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1ª Edição
Esta é uma obra de ficção. Seu intuito é entreter as pessoas. Nomes, personagens, lugares e
acontecimentos descritos são produtos da imaginação da autora. Qualquer semelhança com nomes,
datas e acontecimentos reais é mera coincidência.
Todos os direitos reservados. São proibidos o armazenamento e/ou a reprodução de qualquer
parte dessa obra, através de quaisquer meios — tangível ou intangível — sem o consentimento
escrito da autora.
Criado no Brasil. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei n°. 9.610/98 e
punido pelo artigo 184 do Código Penal.
SUMÁRIO
SINOPSE
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
EPÍLOGO
AGRADECIMENTOS
SOBRE A AUTORA
OUTROS LIVROS DA AUTORA
Assumir a presidência da ImobiVit era um desejo de Helena, mas sabia que tudo tinha sua hora
e que em breve a dela chegaria, afinal, seu pai batalhou por anos para construir a Imobiliária e a
Construtora.
Ela recebeu a tão esperada promoção e junto, veio de brinde a presença de alguém que mexia
Cotado para assumir o lugar que antes era de Helena, Miguel aceita a proposta de se tornar
Diretor Executivo, porém, não estava preparado para as aventuras que esse cargo poderia lhe
acometer.
Reuniões entre a CEO e o Diretor Executivo, fez com que Miguel pensasse demais nessa
mulher, e foi em uma viagem que não resistiu à sua maior tentação.
HELENA
Nem sempre era fácil impressionar Pedro Vitti. Mesmo sendo filha única e ouvir da boca do
meu pai de que a empresa um dia seria minha, eu tive que trabalhar firme desde que entrei na
faculdade. Não me importava, até porque amo lidar com pessoas e números. Já ouvi dizer que só
dominamos um assunto, mas eu discordo, pois a mesma facilidade que tenho com cálculos, tenho em
comunicação.
Convencer de que estou certa das minhas convicções, é muito fácil quando mostro as provas, e
foi assim que ao longo dos quatro anos que estagiei na ImobiVit, tive minha carteira assinada para o
Conseguir contratos com alguma empresa de construção era moleza quando eu resumia em
Paulo, mas fui capaz de mudar isso em dois anos na diretoria. Com o crescimento da ImobiVit, meu
pai decidiu que não se preocuparia mais com os negócios, e resolveu aproveitar a vida viajando ao
Sua última ida à empresa como CEO foi naquela manhã de segunda-feira, apenas para uma
reunião com os diretores e o Recursos Humanos. O Senhor Pedro Vitti, era bastante respeitado na
empresa e com seus sessenta anos, ainda aguentava firme quando precisava ficar horas na empresa
Estava na minha futura sala com meu pai, repassando algumas informações da reunião que
aconteceria em breve e controlando a emoção por finalmente assumir um posto desejado por mérito,
admirei o senhor bonito que lutou anos para construir a Imobiliária e a Construtora Vitti.
─ Estou orgulhoso de você, filha. ─ Olhou-me por cima dos óculos de grau de armação
dourada.
─ Você mostrou ao longo desses anos que não é só filha do chefe, mas sim uma excelente
profissional, e por isso, me sinto tranquilo em entregar essa sala e todas as responsabilidades que
─ Farei com que o legado da nossa família perdure. ─ Sem conseguir segurar a emoção, meus
pasta nas mãos. ─ Vou iniciar a reunião e você comandará o resto, informando sobre o novo contrato
com a rede de hotéis de Fortaleza e a mudança de cargo do Miguel, assim como a viagem que terão
─ Terei mesmo que fazer essa viagem? O Miguel e a Ravenna podem avaliar o
construção junto com a arquiteta e o engenheiro. Com Miguel assumindo sua antiga função, ele
Ganhar da palavra final do meu pai era algo que eu ainda não havia aprendido, pois sempre me
mostrava que suas decisões eram as mais coerentes. No fundo, tinha que admitir que estava certo,
Miguel lidaria com os contratos que eu tomava conta e negociaria com novos clientes. O lado
bom de tê-lo nesse cargo era que eu poderia vê-lo com mais frequência.
O homem era lindo e charmoso, e só sua presença me fazia ter pensamentos impuros. Desejava
que um dia tudo saísse dos pensamentos e tornasse realidade, mesmo que eu tivesse uma vida sexual
inexperiente. Claro que isso ninguém precisava saber, a internet ensina muita coisa e vídeos me
─ Imagino a felicidade de Dona Magnólia por poder ter a companhia do marido. ─ Brinquei
Meus pais eram o típico casal que não deixaram a paixão esfriar ao longo dos anos, e mesmo
com a correria da vida profissional dele, sempre que estavam juntos faziam questão de demonstrar
─ Não é só ela que está feliz. ─ Piscou o olho, abrindo a porta do escritório para mim e
seguimos para a sala de reunião, para informar as mudanças que a ImobiVit teria.
Respirei fundo e entrei na sala de reunião após meu pai entrar. Apesar de já ter conduzido
reuniões importantes, aquela seria essa seria diferente, afinal eu seria nomeada como CEO. Quando
me dirigia para a cadeira de sempre — a primeira na lateral direita — , meu pai puxou a cadeira
da ponta e olhou-me.
Engolindo em seco fiz o que pediu. Pensei que ele iniciaria a reunião como de costume e
apenas faria o anúncio. Meus olhos percorreram rapidamente o local e todos os funcionários me
encararam com expectativa e foi na hora que meus olhos encontraram os de Miguel que senti meu
coração acelerar. Era impossível alguém não ficar balançada com a beleza e presença daquele
homem, e para completar a vontade de querê-lo, ele era sempre respeitoso com todos os
funcionários.
─ Bom dia! Devem estar estranhando eu me sentando na cadeira onde Helena sentava e ela no
meu lugar. Nossa reunião é para informá-los e nomeá-la oficialmente, como a nova CEO da ImobiVit.
Sentei-me também e encarei meu pai, esperando que ele continuasse a falar e após breves
palavras sobre a gratidão que foi trabalhar diretamente com cada um ali presente, entendi que havia
chegado meu momento de continuar com a reunião. Iniciei informando meus sentimentos para aquela
mudança e que estaria disposta a ouvir todos, como meu pai sempre fez, e antes de falar sobre a rede
de hotéis em Fortaleza, decidi falar sobre o cargo do Miguel, pois ele faria parte do próximo assunto.
─ Como agora sou a CEO da ImobiVit, o cargo que eu ocupava está vago. O nome de Miguel
foi cogitado pelo meu pai, já o nomeando a esse cargo, no entanto, acredito que devemos ouvir da
parte dele se tem interesse. ─ Olhei para a penúltima cadeira no lado esquerdo. Ao lado dele estava
Lívia, nossa funcionária do Recursos Humanos e à sua frente, Michele, a secretária do meu pai —
─ Eu... ─ Miguel limpou a garganta e voltou a falar. ─ É um prazer imenso ser escolhido para
assumir a cadeira de uma excelente profissional como você, Helena. E também uma grande
responsabilidade.
─ Tenho certeza que você é competente para isso. ─ Sorri de lado, desejando dar uma
─ Não se sinta pressionado em aceitar agora, após a reunião converse com Lívia e ela te
passará as informações sobre o cargo. Aguardarei sua resposta até amanhã, quero que saiba apenas
lábios que eu imaginava serem macios. A reunião partiu para as informações sobre o hotel e por
ainda ter o cargo de Diretor Executivo vago, optei por não falar da viagem. Isso seria pauta para uma
Todos saíram da sala, ficando apenas eu e meu pai. Recolhi os papéis do contrato e arrumei-os
dentro da pasta.
─ O que foi?
─ Não pensei na hipótese de perguntar ao Miguel se ele tinha interesse no cargo, apenas
selecionei, importando-me apenas com minha vontade e você mostrou o que prezo na empresa, ouvir
─ Não podemos forçar uma pessoa a sair do seu cargo atual para outro. Ele nunca foi
ambicioso na empresa, então não tínhamos certeza se ele aceitaria ou não. Tenho outra pessoa em
vista no caso dele recusar, mas sei que aceitará.
Convicta de que o supervisor de estratégia aceitaria a proposta da empresa, sorri para meu pai
e saímos da sala de reunião. Despediu-se de mim na porta da sala e seguiu no sentindo contrário que
eu ia.
MIGUEL
Saí do escritório imobiliário e ao invés de ir direto para casa, resolvi ficar circulando um
pouco pelo bairro. Apesar da reunião sobre as mudanças na empresa e sobre minha promoção ter
sido pela manhã, confesso que não consegui pensar muito sobre o assunto, pois tinha que terminar um
relatório. Foi apenas próximo ao fim do expediente que passei no setor do RH para saber mais
detalhes daquele cargo que foi ocupado pela filha do meu chefe por dois anos.
Apesar de nunca ter trabalhado diretamente com Helena, sabia sobre seu profissionalismo.
Respeitada não só dentro da empresa, como em todos os lugares que seu nome era citado, sabia o
quanto a ImobiVit era cogitada como primeira opção para assumir projetos, apenas para ter o nome
da Helena, associado. Verdade seja dita, Helena não era só uma filhinha de papai que conseguiu
subir de cargo porque era herdeira, mas pela excelente profissional que era.
Ela não tinha só o profissional como qualidade, a mulher tinha presença, era linda e charmosa
e sabia como seduzir — no bom sentido da palavra — qualquer cliente para que fechasse contrato
com a imobiliária. Não negava o sangue que corria em suas veias, afinal, o Senhor Pedro Vitti era
Voltei a pensar na proposta que havia recebido pela manhã e manobrei o carro para colocar na
vaga reserva, pelo visto minha irmã estava em casa e não se importou em estacionar sua moto na
minha vaga.
Apertei o botão do elevador, enquanto minha mente divagava sobre o salário oferecido, carga
horária e um resumo do que um Diretor Executivo fazia. Por mais que eu quisesse subir de cargo e
ganhar mais, não poderia agir no impulso e responder um sonoro sim, precisava pensar e responder
Ao abrir a porta da sala, dei de cara com Bia desfilando de toalha no meio da sala.
─ Colocou sua moto na minha vaga ─ resmunguei, colocando a chave na bandeja de inox, em
cima do aparador.
Revirei os olhos quando notei a chave que minha irmã estava usando, junto da chave da moto
jogada de qualquer jeito em cima da peça de madeira. Respirando fundo peguei-as e coloquei dentro
de onde deveria estar, na bandeja de inox , afinal aquela era a utilidade dela.
─ Na próxima vez, chaves dentro da bandeja.
─ Ih... chegou regulando as coisas hoje? Deixe seu lado controlador na empresa, em casa é
Passei pela minha irmã e fui direto para meu quarto, precisava me livrar daquele terno e tomar
um banho. Deixei que a água lavasse meu jeito de querer as coisas no lugar e lembrei-me que havia
concordado em ser mais tranquilo com minha irmã, afinal, fora eu quem havia convidado para ficar
Um pouco mais relaxado, vesti uma bermuda e deixei a toalha no pescoço para que aparasse a
água que escorria dos meus cabelos e voltei para sala. Tirando a parte que minha irmã não ligava
para deixar a casa em ordem, ela era uma boa companhia. Fazia duas semanas que minhas noites
haviam saído de apenas barulhos de telejornais e programas esportivos, para filmes e séries
acompanhado de uma voz feminina que não parava a boca um segundo. Ah, teve uma ou duas noites
que minha rotina voltou ao normal, foi quando ela saiu com Júlio, seu ficante.
minha direção.
