Você está na página 1de 112

Copyright © 2021 – Denilia Carneiro

Capa: Barbara Dameto


Diagramação: DC Diagramações
Revisão: Carina Barreira

1ª Edição

Esta é uma obra de ficção. Seu intuito é entreter as pessoas. Nomes, personagens, lugares e
acontecimentos descritos são produtos da imaginação da autora. Qualquer semelhança com nomes,
datas e acontecimentos reais é mera coincidência.
Todos os direitos reservados. São proibidos o armazenamento e/ou a reprodução de qualquer
parte dessa obra, através de quaisquer meios — tangível ou intangível — sem o consentimento
escrito da autora.
Criado no Brasil. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei n°. 9.610/98 e
punido pelo artigo 184 do Código Penal.
SUMÁRIO
SINOPSE
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
EPÍLOGO
AGRADECIMENTOS
SOBRE A AUTORA
OUTROS LIVROS DA AUTORA
Assumir a presidência da ImobiVit era um desejo de Helena, mas sabia que tudo tinha sua hora

e que em breve a dela chegaria, afinal, seu pai batalhou por anos para construir a Imobiliária e a

Construtora.

Ela recebeu a tão esperada promoção e junto, veio de brinde a presença de alguém que mexia

com seus hormônios.

Cotado para assumir o lugar que antes era de Helena, Miguel aceita a proposta de se tornar

Diretor Executivo, porém, não estava preparado para as aventuras que esse cargo poderia lhe

acometer.

Reuniões entre a CEO e o Diretor Executivo, fez com que Miguel pensasse demais nessa

mulher, e foi em uma viagem que não resistiu à sua maior tentação.
HELENA

Nem sempre era fácil impressionar Pedro Vitti. Mesmo sendo filha única e ouvir da boca do

meu pai de que a empresa um dia seria minha, eu tive que trabalhar firme desde que entrei na

faculdade. Não me importava, até porque amo lidar com pessoas e números. Já ouvi dizer que só

dominamos um assunto, mas eu discordo, pois a mesma facilidade que tenho com cálculos, tenho em

comunicação.

Convencer de que estou certa das minhas convicções, é muito fácil quando mostro as provas, e

foi assim que ao longo dos quatro anos que estagiei na ImobiVit, tive minha carteira assinada para o

cargo de Diretora Executiva.

Conseguir contratos com alguma empresa de construção era moleza quando eu resumia em

poucas palavras os benefícios que um relatório de trinta páginas explicava.


Com trinta anos de mercado, a empresa do meu pai nunca chegou a ser conhecida fora de São

Paulo, mas fui capaz de mudar isso em dois anos na diretoria. Com o crescimento da ImobiVit, meu

pai decidiu que não se preocuparia mais com os negócios, e resolveu aproveitar a vida viajando ao

lado da minha mãe e estava decidido a entregar a empresa em minhas mãos.

Sua última ida à empresa como CEO foi naquela manhã de segunda-feira, apenas para uma

reunião com os diretores e o Recursos Humanos. O Senhor Pedro Vitti, era bastante respeitado na

empresa e com seus sessenta anos, ainda aguentava firme quando precisava ficar horas na empresa

resolvendo algum problema.

Estava na minha futura sala com meu pai, repassando algumas informações da reunião que

aconteceria em breve e controlando a emoção por finalmente assumir um posto desejado por mérito,

admirei o senhor bonito que lutou anos para construir a Imobiliária e a Construtora Vitti.

─ Estou orgulhoso de você, filha. ─ Olhou-me por cima dos óculos de grau de armação

dourada.

─ Tive um exemplo para seguir. ─ Sorri.

─ Você mostrou ao longo desses anos que não é só filha do chefe, mas sim uma excelente

profissional, e por isso, me sinto tranquilo em entregar essa sala e todas as responsabilidades que

essa cadeira carrega.

─ Farei com que o legado da nossa família perdure. ─ Sem conseguir segurar a emoção, meus

olhos encheram de lágrimas.


─ Tenho certeza que sim. ─ Levantou-se da cadeira e caminhou na minha direção com uma

pasta nas mãos. ─ Vou iniciar a reunião e você comandará o resto, informando sobre o novo contrato

com a rede de hotéis de Fortaleza e a mudança de cargo do Miguel, assim como a viagem que terão

que fazer para acompanhar o desenvolvimento do imóvel.

─ Terei mesmo que fazer essa viagem? O Miguel e a Ravenna podem avaliar o

empreendimento sem mim.

─ A Ravenna foi quando comprou o terreno, e vocês irão acompanhar o processo da

construção junto com a arquiteta e o engenheiro. Com Miguel assumindo sua antiga função, ele

trabalhará diretamente com você, assim como fazia comigo.

─ Está certo, pai.

Ganhar da palavra final do meu pai era algo que eu ainda não havia aprendido, pois sempre me

mostrava que suas decisões eram as mais coerentes. No fundo, tinha que admitir que estava certo,

afinal, eu sempre o acompanhava para reuniões com nossos clientes.

Miguel lidaria com os contratos que eu tomava conta e negociaria com novos clientes. O lado

bom de tê-lo nesse cargo era que eu poderia vê-lo com mais frequência.

O homem era lindo e charmoso, e só sua presença me fazia ter pensamentos impuros. Desejava

que um dia tudo saísse dos pensamentos e tornasse realidade, mesmo que eu tivesse uma vida sexual

inexperiente. Claro que isso ninguém precisava saber, a internet ensina muita coisa e vídeos me

ensinaram a descobrir sozinha os pontos de prazer do meu corpo.


─ Vamos! Ainda quero almoçar com sua mãe, hoje.

─ Imagino a felicidade de Dona Magnólia por poder ter a companhia do marido. ─ Brinquei

com meu pai e ele sorriu apaixonado.

Meus pais eram o típico casal que não deixaram a paixão esfriar ao longo dos anos, e mesmo

com a correria da vida profissional dele, sempre que estavam juntos faziam questão de demonstrar

afeto um pelo outro.

─ Não é só ela que está feliz. ─ Piscou o olho, abrindo a porta do escritório para mim e

seguimos para a sala de reunião, para informar as mudanças que a ImobiVit teria.

Respirei fundo e entrei na sala de reunião após meu pai entrar. Apesar de já ter conduzido

reuniões importantes, aquela seria essa seria diferente, afinal eu seria nomeada como CEO. Quando

me dirigia para a cadeira de sempre — a primeira na lateral direita — , meu pai puxou a cadeira

da ponta e olhou-me.

─ Sente-se aqui, Helena.

Engolindo em seco fiz o que pediu. Pensei que ele iniciaria a reunião como de costume e

apenas faria o anúncio. Meus olhos percorreram rapidamente o local e todos os funcionários me

encararam com expectativa e foi na hora que meus olhos encontraram os de Miguel que senti meu

coração acelerar. Era impossível alguém não ficar balançada com a beleza e presença daquele

homem, e para completar a vontade de querê-lo, ele era sempre respeitoso com todos os

funcionários.
─ Bom dia! Devem estar estranhando eu me sentando na cadeira onde Helena sentava e ela no

meu lugar. Nossa reunião é para informá-los e nomeá-la oficialmente, como a nova CEO da ImobiVit.

─ Meu pai sorriu para mim e voltou a olhar as pessoas ao redor.

Os funcionários se levantaram e aplaudiram, desejando-me boas-vindas. Sorrindo e

agradecendo, retribui o gesto também ficando de pé.

─ Por favor, voltem a se sentar.

Sentei-me também e encarei meu pai, esperando que ele continuasse a falar e após breves

palavras sobre a gratidão que foi trabalhar diretamente com cada um ali presente, entendi que havia

chegado meu momento de continuar com a reunião. Iniciei informando meus sentimentos para aquela

mudança e que estaria disposta a ouvir todos, como meu pai sempre fez, e antes de falar sobre a rede

de hotéis em Fortaleza, decidi falar sobre o cargo do Miguel, pois ele faria parte do próximo assunto.

─ Como agora sou a CEO da ImobiVit, o cargo que eu ocupava está vago. O nome de Miguel

foi cogitado pelo meu pai, já o nomeando a esse cargo, no entanto, acredito que devemos ouvir da

parte dele se tem interesse. ─ Olhei para a penúltima cadeira no lado esquerdo. Ao lado dele estava

Lívia, nossa funcionária do Recursos Humanos e à sua frente, Michele, a secretária do meu pai —

que agora seria minha — pautando a reunião.

─ Eu... ─ Miguel limpou a garganta e voltou a falar. ─ É um prazer imenso ser escolhido para

assumir a cadeira de uma excelente profissional como você, Helena. E também uma grande

responsabilidade.
─ Tenho certeza que você é competente para isso. ─ Sorri de lado, desejando dar uma

piscadela, mas me contive.

─ Obrigado pelo reconhecimento do meu trabalho.

─ Não se sinta pressionado em aceitar agora, após a reunião converse com Lívia e ela te

passará as informações sobre o cargo. Aguardarei sua resposta até amanhã, quero que saiba apenas

do nosso interesse por ter você no cargo.

Miguel apenas acenou em agradecimento e vi a sombra de um sorriso se formar naqueles

lábios que eu imaginava serem macios. A reunião partiu para as informações sobre o hotel e por

ainda ter o cargo de Diretor Executivo vago, optei por não falar da viagem. Isso seria pauta para uma

próxima reunião particular.

Todos saíram da sala, ficando apenas eu e meu pai. Recolhi os papéis do contrato e arrumei-os

dentro da pasta.

─ Sabia que me surpreenderia, filha.

─ O que foi?

─ Não pensei na hipótese de perguntar ao Miguel se ele tinha interesse no cargo, apenas

selecionei, importando-me apenas com minha vontade e você mostrou o que prezo na empresa, ouvir

a voz dos nossos funcionários e depois analisar a próxima jogada.

─ Não podemos forçar uma pessoa a sair do seu cargo atual para outro. Ele nunca foi

ambicioso na empresa, então não tínhamos certeza se ele aceitaria ou não. Tenho outra pessoa em
vista no caso dele recusar, mas sei que aceitará.

Convicta de que o supervisor de estratégia aceitaria a proposta da empresa, sorri para meu pai

e saímos da sala de reunião. Despediu-se de mim na porta da sala e seguiu no sentindo contrário que

eu ia.
MIGUEL

Saí do escritório imobiliário e ao invés de ir direto para casa, resolvi ficar circulando um

pouco pelo bairro. Apesar da reunião sobre as mudanças na empresa e sobre minha promoção ter

sido pela manhã, confesso que não consegui pensar muito sobre o assunto, pois tinha que terminar um

relatório. Foi apenas próximo ao fim do expediente que passei no setor do RH para saber mais

detalhes daquele cargo que foi ocupado pela filha do meu chefe por dois anos.

Apesar de nunca ter trabalhado diretamente com Helena, sabia sobre seu profissionalismo.

Respeitada não só dentro da empresa, como em todos os lugares que seu nome era citado, sabia o

quanto a ImobiVit era cogitada como primeira opção para assumir projetos, apenas para ter o nome

da Helena, associado. Verdade seja dita, Helena não era só uma filhinha de papai que conseguiu
subir de cargo porque era herdeira, mas pela excelente profissional que era.

Ela não tinha só o profissional como qualidade, a mulher tinha presença, era linda e charmosa

e sabia como seduzir — no bom sentido da palavra — qualquer cliente para que fechasse contrato

com a imobiliária. Não negava o sangue que corria em suas veias, afinal, o Senhor Pedro Vitti era

exatamente dessa maneira.

Voltei a pensar na proposta que havia recebido pela manhã e manobrei o carro para colocar na

vaga reserva, pelo visto minha irmã estava em casa e não se importou em estacionar sua moto na

minha vaga.

Apertei o botão do elevador, enquanto minha mente divagava sobre o salário oferecido, carga

horária e um resumo do que um Diretor Executivo fazia. Por mais que eu quisesse subir de cargo e

ganhar mais, não poderia agir no impulso e responder um sonoro sim, precisava pensar e responder

com tranquilidade, afinal, a calma é amiga da perfeição.

Ao abrir a porta da sala, dei de cara com Bia desfilando de toalha no meio da sala.

─ Colocou sua moto na minha vaga ─ resmunguei, colocando a chave na bandeja de inox, em

cima do aparador.

─ Oi, pra você também, bonitão.

Revirei os olhos quando notei a chave que minha irmã estava usando, junto da chave da moto

jogada de qualquer jeito em cima da peça de madeira. Respirando fundo peguei-as e coloquei dentro

de onde deveria estar, na bandeja de inox , afinal aquela era a utilidade dela.
─ Na próxima vez, chaves dentro da bandeja.

─ Ih... chegou regulando as coisas hoje? Deixe seu lado controlador na empresa, em casa é

lugar de relaxar e descansar.

Passei pela minha irmã e fui direto para meu quarto, precisava me livrar daquele terno e tomar

um banho. Deixei que a água lavasse meu jeito de querer as coisas no lugar e lembrei-me que havia

concordado em ser mais tranquilo com minha irmã, afinal, fora eu quem havia convidado para ficar

morando em minha casa, até a reforma da dela terminar.

Um pouco mais relaxado, vesti uma bermuda e deixei a toalha no pescoço para que aparasse a

água que escorria dos meus cabelos e voltei para sala. Tirando a parte que minha irmã não ligava

para deixar a casa em ordem, ela era uma boa companhia. Fazia duas semanas que minhas noites

haviam saído de apenas barulhos de telejornais e programas esportivos, para filmes e séries

acompanhado de uma voz feminina que não parava a boca um segundo. Ah, teve uma ou duas noites

que minha rotina voltou ao normal, foi quando ela saiu com Júlio, seu ficante.

─ E então, se estressou no trabalho hoje? ─ Empurrou um copo com vitamina de banana na

minha direção.

─ Não. Apesar das novidades, hoje foi um dia tranquilo. Espero que seja sempre assim no

novo cargo.

─ Novo cargo? ─ Apoiou o braço em cima do balcão de mármore e inclinou na minha direção.

─ Sim. Ofereceram-me uma mudança de cargo. Diretor Executivo.


─ E a Helena Vitti?

Como eu disse, Helena era famosa e até minha irmã havia contratado a empresa que trabalho

para trabalhar na sua loja de roupas, apenas para ter a Helena trabalhando em algo seu.

─ Nova CEO da ImobiVit.

─ Então ela será sua chefe? ─ Abriu a boca como se estivesse em choque, seguida por um

largo sorriso.

─ Mesmo se eu não aceitar o cargo de diretor, ela será minha chefe. ─ Dei de ombros bebendo

toda a vitamina do copo.

