no meu


sexo e eu gozo forte na boca dele, o clímax é tão
intenso que as minhas pernas tremem e sinto uma
fraqueza momentânea. Leo me ajuda a ficar de pé e nós
sorrimos com as nossas testas coladas.
— Você me beijou antes de me deixar escovar os
dentes. — Murmuro, entre um riso e outro.

— E você continua sendo a melhor boca que eu já


beijei. Você está tremendo, Bella. Foi gostoso, não foi?
Te fiz gozar bem gostoso.

— Foi sim, seu safado.

— Vamos terminar o nosso banho e depois vou te


levar para tomarmos café. Tem uma padaria aqui dentro
do condomínio que aos domingos funciona apenas até
as 14hrs. Vamos tomar café lá e depois voltamos para
cá. Não esqueci da minha promessa de fazermos um
tour pela minha casa.

Antes do nosso encontro na boate, ainda no sábado


de manhã, Leonardo sugeriu que nós ficássemos juntos
o final de semana inteiro. Por isso, antes de sair de casa
preparei uma mochila com algumas peças de roupa e
calcinhas extras, bem como escova de dente e outros
produtos de higiene pessoal.

Após o banho, colocamos roupas confortáveis e


despojadas e seguimos para a padaria. O lugar é
pequeno e muito aconchegante, além de muito luxuoso.

— Bom dia! — A atendente nos recepciona com


bastante gentileza. Ela sorri para mim e eu sorrio de
volta, gostando do seu atendimento

— Bom dia, senhorita! Eu quero um croissant de


calabresa e cappuccino com raspas de canela.

— E a senhorita, o que vai querer? — A mulher


pergunta, olhando diretamente para mim.

— Também quero um croissant de calabresa, mas


para beber quero café com leite.

— Perfeito! Podem escolher uma mesa que eu já


levo o pedido de vocês.

— Obrigado! — Leo e eu agradecemos juntos.

Sentamo-nos em uma mesa na área externa e Léo


começa a falar o quanto gostou da nossa noite.

— Eu também gostei de tudo, Leo. Sou uma mulher


bem resolvida nas minhas decisões e dificilmente me
arrependo de algo. Gosto de sexo e gostei da sua
pegada.

— Mas? — Inquire ele, ao perceber que eu estou


ponderando as minhas palavras.

— Não podemos esquecer que fora da cama, você é


o meu chefe e que trabalhamos juntos a semana inteira.
Eu não me importo com o que dizem sobre mim por aí,
nunca liguei. De verdade. Mas se nós vamos continuar
transando, eu gostaria de pedir que sejamos discretos.
Não quero o meu nome rolando pela boca daquela gente
fofoqueira da DonRicci, dizendo que estou trepando com
o chefe para ter vantagens.

— Eles não ousariam.


— Ousariam sim, Leo. — Rebato. — O que mais tem
na sua empresa são pessoas mal-amadas e fofoqueiras.

— Certo, então nós vam… — Leo se interrompe


quando a moça serve o nosso pedido e só volta a falar
quando ficamos sozinhos novamente. — Como ia
dizendo, nós vamos continuar saindo e transando,
enquanto os dois estiverem a fim. As pessoas
fofoqueiras que se fodam! Na empresa, prometo me
controlar, mas fora dela eu vou te devorar, mia Bella.

— Neste caso, nós temos um acordo e um


segredinho sujo, chefe.

— Ainda não. Tem algo que eu gostaria de pedir.

Mordo um pedaço do croissant e bebo um gole do


café, aguardando ele fazer o mesmo.

— Vamos lá, bonitão. Diga o que você quer?

— Eu sei que não temos nada sério, que tudo o que


vai rolar entre a gente será só sexo casual e sem
sentimento, mas eu gostaria, que pelo menos enquanto
estivermos juntos você não dance para nenhum outro
homem.

Fico um tempo calada, porque já passei por isso


uma vez com o babaca do meu ex-namorado. Não gosto
de seguir regras e ser mandada por homem, embora a
forma como Leonardo acaba de abordar este assunto
está mais para um pedido e não uma exigência.

— Não posso deixar a dança, Leo, é ela que me dá


maior retorno financeiro dentro da boate.
— Atenda as mesas, Bella. A partir de hoje todas as
suas danças dentro daquela boate serão pagas por mim
e exclusivas para mim.

— Hum... Temos um macho alfa e possessivo aqui?

— Sim, Isabelle. Eu sou possessivo com tudo o que


é meu. E enquanto nós estivermos fodendo você será
minha, assim como eu sou inteiramente seu. E então?
Temos um acordo?

— Hum... Eu preciso pensar, Leo. Não gosto de


tomar atitude por impulso.

— Porra, Isa, eu fico louco só de imaginar outro


homem recebendo uma dança privativa sua. Por mais
que ele não possa te tocar ou beijar, ainda assim fico
puto só de saber que ele vai te olhar e te desejar como
um tarado.

— Relaxa, Leo. Também não é para tanto!

— Prometa que pelo menos vai pensar com carinho?

— Eu prometo, Leo!

Tomamos o nosso café e voltamos andando lado a


lado pelas ruas muito bem cuidadas do condomínio.
Sempre passei em frente aos mais diversos condomínios
de Alphaville, mas nunca pensei que fosse tão grande e
luxuoso pelo lado de dentro. É quase uma cidade, e as
mansões são estilo as casas americanas. Uma gracinha!

Após fazer um tour pela sua mansão, Leo me jogou


na piscina e entre beijos e amassos, terminamos
pelados e transando deliciosamente na borda dela. O
homem é insaciável e eu estou adorando a nossa
química no sexo.
As coisas estão muito corridas aqui na empresa e
eu estou indo contra o tempo para deixar tudo pronto
para a minha viagem com Leonardo até a Suíça. Tive
que explicar mais de uma vez a importância dessa
viagem para o Hugo, o gerente da boate. O homem não
queria me liberar de jeito nenhum, disse que se eu me
ausentasse pôr um fim de semana inteiro não precisava
mais voltar para a casa de show. Bati o pé e após horas
de negociações ele aceitou a minha ausência, desde que
eu aumente o tempo de dança com os clientes. Aceitei a
sua condição, mas nem sei se voltarei a dançar.
Quando eu voltar da Suíça será outra discussão
com o gerente, pois irei tentar manter o bico na boate,
mas agora apenas servindo mesas. Leonardo ainda não
sabe que já me decidi e que não irei dançar para mais
ninguém, a verdade é que depois de passarmos um final
de semana maravilhoso em sua casa e finalizarmos o
domingo com uma dança sensual na boate, não tivemos
muito tempo para outro tipo de interação que não fosse
o trabalho. Claro que em alguns momentos ao longo dos
dias que se passaram após o nosso primeiro fim de
semana juntos, o safado invade a minha sala e rola uns
amassos, mas é tudo muito rápido.

E para completar o combo da correria, consegui


vender o meu carro e estou com dinheiro extra no bolso,
mas estou a pé e tendo que acordar quarenta minutos
mais cedo para conseguir chegar ao meu trabalho
utilizando transporte público.

— Isa, amiga, acabei de receber uma notícia ótima


e preciso compartilhar com você. — Nick irrompe pela
porta da minha sala, esbaforido e com um sorriso tão
largo que me contagia.

Acabamos de voltar do almoço, mas ainda estamos


em horário de descanso.

— O que foi, garoto? Ganhou na Mega Sena e vai


me levar para fazer compras em Paris com tudo pago?

— Nossa, que amiga interesseira do caralho eu


tenho. Não posso ficar feliz por outras coisas não? Tem
que ter benefícios para você também?

— Seu bobo, nem vou te responder isso. Agora


senta aí e vamos fofocar um pouco mais, pois nós ainda
temos quinze minutos.
Nick se senta empolgado, cruzando as pernas e
arrumando o cabelo todo vaidoso.

— Amiga, finalmente consegui a aprovação para


fazer o intercâmbio em Londres.

— Ahhh! — Grito eufórica e me levanto para abraçar


o meu amigo. — Parabéns, Nick! Nossa, que orgulho de
você!

— Obrigada, amiga! Será a realização de um sonho.

Me apoio na lateral da minha mesa e nós seguimos


conversando.

— E quando você irá para Londres?

— No início do próximo mês.

— Mas já? Nossa, bem rápido né?

— Começo com a turma nova na segunda semana


do mês, então sim, preciso ir no início do mês.

— Entendi. Nossa, eu realmente estou muito feliz


por você, Nick. Quando eu voltar da Suíça vamos marcar
uma balada de despedida, deixamos a Aurora com os
seus pais e levamos a Helô para tirar as teias de aranha
dela.

Meu amigo faz uma careta engraçada ao falar de


sua gêmea.

— Olha, eu não gosto de imaginar a minha irmã em


situações íntimas, mas preciso concordar com você.
Heloíse está precisando transar para ver se fica mais
doce, ultimamente ela anda tão azeda.
— Não fala assim da minha amiga, ela só está
estressada por causa do chefe pau no cu que ela tem
que aguentar na loja.

— Aquele cara é um nojo mesmo. Na vez em que


estive lá eu vi como ele trata os funcionários. Queria
muito ajudar a minha irmã a encontrar outro emprego,
mas as coisas andam tão difíceis. E como diz ela, é
melhor aguentar um chefe pau no cu, do que as ligações
de cobrança a todo instante no telefone.

— Ela já está mandando currículo para outras lojas


e logo vai se livrar daquele ranço.

— Vai sim! Helô é muito foda e irá conseguir algo


melhor. Agora vamos deixar a minha irmã de lado e me
conte como anda as coisas com o Sr. Gostoso, vulgo
nosso chefe?

Meu rosto esquenta com as lembranças de um


Leonardo muito safado me pegando de jeito e eu mordo
o lábio.

— Pela sua cara de safada, você está sendo muito


bem comida, não é mesmo? — Meu amigo diz,
zombeteiro.

— Nick, o homem tem uma pegada boa demais.

— E o pau? É grande mesmo, né? Pelo tamanho do


homem eu imagino que a pistola é de dar água na boca.

Jogo a cabeça para trás e riu alto. Meu amigo me


acompanha na risada e nos assustamos quando a porta
anexa é aberta e Leonardo surge confuso, sem entender
porque estamos rindo feito duas hienas. Nick e eu nos
calamos no mesmo instante.
— Hum, bem, vou voltar para a minha mesa. Meu
horário de almoço já está no fim. — Meu amigo se
levanta da cadeira.

— Não precisa sair correndo, Nicolas, vocês ainda


estão em seu horário de almoço. Vim apenas dar um
recado rápido para a senhorita Isabelle, pois vou
precisar sair mais cedo e não volto hoje para a empresa.

Leonardo tem conhecimento de que o Nick sabe


sobre o nosso envolvimento, mas dentro da empresa ele
é muito profissional e segue à risca tudo o que me disse
quando nós começamos a ficar juntos.

— De qualquer forma, o meu tempo já está


acabando. Vou voltar para a minha mesa. — Meu amigo
se justifica ao nosso chefe e em seguida me dá uma
piscadela. — Nos falamos mais tarde, Isa.

— Vamos embora juntos. Agora que já não tenho


mais o meu carro, quero carona na sua moto.

— Claro, minha diva. Te espero após o expediente!

Quando ele se vai, Leonardo vem com tudo para


cima de mim, como costuma fazer quando estamos
sozinhos. Ele me beija e eu deliro com o gosto de menta
em sua boca. Quando afastamos as nossas bocas, ele
segura o meu rosto entre as mãos e diz baixinho:

— Vou para a reunião na OhenBebidas e lá será a


tarde toda, por isso não volto para cá hoje. Mas eu
gostaria de te ver esta noite.

— Hoje eu tenho faculdade, Leo.

— Posso te buscar na saída, princesa Bella?


— Olha que cavalheiro eu fui arranjar... Mas não
quero te dar trabalho.

—Não será trabalho nenhum. Além disso, os meus


filhos chegaram hoje da Itália e a Bia trouxe um
presente para você.

Paraliso com a informação, sendo pega de surpresa


com a atitude da filha dele.

— Sua filhinha trouxe um presente para mim?


Nossa, mas nós nos vimos apenas uma vez.

— E você conquistou ela logo de primeira, assim


como fez comigo. A diferença é que a minha filha tem
interesse em ser uma de suas melhores amigas, já eu,
eu quero ser o cara que te fode gostoso todos os dias.

— Safado! — Resmungo, batendo no peito dele.

— Sou mesmo! Sou safado por uma certa dançarina


linda e fogosa. — Leo beija os meus lábios e conclui as
suas palavras. — Você é o meu número, Isabelle, mia
bela donna. Falei para a Beatrice que seria impossível
um encontro entre vocês, por causa da nossa viagem e
ela me fez prometer que iria entregar o presente para
você.

— Ah, que fofa! E cadê o presente?

— Vou levar quando for te buscar na faculdade. E


nem adianta negar a carona, agora que você está sem
carro é perigoso pegar transporte público tarde da noite.

— Eu já sou bem grandinha e sei me cuidar,


chefinho.
Estamos prestes a nos beijar novamente quando um
homem barbudo, tão alto quanto Leonardo, surge na
porta anexa.

— Leo, esqueceu de m... — Ele se cala ao nos ver


tão próximos. — Ah, foi mal aí, gente. Mas é que o
Leonardo e eu já estamos bem atrasados para a reunião,
que para a nossa infelicidade é do lado sul da cidade.

Não fico constrangida com a presença de Theodoro,


melhor amigo de Leo. No domingo em que passamos
juntos, Leonardo me contou que foi o amigo quem o
levou até a boate e que também foi ele quem lhe deu de
presente a nossa primeira dança VIP. Ele sabe quem eu
sou e eu também sei quem ele é, mas ainda não
tínhamos sido apresentados formalmente até este
momento.

— Theo, esta é a Isabelle Brandão, a Bella. — Leo


faz as apresentações. — Isa, este é Theodoro Coller,
meu melhor amigo e padrinho dos meus filhos.

