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VERSÃO.

REVISÃO 2023-2024

(C) TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. USO EXCLUSIVO DOS ALUNOS DO CURSO.


MÓDULO III – LIBIDO, PULSÕES E
SEXUALIDADE

Índice

1. Uma teoria para a sexualidade 8


1.1. O entendimento da libido 11
1.2. As fases de desenvolvimento da libido 14
1.2.1. Fase oral 18
1.2.2. Fase anal 23
1.2.3. Fase fálica 26
1.2.4. Período de latência 33
1.2.5. Fase genital 36
1.3. Desdobramentos das fixações libidinais 40
2. As diferentes formas de organização psíquica 48
2.1. As neuroses 50
2.1.1. Fobia 61
2.1.2. Obsessão-compulsão 64
2.1.3. Histeria 69
2.2. As psicoses 75
2.2.1. Esquizofrenia 84
2.2.2. Paranoia 88
2.2.3. Melancolia (maníaco-depressivo) 90
2.3. As perversões 95
2.3.1. Fetichismo 99
2.3.2. Sadismo 102
2.3.3. Masoquismo 104
3. Resumo 109
4. Quizzes (Enquetes) 113
5. Referências bibliográficas 135

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IMPORTANTE
Estamos constantemente revisando e melhorando nosso material.
Você está recebendo esta que é a nova versão da apostila do Módulo 3,
atualizada para 2023-2024.

Nossos materiais são revisados e melhorados com certa frequência.


Recomendamos que, após concluir o Curso, você revise os módulos já
estudados: servirá para você aprofundar seu aprendizado e para verificar
novas versões de nossos materiais.

Este material pertence ao Curso de Formação em Psicanálise Clínica


(www.psicanaliseclinica.com). Sua divulgação paga ou gratuita não é
permitida sem prévia autorização do nosso Instituto Brasileiro de
Psicanálise Clínica (CNPJ 28.447.037/0001-81). Informe-nos qualquer uso
não autorizado, pelo e-mail contato@psicanaliseclinica.com.

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Introdução

Este é a apostila base referente ao módulo III da parte teórica do Curso.

Nesse módulo, vamos aprofundar conceitos sobre Desejo, Libido e

Sexualidade, segundo Freud. Esta é uma temática central na obra de Freud, a

sexualidade. Portanto, as fases de desenvolvimento psicossexual (e da libido),

a repercussão e o impacto dessas etapas na vida do indivíduo, são alguns dos

conceitos e ideias que poderão ser encontrados nesse Módulo.

A manifestação da sexualidade foi muito combatida. Para Freud, a

dimensão do desejo humano, da libido, do simbólico e da autoestima estão

relacionados ao desenvolvimento psicossexual. Portanto, a sexualidade em

Freud não é meramente a sexualidade genital, mas, sim, é a base da formação

da personalidade e da subjetividade.

Ao longo da apostila, logo ao final de alguns capítulos, estão indicadas

leituras, vídeos e/ou filmes que são considerados obrigatórios para o curso de

formação, haja vista a importância e relevância desses conteúdos no

desenvolvimento profissional. Quando as leituras forem opcionais, haverá a

indicação no próprio material.

Temos também vídeo-aulas e lives de revisão dos módulos (na área de

membros), que resumem os assuntos dos módulos. Para fins de realização de

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prova, a leitura das apostilas é suficiente. Na fase final do Curso (Supervisão),

isto é, após você concluir os 12 módulos teóricos, você terá encontros ao vivo

por videoconferência (transmissões ao vivo por vídeo), em que serão debatidos

estudos de casos, a dinâmica da clínica psicanalítica e suas técnicas, bem

como serão revisados alguns conceitos teóricos essenciais à melhor

interpretação dos casos.

À primeira vista, você pode pensar que a leitura desta apostila é muito

extensa. Porém, a organização dos conteúdos foi feita para ser bastante

didática. Você vai perceber que a leitura flui bem, porque a apostila faz revisões

frequentes, traz resumos, mapas mentais e enquetes, com o objetivo de fixar

os conteúdos mais importantes.

Para fins de realização de prova, a leitura da apostila de cada módulo é

suficiente. Na fase final do Curso (Supervisão), isto é, após você concluir os 12

módulos teóricos, você terá encontros ao vivo por vídeo-conferência

(transmissões ao vivo por vídeo), em que serão debatidos estudos de casos, a

dinâmica da clínica psicanalítica e suas técnicas, bem como serão revisados

alguns conceitos teóricos essenciais à melhor interpretação dos casos.

Estamos adicionando quizzes ou enquetes nos módulos. Este módulo 3

já tem enquetes, ao final desta apostila. As enquetes servem para revisar e

fixar conteúdos.

Importante: a prova do módulo (contendo 10 perguntas de múltipla

escolha e uma redação) é diferente das enquetes (que são perguntas de

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verdadeiro ou falso). O que constata que você de fato terminou um módulo é

fazer a prova deste módulo (10 questões de múltipla escolha + redação).

Depois de ter feito a prova de um módulo, você já pode imediatamente

começar os estudos do módulo seguinte.

Para todos os módulos, a parte obrigatória do Curso de Formação são

Apostilas + Vídeo e Provas (questões + redação) cujos links foram marcados

com flechas em vermelho (acima). Estude a apostila e faça a prova (10

questões + uma redação) para concluir um módulo (então, faça o módulo

seguinte, até o módulo 12). Já os materiais complementares (indicados com

flechas azuis acima) são opcionais.

Dedique-se ao máximo às leituras e demais materiais. Embora a

formação on-line possibilite uma autonomia de tempo e andamento para a

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compreensão dos conteúdos, a qualidade do entendimento das temáticas

fundamentais à formação e prática profissional depende muito do

comprometimento e da seriedade com que você irá se dedicar.

Aproveite bem os materiais e bons estudos!

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1. Uma teoria para a sexualidade

Certamente é possível associar Freud à temática da sexualidade, afinal,


foi seu olhar sobre o desenvolvimento sexual que proporcionou, além de
uma ruptura dos paradigmas da época, a possibilidade de desenvolver sua
teoria baseada na evolução e constituição da sexualidade nas fases iniciais da
vida.

Contrapondo o conceito ligado ao senso comum da época, Freud


ressalta dois pontos importantes para a temática da sexualidade.

● Em primeiro lugar, em suas investigações sobre a história da


sexualidade, Freud constata que a origem da sexualidade está em um
período anterior àquele período de vida atribuído e reconhecido
socialmente, ou seja, para Freud a sexualidade iniciar-se-ia antes
da adolescência;

● Em segundo lugar, que o conceito de sexualidade vai além de sua


definição relativa ao sexo, como costumeiramente se pensava.

“A opinião popular tem ideias muito definidas sobre a natureza e as


características do instinto sexual. Entende-se geralmente que ele está ausente
na infância, que começa na puberdade, em ligação com o processo de
desenvolvimento da maturidade, e que será revelado nas manifestações de
uma irresistível atração exercida por um sexo sobre outro; enquanto a sua
finalidade se presume ser a união sexual ou, tem todo caso, as ações que
conduzem nessa direção” (FREUD, 1905, p. 135)

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É na obra “Três ensaios sobre a sexualidade (1905)” que Freud
subverte, discute e propõe um novo entendimento àquilo que é entendido como
sexual.

Essa é uma característica típica da obra freudiana, pois é o que irá


sustentar a dinâmica evolutiva da psique desde os primórdios da vida, que
recebeu o nome de desenvolvimento psicossexual.

Para muitos estudiosos, duas das grandes contribuições freudianas são:

● o conceito de “inconsciente” e
● a tendência a explicar fatos psíquicos e sociais a partir da
sexualidade.

A temática da sexualidade vai ser abordada por Freud até o fim de sua
vida. Isso vai lhe custar, inclusive, o rompimento da relação com nomes como
Jung e Adler; estes autores, diferentemente de Freud, não aceitavam a
centralidade do papel da sexualidade no desenvolvimento psíquico humano.

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INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL)

Em algumas de nossas apostilas, indicaremos artigos relacionados aos


assuntos do módulo. A leitura desses artigos é opcional para fins de prova,
mas recomendamos que você busque sempre essas (e outras) fontes para
se aprofundar nos temas abordados.