─ E você aceitou, não é? Meu irmão agora é um Diretor Executivo. ─ Bateu palmas,

empolgada, me fazendo achar graça.

─ Ainda não dei a resposta.

─ Como não? ─ Arregalou os olhos, sobressaltada.

─ Tenho até amanhã para dar a palavra final. ─ Pisquei o olho. ─ Agora me conte como foi na

loja hoje.

─ Uma correria! Chegou mercadoria nova e demiti uma vendedora, mas amanhã já começo com

recrutamento para contratar uma nova.

─ Depois da abertura da loja do shopping, você não parou, heim.

─ Nem me lembre, mas assim que tudo se ajustar, meu plano é tentar gerir de longe para ter
mais sossego.

─ Duvido que faça isso. Você reclama do cansaço, mas ama ficar nessa correria.

─ Amo mesmo, meu irmão. Jamais imaginei que uma loja pequena fosse se transformar em

duas enormes. Meu objetivo agora é trabalhar no nome, para ficar conhecida por todo país.

─ Tenho certeza que conseguirá. ─ Apertei de leve a bochecha dela e levei o copo para pia ─

Filme ou série, hoje?

─ Cama do Júlio. Sinto lhe informar, mas terá que passar a noite sem mim e pensando em seu

novo cargo.

Bia surgiu ao meu lado e colocou o copo sujo que ela tomava a vitamina em minha mão. Saiu

da cozinha cantarolando, deixando o ambiente ainda mais leve. Após lavar os copos, olhei ao redor e

guardei os utensílios que ela havia deixado fora do lugar.

Relaxado, deitei-me no sofá com o celular na mão e fiquei passando o tempo nas redes sociais,

até que me deparei com uma foto de um imóvel construído pela ImobiVit, passei para o lado para

olhar as demais fotos e lá estava uma de Helena com o pai, ambos com um sorriso enorme no rosto.

Por algum motivo aquela foto chamou minha atenção e quando menos percebi, havia entrado no perfil

da minha chefe para olhar mais fotos dela.


HELENA

Toda vez que o telefone da minha mesa tocava, minha ansiedade pela resposta de Miguel

aumentava. Estava convicta que ele aceitaria, mas caso negasse não iria me indispor com ele, afinal,

ele era bom como supervisor de estratégia.

Droga!

Queria ele no cargo que eu exercia, principalmente depois que me peguei pensando sobre as

viagens que poderíamos fazer juntos. Sabia um pouco sobre sua vida, principalmente quando

trabalhei para a irmã dele. Ela praticamente jogou o irmão nas minhas mãos, dizendo que era solteiro

e tinha tempo para empresa. Em meio a assuntos profissionais, Bia sempre fez questão de falar o

nome do Miguel.

Batucando os dedos na mesa, enquanto lia alguns contratos, levantei a cabeça rapidamente
quando escutei uma leve batida na porta antes de ser aberta e Michele entrar.

─ Miguel quer falar com você.

─ Pode deixar ele entrar ─ coloquei os contratos que estava lendo de lado e me endireitei na

cadeira. Passei as mãos rapidamente nos cabelos para alinhar os fios. ─ Como estou?

─ Maravilhosa como sempre ─ disse com um sorriso no rosto, se aproximou da mesa e

sussurrou: ─ Hoje ele está pra matar qualquer mulher do coração.

─ Não dificulta as coisas, Michele. Não posso mais ficar babando por ele.

─ Ué, porque não? Não tem uma pessoa aqui que não babe por essa beldade. Vou informar que

ele pode entrar.

─ Está bem e shiii... ─ Fiz um gesto de boca fechada ─ sobre nossa conversa.

Michele gesticulou a mão na frente da boca de que manteria nossa conversa guardada e saiu da

sala para chamar a beldade da empresa.

─ Miguel! ─ Levantei-me da cadeira e estendi a mão para cumprimentá-lo.

─ Helena!

Retribuiu meu aperto de mão e fiz um sinal para ele se sentar.

─ E então, pensou sobre a nossa proposta?

─ Sim, e mais uma vez agradeço por ter sido escolhido por vocês. Iria vir mais cedo, mas quis

finalizar um serviço para não ficar pela metade e começar no novo cargo sem pendências.
Abri um largo sorriso.

─ Então isso é um sim?

─ Sim.

Nossa conversa se prolongou enquanto eu explicava o que estava planejando fazer, e

mostrando a lista de clientes que tinha pretensão de aceitar as propostas. Deixaria ele lidar com as

novas informações antes de falar da nossa futura viagem, que aconteceria em um mês.

Confesso que no fundo iria amar passar um tempo coladinha com Miguel Machado.

─ Até quinta você saberá quem ficará na supervisão de estratégia. Vou precisar que passe o

planejamento para a pessoa que assumir.

─ Ok!

─ Vou levá-lo até sua nova sala.

Levantei da cadeira e ele fez o mesmo, caminhei na direção da porta e abri para sairmos.

Andamos até a sala do lado da minha e acenei para Miguel tomar a iniciativa e entrar primeiro.

A sala ainda tinha um pouco da minha identidade. Alguns quadros que eu mesma escolhi fazia

parte da decoração. Um jarro de vidro com flores enfeitava o balcão lateral, ao lado da máquina de

café expresso.

─ Essa é sua nova sala. Pode mudar a decoração, caso algo não lhe agrade.

─ Obrigado, Helena.
─ Vou deixá-lo sozinho para se familiarizar.

─ Faremos um ótimo trabalho, juntos. ─ Miguel estendeu a mão para mim novamente.

─ Tenho certeza que sim. ─ Piscando o olho, sorri para ele.

Girei meu corpo no próprio eixo e saí daquela sala mantendo minha postura firme para não me

aproximar e dar as boas-vindas ao novo cargo com um abraço e um beijo no rosto, apenas para ficar

mais próxima dele.

Michele tinha razão, ele estava pra matar qualquer mulher do coração. A barba bem desenhada

e baixinha, o cabelo arrumado e o terno alinhado, praticamente gritando para ser arrancado daquele

corpo. As mangas do blazer desenhavam os músculos do braço, me fazendo desejar ver o que tinha

por baixo.

Balancei a cabeça na tentativa de parar de pensar naquele homem e passei pela recepção da

minha sala. Michele me encarou com um sorriso no rosto e eu apenas fiz um gesto de que estava com

calor, arrancando mais risada dela.


HELENA

Recolhi a pilha de relatório sobre a evolução da obra do hotel em cima da minha mesa, e fui

até a sala de Miguel. A verdade era que essas impressões nem deveriam ser entregues a mim, no

entanto, parecia que o responsável pela obra não estava informado sobre as mudanças na empresa,

pois o mesmo informou que entregasse uma cópia para mim e outra para o Senhor Vitti.

Poderia ter explicado sobre a mudança no momento que peguei os papéis, porém, como a

viagem para avaliar o andamento da obra se aproximava, decidi que informaria a todos quando

chegasse com Miguel.

Depois de ser anunciada pela secretária de Miguel, ele mesmo abriu a porta para me receber.

─ Senhorita Vitti! Fique à vontade ─ indicou na direção das poltronas no meio da sala.
─ Apenas Helena, como sempre foi, por favor ─ falei com um sorriso no rosto encarando-o

antes de passar por ele.

Observei Miguel abrir o único botão do blazer e por uma fração de segundos, perdi-me em

meus pensamentos imaginando como deveria ser por baixo da camisa social branca.

─ Esse é o relatório da construção do hotel em Fortaleza. ─ Inclinei-me para entregar a pasta

preta a ele. ─ Receberá e-mails sobre a evolução da obra e em duas semanas viajaremos para

conferir de perto.

─ Viajaremos? ─ Tirou os olhos dos papéis em mãos e me encarou.

─ Sim. Eu e você.

─ Pensei que só visitasse os empreendimentos no dia da inauguração.

─ Esse é um dos nossos diferenciais, Miguel. Além de ter a melhor equipe de profissionais,

ainda fazemos questão de estar por perto para dar confiança aos clientes que nos contratam. O hotel é

um empreendimento grande e por este motivo, daremos uma maior atenção a ele.

─ Entendo. ─ Miguel voltou a olhar o relatório.

Cruzei as pernas enquanto admirava aquele homem maravilhoso à minha frente. No fundo,

esperava que essa viagem nos aproximasse um pouco, ou que pelo menos ele abaixasse a guarda, já

que desde que o conheci, ele manteve um perfil sério e centrado.

─ Vou passar alguns detalhes para o setor de marketing, precisamos mostrar o melhor hotel que

Fortaleza irá ter.


Sorri descruzando as pernas e me levantei.

─ É isso aí. Se precisar de mim, sabe onde me encontrar.

Acenou positivamente, o que foi minha deixa para dirigir-me em direção à porta.

─ Helena, quando puder, gostaria que me atualizasse sobre os últimos projetos que trabalhou e

os dois que iniciou a negociação. Dei uma lida nos contratos e relatórios, mas gostaria de ouvir seu

ponto de vista.

─ Claro. ─ Olhei meu relógio de pulso e voltei a atenção para Miguel ─ Tenho uma reunião em

dez minutos, se estiver de acordo podemos marcar para amanhã às 16h.

─ Está ótimo para mim.

Movi os lábios em um sorriso contido e levei a mão até a maçaneta para abrir a porta, porém,

Miguel agiu ao mesmo tempo e nossos dedos acabaram se tocando, causando um frisson

desconhecido em meu coração. Mantive a postura, sem demonstrar que aquele toque repentino mexeu

comigo.

─ Obrigada! Até amanhã, Miguel.

─ Até amanhã, Helena.


MIGUEL

Eu realmente devia estar ficando maluco!

Tomei uma longa respiração e folguei um pouco a gravata, assim que Helena saiu da minha

sala.

Depois que nossos dedos se tocaram, parecia que o ar havia me faltado.

Eu realmente estou maluco.

Helena era minha chefe!

Quando no passado imaginei algo com aquela mulher, lembrei-me que ela era filha do meu

chefe, Pedro Vitti, e a tinha visto entrar na empresa.

Na época, fazia pouco mais de seis meses que eu havia começado a trabalhar na ImobiVit, e
ver a filha do dono trabalhando duro como se fosse um funcionário normal, só me mostrou o quanto

aquela empresa aplicava o que dizia.

Vi a jovem Helena se destacando e tão logo de estagiária, ocupou um dos maiores cargos por

mérito próprio. No decorrer dos anos, vi também a evolução da sua fisionomia, entrando aqui como

uma garota que tinha acabado de completar a maioridade, e depois, uma mulher linda e com presença

marcante, se destacando por onde passava. Ninguém sequer imaginava que aquele mulherão tinha

apenas vinte e cinco anos.

Linda, inteligente e centrada, três características que marcavam sua personalidade e atraiam a

atenção não só de profissionais renomados, mas de todos que a conhecia.

Não podia pensar nela sem associar a algum assunto profissional. Nunca fui do tipo que

misturava sentimentos e desejos com trabalho. Sabia exatamente separar as coisas e era convicto de

que ambos não podiam caminhar juntos no mesmo ambiente.

Miguel Machado na ImobiVit era o homem que pensava apenas em solucionar os problemas da

empresa e apresentar sempre o melhor. Já o Miguel fora do trabalho, era aquele que gostava de curtir

a vida sem muitas emoções. Minha casa era o lugar perfeito para passar as noites e quando sentia

meu corpo no limite por falta de me relacionar, eu saia com alguma conhecida e após uma boa transa,

voltava para casa.

A verdade é que, namorei muito quando mais jovem. Até cheguei a morar com uma namorada,

mas não durou nem três meses, e logo eu estava de volta à minha casa e à vida de solteiro. Fazia
cinco anos que não tinha nenhum compromisso sério, desde que entrei na imobiliária, foquei minha

vida apenas no profissional.

Conferi as mensagens do meu celular para poder esquecer Helena, mas não funcionou muito

bem, pois Bia me enviou uma foto da minha chefe e o link da notícia sobre ela ter assumido a

ImobiVit.

Ah, Helena! ─ reclamei mentalmente, sorrindo frustrado por saber que seria difícil manter o

controle, vendo-a com tanta frequência.

No fundo, desejava que ela se tornasse insuportável como chefe, assim eu bloquearia minha

mente em pensar nela além do profissional e não me abalaria com sua presença, caso contrário, seria

um desafio que enfrentaria, principalmente nas viagens que faríamos juntos.


HELENA

Desde que assumi o posto de CEO, ainda não havia encontrado com meu pai. Fazia exatamente

cinco dias que eu me virava sozinha com as pendências e problemas que surgiram. O senhor Pedro,

mas conhecido como meu pai, nem me ligou para saber como estava lidando com as novidades, claro

que eu também não o incomodei, afinal, eu era Helena Vitti e obstáculos não eram problemas para

mim, eu os resolvia independente das dificuldades.

Na companhia de Michele e de Rose, a secretária de Miguel, saí da sala dele pouco depois das

seis. Havia o atualizado sobre os últimos assuntos e o deixei ciente de algumas informações que

recebi do hotel.

Mesmo atrasando parte do meu trabalho por ter comparecido à sala de Miguel duas vezes para

repassar as pendências, não me incomodei, pois tive o prazer de sentir o cheiro de perfume
masculino, e também não me importei por ter plateias, talvez elas até servissem como um freio para

alguma atitude que eu viesse a ter, caso estivesse sozinha com ele.

Encarei a porta de madeira escura e tomei uma longa respiração. Eu me auto convidei para um

jantar na casa dos meus pais, afirmando que estava com saudades deles.

Peguei a cópia da minha chave e eu mesma abri, sabia que se tocasse a campainha, algum dos

funcionários me atenderia, no entanto, não achei necessário. O segurança da portaria do condomínio

me conhecia há quase duas décadas e eu nem tinha me mudado há tanto tempo, fazia pouco menos de

1 ano, por este motivo minha presença era sempre liberada.

─ Mãe! Pai! ─ chamei por eles, assim que entrei na sala.

─ Filha! ─ Dona Magnólia chegou à sala em um passo apressado, com um sorriso no rosto e

braços abertos.

Não tive pressa para sair do aconchego que aquele abraço me proporcionava. Amava aquela

demonstração de carinho que fui criada, isso com certeza me fez crescer confiante e amada.

─ Como você está? ─ Afastou-se, conferindo meu rosto sem disfarçar.

─ Estou bem e morrendo de saudades de vocês, com a correria da semana, nem pude vir aqui

mais vezes.

─ Reclamei com seu pai por ele não ter lhe dado um suporte pelo menos na primeira semana. ─

Fez cara feia como se estivesse chateada com meu pai.

Sorri para tranquilizá-la, segurando na sua mão.