O homem sorri e estende a mão para me


cumprimentar.

— É um prazer te conhecer, Isabelle. Fiquei


surpreso quando o Leo me contou que você é a mesma
dançarina que conquistou a atenção do meu amigo na
boate. Duas pessoas tão diferentes e tão iguais ao
mesmo tempo.

— O prazer é meu, Theodoro. — Respondo,


trocando um aperto de mão com ele. — Também fiquei
muito surpresa quando vi o Leonardo assumindo o cargo
de CEO justo da empresa na qual trabalho, foi muita
coincidência e na hora eu quase morri do coração.
O homem solta a minha mão e olha de mim para o
Leonardo algumas vezes, antes de dizer:

— Vocês fazem um belo casal! — Ele bate no ombro


do amigo. — Se despede da sua garota, cara. Vou te
esperar lá fora, vê se não demora. Estamos atrasados
pra caralho. — Theo me dá uma piscadela. — Tchau,
Bella. Até breve!

— Tchau, Theo!

Quando o homem se vai, nos deixando a sós


novamente, Leonardo busca o meu olhar e inquire
baixinho:

— Tudo bem? Espero que você não tenha ficado


chateada por eu ter apresentado vocês, o Theo sabe que
você é...

— Sim, eu sei que ele sabe. E está tudo bem, Leo,


não se preocupe com isso. Seu amigo é muito gentil e
em nenhum momento me olhou com deboche ou de
canto de olho.

— Que bom, mia Bella. Agora eu preciso ir, mas te


busco a noite na faculdade.

— Ok, vou te esperar.

Ele ataca a minha boca novamente e mesmo


querendo ficar mais um tempo juntos, nos obrigamos a
nos afastar. Leo se despede e se vai e eu fico sorrindo
feito uma boba.
A pessoa que inventou a frase que dinheiro não traz
felicidade tinha que levar uns três tapas na cara, só para
deixar de ser distraído. É claro que dinheiro não é tudo
na vida, há coisas mais importantes, como ter saúde e
união. No entanto, tem coisas que apenas quem tem
muito dinheiro conseguirá usufruir na vida, como o luxo
e conforto.

Neste momento Leonardo e eu estamos muito bem


acomodados em um jato particular exageradamente
luxuoso.
Temos uma suíte com uma cama em tamanho
completo, um banheiro privativo e até mesmo uma área
de lounge à nossa disposição.

— Com licença, os senhores gostariam de beber


algo? — Uma comissária pergunta quando já estamos no
ar, voando a mais de dez mil pés de altura.

— Uma dose de uísque escocês, por favor. — Leo e


a mulher me olham, aguardando o meu pedido.

Abro o cardápio através do QR Cold do celular e a


minha boca saliva com as opções de drinks, com ou sem
álcool. Não gosto de ingerir nada alcoólico quando estou
viajando, por isso opto por algo mais suave.

— Para mim um Gin de morango e manga, por favor.

— Perfeito, volto logo com os seus pedidos.


Aproveitem o voo e podem nos chamar a qualquer
momento.

Quando a mulher se afasta, Leonardo me puxa para


os seus braços e morde o lóbulo da minha orelha.

— Vamos lá, mia bella, me conta qual foi o lugar


mais inusitado que você já transou?

— Hum, vai fazer joguinho, é? — Fito os seus olhos


e mordo o lábio. — Acho que foi no terraço de um
shopping. Aquele dia foi louco. E você?

— Nunca me expus na hora do sexo, sempre foi em


lugares comuns para a maioria das pessoas. — Ele
desliza a ponta do dedo indicador pela lateral do meu
corpo e aproxima a boca do meu ouvido. — Mas hoje
nós vamos foder nas alturas, o que me diz? Faltam
muitas horas para chegarmos à Suíça e podemos passar
o tempo de um jeito bem interessante. Vamos aguardar a
comissária voltar com a nossa bebida e depois eu vou te
sequestrar para horas de safadeza dentro da suíte.

Suspiro ofegante e já excitada só de imaginar tudo


o que esse homem vai fazer comigo durante as mais de
20 horas de voo até a Suíça.

— Ah, eu acho que vou gostar de ser sua refém.

Ele solta uma gargalhada gostosa, antes de devorar


a minha boca em um beijo tão obsceno que os nossos
corpos se incendeiam em segundos. Quando a moça
volta com as nossas bebidas, Leo explica que estaremos
na suíte e que não quer ser incomodado. Quando
precisarmos de algo ele irá solicitar. Não sou uma
mulher tímida, mas pela primeira vez fico com o rosto
pegando fogo ao tentar imaginar o que se passa na
cabeça dos funcionários neste momento. Talvez por
estarmos voando a milhares de pés de altura, em um
ambiente parcialmente pequeno e sermos os únicos
passageiros me deixe um pouco encabulada com a
presença dos funcionários.

Entramos na suíte e ao fechar a porta, Leonardo


começa a se despir, ficando apenas de cueca boxer.
Lindo e gostoso à minha disposição.

— Tira a roupa e fique apenas de calcinha e sutiã,


Bella. Faremos a nossa viagem usando apenas isso.

— Você é muito mandão, chefe? — Murmuro


baixinho, só para provocá-lo.

— E você me deve obediência, querida. — Ele entra


na brincadeira, seu tom de voz rouco e o pau já
completamente duro dentro da cueca branca. — Vai
servir o seu chefe com muitos gemidos e uma boceta
deliciosamente molhada e suculenta.

Rio alto, gostando da brincadeira e no minuto


seguinte já estou usando apenas um conjunto de
calcinha e sutiã rendado de cor preta. Bebemos a nossa
bebida e em seguida sou devorada por um Leonardo
muito safado que fode bem pra caralho. Após algumas
rodadas de sexo, fomos servidos com um jantar
delicioso e depois dormimos boa parte do voo.

A Suíça é definitivamente um dos países mais


lindos do mundo! Não sou uma viajante que carrega
várias recordações, até ontem havia conhecido apenas
dois países, Portugal e Espanha, em uma viagem que fiz
com o Nick no recesso que tivemos no último final de
ano. Pegamos uma promoção, colocamos alguns itens
na mochila e passamos o nosso final de ano turistando
entre os dois países. Agora, tenho o privilégio de
conhecer a Suíça, que é quase como se fosse o próprio
paraíso na terra. Esta época do ano faz muito frio por
aqui e ao chegarmos a primeira providência que Leo
tomou foi me levar para comprar um casaco quente de
verdade, pois o que eu trouxe do Brasil não é o
suficiente para me aquecer com o frio daqui.

— Senhores, o senhor Pierre Brummer irá recebê-


los na sala de reuniões. Podem me acompanhar, por
favor? – A mulher explica em um inglês perfeito.

Ela nos guia até uma sala ampla e elegante, onde


está presente o atual CEO do grupo Brummer e mais
três homens e uma mulher, todos vestidos
elegantemente em seus ternos caros.

— Leonardo Ricci. — O multimilionário Pierre vem


ao nosso encontro e troca um aperto de mão com o meu
chefe.

— Olá, Brummer, é um prazer estar aqui para


falarmos sobre algo tão enriquecedor para as nossas
empresas. — Diz Leo, utilizando seu inglês impecável.

Desde o início ficou combinado que esta reunião


seria conduzida com o idioma inglês, pois assim não
necessitaria haver um intérprete conosco.

Percebendo que o tal Pierre não tira o olhar de cima


de mim, Leonardo resolve bancar o macho alfa sem
nenhum pudor.

— Esta é Isabelle Brandão, minha assistente


pessoal e uma pessoa muito competente. Ela está aqui
para acompanhar as negociações e anotar alguns pontos
importantes. Uma mulher extremamente profissional,
Brummer

O suíço coça a garganta e assente com a cabeça,


mas ainda me joga um olhar charmoso. O homem é
muito bonito, mas eu ainda prefiro o meu Leonardo.
Após nos apresentar aos demais presentes na sala,
começamos de fato a reunião.

São horas de negociações e quando estamos quase


chegando ao fim, o senhor Pierre volta atrás com
algumas exigências. Isso deixa Leonardo puto, pois
vamos precisar ficar mais uma semana na Suíça. O
plano era fecharmos este negócio e ir embora daqui dois
dias depois de tudo finalizado. No entanto, imprevistos
acontecem e agora nós teremos que ficar mais tempo.

— Nos vemos na semana que vem, Brummer.


Espero que você tenha bons argumentos para mim
quando eu voltar aqui. — Diz Leonardo, frio e sem muita
emoção.

— Tenho certeza de que valerá a pena, Ricci. —


Responde o suíço. Em seguida ele segura a minha mão
e beija o dorso dela. — Srta. Brandão, foi um prazer te
conhecer. Seja muito bem-vinda ao meu país.

— Obrigada, S.r. Brummer! — Agradeço e no minuto


seguinte estou sendo arrastada para o lado de fora da
sala.

Ao entrarmos no elevador, Leonardo aproveita que


estamos a sós e imprensa o meu corpo contra a parede
de aço gelado e invade a minha boca, exigindo tudo de
mim. Ele chupa a minha língua, enquanto a sua mão
agarra o meu cabelo pela nuca e puxa alguns fios. O
homem está possesso. Quando cessamos o beijo, em
busca de ar, ele me olha com a fúria de um animal
selvagem.

— Você é minha, Isabelle! Porra, eu preciso ouvir


da sua boca que você é minha.

— O que foi isso, Leo? Por que está agindo como


um homem da idade da pedra?

— Porque aquele suíço filho da puta está querendo


o que é meu.
Chegamos ao andar térreo e eu saio em disparada
em direção ao hall. Leonardo vem logo atrás de mim,
exigindo uma resposta.

— Diga, Bella... Diga que você é minha e de mais


ninguém.

Viro-me para ele e encaro os seus olhos lindos e


desesperados.

— Eu não sou de ninguém, Leonardo. Sou uma


mulher livre, não me veja como um objeto seu, porque
eu não sou.

Ele bufa nervoso e quando entramos no carro


alugado, ao qual Saulo já nos aguarda, seguimos
calados até o hotel onde estamos hospedados. Ao
entrarmos na suíte, sou surpreendida quando Leonardo
se senta no sofá, me coloca em seu colo e fita os meus
olhos com bastante seriedade.

— O que eu preciso fazer para você entender que


não te quero apenas na minha cama, Isabelle?

Seus olhos estão com um brilho diferente e isso me


assusta um pouco.

— O que você está tentando me dizer, Leo?

— Que eu estou apaixonado por você, Isabelle. Juro


que eu não queria isso, você é uma mulher liberal que
não se prende a ninguém e eu também era assim, até
você entrar na minha vida feito um trem desgovernado e
mudar isso. — Ele segura o meu rosto entre as suas
mãos. — Namora comigo, Bella? Seja minha namorada e
não apenas uma companheira de foda. Eu quero te
apresentar para a minha família, quero que você
participe dos nossos almoços de domingo. Quero tudo
com você, mia bela donna!

Fico um tempo sem palavras e ele aguarda até eu


finalmente conseguir dizer algo.

— Você está brincando comigo, Leo?

— Nunca falei tão sério em toda a minha vida, Isa!


Aceita ser minha namorada e eu prometo ser fiel a você
em todos os momentos.

Saio do seu colo e começo a andar de um lado para


o outro no meio do quarto.

— O que você está me pedindo é algo muito sério,


Leo. Eu também estou apaixonada por você, merda, eu
também estou apaixonada. Mas nós vivemos em mundos
totalmente diferentes, você não vai querer namorar uma
mulher que dança na noite.

— Eu ainda estou aguardando a sua resposta sobre


a minha proposta de ser o único para quem você vai
dançar.

— E se eu disser não? Se eu disser que não vou


parar de dançar para outros clientes?

Ele fica de pé e para na minha frente. Seus olhos


buscam os meus quando sussurra sorridente.

— Você está na mesma vibe que eu, Isa. Estamos


apaixonados e eu sei que você não quer dançar para
outro homem que não seja eu.

— Você está certo, Leo. Eu não quero. — Admito e


ele sorri ainda mais. — Mas eu não sei se vou largar o
emprego na boate, mesmo com o novo cargo e um
salário melhor na DonRicci, eu ainda preciso do
emprego extra para cumprir com algo que prometi ao
meu pai.

— Dinheiro não é problema para mim, Isa. Deixa eu


te ajudar com seja lá o que for que você combinou com o
seu pai?

— Não, Leo! E não é orgulho nem nada do tipo, eu


só quero concluir a minha missão sem a ajuda de
ninguém. Só depois disso que irei sair definitivamente
da boate e ficarei apenas com o emprego na DonRicci.

Leonardo enlaça a minha cintura e gruda os nossos


corpos.

— Mulher teimosa da porra! Eu aceito as suas


condições, aceito você servindo as mesas, mas as
danças continuam sendo somente minhas. Vou estar na
boate todas as noites em que você estiver lá, serei o
seu segurança particular e vou matar cada maledeto que
tentar tocar em você. Agora eu quero a minha resposta,
amor. Aceita namorar comigo?

— Você é um louco, Leo. Vai se morder de ciúmes,


mas terá que aguentar firme.

— Por você eu aguento tudo, amore mio!

Ele toma a minha boca com gana e paixão e em


segundos estamos sem as nossas roupas, caindo aos
risos no colchão.
Ela é linda e toda minha! Me envolver com Isabelle
é um jogo muito perigoso, mas eu estou mais do que
disposto a jogar. Com ela toda nua e deliciosamente
excitada em cima da cama, eu tiro a minha cueca e vou
para cima dela com a necessidade insana de me
enterrar até o fundo em seu corpo gostoso.

Isa abre as pernas, me convidando para me


encaixar no meio delas e eu o faço com o maior prazer.
Agarro um dos seus seios e chupo, ao passo que uso a
mão livre para apalpar a sua boceta lisa e molhada.
— Eu vou te comer tão gostoso, mia Bella… Vou
foder essa sua boceta com tanta força que você não
conseguirá andar direito amanhã.

