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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE ARTE E PRESERVAÇÃO (BAP)

ESCOLA DE BELAS ARTES

CURSO DE CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO

FUNDAMENTOS CIENTÍFICOS DA CR I (BAP200)

RELATÓRIO DA ATIVIDADE EXPERIMENTAL 10:

MATERIAIS PÉTREOS

Grupo:

Fernanda Barreto Andrade Silva – DRE 122046675

Juliana Rodrigues de Barros Pinto – DRE 122042079

Isabela Silveira Fernandes da Silva - DRE 122074678

Juliana Oliveira de Moura – DRE 122044657

Vitória dos Santos de Souza- DRE 122040035

Responsável: Prof. Milena Barbosa Barreto

Rio de Janeiro

2022-2
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1. INTRODUÇÃO
Muito utilizado na produção de bens artísticos, os materiais pétreos podem ser
classificados em dois grandes grupos: minerais à base de silicato e à base de
carbonatos. Todavia, estes têm sido alvo de grande preocupação de
conservadores-restauradores, pois os processos de deterioração comumente
associados à água, quando se tratando das rochas carbonáticas, especificamente o
mármore, podem também estar associados agentes poluentes atmosféricos,
presentes em grandes centros urbanos.
Assim, gases como CO₂, NO₂, NO₃ e SO₂, ao reagirem com a água da chuva,
podem formar chuva ácida, denominada de deposição úmida, e, além disso, podem
reagir também com a água presente nas obras, sendo esse processo denominado de
deposição seca. Dessa forma, em nestas deposições, é formado H₂SO₄, que reage
espontaneamente com o mármore gerando a perda de material externa e interna
respectivamente (FIGUEIREDO, 2012). É necessário, portanto, que o
conservador-restaurador tenha domínio químico dos processos de deterioração
envolvendo os materiais pétreos, antes da efetuação de qualquer medida de
conservação.
Desse modo, de acordo com os conceitos acima, foram realizados
experimentos práticos para compreensão das reações ácido-base envolvidas no
processo de deterioração de materiais pétreos como rochas carbonáticas.

2. OBJETIVO
A partir de experimentos práticos envolvendo composições minerais, gases
atmosféricos e reações ácido-base, analisar o processo de deterioração de materiais
pétreos.

3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1. Materiais
● Solução de Ca(OH)2 (cal hidratada)
● CaCO3
● HCl 0,12 M
● H2SO4 0,12 M
● HCl 12 M
3

● H2SO4 18 M
● Indicador Fenolftaleína
● Pipeta graduada
● Tubos de ensaio
● Papel de filtro
● Vidro de relógio
● Estante para tubo de ensaio
● Balança analítica

3.2. Métodos
3.2.1. Reação do CaCO3 com ácidos diluídos e concentrado
Com o papel filtro sobre um vidro de relógio foi pesado 0,1032 g de CaCO3 e
transferido para um tubo de ensaio. Para um segundo tubo de ensaio foi pesado e
transferido 0,1167 g do mesmo composto.
Após colocar ambos os tubos numa estante e identificá-los, foram levados para
uma capela de exaustão de gases. No primeiro tubo foi adicionado 3 mL de HCl 0,12
M; no segundo, 3 mL de H2SO4 0,12 M, observando e anotando seus respectivos
resultados.
Em seguida, se repetiu o mesmo procedimento de pesagem feito
anteriormente com CaCO3, onde o tubo 3 e 4 tiveram pesagens de 0,1066 g e 0,1069
g, respectivamente.
Levados à capela de exaustão, foi adicionado 3 mL de HCl 12 M no terceiro
tubo, e 3 mL de H2SO4 para o quarto tubo. Comparando os resultados com as
concentrações diluídas anteriores.

3.2.2. Reação de formação de CaCO3


A partir de uma solução previamente preparada de Ca(OH)2, mediu-se 10 mL
com uma pipeta graduada e transferindo para um béquer. Adicionou-se 1 gota de
fenolftaleína à solução, agitando para homogeneizar e observando os resultados.
Posteriormente, para confirmação da faixa de pH, foi utilizado papel indicador de pH
na solução.
4

Em seguida, com o auxílio de outra pipeta graduada, foi borbulhado ar na


solução até alteração da coloração, levantando hipóteses sobre a formação dos
compostos ali presentes e fazendo as devidas anotações.