─ Aproveite seu marido, dona Magnólia. Afinal, foram trinta anos dedicados à empresa. Se eu

precisar de alguma ajuda, não pensarei duas vezes em o chamar, pode ficar tranquila.

─ Está bem. ─ Sorriu, parecendo aliviada. ─ Sei que ama trabalhar, mas não esqueça de sua

vida pessoal. Você é jovem e precisa namorar.

─ Mãe!

─ Não estou cobrando um genro, isso cabe a você decidir quando é o momento. O que me

refiro é sair para beijar e ─ encostou mais próximo do meu rosto, diminuindo o tom de voz ─...

transar.

─ Mãe! ─ repreendi-a gargalhando.

─ Sua mãe tem razão, Helena. Namorar tira o estresse. ─ Meu pai surgiu ao lado da minha

mãe, colocando o braço no dela e piscou o olho para mim, após concordar.

─ Pai! Meu Deus! Acho que vou embora sem jantar. ─ Revirei os olhos, arrancando risada

deles.

─ Aproveite o tempo que trabalhará junto com Miguel. Tenho certeza que ele não vai somar

com você só na empresa. Arregalei os olhos, querendo não acreditar no que eu tinha acabado de

ouvir.

─ Não entendi, pai.

─ Quem é Miguel, amor? ─ minha mãe perguntando só me fez ligar o alerta de que eu não teria

paz, pois sempre perguntaria por ele.


─ Você ainda não o conhece, mas é um bom rapaz.

─ Acredito que a falta de trabalho está lhe causando alucinações, pois o Senhor está

imaginando algo que não existe.

─ Ele é solteiro, Helena. ─ Meu pai continuou, o que só me fez ficar confusa com aquele

assunto repentino.

─ Ele é funcionário da empresa. ─ Não sei porque rebati isso, mas minha língua foi mais

rápida.

─ A empresa não tem regras sobre funcionários não poder se envolverem.

Claro que eu sabia disso. Disse apenas para fazê-lo esquecer o Miguel.

─ Quero conhecê-lo, Pedro. ─ Minha mãe sorri empolgada.

É meu fim. Tenho certeza que em todas as minhas visitas a eles, o nome dele será mencionado.

─ Podemos jantar? ─ levantei as sobrancelhas mudando de assunto, na tentativa do Miguel ser

esquecido.

Por um instante, eu quis sorrir e compactuar com toda aquela conversa do meu pai e pedir uma

ajuda para nos tornarmos próximos, só que em vez disso, fingi falta de interesse e que era loucura da

cabeça deles.

Ainda bem que consegui mudar o rumo da conversa e após falar como estava me saindo na

empresa, focamos em assuntos triviais e leves.


O jantar foi tranquilo, sem o nome de Miguel vir à tona e acompanhado de muitas risadas, ao

lembrar situações do nosso passado. Teve histórias que já tinha escutado várias vezes, mas nunca

perdiam a graça, quando voltava a roda de nossas conversas. Conversamos também sobre detalhes

da viagem que meus pais fariam. Eu estava muito feliz por eles, pois curtiriam um ao outro sem a

preocupação de resolver algo no trabalho.

─ Semana que vem venho almoçar com vocês. ─ Beijei o rosto de cada um ao me despedir na

porta de entrada.

─ Venha antes de quarta, pois na quinta embarcaremos no cruzeiro.

─ Pode deixar.

Compartilhando da felicidade deles, acenei e entrei no meu carro. Naquele momento só

pensava em chegar em casa, tomar um banho e me jogar na cama para descansar do dia exaustivo que

tive.
HELENA

Se batidas do coração pudessem ser ouvidas à distância com certeza eu passaria vergonha,

pois, por mais que o sorriso estampado em meu rosto demonstrasse confiança e tranquilidade, eu

estava uma pilha de nervos.

Sabia da viagem fazia algum tempo e até mesmo já fiquei sozinha com Miguel nas nossas salas,

porém, em nenhum desses momentos me senti nervosa. Muito pelo contrário, tive até vontade de

jogar indiretas, mas mantive o controle. Só que agora olhando para o homem de terno, segurando uma

mala, de óculos escuros — que o deixou ainda mais sexy —, parado no aeroporto me deixou

completamente desarmada.

─ Desculpe a demora.

─ Não tem problema. Ainda temos tempo.


Nossa estadia duraria dois dias, na verdade, um dia e meio, tendo em vista que nosso voo era

às 11h e só chegaríamos em Fortaleza à tarde.

─ Vou pegar um chocolate quente, antes de entrar na área de embarque. Você também quer? ─

Precisava de uma distração para meu nervosismo.

─ Quero.

Juntos fomos até uma cafeteria e pegamos nossas bebidas. Seguimos para o embarque e não

demorou para entrarmos no avião.

Era pouco depois das quatro quando chegamos no hotel. Com o check-in feito, seguimos para

nossos quartos apenas para deixar as malas, pois sairíamos em breve para ver a localização da

construção, àquela hora do dia. Claro que uma pesquisa de campo foi feita antes da compra do

terreno, e o ponto era excelente, afinal, ficava em frente à praia. Só não era nos pontos mais

visitados, mas o nosso intuito era atrair muitos turistas para aquela área, com o novo

empreendimento.

Os momentos na presença de Miguel, fez com que meu coração traidor fosse se acalmando e

logo me sentia confiante novamente. O táxi parou em frente ao hotel que estavam construindo e

podíamos ver alguns homens trabalhando na construção. Preferimos ficar um pouco afastados, pois

nossa visita naquele horário era um estudo de fora, na manhã seguinte que faríamos uma visita ao

empreendimento, junto com a arquiteta e o engenheiro.

─ Aqui é muito mais bonito que nas fotos ─ Miguel comentou olhando ao redor.
─ Concordo com você.

No calçadão da praia havia uma barraquinha que vendia água de coco. Miguel comprou dois e

ficamos apreciando o grande imóvel que estava sendo construído do outro lado da rua.

─ Acha que eles cumprirão o prazo de seis meses para entregar o hotel pronto?

─ O engenheiro disse que em quatro meses tudo fica pronto, mas estou colocando dois meses

de garantia ─ informei a Miguel.

─ Pelo que vi, é a primeira vez trabalhando com essa equipe de produção.

─ Sim. O projeto é da nossa arquiteta, e nosso engenheiro é que está à frente da construção, o

entanto, meu pai pediu que contratasse um grupo de trabalhadores da cidade para gerar empregos na

região. Por isso que você está vendo uma equipe nova.

─ Senhor Vitti, sempre pensando nas pessoas.

O comentário de Miguel não passou despercebido, o que me fez encará-lo. Sabia do bom

coração do meu pai, para ele, o dono de uma empresa não pode só pensar no lucro, se não tiver uma

boa equipe. Sempre me falava que, para ter bons profissionais, devemos nos colocar no lugar deles e

sempre os ouvir. Desviei meu olhar de Miguel quando seus olhos encontraram os meus.

─ A construção desse hotel, vai gerar muitos empregos. ─ Caminhei até a lixeira e joguei o

coco fora, após beber toda água.

Chamei Miguel para ver o mar mais de perto, afinal, passado trinta minutos observando a

frente da construção, não tínhamos mais o que fazer ali.


Sem responder em voz alta, ele jogou o seu coco na lixeira e se posicionou ao meu lado.

Caminhamos lado a lado pelo caminho de pedra, até o início da areia. Ainda em silêncio, tirei meus

saltos e com eles em minhas mãos, caminhei em direção ao mar. Olhei para Miguel de terno e

comecei a rir.

─ O que foi? ─ questionou confuso.

─ Suas roupas ─ comentei sorrindo.

─ Não imaginei que viria à praia. ─ Olhou para o mar à frente. ─ E suas roupas também não

são propícias para uma praia.

─ Eu sei. ─ Dei de ombros.

Realmente não tínhamos combinado nada, ou poderíamos ter trocado de roupa no hotel. Olhei

para baixo e o vi calçado.

─ Oh! Porque não tirou os sapatos?

─ Estou bem assim e além do mais, calçar meias com os pés sujos de areia não me parece boa

ideia.

─ Era só limpar direito, mas isso não importa agora. Segure meus sapatos. ─ Entreguei o par

de scarpin sem esperar alguma resposta dele e caminhei em direção à água.

─ Você vai molhar sua calça.

─ Não me importo. Só quero sentir a água refrescando meus pés.


Sorrindo, fechei os olhos e respirei fundo sentindo o cheiro da maresia do mar. Girei-me

ficando de frente para Miguel.

─ A água está uma delícia ─ falei um pouco alto para que pudesse me escutar.

Ele apenas sorriu e negou com a cabeça. Dei de ombros e voltei a ficar de frente para o mar,

dando mais alguns passos até a água chegar nas minhas canelas.

Fazia um bom tempo que não me permitia curtir a praia. Desde que assumi a diretoria da

ImobiVit que minha vida era dedicada exclusivamente ao trabalho, e não estava arrependida por essa

escolha. Eu amava a empresa e o que fazia. Sabia que no cargo de CEO, estaria tão ocupada quanto

antes, por este motivo aproveitava cada brecha de prazer que a vida me proporcionava, e sentir o

mar tocando meus pés era uma dessas brechas.


MIGUEL

A presença constante de Helena estava mexendo comigo mais do que eu gostaria de admitir.

Realmente estou ficando maluco.

Depois de tirar o blazer e a gravata, abro os botões da camisa social assim que me sento na

cama e a cena da praia vem à tona na minha mente. Perdida em sua própria alegria, enquanto as

ondas molhavam seus pés, ela conseguiu ficar ainda mais linda. Naquele momento, o que eu mais

desejei foi correr até ela e a segurar, enquanto me deliciava com seus lábios. No entanto, a única

coisa que segurava era seu par de sapatos.

Não demoramos muito no local e logo retornamos ao hotel, afinal ainda não tínhamos

descansado da viagem. Livrei-me da camisa, deixando-a em cima da cama e me dirigi ao banheiro


para um banho.

Com a toalha em volta da minha cintura e enxugando o cabelo com outra, aproximei do celular

quando notificou uma mensagem.

Helena Vitti: Esqueci de falar com você, mas vamos jantar às 20h, no restaurante do hotel

mesmo.

Sorri com a ordem na mensagem dela.

Eu: Reunião?

Helena Vitti: Não. Jantar entre duas pessoas que precisam comer antes de dormir.

Eu: Ok.

Não me importava de pedir a refeição e comer no quarto, até estava pensando em fazer isso,

mas não tinha como negar a ordem da minha chefe.

Terminava de me arrumar quando escutei leves batidas na porta e após conferir o horário no

celular, imaginei ser Helena, pois não estava esperando ninguém.

Eu sabia da pontualidade dela na empresa, mas por ter se atrasado para chegar no aeroporto,
não imaginei que chegaria cinco minutos antes do horário marcado na mensagem.

Ao abrir a porta, deparei-me com a mulher ainda mais linda do que meus olhos estavam

acostumados a ver. As roupas sociais não estavam presentes. Um vestido preto com decote próximo

aos seios abraçava perfeitamente seu corpo. Lutando contra minha vontade de analisá-la, consegui

manter o foco em seu rosto.

─ Compensando meu atraso de mais cedo. ─ Brincou sorridente ─ Está pronto?

─ Sim. Já ia te mandar mensagem.

─ Então vamos.

Quando Helena virou as costas, meu autocontrole foi para o fim do mundo. O decote da parte

da frente não era nada comparado ao das costas.

Puta que pariu!

As costas daquela mulher estavam totalmente expostas para mim, além das alças finas que

sumia por baixo do braço, a peça só voltava a ter tecido na parte da bunda até o início das

panturrilhas.

Molhei meus lábios com uma rápida passada de língua e apressei meu passo para ficar ao seu

lado, porque ficar atrás, só me faria um homem com pensamentos impuros sobre sua chefe.

─ Você gosta de que tipo de música, Miguel? ─ Helena, perguntou assim que a porta do

elevador foi aberta.

─ Depende do momento, mas prefiro as menos barulhentas possíveis.


Escutei o sorrisinho baixo dela, o que me fez sorrir involuntariamente. Não sabia onde Helena

queria chegar com aquela pergunta, mas não me incomodei.

Eu deveria devolver a pergunta?

Na dúvida, preferi ficar calado e esperei que ela apertasse o botão que nos levaria até o andar

do restaurante.

Passei muito tempo dedicado só a mim e ao trabalho, talvez não estivesse na melhor forma de

interagir com uma mulher, ainda mais ela sendo minha chefe.

─ Em casa gosto de música calma e muitas vezes prefiro o silêncio, talvez por manter a mente

agitada durante o dia, mas não resisto a uma música alta quando estou em algum evento. Na minha

opinião, ela que nos move a sair do nosso mundo, sabe. A música alta em ambientes de festa tem o

poder de me fazer relaxar.

Imaginei toda a situação enquanto ela falava, porém, ainda prefiro minha boa música calma e

de preferência no volume baixo, mas não ia cortar sua empolgação, gostava de vê-la saindo do foco

CEO da ImobiVit.

─ Desculpe estar lhe enchendo com esse tipo de assunto, sei que não somos próximos, mas é só

porque não quero falar sobre trabalho.

─ Pode falar do que quiser, Helena. ─ Encarei-a sorrindo com sinceridade para tranquilizá-la.

Se eu não era uma boa companhia para conversar, ao menos seria um bom ouvinte.

─ Obrigada.
O silêncio tomou conta daquela caixa de metal, onde só havia nós dois.

─ Continue ─ pedi depois que o silêncio se tornou insuportável e a porta do elevador se abriu.

─ Você poderia conduzir a conversa também — comentou sorrindo — , mas vou entender que

seja pelo seu jeito sério e calado.

─ Desculpe por ser uma péssima companhia.

─ Não se preocupe, Miguel. Sua presença é muito boa, mesmo que permaneça calado. Espero

que nossa relação evolua com essas viagens, não quero que fique tenso ao meu lado.

Olhei rapidamente para ela e quando meus olhos capturaram o vislumbre daquele colo à

mostra, desviei o olhar para frente. Limpei a garganta, tentando recuperar o foco.

─ Não estou tenso. Só me acostumando com sua presença de maneira não profissional.

─ Do que depender de mim, farei se acostumar bem rápido. — Segurei o sorriso com a

empolgação na sua voz.