— Hum... um sexo bruto e selvagem? Adoro!

— Safada!

Estamos tão afoitos e excitados que não há a


necessidade de preliminares. Beijo a boca dela e,
olhando em seus olhos, deslizo em seu canal apertado,
empurrando até o fundo.

— Oh! — Gememos juntos.

Nossas línguas se enroscam, enquanto os nossos


sexos se devoram. Entro e saio, só para entrar mais
rápido e forte dentro dela.

— Leo... Ah, que delícia, Leo.

— Sim, minha preciosa. Nós dois assim, nos


devorando é uma delícia!

— Você é tão gostoso, Leo!

— E você é a minha namorada fogosa, Bella. —


Empurro em golpes certeiros e ela agarra o meu cabelo,
puxando com força enquanto delira embaixo de mim.

Saio de dentro dela e mudo as nossas posições.

— Senta no meu pau, Bella, senta gostoso nele


enquanto eu chupo esses seus peitos deliciosos. —
Peço, ao me deitar de costas no colchão.
A safada não pensa duas vezes antes de sentar
gostoso em mim. Enquanto ela quica sem dó no meu
pau, eu mamo em um peito e aperto o outro. Isabelle
fica ainda mais desejosa e algum tempo depois eu a
tenho se derramando, lambuzando o meu pau com o seu
gozo. Não lhe dou tempo para se recuperar e a tiro de
cima de mim, para colocá-la de quatro com a bunda
empinada para mim.

Dou um tapa forte em um dos lados da bunda e ela


solta um gemido baixo. E quando meto nela por trás,
empurrando o meu pau até o fundo de sua boceta ela
grita alto.

— Isso mesmo, sua safada, grita de prazer. Ah,


Bella… Você está tão linda assim… Você é minha
putinha, só minha!

— Sim, Leo, somente sua! Sou a sua putinha


safada, agora me come gostoso, vai!

Xingo uma enxurrada de palavrões e levo a mão até


o clitóris dela, tocando-a em seu ponto sensível.

— Leo, puta merda... Eu vou goz...

— Goza, minha bela dançarina. Goza e geme no


meu pau, vai!

— Mais rápido, Leo… Eu quero mais rápido! — Ela


exige, ofegante.

Seguro firme em seus quadris e meto com vontade.


Isa geme e eu mordo as suas costas suadas. Eu já estou
no meu limite, à beira do abismo. Levo a minha mão até
a sua boceta molhada e massageio o seu clitóris inchado
e pronto para outro orgasmo.
— Vem comigo, Bella! Eu preciso te sentir quando
gozar bem gostoso nessa sua boceta deliciosa.

— Ah, Leo... — Ela grita o meu nome, gozando e


lambuzando o meu pau com os seus fluidos.

Continuo estocando forte, em busca do meu próprio


alívio e ele vem quando ela aperta o meu pau com os
espasmos de sua boceta inchada e molhada.

— Ah, Bella... — Gemo rouco. — Toma porra nessa


sua boceta gostosa, amor!

A intensidade do nosso clímax é tão forte que


ambos caímos exaustos no colchão. Apoio um braço
embaixo da minha cabeça e busco o seu corpo nu e
suado com a mão livre. Neste momento, percebo que
Isabelle está um pouco tensa.

— O que foi, amor? Te machuquei? — Pergunto,


bastante preocupado.

— Não, Leo, não é nada disso. Eu… merda, Leo...


Nós esquecemos a camisinha.

Meu corpo inteiro fica gelado e o meu coração


acelera de um jeito descompassado.

— Puta merda, Isa, me desculpa. Eu fiquei tão louco


e nós estávamos tão excitados que não pensei em mais
nada.

— Você não tem que pedir desculpas, seu bobo. Eu


também deveria ter lembrado.

— Eu estou limpo, Bella, posso abrir agora mesmo


os últimos exames que chegaram na semana passada.
Estão no meu e-mail pessoal.

— Sei que você pode ficar em dúvida, por causa do


meu trabalho na boate. Mas eu te garanto que também
estou limpa! Se você quiser se sentir mais seguro, posso
refazer os meus exames assim que voltarmos para o
Brasil.

— Ei, não é para tanto. Eu acredito em você, Bella!


E quanto a prevenção de gravidez, você usa
anticoncepcional?

— É aí que está o problema, Leo. — Fico aflito, mas


tento manter a tranquilidade para que ela possa concluir
o que a está deixando nervosa. — Parei de tomar
anticoncepcional há dois meses, porque precisei fazer
um tratamento com antibióticos e como não estava com
ninguém, e nem pretendia me envolver tão cedo, optei
por interromper o uso das pílulas.

— Tá, não se preocupe. Nós podemos passar em


uma farmácia e comprar a pílula do dia seguinte. Você
se importa de tomar?

Ela nega sem titubear.

— Quando sairmos deste quarto para nos alimentar,


vamos providenciar a pílula. Não tenho preparo
financeiro e nem psicológico para ser mãe agora, Leo.
Ainda estou concluindo a minha faculdade e moro de
aluguel. Meu Deus, não quero ser mãe de ninguém, com
uma vida tão instável.

— Ei, calma, mia Bella. Nós vamos tomar mais


cuidado daqui para frente. Mas eu gostaria de pedir
algo?
— Peça, meu querido.

— Volte a tomar a pílula? Quero poder gozar dentro


da sua boceta sempre. Essa transa sem nada entre nós,
pele com pele, foi surreal de tão bom. E como estamos
oficializando um namoro, não vejo motivos para usarmos
preservativos, uma vez que não teremos outros
parceiros.

Ela se aconchega mais em mim e busca o meu


olhar.

— Quando nós voltarmos para o Brasil, vou marcar


uma consulta com a minha ginecologista e retomar o uso
da pílula. Também gostei de te sentir sem nada. Foi
delicioso, Leo!

Beijo a sua testa e inquiro baixinho:

— O que é que você está fazendo comigo, sua


feiticeira gostosa?

Isabelle ri e busca os meus lábios com os seus.


Trocamos beijos lentos e molhados e então ela fita os
meus olhos com mais intensidade, sorrindo lindamente.

— Acho que ambos somos feiticeiros então. Porque


eu não queria esse tipo de encrenca tão cedo na minha
vida, e veja o rumo que estamos seguindo.

— Encrenca? — Indago, confuso.

— Essa coisa de namorados, Leo. Eu não quero


mais ficar longe de você, também quero ser sua
namorada, mas sei que estou me metendo em uma
encrenca das grandes.
— Linda, seja mais clara, pois eu continuo sem
entender.

Isa morde o lábio e acerta um tapa forte no meu


peito.

— Você é perfeito demais, Leo. É lindo, bem-


sucedido em sua profissão e também é um pai incrível e
um filho exemplar. Tenho certeza de que em algum
momento você vai fazer uma merda grande para estragar
isso que está acontecendo entre nós dois. E quando isso
acontecer eu vou sentar na graxa e sofrer feito uma
condenada. Sabe porque?

Em meio aos risos pelas ideias loucas da mente


dela, eu nego com a cabeça.

— Vou sofrer porque você é um cretino que está me


conquistando aos poucos, me fazendo ficar apaixonada
pelo cara mais lindo e perfeito do mundo. Ai, que ódio!

Gargalho alto com o bico enorme que ela faz. Giro


os nossos corpos e fico em cima dela, usando os meus
cotovelos para amortecer o meu peso.

— Isa, mia Bella, eu jamais vou te fazer sofrer, pelo


menos não por traição. Eu não queria entrar em
relacionamento sério com ninguém neste momento,
porque sou um homem honesto e jamais traio. Posso até
te decepcionar em algum momento, mas nunca será
proposital. Me ensina a ser o homem que você gostaria
de ter como seu namorado?

— Só se você me ensinar como ganhar o seu


coração de vez.
— Eu vou te mostrar, todos os dias, como se ganha
o coração de um homem. Mas, querida, pode apostar
que o meu já está em suas mãos. — Toco a tatuagem
entre os seus seios. — Essa tatuagem foi a primeira
coisa que eu observei quando te vi dançando para mim,
pela primeira vez. E com o passar dos dias fui vendo
bem além dela. — Deslizo a ponta do dedo indicador
onde bate seu coração. — Pude enxergar o seu coração,
Bella. Pode parecer loucura, e você pode até mesmo
não acreditar no que vou te dizer, mas em muito pouco
tempo eu me apaixonei por vocês.

— Nós? — Ela enruga a testa confusa e eu me


apresso em explicar.

— Me apaixonei pela Isabelle, minha assistente


pessoal mega profissional, linda e inteligente. Mas
também me apaixonei pela Bella, a dançarina mais linda
e sensual que os meus olhos já viram. Vocês duas são
minhas razões para enlouquecer de desejo e querer, a
cada segundo.

— Ah, Leo... Você é apaixonante demais, e é todo


meu!

— Sono tutto tuo, amore mio!


Passamos a tarde trancados na suíte do hotel e a
noite saímos para jantar e comprar a pílula. Ao
retornarmos, rolou mais uma rodada de sexo sujo e
gostoso. Após um banho relaxante de banheira, nos
deitamos para dormir e Leo apagou em poucos
segundos. Eu, no entanto, estou sem sono e ansiosa
demais para esperar voltar ao Brasil para contar as
novidades para a Helô.

Neste momento são 1h da manhã aqui na Suíça e


6h no Brasil. Minha amiga vai querer me matar por estar
ligando tão cedo para ela, mas com o fuso horário eu
provavelmente não estarei acordada quando ela puder
falar.

Me aconchego na poltrona macia da varanda e


enquanto observo os edifícios ao lado e outras
paisagens noturnas que este ângulo da varanda da suíte
tem, faço a chamada para o Brasil.

— Alô? — Helô atende meio grogue, por causa do


sono.

— Oi, amiga!

— Quem é? — Ela inquire e eu rio da sua confusão


mental por causa do sono.

— Helô, acorda sua cachorra. Como assim, quem é?


Quem mais te ligaria a esta hora?
Ela leva alguns segundos para reconhecer a minha
voz e quando o faz, solta um par de palavrões baixinho,
e quando percebo que sai do quarto ela xinga mais alto.

— Puta que pariu, Isa. Porque é que você está me


ligando de madrugada? Aconteceu alguma coisa? Quer
que eu ligue para a embaixada e peça socorro para
você?

Não consigo conter uma risada alta com o drama


dela.

— Não seja tola, Helô. Está tudo bem por aqui, eu


só preciso te contar algo muito importante.

— Amiga, eu te amo muito e sempre estarei


disposta para te ouvir. Mas, cacete, Isa, não poderia
ligar mais tarde? São 6h da manhã aqui.

— E é 1h da manhã aqui, amiga. Nossa diferença de


horário não bate, quando você estiver na ativa aí eu
estarei dormindo aqui. Então eu não tive outra escolha.

— Tá legal, só vou te perdoar por isso. Agora


desembucha o que está te deixando tão ansiosa?

— O Leonardo me pediu em namoro e eu…

Não consigo terminar de falar, pois sou interrompida


pelos gritos eufóricos de Heloíse do outro lado da linha.

— Ahhhh! Mentira, amiga? Meu Deus, você deu um


chá bem dado no boy, né? Ai, que fofos!

— Eu estou feliz e ao mesmo tempo não estou,


Helô? — Confesso, após um suspiro
— Não entendi? Por que isso, Isa? Você aceitou o
pedido dele ou ainda está em dúvida?

— Eu aceitei, mas eu sinto que toda essa nossa


empolgação e felicidade vai acabar quando voltarmos
para o Brasil. Leonardo é um homem ciumento, Helô. —
Conto a ela sobre o ocorrido na reunião com o suíço. —
Tenho certeza que ele terá outros ataques de ciúmes
quando eu estiver na boate, mesmo que eu não dance
mais para outros clientes.

— Amiga, infelizmente isso é algo que vocês vão ter


que resolver, se quiserem mesmo ficar juntos. Como
você já falou que não ficará por muito mais tempo
trabalhando na boate, e que logo ficará apenas com o
emprego na empresa dele, eu acho que o boy vai
aguentar firme.

— Espero que sim, viu. Mas eu sinto que Leo e eu


ainda vamos ter alguns desentendimentos por causa
disso.

— Vai nada! Deixa de ser pessimista, e agora vá


curtir o seu homem e me deixa dormir mais um pouco.
Daqui a pouco a Aurora acorda pedindo café e ainda tem
o Ted que logo vai começar a choradeira por causa de
ração. Você viaja e me deixa com esses dois, e eu fico
doida. Beijos, Isa. Fui!

Ela não aguarda a minha despedida e desliga na


minha cara. Que vadia abusada! Fico mais um tempo na
varanda, estou tão distraída que só percebo a
aproximação do Leo quando sinto o calor de seus lábios
na curva do meu pescoço.

— Sem sono, amore mio?


— Eu adoro quando você me chama assim. Amore
mio. — Ronrono, com os pelos eriçados por causa dos
beijos dele.

— Vem, vamos para a cama e você me ouvirá te


chamar assim enquanto eu faço amor com você, la mia
bella donna.

E eu vou, entregue e completamente apaixonada por


esse homem que me conquistou em tão pouco tempo.

Puta merda, estou muito ferrada!


Um mês depois...

Estou completamente apaixonado por Isabelle


Brandão e saber que tenho os meus sentimentos
correspondidos me deixa cheio de expectativa e planos
para nós dois. Eu a quero incondicionalmente, quero-a
como minha namorada, como minha mulher e minha
melhor amiga. Além disso tudo, na nossa viagem à
Suíça, ela também mostrou que é um mulherão de
negócios e eu falei sério quando lhe disse que também a
quero como minha parceira de trabalho.
Pierre e eu estávamos tendo dificuldade em
fecharmos um acordo bom para ambos os lados, até que
Isabelle, com o meu consentimento, nos deu alguns
palpites valiosos e que foram fundamentais para
fecharmos um contrato milionário para ambas as
empresas.