3.2.3. Reação de CaCO3 com ácidos


Utilizando a mesma solução anterior (solução 3.2.2), transferiu-se 5 mL para
dois tubos de ensaio, os levando para a capela de exaustão. Em seguida, ao
identificá-los, foi adicionado HCl 0,12 M no tubo 1 e H2SO4 0,12 M no tubo 2 até que
se observasse alteração da coloração. A partir do volume adicionado, foram anotados
os resultados.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1. Reações entre CaCO3 sólido e ácidos diluídos e concentrados
Em quatro tubos de ensaio diferentes foram postos 0,1 g de CaCO3, para que,
em cada um deles haja uma reação com diferentes ácidos diluídos e concentrados,
de acordo com a maneira descrita abaixo:

É possível dizer que ácidos diluídos em água, assim como os que foram
utilizados no experimento, têm maior pH do que os ácidos concentrados também
utilizados. Isso se dá por conta da diminuição do grau de ionização dos ácidos ao
serem diluídos em água, fazendo com que sejam considerados mais fracos do que os
ácidos concentrados. (FOGAÇA, 2023) “Diluir uma solução significa adicionar a ela
mais solvente, não alterando a massa do soluto. O princípio básico da diluição é que
o número de mol do soluto é o mesmo na alíquota da solução concentrada e na
solução diluída final.” (ICE, 2018)
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Figura 1: Medida de CaCO3 do tubo 1 Figura 3: Medida de CaCO3 do tubo 3

Figura 2: Medida de CaCO3 do tubo 2 Figura 4: Medida de CaCO3 do tubo 4

Figura 5: Tubo de ensaio 1 com apenas 0,1 g Figura 6: Tubo de ensaio 2 com apenas 0,1 g
de CaCO3 de CaCO3
6

Figura 7: Tubo de ensaio 3 com apenas 0,1 g


Figura 8: Tubo de ensaio 4 com apenas 0,1 g
de CaCO3
de CaCO3

Tubo de ensaio 1: 0,1 g de CaCO3


Tubo de ensaio 2: 0,1 g de CaCO3
Tubo de ensaio 3: 0,1 g de CaCO3
Tubo de ensaio 4: 0,1 g de CaCO3

4.1.1. Ácidos diluídos


Nos dois primeiros tubos de ensaio, contendo cada um 0,1 g de carbonato de
cálcio sólido, foram adicionados 3 ml de solução de ácido diluído. De acordo com as
misturas feitas, foi possível observar que:

Tubo de ensaio 1: 0,1 g de CaCO3 + 3 ml de HCl 0,12M


Tubo de ensaio 2: 0,1 g de CaCO3 + 3 ml de H2SO4 0,12M

No tubo de ensaio 1: Durante a adição de 3 ml de ácido clorídrico 0,12M em


0,1 g de CaCO3 (s), a solução borbulhou e não houve total dissolução do carbonato
de cálcio sólido no ácido líquido. Após leve agitação, a mistura ficou com aspecto
turvo, porém, ainda assim, com precipitado na solução (ficou supersaturada).

2HCl (aq) + CaCO3 (s) → CaCl2 (aq) + H2O (l) + CO2 (g)
7

Figura 10: Tubo de ensaio 1 imediatamente

Figura 9: Adição de 3 ml de HCl 0,12M no tubo após adição de HCl 0,12M

de ensaio 1

Figura 11: Tubo de ensaio 1 após adição de HCl 0,12M após leve agitação

No tubo de ensaio 2: Durante a adição de 3 ml de ácido sulfúrico 0,12M em 0,1


g de CaCO3 (s), a solução borbulhou mais intensamente do que a mistura do tubo de
ensaio 1. Novamente, não houve dissolução total do carbonato de cálcio sólido no
ácido líquido. Após leve agitação, a mistura ficou com aspecto turvo, ainda que com a
presença de precipitado (a solução ficou supersaturada).

H2SO4 (aq) + CaCO3 (s) → CaSO4 (s) + H2O (l) + CO2 (g)
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Figura 13: Tubo de ensaio 2 imediatamente


Figura 12: Adição de 3 ml de H2SO4 0,12M no
após adição de H2SO4 0,12M
tubo de ensaio 2

4.1.2. Ácidos Concentrados


Nos dois próximos tubos de ensaio, contendo cada um 0,1 g de carbonato de
cálcio sólido, foram adicionados 3 ml de solução de ácido concentrado. De acordo
com as misturas feitas, foi possível observar que:

Tubo de ensaio 3: 0,1 g de CaCO3 + 3 ml de HCl 12M


Tubo de ensaio 4: 0,1 g de CaCO3 + 3 ml de H2SO4 18M

No tubo de ensaio 3: Após a adição de 3 ml de ácido clorídrico 12M em 0,1 g


de CaCO3 (s), a solução ficou completamente homogênea, havendo total dissolução
do carbonato de cálcio sólido no ácido líquido.