Durante o jantar, Helena continuou a conversar sem envolver assuntos profissionais e à medida

que ela avançava em nos deixar confortável, eu segurava o freio dos meus pensamentos. Confesso

que dificultei um pouco nossa conversa, pois quando respondia algo que ela perguntava, eu deixava

que o silêncio reinasse na mesa. Em uma hora de relógio, descobri que Helena era do tipo oito ou

oitenta, que da mesma forma que gostava da calmaria de casa, gostava de curtir uma festa para tirar o

estresse. Descobri também que ela amava comer, apesar de ter um corpo lindo e que não gostava de

ir à academia. Gostava de andar e correr, mas por ter a vida agitada, tinha uma esteira em casa para
esse tipo de atividade.

Não sei porque começou a falar tão abertamente da vida pessoal, mas percebi que se sentia

relaxada daquela maneira. Evitei ao máximo falar de mim, mas com seu poder de persuasão

conseguiu algumas informações, como: eu amar ficar em casa, e de que minha irmã estava morando

comigo por um tempo.

No fim, nosso jantar serviu para nos deixar confortáveis com a presença um do outro, e na

porta dos quartos, despedimo-nos com um aceno de mão. Ela dormiria no quarto ao lado e se eu

fosse um canalha, teria seduzido aquela mulher para que dormíssemos no mesmo quarto, mas além

dela ser minha chefe, Helena merecia respeito.


HELENA

O sol ainda estava presente no céu quando voltamos para São Paulo. Foi no estacionamento do

aeroporto mesmo que nos despedimos, eu estava muito mais tranquila que no início da viagem e

Miguel, parecia um pouco mais acessível. No fundo, esperava que não fosse coisa da minha cabeça,

pois aproveitaria aquela evolução para tentar ficar mais próximo dele.

Segui caminho direto para casa, e antes de dormir anotaria algumas informações sobre a

viagem.

De banho tomado e com o tablet ligado em cima do sofá, caminhei com uma xícara de café nas

mãos até a sacada da sala e observei as milhares de luzes acesas, o contraste da minha noite anterior,

já que eu estava no hotel em frente ao mar. Sorri ao lembrar do jantar com Miguel, tenho certeza que

ele pensou que eu era louca, pois puxei assuntos como se fossemos íntimos.
Deixando de pensar em Miguel, voltei para a sala e sentei no sofá com o tablet nas mãos,

finalizaria minha noite de domingo trabalhando como de vez em quando acontecia, e só assim

poderia ir para cama dormir.

***

O dia na ImobiVit foi tranquilo, sem ter motivos para ir até a sala de Miguel passei o dia sem

vê-lo. Saí da empresa pouco antes das 18hs e fui direto para o shopping.

Com algumas sacolas de lingerie em mãos, parei em frente à loja de Bia, irmã do Miguel, e

após olhar a vitrine e me apaixonar por um vestido vermelho, entrei para comprar.

Uma vendedora me atendeu com bastante educação e atenção, e após experimentar alguns

modelos, saí com três peças. Confesso que me demorei mais que o necessário, apenas na esperança

de Bia chegar e puxar assunto com ela, só para ouvi-la falar do irmão, no entanto, isso não aconteceu

e saí apenas com os produtos da sua loja.

Estava na praça de alimentação quando, para minha surpresa, avistei Miguel sentando em uma

das cadeiras nas mesas centrais, acompanhado de uma mulher ao qual não pude reconhecer de

imediato, pois estava de costas. Peguei meu lanche e dirigi-me para o centro da praça, no intuito de

que ele me notasse, talvez estivesse agindo fácil demais, mas queria uma chance com aquele homem.

— Helena?

Girei a cabeça, à procura de quem me chamava e lá estava Bia acenando.

Ah, ela era a mulher na mesa com Miguel.


— Oi, Bia — cumprimentei-a sorrindo, enquanto meus olhos vaguearam na direção de

Miguel, que me observava.

— Sente-se conosco. ─ Levantou-se me convidando.

Sem pensar duas vezes, caminhei na direção deles e puxei uma cadeira entre ambos.

─ Oi, Miguel — cumprimentei-o, sorridente.

─ Oi, Helena.

Ainda de terno e gravata, mostrava que tinha vindo direto do trabalho, assim como eu.

─ Você esteve lá na loja? — Bia, perguntou empolgada.

─ Acabei de sair de lá. Sua vitrine está um arraso, impossível resistir. Parabéns!

─ Ahhh... muito obrigada, Helena. Viu só Miguel, só você não cai na tentação de gastar seu

dinheiro.

─ Não estou precisando de roupas no momento, Bia.

─ Claro, não gasta as que têm. Só fica enfiado dentro de casa e quando sai é para o trabalho e

só usa terno.

Abaixei o olhar, mordendo o lábio para não sorrir.

─ Para onde eu deixo de ir não está em pauta aqui. Já que você tem a presença de alguém,

posso ir embora.

Rapidamente, encarei Miguel. Não queria que ele fosse.


─ De forma alguma. Vai terminar de comer primeiro.

Bia era totalmente diferente de Miguel, pois foi ela quem conduziu toda a conversa na mesa,

onde eu e Miguel respondíamos de vez em quando.

─ Eu já vou indo. Obrigada pelo convite de sentar com vocês. ─ Me despedi deles, pois meus

pés estavam gritando para sair do salto.

Mesmo que eu tenha passado pouco tempo na presença de Miguel, já foi o suficiente para

alimentar meu desejo de vê-lo naquele dia.


MIGUEL

A dona dos meus pensamentos se despediu após terminar seu lanche. Mentalmente, torci para

que minha irmã a impedisse de ir embora naquele momento, apenas para poder apreciá-la um pouco

mais, mas não aconteceu. Sorri de canto por causa do meu desejo e bebi o restante do refrigerante

para que Bia não notasse. Conhecia minha irmã muito bem, para saber que se ela desconfiasse de

alguma coisa, não me deixaria em paz.

─ Acho que é minha deixa para ir embora também ─ coloquei o copo de volta na mesa ─ Vai

agora? ─ perguntei, pois sabia que Bia não ficava na loja à noite, quando não era período de festa.

─ Júlio está vindo para o shopping, vou esperá-lo.

─ Vai dormir com ele hoje? ─ Não que aquilo fosse da minha conta, mas estava mesmo
acostumado com a presença de Bia no meu apartamento.

─ Acho que não. Te mando mensagem avisando, caso mude de ideia.

─ Está bem. ─ Levantei-me e fui até ela para beijar sua cabeça como despedida. ─ Até mais,

então.

─ Ela tinha uma sacola de lingerie nas mãos ─ Bia comentou com um sorriso malicioso nos

lábios.

Encarei-a confuso.

─ Do que está falando, garota?

─ Da sua chefe. Além das sacolas lá da loja, ela também comprou lingerie. Será que tem algum

encontro especial?

Respirei fundo com aquele comentário.

─ Só se compra lingerie quando tem encontro? ─ Cruzei os braços tentando esconder que

fiquei incomodado ─ Não vou ficar dando ouvidos às suas teorias. Tchau, Bia!

Afastei-me antes que ela comentasse algo mais que fizesse minha mente enlouquecer de tanto

pensar em Helena.

Caminhando pelo shopping em direção ao estacionamento, passei em frente a uma loja de

lingerie que me fez parar para observar a manequim usando um conjunto preto.

O que será que ela comprou na loja de lingerie?


Ao apreciar aquelas peças, minha mente rapidamente criou uma imagem perfeita: Helena

vestida com aquele conjunto seria mais tentação do que já era. Comecei a imaginar também, a

maldita engatinhando pela cama na minha direção e abocanhando meu pau.

Balancei a cabeça rapidamente saindo daquele mundo ilusório, quando senti o resultado da

minha imaginação começando a agir dentro das calças.

A mulher era minha tentação. Era capaz de fazer com que eu sonhasse acordado.

A cada dia tenho mais certeza que estou ficando maluco.

Ignorando as pessoas, voltei a caminhar apressadamente em direção ao estacionamento.

Precisava sair logo daquele local, ou corria o risco de imaginá-la em qualquer outra roupa.

Como uma mulher é capaz de enlouquecer o juízo de um homem, sem nem ao menos fazer

nada?

Normalmente, não ficava imaginando cenas daquele tipo, quando quero, ligo e resolvo minha

vontade. Contudo, com Helena era diferente. Eu queria, mas não tinha como resolver meus desejos.
HELENA

Acalme-se Helena!

Ele é apenas um homem bonito que trabalha com você.

Antes fosse só isso. ─ Revirei os olhos com meu pensamento.

Ele era o homem mais lindo, charmoso e sexy daquela empresa e tinha um pequeno detalhe: eu

o cobiçava desde... sempre.

A verdade era que eu queria tirar uma lasquinha dele.

Não! Queria ele por inteiro.

Respirando fundo, coloquei meu melhor sorriso para esconder a inquietação do meu coração e

esperei sua secretária informar minha presença.


Fazia alguns dias que eu o tinha visto, e nem foi aqui na empresa e sim em um encontro

esporádico no shopping. Para piorar meus pensamentos impuros com aquele homem, ainda o vi

parado em frente a uma loja de lingerie. Eu estava lá dentro e quando meus olhos capturaram a

presença dele, estanquei no lugar. Naquela noite não iria comprar mais nada, mas quando estava indo

embora não resisti ao conjunto preto da vitrine. E hoje, com toda minha coragem reunida, coloquei-o,

pois sabia que falaria com ele. A transparência da blusa escolhida também foi proposital, eu só

queria ver nos olhos dele algum vestígio de lembrança. O blazer era um complemento para aquele

meu look do dia, afinal, eu era a CEO e precisava estar apresentável.

Entrei na sala quando Rosi abriu a porta para mim. Observei cada movimento à minha frente,

como Miguel levantando da cadeira para me receber.

─ Pode ficar sentado aí mesmo. ─ Sorri tranquilizando-o.

A beleza daquele homem me abalava todas às vezes que eu o encontrava, e para completar o

pacote da perdição, ele era alto, tinha um corpo forte, do tipo que atraia o olhar e era cheiroso.

Eu amava o cheiro dele.

Sentei-me em uma das cadeiras que ficavam em frente à sua mesa.

─ Trouxe esses documentos para você analisar. Tem um projeto para a construção de um

condomínio fechado aqui em São Paulo.

─ Vou começar a analisar hoje mesmo. ─ Seus olhos passearam pelas folhas do relatório. ─

Alto padrão ─ comentou e sabia que se referia ao condomínio fechado.


─ Sim. Segundo o dono, alguns já estão vendidos para artistas. Serão mansões de luxo.

Olhei atentamente ele acenando positivamente enquanto partia para o outro relatório.

Aproveitei que estava disperso e abri o botão do meu blazer de propósito, ignorando meu lado

de boa moça.

─ Vou estudar com calma esses projetos. Quando precisa de um retorno? ─ Levantou o rosto

para me encarar e seus olhos em minha roupa, não passaram despercebidos.

Perfeito!

Desviou o olhar e se concentrou em meu rosto. Conseguia sentir a luta interna dele para não

voltar a olhar na direção dos meus seios.

─ São dois projetos que já tem meu aval. Geralmente eles passam por você antes de vir até

mim, mas foram clientes que meu pai esteve negociando a algum tempo atrás. Trouxe os relatórios

para ficar ciente dos projetos e organizar o de sempre.

Fiquei satisfeita em ver seu pomo de adão subindo e descendo, enquanto mantinha o foco no

profissional.

─ Ok!

Sem hesitar, me levanto da cadeira. Não tinha mais o que fazer ali e Miguel não me dava

espaço para que minha estadia perdurasse.

Fitei-o por mais um momento na esperança de que ele pedisse para eu ficar, mas recebi apenas

seu olhar intenso que fez meu corpo inteiro se arrepiar. Miguel também se levantou e me acompanhou
até a porta. Antes dele abrir, girei meu corpo ficando de frente para ele.

Estávamos próximos. Muito próximos. Conseguia até sentir o ar quente de nossas respirações

se tocando.

Era arriscado. Eu sabia que sim, mas eu não conseguia mais pensar e muito menos agir com a

razão, porque a emoção gritava pelos meus poros.

Com ele longe, eu conseguia me manter na retaguarda, mas com ele tão próximo a mim, só fez

com que meu desejo por ele aumentasse.

Eu o queria, mas ele parecia não ser capaz de perceber isso. Mas naquele momento a culpa

tinha sido dele, por não ter mantido distância ao me acompanhar até a porta.

Percorri os dedos pela sua gravata preta e seus olhos sequer desviaram dos meus.

─ Não fique tão perto, ou não conseguirei me controlar. ─ Umedeci meus lábios.

A respiração dele ficou mais ofegante.

─ Não me provoque, Helena! ─ A voz rouca foi o combustível para minha insensatez.

Senti um arrepio percorrer meu corpo e eu só desejava ser imprensada naquela porta. Desejava

que sua boca devorasse a minha. Desejava sentir a textura e o calor daquela boca e língua.

─ Não consegue se controlar comigo tão próximo?

─ Venho me controlando há muito tempo.

─ O que falta para que perca o controle?


A mão de Miguel foi até minha nuca. Com aquele gesto meu coração bateu mais acelerado e eu

só ansiava pelo próximo momento.

Ele iria me beijar!

Colocou a testa na minha, pude ver o momento que fechou os olhos e respirou com pesar.

─ Você é minha chefe. ─ Seu sussurro pareceu um lamento.

Droga! Qual o problema de eu ser sua chefe?

Queria dizer para ele perder o controle e esquecer essa ideia de chefe, mas como viajaríamos

em breve, não queria um clima estranho entre nós. Para quem esperou tanto tempo, dois dias não

seria nada e eu estava disposta a fazê-lo perder o controle.

Fiquei satisfeita por ver que ele lutava contra um desejo que também sentia. Afastou o rosto do

meu e me encarou em silêncio. Não rebati naquele momento, tudo tinha sua hora.

Coloquei a mão em seu rosto e sorri por ver que não recuou. Inclinei-me em sua direção,

deixando um beijo no canto de sua boca, apenas para provocá-lo.

─ Viajaremos em dois dias. Não se esqueça!

Ainda com um sorriso no rosto, afastei-me e abri a porta para ir embora antes que eu

continuasse, e por impulso o fizesse perder o controle naquela sala mesmo.


MIGUEL

Praguejei enquanto batia a palma da mão na parede ao lado da porta, assim que Helena saiu.

Ainda podia sentir o toque suave dos seus lábios na minha pele.

Que porra estou fazendo?

Nunca misturei trabalho e romance em toda minha vida, porque agora o curso saía da linha?

Aquela maldita blusa mostrava sua lingerie, e era justamente a que eu vi no shopping.

Que inferno!

Afastei-me da parede e caí sentado em uma das poltronas no meio da sala, na tentativa de

voltar o foco e ter meu controle de volta.

Porque ela tinha que ser uma tentação e mexer com meu emocional?
Ela era minha chefe!