─ Não. Apesar das novidades, hoje foi um dia tranquilo. Espero que seja sempre assim no
novo cargo.
─ Novo cargo? ─ Apoiou o braço em cima do balcão de mármore e inclinou na minha direção.
Como eu disse, Helena era famosa e até minha irmã havia contratado a empresa que trabalho
para trabalhar na sua loja de roupas, apenas para ter a Helena trabalhando em algo seu.
─ Então ela será sua chefe? ─ Abriu a boca como se estivesse em choque, seguida por um
largo sorriso.
─ Mesmo se eu não aceitar o cargo de diretor, ela será minha chefe. ─ Dei de ombros bebendo
─ E você aceitou, não é? Meu irmão agora é um Diretor Executivo. ─ Bateu palmas,
─ Tenho até amanhã para dar a palavra final. ─ Pisquei o olho. ─ Agora me conte como foi na
loja hoje.
─ Uma correria! Chegou mercadoria nova e demiti uma vendedora, mas amanhã já começo com
─ Nem me lembre, mas assim que tudo se ajustar, meu plano é tentar gerir de longe para ter
mais sossego.
─ Duvido que faça isso. Você reclama do cansaço, mas ama ficar nessa correria.
─ Amo mesmo, meu irmão. Jamais imaginei que uma loja pequena fosse se transformar em
duas enormes. Meu objetivo agora é trabalhar no nome, para ficar conhecida por todo país.
─ Tenho certeza que conseguirá. ─ Apertei de leve a bochecha dela e levei o copo para pia ─
─ Cama do Júlio. Sinto lhe informar, mas terá que passar a noite sem mim e pensando em seu
novo cargo.
Bia surgiu ao meu lado e colocou o copo sujo que ela tomava a vitamina em minha mão. Saiu
da cozinha cantarolando, deixando o ambiente ainda mais leve. Após lavar os copos, olhei ao redor e
Relaxado, deitei-me no sofá com o celular na mão e fiquei passando o tempo nas redes sociais,
até que me deparei com uma foto de um imóvel construído pela ImobiVit, passei para o lado para
olhar as demais fotos e lá estava uma de Helena com o pai, ambos com um sorriso enorme no rosto.
Por algum motivo aquela foto chamou minha atenção e quando menos percebi, havia entrado no perfil
Toda vez que o telefone da minha mesa tocava, minha ansiedade pela resposta de Miguel
aumentava. Estava convicta que ele aceitaria, mas caso negasse não iria me indispor com ele, afinal,
Droga!
Queria ele no cargo que eu exercia, principalmente depois que me peguei pensando sobre as
viagens que poderíamos fazer juntos. Sabia um pouco sobre sua vida, principalmente quando
trabalhei para a irmã dele. Ela praticamente jogou o irmão nas minhas mãos, dizendo que era solteiro
e tinha tempo para empresa. Em meio a assuntos profissionais, Bia sempre fez questão de falar o
nome do Miguel.
Batucando os dedos na mesa, enquanto lia alguns contratos, levantei a cabeça rapidamente
quando escutei uma leve batida na porta antes de ser aberta e Michele entrar.
─ Pode deixar ele entrar ─ coloquei os contratos que estava lendo de lado e me endireitei na
cadeira. Passei as mãos rapidamente nos cabelos para alinhar os fios. ─ Como estou?
─ Não dificulta as coisas, Michele. Não posso mais ficar babando por ele.
─ Ué, porque não? Não tem uma pessoa aqui que não babe por essa beldade. Vou informar que
─ Está bem e shiii... ─ Fiz um gesto de boca fechada ─ sobre nossa conversa.
Michele gesticulou a mão na frente da boca de que manteria nossa conversa guardada e saiu da
─ Helena!
─ Sim, e mais uma vez agradeço por ter sido escolhido por vocês. Iria vir mais cedo, mas quis
finalizar um serviço para não ficar pela metade e começar no novo cargo sem pendências.
Abri um largo sorriso.
─ Sim.
mostrando a lista de clientes que tinha pretensão de aceitar as propostas. Deixaria ele lidar com as
novas informações antes de falar da nossa futura viagem, que aconteceria em um mês.
Confesso que no fundo iria amar passar um tempo coladinha com Miguel Machado.
─ Até quinta você saberá quem ficará na supervisão de estratégia. Vou precisar que passe o
─ Ok!
Levantei da cadeira e ele fez o mesmo, caminhei na direção da porta e abri para sairmos.
Andamos até a sala do lado da minha e acenei para Miguel tomar a iniciativa e entrar primeiro.
A sala ainda tinha um pouco da minha identidade. Alguns quadros que eu mesma escolhi fazia
parte da decoração. Um jarro de vidro com flores enfeitava o balcão lateral, ao lado da máquina de
café expresso.
─ Essa é sua nova sala. Pode mudar a decoração, caso algo não lhe agrade.
─ Obrigado, Helena.
─ Vou deixá-lo sozinho para se familiarizar.
─ Faremos um ótimo trabalho, juntos. ─ Miguel estendeu a mão para mim novamente.
Girei meu corpo no próprio eixo e saí daquela sala mantendo minha postura firme para não me
aproximar e dar as boas-vindas ao novo cargo com um abraço e um beijo no rosto, apenas para ficar
Michele tinha razão, ele estava pra matar qualquer mulher do coração. A barba bem desenhada
e baixinha, o cabelo arrumado e o terno alinhado, praticamente gritando para ser arrancado daquele
corpo. As mangas do blazer desenhavam os músculos do braço, me fazendo desejar ver o que tinha
por baixo.
Balancei a cabeça na tentativa de parar de pensar naquele homem e passei pela recepção da
minha sala. Michele me encarou com um sorriso no rosto e eu apenas fiz um gesto de que estava com
Recolhi a pilha de relatório sobre a evolução da obra do hotel em cima da minha mesa, e fui
até a sala de Miguel. A verdade era que essas impressões nem deveriam ser entregues a mim, no
entanto, parecia que o responsável pela obra não estava informado sobre as mudanças na empresa,
pois o mesmo informou que entregasse uma cópia para mim e outra para o Senhor Vitti.
Poderia ter explicado sobre a mudança no momento que peguei os papéis, porém, como a
viagem para avaliar o andamento da obra se aproximava, decidi que informaria a todos quando
Depois de ser anunciada pela secretária de Miguel, ele mesmo abriu a porta para me receber.
─ Senhorita Vitti! Fique à vontade ─ indicou na direção das poltronas no meio da sala.
─ Apenas Helena, como sempre foi, por favor ─ falei com um sorriso no rosto encarando-o
Observei Miguel abrir o único botão do blazer e por uma fração de segundos, perdi-me em
meus pensamentos imaginando como deveria ser por baixo da camisa social branca.
preta a ele. ─ Receberá e-mails sobre a evolução da obra e em duas semanas viajaremos para
conferir de perto.
─ Sim. Eu e você.
─ Esse é um dos nossos diferenciais, Miguel. Além de ter a melhor equipe de profissionais,
ainda fazemos questão de estar por perto para dar confiança aos clientes que nos contratam. O hotel é
um empreendimento grande e por este motivo, daremos uma maior atenção a ele.
Cruzei as pernas enquanto admirava aquele homem maravilhoso à minha frente. No fundo,
esperava que essa viagem nos aproximasse um pouco, ou que pelo menos ele abaixasse a guarda, já
─ Vou passar alguns detalhes para o setor de marketing, precisamos mostrar o melhor hotel que
Acenou positivamente, o que foi minha deixa para dirigir-me em direção à porta.
─ Helena, quando puder, gostaria que me atualizasse sobre os últimos projetos que trabalhou e
os dois que iniciou a negociação. Dei uma lida nos contratos e relatórios, mas gostaria de ouvir seu
ponto de vista.
─ Claro. ─ Olhei meu relógio de pulso e voltei a atenção para Miguel ─ Tenho uma reunião em
Movi os lábios em um sorriso contido e levei a mão até a maçaneta para abrir a porta, porém,
Miguel agiu ao mesmo tempo e nossos dedos acabaram se tocando, causando um frisson
desconhecido em meu coração. Mantive a postura, sem demonstrar que aquele toque repentino mexeu
comigo.
Tomei uma longa respiração e folguei um pouco a gravata, assim que Helena saiu da minha
sala.
Quando no passado imaginei algo com aquela mulher, lembrei-me que ela era filha do meu
Na época, fazia pouco mais de seis meses que eu havia começado a trabalhar na ImobiVit, e
ver a filha do dono trabalhando duro como se fosse um funcionário normal, só me mostrou o quanto
Vi a jovem Helena se destacando e tão logo de estagiária, ocupou um dos maiores cargos por
mérito próprio. No decorrer dos anos, vi também a evolução da sua fisionomia, entrando aqui como
uma garota que tinha acabado de completar a maioridade, e depois, uma mulher linda e com presença
marcante, se destacando por onde passava. Ninguém sequer imaginava que aquele mulherão tinha
Linda, inteligente e centrada, três características que marcavam sua personalidade e atraiam a
Não podia pensar nela sem associar a algum assunto profissional. Nunca fui do tipo que
misturava sentimentos e desejos com trabalho. Sabia exatamente separar as coisas e era convicto de
Miguel Machado na ImobiVit era o homem que pensava apenas em solucionar os problemas da
empresa e apresentar sempre o melhor. Já o Miguel fora do trabalho, era aquele que gostava de curtir
a vida sem muitas emoções. Minha casa era o lugar perfeito para passar as noites e quando sentia
meu corpo no limite por falta de me relacionar, eu saia com alguma conhecida e após uma boa transa,
A verdade é que, namorei muito quando mais jovem. Até cheguei a morar com uma namorada,
mas não durou nem três meses, e logo eu estava de volta à minha casa e à vida de solteiro. Fazia
cinco anos que não tinha nenhum compromisso sério, desde que entrei na imobiliária, foquei minha
Conferi as mensagens do meu celular para poder esquecer Helena, mas não funcionou muito
bem, pois Bia me enviou uma foto da minha chefe e o link da notícia sobre ela ter assumido a
ImobiVit.
Ah, Helena! ─ reclamei mentalmente, sorrindo frustrado por saber que seria difícil manter o
No fundo, desejava que ela se tornasse insuportável como chefe, assim eu bloquearia minha
mente em pensar nela além do profissional e não me abalaria com sua presença, caso contrário, seria
Desde que assumi o posto de CEO, ainda não havia encontrado com meu pai. Fazia exatamente
cinco dias que eu me virava sozinha com as pendências e problemas que surgiram. O senhor Pedro,
mas conhecido como meu pai, nem me ligou para saber como estava lidando com as novidades, claro
que eu também não o incomodei, afinal, eu era Helena Vitti e obstáculos não eram problemas para
Na companhia de Michele e de Rose, a secretária de Miguel, saí da sala dele pouco depois das
seis. Havia o atualizado sobre os últimos assuntos e o deixei ciente de algumas informações que
recebi do hotel.