2HCl (aq) + CaCO3 (s) → CaCl2 (aq) + H2O (l) + CO2 (g)
9

Figura 15: Tubo de ensaio 3 imediatamente


Figura 14: Adição de 3 ml de HCl 12M no tubo após adição de HCl 12M
de ensaio 3

No tubo de ensaio 4: Durante a adição de 3 ml de ácido sulfúrico 18M em 0,1 g


de CaCO3 (s), a solução espumou e o vidro do tubo de ensaio esquentou, porém não
houve dissolução completa. É possível dizer que parte do carbonato de cálcio sólido
se dissolveu, parte ficou suspensa no ácido líquido e parte decantou, gerando
precipitado.

H2SO4 (aq) + CaCO3 (s) → CaSO4 (s) + H2O (l) + CO2 (g)

Figura 17: Tubo de ensaio 4 imediatamente


Figura 16: Adição de 3 ml de H2SO4 18M no
após adição de H2SO4 18M
tubo de ensaio 4
10

Figura 18: Tubos 1, 2, 3 e 4 respectivamente, Figura 19: Tubos 1, 2, 3 e 4, respectivamente,

após suas reações e levemente agitados após suas reações. Tubos 1, 2 e 3, após
alguns minutos de decantação e tubo 4
levemente agitado.

De acordo com o descrito no experimento, houve diferença na resposta da


substância básica sólida em mistura com os ácidos líquidos diluídos e com os ácidos
líquidos concentrados. Pode-se dizer que ao reagir com os ácidos concentrados, cujo
os quais têm menor pH, as soluções não tiveram aspecto turvo, podendo ser
consideradas mais transparentes do que as soluções com os ácidos diluídos. Isso se
dá pelo fato de que a base foi mais neutralizada ao reagir com ácidos mais fortes.

Uma reação de neutralização pode ser descrita como a reação entre um ácido
e uma base cujo composto iônico produzido na reação é chamado de sal. (ATKINS,
2018) Todas as reações descritas no experimento seguiram a seguinte forma geral de
reação:
Ácido + Base → Sal + Água

Em adição, além da geração de sal e água, todas as reações geram gás


carbônico (CO2) porque carbonatos ao reagirem com ácidos, geram ácido carbônico
(H2CO3). Porém, por causa da instabilidade do ácido carbônico, ele se decompõe e
forma CO2. “O ácido carbônico é instável e quando presente em solução em
concentrações suficientes, decompõe-se para formar CO2 , que desprende da solução
como um gás.” (SUSSUCHI, 2018)
11

H2CO3 (aq) → H2O (l) + CO2 (g)

Apesar das reações poderem ter sido consideradas reações de neutralização


bem sucedidas, houve a presença de precipitado em 3 dos 4 tubos de ensaio. Isso se
dá por conta da quantidade de ácido insuficiente para neutralizar a quantidade de
base sólida presente nos tubos. Além da quantidade física de líquido, que gerou 3
soluções supersaturadas, é possível dizer que a força dos ácidos também contribuiu
para a presença de precipitados, visto que, quanto mais forte for o ácido da reação,
mais facilmente ele irá dissolver toda a quantidade de base sólida (como por exemplo,
o experimento do tubo de ensaio 3).

“As soluções podem ser insaturadas, saturadas e supersaturadas. Esta


classificação está relacionada com a quantidade de soluto dissolvido. Para
defini-las, é preciso lembrar que a solubilidade de um soluto é a quantidade
máxima da substância que pode dispersar-se numa certa massa de solvente
a uma dada temperatura (ICE, 2018)

Já a reação do tubo de ensaio 4 que teve uma mudança de temperatura mais


significativa se explica pelo calor de neutralização. Assim como qualquer outra
reação, existe calor envolvido durante a formação dos produtos. (ATKINS, 2003) No
caso da reação de um ácido com uma base, esse calor toma o nome de calor de
neutralização.
“O calor de neutralização de qualquer ácido com uma base será o calor de
formação da água a partir dos íons hidrônio e hidroxila. O valor do calor de
neutralização é negativo, o que significa que a reação de um ácido forte com
uma base forte libera calor.” (DQI, 2021)