Por um momento não tomei seus lábios nos meus. Não foi por falta de querer, mas consegui

frear a tempo. Questionei-me se tinha sido correto recuando daquela forma, porém, minha razão me

lembrou que era o ideal a se fazer, ou nossas roupas terminariam espalhadas pela sala. E tudo o que

eu menos desejava era perder a confiança do Senhor Pedro Vitti, por desrespeitar sua filha.

Tentei não ficar pensando no que tinha acabado de acontecer e me levantei, afinal, o trabalho

me esperava. Peguei os documentos que Helena trouxe e coloquei-os na primeira gaveta, iria

finalizar o que estava fazendo antes de analisar os novos. Foquei no que realmente importava,

fazendo anotações necessárias.

Saí do escritório mais tarde que o habitual, pois por diversas vezes a cena que protagonizei

com Helena voltou à minha mente. Para completar meu desespero, nossa viagem se aproximava e

ficaria a sós com ela na maior parte do tempo. Não tinha nenhuma justificativa que me fizesse

declinar esse compromisso.

Eu não era homem de correr de mulher, contudo, sabia que não daria certo nosso envolvimento,

afinal tínhamos muito contato e uma relação fora do trabalho atrapalharia o profissional.

No dia seguinte, assim que cheguei na ImobiVit, avistei Helena no hall de entrada da empresa e

não tinha como passar por ela sem que me visse. Ela falava ao celular toda sorridente, não conseguia

disfarçar meu olhar em seus movimentos. Daquela vez o vestido vinho era comportado, abraçava

perfeitamente suas curvas, causando-me uma leve inveja.


Para minha sorte, Bia não dormiu em casa na noite anterior, ou teria desconfiado de algo, já

que praticamente sequei uma garrafa de vinho.

Disfarcei meu olhar em Helena e quando me preparava para apressar o passo, senti uma mão

tocando meu ombro e uma voz conhecida me chamando.

─ Miguel!

Virei-me para encarar Pedro Vitti com um imenso sorriso.

─ Senhor Vitti! ─ Estendi a mão para receber seu cumprimento.

─ Como você está meu rapaz?

─ Estou bem e o senhor?

Fazia pouco mais de um mês desde que o vi. O tempo realmente voou desde que assumi a

diretoria.

─ Estou ótimo. Acabei de retornar de uma viagem e resolvi fazer uma surpresa para Helena.

Sorri para ele e acompanhei seu olhar carinhoso para a mulher à minha frente, ainda ao

telefone. No momento que seu olhar encontrou os meus, senti como se todo mundo soubesse o que

tínhamos feito na noite anterior. Minha garganta secou automaticamente. Desviei o olhar, voltando a

focar no Senhor Vitti.

─ Pai? ─ Helena correu até nós e a surpresa em sua voz quase me levou a trair meu

autocontrole novamente. ─ Estava na ligação com a mãe e ela nem comentou que viria aqui.
Abraçou o pai e eu apenas aguardei educadamente o momento deles para que eu pudesse me

retirar.

─ Oi, Miguel. Bom dia! ─ Tocou em meu braço, sorrindo carismática.

─ Bom dia, Helena. ─ Retribui a empolgação.

─ Nem ela sabe que estou aqui. Deixei-a no salão aqui perto e vim te ver.

Percebi que era um momento entre família e aproveitei para me despedir.

─ Foi um prazer revê-lo, Senhor Vitti. Estou indo para minha sala, preciso terminar umas

coisas.

─ O prazer foi todo meu. ─ Segurou minha mão, novamente.

Sorrindo, acenei e me retirei da presença deles. O dia começou com duas surpresas

agradáveis, mesmo que uma delas eu estivesse evitando ver. No entanto, olhar para Helena,

melhorava o dia de qualquer pessoa.


HELENA

O dia da viagem havia chegado e diferente da primeira vez, não fomos no mesmo horário. Tive

uma reunião que não pôde ser remarcada, e com isso Miguel seguiu para Fortaleza pela manhã, para

ajustar alguns pontos com o cliente e apresentar a proposta de contrato para que os serviços do hotel

fossem contratados pela nossa imobiliária.

Por viajar sozinha, meu nervosismo estava sob controle e também não sei como ficaria, caso

estivesse ao lado dele. Ainda não acreditava na forma que agi dias atrás. Havia paquerado Miguel e

ainda o tinha beijado no rosto. Por causa dessa minha impulsividade, preferi ficar longe para não

cair na tentação e ser rejeitada pela segunda vez.

Não seria imatura ao ponto de demitir o homem, só porque não me quis. Antes do meu desejo,

o profissionalismo estava em jogo e Miguel era um excelente profissional.


Quando cheguei no aeroporto de Fortaleza, enviei uma mensagem para ele informando que

primeiro iria para o hotel e depois o encontraria com o cliente.

O sol começou a se pôr quando o táxi parou em frente ao endereço que Miguel me enviou.

Totalmente diferente do que eu imaginava, sorri ao ver que não se tratava de um restaurante

sofisticado. Nossa reunião seria em um ambiente mais casual.

Desci do carro e olhei o local com muita satisfação, pois parecia um lugar para se divertir

além de comer. Abri a porta de vidro, observando tudo ao redor. O ambiente bem iluminado atraiu

minha atenção, a música lenta induzia o cliente a querer ficar por mais tempo enquanto conversava

com os amigos. Depois de apreciar o local, olhei ao redor na tentativa de encontrar Miguel e nosso

cliente.

─ Boa tarde, senhorita! Em que posso ajudá-la? ─ Um homem de camisa floral me abordou

minutos depois da minha avaliação minuciosa do local. Já estava pensando que a única falha dali, era

não ter alguém para nos auxiliar.

─ Boa tarde! Estou procurando dois amigos e não consigo encontrá-los. ─ Olhei mais uma vez

na direção das mesas, onde tinha algumas pessoas.

─ Sabe informar em qual estação estão? — Olhei curiosa para o funcionário.

─ Estação?

─ Sim. Nossos ambientes são nomeados por estação e temos três.

─ Ah! Só um momento.
Peguei o celular e abri a mensagem no nome de Miguel. Perguntei pela tal estação, ao qual a

resposta veio rapidamente.

─ Eles estão na dois.

─ É o restaurante. Vou acompanhá-la até a porta de entrada.

Estava bom demais para ser verdade. Um local descontraído para uma reunião de negócios,

claro que isso não aconteceria.

Após passar pela estação 1, que mais parecia um barzinho, fui conduzida por um corredor,

acompanhada do homem de camisa floral até a porta número 2.

─ Desculpa perguntar, mas o que tem na estação 3?

─ Uma boate.

Abri e fechei a boca e um sorriso nasceu em meus lábios.

─ Obrigada.

─ Disponha. ─ Sorriu para mim e não deixei de reparar na covinha que se formou do lado

esquerdo do seu rosto. ─ Se gostar, não deixe de conhecer nossa boate, nossos DJs são maravilhosos.

─ Piscou o olho.

O homem saiu, e antes de entrar na porta do restaurante, olhei para minha roupa e sorri aliviada

por ter escolhido uma que combinava com qualquer ambiente.

***
Durante nossa conversa com o cliente, peguei Miguel me olhando por diversas vezes. Não o

julgava, também tinha feito o mesmo. Ele estava impecavelmente maravilhoso naquela noite. Nossa

reunião se prolongou até depois do jantar.

─ Quero mostrar a vocês a boate deste lugar. Gostaria de algo parecido para o hotel, quero

opções de divertimento para todo tipo de público.

─ Fiquei sabendo dessa boate quando cheguei e confesso que estou encantada com a ideia

desse estabelecimento ─ reforcei minha aprovação com o local.

─ Que ótimo! Então vamos lá.

Se eu já estava bolando uma boa persuasão para Miguel aceitar meu pedido para se divertir,

deixei de lado quando nosso cliente fez isso por mim, pois meu querido Diretor Executivo não teria

como negar.

Com um sorriso enorme no rosto encarei Miguel, que estava sério, pelo pouco que o conhecia,

ele não gostava de música agitada.

─ Eu amo uma batida eletrônica ─ nosso cliente comentou empolgado, quando saímos do

restaurante e fomos para a porta da estação 3. ─ E vocês?

─ Depende do dia ─ respondi com a mesma empolgação.

─ Prefiro músicas que acalmam ─ Miguel comentou sem jeito e eu me segurei para não rir.

─ Música eletrônica acalma ─ o cliente enfatizou sorrindo.

Era nítido o quanto ele estava desconfortável, mas tudo na vida tinha que ceder para que
cedessem para nós.

Entramos na boate e logo nos acomodamos em uma mesa de canto. Meu corpo automaticamente

respondeu ao comando da música e logo eu estava me balançando, mesmo sentada.

Conversas e drinks foram os acompanhantes da primeira hora e após informar que me reuniria

com a arquiteta, nosso cliente foi embora, ficando apenas eu e Miguel.

─ Tudo bem ficarmos mais um pouco? ─ Segurei no braço dele apenas pelo motivo de querer

contato físico.
MIGUEL

Desviei minha atenção da mão dela em meu braço e encarei seu rosto. Sua expressão era de

alegria, e fez com que eu fosse contra minha vontade de ir embora e aceitasse o seu pedido.

─ Claro! ─ respondi com pouca empolgação, mas felizmente não tirou o sorriso daquele rosto

que fazia parte dos meus sonhos.

─ Eu vou até à pista de dança. Quer ir comigo?

─ Pode ir. Vou ficar bem aqui. ─ Dando de ombros com minha resposta, saiu da minha frente.

Ir dançar era demais. Levantei meu copo e fiz um gesto de brinde, quando Helena acenou de

longe para mim.

Estar na companhia dela compensava todo aquele barulho. Helena começou a dançar em um
ponto que eu conseguia assistir. Não pude esconder o sorriso de satisfação ao vê-la remexendo o

corpo, sensual.

Tão linda.

Terminei todo meu drink e pedi outro, somente aquele líquido gelado parecia ser capaz de

abaixar a queimação do meu corpo. No fundo do meu íntimo queria estar dançando colado com ela e

aceitando suas provocações.

Minha satisfação perdeu o lugar para frustração, quando um homem se aproximou e a segurou

pela mão, conduzindo-a em uma dança. Aproximou o rosto próximo ao seu ouvido, deve ter dito algo,

pois a vi sorrindo depois.

Tire as mãos dela! ─ Era o que eu queria falar para aquele idiota.

Para o bem do meu autocontrole, desviei o olhar ou levantaria para ir até ela. Peguei o celular

e abri o aplicativo de mensagem no nome da minha irmã. Gravei um áudio com a música do local. Ri

pela velocidade que a resposta dela chegou.

Bia: SUA CHEFE TE ARRASTOU PARA UMA FESTA?

Caí na gargalhada com a mensagem em letras caixa alta. Podia até imaginar ela praticamente

gritando. Bia sabia que eu tinha viajado a trabalho com Helena, pois informei que o apartamento

seria todo dela pelo fim de semana, mas deixei-a ciente que não queria bagunça.
Eu: Reunião com nosso cliente.

Tudo bem que naquele momento eu estava ali por um pedido da minha chefe, mas não contaria

à minha irmã.

Bia: KKKKK. Queria estar aí para ver sua cara.

Eu: Já quero ir embora.

Bia: Relaxa meu irmão, e aproveita para curtir. As notícias dizem que sua chefe está solteira.

Eu sabia disso. E não era só pelas notícias, mas pelas fofocas internas da empresa também.

Eu: Você disse certo: MINHA CHEFE.

Bia: Beijos e sexo são consequências de uma festa, isso não significa que vai assumir um

relacionamento.

Eu: Tchau, Bia!

Guardei o celular antes de ver a próxima mensagem da minha irmã. Sei que fui eu que puxei
assunto, no entanto, a conheço o suficiente para saber que ela não pararia até eu concordar que sairia

com uma mulher, de preferência minha chefe.

Levantei a cabeça para assistir Helena dançando e fui surpreendido com ela se aproximando da

mesa que eu estava.

─ Ei! Você está perdendo. Venha dançar um pouco comigo. ─ Pegou o drink dela e bebeu todo

de uma vez.

─ Estou cansado. Essa cadeira e o drink são boas companhias na sua ausência.

Reparei na reação do seu rosto que minhas palavras lhe causaram. Confesso que não quis que

tivesse duplo sentido, mas a mulher sorriu maliciosamente. Apoiou as mãos na mesa e inclinou o

corpo em minha direção.

─ Se não tem a intenção de perder o controle, não me provoque também.

Sorri de canto de boca, observando ela pegar meu copo que ainda tinha metade do drink e

beber sem me pedir.

─ Só mais alguns minutos dançando e eu volto para irmos embora.

Permaneci em silêncio e assisti ela voltando para a pista de dança. Sua bunda rebolando a cada

passada era um convite para que eu realmente a olhasse e desejasse.

Sacudi a cabeça para que os pensamentos impuros que me dominavam se dissipassem, mas não

consegui seguir em frente. Desde nosso momento intenso na minha sala, que eu vinha desejando

fervorosamente tê-la em meus braços, e estava sendo difícil resistir.


HELENA

Minha ideia em ficar um pouco mais pareceu não o agradar, no entanto, ele não recusou e por

isso aproveitei para me divertir. Fazia tempo que eu não saía para alguma festa, dediquei tempo

demais à empresa e aquele era um dia diferente, mesmo que tivesse começado como uma reunião de

negócios.

Não abusei da boa vontade de Miguel, após algumas músicas, voltei para a mesa e o chamei

para ir embora. Claro que percebi o olhar dele na minha direção e aquilo só serviu como

combustível para que eu o provocasse.

─ Não me lembro da última vez que dancei tanto ─ comentei empolgada enquanto nos

dirigíamos em direção à porta de saída.

─ E eu não me lembro a última vez em que estive em um ambiente tão barulhento.


Girei na direção dele e ainda com um sorriso de divertimento, o provoquei.

─ Deveria ter aproveitado e feito algo mais que não tenha feito recentemente.

Percebi seu olhar de espanto, mas logo se recompôs.

─ Não ando fazendo muitas coisas, Helena ─ respondeu sério, o que ele não sabia era que isso

o deixava ainda mais sexy.

─ Estou disposta a ouvir, caso deseje contar.

Quando um funcionário vestido de terno preto abriu a porta para sairmos daquele lugar, senti

um puxão em meu braço que quase me fez cair.

─ Vai embora sem se despedir, gata?

─ Solte o braço dela ─ Miguel, deu um passo à frente mostrando sua presença imponente.

─ É dona dela por acaso? ─ O homem com quem eu tinha dançado algumas vezes, indagou,

com um sorriso debochado no rosto.