Mesmo atrasando parte do meu trabalho por ter comparecido à sala de Miguel duas vezes para
repassar as pendências, não me incomodei, pois tive o prazer de sentir o cheiro de perfume
masculino, e também não me importei por ter plateias, talvez elas até servissem como um freio para
alguma atitude que eu viesse a ter, caso estivesse sozinha com ele.
Encarei a porta de madeira escura e tomei uma longa respiração. Eu me auto convidei para um
jantar na casa dos meus pais, afirmando que estava com saudades deles.
Peguei a cópia da minha chave e eu mesma abri, sabia que se tocasse a campainha, algum dos
me conhecia há quase duas décadas e eu nem tinha me mudado há tanto tempo, fazia pouco menos de
─ Filha! ─ Dona Magnólia chegou à sala em um passo apressado, com um sorriso no rosto e
braços abertos.
Não tive pressa para sair do aconchego que aquele abraço me proporcionava. Amava aquela
demonstração de carinho que fui criada, isso com certeza me fez crescer confiante e amada.
─ Estou bem e morrendo de saudades de vocês, com a correria da semana, nem pude vir aqui
mais vezes.
─ Reclamei com seu pai por ele não ter lhe dado um suporte pelo menos na primeira semana. ─
precisar de alguma ajuda, não pensarei duas vezes em o chamar, pode ficar tranquila.
─ Está bem. ─ Sorriu, parecendo aliviada. ─ Sei que ama trabalhar, mas não esqueça de sua
─ Mãe!
─ Não estou cobrando um genro, isso cabe a você decidir quando é o momento. O que me
refiro é sair para beijar e ─ encostou mais próximo do meu rosto, diminuindo o tom de voz ─...
transar.
─ Sua mãe tem razão, Helena. Namorar tira o estresse. ─ Meu pai surgiu ao lado da minha
mãe, colocando o braço no dela e piscou o olho para mim, após concordar.
─ Pai! Meu Deus! Acho que vou embora sem jantar. ─ Revirei os olhos, arrancando risada
deles.
─ Aproveite o tempo que trabalhará junto com Miguel. Tenho certeza que ele não vai somar
com você só na empresa. Arregalei os olhos, querendo não acreditar no que eu tinha acabado de
ouvir.
─ Quem é Miguel, amor? ─ minha mãe perguntando só me fez ligar o alerta de que eu não teria
─ Acredito que a falta de trabalho está lhe causando alucinações, pois o Senhor está
─ Ele é solteiro, Helena. ─ Meu pai continuou, o que só me fez ficar confusa com aquele
assunto repentino.
─ Ele é funcionário da empresa. ─ Não sei porque rebati isso, mas minha língua foi mais
rápida.
Claro que eu sabia disso. Disse apenas para fazê-lo esquecer o Miguel.
É meu fim. Tenho certeza que em todas as minhas visitas a eles, o nome dele será mencionado.
esquecido.
Por um instante, eu quis sorrir e compactuar com toda aquela conversa do meu pai e pedir uma
ajuda para nos tornarmos próximos, só que em vez disso, fingi falta de interesse e que era loucura da
cabeça deles.
Ainda bem que consegui mudar o rumo da conversa e após falar como estava me saindo na
lembrar situações do nosso passado. Teve histórias que já tinha escutado várias vezes, mas nunca
perdiam a graça, quando voltava a roda de nossas conversas. Conversamos também sobre detalhes
da viagem que meus pais fariam. Eu estava muito feliz por eles, pois curtiriam um ao outro sem a
─ Semana que vem venho almoçar com vocês. ─ Beijei o rosto de cada um ao me despedir na
porta de entrada.
─ Pode deixar.
pensava em chegar em casa, tomar um banho e me jogar na cama para descansar do dia exaustivo que
tive.
HELENA
Se batidas do coração pudessem ser ouvidas à distância com certeza eu passaria vergonha,
pois, por mais que o sorriso estampado em meu rosto demonstrasse confiança e tranquilidade, eu
Sabia da viagem fazia algum tempo e até mesmo já fiquei sozinha com Miguel nas nossas salas,
porém, em nenhum desses momentos me senti nervosa. Muito pelo contrário, tive até vontade de
jogar indiretas, mas mantive o controle. Só que agora olhando para o homem de terno, segurando uma
mala, de óculos escuros — que o deixou ainda mais sexy —, parado no aeroporto me deixou
completamente desarmada.
─ Desculpe a demora.
─ Vou pegar um chocolate quente, antes de entrar na área de embarque. Você também quer? ─
─ Quero.
Juntos fomos até uma cafeteria e pegamos nossas bebidas. Seguimos para o embarque e não
Era pouco depois das quatro quando chegamos no hotel. Com o check-in feito, seguimos para
nossos quartos apenas para deixar as malas, pois sairíamos em breve para ver a localização da
construção, àquela hora do dia. Claro que uma pesquisa de campo foi feita antes da compra do
terreno, e o ponto era excelente, afinal, ficava em frente à praia. Só não era nos pontos mais
visitados, mas o nosso intuito era atrair muitos turistas para aquela área, com o novo
empreendimento.
Os momentos na presença de Miguel, fez com que meu coração traidor fosse se acalmando e
logo me sentia confiante novamente. O táxi parou em frente ao hotel que estavam construindo e
podíamos ver alguns homens trabalhando na construção. Preferimos ficar um pouco afastados, pois
nossa visita naquele horário era um estudo de fora, na manhã seguinte que faríamos uma visita ao
─ Aqui é muito mais bonito que nas fotos ─ Miguel comentou olhando ao redor.
─ Concordo com você.
No calçadão da praia havia uma barraquinha que vendia água de coco. Miguel comprou dois e
ficamos apreciando o grande imóvel que estava sendo construído do outro lado da rua.
─ Acha que eles cumprirão o prazo de seis meses para entregar o hotel pronto?
─ O engenheiro disse que em quatro meses tudo fica pronto, mas estou colocando dois meses
─ Pelo que vi, é a primeira vez trabalhando com essa equipe de produção.
─ Sim. O projeto é da nossa arquiteta, e nosso engenheiro é que está à frente da construção, o
entanto, meu pai pediu que contratasse um grupo de trabalhadores da cidade para gerar empregos na
região. Por isso que você está vendo uma equipe nova.
O comentário de Miguel não passou despercebido, o que me fez encará-lo. Sabia do bom
coração do meu pai, para ele, o dono de uma empresa não pode só pensar no lucro, se não tiver uma
boa equipe. Sempre me falava que, para ter bons profissionais, devemos nos colocar no lugar deles e
sempre os ouvir. Desviei meu olhar de Miguel quando seus olhos encontraram os meus.
─ A construção desse hotel, vai gerar muitos empregos. ─ Caminhei até a lixeira e joguei o
Chamei Miguel para ver o mar mais de perto, afinal, passado trinta minutos observando a
Caminhamos lado a lado pelo caminho de pedra, até o início da areia. Ainda em silêncio, tirei meus
saltos e com eles em minhas mãos, caminhei em direção ao mar. Olhei para Miguel de terno e
comecei a rir.
─ Não imaginei que viria à praia. ─ Olhou para o mar à frente. ─ E suas roupas também não
Realmente não tínhamos combinado nada, ou poderíamos ter trocado de roupa no hotel. Olhei
─ Estou bem assim e além do mais, calçar meias com os pés sujos de areia não me parece boa
ideia.
─ Era só limpar direito, mas isso não importa agora. Segure meus sapatos. ─ Entreguei o par
─ A água está uma delícia ─ falei um pouco alto para que pudesse me escutar.
Ele apenas sorriu e negou com a cabeça. Dei de ombros e voltei a ficar de frente para o mar,
dando mais alguns passos até a água chegar nas minhas canelas.
Fazia um bom tempo que não me permitia curtir a praia. Desde que assumi a diretoria da
ImobiVit que minha vida era dedicada exclusivamente ao trabalho, e não estava arrependida por essa
escolha. Eu amava a empresa e o que fazia. Sabia que no cargo de CEO, estaria tão ocupada quanto
antes, por este motivo aproveitava cada brecha de prazer que a vida me proporcionava, e sentir o
A presença constante de Helena estava mexendo comigo mais do que eu gostaria de admitir.
Depois de tirar o blazer e a gravata, abro os botões da camisa social assim que me sento na
cama e a cena da praia vem à tona na minha mente. Perdida em sua própria alegria, enquanto as
ondas molhavam seus pés, ela conseguiu ficar ainda mais linda. Naquele momento, o que eu mais
desejei foi correr até ela e a segurar, enquanto me deliciava com seus lábios. No entanto, a única
Não demoramos muito no local e logo retornamos ao hotel, afinal ainda não tínhamos
Com a toalha em volta da minha cintura e enxugando o cabelo com outra, aproximei do celular
Helena Vitti: Esqueci de falar com você, mas vamos jantar às 20h, no restaurante do hotel
mesmo.
Eu: Reunião?
Helena Vitti: Não. Jantar entre duas pessoas que precisam comer antes de dormir.
Eu: Ok.
Não me importava de pedir a refeição e comer no quarto, até estava pensando em fazer isso,
Terminava de me arrumar quando escutei leves batidas na porta e após conferir o horário no
Eu sabia da pontualidade dela na empresa, mas por ter se atrasado para chegar no aeroporto,
não imaginei que chegaria cinco minutos antes do horário marcado na mensagem.
Ao abrir a porta, deparei-me com a mulher ainda mais linda do que meus olhos estavam
acostumados a ver. As roupas sociais não estavam presentes. Um vestido preto com decote próximo
aos seios abraçava perfeitamente seu corpo. Lutando contra minha vontade de analisá-la, consegui
─ Então vamos.
Quando Helena virou as costas, meu autocontrole foi para o fim do mundo. O decote da parte
As costas daquela mulher estavam totalmente expostas para mim, além das alças finas que
sumia por baixo do braço, a peça só voltava a ter tecido na parte da bunda até o início das
panturrilhas.
Molhei meus lábios com uma rápida passada de língua e apressei meu passo para ficar ao seu
lado, porque ficar atrás, só me faria um homem com pensamentos impuros sobre sua chefe.
─ Você gosta de que tipo de música, Miguel? ─ Helena, perguntou assim que a porta do
Na dúvida, preferi ficar calado e esperei que ela apertasse o botão que nos levaria até o andar
do restaurante.
Passei muito tempo dedicado só a mim e ao trabalho, talvez não estivesse na melhor forma de
interagir com uma mulher, ainda mais ela sendo minha chefe.
─ Em casa gosto de música calma e muitas vezes prefiro o silêncio, talvez por manter a mente
agitada durante o dia, mas não resisto a uma música alta quando estou em algum evento. Na minha
opinião, ela que nos move a sair do nosso mundo, sabe. A música alta em ambientes de festa tem o
Imaginei toda a situação enquanto ela falava, porém, ainda prefiro minha boa música calma e
de preferência no volume baixo, mas não ia cortar sua empolgação, gostava de vê-la saindo do foco
CEO da ImobiVit.