A correlação entre os experimentos descritos em 4.1.1. e 4.1.2. e os processos


de deterioração dos materiais pétreos carbonáticos está na escolha do uso de ácidos
para reagir com o carbonato de cálcio. O principal fenômeno de degradação do
mármore feito de carbonato de cálcio acontece devido aos poluentes atmosféricos.
Estes, reagem com a água da chuva ou com a água presente nas obras formando
ácidos que reagem com o carbonato de cálcio. (FIGUEIREDO, 2012).
12

Assim como foi registrado nos experimentos dos tubo de ensaio 1, 2, 3 e 4,


houve formação de sais após a reação entre CaCO3 e os ácidos. Tais sais são mais
solúveis em água do que o carbonato, portanto ocorre o processo de eflorescência de
sais, onde estes sais são arrastados para fora da obra e ficam depositados na
superfície, gerando galerias em seu interior. Ou seja, há perda de material.
(FIGUEIREDO, 2012)

“Além da criação de galerias, a formação do sulfato de cálcio ainda pode


danificar mais a obra internamente quando o sal é hidratado com água. A
passagem do sulfato de cálcio desidratado (CaSO4 - conhecido como anidrita)
para sulfato de cálcio bi-hidratado (CaSO4 . 2H2O - conhecido como gesso)
está descrito na equação abaixo.
CaSO4 + 2H2O → CaSO4 . 2H2O
O crescimento da estrutura cristalina com a formação do gesso gera uma
pressão nos poros da obra estimada em 1000 pressões atmosféricas!”
(FIGUEIREDO, 2012)

4.2. Reações entre CaCO3 líquido e ácidos


4.2.1 Identificação da natureza ácido-base do Ca(OH)2
Em um béquer, foi colocado 10 ml de hidróxido de cálcio líquido, obtido a partir
da mistura prévia de óxido de cálcio sólido em água líquida.

CaO (s) + H2O (l) → Ca(OH)2 (aq)

Nesse béquer, foi pingada uma gota de fenolftaleína (C20H14O4) com os


resultados dessa mistura registrados abaixo:

Figura 20: Béquer 1 com apenas 10 ml de Figura 21: Béquer 1 imediatamente após
Ca(OH)2 adição de 1 gota de fenolftaleína
13

A fenolftaleína é um indicador de ácido-base que reage somente com soluções


básicas. Sua zona de transição é entre o pH 8,2 e 10, logo permanece incolor até
atingir os respectivos pHs. (SABNIS, 2007) “A zona de transição representa os limites
de pH entre os quais é perceptível a
mudança de cor.” (MATOS, 2016)

Neste experimento a fenolftaleína foi usada para comprovar o caráter básico


do Ca(OH)2 inserido no béquer 1. Ao adicionar 1 gota deste indicador ácido-base na
solução de 10mL de Ca(OH)2, foi comprovado que é a solução do béquer 1 é básica
visto que, imediatamente após a adição de fenolftaleína, a solução apresentou uma
cor rosada. (STEPHANI, 2018)

Ao mergulhar o indicador de pH no béquer 1 e comparar o resultado com a


cartela gabarito, é possível dizer que o pH da amostra 1 é 13.

Figura 22: Resultado do teste de pH com papel identificador universal de pH

O papel indicador de pH universal é composto por hidróxido de magnésio,


água, sal de sódio de fenolftaleína, sal monossódico de azul de bromotimol,
propan-1-ol, hidróxido de sódio e sal de monossódio de azul de timol.
Essencialmente, é composto por uma junção de medidores, e, por conta disso, leva o
nome de universal. Ele funciona com contato direto com a solução, e após alguns
segundos, sua coloração estará de acordo com alguma de sua cartela de cores, com
o seu respectivo pH. (SPLABOR, 2021)
14

Figura 23: Fórmula estrutural da Fenolftaleína / C20H14O4 (Feita no ChemSketch)

Figura 24: Equilíbrio ácido-básico da fenolftaleína (Feito no ChemSketch)

4.2.2 Reação de formação de CaCO3


Para que aconteça a formação de CaCO3 a partir do Ca(OH)2 é preciso que
haja a adição de um ácido, neste caso foi usado o gás carbônico, que foi introduzido
através do sopro humano ao borbulhar com uma pipeta graduada o béquer. A base
Ca(OH)2, ao entrar em contato com o CO2, acidifica a reação até neutralizar. Com isto
a solução passa de rosada (base) para esbranquiçada novamente (neutra). O
processo de neutralização (assoprar pela pipeta) começou às 09:04 e terminou às
09:11, contendo 7 minutos de duração para que a solução ficasse completamente
neutralizada.