● Artigo: Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (resumo do livro)


● Artigo: Breve história de teorias sobre sexualidade

1.1. O entendimento da libido

Para a compreensão sobre a teoria da sexualidade segundo Freud, é


preciso explorar alguns conceitos relativos à temática e que dão sustentação
ao desenvolvimento e entendimento da dinâmica psicossexual; estamos
falando do conceito de libido.

Proveniente do latim cujo significado é desejo/prazer, libido é a


manifestação dinâmica, na vida psíquica, da pulsão sexual.

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Ou seja, uma força instintiva e impulsiva que é “sexualizada” (recebe um
investimento energético) que movimenta o indivíduo no sentido de um objetivo
e na direção da satisfação (prazer) (VALENTE, 2002).

Vale lembrar aqui, que Freud, em um primeiro momento do seu


desenvolvimento teórico, coloca que a pulsão teria dois correspondentes, uma
pulsão de autoconservação (do ego) e uma pulsão sexual.

Um exemplo simples para compreender esse pensamento está no fato


de:

● o bebê, em um movimento pulsional de autoconservação,


buscar o seio materno como fonte de alimento, na tentativa de
satisfazer sua fome;
● contudo, mesmo satisfeito, o bebê ainda continua “mamando”,
movido pela pulsão sexual, na busca por satisfação libidinal que
vai além da mera sobrevivência.

Desse modo, e pensando nas fases de desenvolvimento da sexualidade,


é possível compreender que a libido irá se fixar em determinados órgãos
(zonas erógenas), na tentativa de encontrar satisfação (prazer).

É assim quando, por exemplo, o bebê tem a boca como sendo a zona
erógena (sexualizada, portanto, imbuída de energia sexual), e busca a
satisfação/prazer, motivada por um estímulo tensional (fome, por exemplo).

Desse modo, Freud propõe uma organização das fases de


desenvolvimento da sexualidade relacionada com a zona erórgena
libidinal em destaque a cada fase, e que contemplam a evolução da
sexualidade, com origem na infância. Freud sugere diferentes fases para
estruturar esse desenvolvimento psicossexual: fase oral, fase anal, fase fálica,
período de latência, fase genital. Em cada fase, a libido obtém mais satisfação
em uma zona erógena diferente.

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INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL)

● Artigo: O que é Libido para Freud?


● Artigo: Pulsão sexual e Libido
● Artigo: Resumo sobre libido e sexualidade

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1.2. As fases de desenvolvimento da
libido

Em um esforço de organizar e explicar sua teoria, Freud organiza o


entendimento do desenvolvimento psicossexual em cinco etapas, períodos
ou fases que, apesar de bem definidas, não são estanques. Significa que
essas fases podem demorar mais tempo ou menos tempo, e uma fase pode se
misturar a outra.

Veja que a teoria do desenvolvimento psicossexual é, como o nome


diz:

● sexual: por envolver as zonas erógenas de prevalência em cada fase,


na corporalidade, e
● psíquica: por envolver as significações mentais internalizadas, que
formarão o novo sujeito.

Apesar de se organizarem dentro de uma estrutura cronologicamente


evolutiva, as fases do desenvolvimento psicossexual não são necessariamente
lineares, podendo haver avanços ou retrocessos. De qualquer modo, cada fase
é potencialmente capaz de deixar marcas duradouras, até mesmo à psique
adulta.

A essas marcas visíveis ao longo das etapas psicossexuais, Freud deu o


nome de pontos de fixação. Ou seja, ao longo do desenvolvimento dessas
fases, e por meio das experiências subjetivas vividas, certos conflitos podem se
instalar, impedindo o curso “normal” dessas etapas.

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Um ponto de fixação significa que aquela experiência positiva ou
negativa vivida na infância e pré-adolescência poderá ter reflexos na idade
adulta e as características daquela fase de sexualidade terão traços de
personalidade ou comportamento presentes até a idade adulta.

Por exemplo, vivenciar uma experiência traumática, de frustração ou até


mesmo de gratificação numa idade correspondente à fase anal poderia causar
um ponto de fixação na fase anal. A personalidade acumuladora e
controladora em adultos é geralmente associada a um ponto de fixação na
fase anal.

É importante, contudo, não buscar explicações simplórias que tentem


reduzir toda a vida psíquica de um adulto a pontos de fixação de fases mal
resolvidas no desenvolvimento psicossexual. É preciso uma terapia
psicanalítica responsável antes de emitir determinados “pareceres”, de
modo a se evitar o que se chama de psicanálise selvagem, ou seja, evitar
uma psicanálise praticada de forma apressada, superficial e taxativa.

De volta à teoria freudiana sobre os pontos de fixação, seriam então


gerados “pontos” nodais que vão se fixar em determinado estágio da
sexualidade infantil e que serão retomados até mesmo em idade adulta,
quando um período de crise (representação emocional) aparecer ao longo da
vida da pessoa. Veremos exemplos ao longo das explicações de cada estágio
de desenvolvimento.

Assim, as fases de desenvolvimento sexual ocorreriam na infância e


fase pré-adolescente, mas a fixação por uma dessas fases em detrimento de
outras teria reflexos em qualquer momento da vida, com o sujeito regredindo
a uma dessas fases.

ZIMERMAN (1999) explica e ilustra a dinâmica desse mecanismo, uma


vez que

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“(...) diferentes momentos evolutivos deixam impressos no psiquismo aquilo
que Freud denominou de pontos de fixação, em direção aos quais
eventualmente qualquer sujeito pode fazer um movimento de regressão. Os
“pontos de fixação” formariam-se a partir de uma exagerada gratificação ou
frustração de uma determinada “zona erógena”. No primeiro caso, o sujeito,
diante de angústias insuportáveis, tenta regredir para um tempo e um espaço
que lhe foi tão protetor e gratificante; no caso de uma excessiva frustração que
foi a determinante do ponto de fixação, a regressão dá-se, muitas vezes,
sabemos hoje, como uma tentativa de resgatar alguns ‘buracos negros’
existenciais” (ZIMERMAN, 1999, p. 92).

Sendo assim, como cada movimento de regressão (advindo dos pontos


de fixação) apresentarão diferentes referências e comportamentos em função
das diversas fases de desenvolvimento psicossexual, como veremos a seguir.

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INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL)

● Artigo: Libido, Desejo e Motivação

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1.2.1. Fase oral

Primeira fase do desenvolvimento psicossexual, a fase oral vai desde o


nascimento até próximo aos dois anos de idade. Como o próprio nome diz, é a
boca o órgão que recebe o investimento libidinal (zona erógena), que está
vinculado ao prazer, sobretudo pela amamentação e o uso da chupeta
(VALENTE, 2002).

É interessante notar que “a finalidade da libido oral, além da gratificação


pulsional, também visa a ‘incorporação’, a qual, por sua vez, está a serviço da
‘identificação’.” (ZIMERMAN, 1999, p. 92).

Ou seja, é possível compreender que essas experiências corporais (aqui


representadas pela boca) vão ganhando registros subjetivos na mente, que
serão responsáveis pela formação da psique do bebê. É, em si, uma fase
autoerótica. A boca é um meio de alimentação, proteção, “conhecimento”
(aprendizado em relação ao mundo externo) e também de prazer, é uma forma
com que o bebê revive, em partes, a proteção que vivenciava no útero. E,
embora nessa fase a boca ganhe uma notória relevância no âmbito do
desenvolvimento, todos os outros sentidos são fundamentais para a
comunicação com o mundo externo.

Desse modo, é nessa fase que o bebê busca, em seu ato oral, introjetar
objetos, “colocá-los para dentro”, na tentativa de buscar uma identificação
(saber quem sou eu), uma vez que nessa fase o bebê mostra-se totalmente
dependente da função materna.

Cabe ressaltar ainda que essa etapa pode, ainda, ser dividida em dois
momentos, a sucção e a oral canibalística.