─ Não é da sua conta, mas não chega agarrando o braço das pessoas dessa forma.

─ Está tudo bem. ─ Puxei meu braço para longe da mão do homem. ─ Foi um prazer dançar

com você, mas agora tenho um compromisso.

─ Transar com o babaca, aí? ─ Apontou para Miguel.

Senti a raiva subir, fervendo em meu corpo, fazendo com que eu agisse por impulso e acertasse

minha mão no rosto dele.


─ Acho que o babaca aqui é você! ─ vociferei.

─ Calma aí, esquentadinha. ─ Passou a mão no rosto, sorrindo feito um idiota.

─ É melhor ficar calado, cara. Ou terei que acertar o outro lado do seu rosto com um murro.

Miguel segurou em meus ombros e girou meu corpo, para que fossemos embora.

─ Agora veja se é dá conta dele se eu transo ou deixo de transar?

Saí bufando de raiva daquele lugar. Se o clima estava propenso para que eu tentasse seduzir

Miguel, a situação que passei me deixou estressada demais para pensar nisso.

─ Eu vou voltar lá e acabar com a raça dele. ─ Parei de repente e virei na direção da porta.

─ A senhorita vai para o hotel comigo. ─ Miguel me impediu, e juntos caminhamos para fora

daquele estabelecimento.

Puxando algumas respirações para me acalmar, me deixei ser levada pelo único homem que eu

gostaria de passar a noite, e logo entramos em um táxi. Permaneci em silêncio durante todo o trajeto,

o que me fez recuperar meu equilíbrio.

─ Não conhecia esse seu lado. ─ Miguel riu quando entramos no elevador.

─ Ao menos serviu para você se divertir com algo ─ comentei com um meio sorriso.

─ Desculpa, Helena.

─ Está tudo bem. Eu só não admito que pessoas deduzam algo de alguém. E daí se fossemos

transar mesmo? Por acaso era da conta dele? ─ Dei um passo para fora do elevador, quando parou
em nosso andar.

─ Era só ignorar o comentário dele e ir embora.

─ E você acha que eu perderia a chance de dar na cara dele, porque pensou algo de mim e te

chamou de babaca? ─ O encarei, séria. ─ Não mesmo. ─ Gargalhei quando parei diante da porta do

meu quarto.

─ Obrigado por não me achar um babaca.

Digitei a senha da porta do meu quarto e dei um passo para entrar.

─ Nem tudo o que é perfeito presta, não é mesmo? ─ indaguei pensativa. ─ Você não é babaca,

mas tem um defeito Miguel.

─ Posso te garantir que tenho muitos defeitos, Helena, mas gostaria de saber qual você vê.

Sem me importar com as consequências que minha resposta resultaria, encarei Miguel e ao

invés de terminar de entrar, aproximei-me dele.

─ Não perceber que estou afim de você.

─ Helena...

─ Eu sei... não é recíproco e por isso é o seu defeito ─ sorri recuando ─, mas isso não te faz

menos profissional, ou não me faz te desejar menos.

A mão dele agiu rápido e puxou minha cintura, mantendo-me próxima a ele. Meu coração saltou

com aquele gesto inesperado.


─ Por que agora? ─ falou sem tirar os olhos de mim.

─ Como assim?

─ Nos conhecemos há tantos anos e só agora você está demonstrando interesse.

─ Você não dava abertura e não éramos próximos, mas isso nunca foi problema para eu te

achar atraente e desejá-lo.

─ Você é minha chefe. ─ Sentia o olhar de desejo, mesmo com sua voz baixa me alertando.

─ Você me deseja, Miguel?

─ Você é uma mulher linda, Helena. ─ Fugiu da minha pergunta. Inclinei meu rosto em direção

ao dele.

─ Você também me quer?

─ Você é minha chefe. ─ Voltou a falar com um sussurro mais rouco daquela vez.

─ Mas me deseja ─ afirmei convicta da resposta.

Com o olhar intenso preso nos meus, respondeu acenando com a cabeça e foi a resposta que eu

esperava para me impulsionar em sua direção.

Miguel não recuou quando nossos lábios se tocaram. Para alegria do meu coração, ele apertou

a mão em minha cintura puxando-me ainda mais para próximo de seu corpo. Aproveitei aquela

investida e subi minhas mãos até sua nuca.

Precisava aproveitar aquele beijo.


Nossas línguas batalhavam lentamente, provando a textura e o sabor uma da outra. Aproveitei

seu corpo relaxado e tentei dar um passo para trás, trazendo-o comigo.

Beijar na porta do quarto de um hotel não era o que eu tinha em mente, precisava ficar a sós

com aquele homem e naquele momento, não me importava de não ter experiência. Eu apenas o queria,

dane-se o mundo e o homem que fez meu sangue ferver de raiva na boate.

Eu queria sim transar com Miguel.

Nunca fui de esperar o príncipe encantado ou o amor da minha vida para perder a virgindade,

apenas não havia chegado o momento. Não até aquele instante. O meu desejo por Miguel Machado só

aumentava à medida que nossas bocas se mantinham grudadas.

Ele parou o beijo, colando nossas testas.

─ Helena... ─ O hálito quente tocou minha pele.

─ Vamos entrar ─ pedi com o mesmo tom sussurrado que o dele.

─ Você bebeu... eu bebi...

─ Estou consciente do que quero, e além do mais, não bebi ao ponto de fazer algo que não vá

me lembrar, ou me arrepender.

─ Seu pai...

─ Não é hora de pensar no meu pai. É hora de pensar em voltar a me beijar e...

Miguel me calou com sua boca, e com o corpo colocado no meu, levou-me para dentro do
quarto. Sorrindo entre o beijo, me deixei levar naquele furacão do momento que o desejo nos

provocava.

─ Você me deixa maluco, mulher. ─ Mordiscou meu lábio, antes de voltar a sugá-lo.

Sentia o volume dentro de suas calças, e o roçar do quadril me deixava louca de tesão. Pela

forma que agi dando em cima de Miguel, pode parecer que sou uma tarada, mas a verdade, era que eu

não aguentava mais tê-lo tão próximo, e não ser tocada ou ao menos desejada. Naquele momento

tinha os dois. Estava sendo tocada e desejada por Miguel.

O beijo macio começou a percorrer meu rosto, maxilar e subiu pelo pescoço, em direção à

orelha.

─ Você me provocou Helena, vai ter que aguentar as consequências de um homem louco pela

sua chefe.

─ Faça o seu melhor, Diretor Executivo.

Ainda bem que consegui controlar o nervosismo do que eu sabia que aconteceria. O desejo de

ser dominada por ele, era muito maior. Talvez eu tivesse uma leve ajuda do álcool que consumi na

boate.

As mãos de Miguel subiram por baixo do meu vestido e tocaram minha bunda coberta por uma

calcinha fio dental.

─ É preta ─ sussurrei provocativa em seu ouvido.

Apertou firme, levando meu quadril a roçar no dele.


─ Estou tão duro que chega a doer.

─ Serei o seu melhor remédio.

Miguel agarrou-me impulsionando a escarranchar em sua cintura.

─ Você está brincando com fogo.

─ Não tem problema, contanto que se queime comigo ─ Mordisquei seu maxilar.

O homem me colocou deitada no centro da cama e ficou por cima de mim. Admirou em silêncio

meu rosto, e com o indicador foi traçando um caminho desde minha boca até minha coxa.

─ O que será de nós, amanhã?

─ Vamos pensar no agora ─ respondi como se eu estivesse no controle, mal sabia ele que me

tinha nas mãos.

O olhar que me lançou fez meu coração bater ainda mais descompassado e meu corpo se

arrepiar. Miguel voltou seu olhar de devoção em meu corpo, subiu o vestido, revelando minha

calcinha.

─ A calcinha do shopping ─ disse baixinho passando o dedo por cima da renda.

Lembro exatamente do dia que o vi parado em frente à loja de lingerie que eu estava. Havia

entrado ali para comprar outras peças, e quando percebi que admirava demais algo, decidi levar o

conjunto que a manequim vestida.

─ Comprei pensando em você.


Levantou os olhos para me encarar novamente. Meu peito subia e descia rapidamente, devido à

agitação que corria em meu corpo. As mãos voltaram a trabalhar, subindo ainda mais meu vestido e o

tirando por cima da minha cabeça. Deslizou o indicador pelo desenho da renda.

─ Perfeita ─ sussurrou, inclinando-se em minha direção e roubando um beijo dos meus lábios.

Apoiou-se em um dos braços, e o senti mexendo na calça com a outra mão. Ansiava pelo

momento em que ele tirasse toda roupa e ficasse exposto para poder admirá-lo, no entanto, não

poderia correr o risco de ele inventar uma desculpa e sair desse quarto, me deixando ainda mais

louca de desejo.

Miguel colocou a mão dentro da minha calcinha e deslizou os dedos pela minha intimidade.

Sentia o quanto estava molhada, mas não imaginei que sentir o dedo dele deslizando pela minha pele

sensível, me faria tremer.

─ Você está prontinha para mim. Que delícia! ─ Senti meu rosto ruborizar com seu olhar fixo

em mim, enquanto falava.

Sempre prezei pela transparência nos negócios, mas naquele momento não tinha

profissionalismo, certo, e por isso não contei que eu era virgem. Já havia escutado muitas histórias

de que alguns homens ficam com receio de tirar a virgindade de alguém, alguns ficam até nervosos.

Se eu não tivesse me tornado sua chefe, não estaríamos juntos naquele momento. Não iria

quebrar nosso clima, me entregaria por inteira aquele homem maravilhoso que estava me

enlouquecendo, apenas com os dedos na minha intimidade.


MIGUEL

Queria tanto me enterrar nela que chegava a doer.

Helena conseguiu destruir todo meu autocontrole que eu vinha conseguindo manter.

Senti-la tão lisinha e molhadinha foi como finalmente encontrar o caminho que me levava ao

paraíso, ou seria inferno? Afinal, eu estava queimando.

Nunca fui de pensar no amanhã quando só o presente importava, no entanto, com Helena foi

completamente diferente. Me preocupei com ela, me preocupei com o que seria de nós, caso nos

entregássemos aos prazeres da carne.

Afinal, ela era minha chefe.

Eu era o tipo de homem que só pensava no momento, saciar meu desejo carnal e depois cada
um seguia com sua vida. Não nos víamos mais. Porém, com a mulher embaixo de mim, revirando os

olhos enquanto meus dedos a masturbava, essa, eu corria o risco de ver todos os dias na empresa.

Esquecendo as consequências que aquela noite quente nos provocaria, enfiei o dedo devagar

dentro da sua boceta quente. Me deliciei com cada aperto que ela me dava, e meu pau pulsava ainda

dentro da cueca.

Eu estava enlouquecendo antes mesmo de penetrá-la.

─ Miguel... ─ O gemido sensual saiu daqueles lábios vermelhos, causado por meus beijos.

Gostosa demais.

Linda demais.

Puta merda!

Tirei a mão de dentro da sua intimidade, apenas para me livrar urgentemente da calcinha.

Precisava da passagem livre para me deliciar daquela parte. Poderia me levantar e arrancar toda

minha roupa, mas a pressa de ter aquela boceta me apertando era maior que minha vontade de ficar

sem as calças, por isso, apenas abaixei o suficiente para que ao menos pudesse começar logo.

Voltei a beijar aquela boca deliciosa. A língua quente me levava completamente à loucura.

Se antes eu estava maluco por desejar e pensar em Helena, depois de provar seu beijo, fiquei

louco e ferrado.

Inebriado com o movimento de sua língua, suas mãos agarrando minha bunda e puxando-me em

direção a ela, posicionei meu pau em sua entrada. Quando ela conseguiu o que desejava, suas mãos
subiram para minhas costas e começaram a arranhar levemente com as unhas, cada centímetro da

minha pele. Aproveitei para penetrar com urgência o que a fez apertar as unhas com força. Um misto

de dor e prazer percorreu meu corpo.

Caralho!

─ Ah, Helena... que loucura estamos fazendo. ─ Continuei mexendo, daquela vez mais lento.

Por Deus, ela era muito gostosa.

─ Shi... não fala, só faz.

Percebi que sua voz não era só de prazer, o que fez com que eu afastasse meu rosto para

observá-la. Constatei que algo parecia incomodá-la. Parei os movimentos do meu quadril na hora.

─ Te machuquei? ─ Quando ia sair de dentro dela, suas pernas foram mais rápidas impedindo

meu movimento.

─ Continue.

─ Helena, preciso que me fale o que está incomodando ou não vou continuar.

─ Só é tudo novo. Continue e tenho certeza que vou me adaptar ─ falou rápido demais, me

deixando confuso.

Voltei a me movimentar. Entrei e saí, daquela vez mais lento observando o rosto dela, até que

parei repentinamente.

“Só é tudo novo”


─ Por que parou de novo? ─ questionou intrigada com os olhos fixos nos meus.

─ Helena, você... tudo novo, significa... Você era virgem?

─ Vai embora se eu confirmar? ─ Seu olhar era de desespero o que fez com eu me sentisse

como um babaca.

Na verdade, agi como um, quando saí de dentro dela e sentei na cama sem encará-la.

─ Porque não me falou? Virgindade nenhuma deve ser tirada assim ─ Encarei meu pau com

rastros de sangue e depois para o seu rosto.

Merda! Não coloquei camisinha.

─ Não queria que você me rejeitasse por esse motivo. ─ Puxou o travesseiro para cima do seu

corpo, deixando apenas a alça do sutiã à mostra.

─ Não tem como saber como eu reagiria, mas de uma coisa tenho certeza ─ Aproximei-me dela

e toquei seu braço. ─ Eu teria sido gentil com você.

─ Você foi gentil Miguel. Estava tudo maravilhoso.

─ E eu estraguei saindo de dentro de você ─ sussurrei ─, mas foi só porque fui pego de

surpresa.

─ Tudo bem. ─ Sentou-se na cama ─ Vou entender se quiser ir embora.

Balancei a cabeça em negativa.

─ Me desculpe. ─ Toquei seu rosto. ─ Não vou embora. Irei compensar meu momento babaca.
Segurei sua nuca e me aproximei para beijá-la. Cumprindo a promessa das minhas palavras, fiz

da primeira vez dela um momento único e inesquecível.

Amei seu corpo com minha boca e meu corpo, como toda mulher realmente merece. Em

algumas vezes quis algo mais intenso, porém respeitei o momento da minha parceira e a fiz se sentir à

vontade.

Como sempre disse, paciência é amiga da perfeição. E foi com calma que consegui vencer o

desconforto da primeira vez e transformei o ato prazeroso.