─ Desculpe estar lhe enchendo com esse tipo de assunto, sei que não somos próximos, mas é só
─ Pode falar do que quiser, Helena. ─ Encarei-a sorrindo com sinceridade para tranquilizá-la.
Se eu não era uma boa companhia para conversar, ao menos seria um bom ouvinte.
─ Obrigada.
O silêncio tomou conta daquela caixa de metal, onde só havia nós dois.
─ Continue ─ pedi depois que o silêncio se tornou insuportável e a porta do elevador se abriu.
─ Você poderia conduzir a conversa também — comentou sorrindo — , mas vou entender que
─ Não se preocupe, Miguel. Sua presença é muito boa, mesmo que permaneça calado. Espero
que nossa relação evolua com essas viagens, não quero que fique tenso ao meu lado.
Olhei rapidamente para ela e quando meus olhos capturaram o vislumbre daquele colo à
mostra, desviei o olhar para frente. Limpei a garganta, tentando recuperar o foco.
─ Não estou tenso. Só me acostumando com sua presença de maneira não profissional.
─ Do que depender de mim, farei se acostumar bem rápido. — Segurei o sorriso com a
Durante o jantar, Helena continuou a conversar sem envolver assuntos profissionais e à medida
que ela avançava em nos deixar confortável, eu segurava o freio dos meus pensamentos. Confesso
que dificultei um pouco nossa conversa, pois quando respondia algo que ela perguntava, eu deixava
que o silêncio reinasse na mesa. Em uma hora de relógio, descobri que Helena era do tipo oito ou
oitenta, que da mesma forma que gostava da calmaria de casa, gostava de curtir uma festa para tirar o
estresse. Descobri também que ela amava comer, apesar de ter um corpo lindo e que não gostava de
ir à academia. Gostava de andar e correr, mas por ter a vida agitada, tinha uma esteira em casa para
esse tipo de atividade.
Não sei porque começou a falar tão abertamente da vida pessoal, mas percebi que se sentia
relaxada daquela maneira. Evitei ao máximo falar de mim, mas com seu poder de persuasão
conseguiu algumas informações, como: eu amar ficar em casa, e de que minha irmã estava morando
No fim, nosso jantar serviu para nos deixar confortáveis com a presença um do outro, e na
porta dos quartos, despedimo-nos com um aceno de mão. Ela dormiria no quarto ao lado e se eu
fosse um canalha, teria seduzido aquela mulher para que dormíssemos no mesmo quarto, mas além
O sol ainda estava presente no céu quando voltamos para São Paulo. Foi no estacionamento do
aeroporto mesmo que nos despedimos, eu estava muito mais tranquila que no início da viagem e
Miguel, parecia um pouco mais acessível. No fundo, esperava que não fosse coisa da minha cabeça,
pois aproveitaria aquela evolução para tentar ficar mais próximo dele.
Segui caminho direto para casa, e antes de dormir anotaria algumas informações sobre a
viagem.
De banho tomado e com o tablet ligado em cima do sofá, caminhei com uma xícara de café nas
mãos até a sacada da sala e observei as milhares de luzes acesas, o contraste da minha noite anterior,
já que eu estava no hotel em frente ao mar. Sorri ao lembrar do jantar com Miguel, tenho certeza que
ele pensou que eu era louca, pois puxei assuntos como se fossemos íntimos.
Deixando de pensar em Miguel, voltei para a sala e sentei no sofá com o tablet nas mãos,
finalizaria minha noite de domingo trabalhando como de vez em quando acontecia, e só assim
***
O dia na ImobiVit foi tranquilo, sem ter motivos para ir até a sala de Miguel passei o dia sem
vê-lo. Saí da empresa pouco antes das 18hs e fui direto para o shopping.
Com algumas sacolas de lingerie em mãos, parei em frente à loja de Bia, irmã do Miguel, e
após olhar a vitrine e me apaixonar por um vestido vermelho, entrei para comprar.
Uma vendedora me atendeu com bastante educação e atenção, e após experimentar alguns
modelos, saí com três peças. Confesso que me demorei mais que o necessário, apenas na esperança
de Bia chegar e puxar assunto com ela, só para ouvi-la falar do irmão, no entanto, isso não aconteceu
Estava na praça de alimentação quando, para minha surpresa, avistei Miguel sentando em uma
das cadeiras nas mesas centrais, acompanhado de uma mulher ao qual não pude reconhecer de
imediato, pois estava de costas. Peguei meu lanche e dirigi-me para o centro da praça, no intuito de
que ele me notasse, talvez estivesse agindo fácil demais, mas queria uma chance com aquele homem.
— Helena?
Sem pensar duas vezes, caminhei na direção deles e puxei uma cadeira entre ambos.
─ Oi, Helena.
Ainda de terno e gravata, mostrava que tinha vindo direto do trabalho, assim como eu.
─ Acabei de sair de lá. Sua vitrine está um arraso, impossível resistir. Parabéns!
─ Ahhh... muito obrigada, Helena. Viu só Miguel, só você não cai na tentação de gastar seu
dinheiro.
─ Claro, não gasta as que têm. Só fica enfiado dentro de casa e quando sai é para o trabalho e
só usa terno.
─ Para onde eu deixo de ir não está em pauta aqui. Já que você tem a presença de alguém,
posso ir embora.
Bia era totalmente diferente de Miguel, pois foi ela quem conduziu toda a conversa na mesa,
─ Eu já vou indo. Obrigada pelo convite de sentar com vocês. ─ Me despedi deles, pois meus
Mesmo que eu tenha passado pouco tempo na presença de Miguel, já foi o suficiente para
A dona dos meus pensamentos se despediu após terminar seu lanche. Mentalmente, torci para
que minha irmã a impedisse de ir embora naquele momento, apenas para poder apreciá-la um pouco
mais, mas não aconteceu. Sorri de canto por causa do meu desejo e bebi o restante do refrigerante
para que Bia não notasse. Conhecia minha irmã muito bem, para saber que se ela desconfiasse de
─ Acho que é minha deixa para ir embora também ─ coloquei o copo de volta na mesa ─ Vai
agora? ─ perguntei, pois sabia que Bia não ficava na loja à noite, quando não era período de festa.
─ Vai dormir com ele hoje? ─ Não que aquilo fosse da minha conta, mas estava mesmo
acostumado com a presença de Bia no meu apartamento.
─ Está bem. ─ Levantei-me e fui até ela para beijar sua cabeça como despedida. ─ Até mais,
então.
─ Ela tinha uma sacola de lingerie nas mãos ─ Bia comentou com um sorriso malicioso nos
lábios.
Encarei-a confuso.
─ Da sua chefe. Além das sacolas lá da loja, ela também comprou lingerie. Será que tem algum
encontro especial?
─ Só se compra lingerie quando tem encontro? ─ Cruzei os braços tentando esconder que
fiquei incomodado ─ Não vou ficar dando ouvidos às suas teorias. Tchau, Bia!
Afastei-me antes que ela comentasse algo mais que fizesse minha mente enlouquecer de tanto
pensar em Helena.
lingerie que me fez parar para observar a manequim usando um conjunto preto.
vestida com aquele conjunto seria mais tentação do que já era. Comecei a imaginar também, a
Balancei a cabeça rapidamente saindo daquele mundo ilusório, quando senti o resultado da
A mulher era minha tentação. Era capaz de fazer com que eu sonhasse acordado.
Precisava sair logo daquele local, ou corria o risco de imaginá-la em qualquer outra roupa.
Como uma mulher é capaz de enlouquecer o juízo de um homem, sem nem ao menos fazer
nada?
Normalmente, não ficava imaginando cenas daquele tipo, quando quero, ligo e resolvo minha
vontade. Contudo, com Helena era diferente. Eu queria, mas não tinha como resolver meus desejos.
HELENA
Acalme-se Helena!
Ele era o homem mais lindo, charmoso e sexy daquela empresa e tinha um pequeno detalhe: eu
Respirando fundo, coloquei meu melhor sorriso para esconder a inquietação do meu coração e
esporádico no shopping. Para piorar meus pensamentos impuros com aquele homem, ainda o vi
parado em frente a uma loja de lingerie. Eu estava lá dentro e quando meus olhos capturaram a
presença dele, estanquei no lugar. Naquela noite não iria comprar mais nada, mas quando estava indo
embora não resisti ao conjunto preto da vitrine. E hoje, com toda minha coragem reunida, coloquei-o,
pois sabia que falaria com ele. A transparência da blusa escolhida também foi proposital, eu só
queria ver nos olhos dele algum vestígio de lembrança. O blazer era um complemento para aquele
Entrei na sala quando Rosi abriu a porta para mim. Observei cada movimento à minha frente,
A beleza daquele homem me abalava todas às vezes que eu o encontrava, e para completar o
pacote da perdição, ele era alto, tinha um corpo forte, do tipo que atraia o olhar e era cheiroso.
─ Trouxe esses documentos para você analisar. Tem um projeto para a construção de um
─ Vou começar a analisar hoje mesmo. ─ Seus olhos passearam pelas folhas do relatório. ─
Olhei atentamente ele acenando positivamente enquanto partia para o outro relatório.
Aproveitei que estava disperso e abri o botão do meu blazer de propósito, ignorando meu lado
de boa moça.
─ Vou estudar com calma esses projetos. Quando precisa de um retorno? ─ Levantou o rosto
Perfeito!
Desviou o olhar e se concentrou em meu rosto. Conseguia sentir a luta interna dele para não
─ São dois projetos que já tem meu aval. Geralmente eles passam por você antes de vir até
mim, mas foram clientes que meu pai esteve negociando a algum tempo atrás. Trouxe os relatórios
Fiquei satisfeita em ver seu pomo de adão subindo e descendo, enquanto mantinha o foco no
profissional.
─ Ok!
Sem hesitar, me levanto da cadeira. Não tinha mais o que fazer ali e Miguel não me dava
Fitei-o por mais um momento na esperança de que ele pedisse para eu ficar, mas recebi apenas
seu olhar intenso que fez meu corpo inteiro se arrepiar. Miguel também se levantou e me acompanhou
até a porta. Antes dele abrir, girei meu corpo ficando de frente para ele.
Estávamos próximos. Muito próximos. Conseguia até sentir o ar quente de nossas respirações
se tocando.
Era arriscado. Eu sabia que sim, mas eu não conseguia mais pensar e muito menos agir com a
Com ele longe, eu conseguia me manter na retaguarda, mas com ele tão próximo a mim, só fez
Eu o queria, mas ele parecia não ser capaz de perceber isso. Mas naquele momento a culpa
tinha sido dele, por não ter mantido distância ao me acompanhar até a porta.
Percorri os dedos pela sua gravata preta e seus olhos sequer desviaram dos meus.
─ Não fique tão perto, ou não conseguirei me controlar. ─ Umedeci meus lábios.
─ Não me provoque, Helena! ─ A voz rouca foi o combustível para minha insensatez.
Senti um arrepio percorrer meu corpo e eu só desejava ser imprensada naquela porta. Desejava
que sua boca devorasse a minha. Desejava sentir a textura e o calor daquela boca e língua.
Colocou a testa na minha, pude ver o momento que fechou os olhos e respirou com pesar.