Representativamente:

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● esse primeiro momento recebe o nome de fase oral passivo-receptiva,
ou seja, o bebê recebe os conteúdos (como o leite materno) e, portanto,
busca a incorporação desses objetos tanto fisicamente, como
psiquicamente;
● já o segundo momento recebe a alcunha de fase oral
ativo-incorporativa, ou seja, o bebê já é capaz de agarrar objetos
espontaneamente, sobretudo com o nascimento dos dentes. É ainda
neste segundo momento que a agressividade já se mostra evidente,
num sentido de lançar um domínio sobre o objeto, ou seja, um
posicionamento mais ativo. Para o bebê, não há uma distinção clara
entre si e o externo, entre ter e destruir.

Na fase oral, a fixação, proveniente das experiências subjetivas nessa


faixa etária, remeterá a comportamentos que envolvam essa zona erógena
como meio de satisfação. Por exemplo, hábitos de falar demais e/ou ser um
bom orador, fumar e/ou beber em excesso, mascar chicletes, comer em
excesso, entre outras atividades que envolvam a boca como sendo alvo de
prazer/satisfação.

Do ponto de vista simbólico, como correspondente da vida adulta, e por


se tratar de uma fase regredida (a saber, o adulto tem características que
remetem à essência de zero a dois anos), é possível verificar características de
personalidades que expressem grande dependência, ansiedade de
desamparo, baixa tolerância à frustração, entre outros.

Ou seja, nesta visão, um sujeito adulto que possua os hábitos e formas


de simbolização que elencamos nos dois parágrafos acima pode ter um ponto
de fixação na fase oral. Como vimos na citação de Zimerman, essa regressão
pode ser motivada por algo gratificante ou “traumático” daquela fase em que a
boca era a zona erógena por excelência (do zero até perto dos dois anos de
idade), que o indivíduo adulto inconsciente precisa reviver.

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Associe assim:

Fase Idade aprox. Zona Sinais adultos de regressão (e


erógena de que pode ter havido fixação)

Oral 0 a 2 anos Boca Hábitos ligados à boca (falar,


comer, beber, fumar),
dependência, medo do
desamparo, baixa tolerância à
frustração

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INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL)

● Artigo: Fase Oral e outras fases do desenvolvimento psicossexual

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1.2.2. Fase anal

Com uma predominância libidinal, embora também não sejam exclusivos


dessa zona erógena, os esfíncteres (de micção e evacuação) apresentam-se
altamente investidos de libido e irão dar nome a essa nova fase que contempla
o segundo e o terceiro anos de vida, aproximadamente. Importantes funções
são desempenhadas ao longo dessa fase, como traz Zimerman (1999), entre
elas,

“(...) a aquisição da linguagem; engatinhar e andar; curiosidade e exploração


do mundo exterior; progressivo aprendizado do controle esfincteriano; controle
da motricidade e prazer com a atividade muscular; ensaios de individuação e
separação (por exemplo, comer sozinho, sem a ajuda de outros); o
desenvolvimento da linguagem e comunicação verbal, com a simbolização da
palavra; os brinquedos e brincadeiras; a aquisição da condição de dizer “não”;
etc.” (ZIMERMAN, 1999, p. 93).

Sendo assim, a criança passa a ter a importante experiência de


manipular os conteúdos excretores (urina e fezes), aprendendo a reter, expelir,
controlar e, portanto, essa vivência subjetiva permite-lhe explorar seu prazer
autoerótico. É o primeiro momento da vida em que demonstra controle de si,
com uma gradual diferenciação entre si e o mundo exterior.

Essa fase também se divide em outras duas: fase anal expulsiva e


fase anal retentiva.

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● Na fase anal expulsiva, a criança começa a compreender, pela
sensação de prazer, sua função excretora que, além disso, também
representa uma maneira de “atingir” aos pais, daí a caracterização de
um entendimento sádico-anal (imposição aos outros);
● Na fase anal retentiva, com a descoberta da capacidade de retenção, o
controle e a manipulação também seriam aprendidos, configurando um
caráter masoquista (imposição a si).

Aliás, é justamente na fase anal que essas experiências de sadismo e


masoquismo passam a ganhar significância, gerando indivíduos, quando
fixados nessa fase, ambivalentes (sentimentos de amor e ódio ao mesmo
tempo), altamente competidores, que tem a necessidade de controle e/ou
manipulação das pessoas/coisas, e, também, por caracterizar a formação de
neuróticos obsessivo-compulsivos (tema melhor tratado nos próximos módulo
de nosso Curso).

Associe assim:

Fase Idade Zona erógena Sinais adultos de regressão (e


aprox. de que pode ter havido fixação)

Oral 0 a 2 anos Boca Hábitos ligados à boca (falar,


comer, beber, fumar),
dependência, medo do
desamparo, baixa tolerância à
frustração

Anal 2 a 3 anos Esfíncteres que Ambivalência (amor/ódio),


controlam fezes competitividade excessiva, desejo
e urina de controle e manipulação,
desejo de acumulação de posses,
neuroses obsessivo-compulsivas.

INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL)

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● Artigo: Fase Anal segundo Freud e a Psicanálise

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1.2.3. Fase fálica

Com duração em torno do terceiro até o quinto ou sexto ano de vida,


essa fase concentra-se no falo (sendo o falo, na antiguidade greco-romana, a
representação simbólica do poder, concentrada no órgão anatômico pênis)

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(ZIMERMAN, 1999, p.94). Ou seja, a instituição simbólica dos genitais como
sendo a zona erógena investida de libido.

É interessante salientar que, para Freud, até certa idade as crianças de


ambos os sexos supõem a existência de genitais masculinos em todas as
pessoas. Daí a representação “fálica” na descrição dessa fase do
desenvolvimento psicossexual. Posteriormente, alguns autores vão rejeitar
essa uniformização de nomenclatura, mesmo reconhecendo haver uma mesma
região erotizada em meninas e meninos.

Nessa fase fálica, é muito comum perceber a curiosidade das crianças


com relação às zonas genitais, às suas próprias e às dos outros que as
rodeiam.

Não é à toa que se percebe a grande quantidade dos “porquês” relativos


a essas e a outras questões, na tentativa de encontrar alguma explicação para
essas novas percepções.

Fantasias dos meninos como “tenho pênis então sou igual a meu pai”...
“por que minha mãe não tem?”... “ela tinha e perdeu”... “será que posso perder
o meu?”... (que servirão de base para compreensão da angústia de
castração, como veremos mais à frente).

Outro importante acontecimento desta fase refere-se ao ato


masturbatório. O encontro com essa nova experiência genital promove
sensações táteis prazerosas, daí a manipulação e exibição dos órgãos genitais,
sem, é claro, a malícia sugerida pelos adultos.

Importante ressaltar que a nomenclatura “ato masturbatório” tem a ver


com o toque (reconhecimento) e a percepção erógena na região dos
genitais. Por ser em idade infantil, não tem a ver com ejaculação.

Da mesma maneira, a fantasia imaginária da criança é alimentada por


estímulos externos que fazem alusão à relação dos pais, barulhos noturnos,

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cenas de televisão etc., quando não são, literalmente, expostas ao coito dos
pais propriamente dito.

Portanto, essa “cena primária” (conceito cunhado por Freud) de ver,


ouvir ou supor a relação sexual entre seus pais, mesmo sem uma completa
compreensão por parte da criança, acaba por produzir fantasias que, se não
forem bem elaboradas e/ou conduzidas, podem suscitar a formação de
psicopatologias mais contundentes como a perversão (discutida com mais
detalhes no decorrer deste módulo).

E é justamente nessa fase fálica, de grandes vivências e experiências


com as figuras parentais (pai e mãe), que se consolida o famoso conceito
“Complexo de Édipo”.

Em linhas gerais, esse complexo “designa o conjunto de desejos


amorosos e hostis que a criança experimenta com relação aos seus pais”
(ZIMERMAN, 1999, p.94). Ou seja, ao longo do desenvolvimento psicossexual,
a criança tende a buscar nas figuras parentais as referências para seus
sentimentos, para tentar compreender a avalanche de percepções que precisa
elaborar: sobre sua vída psíquica, sobre seu corpo e sobre o mundo externo.