Depois do sexo, a levei para um banho e deitamos para recuperar as energias gastas naquele

dia.

Fugi de cair na tentação — chamada Helena — por muito tempo, mas agora que não resisti,

aproveitaria cada segundo ao seu lado.


HELENA

Não imaginei que Miguel fosse tão carinhoso até vê-lo me tratando daquela forma na nossa

primeira vez, e no dia que seguiu. Confesso que pensei que ele iria embora após transarmos, mas o

mesmo passou o domingo no meu quarto de hotel, saindo apenas para pegar a roupa da reunião que

participaríamos naquele mesmo dia.

Depois... ah, depois... eu queria que ele me jogasse na cama e fizesse sexo comigo novamente,

mas ele apenas me beijou e disse que meu corpo precisava descansar. Apesar de sentir minha

intimidade um pouco dolorida, eu estava disposta a fazer novamente.

Foi só quando entramos no aeroporto que percebi que daríamos tchau àquele conto de fadas.

Nossa relação voltaria ao que era antes, já que ele sempre enfatizou que eu era sua chefe. Não

quis pressioná-lo, afinal, era adulta e sabia muito bem que sexo não significava compromisso.
O problema era que eu o queria, e a distância dele estava me deixando maluca. Claro que eu

entendia que o trabalho nos sufocou pelos dias que se passaram. Até eu, estava atolada de serviço.

A saudade dele era imensa, fazia cinco dias que não havia visto nem mesmo sua sombra. E por

mais que eu quisesse ir até sua sala, esperei pela sexta-feira para fazer uma visita ao Diretor

Executivo da ImobiVit.

Com algumas pastas nas mãos, avisei a Michele que entraria em uma reunião e que em breve

estaria de volta. Apesar de ter amizade com minha secretária, não contei sobre o que tinha

acontecido entre eu e Miguel. Preferi manter em sigilo algo que não era certo.

Assim que cheguei no setor que ele trabalha, Rosi estava saindo às pressas para ir ao banheiro,

mas me informou que não tinha ninguém na sala do chefe, que eu poderia entrar.

Aproveitei que minha presença não foi informada, e dei duas batidas na porta antes de abrir.

Adoraria pegá-lo desprevenido.

─ Pode entrar, Rosi.

Sorrindo, entrei e fechei a porta atrás de mim. Ele parecia concentrado no que fazia.

─ Sou eu. ─ Minha voz chamou sua atenção, que logo deixou o que fazia de lado.

─ Helena! ─ Levantou-se da cadeira ─ Esqueci de alguma reunião? ─ apontou para as pastas

em minha mão.

Caminhei na direção da sua mesa e coloquei o material em cima.

─ Tem tempo para mim? ─ Fingi uma inocência que nunca tive, nem mesmo quando eu era
virgem.

─ Claro! ─ Voltou a se sentar na sua cadeira e olhou para as pastas que eu trouxe.

Dei a volta na mesa parando ao seu lado. Inclinei-me e toquei em sua gravata.

─ Que ótimo!

─ Helena...

Girei sua cadeira para que ficasse de frente para mim. Aproximei minha boca da dele, e me

controlei para não o beijar naquele momento.

─ Estou com saudades.

─ Rosi... a porta...

O sorriso voltou a brincar em meus lábios. Conhecia esse seu lado, queria, mas tinha medo.

Porém, o medo deixava tudo mais excitante.

Sentei-me em seu colo e apoiei meus braços no seu pescoço.

─ Fechei a porta. ─ Acariciei sua nuca sem desviar o olhar do dele, esperando que tomasse

alguma atitude.

─ Estamos na empresa.

─ Eu sei. Sua chefe vai aprovar se tomar uma atitude diferente do seu habitual. ─ Mordi o

lábio inferior.

─ Ah, mulher! Você realmente quer me enlouquecer.


A mão dele pousou em minha cintura e deu um leve apertão.

─ Esperava que você agisse com impulsividade ─ Alimentei minha esperança.

Gargalhou, me fazendo apreciá-lo.

─ Acredito que você sabe que impulsividade não faz parte da minha vida.

─ Eu sei. ─ Fiz bico ─ Era só um teste.

─ Como passou a semana? ─ Tocou meu cabelo, colocando-o para trás do ombro.

─ Na correria louca, igual à sua. — Assenti.

A semana na empresa foi realmente muito agitada.

─ Não deveria, mas... ─ aproximou a boca do meu ouvido ─ Já que amanhã é sábado, gostaria

de passar a noite comigo?

Ah, era isso que eu queria.

─ É um convite irresistível ─ respondi encarando seus olhos escuros.

─ Não consigo resistir à tentação. ─ Os lábios se abriram em um sorriso apaixonante.

─ Podemos estender essa noite pelo fim de semana inteiro? ─ Abusei do convite, mesmo que a

resposta fosse negativa.

─ Acho mais que justo. ─ Meu sorriso cresceu nos lábios.

─ Vou te mandar meu endereço, já que sua irmã ainda está em sua casa. ─ Pisquei o olho.

─ Como sabe? ─ Estreitou o olhar.


─ Fui ao shopping fazer umas comprinhas e a encontrei por lá. Disse que não vê a hora da

reforma do apartamento dela acabar. Ah, e claro, fez propaganda, dizendo que você estava solteiro e

que era para te levar mais vezes para festas, pois só ficava em casa.

Miguel voltou a gargalhar.

─ Bia, não tem jeito mesmo. Bom, já que sabe que tenho hóspede em casa, fica certo nosso

encontro na sua casa.

Apesar de desejar desesperadamente beijá-lo, me contive e levantei do seu colo. Miguel me

acompanhou até a porta e quando fui abrir, ele interrompeu minha mão.

─ Vai embora sem me provocar?

─ Uma vez me pediu para não fazer isso ─ Lembrei-o do que me disse tempos atrás.

─ Mas agora tem passe livre. ─ Sorrio me deixando ainda mais apaixonada.

Agarrei sua gravata e o puxei em minha direção. Tomei seus lábios em um beijo calmo e cheio

de sedução. Meu coração era traidor e já batia acelerado, mas não demonstraria a ele que eu estava

ainda mais caidinha por ele. Não queria afastá-lo, pelo contrário, o queria louco por mim. Interrompi

nosso beijo e o olhei por alguns segundos em silêncio.

─ Vou te esperar sem roupa na minha casa. ─ Pisquei o olho e abri a porta. ─ Ah! Os

documentos que eu trouxe, são folhas em branco ─ sussurrei.

Contendo o sorriso de satisfação, saí da sala e passei por Rosi, dando apenas um leve aceno de

cabeça.
MIGUEL

Já dizia o ditado: Se está na chuva, é pra se molhar.

Assim era eu em relação à Helena. Toda a teoria que eu tinha sobre não misturar vida pessoal e

profissional, foi para o espaço no momento em que Helena disse que me desejava e perguntou se eu

sentia o mesmo. Ali, eu liguei o botão do foda-se e só pensava em fazê-la gemer meu nome, enquanto

metia meu pau em sua boceta.

Confesso que quando cheguei de viagem, minha consciência pesou, e no dia seguinte estava

convicto de que fingiria que nada tinha acontecido e que nos trataríamos como sempre foi. Dois

profissionais da ImobiVit. Contudo, toda minha convicção caiu por terra, quando acordei de um

sonho e notei que estava gozado.


A mulher invadia até meus sonhos e me fazia enlouquecer.

E foi quando decidi continuar com a loucura que havia me metido, e ver até onde daria. Éramos

adultos, o máximo que poderia acontecer era colocar um ponto final naquela loucura.

Estava disposto a convidá-la para sair, mas minha semana foi tão intensa que eu só pensava em

chegar em casa para descansar a mente, por isso decidi que o melhor momento para ter um encontro

seria no fim de semana, mas fui surpreendido com aquela tentação em minha sala e meu pedido foi

antecipado.

Helena sabia exatamente como me provocar, e por esse motivo tenho certeza que infringi

algumas leis de trânsito. Doido para chegar na sua casa e a encontrar da forma que me prometeu.

Passei em casa para tomar um banho e pegar duas mudas de roupas, afinal, meu convite de uma noite

poderia se estender pelo fim de semana.

Assim que cheguei no endereço que ela havia me passado, encarei o prédio imenso à minha

frente antes de entrar. Com a passagem autorizada, estacionei o carro onde o vigilante me orientou e

peguei o elevador da garagem até o décimo nono andar.

Coloquei o celular, carteira e chave do carro na pequena mala de mão que segurava, para que

nada me impedisse de agarrar aquela mulher assim que eu a visse.

Toquei a campainha e aguardei, impacientemente ela ser aberta. Confesso que olhei ao redor

diversas vezes, com medo de ter alguém que pudesse vê-la nua.

Apenas eu tinha esse direito.


A porta se abriu e pude comprovar que Helena realmente cumpria com suas promessas, não

que eu estivesse duvidando, mas vê-la daquele jeito me enlouqueceu.

Ela estava deslumbrante.

Feito um furacão, entrei na sua casa fechando a porta atrás de mim, e a agarrei pela cintura

puxando seu corpo contra o meu, enquanto minha boca devorava a sua.

Não perderia um segundo do tempo.

Passei horas demais longe dessa mulher.

Tentação do inferno.

─ Você definitivamente me enlouquece. ─ Afastei apenas para deixá-la ciente.

Voltei a beijar aqueles lábios macios. Nossas respirações tinham o mesmo ritmo ofegante. As

mãos de Helena desceram até minha calça e eu aproveitei para tocá-la do jeito que sabia como a

enlouquecer. A mulher gemia entre o beijo, mas não desgrudava da minha boca. Seus dedos entraram

para dentro da minha cueca, tocando meu membro rígido.

Dei um suspiro quando ela o apertou para me provocar.

O problema era que com Helena não parecia ser apenas sexo. Sentimentos confusos faziam

parte de mim, desde muito antes desse contato carnal, e após, só os fez aflorar.

Me afastei da sua boca e a encarei, delirando de prazer à medida que meus dedos brincavam

com sua entrada molhada.


─ Vamos saber parar com isso na hora certa, e não deixaremos interferir no trabalho. Ok? ─

pedi, mesmo provocando-a.

─ Não penso em parar de fazer isso com você, tão cedo, Miguel.

─ Que ótimo, porque eu também não.

Helena desceu a mão até meu saco e o massageou com o olhar preso nos meus. Abriu a boca

em um gemido silencioso, quando aumentei os movimentos dos meus dedos.

Ela tirou a mão de dentro da minha cueca e a abaixou junto com a calça.

─ Apesar de amar o que seus dedos estão fazendo, tire-os, pretendo fazer algo.

Com um sorriso pervertido nos lábios fiz o que me pediu, só não me preparei para vê-la se

agachando à minha frente. Sua língua e boca envolveram em torno do meu pau. Estava molhada e era

tão quente... era tão, mas tão bom.

Agarrei no seu cabelo, e fechei os olhos deixando a porra do prazer me engolir por inteiro.

Que boca deliciosa.

Ela é minha tentação!

Passar tempo junto de Helena só me fazia ter a convicção de que eu jamais queria me afastar

dela. Queria mais que uma noite, mais que um fim de semana... queria por muito tempo, sem pensar

no ponto final.
6 meses depois

HELENA

A inauguração do hotel em Fortaleza havia sido um sucesso. Aquele foi o primeiro grande

empreendimento que eu entregava como CEO da ImobiVit. Olhava o jornal admirada, meu sorriso de

felicidade era nítido na foto. Ao meu lado, Miguel e o dono do hotel.

Meu pai deve estar orgulhoso de mim.

Meu relacionamento com Miguel começou nessa viagem, claro que se ela tivesse acontecido,

eu daria um jeito de criar situações que eu pudesse ficar mais tempo sozinha com ele. Não é que eu

seja uma mulher atirada, mas com Miguel sempre foi diferente. Eu sentia meu sangue ferver mesmo
com o frio na barriga. Eu o desejava e trabalhar mais próximo dele, só facilitou nossa aproximação.

Mantemos nossa relação à sete chaves faziam seis meses. Eu gostava de provocá-lo na

empresa e quando nos encontrávamos em nossas casas, ele ficava muito mais à vontade.

Aquela não seria uma sexta diferente, afinal, à noite me encontraria com meu diretor executivo

ou poderia dizer, meu amor?

Ah sim, apesar da nossa relação ser um segredo para o mundo, estávamos bem sério e não era

só aos fins de semanas que nos encontrávamos. Muitas vezes, Miguel me surpreendia com visitas

inesperadas no meio da semana.

Saí da empresa uma hora mais cedo que o normal e fui direto para casa do meus pais. Queria

entregar em primeira mão, o jornal de Fortaleza exaltando nossa empresa. Havia uma semana que a

inauguração do hotel tivera acontecido, e aquela era a primeira notícia com nossa foto em frente ao

empreendimento.

Dirigi meu carro pelas ruas de São Paulo e pensei na minha relação com Miguel. Estávamos

juntos há seis meses e ninguém parecia desconfiar de algo. Nunca chegamos a conversar sobre nosso

relacionamento, eu apenas aproveitava os momentos com ele.

Durante esse tempo, passei a amá-lo. Só que nunca disse o que sentia. A verdade era que eu

tinha medo de que ele se afastasse só porque revelei meus sentimentos.

Sempre que eu pensava nele um sorriso nascia em meus lábios. Liguei a seta e entrei no

estacionamento do prédio onde meus pais moravam.


Ainda bem que meu pai não sustentou a ideia de trazer Miguel para um jantar ou almoço e

minha mãe pareceu esquecer dele, pois não ficou mais no meu pé, para conhecer o homem. Não

porque não merecia, mas porquê nos deixaríamos em saia justa.

Entrei na casa deles com o jornal nas mãos e um sorriso que não cabia em meu rosto.

─ Pai! Mãe! ─ chamei-os assim que caminhei pela sala.

─ Seu pai está no escritório com visita, Helena. ─ Um dos empregados da casa me informou.

─ E minha mãe?

─ Na cozinha.

Apesar de saber que ela amava cozinhar, estranhei por causa do horário. Minha mãe gostava

mais de participar da comida do almoço e eu não tinha avisado que iria naquela noite. Ignorando

minhas teorias, fui vê-la já que meu pai estava ocupado.

─ Humm... estou sentindo um cheirinho da comida de dona Magnólia ─ brinquei entrando no

ambiente.

─ Filha! ─ Pareceu surpresa com minha visita, seu sorriso não negava que estava feliz.

─ Não esperava, hem? ─ Aproximei dando um beijo no rosto da minha mãe e espiando a

panela. ─ O que está fazendo?

─ Molho do nhoque.