Queria dizer para ele perder o controle e esquecer essa ideia de chefe, mas como viajaríamos
em breve, não queria um clima estranho entre nós. Para quem esperou tanto tempo, dois dias não
Fiquei satisfeita por ver que ele lutava contra um desejo que também sentia. Afastou o rosto do
meu e me encarou em silêncio. Não rebati naquele momento, tudo tinha sua hora.
Coloquei a mão em seu rosto e sorri por ver que não recuou. Inclinei-me em sua direção,
Ainda com um sorriso no rosto, afastei-me e abri a porta para ir embora antes que eu
Praguejei enquanto batia a palma da mão na parede ao lado da porta, assim que Helena saiu.
Ainda podia sentir o toque suave dos seus lábios na minha pele.
Nunca misturei trabalho e romance em toda minha vida, porque agora o curso saía da linha?
Aquela maldita blusa mostrava sua lingerie, e era justamente a que eu vi no shopping.
Que inferno!
Afastei-me da parede e caí sentado em uma das poltronas no meio da sala, na tentativa de
Porque ela tinha que ser uma tentação e mexer com meu emocional?
Ela era minha chefe!
Por um momento não tomei seus lábios nos meus. Não foi por falta de querer, mas consegui
frear a tempo. Questionei-me se tinha sido correto recuando daquela forma, porém, minha razão me
lembrou que era o ideal a se fazer, ou nossas roupas terminariam espalhadas pela sala. E tudo o que
eu menos desejava era perder a confiança do Senhor Pedro Vitti, por desrespeitar sua filha.
Tentei não ficar pensando no que tinha acabado de acontecer e me levantei, afinal, o trabalho
me esperava. Peguei os documentos que Helena trouxe e coloquei-os na primeira gaveta, iria
finalizar o que estava fazendo antes de analisar os novos. Foquei no que realmente importava,
Saí do escritório mais tarde que o habitual, pois por diversas vezes a cena que protagonizei
com Helena voltou à minha mente. Para completar meu desespero, nossa viagem se aproximava e
ficaria a sós com ela na maior parte do tempo. Não tinha nenhuma justificativa que me fizesse
Eu não era homem de correr de mulher, contudo, sabia que não daria certo nosso envolvimento,
afinal tínhamos muito contato e uma relação fora do trabalho atrapalharia o profissional.
No dia seguinte, assim que cheguei na ImobiVit, avistei Helena no hall de entrada da empresa e
não tinha como passar por ela sem que me visse. Ela falava ao celular toda sorridente, não conseguia
disfarçar meu olhar em seus movimentos. Daquela vez o vestido vinho era comportado, abraçava
Disfarcei meu olhar em Helena e quando me preparava para apressar o passo, senti uma mão
─ Miguel!
Fazia pouco mais de um mês desde que o vi. O tempo realmente voou desde que assumi a
diretoria.
─ Estou ótimo. Acabei de retornar de uma viagem e resolvi fazer uma surpresa para Helena.
Sorri para ele e acompanhei seu olhar carinhoso para a mulher à minha frente, ainda ao
telefone. No momento que seu olhar encontrou os meus, senti como se todo mundo soubesse o que
tínhamos feito na noite anterior. Minha garganta secou automaticamente. Desviei o olhar, voltando a
─ Pai? ─ Helena correu até nós e a surpresa em sua voz quase me levou a trair meu
autocontrole novamente. ─ Estava na ligação com a mãe e ela nem comentou que viria aqui.
Abraçou o pai e eu apenas aguardei educadamente o momento deles para que eu pudesse me
retirar.
─ Nem ela sabe que estou aqui. Deixei-a no salão aqui perto e vim te ver.
─ Foi um prazer revê-lo, Senhor Vitti. Estou indo para minha sala, preciso terminar umas
coisas.
Sorrindo, acenei e me retirei da presença deles. O dia começou com duas surpresas
agradáveis, mesmo que uma delas eu estivesse evitando ver. No entanto, olhar para Helena,
O dia da viagem havia chegado e diferente da primeira vez, não fomos no mesmo horário. Tive
uma reunião que não pôde ser remarcada, e com isso Miguel seguiu para Fortaleza pela manhã, para
ajustar alguns pontos com o cliente e apresentar a proposta de contrato para que os serviços do hotel
Por viajar sozinha, meu nervosismo estava sob controle e também não sei como ficaria, caso
estivesse ao lado dele. Ainda não acreditava na forma que agi dias atrás. Havia paquerado Miguel e
ainda o tinha beijado no rosto. Por causa dessa minha impulsividade, preferi ficar longe para não
Não seria imatura ao ponto de demitir o homem, só porque não me quis. Antes do meu desejo,
O sol começou a se pôr quando o táxi parou em frente ao endereço que Miguel me enviou.
Totalmente diferente do que eu imaginava, sorri ao ver que não se tratava de um restaurante
Desci do carro e olhei o local com muita satisfação, pois parecia um lugar para se divertir
além de comer. Abri a porta de vidro, observando tudo ao redor. O ambiente bem iluminado atraiu
minha atenção, a música lenta induzia o cliente a querer ficar por mais tempo enquanto conversava
com os amigos. Depois de apreciar o local, olhei ao redor na tentativa de encontrar Miguel e nosso
cliente.
─ Boa tarde, senhorita! Em que posso ajudá-la? ─ Um homem de camisa floral me abordou
minutos depois da minha avaliação minuciosa do local. Já estava pensando que a única falha dali, era
─ Boa tarde! Estou procurando dois amigos e não consigo encontrá-los. ─ Olhei mais uma vez
─ Estação?
─ Ah! Só um momento.
Peguei o celular e abri a mensagem no nome de Miguel. Perguntei pela tal estação, ao qual a
Estava bom demais para ser verdade. Um local descontraído para uma reunião de negócios,
Após passar pela estação 1, que mais parecia um barzinho, fui conduzida por um corredor,
─ Uma boate.
─ Obrigada.
─ Disponha. ─ Sorriu para mim e não deixei de reparar na covinha que se formou do lado
esquerdo do seu rosto. ─ Se gostar, não deixe de conhecer nossa boate, nossos DJs são maravilhosos.
─ Piscou o olho.
O homem saiu, e antes de entrar na porta do restaurante, olhei para minha roupa e sorri aliviada
***
Durante nossa conversa com o cliente, peguei Miguel me olhando por diversas vezes. Não o
julgava, também tinha feito o mesmo. Ele estava impecavelmente maravilhoso naquela noite. Nossa
─ Quero mostrar a vocês a boate deste lugar. Gostaria de algo parecido para o hotel, quero
─ Fiquei sabendo dessa boate quando cheguei e confesso que estou encantada com a ideia
Se eu já estava bolando uma boa persuasão para Miguel aceitar meu pedido para se divertir,
deixei de lado quando nosso cliente fez isso por mim, pois meu querido Diretor Executivo não teria
como negar.
Com um sorriso enorme no rosto encarei Miguel, que estava sério, pelo pouco que o conhecia,
─ Eu amo uma batida eletrônica ─ nosso cliente comentou empolgado, quando saímos do
─ Prefiro músicas que acalmam ─ Miguel comentou sem jeito e eu me segurei para não rir.
Era nítido o quanto ele estava desconfortável, mas tudo na vida tinha que ceder para que
cedessem para nós.
Entramos na boate e logo nos acomodamos em uma mesa de canto. Meu corpo automaticamente
Conversas e drinks foram os acompanhantes da primeira hora e após informar que me reuniria
─ Tudo bem ficarmos mais um pouco? ─ Segurei no braço dele apenas pelo motivo de querer
contato físico.
MIGUEL
Desviei minha atenção da mão dela em meu braço e encarei seu rosto. Sua expressão era de
alegria, e fez com que eu fosse contra minha vontade de ir embora e aceitasse o seu pedido.
─ Claro! ─ respondi com pouca empolgação, mas felizmente não tirou o sorriso daquele rosto
─ Pode ir. Vou ficar bem aqui. ─ Dando de ombros com minha resposta, saiu da minha frente.
Ir dançar era demais. Levantei meu copo e fiz um gesto de brinde, quando Helena acenou de
Estar na companhia dela compensava todo aquele barulho. Helena começou a dançar em um
ponto que eu conseguia assistir. Não pude esconder o sorriso de satisfação ao vê-la remexendo o
corpo, sensual.
Tão linda.
Terminei todo meu drink e pedi outro, somente aquele líquido gelado parecia ser capaz de
abaixar a queimação do meu corpo. No fundo do meu íntimo queria estar dançando colado com ela e
Minha satisfação perdeu o lugar para frustração, quando um homem se aproximou e a segurou
pela mão, conduzindo-a em uma dança. Aproximou o rosto próximo ao seu ouvido, deve ter dito algo,
Tire as mãos dela! ─ Era o que eu queria falar para aquele idiota.
Para o bem do meu autocontrole, desviei o olhar ou levantaria para ir até ela. Peguei o celular
e abri o aplicativo de mensagem no nome da minha irmã. Gravei um áudio com a música do local. Ri
Caí na gargalhada com a mensagem em letras caixa alta. Podia até imaginar ela praticamente
gritando. Bia sabia que eu tinha viajado a trabalho com Helena, pois informei que o apartamento
seria todo dela pelo fim de semana, mas deixei-a ciente que não queria bagunça.
Eu: Reunião com nosso cliente.
Tudo bem que naquele momento eu estava ali por um pedido da minha chefe, mas não contaria
à minha irmã.
Bia: Relaxa meu irmão, e aproveita para curtir. As notícias dizem que sua chefe está solteira.
Eu sabia disso. E não era só pelas notícias, mas pelas fofocas internas da empresa também.
Bia: Beijos e sexo são consequências de uma festa, isso não significa que vai assumir um
relacionamento.
Guardei o celular antes de ver a próxima mensagem da minha irmã. Sei que fui eu que puxei
assunto, no entanto, a conheço o suficiente para saber que ela não pararia até eu concordar que sairia
Levantei a cabeça para assistir Helena dançando e fui surpreendido com ela se aproximando da
─ Ei! Você está perdendo. Venha dançar um pouco comigo. ─ Pegou o drink dela e bebeu todo
de uma vez.
─ Estou cansado. Essa cadeira e o drink são boas companhias na sua ausência.
Reparei na reação do seu rosto que minhas palavras lhe causaram. Confesso que não quis que
tivesse duplo sentido, mas a mulher sorriu maliciosamente. Apoiou as mãos na mesa e inclinou o
Sorri de canto de boca, observando ela pegar meu copo que ainda tinha metade do drink e
Permaneci em silêncio e assisti ela voltando para a pista de dança. Sua bunda rebolando a cada
Sacudi a cabeça para que os pensamentos impuros que me dominavam se dissipassem, mas não
consegui seguir em frente. Desde nosso momento intenso na minha sala, que eu vinha desejando
Minha ideia em ficar um pouco mais pareceu não o agradar, no entanto, ele não recusou e por
isso aproveitei para me divertir. Fazia tempo que eu não saía para alguma festa, dediquei tempo
demais à empresa e aquele era um dia diferente, mesmo que tivesse começado como uma reunião de
negócios.