Desse modo, pensando em um desenvolvimento “normal”, o filho tende


a se identificar com a figura paterna, e, em outro movimento, percebe a mãe
como figura amorosa (objeto de desejo).

Assim, o filho quer ser como o pai, e deseja “possuir” a mãe. Esse
sentimento, dentro da dinâmica familiar, fará com o que a criança olhe para o
pai como um rival, atacando-o, uma vez que o filho deseja a mãe só para si.

Importante perceber que Freud irá projetar o mesmo fenômeno para a


vida social, por meio de mecanismos sociais de controle (moral, leis, escola,
cultura, religião etc.).

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É importante ressaltar que o conceito psicanalítico do Complexo de
Édipo, tema central na estruturação da neurose, é um organizador da
personalidade sob quatro aspectos fundamentais:

1. Permite o estabelecimento de uma relação triangular, inclusão do


“intruso” pai na díade mãe-filho, pode possibilitar o entendimento da
criança na renúncia à onipotência e possessividade; compreender a
diferença dos sexos e, ainda, entender que os pais são figuras
autônomas e possuem seus próprios espaços.

2. A criança, ao se perceber “fora” da relação pai-mãe, é acometida por


sentimentos de grande intensidade, relacionadas ao abandono, traição,
ódio, vingança, medo, culpa entre tantos outros. É nesse contexto que
pode se estabelecer a angústia de castração e, após, a dissolução do
complexo de Édipo. Podemos compreender essa fantasia de castração,
como sendo “uma resposta ao enigma que a diferença anatômica dos
sexos (presença ou ausência de pênis) coloca para a criança”
(LAPLANCHE e PONTALIS, 1996). Enquanto no menino essa angústia
é vivida como uma ameaça sobre a possibilidade da perda do falo, na
menina é vivida como uma ausência que é sentida como um dano já
sofrido e, daí, a necessidade de compensação, negação e reparação.

3. Possibilidade da formação das identificações, ou seja, a busca por


sentimento da própria identidade; já que a criança vai se exteriorizando
em relação à mãe e não pode “derrotar” o pai, passa a assumir a
existência de normas e a necessidade de buscar seu próprio

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desenvolvimento, que serão características da fase seguinte (latência) e
de um Complexo de Édipo bem resolvido.

4. A resolução do complexo edípico possibilita o ingresso na genitalidade


adulta, que será retomada posteriormente, a partir do início da
adolescência. Do contrário, caso essa passagem na fase falíca (edípica)
não se estabeleça de maneira adequada, haverá uma fixação nas fases
anteriores (pré-edípicas: oral e anal), desencadeando distintos distúrbios
psicopatológicos.

Sendo assim, pensar a resolução do conflito edipiano, além de


possibilitar a continuidade do desenvolvimento psicossexual na direção da
genitalidade adulta, permite-nos compreender que a criança, de fato, introjetou
adequadamente as figuras de pai e mãe (identificação e desejo) e
compreendeu que seus pais possuem uma relação autônoma. A criança
percebe que sua energia libidinal vinculada ao desejo sexual deverá ser
dirigida a outras coisas e pessoas (após o período de latência), e não mais à
mãe, tirando, portanto, o pai da posição de rival.

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Associe assim:

Fase Idade Zona erógena Sinais adultos de regressão


aprox.

Oral 0 a 2 anos Boca Hábitos ligados à boca (falar,


comer, beber, fumar),
dependência, medo do
desamparo, baixa tolerância à
frustração.

Anal 2 a 3 anos Esfíncteres que Ambivalência (amor/ódio),


controlam fezes competitividade excessiva, desejo
e urina de controle e manipulação,
desejo de acumulação de posses,
neuroses obsessivo-compulsivas.

Fálica 3 a 5 ou 6 Falo / Fase de Fixar-se nas fases oral ou anal é


anos reconhecimento um sinal de uma fase fálica (e um
dos órgãos Complexo de Édipo) mal
genitais resolvida. Transtornos referentes
às duas fases anteriores são
sinais de uma fase fálica mal
resolvida, além de transtornos
específicos da fase fálica, como o
narcisismo.

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1.2.4. Período de latência

Esse período é marcado por um hiato (intervalo) na evolução da


sexualidade. Com início, em geral, após os seis anos de idade, a criança entra
em um momento de “amortecimento” ou “amnésia relativa” em relação às
experiências subjetivas vividas anteriormente.

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Ou seja, há uma espécie de repressão da sexualidade infantil até
então experimentada. Outro importante ponto desse período estaria no
desenvolvimento das estruturas egóicas, graças às vivências que estão por
vir.

Nesse momento, portanto, a criança dirige sua libido ao


desenvolvimento social, ou seja, o ingresso no período escolar formal, a
experiência com outras crianças, o primeiro amor (ainda que “platônico”), a
prática de atividades físicas, como o esporte. Tudo isso possibilita a formação e
o amadurecimento do caráter, uma vez que a criança é exposta a aspirações
morais e sociais (ZIMERMAN, 1999).

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Associe assim:

Fase Idade Zona erógena Sinais adultos de regressão


aprox.

Oral 0 a 2 anos Boca Hábitos ligados à boca (falar,


comer, beber, fumar),
dependência, medo do
desamparo, baixa tolerância à
frustração.

Anal 2 a 3 anos Esfíncteres que Ambivalência (amor/ódio),


controlam fezes competitividade excessiva, desejo
e urina de controle e manipulação,
desejo de acumulação de posses,
neuroses obsessivo-compulsivas.

Fálica 3 a 5 ou 6 Falo / Fase de Fixar-se nas fases oral ou anal é


anos reconhecimento um sinal de uma fase fálica (e um
dos órgãos Complexo de Édipo) mal
genitais resolvida. Transtornos referentes
às duas fases anteriores são
sinais de uma fase fálica mal
resolvida, além de transtornos
específicos da fase fálica, como o
narcisismo.

Latência De 6 anos Hiato, sem Como ocorre uma repressão das


até início zona erógena sensações erógenas, em favor do
da específica desenvolvimento do ego e da
puberdade construção das relações sociais,
não se costuma falar em
regressão a esta fase.

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INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL)

● Artigo: Período de Latência no desenvolvimento sexual

1.2.5. Fase genital

Esse período é marcado, inicialmente, pela puberdade e adolescência.

Nesse sentido, podemos pensar nesse momento como uma nova fase
de transformação. Ocorre, portanto, a maturação fisiológica do aparelho sexual,
além de mudanças anatômicas e fisiológicas.

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É, por assim dizer, um “adoecimento” (do latim dolescere – crescer com
dores), um momento de crise, de redescoberta: a necessidade de afirmação
enquanto indivíduo, na busca por uma identidade individual, grupal e social
(ZIMERMAN, 1999).

Não é à toa que esse período é marcado por constantes atos de


afrontamento, rebeldias, incompreensões, medos, dúvidas, necessidade de
posicionamento pessoal em relação a ideias e heróis.

Vale ainda ressaltar que o complexo edipiano é revivido nessa fase, ou


seja, questões relacionadas à busca por resolver esse conflito edípico faz com
que os jovens voltar a encarar os sentimentos de abandono, traição, desejos
incestuosos, ódio, vingança contra os pais, na tentativa de constituir sua
identidade. Antes (na fase fálica), a percepção de abandono era
essencialmente no microambiente familiar (criança-mãe-pai). Mas, também na
fase genital (início da adolescência), o Édipo é de certa forma revivido.

Será preciso que o adolescente tenha superado as dependências


amorosas e conflituosas em relação à mãe e ao pai para que possa “adentrar o
mundo adulto” (com suas demandas) e “encará-lo”.

Portanto, é preciso, para que se tenha um amadurecimento saudável,


abandonar as projeções eróticas para com a mãe, e buscar uma identificação
com o pai (o mesmo para as meninas, porém invertendo-se o aspecto da mãe
e do pai). Assim, pode-se ingressar na vida genital adulta, tornando-se um
indivíduo capaz de relacionar-se integralmente com outras pessoas (VALENTE,
2002).

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Associe assim:

Fase Idade Zona erógena Sinais adultos de regressão


aprox.

Oral 0 a 2 anos Boca Hábitos ligados à boca (falar,


comer, beber, fumar),
dependência, medo do
desamparo, baixa tolerância à
frustração.