─ Algo especial e não estou sabendo?


─ Temos um convidado.

─ Ah! Só vim trazer o jornal onde fala da empresa. Como meu pai está em reunião, vou deixar

com a senhora. Amanhã eu venho aqui.

Abri a bolsa para pegar o jornal e minha mãe interrompeu meu gesto.

─ Quem disse que você vai embora?

─ Mãe, não vou atrapalhar o jantar de vocês.

─ Me poupe, Helena. Acha mesmo que vou deixar minha filha ir embora por que temos um

jantar com outra pessoa? Parece até que não conhece os pais que tem. Venha, me ajude a montar o

prato e já vamos levar para a mesa. Depois do jantar, você entrega o jornal ao seu pai.

─ Está bem, dona Magnólia.

Não questionei, pois sabia que ela me arrastaria para a mesa caso eu decidisse ir embora. Com

um sorriso que não tinha mais tamanho, minha mãe pegou o refratário de vidro e colocou em cima do

balcão para que eu tirasse os nhoques da água fervendo.

Com a ajuda da cozinheira, que naquele dia prolongou um pouco o expediente, terminamos o

prato. A mesa fora posta para quatro pessoas. Escolhi um bom vinho para acompanhar e pedi licença

a minha mãe para ir ao banheiro dar um ajeitada no visual antes do jantar, afinal eles tinham visita e

eu não queria aparecer de qualquer jeito.

Não tinha planos de demorar ali, pois como de costume Miguel iria para minha casa mais

tarde. Voltei para sala e encontrei minha mãe já arrumada.


O convidado parecia ser importante.

─ Seu pai já está vindo.

Apenas meneei a cabeça com um sorriso nos lábios. Aproximei-me e quando ajustava a alça do

vestido dela, escutei a voz do meu pai. Girei o corpo para cumprimentá-lo, e meu sorriso sumiu ao

ver quem o acompanhava.

─ Miguel? ─ Não consegui disfarçar meu choque.

─ Helena? ─ Ele também parecia estar surpreso.

Pisquei várias vezes confusa com a imagem a minha frente.

─ O que está fazendo aqui? ─ Não consegui me controlar e indaguei curiosa, confusa.

─ Liguei para Miguel e pedi para ele vir aqui, pois um cliente em potencial me procurou para

fechar um contrato. ─ Meu pai tomou respondeu.

─ Porque não me ligou? ─ questionei, afinal ele poderia muito bem me passar essa informação.

─ Por que primeiro é passado para o diretor executivo e só depois ao CEO. Esqueceu como

funciona? ─ O Senhor Pedro Vitti tinha um sorriso nos lábios, parecia estar se divertindo com meu

constrangimento.

─ Não... mas...

─ Ele é lindo, filha. ─ Minha mãe enlaçou as mãos no meu braço e senti meu corpo gelar.

─ O Miguel que vai ficar para jantar é o nosso genro. ─ Meu pai voltou a se pronunciar.
─ O QUE?! ─ Meu olhar percorreu entre meu pai e Miguel, que deu um sorriso sem graça.

Não acredito que ele contou sem falar comigo. Claro que eu não iria me importar, afinal era ele

que preferia manter a relação em segredo, mas... mas... contar sobre nós aos meus pais sem me avisar

foi golpe baixo.

─ Cansei de esperar por vocês. Estava demorando demais para assumir essa relação. ─ Meu

pai, saiu do lado de Miguel e caminhou na minha direção.

─ Como assim pai?

─ Helena! Só um cego não vê o quanto vocês estão apaixonados, mesmo que mantenham a

descrição na empresa.

Abismada com aquela confissão fiquei sem reação.

─ Deve estar se perguntando como eu descobri. ─ Voltou a falar

Acenei confirmando. Claro que eu queria saber.

─ Eu e sua mãe fomos te fazer uma visita, como temos passagem livre pela portaria do seu

prédio entramos e quando estacionei o carro, vi Miguel saindo do dele. Outra vez, os vi em um

restaurante e estavam muitos íntimos para só colegas de empresa e outra vez, os vi se beijando no

estacionamento do seu prédio.

─ Meu Deus, Pai! Estava me seguindo?

─ Da primeira vez, fui apenas fazer uma visita a você e depois... bem, realmente fui no mesmo

dia da semana para tirar minhas conclusões. A vez do restaurante, foi só uma coincidência.
─ Não se preocupe filha. Estou feliz em finalmente conhecer meu genro. ─ Minha mãe deu

leves tapinhas em meu braço.

─ Parece que a empresa, já sabe de nós Helena. ─ Miguel finalmente disse alguma coisa.

Continuei calada com toda aquela informação. Meu pai se aproximou e me abraçou.

─ Estou feliz. A escolha de Miguel para assumir seu lugar, já foi com segundas intenções.

Claro que se não desse certo, não ia ter problemas, afinal ele é um excelente profissional como

sempre falei, mas tê-lo como membro da família, me deixa ainda mais feliz.

─ Não acredito que agiu de caso pensado, Senhor Pedro e nunca me contou.

─ Fui um bom cupido. ─ Gargalhou deixando o clima mais leve.

Inicialmente percebi que Miguel estava tenso, mas minha mãe fez questão de bajular o genro

para que ele ficasse mais a vontade e logo estávamos nos divertindo. Entreguei o jornal ao meu pai,

consegui perceber o orgulho em seus olhos ao admirar o papel. Ainda teve coragem de dizer que até

o fotografo do jornal conseguiu captar o olhar apaixonado de Miguel em mim.

O que era para ser uma visita rápida aos meus pais, acabou se tornando longa. Confesso que

fiquei um pouco constrangida em relação a Miguel, pois não tínhamos nomeado nossa relação e

aquele jantar, deixava claro que o homem era meu namorado.

─ Agradeço o jantar, estava maravilhoso. ─ Miguel cumprimentou meus pais.

─ Nos que agradecemos sua visita, filho. ─ Minha mãe não conseguia esconder a admiração

por Miguel.
─ Senhor Pedro, sei que descobriu sobre minha relação com sua filha, mas quero que saiba que

tenho as melhores intenções com ela...

─ Não se preocupe, filho. Sei muito bem como são os jovens de hoje. Ficam e engatam em um

relacionamento, sem pedidos oficiais.

Senti meu rosto esquentar. Jamais esperava ter algum tipo de conversa como aquela sem me

preparar.

─ Pai!

─ Tudo bem, Helena. ─ Miguel segurou em minha mão ─ Sim, nunca fiz um pedido oficial, mas

temos uma relação séria e eu tenho a intenção de tornar ainda mais séria futuramente.

Meu coração estava prestes a explodir de felicidade.

Deus!

Eu entendi mesmo?

Ele tinha a intenção de tonar nossa relação ainda mais séria? Estava pensando em casamento?

Não!

Eu não pensava em me casar por agora. Queria curtir o momento com Miguel. Eu o amava.

Tinha certeza dos meus sentimentos, mas... casar?

Parei de pirar e só me concentrei na felicidade que explodia em meu peito.

Dei em cima desse homem por desejá-lo intensamente, não deixaria que minhas dúvidas me
afastasse dele.

Tudo em seu tempo. Basta apenas ter comunicação e assim seremos felizes.

Despedimos dos meus pais com a promessa de que visitaríamos eles duas vezes ao mês.

─ Nossa, que loucura essa descoberta ─ comentei agarrando-me ao braço dele.

─ Nem me fala, linda. Imagina eu, no escritório a sós com o sogro. Quase infartei.

─ Bobo. ─ Sorri. ─ Meu pai sempre foi louco por você.

─ Bom, se seus pais já sabem e a empresa também, acho que devemos contar à minha irmã.

Tenho certeza que ela vai pirar de alegria e pirar por ser a última a saber.

Paramos ao lado do meu carro.

─ Podemos deixar pra amanhã? Não vejo a hora de ficar a sós com você.

─ Ok, amanhã ─ concordou. Deu um selinho em meus lábios e abriu a porta para mim, após eu

desativar o alarme.

Para quem ficou seis meses sem ouvir nossa confissão, esperar mais um dia não faria

diferença. Naquele momento eu só queria aproveitar cada momento ao lado do homem que eu amava.

De diretor executivo à meu namorado

De chefe virgem à namorada.


AGRADECIMENTOS

Como sempre, primeiramente agradeço a Deus, pois sem Ele nada eu seria e jamais
conseguiria produzir algo.

Ao meu esposo e filho, pelas ausências nos momentos de família quando chega na finalização
de algum livro, onde fico muito tempo focada no trabalho. O amor que sinto por vocês são

indescritíveis.

Meu carinho e gratidão ao grupo Desafio da Mari Sales, pois ver a empolgação e determinação
das colegas autoras nos dão um gás para continuarmos em alguma história, e não menos importante, à
você minha amiga, Mari, por ter criado o grupo.

Quero agradecer também à você leitor. Cada livro é feito com muita dedicação, carinho e
amor. Espero que vocês tenham se encantado por Miguel e Helena.

E minha gratidão as minhas parceiras maravilhosas, que dedicam seu tempo e amor.

@aceitaumlivro

@amoremresenhas

@cantinholiterariodaana

@cia_da_leitura

@estantedadada

@dicas_literaria

@euleitoraminhapaixao

@jaqueronaminhaestante
@ladydanbury_

@larileitora

@leiturasesonhos

@leiturasetravessuras

@livrosincriveisqueeuli

@livroskethy

@meu_paraizo_literario

@naovireapaginaoficial

@pointliterario_

@resenhasdaevenyalves

@sentimentosempaginas

@sonho_de_literatura

Mil beijos,

Denilia Carneiro
SOBRE A AUTORA

Denilia Carneiro é baiana, casada e tem 2 filhos. Leitora assídua, é viciada em histórias de

romances e dramas asiáticos (doramas). Para deixar os personagens que viviam na sua cabeça
ganharem vida nos livros foi questão de tempo. Em 2014, embarcou no mundo da escrita e nunca
mais parou. Seus livros sempre traz o romance, seja ele envolvendo o drama ou o erotismo.
OUTROS LIVROS DA AUTORA

Encontre os outros livros da autora no link:

https://amzn.to/3kr9a6f

ÚLTIMOS LANÇAMENTOS

DEREK – LIGADOS PELO SANGUE


Filho de um mafioso poderoso, Derek nunca gostou da vida que o pai levava e por medo de

perdê-lo, Martin, deixou que ele escolhesse o próprio rumo.

Dedicou-se à sua empresa, tornando-se um CEO renomado e respeitado pelos próprios


esforços.

Aos 30 anos, mesmo com seu jeito alegre vivia uma vida focada apenas no trabalho.
Relacionamentos estavam fora de sua meta até o dia que viu um cliente flertando com sua secretária,
Hanna Bennett. Aquilo despertou o mais insano dos sentimentos, deixando-o confuso com o que
sentia.

Em meio à um mundo novo, Derek se vê envolvido não só com o novo romance, mas com
notícias e acontecimentos que envolverá toda sua vida.

HILARY & NATHAN (ENTRE AMIGOS)


Disposta a seduzir aquele que sempre desejou, Hilary usou de artimanha uma comemoração

para o retorno do irmão à cidade, apenas para ter Nathan na festa.

Ela não sabia, mas ele também a desejava.

Nathan é irmão da melhor amiga de Hilary, e sempre manteve uma distância segura dela, pois

acreditava que a diferença de idade entre eles era um empecilho, mas bastou uma festa à fantasia
para que uma bruxa e um vampiro se entregassem a paixão avassaladora.

GREG

( SÉRIE DE FÉRIAS COM PERFECT CHAOS )


https://amzn.to/35oBLU3

Após um longo período de trabalho duro, Greg Morris, tinha três longos meses de férias.
Disposto a matar a saudade da mãe, o baterista da famosa banda de rock Perfect Chaos, estava de
volta a sua cidade natal, depois de anos longe.

Foi na sua casa de infância, que conheceu seu primeiro amor. Filha do seu padrasto, ele a

considerava sua meia irmã. Greg voltou para aquela casa, disposto a manter o controle desse
sentimento, afinal, ela era proibida.

Suas férias não saíram como planejado. Com os pais viajando, Greg se viu sozinho em casa
com Sophie. Sem conseguir se esquivar da investida daquela que sempre amou, o baterista se vê
rendido. Sem pensar nas consequências, eles se entregam aquele romance proibido.

Obs: Esse livro faz parte da série Perfect Chaos, em conjunto com outras autoras. Não há uma
ordem específica para serem lidos, todas as cinco histórias dos integrantes da banda acontecem ao
mesmo tempo, mas em cidades e com personagens diferentes.
BOX – O SURFISTA

https://amzn.to/3iF9Swc

Este BOX, contém os três livros do Surfista.

SINOPSE

O SURFISTA:
Samantha é estudante de pedagogia e resolve passar suas férias na casa do irmão no Rio de

Janeiro, conhecida como Cidade Maravilhosa.

Henrique, mais conhecido como Gringo, ex-surfista profissional, ama passar seu tempo dando aulas
de surf para crianças da ONG e em seu quiosque.

Um encontro inesperado e a paixão pelas crianças acabam aproximando-os.

Sam é irmã do melhor amigo de Gringo e se não bastasse isso, a diferença de idade acaba
deixando-o com medo de arriscar.

Eles sabiam que era apenas um romance de férias, mas o que eles não imaginavam era que,
uma simples curtição pudesse se transformar em algo muito intenso.

O SURFISTA ─ O REENCONTRO:

Para Samantha e Gringo, o amor não foi de verão. Mesmo morando distantes e com o
empecilho irmão ser o melhor amigo de Henrique, Sam ainda nutria sentimentos pelo surfista que fez
parte de suas férias. Agora ela estava de volta ao Rio de Janeiro, pois havia prometido que assistiria
a um campeonato de Surf, onde o Gringo participaria.

Henrique Dourado, deixou a mídia louca quando anunciou seu retorno para cima das pranchas,
eles só não sabiam o real motivo que o levara a voltar a surfar. Enfrentar as ondas era fácil diante a
decisão que ele deveria tomar.

Para o amor não existe idade e distância, e o destino mostrará isso a eles.

O SURFISTA ─ PAI DO ANO:

Focado nos treinos para o campeonato que vinha disputando, Henrique Dourado, o Rei do Surf,
é surpreendido com a notícia de que será pai.

Feliz por aquele acontecimento, ele divide sua vida entre a família e viagens, por isso não

consegue acompanhar a gestação de Samantha.

O pai do ano está decidido a não renovar contrato, seu foco é levar o título de campeão
mundial para casa, no entanto, o destino muda o percurso dos acontecimentos e mais uma vez sua
vida é surpreendida.

Você também pode gostar