Você está na página 1de 6

Fungos Anemófilos Presentes em um Laboratório de uma Universidade do

Oeste de Santa Catarina


Jéssyca Sara de Col 1, Tatiana Muskopf 2

Resumo
Os fungos anemófilos pertencem a uma classe fúngica dispersa em geral na atmosfera.
Embora normalmente não sejam patogênicos, podem ser potencialmente perigosos
quando adquiridos por pacientes imunocomprometidos. A pesquisa em questão foi
realizada em um laboratório de zoologia, na Universidade do Oeste de Santa Catarina-
UNOESC, campus de Xanxerê e objetivou a identificação de fungos anemófilos a partir
da realização de culturas provenientes de 6 amostras coletadas no local.Posterior a
incubação, foram identificadas macroscopicamente 13 colônias fúngicas, nas quais 11
continham aspecto filamentoso e 2 leveduriformes. Para a confirmação, realizou-se o
exame direto com adição do corante Lactofenol azul de algodão, onde confirmou-se
microscopicamente os elementos celulares. Embora uma das amostras demonstrou se
tratar de uma colônia bacteriana, as demais coincidiram com a avaliação macroscópica
realizada previamente. Apesar de não terem sido realizados teste bioquímicos para
confirmação das espécies encontradas, concluiu-se que há a presença de fungos
anemófilos no laboratório da universidade em questão.

Palavras- Chave: Fungos anemófilos. Leveduras. Fungos filamentosos.

Introdução
Os fungos são organismos eucariotos podendo ser uni ou multicelular, o que
distinguem as hifas como septadas ou cenocíticas, além disso, é importante ressaltar que
não possuem clorofila em suas células (SILVA, COELHO, 2006).
Estes organismos são bastante comuns e presentes em diversos locais, podendo
variar de ambientes como no ar atmosférico, água e solo, até em outros organismos
como animais, plantas e seres humanos, podendo causar reações patogênicas ou não
(RÊGO, SANTOS, 2015).
Como um subgrupo dos fungos, existem a classe dos anemófilos, que são os
fungos presentes na atmosfera que em sua maior parte não são prejudiciais ao ser
humano. No entanto, em algumas pessoas podem ocasionar alergias, intoxicações e
infecções oportunistas, principalmente nos casos em que há um sistema imune
comprometido (FLORES, ONOFRE, 2010).
Um exemplo que é bastante comum, são os casos de reações respiratórias, como
asma, rinite e sinusite, que podem ser causados pelos esporos liberados pelas leveduras
no momento de sua reprodução (RÊGO, SANTOS, 2015).

Acadêmica da 8º fase do curso de Farmácia;


2
Acadêmica da 8º fase do curso de Farmácia.
Estudos mostram que casos de infecção por fungos tem aumentado desde os
anos de 1980, comprometendo a saúde dos indivíduos, principalmente em casos de
pessoas imunodeprimidas como supracitado (PEREIRA, et al. 2014).
Considerando que os fungos anemófilos possam causar reações patogênicas,
realizou-se uma pesquisa coletando material para cultivo de um laboratório de zoologia
em uma universidade, a qual é frequentada por diversos acadêmicos e professores.