As coisas entre nós aconteceram rápido demais,


intenso demais, mas é uma paixão tão voraz que não
tivemos como escapar dos nossos sentimentos. Ela é
durona, uma mulher decidida e que gosta de estar no
comando de sua vida. Está com certeza é uma das
coisas que mais admiro nela. Um mês após
oficializarmos o nosso namoro, finalmente conseguimos
organizar uma visita para ela conhecer a minha família,
em um de nossos almoços de domingos. Durante esse
tempo juntos, nunca deu certo este encontro, porque
sempre acontecia algo para atrapalhar. Hoje, no entanto,
com exceção do meu pai que já a conhece, todos os
demais irão conhecer a mulher por quem estou
totalmente apaixonado.

— É aqui que a tia Isa mora, papai? — Beatrice


pergunta, agitada e eufórica em sua cadeirinha no banco
de trás.

— É aqui sim, minha preciosa. Vou ligar para ela


descer com a Aurora.

— A Aurora é muito bonita, papai. — Diz Vincenzo,


também agitado em sua cadeirinha.

— O Vince tá apaixonado pela Aurora, papai. — Bia


entrega e o irmão fecha a cara na hora.

— Não tô, não! — Ele cruza os braços na altura do


peito e faz um bico tão grande que eu não consigo
conter o riso. Meu filho bufa ainda mais nervoso. —
Meninas são chatas.

— Com quem será? Com quem será que o Vince vai


casar? Vai depender, vai depender se a Aurora vai
querer. — Bia cantarola, só para irritar ainda mais o
irmão.

Meu filho está prestes a perder a paciência com a


irmã e para evitar que eles comecem uma briga eu os
interrompo.

— Chega! — Ralho com um tom de voz mais firme e


os dois se calam. — Bia, para de chatear o seu irmão
com essas brincadeiras. Ele não gosta e você tem que
respeitar! Vince, não precisa ficar tão chateado. Vocês
são crianças e este tipo de assunto nem deveria
acontecer entre vocês. Daqui a pouco a Aurora vai
sentar aí atrás com vocês e os três irão brincar muito na
casa dos seus avós. Combinado?

— Combinado, papai. — Eles respondem em


sincronia.

Quando a Isa finalmente atende o telefone ela me


pede para ir até o seu apartamento, pois ainda está
terminando de se arrumar. Tiro as crianças da cadeirinha
e seguimos até o portão de entrada do conjunto de
prédios habitacionais. Cumprimento alguns rapazes
sentados na calçada e eles apenas assentem com um
aceno de cabeça. O portão não é trancado, então
entramos com facilidade.

O lugar é bem simples, mas tudo muito organizado e


limpo. Sigo as orientações de Isabelle e entro no bloco
que ela mora. As crianças e eu subimos dois lances de
escadas e finalmente chegamos ao andar dela. Ao tocar
a campainha, um latido de cachorro chama a atenção
dos gêmeos. E quando a porta é aberta pela amiga de
Isabelle, um cachorrinho de pelos brancos e dourados
late com toda a força que tem em seus pulmões.

— Ah, que fofinho… — Beatrice se ajoelha e sem


pensar duas vezes começa a fazer carinho no bichinho.
Meu filho acompanha a irmã e logo Aurora se junta a
eles.

— Bia, Vince, este é o Ted. — Aurora apresenta o


bichinho, que agora está tão eufórico com tanta atenção
que lambe as crianças e balança o rabo freneticamente.

— Olá! — Cumprimento a moça parada na porta.

— Oi, Leonardo. A Isa já está quase pronta, entre,


por favor.

Ela me guia até o sofá da pequena sala e neste


momento o cachorrinho parece notar a minha presença,
pois ignora as crianças e corre em minha direção,
latindo e me cheirando.

Afago a cabeça dele com um cafuné e o bichinho


lambe a minha mão.

— Ted, deixe as visitas em paz. — Heloíse chama a


atenção do animal.

— Deixa ele, o bichinho só está feliz. — Defendo


Ted.

— Mamãe, posso levar os meus amigos para brincar


no balanço do parquinho enquanto a dinda se arruma?
— Pergunta Aurora.
Heloíse busca o meu olhar em busca da minha
autorização em relação aos meus filhos.

— Onde é o parque? — Indago.

— Não se preocupe, é aqui dentro. Fica lá embaixo,


entre dois blocos de prédios.

Fico tenso ao me lembrar que o portão de entrada


não é trancado. Então decido ser sincero.

— Desculpe, Heloíse, mas eu não acho que seja


seguro deixar as crianças sozinhas lá embaixo. O portão
de entrada não tem trancas.

A mulher me lança um sorriso amarelo ao concordar


e entender a minha preocupação.

— Eu sempre deixo a Aurora brincar lá, porque aqui


todo mundo se conhece. Além disso, a janela da sala da
minha mãe é virada direto para o parque e ela sempre
dá uma olhada quando sabe que a neta está lá.

— Certo. E você pode me confirmar se tem outras


entradas ou saídas?

— Não. Apenas o portão por onde vocês entraram.

Saco o meu celular do bolso e ligo para o meu


segurança, que está no carro estacionado atrás do meu.

— Pronto, chefe. — Ele atende ao primeiro toque.

— Saulo, não tire os olhos do portão de entrada por


onde eu passei com as crianças. Meus filhos irão brincar
no parquinho que tem aqui dentro e diante de qualquer
movimentação suspeita eu quero que você invada o
conjunto.

— Entendido, patrão. Se o senhor quiser eu também


posso entrar e monitorar as crianças enquanto elas
brincam.

— Não é necessário, Saulo, apenas fique de olho na


entrada e saída do portão. — Encerro a chamada e olho
para as crianças. — Podem ir brincar um pouco, daqui a
pouco eu desço com a Isabelle para buscar vocês.

— Eba! — Os três pulam de alegria e o cachorro


late animadamente, balançando o rabo tão eufórico
quanto as crianças.

Heloíse segura o bichinho quando ele tenta passar


pela porta com as crianças e o doguinho me olha com
um certo desapontamento. Quando a sala fica vazia sem
o tumulto que os três seres em desenvolvimento
estavam causando, a mulher coloca o cachorrinho
novamente no chão.

— Ei, amigão... Acabou a sua farra, hein?

Ele sobe no sofá e se deita ao meu lado.

— Esse pequeno traidor gostou de você. — Diz


Heloíse, estreitando os olhos. — Qualquer pessoa
consegue roubar o Ted.

— Você também está tentando roubar o coração do


meu cachorro, Leo? — A voz brincalhona de Isabelle
irrompe o cômodo quando ela chega toda linda em um
vestido florido de alças finas e uma rasteirinha nos pés.
Ela está tão cheirosa que a sala inteira fica perfumada
em questão de segundos.
Me levanto do sofá e vou ao encontro dela, e sem
me importar por não estarmos sozinhos enlaço a sua
cintura e a puxo para um beijo lento e demorado.
Saboreio a sua língua e ela envolve os braços em volta
do meu pescoço.

— Tá legal, tá legal… Tô caindo fora porque eu não


mereço ser vela de ninguém. — Ainda aos beijos, rimos
da amiga dela. — Vem, Ted, vamos esperar esses dois
devassos lá no parquinho, junto com as crianças.

Quando percebo que estamos a sós, prenso o corpo


de Isabelle contra a parede e devoro a sua boca com
gana e desejo. Ela geme quando deixo a sua boca e
mordo o lóbulo da sua orelha.

— Porra, você está tão gostosa com esse vestido,


mia Bella.

Ela morde o meu lábio e espalma as mãos em meu


peito para me afastar.

— Calma aí, seu safado! Nós já estamos de saída,


não vamos deixar a sua família esperando.

Volto a atacar o seu pescoço com beijos e ela fica


toda arrepiada.

— As crianças estão no parquinho com a sua amiga


e a minha família pode esperar. Vamos ali no seu quarto,
Bella? Só uma rapidinha, amor.

Bella ri e leva a mão até o meu pau duro e o aperta


por cima da calça.

— Deixa de ser safado, Leo. Nós não vamos deixar


todos nos esperando enquanto fazemos safadezas. —
Ela fica na ponta do pé e sussurra em meu ouvido. — Te
garanto que a noite você terá um bônus e valerá a pena
a espera.

— Ai, caralho… — Gemo rouco, ainda mais excitado


quando ela massageia o meu pau. — Você vai acabar me
matando, Bella.

— Sim, meu bem. Vou te matar de prazer!

Mordo o seu ombro e dou um tapa em sua bunda


quando ela se afasta para pegar a bolsa em cima do
sofá.

— Vamos logo, ou eu vou acabar te arrastando para


o seu quarto e te convencendo que sozinhos somos mais
perfeitos do que com plateia.

Após pegarmos as crianças no parquinho do


conjunto habitacional e nos despedirmos de Heloíse,
seguimos direto para a casa dos meus pais, onde todos
já nos aguarda para o almoço e para conhecerem a
minha namorada. Assim que estaciono o carro na
garagem, Aurora e os gêmeos descem do carro e saem
disparados para o interior da mansão dos meus pais,
sendo recebidos pela minha sobrinha e pela minha mãe.

— Meus bebês... — Mamãe murmura toda boba ao


abraçar os gêmeos.

— Vovó, esta é a Aurora. A namorada do papai é


dinda dela e agora ela é nossa amiga também. — Bia faz
as apresentações.

— Ah, meu Deus… Como você é linda, Aurora! —


Minha mãe beija a testa da menina e ela agradece, toda
meiga.
Desde quando comecei a namorar Isabelle, ela e a
Aurora passaram a frequentar a minha casa,
principalmente nos finais de semana que estou com os
gêmeos. Assim, as crianças estão bem próximas e cada
vez mais íntimas. Meus filhos ficaram felizes quando
contei para eles que estava namorando e isso me
tranquilizou muito. Não ficaria em paz se eles não
estivessem bem com a minha situação.

Após cumprimentar a mim e a Isabelle com beijos


no rosto, minha sobrinha, Bia e Aurora seguem na
direção do jardim, onde o meu irmão e a minha cunhada
estão conversando com o meu pai.

— Vovó, elas tem um cachorrinho fofo. — Diz meu


filho, com o olhar pidão para a avó. — Eu queria um
cachorrinho também.

— Hum, podemos ver isso em outro momento? A


vovó promete que vai tentar te ajudar com essa missão.
Agora vá brincar com as outras crianças, porque eu
ainda tenho que conhecer a minha nora.

Vince se empolga com a possibilidade de ter um


cachorro e segue as demais crianças. Minha mãe se
aproxima, nos cumprimentando com um beijo e um
abraço carinhoso e em seguida eu apresento Isabelle
para ela.

— Minha nossa, menina, você é muito bonita! —


Mamãe a puxa para um abraço. — Seja muito bem-vinda
a nossa família. É um prazer te conhecer, Isabelle! Meu
marido falou muito bem de você quando te escolheu
para o cargo de assistente do Leo. Além de linda, é
muito inteligente.
Isa fica levemente corada e tímida com a enxurrada
de elogios vindos da minha mãe.

— Obrigada, dona Vittoria. Para mim é uma honra


conhecer a senhora, e principalmente estar aqui no dia
de hoje. Espero que a minha afilhada e eu não sejamos
um incômodo.

— Nunca! Ela é uma gracinha e já se enturmou com


os meus netos. Vocês sempre serão muito bem-vindas à
minha casa. Agora vem, vou te apresentar ao meu filho e
a minha outra nora.

— Isabelle, seja muito bem-vinda à nossa casa. —


Meu pai é o primeiro a cumprimentá-la. — Como você
tem passado, minha querida? Tudo bem?

— Oi, senhor Tommaso. Eu estou bem sim,


obrigada.

— O safado do meu filho te seduziu, não foi? Pelo


menos posso dizer com todo orgulho que criei homens
de bom caráter e que não iludem garotas por aí. Meus
filhos são homens apaixonados, assim como eu. Você
está em boas mãos, minha filha.

— Quê isso, pai? O Léo era um puto de primeira


linha até alguns meses atrás. — Meu irmão rebate e
ganha um tapa da nossa mãe.

— Para com isso, Giovanni. O que Isabelle vai


pensar do seu irmão?

— Amor. Menos, por favor. — A mulher dele também


chama a sua atenção.
— Eu estou brincando! — Giovanni puxa Isabelle
para um abraço. — Meu irmão é um cara do bem e
enquanto vocês andarem juntos ele sempre vai te
respeitar. Nós, Ricci, somos homens extremamente fiéis.
Seja bem-vinda a nossa família, Isabelle!

Após as apresentações, Isa se derrete toda pelos


gêmeos do meu irmão e os bebês a adoraram. Seguimos
conversando e aproveitando o momento íntimo em
família, quando de repente Isabelle fica pálida demais e
passa mal.

— Isa? O que você está sentindo? — Inquiro


preocupado e ela arregala os olhos ao tentar dizer algo,
mas a inconsciência vem antes e ela desmaia nos meus
braços.
O cheiro forte de produtos químicos misturado com
limpeza, me fazem perceber, antes mesmo de abrir os
olhos, que estou em um hospital. Ao tomar consciência
de onde estou, abro os olhos e vejo o Leonardo
cabisbaixo, sentado em uma poltrona reclinável. Me
apavoro ao olhar pela janela e ver que já é quase noite.

— Meu Deus, o que foi que aconteceu comigo? —


Inquiro rouca, e ele pula da cadeira quando me vê
acordada.
— Graças a Deus você acordou, amor. Eu já estava
entrando em desespero aqui.

— Leo, já é quase noite. Eu fiquei esse tempo todo


apagada? E cadê a Aurora?

— Calma, Isa, ela está na casa dos meus pais com


Vincenzo e Beatrice. Eu liguei para a sua amiga e
informei o que tinha acontecido, aproveitei para
perguntar se ela me autorizava a deixar Aurora aos
cuidados da minha mãe, pois as crianças ficaram bem
assustadas e a minha mãe estava acalmando e
distraindo elas junto com a minha cunhada.