Anal 2 a 3 anos Esfíncteres que Ambivalência (amor/ódio),


controlam fezes competitividade excessiva, desejo
e urina de controle e manipulação,
desejo de acumulação de posses,
neuroses obsessivo-compulsivas.

Fálica 3 a 5 ou 6 Falo / Fase de Fixar-se nas fases oral ou anal é


anos reconhecimento um sinal de uma fase fálica (e um
dos órgãos Complexo de Édipo) mal
genitais resolvida. Transtornos referentes
às duas fases anteriores são
sinais de uma fase fálica mal
resolvida, além de transtornos
específicos da fase fálica, como o
narcisismo.

Latência De 6 anos Hiato, sem Como ocorre uma repressão das


até zona erógena sensações erógenas, em favor do
puberdade específica desenvolvimento do ego e da
construção das relações sociais,
não se costuma falar em
regressão a esta fase.

Genital A partir da Genital É a fase considerada de


puberdade maturidade do desenvolvimento
psicossexual, por isso não se
costuma ver a “fixação” nesta
fase como algo negativo. Ao
contrário, quando um adolescente
ou adulto (que deveria estar
fixado nesta fase) se prende a
fases anteriores, haveria a
regressão, com as características
que acima apontamos.

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INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL)

● Artigo: Sexualidade na Terceira Idade

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1.3. Desdobramentos das fixações
libidinais

Como visto até aqui, pela visão freudiana, a libido se organiza em


fases de desenvolvimento que, apesar de deixarem marcas profundas no
psiquismo, não são necessariamente fixas, ou seja, não há uma rigidez ao
longo do desenvolvimento, em virtude das experiências subjetivas de cada
sujeito. Da mesma forma, a duração de cada fase pode mudar e se entrelaçar,
não havendo um consenso sequer entre estudiosos do assunto.

Assim, é possível pensar que, sobretudo considerando a ideia de pontos


de fixação, o sujeito irá se organizar de acordo com suas vivências (e forma de
elaboração a partir dessas vivências) em cada uma das fases, o que pode
gerar a constituição de um modo de funcionamento específico a cada pessoa.

Nesse sentido, em virtude das experiências infantis, seja de frustrações


angustiantes, seja por uma hiperestimulação em busca de satisfação, o prazer
libidinal pode ficar vinculado a uma zona erógena específica, boca, ânus,
genitais…

E, essa fixação da libido pode, e vai, servir como referência, ao longo da


vida do indivíduo, na busca por estímulos de prazer, sobretudo em situações de
dificuldades extremas, onde há a incapacidade de elaboração.

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“Chupar os dedos, morder as unhas, fumar ou beber exageradamente, em
momentos de aborrecimento ou tensão nervosa, poderia interpretar-se como
manifestações de fixação à fase de prazer oral, que sentiam ao serem
amamentadas e pelo uso excessivo da chupeta, quando crianças, ao qual
voltam quando se sentem inseguras. O prazer excessivo na acumulação de
riqueza seria um reflexo de fixação do prazer na retenção das fezes, na fase
anal, bem como certos tipos de constipação ou prazer intenso no ato da
evacuação. Do mesmo modo, algumas formas de masturbação e de
narcisismo poderiam ser consideradas como efeitos da fixação da zona fálica”
(VALENTE, 2002, p. 84).

Com isso, outro conceito pode ser claramente vinculado a esse


movimento, trata-se da regressão. É muito importante alertar que quem se
inicia nos estudos psicanalíticos deve reduzir seu impulso julgador. Convém um
cuidado antes de determinar que tal comportamento ou pensamento é
“neurótico”, “perverso”, “psicótico” ou que é “uma fixação na fase oral” etc.

Normalmente, um apontamento desta natureza pode ter um validade


didática ou até mesmo permitir uma hipótese interpretativa de comportamentos,
mas não devem ser usados como uma “superioridade” do psicanalista ao julgar
pessoas individualmente, quando tal análise não estiver inserida em um
contexto terapêutico.

Isso colocado, ressaltamos que as comparações e adjetivações aqui


realizadas têm um valor didático e servem para transformar em exemplos
alguns conceitos de Freud.

Tomemos como exemplo os neuróticos que, ao vivenciarem, quando


adultos, barreiras e obstáculos difíceis de superar, ou ainda, ao sofrerem
profundas frustrações, regridem ou retornam a uma forma passada de prazeres
libidinosos, como um meio de lidar com a situação posta. Desse modo, a
personalidade até então adulta parece regredir em seu estado de madureza,

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retomando antigos comportamentos infantis, típicos de um período inicial de
vida.

Uma vez compreendido a relevância e a repercussão das fixações


libidinais nas fases do desenvolvimento psicossexual, Freud, ao longo de sua
clínica, sugeriu que alguns comportamentos presentes na vida adulta
demonstravam correspondentes que convergiam a essas fases, o que
orientava a organização psíquica de pacientes adultos.

Desse modo, ao que Freud denominou aberrações sexuais, é possível


compreender que o direcionamento libidinal fixado em cada uma das fases de
desenvolvimento proposta, vai determinar uma série de comportamentos
marcantes, cada qual com suas características marcantes.

É nesse contexto que Freud vai tecer suas ideias sobre os desvios
sexuais, ou perversões, tais como fetichismo, masoquismo, sadismo,
narcisismo, voyeurismo, pedofilia, entre outros, como forma de discutir a
dinâmica de direcionamento e a fixação da libido.

Nesse sentido, o objeto sexual (alvo do prazer) e o objetivo (ato que


visa ao instinto sexual) são, por algum motivo, desviados do que se considera
“ato sexual normal” (este, a obtenção de prazer por penetração genital).

Convém ressaltar que na psicanálise inicial a homossexualidade era


vista como um desvio do padrão, visão que Freud de certa forma modificou no
decorrer de sua obra. Psicanalistas posteriormente reforçaram o caráter não
patológico da homessexualidade, retirando o sufixo “ismo” (homossexualismo),
que poderia reforçar a ideia de “transtorno”.

Nesse sentido, é recomendável que o(a) aluno(a) considere a


heterossexualidade, a bissexualidade e a homossexualidade como orientações
sexuais distintas e válidas, sem um juízo de valor em si. Ao entrar em contato
com obras anteriores, é importante que o(a) aluno(a) atualize sua visão para
uma perspectiva mais inclusiva. A Psicanálise é um campo do saber em

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 42


constante atualização: sinta-se chamado(a) a produzir novos conteúdos na
forma de livros, artigos, palestras etc., a partir de suas vivências como
estudante, terapeuta ou futuro terapeuta.

“Diz-se que existe perversão quando o orgasmo é obtido com outros objetos
sexuais (homossexualidade, pedofilia, bestialidade, etc.), ou por outras zonas
corporais (coito anal, por exemplo) e quando o orgasmo é subordinado de
forma imperiosa a certas condições extrínsecas (fetichismo, travestismo,
voyeurismo e exibicionismo, sadomasoquismo); estas podem mesmo
proporcionar, por si sós, o prazer sexual” (LAPANCHE & PONTALIS, 1998, p.
341).

Desse modo é possível compreender que a perversão está submetida


ao funcionamento de pulsões sexuais parciais, ou seja, a obtenção do prazer
ocorre em função de uma organização dentro de uma zona genital específica, o
que determina seu objeto e objetivo para busca do prazer.

Tomemos como exemplo o sadomasoquista: o sujeito sente prazer


sexual na condição de agressor (característica do sadismo), ao ver a vítima
sendo agredida; e, também, na condição de vítima, que sofre a violência
(característica do masoquismo).

“(...) sadismo é tomado ali no sentido de uma agressão contra outrem; (...) o
masoquismo corresponde a um retorno sobre a própria pessoa, da atividade
em passividade.” (LAPANCHE & PONTALIS, 1998, p. 467).

Essa organização sadomasoquista, portanto, se daria durante a fase


anal, na qual a experiência controle, dominação, agressividade e destruição
são mais evidentes tendo em vista o desenvolvimento psicossexual.