Materiais e Métodos
Inicialmente foram preparadas as placas com meio de cultura para posterior
coleta e identificação dos fungos encontrados. O meio de cultura escolhido foi o Ágar
Sabouraud dextrose, que é um meio não seletivo, e nutricionalmente escasso,
permitindo o crescimento da grande maioria de fungos e impedindo a formação de
colônias bacterianas.
Em balança analítica, foram pesadas 6,5 g de ágar Sabouraud dextrose, sempre
mantendo uma fonte de calor próximo ao manuseio dos materiais. Após, adicionou-se o
pó em um béquer com 100 mL de água deionizada, agitando-o para melhor dissolução.
O béquer foi então aquecido em um micro-ondas até atingir o ponto ideal.
Posteriormente, próximo ao bico de Bunsen, o ágar foi adicionado em três placas
de petri e 3 tubos. Os tubos foram colocados sob um suporte com o intuito de exercer
um efeito levemente diagonal no meio adicionado.
Após a secagem dos meios, as placas de petri e os tubos, bem como as alças
bacteriológicas foram embalados com papel pardo e encaminhados para a autoclave.
Para o processo de esterilização dos meios, a autoclavagem normalmente ocorre em
temperatura de 121°C por cerca de 15 minutos. Por fim, os materiais foram retirados e
após o esfriamento, as coletas foram realizadas.
A coleta do material foi realizada no laboratório de zoologia da Universidade do
Oeste de Santa Catarina, campus de Xanxerê. As três placas de petri foram expostas a
atmosfera local durante 15 minutos. A primeira placa foi deixada dentro da gaveta de
EPI’s da bancada laboratorial. A segunda placa foi posicionada em cima da bancada,
próximo as pias. Já a terceira placa foi disposta na estante utilizada para o
armazenamento de diversos animais conservados em formol.
Para as culturas realizada nos tubos, as amostras foram colhidas com auxílio de
swab estéril. A primeira amostra foi coletada do interruptor de luz, a segunda, do
micrometro de um microscópico óptico e a terceira, da centrífuga das amostras.

Acadêmica da 8º fase do curso de Farmácia;


2
Acadêmica da 8º fase do curso de Farmácia.
Ao finalizar a colheita, as amostras foram devidamente identificadas com o tipo
de meio de cultura presente, data, nome das coletoras e local de origem das coletas. Os
materiais foram incubados durante 1 semana em condições de temperatura e umidade
ideais para o desenvolvimento fúngico e então retirados para análise.
Observou-se que em todas as amostras houve crescimento de colônias. Após
visualização macroscópica, as colônias foram dispostas sobre lâmina e lamínula para
observação microscópica dos elementos celulares. Para isso, nas colônias
leveduriformes utilizou-se alça bacteriológica para inoculação na lâmina, enquanto nas
colônias filamentosas foi empregada a técnica de esgarçamento para melhor retirada do
material e posterior visualização. Em ambas as amostras foi adicionado uma gota da
solução de lactofenol azul de algodão para realização do exame direto.

Resultados e Discussão
Macroscopicamente observou-se a presença de 13 colônias, sendo 2
aparentemente leveduriformes e 11 filamentosas, como apresenta a imagem abaixo.

Na análise macroscópica da placa contendo material coletado da gaveta de


EPI’s, observou-se uma única colônia de coloração clara, levemente amarelada,
aparentemente pertencente a uma levedura, devido ao seu aspecto brilhoso. No exame
direto, foi comprovada a presença de leveduras, em sua maior parte alongadas devido ao
provável brotamento efetuado para reprodução, formando os chamados artroconídios.
Na placa coletada na estante de armazenamento dos animais sob conservante,
foram visualizadas 2 colônias filamentosas de coloração salmão e amarelo pálido na
região superior e coloração avermelhada na região posterior. Ambas com aspecto
rugoso no centro e bordas algodonosas. Na observação microscópica, pôde-se analisar a
presença de hifas cenocíticas e hialinas.

Acadêmica da 8º fase do curso de Farmácia;


2
Acadêmica da 8º fase do curso de Farmácia.
Na última placa, coletada na bancada laboratorial próximo as pias, foram
observadas 4 colônias filamentosas. A primeira e maior colônia com coloração cinza em
sua região superior e marrom escuro na posterior. A segunda colônia de tamanho um
pouco menor possuía coloração rosácea, com região posterior alaranjada. Ambas as
colônias de aspecto algodonoso.
A maior colônia de coloração cinza, apresentou microscopicamente diversos
conjuntos de hifas septadas, com presença de alguns artroconídeos. Já a colônia de
coloração mais rosácea apresentou no exame direto presença de inúmeras hifas longas e
septadas. As outras duas colônias menores de coloração alaranjada e outra branca
acinzentada não foram analisadas microscopicamente.
No tubo com amostra coletada do micrometro do microscópico foi visualizada
macroscopicamente uma colônia leveduriforme de coloração amarelo claro, levemente
brilhante. Entretanto, ao analisar a amostra através do exame direto constatou-se que a
colônia era bacteriana, como a visualização da imagem fotografada abaixo.