— Ah, sim. Coitadinhas das crianças, devem ter se


apavorado.

— Ficaram bem assustadas mesmo, mas eu garanti


que você iria ficar bem e que logo voltaríamos. Meu pai
e o meu irmão estão lá fora, na recepção. Como você
está se sentindo, amor?

— Não sei, Leo. Está tudo muito estranho, estou


com náusea e a minha cabeça está doendo muito.

— Vou chamar o médico. — Leo aperta o botão de


ajuda ao lado da cama, mas os seus olhos permanecem
firmes nos meus. — Você ainda está um pouco pálida.
Estou muito preocupado com você, Isa.

— Eu vou ficar bem, Leo, só preciso de um remédio


para a dor de cabeça.

— O médico que te atendeu na emergência


comentou algo sobre a sua pressão arterial está
alterada, deve ser por isso a dor de cabeça.
Neste momento um médico entra no quarto,
interrompendo a nossa conversa. O pai e o irmão dele
entram juntos e eu fico sem saber o que dizer para eles.

— Olá, Isabelle. Que bom que você acordou! — Diz


o médico, segurando uma prancheta com alguns papéis.
— Como você está se sentindo?

— Ela falou que a cabeça está doendo muito,


doutor. — Leo responde por mim e o seu pai chama a
sua atenção.

— Leo, deixe ela falar e explicar ao médico o que


está sentindo. Assim ficará mais fácil a avaliação dele.

O médico sorri e agradece ao meu sogro com um


aceno de cabeça, em seguida volta a sua atenção para
mim.

— Deixa eu aferir a sua pressão. — Estico o braço


para ele realizar o procedimento e alguns segundos
depois consigo ver preocupação nos olhos do
profissional da saúde.

— Está muito alta, doutor?

— Na verdade, está sim. Você tem histórico de


hipertensão na família?

— Meu pai é hipertenso.

— E você já teve outros picos de pressão, ou esta é


a primeira vez?

— Minha pressão sempre foi estável, doutor. Nunca


tive pressão alta.
— Certo, então neste caso vou precisar de
encaminhar para um profissional de alto risco.

— Alto risco? — Leo e eu perguntamos juntos.

— Quando você entrou com a pressão alta demais e


sem consciência fizemos vários exames, inclusive o
BETA HCG, mesmo o seu namorado afirmando que
vocês se previnem contra gravidez. No entanto, seu
exame voltou positivo e você está grávida de quatro
semanas.

Um silêncio crucial tomou conta do quarto, até


mesmo o médico se calou para nos dar tempo para
processar a informação.

— Caramba. Do susto à festa! — Diz Giovanni, o


único que não ficou realmente chocado no quarto.

Busco o olhar do Leo e não consigo decifrar a sua


feição neste momento. Ele parece congelado, assim
como eu. Mesmo assim, o meu namorado dá alguns
passos e para ao meu lado, segura minha mão com força
e encara o médico.

— Tem certeza disso, doutor?

— Sim. O BETA HCG é um exame muito confiável.

Leo me olha e sorri, e agora eu vejo o brilho voltar


para os seus olhos.

— Grávida. Bella, la mia bella donna. Vamos ter um


bambino!

— Eu… eu não posso estar grávida... Meu Deus, eu


não sei cuidar nem de mim.
— Você vai tirar de letra, amor. — Leo murmura,
beijando a minha testa com carinho. — Tenho certeza
que você será uma ótima mãe.

— Parabéns, meus filhos! — O pai dele é o primeiro


a nos parabenizar, seguido por Giovanni.

— Parabéns, casal. A minha mãe vai ficar maluca


de felicidade quando souber que será nonna outra vez.

— Bem, eu já vou deixar vocês a sós para


comemorarem este momento com mais privacidade. Mas
antes eu preciso passar algumas informações
importantes para a mamãe e o papai do bebê surpresa.
— O médico diz brincalhão, mas olha firme para mim. —
Infelizmente tudo indica que a sua gravidez será de alto
risco, com grande probabilidade de desenvolver uma
pré-eclâmpsia. Vou te encaminhar para a melhor
obstetra que temos na maternidade do nosso hospital,
ela só atende casos complexos como o seu. A Dra.
Fernanda Nogueira é uma obstetra de referência no
Brasil e no mundo, e já participou de congressos
importantíssimos para o aperfeiçoamento e novas
pesquisas sobre prevenção e salvamento de vidas de
mãe e bebê. Vi que o seu plano de saúde é
coparticipação, neste caso você paga apenas uma
pequena porcentagem de cada consulta, bem como o
procedimento do parto.

Eu ainda estou tentando processar a informação de


que estou gerando uma vida, e por isso não consigo
abrir a boca para perguntar ou falar qualquer coisa. Leo
percebe e toma a frente de tudo.

— Esta é a melhor médica que você tem para


indicar, doutor? Porque eu não aceito menos que isso.
Minha mulher e o meu bebê terão os melhores
tratamentos possíveis. Não me importa os valores, só
quero garantir o melhor acompanhamento para a
Isabelle e o bebê.

— Claro, senhor Leonardo. Eu imaginei que seria


assim, por isso mesmo vou encaminhar Isabelle para a
Dra. Fernanda. Tenho certeza que vocês vão gostar
dela. Por hora, vou aumentar a dosagem do remédio
para dor de cabeça e prescrever o remédio para controle
de pressão arterial. Também recomendo que comprem
um medidor para controlar a pressão dela em casa,
aferindo pelo menos 3 vezes ao dia. O que aconteceu
hoje é preocupante demais. Como a gravidez ainda estar
bem no início o risco de aborto, neste tipo de situação é
bem grande.

— Meu Deus... — Sussurro, assustada com tanta


informação ao mesmo tempo.

— Eu vou cuidar dela, doutor. — Diz Leo, me


olhando com um sorriso sincero. — Eu vou cuidar de
você, Bella. — Leo toca a minha barriga por cima do
lençol do hospital. — Vou cuidar de vocês dois!

— Nós vamos cuidar de vocês. — O pai dele


emenda, emocionado. — Mio nipote nascerà forte e
saudável!

— O que? — Pergunto sem entender totalmente o


que ele disse.

— Ele falou que o neto dele vai nascer forte e


saudável. — Giovanni traduz, também emocionado. —
Os Ricci são fortes, Isabelle. Este bebê que você está
gerando virá ao mundo chorando a plenos pulmões, só
para mostrar para quem quiser ver, o quanto ele é forte
feito um touro.
Acabo rindo do meu cunhado, porque acabo de
perceber que ele tem um jeito leve de contornar as
situações mais controversas da vida.

— Vou te dar um atestado de 7 dias, para você


repousar bem antes de voltar ao trabalho. Mas já
adianto que mesmo sendo um trabalho tranquilo, você
terá que evitar o máximo de aborrecimentos possíveis.

O médico explica e prescreve um aumento na


dosagem do meu remédio, e antes de sair do quarto ele
também informa que logo uma enfermeira virá ministrar
a medicação.

— Parece que eu estou dentro de um pesadelo. —


Murmuro desorientada e com uma baita dor de cabeça.

— Tudo vai ficar bem, Isa. Eu vou cuidar de você, a


começar deste momento. Você não vai precisar se
esforçar e trabalhar tanto, pode sair da boate e ficar
somente na DonRicci, assim não fará tanto esforço.

— Eu não vou mudar a minha rotina e viver às suas


custas, só porque vamos ter um filho. Ouça bem, Leo.
Eu não quero e não aceito este tipo de condição. Gosto
da minha independência financeira e não abro mão dela.

— E eu por acaso estou pedindo para você parar de


trabalhar e viver às minhas custas? Você está se
ouvindo, Isa?

— Não. Mas você está querendo tomar decisões por


mim, quando decide em qual emprego eu devo ficar. É
claro que eu sei que a boate já não é mais a melhor
escolha, mas quem decide se vou ficar ou não, sou eu.
— Pessoal, vamos nos acalmar! — O pai dele tenta
intervir. — Leo, a menina acabou de passar por um
desmaio e a pressão está alta. Deixem para resolver
esse assunto em outro momento. Eu não faço ideia do
que vocês estão falando, não sei de que caralho de
boate estão falando, mas sei que ficarem discutindo isso
agora não vai ajudar em nada e ainda pode fazer mal
tanto para Isabelle quanto para o bebê.

— Merda! — Leo ralha, nervoso. — Eu aceitei muita


coisa, Isa. Mas não vou admitir a mãe do meu filho
servindo mesas em uma boate repleta de cretinos ricos,
tarados e sem escrúpulos.

— Você não pode estar falando sério, Leo.

— Cazzo. — O pai dele xinga, sem paciência e eu


decido jogar tudo no ventilador.

— Meu primeiro encontro com o seu filho foi na


boate onde eu trabalho como dançarina e atendente de
mesas. Eu não sabia quem ele era, até o dia que fomos
apresentados na empresa. As coisas foram acontecendo
aos poucos, até estarmos tão envolvidos que já não
lutávamos contra o desejo e o sentimento.

Conto tudo em detalhe, sendo ouvida atentamente


pelo pai e o irmão do Leo. Quando termino de falar
estou zonza e com a cabeça doendo ainda mais, mas me
sentindo leve por não guardar segredos.

— Giovanni e eu vamos embora, e vocês dois vão


se acalmar e deixar este assunto para outra hora. Com a
cabeça quente nenhum dos dois vai chegar a nada.

Giovanni e o senhor Tommaso se despedem e se


vão, e quando ficamos a sós, Leonardo puxa uma
cadeira e se senta ao meu lado.

— Me perdoa, Isa. Eu não quero te chatear e muito


menos mandar na sua vida. Nem deveria ter tocado
neste assunto agora. Fica calma, tá bom? Vamos pensar
neste bebezinho aí dentro.

A enfermeira entra e coloca a medicação, e logo se


retira novamente. Solto um suspiro, cansada e
desanimada quando a mulher informa que o médico só
vai me dar alta amanhã, pois eles querem monitorar a
minha pressão esta noite.

— Tudo bem, Leo. Vamos ter tempo para falar sobre


isso. Você pode ir para casa e descansar. — Dou de
ombros, entediada. — Só vou sair daqui amanhã mesmo.

— Eu só saio deste hospital com você, Isa! Fizemos


este bebê juntos e vamos passar por tudo juntos. Com o
passar dos meses você verá que eu não sou um
moleque. Vou ligar para a sua amiga e perguntar que
horas os meus pais podem levar a Aurora para ela.
Depois você vai ligar para os seus pais e convidá-los
para vir à capital, se aceitarem mandarei um jatinho
particular para buscá-los. Se eles não quiserem vir,
vamos esperar você se recuperar e ter liberação da
obstetra para voar e vamos até eles. Eu quero falar com
o seu pai e a sua mãe, deixá-los tranquilos quanto ao
homem que engravidou a filha deles.

Solto uma lufada de ar, me sentindo derrotada e


frágil demais diante do homem por quem estou
apaixonada.

— Neste momento eu estou com vontade de sentar


no seu colo, mas também estou com vontade de apertar
o seu pescoço até ver a vida saindo pelos seus olhos.
Quase rio quando ele arregala os olhos assustado,
e ao mesmo tempo como se tivesse caído a ficha que
está tão ferrado quanto eu.

— Caralho, vou passar por tudo outra vez...

— Está falando do quê? — Indago, confusa.

— Estou falando dos hormônios malucos que


possuem as mulheres quando estão grávidas. Vocês
sentem ódio e amor na mesma proporção e isso é
assustador pra caralho. A única coisa boa são os
hormônios da safadeza e espero que este venha logo.
Assim posso aproveitar um pouco da nossa gestação,
amore mio.

— Meu Deus, Leo, você não presta! Não consigo


nem sentir raiva porque você simplesmente me corta
com uma dessa. — Soco o ombro dele e o engraçadinho
finge estar sentindo dor.

— Ai, ai. Você está muito violenta, amor.

— Vai se foder, Leo! Eu estou à beira de um surto.

— Pode surtar, amor, eu estou aqui para te acalmar.


Pode até me bater, se você quiser. — Ele levanta o
lençol e depois o meu vestido, toca a minha barriga e
beija. Com os lábios bem perto do meu abdômen
Leonardo sussurra: — Ei, bebê... Você foi uma surpresa
e tanto, mas olha, eu já estou acostumado com este tipo
de surpresa. Seus irmãos também chegaram no susto,
mas isso não me impediu de amá-los
incondicionalmente. O mesmo vai acontecer com você,
eu vou te amar e te proteger com a minha própria vida,
se for preciso. Você tem uma mãe brava, isso é um
pouco complicado, mas eu vou te defender sempre que
ela quiser brigar com você. Você será sempre o meu
bebezinho.

Merda! Como odiar esse homem?


Faz duas semanas que descobri a minha gravidez,
duas semanas de enjoos matinais e tonturas intensas.
Não houve mais desmaios e eu sigo à risca todas as
recomendações dos médicos.

Semana passada, dias depois que recebi alta tive a


minha primeira consulta de pré-natal com a doutora
Fernanda e nos demos bem logo de início. A mulher é
bem positiva e passa muita confiança.

Me emocionei quando ouvi o coraçãozinho do meu


bebê batendo tão forte e o Leo não disfarçou o alívio ao
descobrir que desta vez será uma gravidez de apenas
um bebê e confesso que eu também fiquei aliviada. É
claro que se fossem gêmeos seriam amados
incondicionalmente, mas um só já está de bom tamanho.

Minha pressão arterial foi controlada e eu já voltei


ao trabalho. Hoje é sexta-feira e marcamos uma social
em um pub na avenida paulista, para fazermos a
despedida do Nick. Meu amigo teve alguns imprevistos
com a documentação e atrasou a sua ida para a
Inglaterra. Agora, com tudo certo, seu voo está marcado
para a próxima segunda-feira, e hoje vamos nos
despedir como manda o figurino. Heloíse conseguiu uma
folga do trabalho e os seus pais irão ficar com a Aurora,
sendo assim a minha amiga também estará junto na
despedida do irmão.