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Desse modo, uma vez fixada a libido nesta fase, por alguma experiência
traumática nesta fase, por exemplo, a organização sexual desse indivíduo, na
vida adulta, será remetida àquela vivência simbólica (e parcial), onde o prazer
seria obtido pela agressão, violência e humilhação de outro e, ao mesmo
tempo, colocando-se na posição de oprimido.

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INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL)

● Artigo: Definição de Sadismo


● Artigo: Definição de Masoquismo
● Artigo: O que é Perversão em Psicanálise?

INDICAÇÃO DE LEITURA

Algumas indicações contam com links disponíveis (leituras opcionais).

Para fins de estudos para o Curso, algumas obras não seriam para leitura
completa, mas apenas recomendações dos capítulos ou das páginas indicadas
abaixo.

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1. Um caso de histeria e três ensaios sobre sexualidade (1905) – Freud, Obras
Completas VOLUME VII.

Ler Texto: Três ensaios sobre a sexualidade (1905).

Clique aqui para ler o texto, ou acesse https://goo.gl/MaVE8w

2. A história do movimento psicanalítico (1914~1916) – Freud, Obras Completas


VOLUME XIV.

Ler texto: Os instintos e suas vicissitudes (1915).

Clique aqui para ler o texto, ou acesse https://goo.gl/AB1Xsz

3. O Ego e o Id (1923) – VOLUME XIX

Ler texto: A organização genital infantil: uma interpolação na teoria da


sexualidade (1923)

Clique aqui para ler o texto, ou acesse https://goo.gl/TBrtdG

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 47


2. As diferentes formas de organização
psíquica

Vale ressaltar que Freud não tinha uma atribuição bem nítida entre
normal e patológico, o que é enriquecedor à psicanálise. Assim, por exemplo, o
narcisismo pode ser patológico se excessivo e angustiante ao sujeito ou ao seu
círculo social mais próximo (caráter patológico), porém as mesmas bases do
narcisismo (quando atenuadas) são essenciais para a estruturação e
autopreservação do Ego (caráter não patológico).

Neste sentido, Freud propõe a ideia de que a psicopatologia é, de


certa forma, algo do cotidiano de todas as pessoas. (na obra
“Psicopatologia da Vida Cotidiana”, Freud, 1904). Nesse sentido, podemos
dizer que somos todos neuróticos, em certa dose.

Ao longo de sua obra, Freud buscou investigar, elaborar e sugerir toda


uma ideia de como a estrutura psíquica se organiza e desenvolve ao longo da
vida. Foram anos e anos entre prática clínica e construção teórica que
culminaram no início do percurso psicanalítico.

Já tivemos a oportunidade de conhecer alguns dos elementos mais


importantes e cruciais da obra freudiana, o que não esgota sua teoria e demais
constructos. E, nesse momento, dedicaremos à investigação de algumas
formas de organização psíquica propostas por Freud.

Ou seja, dentro da vivência analítica, o autor pôde perceber que cada


sujeito dispunha de uma determinada (e predominante) subjetividade, o que

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 48


confere à psique uma forma de funcionamento, com suas defesas específicas,
modos de interagir com o mundo, modos de sofrimento, entre outros.

Freud elenca, basicamente, três mecanismos de organização psíquica,


que ficaram conhecidos como neuroses, psicoses e perversões.

É importante frisar e compreender que essas organizações (também


chamadas de subjetividades ou estruturas psíquicas) irão conduzir o indivíduo
em suas relações intrapsíquicas (seus conteúdos internos) e interpsíquicas
(relação com o outro).

Nesse sentido, apesar da ideia de que cada pessoa se estrutura sobre


uma dessas organizações, isso não exime o fato de que ela possa apresentar
traços de outro modo de funcionamento, uma vez que a psique humana é tão
complexa quanto pode esconder seus mistérios mais profundos.

Então, há autores que consideram (por exemplo) que um determinado


neurótico possa ter também aspectos da estrutura perversa, embora este
sujeito seja predominantemente neurótico.

A essas estruturas psíquicas nos dedicaremos nas próximas páginas.

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2.1. As neuroses

Principal objeto de estudo da psicanálise freudiana, a neurose marca,


digamos, o início do entendimento e concepções da mente, no que se refere às
patologias nervosas apresentadas na final do século XIX e início do século XX.

Nesse sentido, podemos, em linhas gerais, compreender que a neurose


é uma…

“afecção psicogênica em que os sintomas são a expressão simbólica de um


conflito psíquico que tem raízes na história infantil do sujeito e constitui
compromissos entre o desejo e a defesa. (...) atualmente tende-se a
reservá-lo, quando isolado, para as formas clínicas que podem ser ligadas à
neurose obsessiva, à histeria e à neurose fóbica” (LAPLANCHE & PONTALIS,
1998, p. 296).

Cabe aqui o entendimento, quando se refere a “desejo e defesa”, de um


conflito entre o Ego e a libido (posteriormente assumido pela figura do ID).

Ou seja, o grande conflito do neurótico encontra-se entre:

● a necessidade em obter a satisfação do seu desejo (pulsão


libidinal) e
● a impossibilidade de realizá-lo imediatamente (mecanismo de
defesa do EGO).

No tocante ao entendimento sobre o funcionamento da estrutura


neurótica, é possível compreender que esses indivíduos apresentam “(...)
algum grau de sofrimento e de desadaptação em alguma, ou mais de uma,

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 50


área importante de sua vida: sexual, familiar, profissional ou social”
(ZIMERMAN, 1999, p. 197-198).

Isso implica dizer que, sintomaticamente, o paciente sente esse conflito


psíquico como um algo estranho em si, que foge à sua percepção consciente e
que, de alguma forma, causa-lhe sofrimento.

Esse sofrimento por sua vez é responsável por manifestar alterações


comportamentais, como as compulsões (o alcoolismo, o uso de drogas), as
inibições, o desenvolvimento de fobias etc.

“No entanto, apesar de que o sofrimento e prejuízo, em alguns casos, possam


alcançar níveis de gravidade, os indivíduos neuróticos sempre conservam
uma razoável integração do self, além de uma boa capacidade de juízo
crítico e de adaptação à realidade. Outra característica dos estados
neuróticos é a de que os mecanismos defensivos utilizados pelo ego não
são tão primitivos como, por exemplo, aqueles presentes nos estados
psicóticos.” (ZIMERMAN, 1999, p. 198; grifo nosso).

Associe assim:

Neurose Psicose

Distorção da “realidade” Parcial Total


exterior

Desintegração do Self Superficial Profunda

Mecanismos de defesa Elaborados Primitivos

Com isso, é possível compreender que o neurótico possui uma estrutura


psíquica, digamos, mais evoluída, mais bem estruturada, onde o EGO está

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 51


mais fortalecido e é capaz de se estabelecer de uma maneira mais organizada,
fazendo com que o sujeito tenha a capacidade de tolerar certas vivências
angustiantes.

De certo modo, a neurose é um comportamento presente em todas as


pessoas, sendo que a condição “patológica” dependerá de seu grau e do
mal-estar que seus sintomas provocam na pessoa.

Nesse sentido, o EGO lança mão de seus mecanismos de defesa,


pensando na estrutura neurótica, como forma de proteger a estrutura psíquica
dos conflitos psíquicos.

Desse modo, o neurótico utiliza defesas, digamos, mais elaboradas. No


módulo anterior, já falamos sobre os mecanismos de defesa. Agora, estamos
mostrando como Freud concebia que essas defesas mantinham uma condição
neurótica. Cabe trazer uma breve revisão desses mecanismos de defesa do
ego, antes abordados, para exemplificarmos com eles a dinâmica neurótica:

● Recalcamento ou repressão: o recalque nasce do conflito entre duas


instâncias “opostas”: as exigências do ID e a censura do SUPEREGO.
Ora, se ao EGO coube o trabalho de proteger a psique das energias
destrutivas, é nesse contexto que conteúdos potencialmente nocivos
(representações e afetos, atuais ou mnêmicos) e/ou intoleráveis são,
inconscientemente, reprimidos pelo EGO e jogados ao obscuro do
inconsciente, em uma constante luta, cujo objetivo é o de fugir ao
desprazer causado pelo conflito. Por exemplo, o EGO inconsciente pode
recalcar experiências traumáticas, empurrando-as ao ID, o que permite
ao EGO “seguir em frente”; ainda que se evidenciem sintomas do
retorno do recalcado, esses sintomas ainda seriam menos severos do
que a lembrança manifesta e persistente do evento traumático.