Não abusei da boa vontade de Miguel, após algumas músicas, voltei para a mesa e o chamei
para ir embora. Claro que percebi o olhar dele na minha direção e aquilo só serviu como
─ Não me lembro da última vez que dancei tanto ─ comentei empolgada enquanto nos
─ Deveria ter aproveitado e feito algo mais que não tenha feito recentemente.
─ Não ando fazendo muitas coisas, Helena ─ respondeu sério, o que ele não sabia era que isso
Quando um funcionário vestido de terno preto abriu a porta para sairmos daquele lugar, senti
─ Solte o braço dela ─ Miguel, deu um passo à frente mostrando sua presença imponente.
─ É dona dela por acaso? ─ O homem com quem eu tinha dançado algumas vezes, indagou,
─ Não é da sua conta, mas não chega agarrando o braço das pessoas dessa forma.
─ Está tudo bem. ─ Puxei meu braço para longe da mão do homem. ─ Foi um prazer dançar
Senti a raiva subir, fervendo em meu corpo, fazendo com que eu agisse por impulso e acertasse
─ É melhor ficar calado, cara. Ou terei que acertar o outro lado do seu rosto com um murro.
Miguel segurou em meus ombros e girou meu corpo, para que fossemos embora.
Saí bufando de raiva daquele lugar. Se o clima estava propenso para que eu tentasse seduzir
Miguel, a situação que passei me deixou estressada demais para pensar nisso.
─ Eu vou voltar lá e acabar com a raça dele. ─ Parei de repente e virei na direção da porta.
─ A senhorita vai para o hotel comigo. ─ Miguel me impediu, e juntos caminhamos para fora
daquele estabelecimento.
Puxando algumas respirações para me acalmar, me deixei ser levada pelo único homem que eu
gostaria de passar a noite, e logo entramos em um táxi. Permaneci em silêncio durante todo o trajeto,
─ Não conhecia esse seu lado. ─ Miguel riu quando entramos no elevador.
─ Ao menos serviu para você se divertir com algo ─ comentei com um meio sorriso.
─ Desculpa, Helena.
─ Está tudo bem. Eu só não admito que pessoas deduzam algo de alguém. E daí se fossemos
transar mesmo? Por acaso era da conta dele? ─ Dei um passo para fora do elevador, quando parou
em nosso andar.
─ E você acha que eu perderia a chance de dar na cara dele, porque pensou algo de mim e te
chamou de babaca? ─ O encarei, séria. ─ Não mesmo. ─ Gargalhei quando parei diante da porta do
meu quarto.
─ Nem tudo o que é perfeito presta, não é mesmo? ─ indaguei pensativa. ─ Você não é babaca,
─ Posso te garantir que tenho muitos defeitos, Helena, mas gostaria de saber qual você vê.
Sem me importar com as consequências que minha resposta resultaria, encarei Miguel e ao
─ Helena...
─ Eu sei... não é recíproco e por isso é o seu defeito ─ sorri recuando ─, mas isso não te faz
A mão dele agiu rápido e puxou minha cintura, mantendo-me próxima a ele. Meu coração saltou
─ Como assim?
─ Você não dava abertura e não éramos próximos, mas isso nunca foi problema para eu te
─ Você é minha chefe. ─ Sentia o olhar de desejo, mesmo com sua voz baixa me alertando.
─ Você é uma mulher linda, Helena. ─ Fugiu da minha pergunta. Inclinei meu rosto em direção
ao dele.
─ Você é minha chefe. ─ Voltou a falar com um sussurro mais rouco daquela vez.
Com o olhar intenso preso nos meus, respondeu acenando com a cabeça e foi a resposta que eu
Miguel não recuou quando nossos lábios se tocaram. Para alegria do meu coração, ele apertou
a mão em minha cintura puxando-me ainda mais para próximo de seu corpo. Aproveitei aquela
seu corpo relaxado e tentei dar um passo para trás, trazendo-o comigo.
Beijar na porta do quarto de um hotel não era o que eu tinha em mente, precisava ficar a sós
com aquele homem e naquele momento, não me importava de não ter experiência. Eu apenas o queria,
dane-se o mundo e o homem que fez meu sangue ferver de raiva na boate.
Nunca fui de esperar o príncipe encantado ou o amor da minha vida para perder a virgindade,
apenas não havia chegado o momento. Não até aquele instante. O meu desejo por Miguel Machado só
─ Estou consciente do que quero, e além do mais, não bebi ao ponto de fazer algo que não vá
me lembrar, ou me arrepender.
─ Seu pai...
─ Não é hora de pensar no meu pai. É hora de pensar em voltar a me beijar e...
Miguel me calou com sua boca, e com o corpo colocado no meu, levou-me para dentro do
quarto. Sorrindo entre o beijo, me deixei levar naquele furacão do momento que o desejo nos
provocava.
─ Você me deixa maluco, mulher. ─ Mordiscou meu lábio, antes de voltar a sugá-lo.
Sentia o volume dentro de suas calças, e o roçar do quadril me deixava louca de tesão. Pela
forma que agi dando em cima de Miguel, pode parecer que sou uma tarada, mas a verdade, era que eu
não aguentava mais tê-lo tão próximo, e não ser tocada ou ao menos desejada. Naquele momento
O beijo macio começou a percorrer meu rosto, maxilar e subiu pelo pescoço, em direção à
orelha.
─ Você me provocou Helena, vai ter que aguentar as consequências de um homem louco pela
sua chefe.
Ainda bem que consegui controlar o nervosismo do que eu sabia que aconteceria. O desejo de
ser dominada por ele, era muito maior. Talvez eu tivesse uma leve ajuda do álcool que consumi na
boate.
As mãos de Miguel subiram por baixo do meu vestido e tocaram minha bunda coberta por uma
─ Não tem problema, contanto que se queime comigo ─ Mordisquei seu maxilar.
O homem me colocou deitada no centro da cama e ficou por cima de mim. Admirou em silêncio
meu rosto, e com o indicador foi traçando um caminho desde minha boca até minha coxa.
─ Vamos pensar no agora ─ respondi como se eu estivesse no controle, mal sabia ele que me
O olhar que me lançou fez meu coração bater ainda mais descompassado e meu corpo se
arrepiar. Miguel voltou seu olhar de devoção em meu corpo, subiu o vestido, revelando minha
calcinha.
Lembro exatamente do dia que o vi parado em frente à loja de lingerie que eu estava. Havia
entrado ali para comprar outras peças, e quando percebi que admirava demais algo, decidi levar o
agitação que corria em meu corpo. As mãos voltaram a trabalhar, subindo ainda mais meu vestido e o
tirando por cima da minha cabeça. Deslizou o indicador pelo desenho da renda.
─ Perfeita ─ sussurrou, inclinando-se em minha direção e roubando um beijo dos meus lábios.
Apoiou-se em um dos braços, e o senti mexendo na calça com a outra mão. Ansiava pelo
momento em que ele tirasse toda roupa e ficasse exposto para poder admirá-lo, no entanto, não
poderia correr o risco de ele inventar uma desculpa e sair desse quarto, me deixando ainda mais
louca de desejo.
Miguel colocou a mão dentro da minha calcinha e deslizou os dedos pela minha intimidade.
Sentia o quanto estava molhada, mas não imaginei que sentir o dedo dele deslizando pela minha pele
─ Você está prontinha para mim. Que delícia! ─ Senti meu rosto ruborizar com seu olhar fixo
Sempre prezei pela transparência nos negócios, mas naquele momento não tinha
profissionalismo, certo, e por isso não contei que eu era virgem. Já havia escutado muitas histórias
de que alguns homens ficam com receio de tirar a virgindade de alguém, alguns ficam até nervosos.
Se eu não tivesse me tornado sua chefe, não estaríamos juntos naquele momento. Não iria
quebrar nosso clima, me entregaria por inteira aquele homem maravilhoso que estava me
Helena conseguiu destruir todo meu autocontrole que eu vinha conseguindo manter.
Senti-la tão lisinha e molhadinha foi como finalmente encontrar o caminho que me levava ao
Nunca fui de pensar no amanhã quando só o presente importava, no entanto, com Helena foi
completamente diferente. Me preocupei com ela, me preocupei com o que seria de nós, caso nos
Eu era o tipo de homem que só pensava no momento, saciar meu desejo carnal e depois cada
um seguia com sua vida. Não nos víamos mais. Porém, com a mulher embaixo de mim, revirando os
olhos enquanto meus dedos a masturbava, essa, eu corria o risco de ver todos os dias na empresa.
Esquecendo as consequências que aquela noite quente nos provocaria, enfiei o dedo devagar
dentro da sua boceta quente. Me deliciei com cada aperto que ela me dava, e meu pau pulsava ainda
dentro da cueca.
─ Miguel... ─ O gemido sensual saiu daqueles lábios vermelhos, causado por meus beijos.
Gostosa demais.
Linda demais.
Puta merda!
Tirei a mão de dentro da sua intimidade, apenas para me livrar urgentemente da calcinha.
Precisava da passagem livre para me deliciar daquela parte. Poderia me levantar e arrancar toda
minha roupa, mas a pressa de ter aquela boceta me apertando era maior que minha vontade de ficar
sem as calças, por isso, apenas abaixei o suficiente para que ao menos pudesse começar logo.
Voltei a beijar aquela boca deliciosa. A língua quente me levava completamente à loucura.
Se antes eu estava maluco por desejar e pensar em Helena, depois de provar seu beijo, fiquei
louco e ferrado.
Inebriado com o movimento de sua língua, suas mãos agarrando minha bunda e puxando-me em
direção a ela, posicionei meu pau em sua entrada. Quando ela conseguiu o que desejava, suas mãos
subiram para minhas costas e começaram a arranhar levemente com as unhas, cada centímetro da
minha pele. Aproveitei para penetrar com urgência o que a fez apertar as unhas com força. Um misto
Caralho!
─ Ah, Helena... que loucura estamos fazendo. ─ Continuei mexendo, daquela vez mais lento.
Percebi que sua voz não era só de prazer, o que fez com que eu afastasse meu rosto para
observá-la. Constatei que algo parecia incomodá-la. Parei os movimentos do meu quadril na hora.
─ Te machuquei? ─ Quando ia sair de dentro dela, suas pernas foram mais rápidas impedindo
meu movimento.
─ Continue.
─ Helena, preciso que me fale o que está incomodando ou não vou continuar.
─ Só é tudo novo. Continue e tenho certeza que vou me adaptar ─ falou rápido demais, me
deixando confuso.
Voltei a me movimentar. Entrei e saí, daquela vez mais lento observando o rosto dela, até que
parei repentinamente.
─ Vai embora se eu confirmar? ─ Seu olhar era de desespero o que fez com eu me sentisse
como um babaca.
Na verdade, agi como um, quando saí de dentro dela e sentei na cama sem encará-la.
─ Porque não me falou? Virgindade nenhuma deve ser tirada assim ─ Encarei meu pau com
─ Não queria que você me rejeitasse por esse motivo. ─ Puxou o travesseiro para cima do seu
─ Não tem como saber como eu reagiria, mas de uma coisa tenho certeza ─ Aproximei-me dela
─ E eu estraguei saindo de dentro de você ─ sussurrei ─, mas foi só porque fui pego de
surpresa.