No tubo com amostra coletada do botão giratório que marca o tempo retrógrado
de funcionamento da centrífuga, foi possível visualizar macroscopicamente o
crescimento de quatro colônias filamentosas de cor preta, ambas de aspecto algodonoso,
que ao serem submetidas ao exame microscópico confirmaram a presença de inúmeras
hifas cenocíticas.
Já no tubo com amostra coletada do interruptor do laboratório não foi
visualizado o crescimento de nenhuma colônia macroscopicamente, deste modo, não foi
feita nenhuma lâmina para análise.
Mediante o exposto, pode-se afirmar que o laboratório da zoologia da
universidade apresenta fungos anemófilos em seu ambiente, e a maioria das culturas que
cresceram nas placas foram analisadas macro e microscopicamente.

Acadêmica da 8º fase do curso de Farmácia;


2
Acadêmica da 8º fase do curso de Farmácia.
Visualização de artroconídeos em aumento de 40x no
microscópio óptico.

Visualização fungos filamentosos representados por


hifas septadas em aumento de 40x no microscópio óptico.

Visualização fungos leveduriformes representados por


hifas cenocíticas em aumento de 40x no microscópio óptico.

Conclusão
A pesquisa contemplou a confecção e análise de três placas de petri e três tubos
para a verificação da presença de fungos anemófilos no laboratório de zoologia da
universidade, nos quais cresceram colônias tanto filamentosas quanto leveduriformes.
Embora nem todas as colônias tenham sido analisadas a nível microscópico, é
possível afirmar, a nível macroscópico, a prevalência no crescimento de colônias
filamentosas, em sua maioria de aspecto algodonosas.
Ressalta-se o achado de uma cultura bacteriológica, a qual não foi aprofundada
em pesquisa para distinguir sua classificação e sua patogenicidade devido a pesquisa
não ter essa finalidade, embora possa ser afirmado a importância de uma pesquisa mais

Acadêmica da 8º fase do curso de Farmácia;


2
Acadêmica da 8º fase do curso de Farmácia.
detalhada para essa cultura para uma identificação a nível preventivo aos usuários do
laboratório.
Em síntese, a pesquisa confirma a presença de fungos anemófilos no laboratório,
sendo no total o crescimento de doze colônias nos meios. As classificações foram
identificadas apenas como leveduriformes e filamentosas, sem realizar a identificação e
classificação da espécie do fungo.

Referências

FLORES, Lilian Henzen; ONOFRE, Sideney Becker. Determinação da presença de


fungos anemófilos e leveduras em unidade de saúde da cidade de Francisco Beltrão –
PR. Revista Saúde e Biologia, 2010.

PEREIRA, Jéssica Guimarães, et al. Análise de fungos anemófilos em hospital da


cidade de Ariquemes, Rondônia, Amazônia Ocidental, Brasil. Revista de
Epidemiologia e Controle de Infecção, 2014.

RÊGO, Camila de Moraes; SANTOS, Florisvalda da Silva. Ocorrência de fungos


anemófilos e sua reação com fatores biológicos em Barreiras, Bahia. Revista Brasileira
de Biociências, 2015.

SILVA, Ricardo Ribeiro; COELHO, Glauciane Danuza. Fungos: Principais grupos e


aplicações biotecnológicas. Instituto de Botânica. São Paulo, 2006.

Acadêmica da 8º fase do curso de Farmácia;


2
Acadêmica da 8º fase do curso de Farmácia.

Você também pode gostar