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● Regressão: essa defesa se manifesta quando o EGO consciente não é
capaz de manter o controle de uma situação que lhe ofereceu ameaça à
integridade. Desse modo, uma regressão aos chamados pontos de
fixação (determinados estágios definidos pelas fases de
desenvolvimento psicossexual) faz com que o sujeito se remeta a um
funcionamento primitivo/infantil, de acordo com seu ponto de referência
infantil. Por exemplo, em função de um complexo de Édipo mal
resolvido, o EGO do adulto regride à fase fálica da vida (ou antes, por
haver restos de memória da satisfação propiciada pela boca ou pelos
esfíncteres), como fuga acerca da impossibilidade de realizar sua
satisfação com sua mãe e rivalizar com seu pai; o sujeito pode se fixar a
comportamentos majoritários de uma dessas fases, rejeitando vínculos
afetivos, socializações e recusando todo e qualquer conjunto de regras.
(Lembre-se: as relações nem sempre são mecânicas e simplistas, cabe
ao psicanalista avaliar a especificidade de cada caso; a Psicanálise não
defende uma adesão cega às regras, especialmente porque admite um
indivíduo composto de múltiplas camadas e movido por desejos
subjetivos, embora aceite a ideia de que fatores
sócio-político-histórico-culturais influenciam a forma de agir e pensar das
pessoas).

● Conversão orgânica: nessa defesa, os conflitos psíquicos provenientes


de algum impedimento (realização de desejo) e/ou trauma advindos de
experiências (ou fantasias) afetivamente aflitivas buscam no soma
(corpo) a possibilidade de descarga dessa pulsão reprimida. Nesse
contexto, o sintoma físico apresenta um correspondente simbólico
associado ao fato traumático (de origem sexual). No exemplo de Freud
no estudo com pessoas histéricas, elas perdiam temporariamente a
visão, mas não havendo nenhum problema fisiológico; poderia ser um
sinal de que o EGO estava tendo de vencer lembranças traumáticas
visuais, o que indiretamente poderia afetar o lado útil da visão atual.

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 53


● Projeção: é um dos mecanismos mais comumente encontrados.

Consiste em transferir para outra pessoa ou coisa tudo aquilo que, por

meio dos conflitos internos, não é aceitável pelo EGO. Desse modo, as

pulsões (agressivas ou sexuais) são projetadas para o exterior,

atribuindo essas características intoleráveis a outros objetos (pessoas

ou coisas). Por exemplo, uma pessoa pode destinar sua raiva ou seu

desejo a pessoa, instituição, grupo social, estilo de vida etc., como forma

de canalizar um instinto agressivo que não pode ser direcionado a uma

causa original (ao pai ou à mãe, por exemplo).

● Deslocamento: podemos pensá-lo como uma variante da projeção;

nesse mecanismo, os impulsos sexuais e de agressividade gerados na

relação com algum objeto, e que por algum motivo não podem ser

direcionados a ele, são deslocados a outros objetos, que viram alvos

dessas “descargas não realizadas”.

● Racionalização: Frequentemente utilizada pelo EGO consciente para

aplacar conflitos inconscientes, essa defesa consiste em uma

elaboração racional (lógica) de eventos, percepções ou experiências que

não podem ser compreendidas pelo psiquismo. Desse modo, todo um

constructo racional é elaborado para justificar esses conteúdos ou

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 54


comportamentos incompreendidos. Por exemplo, um evento insuportável

ou gratificante na fase anal fez com que o indivíduo se interiorizasse e

não tivesse tanto interesse em aprender sobre o mundo (aspectos do

desenvolvimento no período de latência), o que seu EGO racionaliza

como um mero “nunca gostei de teoria porque sou uma pessoa que

gosta de fazer na prática”.

● Formação reativa: uma manifestação que fora recalcada, em virtude do

potencial sofrimento, é substituída por uma reação oposta, como forma

de lidar com a dificuldade em enfrentar esse sentimento. Por exemplo,

uma pessoa cruelmente violenta (inconscientemente reprimida) escolhe

uma profissão de cuidados com outras pessoas, adotando um

comportamento extremamente dócil.

● Sublimação: nesse mecanismo, as pulsões sexuais e as pulsões

potencialmente destrutivas são, por assim dizer, modificadas ou

sublimadas e, com isso, passam a adquirir uma realização positiva,

socialmente aceita pela sociedade. Por exemplo, uma energia pulsional

com potencial destrutivo é transformada pelo EGO em um trabalho

compulsivo ou uma obra artística (atividades que podem ter uma

utilidade social mas que, ao extremo, pode gerar compulsões como nas

pessoas viciadas em trabalho, workaholics).

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 55


Como todo o avanço no campo psicanalítico, certas denominações e
conceitos vão sendo complementados, alterados ou revistos, uma vez que
ideias ligadas a essa área do conhecimento vinham sendo pouco a pouco
elaboradas.

Como visto no módulo anterior do nosso Curso, Freud divide a neurose


em dois aspectos, as neuroses atuais (neurastenia e neurose de angústia) e
as psiconeuroses, também chamadas de neuroses de transferência (fobia,
histeria e obsessão).

Mais adiante Freud sugere uma neurose narcísica (remetendo ao


funcionamento psicótico), porém o conceito logo se perde dentro do quadro
neurótico, uma vez que pertence ao conjunto das psicoses.

Desse modo, é importante reforçar que, uma vez que a transferência é


o principal mecanismo para a análise clínica freudiana, somente as neuroses
de transferência (ou psiconeuroses) podem ser consideradas como passíveis
de análise pelo método freudiano.

Isso quer dizer que as neuroses seriam os transtornos psíquicos


mais tratáveis em psicanálise, se compararmos com as psicoses (estas mais
difíceis, em casos extremos, por não haver um “olhar de fora” do psicótico em
relação à sua dor psíquica). Ou seja, as neuroses (manifestas em seus
sintomas típicos como histerias, fobias, angústias, compulsões, pensamentos
obsessivos, manias, inibições e ansiedades) são aquilo que a psicanálise
(melhor) trata.

Apesar disso, há psicanalistas que entendem que a psicanálise pode


se aplicar também ao atendimento a psicóticos, ainda que em conjunto com
outros profissionais (psiquiatras, por exemplo), sendo o manejo considerado
distinto do manejo clínico com neuróticos.

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Falaremos da psicose mais adiante. E abordaremos os temas de
transferência, contratransferência e resistência em módulos posteriores de
nosso Curso. Em nossas lives do Curso de Formação (veja as gravações na
área de membros), tratamos também das estruturas neuróticas, psicóticas e
perversas, bem como dos diferentes manejos clínicos a pacientes nestas
condições. Esses assuntos são também abordados nos encontros da Etapa
Prática da Formação (que se inicia após você concluir os 12 módulos da Etapa
Teórica).

Cabe aqui a exploração mais cuidadosa das psiconeuroses, haja vista


que são marcadamente componentes da estrutura neurótica e, embora
contenham características e dinâmicas próprias, não podem ser isoladas, do
ponto de vista da clínica, mas sim entendidas como predominantes dentro da
subjetividade do indivíduo.

Nos capítulos seguintes, veremos as principais psiconeuroses.

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INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL)

● Artigo: Características de uma pessoa neurótica


● Artigo: O que é Neurose?

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2.1.1. Fobia

Também chamada por Freud de histeria de angústia (não confundir


com histeria de conversão), essa modalidade da neurose tem como tema
central a fobia, caracterizando-se por uma “combinação de pulsões, fantasias,
angústias, defesas do ego e identificações patógenas (...)” (ZIMERMAN, 1999,
p. 199).

Nesse sentido, a caracterização desse transtorno pode ser determinada


por vários aspectos, e seu grau de comprometimento pode ser tamanho que é
capaz de incapacitar ou paralisar o indivíduo dentro de suas ações.