Em uma reação ácido-base, o produto é sal e água. Neste caso, ao reagir o


Ca(OH)2 com o CO2 produziu o sal CaCO3 e H2O.

Ca(OH)2 (aq) + CO2 (g) → CaCO3 (aq) + H2O (l)


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Figura 27: Béquer 1 após 7 minutos de adição

Figura 25: Béquer 1 após adição de 1 gota de contínua de CO2

fenolftaleína tendo adição de CO2 por sopro


humano em pipeta graduada

Figura 28: Béquer 1 após a passagem dos 10


ml de CaCO2 para 2 tubos de ensaio
Figura 26 Béquer 1 após 5 minutos de adição
contínua de CO2

Figura 29: Precipitado formado no fundo do Béquer 1


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Esta situação pode também ocorrer no dia a dia, visto que o hidróxido de
cálcio, Ca(OH)2, pode fazer parte da reintegração das peças de mármore. Quando o
hidróxido de cálcio reagir com o CO2 atmosférico, formará o CaCO3 como
comprovado no experimento. (FIGUEIREDO, 2012)

4.2.3 Reação de CaCo3 líquido com ácidos diluídos


Após passar a solução de CaCO3 obtida no experimento 4.2.2. para dois tubos
de ensaio com 5 ml de solução cada, foi misturado um tipo de ácido diluído diferente
em cada um dos tubos até que sua coloração mudasse completamente..

Tubo de ensaio 1: 5 ml de CaCO3


Tubo de ensaio 2: 5 ml de CaCO3

No tubo de ensaio 1: é adicionado ao CaCO3, o HCl 0,12M até que a solução


fique completamente transparente, ou seja, ácida. Para tal efeito foi necessário
aproximadamente 1,2 mL de HCl 0,12M. Como é uma reação ácido-base, o produto
será um sal e H2O. Além de produzir CO2 também, como mostrado abaixo.

CaCO3 (s) + 2HCl (aq) → CaCl2 (aq) + H2O (l)+ CO2 (g)

Figura 31: Tubo de ensaio 1 após adição de


Figura 30: Adição de HCl 0,12M no tubo de
aproximadamente 1,2 ml de HCl 0,12M
ensaio 1
17

No tubo de ensaio 2: é adicionado ao CaCO3, o H2SO4 0,12M até que a


solução fique transparente (ácida). Para o efeito foi necessário aproximadamente 0,8
mL de HCl 0,12M. Neste caso, o sal, CaSO4, ficará armazenado no fundo do tubo de
ensaio como um precipitado. Produzindo também CO2, como mostrado abaixo.

H2SO4 (aq) + CaCO3 (s) → CaSO4 (s) + H2O (l) + CO2 (g)

Figura 33: Tubo de ensaio 2 após adição de 0,8


Figura 32: Adição de H2SO4 0,12M no tubo de
ml de H2SO4 0,12M
ensaio 2

Figura 34: Tubos de ensaio 2 e 1, respectivamente, após adição de ácidos diluídos


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A fenolftaleína é um indicador completamente incolor em pHs abaixo de 8, ou


seja, soluções ácidas. Observando as seguintes reações, foram adicionados 2 tipos
de ácidos diferentes, o HCl (no tubo de ensaio 1) e H2SO4 (no tubo de ensaio 2), em
uma solução que estava neutralizada, o CaCO3 (neutralizado e esbranquiçado usado
no experimento anterior). (SABNIS, 2007)

5. CONCLUSÕES
Por meio das práticas experimentais realizadas, que envolveram a reação de
carbonato de cálcio com ácido sulfúrico e ácido clorídrico em diferentes
concentrações, bem como a formação de carbonato de cálcio a partir da reação do
hidróxido de cálcio com gás carbônico, pode-se concluir que:

● Foi observado que a diluição dos ácidos em água resultou em soluções com
pH mais elevado em comparação com os ácidos concentrados,por estar
atribuído à diminuição do grau de ionização dos ácidos quando diluídos em
água, tornando-os mais fracos em relação aos ácidos concentrados.