— Você está tão linda, Isa. Vai ficar ainda mais


bonita quando estiver com o barrigão. — Helô elogia
enquanto me ajuda a fechar o zíper do meu vestido, que
pega toda a lateral do meu corpo. A peça é bem justa,
marcando todas as minhas curvas. — Eu ainda não
acredito que você vai ser mamãe. E olha, nosso bebê vai
ser perfeito demais, vindo de um pai gato e uma mãe
ainda mais gata.

— De filhos bonitos nós entendemos, não é, amiga.


Você caprichou na nossa princesinha.

— Ah, sou muito suspeita para falar, mas a Aurora é


a criança mais linda do universo, né amiga?

— Ela é sim. É a nossa princesinha! E agora


também estou apaixonada por Vincenzo e Beatrice.
Aquelas crianças me conquistaram de um jeito que não
consigo explicar, amiga. São tão fofos e carinhosos.
Você tinha que ter visto a festa que fizeram quando
souberam que teriam mais um irmãozinho. A mãe deles
também está grávida e ao que parece vamos ter bebês
com poucos meses de diferença.

— Você não sente nem um pouquinho de ciúmes


dela, Isa? — Minha amiga pergunta, mordendo o lábio
de curiosidade.

— Eu pensei que teria ciúmes, mas eu vi a forma


como eles interagem, Helô. Entre eles só restou uma
linda amizade. A mulher já está em outra e o Leo vem
mostrando a cada dia o quanto está apaixonado por
mim.

Há dois dias, quando Leo pegou os filhos para


darmos uma volta, ao voltarmos para devolvê-los a mãe
eu pude ver a interação entre eles. Quem dera se todos
os casais que se separassem tivessem respeito e
maturidade para manter contato de forma amigável,
como Leonardo e Morgana tem. A mulher foi super
simpática comigo e eu adorei a vibe positiva dela.

Meu telefone toca em cima da cama e vejo que é


Leonardo, avisando que já está nos aguardando em
frente ao prédio. Heloíse dá uma última conferida no
próprio visual e eu assobio.

— Que gata! Acho que hoje você vai deixar muitos


gatinhos babando por onde passar. Está lindíssima,
amiga!

— Olha, Isa, se eu encontrar um boy gostoso pra


tirar o meu atraso já estou no lucro. Mas tem que ser
lindo e que fode bem.

— Vamos ver o que a noite tem para você, sua


maravilhosa. Linda do jeito que está, não vai faltar
pretendentes. Mais tarde, se você ainda estiver sozinha,
vamos te deixar em casa antes de seguirmos para a
casa do Leo.

— Porque você não se muda de vez para a mansão


do seu boy, hein?

— Está me expulsando do nosso apartamento, sua


amiga ingrata?

— Jamais! Você sabe que junto com a Aurora somos


o trio perfeito. Mas é que você e o Leo estão tão
grudados que poderiam juntar as escovas de vez. —
Nosso cachorrinho late quando chegamos na sala. — Só
não podem levar o Ted, ou vamos ter que travar uma
briga pela guarda desse comilão.

— O meu gordinho sempre será nosso, Helô. Nem


que tenhamos que fazer guarda compartilhada. — Faço
um carinho na cabeça peluda de Ted. Até logo, bolotinha
da mamãe. Se comporta e cuida da nossa princesinha
nos dias em que eu estiver fora.

Este fim de semana vou dormir na casa do Leo e às


seis da manhã do domingo vamos pegar estrada até a
casa dos meus pais.

Quando liguei para casa e contei sobre a minha


gravidez, eles logo se preocuparam, principalmente
quando souberam que eu estava no hospital, após
passar mal. Leonardo os tranquilizou e disse que estava
cuidando de mim. Em seguida sugeriu que eles viessem
para a capital, mas as coisas na padaria estava uma
loucura e então deixamos combinado que Leonardo e eu
iríamos até eles, quando eu estivesse melhor.
Algumas coisas minhas de uso pessoal já estão na
casa do meu namorado desde ontem, assim sempre que
eu preciso de alto já está lá. Domingo de manhã vou
passar aqui apenas para pegar mais alguns itens e
também para buscar a Aurora.

Leo insistiu muito para nós irmos em seu jatinho


monomotor, mas eu bati o pé que queria ir de carro, pois
tenho medo e não nego, de andar nesses monomotores.
Avião eu encaro, mas helicóptero com apenas um motor
eu não encaro mesmo. Será uma ida rápida até o
interior, pois a empresa está com vários contratos novos
e não podemos nos afastar por um longo período. As
crianças irão conosco e isso inclui a minha afilhadinha
linda. Para elas será uma aventura de algumas horas de
estrada e chegando lá vão poder brincar soltas com a
minha sobrinha.

Leonardo nos aguarda encostado na lataria do seu


carro de luxo e logo atrás dele está o seu fiel segurança,
encostado no outro veículo, também de luxo. Leo está
lindo usando uma camisa polo e uma bermuda de marca,
o cabelo alinhado e a barba perfeitamente aparada.

— Boa noite, meninas! — Ele cumprimenta Heloíse


e em seguida me puxa para os seus braços e nos
beijamos antes de entrarmos no carro.

— Esta noite você está especialmente mais linda,


mia bella donna.

— Você também está lindo, amore mio! — Arrisco o


meu básico de italiano e ele volta a me beijar.

Helô se acomoda no banco de trás e eu me sento no


banco do carona, ao lado do meu namorado.
— Meninas, tomei a liberdade de chamar o meu
melhor amigo para se juntar a nós esta noite. Espero
que vocês não se importem.

— Por mim está tudo bem. — Diz Helô, empolgada


com a música animada que toca no rádio. — Quero
mesmo é aproveitar a minha noite de folga.

— Você vai gostar do Theo, amiga. Ele é bem


simpático e brincalhão. — Leo me olha de canto de olho,
fingindo ciúmes e eu sorrio do seu fingimento.

— O Nick vai direto para lá? — Meu namorado


indaga, ao colocar o carro em movimento.

— Tem uns quinze minutos que ele mandou uma


mensagem informando que já estava chegando no pub.
— Heloíse responde e Leo assente, concentrado no
trânsito.

Quarenta minutos após sairmos do meu bairro,


chegamos a avenida paulista e minutos depois entramos
no Pub mais badalado da região, após o Leo entregar a
chave para o serviço de valet.

Após verificar os nossos nomes na lista de reserva,


a hostess nos leva até a mesa onde Nicolas já nos
aguarda.

— Uau… Olha elas como estão gatinhas! — Nick


assobia, ao nos cumprimentar.

— Você também está um arraso, migo. — Digo a ele


com sinceridade e meu amigo fica todo pomposo.

— Oi, Leonardo. — Nick estende a mão para


cumprimentar o meu namorado. — Mesmo você não
sendo mais o meu chefe, eu ainda fico encabulado na
hora de falar com você.

— Um dia você vai ter que se acostumar comigo,


Nick, já que vai ser o padrinho do meu bebê. — Leo
rebate e Nick sorri sem graça.

— Vou ter o compadre mais gato do universo! Eu


acho que posso superar isso...

Gargalhamos com a cara de pau do meu amigo.


Minutos depois, Theo chega para completar a algazarra
na mesa.

— Boa noite, pessoal! — Cumprimenta-nos.

— Chegou o último dos devassos. — Leo recebe o


amigo com tapinhas no ombro. — Pessoal, este é o meu
amigo, Theodoro Coller. Theo, te apresento os amigos
da Isa, os irmãos gêmeos Nicolas e Heloíse.

— É um prazer conhecer vocês. — Diz Theo,


demorando o olhar em Heloíse.

Isso não vai prestar...

Nossa mesa é servida com dois drinks sem álcool


para o Leo e eu e bebidas alcoólicas para Theo, Helô e
Nick, pois não irão dirigir. Após algumas rodadas de
bebida, sou surpreendida quando o maître se aproxima
da nossa mesa com uma bandeja e dentro dela há um
pedido de casamento feito com gotas de chocolate nas
bordas, e no centro do prato há uma caixinha de veludo
com um par de aliança.

Ele entrega o prato diretamente para mim e Leo se


ajoelha sem tirar os olhos dos meus. Olho para os meus
amigos na mesa, olho rapidamente para as pessoas nas
mesas ao lado e todos estão concentrados em mim e no
que se desenrola diante dos olhos deles.

— Isa, mia Bella... Eu sei que tudo aconteceu rápido


e que você pode me achar um maluco de pedra. No
entanto, tem uma coisa que eu quero que você saiba. Eu
não estou apaixonado por você, Isabelle. Eu estou te
amando! Eu te amo, minha bela dançarina. Por isso,
aqui, de joelhos e com todas estas pessoas como
testemunhas, eu quero saber se você me daria a honra
de aceitar se casar comigo e ser a mulher da minha vida
para sempre.

— Leo... Eu... — Fico alguns instantes sem


conseguir falar nada e Leonardo continua com as suas
declarações.

— Eu nunca amei ninguém, Isa. Já gostei, já me


apaixonei, mas você, minha linda, é a primeira e com
certeza será a única a quem estou amando
verdadeiramente. O amor quando é verdadeiro, ele é
único. Eu te amo, Isabelle! Amo muito.

Parece que estou dentro de um sonho e estou


amando cada detalhe dele. Finalmente as palavras saem
da minha boca.

— Eu também te amo, Leo! Não me pergunte em


que momento isso aconteceu, porque eu também não
sei. Talvez eu te ame desde o primeiro encontro e só
demorei um pouco para perceber. Só sei que te amo
demais.

— Então aceita o meu pedido e venha ser a dona da


minha vida, amore mio.
— Eu aceito, Leo! Ah, eu aceito me casar com você!

Uma explosão de aplausos toma conta de todo o


pub e enquanto Leo me beija apaixonado, todos riem
com o comentário do melhor amigo dele.

— Meleca…. Mais um soldado abatido!

Após o pedido de casamento, Leo e eu ficamos


numa melação só. Nick faz amizade com um boy e
ambos se dão tão bem que passam boa parte da noite
juntos, bebendo e conversando em uma mesa mais
reservada. Theo e Heloíse também engatam em uma
conversa animada e de vez em quando se levantam para
dançar ou conversar do lado de fora.

Leo e eu estamos sozinhos na mesa quando


aproximo a boca do ouvido do meu noivo e digo em voz
alta para que ele possa me ouvir mesmo com a música
altíssima do Pub.

— Eu pedi demissão da boate! A partir de hoje sou


uma mulher de um único emprego.

— Você é perfeita, Isabelle! Obrigado por ser tão


compreensiva. Eu não quero que você se preocupe com
nada, se concentre apenas em você e no nosso bebê e
na família linda que nós vamos construir. — Murmura,
empolgado.

— Ei, eu ainda quero o meu emprego e a minha


independência financeira. — Digo, bem séria.

— E quem disse que você ficará sem emprego?


Logo você será a senhora Ricci e com toda a elegância
e inteligência que você tem, juntos vamos crescer e
enriquecer cada vez mais a DonRicci.
— Você confia em mim tanto assim, Leo? —
Pergunto, verdadeiramente emocionada.

— Eu confio em você desde o primeiro momento que


pus os meus olhos em você, Isa. Eu te amo, amore mio!

— Eu também te amo, Leo! Muito.

Nos perdemos em beijos e amassos e então


decidimos que está na hora de ir embora e apagar o
nosso fogo do nosso jeito, na intimidade do quarto dele.
Nick está aos beijos com o boy que conheceu mais cedo
e Heloíse e Theo seguem conversando, bem alegres por
causa do álcool. Os encontramos em um canto escuro na
saída da boate e quando pergunto se a minha amiga
quer carona, é Theo quem responde por ela.

— Podem ir, futuros casados. Deixa eu e a Helô


curtirmos as nossas solteirices, depois o meu motorista
a leva para casa em segurança.

Busco o olhar da minha amiga e a safada sorri toda


maliciosa.

— Pode ir curtir o seu noivo, amiga. Depois eu vou


embora com o amigo dele.

— Safada! — Sussurro em leitura labial e ela ri alto,


alto demais por causa do álcool correndo solto nas
veias. Amanhã ela terá uma ressaca e tanto.

— Cuida dela, Theo. Não seja um cretino e deixe a


garota em segurança na casa dela. — Leo adverte.

— Deixa comigo, irmãozinho. — Theo puxa Helô


para junto dele, envolvendo os braços em volta da
cintura dela. — Tá comigo, tá com Deus. — O cara se
gaba e os dois voltam para o lado de dentro.

Quando entramos no pub cada um recebeu uma


comanda individual, Leo pagou a nossa e fomos embora
com pressa para ficarmos juntos e comemorar o nosso
noivado repentino.

Ele é puro fogo e eu sou todo o querosene. Somos o


casal perfeito e eu não poderia estar mais feliz.
Eu nunca dirigi tão rápido em toda a minha vida. Isa
veio me provocando durante todo o percurso até a minha
casa, acariciando as minhas coxas e o meu pau, ao
passo que mordia e lambia o meu pescoço.

— Ah, mia Bella... Vou dar todo o prazer que você


merece. — Sussurro, mordendo o lóbulo da sua orelha
quando entramos em casa. E em meio a amassos e
mordidas, subimos as escadas e nos aproximamos do
meu quarto. Isabelle tira peça por peça das minhas
roupas, ainda no corredor e ao entrarmos no quarto
estou apenas de cueca, enquanto a minha noiva ainda
está totalmente vestida.

Tento jogá-la na cama para tirar a sua roupa e me


afundar nela, mas sou interrompido.

— Depois você pode fazer o que quiser comigo,


Leo, mas agora sou eu quem está no comando! —
Esclarece, mordendo o próprio lábio.