─ Me desculpe. ─ Toquei seu rosto. ─ Não vou embora. Irei compensar meu momento babaca.
Segurei sua nuca e me aproximei para beijá-la. Cumprindo a promessa das minhas palavras, fiz
Amei seu corpo com minha boca e meu corpo, como toda mulher realmente merece. Em
algumas vezes quis algo mais intenso, porém respeitei o momento da minha parceira e a fiz se sentir à
vontade.
Como sempre disse, paciência é amiga da perfeição. E foi com calma que consegui vencer o
Depois do sexo, a levei para um banho e deitamos para recuperar as energias gastas naquele
dia.
Fugi de cair na tentação — chamada Helena — por muito tempo, mas agora que não resisti,
Não imaginei que Miguel fosse tão carinhoso até vê-lo me tratando daquela forma na nossa
primeira vez, e no dia que seguiu. Confesso que pensei que ele iria embora após transarmos, mas o
mesmo passou o domingo no meu quarto de hotel, saindo apenas para pegar a roupa da reunião que
Depois... ah, depois... eu queria que ele me jogasse na cama e fizesse sexo comigo novamente,
mas ele apenas me beijou e disse que meu corpo precisava descansar. Apesar de sentir minha
Foi só quando entramos no aeroporto que percebi que daríamos tchau àquele conto de fadas.
Nossa relação voltaria ao que era antes, já que ele sempre enfatizou que eu era sua chefe. Não
quis pressioná-lo, afinal, era adulta e sabia muito bem que sexo não significava compromisso.
O problema era que eu o queria, e a distância dele estava me deixando maluca. Claro que eu
entendia que o trabalho nos sufocou pelos dias que se passaram. Até eu, estava atolada de serviço.
A saudade dele era imensa, fazia cinco dias que não havia visto nem mesmo sua sombra. E por
mais que eu quisesse ir até sua sala, esperei pela sexta-feira para fazer uma visita ao Diretor
Executivo da ImobiVit.
Com algumas pastas nas mãos, avisei a Michele que entraria em uma reunião e que em breve
estaria de volta. Apesar de ter amizade com minha secretária, não contei sobre o que tinha
acontecido entre eu e Miguel. Preferi manter em sigilo algo que não era certo.
Assim que cheguei no setor que ele trabalha, Rosi estava saindo às pressas para ir ao banheiro,
mas me informou que não tinha ninguém na sala do chefe, que eu poderia entrar.
Aproveitei que minha presença não foi informada, e dei duas batidas na porta antes de abrir.
Sorrindo, entrei e fechei a porta atrás de mim. Ele parecia concentrado no que fazia.
─ Sou eu. ─ Minha voz chamou sua atenção, que logo deixou o que fazia de lado.
em minha mão.
─ Tem tempo para mim? ─ Fingi uma inocência que nunca tive, nem mesmo quando eu era
virgem.
─ Claro! ─ Voltou a se sentar na sua cadeira e olhou para as pastas que eu trouxe.
Dei a volta na mesa parando ao seu lado. Inclinei-me e toquei em sua gravata.
─ Que ótimo!
─ Helena...
Girei sua cadeira para que ficasse de frente para mim. Aproximei minha boca da dele, e me
─ Rosi... a porta...
O sorriso voltou a brincar em meus lábios. Conhecia esse seu lado, queria, mas tinha medo.
─ Fechei a porta. ─ Acariciei sua nuca sem desviar o olhar do dele, esperando que tomasse
alguma atitude.
─ Estamos na empresa.
─ Eu sei. Sua chefe vai aprovar se tomar uma atitude diferente do seu habitual. ─ Mordi o
lábio inferior.
─ Acredito que você sabe que impulsividade não faz parte da minha vida.
─ Como passou a semana? ─ Tocou meu cabelo, colocando-o para trás do ombro.
─ Não deveria, mas... ─ aproximou a boca do meu ouvido ─ Já que amanhã é sábado, gostaria
─ Podemos estender essa noite pelo fim de semana inteiro? ─ Abusei do convite, mesmo que a
─ Vou te mandar meu endereço, já que sua irmã ainda está em sua casa. ─ Pisquei o olho.
reforma do apartamento dela acabar. Ah, e claro, fez propaganda, dizendo que você estava solteiro e
que era para te levar mais vezes para festas, pois só ficava em casa.
─ Bia, não tem jeito mesmo. Bom, já que sabe que tenho hóspede em casa, fica certo nosso
acompanhou até a porta e quando fui abrir, ele interrompeu minha mão.
─ Uma vez me pediu para não fazer isso ─ Lembrei-o do que me disse tempos atrás.
─ Mas agora tem passe livre. ─ Sorrio me deixando ainda mais apaixonada.
Agarrei sua gravata e o puxei em minha direção. Tomei seus lábios em um beijo calmo e cheio
de sedução. Meu coração era traidor e já batia acelerado, mas não demonstraria a ele que eu estava
ainda mais caidinha por ele. Não queria afastá-lo, pelo contrário, o queria louco por mim. Interrompi
─ Vou te esperar sem roupa na minha casa. ─ Pisquei o olho e abri a porta. ─ Ah! Os
Contendo o sorriso de satisfação, saí da sala e passei por Rosi, dando apenas um leve aceno de
cabeça.
MIGUEL
Assim era eu em relação à Helena. Toda a teoria que eu tinha sobre não misturar vida pessoal e
profissional, foi para o espaço no momento em que Helena disse que me desejava e perguntou se eu
sentia o mesmo. Ali, eu liguei o botão do foda-se e só pensava em fazê-la gemer meu nome, enquanto
Confesso que quando cheguei de viagem, minha consciência pesou, e no dia seguinte estava
convicto de que fingiria que nada tinha acontecido e que nos trataríamos como sempre foi. Dois
profissionais da ImobiVit. Contudo, toda minha convicção caiu por terra, quando acordei de um
E foi quando decidi continuar com a loucura que havia me metido, e ver até onde daria. Éramos
adultos, o máximo que poderia acontecer era colocar um ponto final naquela loucura.
Estava disposto a convidá-la para sair, mas minha semana foi tão intensa que eu só pensava em
chegar em casa para descansar a mente, por isso decidi que o melhor momento para ter um encontro
seria no fim de semana, mas fui surpreendido com aquela tentação em minha sala e meu pedido foi
antecipado.
Helena sabia exatamente como me provocar, e por esse motivo tenho certeza que infringi
algumas leis de trânsito. Doido para chegar na sua casa e a encontrar da forma que me prometeu.
Passei em casa para tomar um banho e pegar duas mudas de roupas, afinal, meu convite de uma noite
Assim que cheguei no endereço que ela havia me passado, encarei o prédio imenso à minha
frente antes de entrar. Com a passagem autorizada, estacionei o carro onde o vigilante me orientou e
Coloquei o celular, carteira e chave do carro na pequena mala de mão que segurava, para que
Toquei a campainha e aguardei, impacientemente ela ser aberta. Confesso que olhei ao redor
diversas vezes, com medo de ter alguém que pudesse vê-la nua.
Feito um furacão, entrei na sua casa fechando a porta atrás de mim, e a agarrei pela cintura
puxando seu corpo contra o meu, enquanto minha boca devorava a sua.
Tentação do inferno.
Voltei a beijar aqueles lábios macios. Nossas respirações tinham o mesmo ritmo ofegante. As
mãos de Helena desceram até minha calça e eu aproveitei para tocá-la do jeito que sabia como a
enlouquecer. A mulher gemia entre o beijo, mas não desgrudava da minha boca. Seus dedos entraram
O problema era que com Helena não parecia ser apenas sexo. Sentimentos confusos faziam
parte de mim, desde muito antes desse contato carnal, e após, só os fez aflorar.
Me afastei da sua boca e a encarei, delirando de prazer à medida que meus dedos brincavam
─ Não penso em parar de fazer isso com você, tão cedo, Miguel.
Helena desceu a mão até meu saco e o massageou com o olhar preso nos meus. Abriu a boca
Ela tirou a mão de dentro da minha cueca e a abaixou junto com a calça.
─ Apesar de amar o que seus dedos estão fazendo, tire-os, pretendo fazer algo.
Com um sorriso pervertido nos lábios fiz o que me pediu, só não me preparei para vê-la se
agachando à minha frente. Sua língua e boca envolveram em torno do meu pau. Estava molhada e era
Agarrei no seu cabelo, e fechei os olhos deixando a porra do prazer me engolir por inteiro.
Passar tempo junto de Helena só me fazia ter a convicção de que eu jamais queria me afastar
dela. Queria mais que uma noite, mais que um fim de semana... queria por muito tempo, sem pensar
no ponto final.
6 meses depois
HELENA
A inauguração do hotel em Fortaleza havia sido um sucesso. Aquele foi o primeiro grande
empreendimento que eu entregava como CEO da ImobiVit. Olhava o jornal admirada, meu sorriso de
Meu relacionamento com Miguel começou nessa viagem, claro que se ela tivesse acontecido,
eu daria um jeito de criar situações que eu pudesse ficar mais tempo sozinha com ele. Não é que eu
seja uma mulher atirada, mas com Miguel sempre foi diferente. Eu sentia meu sangue ferver mesmo
com o frio na barriga. Eu o desejava e trabalhar mais próximo dele, só facilitou nossa aproximação.
Mantemos nossa relação à sete chaves faziam seis meses. Eu gostava de provocá-lo na
empresa e quando nos encontrávamos em nossas casas, ele ficava muito mais à vontade.
Aquela não seria uma sexta diferente, afinal, à noite me encontraria com meu diretor executivo
Ah sim, apesar da nossa relação ser um segredo para o mundo, estávamos bem sério e não era
só aos fins de semanas que nos encontrávamos. Muitas vezes, Miguel me surpreendia com visitas
Saí da empresa uma hora mais cedo que o normal e fui direto para casa do meus pais. Queria
entregar em primeira mão, o jornal de Fortaleza exaltando nossa empresa. Havia uma semana que a
inauguração do hotel tivera acontecido, e aquela era a primeira notícia com nossa foto em frente ao
empreendimento.
Dirigi meu carro pelas ruas de São Paulo e pensei na minha relação com Miguel. Estávamos
juntos há seis meses e ninguém parecia desconfiar de algo. Nunca chegamos a conversar sobre nosso
Durante esse tempo, passei a amá-lo. Só que nunca disse o que sentia. A verdade era que eu
Sempre que eu pensava nele um sorriso nascia em meus lábios. Liguei a seta e entrei no
minha mãe pareceu esquecer dele, pois não ficou mais no meu pé, para conhecer o homem. Não
Entrei na casa deles com o jornal nas mãos e um sorriso que não cabia em meu rosto.
─ Seu pai está no escritório com visita, Helena. ─ Um dos empregados da casa me informou.
─ E minha mãe?
─ Na cozinha.
Apesar de saber que ela amava cozinhar, estranhei por causa do horário. Minha mãe gostava
mais de participar da comida do almoço e eu não tinha avisado que iria naquela noite. Ignorando
ambiente.
─ Filha! ─ Pareceu surpresa com minha visita, seu sorriso não negava que estava feliz.