● Observou-se também que, o carbonato de cálcio ao reagir com ácidos líquidos


concentrados, que possuem um pH mais baixo, as soluções resultantes não
apresentaram turbidez, sendo mais transparentes em comparação com as
soluções contendo os ácidos líquidos diluídos,podendo ser atribuída ao fato de
que o carbonato de cálcio, foi mais efetivamente neutralizada ao reagir com
ácidos de maior força e concentração, por possuírem uma maior quantidade de
íons H+ disponíveis para reagir com os íons OH- provenientes do carbonato de
cálcio, resultando em uma neutralização mais completa da base.

● Foi notada a formação de precipitados nos tubos de ensaio três e quatro.


Sendo atribuído à quantidade insuficiente de ácido para neutralizar a base
sólida presente, resultando em soluções supersaturadas. A força dos ácidos
diluídos também influenciou a formação de precipitados, sendo que ácidos
concentrados dissolveram a base de forma mais eficiente.
19

● A reação do tubo de ensaio 4 apresentou uma mudança de temperatura


significativa, podendo ser explicada pelo calor de neutralização. Calor este que
está relacionado à formação da água a partir dos íons hidrônio e hidroxila. O
calor de neutralização é geralmente negativo, indicando que a reação
exotérmica libera calor.

● Na reação para formação do carbonato de cálcio, foi observada uma alteração


de cor no indicador de fenolftaleína. Isso ocorreu devido à necessidade da
presença de um ácido para a reação, sendo que o dióxido de carbono atuou
como ácido ao reagir com o hidróxido de cálcio, formando ácido carbônico.
Durante a reação de neutralização, o ácido carbônico doou íons hidrônio para
a base de hidróxido de cálcio, resultando na formação de carbonato de cálcio,
água e liberação de dióxido de carbono. No início da reação, o indicador
apresentava coloração rosa, indicando a natureza básica da solução. Com a
adição de dióxido de carbono, a coloração se tornou esbranquiçada,
sinalizando a diminuição do pH devido à formação de ácido carbônico. Ao final
do experimento, o indicador retornou à cor rosa, indicando a natureza básica
do carbonato de cálcio formado.

● O experimento possui correlação com a deterioração dos materiais pétreos


carbonáticos devido à dissolução química por ácidos presentes no ambiente. A
reação observada entre o carbonato de cálcio e o ácido carbônico, resultando
na formação de água e liberação de dióxido de carbono, é similar ao processo
de dissolução que ocorre em materiais pétreos expostos a ácidos atmosféricos.

REFERÊNCIAS
1. ATKINS, P. W.; JONES, Loretta. Princípios da Química: questionando a vida
moderna e o meio ambiente. v. 7. Bookman, 9 de outubro de 2018.
2. FIGUEIREDO Jr, J. C. D. Química Aplicada à Conservação e Restauração de
Bens Culturais: Uma Introdução. Belo Horizonte: São Jerônimo, 2012.
3. SOLUÇÕES: preparo e diluição. Aula 3, QUI126. ICE - Departamento de
Química - Setor de Química Inorgânica. UFJF. 2018.
4. FOGAÇA, J. R. V. Grau de ionização dos ácidos. Manual da Química.
Disponível em:
20

<https://www.manualdaquimica.com/quimica-inorganica/grau-ionizacao-dos-aci
dos.htm> . Acesso em: 24 de junho de 2023.
5. SUSSUCHI, E. M.; MACHADO, S. M. F.; MORAES, V. R. S. Reações ácido-base.
Aula 11. CESAD, Química I. CCET - Departamento de Química. UFS. 2018.
6. CALOR de neutralização de ácidos e bases. Aula 6, Química I. CCET -
Departamento de Química. UFS. 2021.
7. ATKINS, P. W. Físico-Química e Fundamentos. 3 ed. Rio de Janeiro: Livros
Técnicos e Científicos. Rio de Janeiro: Editora LTC, 2003.
8. SABNIS, R. W. Handbook of Acid-Base Indicators. 1. ed. Boca Raton: CRC Press,
2007.
9. STEPHANI, R. Indicadores ácido-base e pH. QUI126, UFJF. 2018 Disponível em:
<https://www2.ufjf.br/quimica/files/2015/06/AULA-6.pdf> Acesso em: 26 de junho
de 2023
10. O que é o papel de pH?. SP Labor, 2022. Disponível em:
<https://www.splabor.com.br/blog/30-produtos-para-laboratorio-de-quimica/o-que-e-
papel-indicador-de-ph-qual-a-sua-funcao/>. Acesso em: 26 de Junho de 2023.

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