Ela me pede para sentar na beirada da cama e


assim eu faço. Isabelle vai até o closet e pega uma de
minhas gravatas.

— O que você vai fazer, sua safadinha?

— Hoje nós vamos brincar de um jeito diferente.


Coloque as duas mãos para frente, amor. — Faço o que
ela pede e em segundos tenho os meus punhos
amarrados com a gravata. Isa se inclina e sussurra no
meu ouvido. — Vai ter que confiar em mim, querido. Só
preciso de um minuto.

— Eu confio em você, mia Bella!

Sentado na ponta da cama e com os punhos presos


pela gravata, gemo a cada movimento sensual dela
enquanto a safadinha abre o zíper lateral do vestido e
deixa a peça deslizar pelo seu corpo até chegar ao
chão.

— Caralho... — Resmungo ao vê-la vestindo uma


lingerie preta, com detalhes em roxo.

A cinta-liga toda trabalhada em renda deixa tudo


ainda mais sexy e o sutiã meia-taça deu um volume a
mais aos seios dela. A calcinha fio dental, transparente
na frente, me dá a visão de sua boceta completamente
depilada.

Quando penso em me levantar para agarrá-la, ela


faz um gesto com as mãos, me fazendo recuar.

— Fica quietinho aí, garotão. Sou eu quem está no


comando, lembra? — Murmura com uma voz rouca e
extremamente sexy.

Estou tão excitado que o líquido pré-ejaculatório


começa a melar a minha boxer branca. Isabelle dá
alguns passos em minha direção, tocando o meu rosto
logo em seguida.

— Você é tão lindo, Leo. Mas é tão safado.

— E você é uma delícia, amor. – Mesmo amarrado,


tento tocá-la, mas ela nega com a cabeça, enquanto
afasta as minhas pernas com as suas.

Sorrindo com malícia, Isa se inclina até alcançar a


minha boca. Nos beijamos com vontade, entrelaçando as
nossas línguas e gemendo alto. Estremeço ao sentir a
sua mão pousar sobre a minha ereção. Ela abandona a
minha boca e lambe a minha orelha, me seduzindo.

— Vai gozar na cueca, Sr. Devasso? O seu pau está


tão duro.

— Ah, Bella, não sou homem de gozar na cueca.


Vou gozar muito dentro dessa sua boceta gostosa.
Depois vou gozar nesse seu cu delicioso e, com toda
certeza, vou gozar nessa sua boca gulosa.

Isabelle geme manhosa e começa uma trilha de


beijos por todo o meu abdômen, até chegar na minha
virilha. Ela se ajoelha no meio das minhas pernas e
começa a tirar a minha cueca. Eu me inclino para
facilitar as coisas e quando ela puxa a única peça que
me vestia, meu pau fica livre, duro e cheio de veias, bem
diante do seu rosto lindo. Completamente excitada, ela
joga a minha cueca para o lado, segura na base do meu
membro e me olha desejosa.

— Você é tão grande, Leo! É exatamente como eu


gosto! — Lambe o lábio inferior, cheia de desejo. —
Quero esse seu pau todinho para mim.

E antes que eu possa processar as suas palavras,


sou engolido pela boca quente e molhada dela.

— Porra! — Xingo alto e rouco, jogando a cabeça


para trás e tentando controlar o meu próprio desejo.

Isa chupa tão profundo que começa a se engasgar e


para um pouco apenas para respirar. Mas ela não está
muito interessada em oxigênio. Sei disso no momento
em que ela segura o meu quadril e continua me
chupando como uma profissional.

— Ah, que delícia… Que boca gostosa você tem,


minha bela dançarina! Você é uma safada. — Gemo e
cerro os olhos. Ela continua me chupando enquanto uma
de suas mãos massageia as minhas bolas. — Caralho,
como você é gostosa, Isa! Estou tão duro que as minhas
bolas começam a doer. — Você gosta disso, não é,
safada? Gosta de chupar o meu pau!

Ela geme em resposta e eu quase surto quando leva


uma das mãos até a sua boceta e começa a se acariciar
enquanto me chupa.
— Isa, se você não parar agora, eu vou gozar nessa
sua boca gostosa. — Alerto.

Ela para de me chupar, olha nos meus olhos e


quase me enlouquece de vez com as suas palavras.

— É isto que eu quero, Leo. Quero sentir o teu


sabor e me lambuzar com o seu gozo.

— Ah... Porra! — Praguejo quando ela me enfia


novamente na boca. Isabelle aumenta o ritmo novamente
e sem conseguir me controlar mais eu começo a gozar
no fundo de sua garganta. — É porra que você quer?
Então toma, sua safada! — Urro feito um animal
selvagem. — Engole tudo, Isa, faça um banquete de
mim, amor! Sou todo seu. — Ela engole o máximo que
consegue, é uma pequena porção escorre pelo canto de
sua boca. — Caralho de mulher gostosa. Você é uma
putinha, Isabelle. A minha putinha!

Ela desfaz o nó da gravata e solta os meus pulsos,


ao passo que lambe a cabeça do meu pau, saboreando
até a última gota do meu prazer. Em seguida, seguro em
seus braços e a puxo para junto de mim, deitando-a na
minha cama e abrindo as suas pernas, expondo a sua
boceta lisa e encharcada pelo desejo.

— Você é muito gostosa, Isa! Não me lembro da


última vez que tive um orgasmo tão intenso. — Acaricio
o seu clitóris e ela segura a minha mão, guiando o ritmo.

— Querido Leo. — Murmura com os olhos fechados,


apreciando a minha massagem. — Você ainda não viu
nada. Eu estou faminta por você e esta noite quero
muito prazer e sacanagem.
— Ah, o abençoado hormônio da sacanagem. —
Sussurro brincalhão. — Vou retribuir o prazer que a
senhorita acabou de me dar. Essa boceta está pingando
e louca pelo meu pau, mas eu também quero me
esbaldar até sentir o seu gozo na minha língua. E
quando esta noite acabar, estaremos desmaiados nesta
cama, mas completamente satisfeitos.

Com facilidade acomodo o corpo dela no meio da


cama e desço até o seu centro. Com o dedo indicador,
afasto os seus lábios e começo a acariciar o seu clitóris
inchado com a minha língua.

— Ah, Leo... — Geme manhosa, se contorcendo e


esfregando a boceta na minha cara.

— Goza, Isa! Goza na minha boca e me dá o seu


prazer, linda. — Chupo mais forte o seu clitóris e a ouço
gritar alto quando enfio dois dedos em seu centro.

— Ah! — Isa geme e aperta as coxas em volta da


minha cabeça, sua boceta pulsando quando ela goza na
minha boca. Delícia...

Eu já estou duro novamente e tudo o que eu mais


quero é me enterrar dentro dela. Isa ainda está de olhos
fechados e totalmente aberta para mim, quando seguro o
meu pau pela base e pincelo a glande em sua entrada.

— Agora vamos te comer, coisa linda. — Murmuro,


ao passo que a penetro de uma só vez. Ela morde o
lábio, tentando controlar o próprio gemido.

— Ah, Leo, isso… É assim que eu gosto! — Ela


geme, descontrolada. – Mais forte, por favor!
Empurro até o fundo e aumento as estocadas,
chocando os nossos quadris. Agarro um de seus
mamilos e chupo dando leves mordidas.

— Vira de costas, vou te comer de quatro. Quero


foder essa sua boceta sem a menor piedade! — Ordeno
e ela se posiciona, empinando o traseiro gostoso para
mim.

Esfrego a minha glande entre as suas duas entradas


e ela estremece ao sentir a cabeça do meu pau alisando
a entrada de seu cu.

— Você gosta de um pau nessa sua bunda gostosa,


não é? Hoje eu não vou comer esse seu cu porque você
está sensível demais, mas quando eu fizer, vou te deixar
sem andar por uns dois dias. — A safada geme,
rebolando a bunda no meu pau.

Ela grita quando dou um tapa certeiro em uma de


suas nádegas.

— Aaah! Adoro uns tapas. Bate mais, Leo, me fode


com força.

Porra, minha mulher é insaciável... Ela é perfeita.


Acompanhado de um novo tapa, meto na sua boceta com
força e estoco sem dó. O quarto está completamente
escuro e o único som que se ouve é do meu quadril se
chocando contra a bunda gostosa dela.

— Cazzo! Não vou conseguir segurar mais. —


Alerto, esbaforido. — Vou gozar gostoso nessa sua
boceta. Vem comigo, Isa!

E, com mais duas estocadas certeiras, ela começa a


gozar novamente, gritando o meu nome em total
desespero. Não aguento e me derramo dentro dela,
enchendo a boceta quente e apertada com a minha
porra.

— Caralho! Porra, Isa!

Caímos na cama, totalmente exaustos. Ainda estou


tentando recuperar o fôlego quando Isabelle sorri toda
relaxada após o orgasmo e sugere sem nenhum pudor:

— Próxima parada, foda na banheira.

Explodo em uma risada.

— Você e o seu hormônio da safadeza vão me matar


antes do nosso bebê nascer. Me dá cinco minutos e
estarei pronto para você novamente. — Isabelle ri e
aconchega a cabeça no meu peito.

Acordo após ouvir vozes vindo do piso inferior da


minha casa. Isabelle não está ao meu lado na cama.
Coloco uma calça de moletom e saio do quarto, descalço
e sem camisa. Ao chegar no topo da escada, vejo minha
noiva e Morgana rindo de algo que o Pedro, atual de
Morgana, acaba de falar. As crianças são as primeiras
que me veem.

— O papai acordou. — Vince e Bia dizem ao mesmo


tempo, enquanto desbravam os degraus da escada até
mim.

— Oi, meus preciosos. — Beijo o topo da cabeça


deles e descemos até os adultos no meio da minha sala.

— Os seus filhos estão com ansiedade severa, Leo.


Não deu para esperar você ir buscá-los, Pedro e eu
tivemos que trazê-los ou ficaríamos loucos.

Eu havia combinado com Morgana que buscaria as


crianças para a nossa viagem ao interior, não tínhamos
decidido um horário exato, mas pelo visto meus filhos
escolheram os seus próprios horários.

— Tudo bem, obrigado por trazê-los até aqui. —


Cumprimento minha ex-mulher e em seguida troco um
aperto de mão com o seu atual namorado. — Como vai,
Pedro? Já se acostumou com a vida agitada de São
Paulo?

— Não é muito diferente de Porto Alegre, Leo, e


desde que eu esteja ao lado da mulher da minha vida
qualquer lugar é maravilhoso.

— Ah, amor... Assim eu vou chorar logo cedo. — Diz


Morg, abraçando o namorado.

— Vocês são um casal muito fofo. — Isa comenta,


também emocionada.

— Mulheres grávidas ficam sensíveis demais, né? —


Comento com o Pedro e ele concorda sem pestanejar.

— Isabelle e eu estamos noivos. — Digo sem rodeio


e as crianças pulam de alegria. Morgana e Pedro nos
parabenizam e aproveitam para contar as novidades.
— Ainda estou no processo de convencer a Morg a
se casar comigo, mas já estou em vantagem por ela
aceitar morarmos juntos.

— Que maravilha! Aos poucos vocês irão se


ajustando.

— Com licença, senhores. — Minha governanta


surge em nosso campo de visão. — A mesa do café está
posta.

Estreito os olhos para ela, pois já era para Valquíria


estar na casa dela. Meus funcionários só trabalham de
segunda a sexta-feira, aos sábados somente quando é
solicitado. No entanto, aparentemente minha fiel
governanta decidiu trabalhar hoje, mesmo sem ser
convocada.

— Val, hoje é seu dia de folga, mulher. O que


diabos está fazendo aqui?

— Até parece que eu iria deixar vocês pegarem a


estrada de qualquer jeito, né? Vou deixar tudo preparado
para a viagem de amanhã, inclusive estou fazendo os
biscoitinhos que os meus bebês adoram. — Diz ela,
olhando diretamente para os gêmeos.

Meus filhos correm para abraçar Valquíria, eles


amam a minha governanta. Ela volta para a cozinha com
os meus filhos em seu encalço.

— Bem, vou me despedir das crianças e já vamos


indo. — Diz Morgana, arrumando a bolsa no ombro.

— Fiquem e tomem café com a gente. — Convido,


mas ela nega.
— Já tomamos café antes de vir para cá, inclusive
as crianças. Pedro e eu estamos com horário marcado
na clínica onde faço o meu pré-natal, hoje vamos fazer
uma ultrassom morfológica e se tudo der certo
saberemos o sexo do bebê.

— Que bacana. Então nos vemos quando eu voltar


do interior com as crianças.

Pedro e Morgana se despedem de nós e ao ficar


sozinho com Isa eu a puxo para um abraço.

— Vou subir para tomar um banho e escovar os


dentes. Se você estiver com muita fome pode começar o
desjejum sem mim.

— De jeito nenhum, vou te esperar.

A campainha toca e eu enrugo a testa. A esta hora


da manhã e sem receber ligação da portaria, só podem
ser os meus pais, meu irmão ou o Theo. E quando abro
a porta da minha casa dou de cara com meu melhor
amigo, todo despenteado e com a cara inchada.

— Qual o trem que te atropelou? — Pergunto e ele


sorri de canto.

— Heloíse, ela foi o trem desgovernado que me


atropelou. — Theo entra e se apressa em cumprimentar
a minha noiva. — Bom dia, Isa!

— Bom dia, Theo! Minha amiga fez um estrago e


tanto em você, hein. — Isabelle não perde a
oportunidade de fazer uma piada.

— Pois é. Bom, eu posso falar com o seu noivo, só


um segundo?
— Claro, vou procurar as crianças.

Quando ficamos a sós eu faço um gesto para ele me


seguir até a minha suíte.

— Preciso tomar um banho rápido para tomar café


com a Isa. Vai falando o que está te incomodando
enquanto isso.