─ Não esperava, hem? ─ Aproximei dando um beijo no rosto da minha mãe e espiando a
─ Molho do nhoque.
─ Ah! Só vim trazer o jornal onde fala da empresa. Como meu pai está em reunião, vou deixar
Abri a bolsa para pegar o jornal e minha mãe interrompeu meu gesto.
─ Me poupe, Helena. Acha mesmo que vou deixar minha filha ir embora por que temos um
jantar com outra pessoa? Parece até que não conhece os pais que tem. Venha, me ajude a montar o
prato e já vamos levar para a mesa. Depois do jantar, você entrega o jornal ao seu pai.
Não questionei, pois sabia que ela me arrastaria para a mesa caso eu decidisse ir embora. Com
um sorriso que não tinha mais tamanho, minha mãe pegou o refratário de vidro e colocou em cima do
Com a ajuda da cozinheira, que naquele dia prolongou um pouco o expediente, terminamos o
prato. A mesa fora posta para quatro pessoas. Escolhi um bom vinho para acompanhar e pedi licença
a minha mãe para ir ao banheiro dar um ajeitada no visual antes do jantar, afinal eles tinham visita e
Não tinha planos de demorar ali, pois como de costume Miguel iria para minha casa mais
Apenas meneei a cabeça com um sorriso nos lábios. Aproximei-me e quando ajustava a alça do
vestido dela, escutei a voz do meu pai. Girei o corpo para cumprimentá-lo, e meu sorriso sumiu ao
─ O que está fazendo aqui? ─ Não consegui me controlar e indaguei curiosa, confusa.
─ Liguei para Miguel e pedi para ele vir aqui, pois um cliente em potencial me procurou para
─ Porque não me ligou? ─ questionei, afinal ele poderia muito bem me passar essa informação.
─ Por que primeiro é passado para o diretor executivo e só depois ao CEO. Esqueceu como
funciona? ─ O Senhor Pedro Vitti tinha um sorriso nos lábios, parecia estar se divertindo com meu
constrangimento.
─ Não... mas...
─ Ele é lindo, filha. ─ Minha mãe enlaçou as mãos no meu braço e senti meu corpo gelar.
─ O Miguel que vai ficar para jantar é o nosso genro. ─ Meu pai voltou a se pronunciar.
─ O QUE?! ─ Meu olhar percorreu entre meu pai e Miguel, que deu um sorriso sem graça.
Não acredito que ele contou sem falar comigo. Claro que eu não iria me importar, afinal era ele
que preferia manter a relação em segredo, mas... mas... contar sobre nós aos meus pais sem me avisar
─ Cansei de esperar por vocês. Estava demorando demais para assumir essa relação. ─ Meu
─ Helena! Só um cego não vê o quanto vocês estão apaixonados, mesmo que mantenham a
descrição na empresa.
─ Eu e sua mãe fomos te fazer uma visita, como temos passagem livre pela portaria do seu
prédio entramos e quando estacionei o carro, vi Miguel saindo do dele. Outra vez, os vi em um
restaurante e estavam muitos íntimos para só colegas de empresa e outra vez, os vi se beijando no
─ Da primeira vez, fui apenas fazer uma visita a você e depois... bem, realmente fui no mesmo
dia da semana para tirar minhas conclusões. A vez do restaurante, foi só uma coincidência.
─ Não se preocupe filha. Estou feliz em finalmente conhecer meu genro. ─ Minha mãe deu
─ Parece que a empresa, já sabe de nós Helena. ─ Miguel finalmente disse alguma coisa.
Continuei calada com toda aquela informação. Meu pai se aproximou e me abraçou.
─ Estou feliz. A escolha de Miguel para assumir seu lugar, já foi com segundas intenções.
Claro que se não desse certo, não ia ter problemas, afinal ele é um excelente profissional como
sempre falei, mas tê-lo como membro da família, me deixa ainda mais feliz.
─ Não acredito que agiu de caso pensado, Senhor Pedro e nunca me contou.
Inicialmente percebi que Miguel estava tenso, mas minha mãe fez questão de bajular o genro
para que ele ficasse mais a vontade e logo estávamos nos divertindo. Entreguei o jornal ao meu pai,
consegui perceber o orgulho em seus olhos ao admirar o papel. Ainda teve coragem de dizer que até
O que era para ser uma visita rápida aos meus pais, acabou se tornando longa. Confesso que
fiquei um pouco constrangida em relação a Miguel, pois não tínhamos nomeado nossa relação e
─ Nos que agradecemos sua visita, filho. ─ Minha mãe não conseguia esconder a admiração
por Miguel.
─ Senhor Pedro, sei que descobriu sobre minha relação com sua filha, mas quero que saiba que
─ Não se preocupe, filho. Sei muito bem como são os jovens de hoje. Ficam e engatam em um
Senti meu rosto esquentar. Jamais esperava ter algum tipo de conversa como aquela sem me
preparar.
─ Pai!
─ Tudo bem, Helena. ─ Miguel segurou em minha mão ─ Sim, nunca fiz um pedido oficial, mas
temos uma relação séria e eu tenho a intenção de tornar ainda mais séria futuramente.
Deus!
Eu entendi mesmo?
Ele tinha a intenção de tonar nossa relação ainda mais séria? Estava pensando em casamento?
Não!
Eu não pensava em me casar por agora. Queria curtir o momento com Miguel. Eu o amava.
Dei em cima desse homem por desejá-lo intensamente, não deixaria que minhas dúvidas me
afastasse dele.
Tudo em seu tempo. Basta apenas ter comunicação e assim seremos felizes.
Despedimos dos meus pais com a promessa de que visitaríamos eles duas vezes ao mês.
─ Nem me fala, linda. Imagina eu, no escritório a sós com o sogro. Quase infartei.
─ Bom, se seus pais já sabem e a empresa também, acho que devemos contar à minha irmã.
Tenho certeza que ela vai pirar de alegria e pirar por ser a última a saber.
─ Podemos deixar pra amanhã? Não vejo a hora de ficar a sós com você.
─ Ok, amanhã ─ concordou. Deu um selinho em meus lábios e abriu a porta para mim, após eu
desativar o alarme.
Para quem ficou seis meses sem ouvir nossa confissão, esperar mais um dia não faria
diferença. Naquele momento eu só queria aproveitar cada momento ao lado do homem que eu amava.
Como sempre, primeiramente agradeço a Deus, pois sem Ele nada eu seria e jamais
conseguiria produzir algo.
Ao meu esposo e filho, pelas ausências nos momentos de família quando chega na finalização
de algum livro, onde fico muito tempo focada no trabalho. O amor que sinto por vocês são
indescritíveis.
Meu carinho e gratidão ao grupo Desafio da Mari Sales, pois ver a empolgação e determinação
das colegas autoras nos dão um gás para continuarmos em alguma história, e não menos importante, à
você minha amiga, Mari, por ter criado o grupo.
Quero agradecer também à você leitor. Cada livro é feito com muita dedicação, carinho e
amor. Espero que vocês tenham se encantado por Miguel e Helena.
E minha gratidão as minhas parceiras maravilhosas, que dedicam seu tempo e amor.
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Mil beijos,
Denilia Carneiro
SOBRE A AUTORA
Denilia Carneiro é baiana, casada e tem 2 filhos. Leitora assídua, é viciada em histórias de
romances e dramas asiáticos (doramas). Para deixar os personagens que viviam na sua cabeça
ganharem vida nos livros foi questão de tempo. Em 2014, embarcou no mundo da escrita e nunca
mais parou. Seus livros sempre traz o romance, seja ele envolvendo o drama ou o erotismo.
OUTROS LIVROS DA AUTORA
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ÚLTIMOS LANÇAMENTOS
Aos 30 anos, mesmo com seu jeito alegre vivia uma vida focada apenas no trabalho.
Relacionamentos estavam fora de sua meta até o dia que viu um cliente flertando com sua secretária,
Hanna Bennett. Aquilo despertou o mais insano dos sentimentos, deixando-o confuso com o que
sentia.
Em meio à um mundo novo, Derek se vê envolvido não só com o novo romance, mas com
notícias e acontecimentos que envolverá toda sua vida.
Nathan é irmão da melhor amiga de Hilary, e sempre manteve uma distância segura dela, pois
acreditava que a diferença de idade entre eles era um empecilho, mas bastou uma festa à fantasia
para que uma bruxa e um vampiro se entregassem a paixão avassaladora.
GREG
Após um longo período de trabalho duro, Greg Morris, tinha três longos meses de férias.
Disposto a matar a saudade da mãe, o baterista da famosa banda de rock Perfect Chaos, estava de
volta a sua cidade natal, depois de anos longe.
Foi na sua casa de infância, que conheceu seu primeiro amor. Filha do seu padrasto, ele a
considerava sua meia irmã. Greg voltou para aquela casa, disposto a manter o controle desse
sentimento, afinal, ela era proibida.
Suas férias não saíram como planejado. Com os pais viajando, Greg se viu sozinho em casa
com Sophie. Sem conseguir se esquivar da investida daquela que sempre amou, o baterista se vê
rendido. Sem pensar nas consequências, eles se entregam aquele romance proibido.
Obs: Esse livro faz parte da série Perfect Chaos, em conjunto com outras autoras. Não há uma
ordem específica para serem lidos, todas as cinco histórias dos integrantes da banda acontecem ao
mesmo tempo, mas em cidades e com personagens diferentes.
BOX – O SURFISTA
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SINOPSE
O SURFISTA:
Samantha é estudante de pedagogia e resolve passar suas férias na casa do irmão no Rio de
Henrique, mais conhecido como Gringo, ex-surfista profissional, ama passar seu tempo dando aulas
de surf para crianças da ONG e em seu quiosque.
Sam é irmã do melhor amigo de Gringo e se não bastasse isso, a diferença de idade acaba
deixando-o com medo de arriscar.
Eles sabiam que era apenas um romance de férias, mas o que eles não imaginavam era que,
uma simples curtição pudesse se transformar em algo muito intenso.
O SURFISTA ─ O REENCONTRO:
Para Samantha e Gringo, o amor não foi de verão. Mesmo morando distantes e com o
empecilho irmão ser o melhor amigo de Henrique, Sam ainda nutria sentimentos pelo surfista que fez
parte de suas férias. Agora ela estava de volta ao Rio de Janeiro, pois havia prometido que assistiria
a um campeonato de Surf, onde o Gringo participaria.
Henrique Dourado, deixou a mídia louca quando anunciou seu retorno para cima das pranchas,
eles só não sabiam o real motivo que o levara a voltar a surfar. Enfrentar as ondas era fácil diante a
decisão que ele deveria tomar.
Para o amor não existe idade e distância, e o destino mostrará isso a eles.
Focado nos treinos para o campeonato que vinha disputando, Henrique Dourado, o Rei do Surf,
é surpreendido com a notícia de que será pai.
Feliz por aquele acontecimento, ele divide sua vida entre a família e viagens, por isso não
O pai do ano está decidido a não renovar contrato, seu foco é levar o título de campeão
mundial para casa, no entanto, o destino muda o percurso dos acontecimentos e mais uma vez sua
vida é surpreendida.