Entro no banheiro e Theo fica parado na porta, de


costas para mim. Ele começa relatar a sua noite com a
Heloíse, explica que saíram do Pub e foram para a casa
dela, pois era mais perto de onde estavam. Explodo em
uma risada quando meu amigo conta, desesperado a sua
reação ao descobrir que Helô tem uma filha.

— Cara, eu saí do banheiro dela e dei de cara com


uma garotinha linda e tagarela demais. Ela me fez um
monte de pergunta e eu fiquei mudo. Eu não sei me
comunicar com criança, porra.

— Qual é o seu problema com mulheres que têm


filhos? — Pergunto, enquanto finalizo o meu banho.

— Nada contra, Leo. Mas eu tenho medo de me


envolver com elas porque quando você menos espera
está apaixonado pelo pacote inteiro e com uma família
completa. Eu não tenho psicológico para ser pai e
marido agora e nem em uma tacada só.

— Tem medo de sair com a Heloíse outras vezes e


se apaixonar por ela? Tem medo de conviver com a
Aurora e ver aquela garotinha fofa como uma filha?

— Não seria difícil isso acontecer, cara. Heloíse é


linda, gostosa e soube me enlouquecer na cama. A filha
dela é uma criança meiga e inteligente, uma fofura. Não
é difícil querer tê-las como família. O problema é que eu
não quero isso tão cedo. Gosto da minha vida de
solteiro.

— Então se afaste e não as procure mais, Theo.


Com esses meses de convivência, conheci Heloíse e
Aurora ao ponto de querer protegê-las também. O
progenitor da Aurora é um covarde filho da puta que
ignora a própria filha e elas não merecem outro babaca
que vai passar um tempo e depois vai embora.

Após escovar os dentes, enrolo uma toalha na


cintura e passo por ele, indo até o closet para colocar
uma roupa e Theo vem atrás de mim.

— Você tem toda razão! Eu não vou mais procurar a


moça, só não sei como vou fazer para esquecer o que
tivemos esta noite. A mulher é diferente, Leo. O sexo foi
em um nível totalmente elevado ao que estou
acostumado. Iria propor que saíssemos sem
compromisso, mas depois de tudo o que você me
contou, é melhor eu ficar longe dela. Heloíse e sua filha
merecem um homem que queira algo sério e não apenas
algumas fodas sem compromisso.

Encaro o meu amigo e não consigo sentir firmeza


em suas palavras. Está claro que Theo ficou balançado
e que gostaria de sair outras vezes com Heloíse, mas os
dois são adultos e sabem como vão conduzir essa
situação. Assim eu espero.

Quando voltamos para a sala, Theo enche os meus


filhos de beijos e logo se despede de nós, dizendo que
precisa ir para casa tomar um banho e dormir um pouco.
Quando as crianças se distraem ajudando a Valquíria a
embalar os biscoitos eu conto para Isa o teor da minha
conversa com Theo.
— Eles são adultos, amor. Minha amiga jamais fará
algo que irá ferir os sentimentos da Aurora. Heloíse
saberá conduzir essa situação.

— Foi isso que pensei. Vamos deixar o tempo cuidar


das coisas. Agora venha, vamos chamar as crianças
para irmos ao shopping comprar presentes para
levarmos para a sua família, depois passamos no seu
apartamento para buscar a Aurora, ela dorme aqui com
os gêmeos e amanhã sairemos cedinho.

Isabelle fica na ponta do pé para me beijar.

— Obrigada por tudo, Leo. Meus sobrinhos vão


amar os presentes e os meus pais vão amar conhecer
você e os gêmeos. — Ela leva a minha mão até a sua
barriga levemente inchada por causa da gravidez. —
Nós amamos você!

— E eu amo a nossa família grande e feliz. Ainda


temos que trazer o Ted para completar a nossa
felicidade.

— Ele vai ficar eufórico com tanto espaço para


correr e crianças para brincar. Ted terá esta casa e o
apartamento da Helô, porque amor, ele viverá um pouco
em cada casa.

— Ted é de todos nós. — Murmuro e ela concorda.


Beijo os seus lábios rapidamente. — Eu te amo, amore
mio!

— Também te amo, Leo!


Nunca pensei que sentiria algo tão forte e intenso
por uma mulher, como o que sinto pela Isa. Sempre
gostei da minha vida livre, da libertinagem e de ter
várias mulheres diferentes na minha cama. Hoje, no
entanto, não consigo imaginar os meus dias e as minhas
noites ao lado de outra mulher que não seja a minha
Isabelle. Mia Bella dançarina. A mulher que chegou na
minha vida por um acaso do destino e que me
conquistou nos primeiros movimentos de seu corpo em
uma dança sensual.
De início foi apenas atração sexual, uma química e
desejo insano por sentir o seu corpo. Depois, quando a
conheci fora da boate, tive a honra de conhecer muito
além de uma linda dançarina, conheci a mulher forte,
inteligente e determinada. A filha amável, a madrinha
carinhosa, a amiga para todas as horas.

E hoje, dois meses após dar à luz ao nosso filho e


fazer questão de dividir a sua atenção com Vincenzo e
Beatrice, sem fazer distinção e tratando os meus filhos
com o mesmo amor e carinho com que trata o nosso
bebé e a sua afilhada Aurora. Eu costumo brincar
dizendo que Isabelle é mãe de todos. Tá para nascer
uma mulher mais apaixonada por crianças.

— Você faz esse biquinho manhoso e o papai não


resiste. — Pego meu bebê do berço e cheiro a sua
cabecinha. Viro-me para sair com ele do quarto e dou de
cara com a Isabelle parada na porta, com os braços
cruzados e negando com a cabeça.

— Você sabe que ele vai ficar mal acostumado, não


sabe? Logo ele vai perceber que precisa apenas de um
chorinho manhoso para ganhar o seu colo.

— Ai, amor... Ele é tão fofinho e eu sofri tanto


durante os dias que o vi naquela incubadora, que tudo o
que eu mais quero é mimar o nosso bebê.

Infelizmente Isabelle teve pressão alta gestacional e


mesmo fazendo o uso de medicações e controle de
pressão, minha mulher teve pré-eclâmpsia gravíssima.
Isa tinha acabado de completar 34 semanas quando sua
pressão disparou e não foi possível continuar a
gravidez, pois ela e o bebê estavam correndo risco.
Matteo nasceu através de uma cesariana de
emergência, pesando 2 quilos e 750 gramas e medindo
45 centímetros. Seus pulmões ainda não estavam
totalmente desenvolvidos e ele precisou ficar na UTI
neonatal por quase duas semanas, até ganhar peso e
finalmente poder vir para casa conosco.

— Eu sei, amor. Também mimo muito o nosso bebê,


estou apenas te enchendo o saco.

Matteo resmunga no meu colo e se espreme,


provavelmente sentindo cólica.

— Não é melhor ligarmos para a pediatra?

— Por que? — Isa pergunta, confusa.

— Eu acho que esse remédio não está funcionando,


Isa. O coitadinho sente cólica a todo instante.

— Infelizmente é assim mesmo, Leo. A médica


deixou bem explicado que o remédio apenas alivia, mas
que também é necessário massagens para auxiliar nas
cólicas. Matteo vai sentir isso até o terceiro mês. Foi
assim com a Aurora também. Heloíse e eu sofremos
muito na época, vendo a nossa menininha sofrendo com
cólicas. Mas depois passou e ficou tudo bem.

— Eu sei, amor. Os gêmeos também tiveram muita


cólica, mas eu já havia esquecido desta fase.

Isa pega Matteo dos meus braços e aconchega o


bebê em uma posição que ele fica barriga com barriga
com ela. Meu menino logo se acalma e eu fico um pouco
aliviado.
— Vou fazer massagem nele enquanto coloco esse
precioso para pegar um pouco do sol da manhã.
Enquanto isso, podemos vigiar as crianças na piscina.
Valquíria está lá, mas você sabe como aqueles quatro
aprontam quando estão juntos. — Explica, se referindo
aos gêmeos, Aurora e minha sobrinha, Maria Cecília. Os
quatro estão passando o feriado prolongado conosco e a
minha casa vive em festa com as farras deles. — Daqui
a pouco a Helô está chegando, assim como os meus
pais e os seus. Seu irmão também já está vindo e Nick
está finalizando os enfeites para a decoração do
mesversário do nosso filho. Ele também deve chegar
daqui a pouco. — Os olhos dela brilham de empolgação.
— Estou tão feliz que ele conseguiu passar esses dias
aqui no Brasil. Pena que semana que vem já tem que
voltar.

A empolgação de Isabelle para a comemoração do


segundo mês do nosso filho é tão contagiante que eu
também estou eufórico. Mandei buscar os meus sogros
no interior e mesmo minha casa tendo vários quartos,
eles optaram por ficar no apartamento onde a outra filha
deles está morando aqui na capital. Isadora, irmã de
Isabelle, se mudou para cá junto com a filha dela, Ana,
ao receber uma proposta de emprego como secretária
em uma multinacional.

Há cinco meses, quando Isa ainda estava grávida,


mas em uma fase controlada da pressão arterial, nos
casamos em uma cerimônia íntima apenas para a nossa
família e os amigos mais próximos e meu cunhado
esteve aqui com a mulher e os filhos. Desta vez ele não
poderá vir, pois ficou encarregado de cuidar da padaria
da família, na ausência dos pais.

— Papai, vem pular na água com a gente. — Vince


me chama, assim que entro em seu campo de visão.
São quase dez horas da manhã de um domingo
ensolarado e as crianças estão a todo vapor brincando
com Ted, que late animado enquanto corre em volta da
piscina, ou quando uma das crianças joga algo para ele
pegar.

— Daqui a pouco eu vou aí, filho. Deixa os seus tios


chegarem para brincar também. — Aviso e eles batem
palmas, animados.

Aos poucos nossos convidados foram chegando e a


casa ficou cheia em questão de minutos. Quando o Nick
estava finalizando a decoração do mesversário, Theo
chegou trazendo presentes para todas as crianças.

— Só faltou a barba branca e o trenó para você ser


o verdadeiro Papai Noel, cara. — Alfineto, brincalhão. —
E isso é porque tem medo de ser pai. Uma grande
besteira, tenho certeza que um dia, quando tiver o seu
próprio filho você será um pai babão.

— Isso não vai acontecer, Leo. Já falei que serei


sempre o tio que dá presente e estraga as crianças.
Nada além disso!

— Uhum, sei.

As horas seguintes se transforma na maior farra, as


crianças se divertem com os avós, Nick as ensinam as
dancinhas que estão em alta no TikTok e em
determinado momento flagro o Theo cobiçando a
Heloíse, sem se preocupar se está sendo observado.

— O babaca está de quatro por ela, mas só vai se


dar conta quando a perder para um cara mais esperto e
de atitude que ele. — Isa comenta, quando se senta ao
meu lado no sofá da nossa varanda gourmet.
Ela se afastou para amamentar Matteo e de onde
estamos temos uma visão ampla de toda a área de lazer
da nossa casa. Inclusive do escritório que está sendo
construído para a minha esposa trabalhar alguns dias
em casa e ter que ir a empresa no máximo duas vezes
por semana, quando ela voltar a trabalhar. Isabelle
concluiu a faculdade e já está pensando em uma pós-
graduação. Eu, claro, estou ao lado dela, apoiando-a em
todos os seus sonhos.

— Theo é um cara romântico, Isa, apenas não se


deu conta disso ainda. Ele gosta da sua amiga, mas tem
medo de ter uma família.

— Ridículo isso. — Isa resmunga. — Ele é o cara


mais brincalhão e bobo com crianças que eu já vi. Esse
medo não faz o menor sentido.

— Eu também acho, amore mio. só espero que a


ficha dele não demore muito para cair, ou terei que ver o
meu amigo sofrendo por uma mulher que deixou escapar
por puro medo. — Toco o rosto da minha esposa e fito
os seus olhos. — Desde o início eu quis lutar por você e
mesmo que as coisas tenham acontecido rápido entre
nós, eu não me arrependo de nada. Te amo tanto, Isa!
Amo você e a nossa família. Eu era um homem vazio
que colecionava corpos por aí, sem sentimentos ou
perspectiva de futuro. Hoje sou um homem completo,
apaixonado e louco de amor pela minha mulher e meus
filhos. Vocês são tudo para mim.

Os olhos dela lacrimejam quando sorri lindamente


para mim.

— Eu também te amo muito, Leo! Obrigada pela


nossa família linda e abençoada.
Enquanto o nosso filho se alimenta do leite materno
eu abraço a minha esposa e juntos assistimos da nossa
varanda, a nossa família e amigos se divertindo e
comemorando a vida do nosso bebê com a gente. Eu não
trocaria nada do que vivo hoje, pela vida libertina que
tinha antes de conhecer a minha bela dançarina.

FIM
Gratidão a Deus por me capacitar e tornar possível
trazer minhas imaginações para o papel, criando
histórias que encantam a todos vocês. Obrigada a todas
as pessoas que, verdadeiramente estão sempre ao meu
lado, me incentivando a buscar e lutar pelos meus
sonhos. Obrigada as minhas parceiras, e um mega
obrigado para você, minha leirora (o). Sem o apoio e
carinho de vocês isso aqui nunca seria possível.

Um escritor não se destaca sozinho, ele sempre


precisa dos seus leitores. E eu, sou eternamente grata a
cada um de vocês, que nunca soltam a minha mão.

Obrigada meus amores, obrigada minhas gatitas e


gatitos. Eu amo você pra caralho.

Se puder, deixe sua avaliação para Isa e Leo. A


opinião de vocês é de extrema importância para o meu
aperfeiçoamento no processo de criação.

Você também pode me encontrar através do meu


Instagram: @autora_daniela_gati Vou adorar esclarecer
qualquer dúvida. Fique à vontade para me chamar no
direct.

Me acompanhem no IG para novidades sobre o


próximo lançamento. Em breve trago novidades sobre o
livro de Theo e Heloíse.

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