Podendo ser facilmente se assemelharem ao quadro clínico relacionado


ao “pânico”, as fobias apresentam uma circunstância bem delimitada, um
objeto, local, cenário, contexto... Ao sujeito, bastaria evitar essas vivências para
que a angústia não imponha seu ímpeto. Já nos transtornos relacionados ao
pânico, a origem que desencadeia a crise não pode ser tão claramente
determinada.

Do ponto de vista etiológico (estudo da origem do transtorno), e


pensando nas fases de desenvolvimento psicossexual estudadas neste
capítulo, fica difícil discernir exatamente em que fase do desenvolvimento
psicossexual a fixação pode desencadear essa psicopatologia neurótica fóbica,
uma vez que vários critérios influenciam sua constituição.

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Contudo, há que se pensar, segundo ZIMERMAN (1999), que uma
possível e válida gênese da fobia estaria calcada nas experiências durante a
fase fálica e os conflitos edipianos.

De fato, é nesse contexto que o complexo de castração se mostra


evidente e, com isso, os representantes ligados aos processos de individuação
e identificação ficam comprometidos, podendo-se vincular às representações
fóbicas.

Soma-se a isso o sentimento vinculado ao desamparo e à angústia de


aniquilamento comumente verificados nessa fase fálica do desenvolvimento.
Um exemplo, por meio do processo primário (simbolização e deslocamento),
seria a associação do medo do escuro ao sentimento da perda da mãe e/ou de
seu amor.

Inevitavelmente, são as experiências subjetivas e a relação que a


criança tem com os sentimentos e vivências que lhe são proporcionadas que
vão contribuir para o desenvolvimento das fobias.

Às experiências potencialmente traumáticas nessa (ou em outras)


fase(s) podemos, ou não, atribuir um sentido, ou significado, como podemos
ver no exemplo:

“(...) se diante de um trovão em dias de chuva a mãe se apavora e cria um


cenário de terror em casa, com mil recomendações para os filhos, ela está
criando um excelente caldo de cultura para a construção de uma fobia. Se,
pelo contrário, essa mãe encarar o trovão com naturalidade e, melhor ainda,
puder explicar que ele sempre acompanha o relâmpago que resulta das leis da
natureza, quando ocorre o encontro de cargas eletromagnéticas positivas com
as negativas, e que o trovão vem depois do raio porque a luz se propaga com
uma velocidade muitíssimo superior que a do som, a criança fica tranquila, pelo
menos dessa fobia ela está livre, e, de “lambuja”, ainda fez um aprendizado.”
(ZIMERMAN, 1999, p. 201).

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Associe assim:

NEUROSES:

Grupo: FOBIA

Também chamada de
histeria de angústia.

O contato ou lembrança
de um objeto específico
causa reações fóbicas (de
medo), muitas vezes
inexplicáveis e
desproporcionais.

Fase de fixação principal:


fase fálica (angústia de
castração, aniquilamento
e desamparo).

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INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL)

● Artigo: Pequeno Hans: caso de fobia

Na área de membros, há também a gravação de várias lives de casos


tratados por Freud, inclusive casos relacionados a fobia (como este caso do
pequeno Hans).

2.1.2. Obsessão-compulsão

Notoriamente conhecida por neurose obsessiva (também chamada de


neurose compulsiva ou neurose obsessivo-compulsiva), dentro do meio
psicanalítico, essa psiconeurose constitui, juntamente à histeria, como um dos
principais quadros psicopatológicos dentro da clínica psicanalítica. No âmbito
da psiquiatria, é frequentemente nomeada como transtorno
obsessivo-compulsivo (TOC).

Tais quais outras formas de organização psíquica neurótica, a obsessão


apresenta diversos níveis de impacto na vida do indivíduo, passando desde a
compor a subjetividade por traços obsessivos, o que sadiamente pode
determinar características vistas socialmente como positivas, tais como
disciplina, ordem, respeito, moral e ética; até seu “aprisionamento” dentro da
constante repetição de rituais, obstinações, além de atos compulsivos sem
nunca acabar, incapacitando a vida do indivíduo.

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Não é uma classificação rígida, cada autor proporá distinções diferentes,
mas, a título de conjunto de exemplos, você pode pensar as manifestações
obsessivo-compulsivas como sendo:

● psíquicas: como os pensamentos obsessivos e ideias fixas;


● mente-corporais: como os vícios em álcool, cigarro e drogas; e
● rituais: como os excessos de organização ou a “certeza” de que certos
objetos devem ficar sempre em determinada posição, sob pena de
acontecer algo grave a si ou a outra pessoa.

ZIMERMAN (1999, p. 202) lembra o caso de “(...) uma jovem paciente,


internada, que estava com as suas mãos em carne viva de tanto que, o tempo
todo, lavava-as, esfregando nelas energicamente um sabão”.

Na obra Totem e Tabu (1913), Freud disse que o pensamento anímico


primitivo tem uma natureza obsessiva. Como “animismo” (a ideia de que tudo
tem anima, isto é, alma, até objetos minerais, e a crença de que tudo pode ser
controlado pelo pensamento dos indivíduos), Freud concebia a ideia de que
sujeitos nutriam hábitos e rituais obsessivos, acreditando que teriam influência
sobre o mundo exterior.

Por exemplo, o indivíduo crê que nutrir certos pensamentos ou alinhar


seus objetos pessoais de determinada forma irá alterar fatos físicos no mundo
exterior (trazer sorte, por exemplo). O animismo é um traço humano primitivo
ainda presente, tão forte quanto mais obsessivos seriam os sujeitos. Alguns
sujeitos poderiam se sentir culpados pela morte dos pais, pela crença na força
de algum pensamento hostil ou ambivalente que tenham tido em relação aos
pais (como após uma desavença) pudesse infligir mal a seus pais, apenas por
terem pensado.

Nesse sentido, é cabível entendermos que o conflito psíquico


encontra-se no acometimento de pensamentos obsessivos (que ocorrem de

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forma invasiva), sem a compreensão consciente desses pensamentos. Tal
conflito confronta o EGO (caráter egodistônico). Isso faria com que houvesse
uma mobilização, por meio de comportamentos compulsivos, com a intenção
de reparar esse conflito psíquico, uma vez que esses conflitos estariam
relacionados a conteúdos angustiantes (relativos a valores morais, sexuais,
traumáticos, entre outros) e que se encontrariam inacessíveis ao consciente.

Resumindo o que foi dito no parágrafo anterior:

1. Causa: pensamentos obsessivos que confrontam o ego;


2. Processo: não podem ser representados na consciência enquanto tais
(por serem angustiantes ou contrários à moral social, por exemplo);
3. Consequência: resultam em comportamentos compulsivos (como
rituais), como forma de dar vazão àquela energia potencialmente
angustiante.

Do ponto de vista etiológico (estudo da origem do transtorno), apesar


das imprecisões para determinar exatamente a fase de desenvolvimento
psicossexual atribuída às neuroses obsessivas, é, em geral, atribuída a uma
fixação na fase anal em que se organizaria essa estrutura
obsessivo-compulsiva.

É, de fato, um momento muito delicado para o EGO lidar com o


sentimento de ambivalência, de controle e, até mesmo, de uma relação
sadomasoquista interiorizada sob a forma de uma tensão entre EGO e
SUPEREGO cruel.

Com isso, é-nos permitido pensar que a estrutura organizada dentro das
experiências subjetivas da obsessão encontrar-se-á vinculada a marcas
provenientes de:

● Pais que imponham ao sujeito-filho(a) um superego demasiadamente


rígido e/ou punitivo;

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● Agressões ao EGO que não permitam o desenvolvimento de sua
capacidade de síntese ou entendimento de contradições;
● Estruturalmente, o EGO se vê em um conflito intra-sistêmico
(ID-EGO-SUPEREGO), uma vez que sofre, ao mesmo tempo, uma
imposição superegóica cruel e a pressão das demandas energéticas do
ID.

Associe assim:

NEUROSES:

Grupo: FOBIA Grupo: OBSESSÃO-


COMPULSÃO

Também chamada de Também denominada


histeria de angústia. neurose obsessiva, TOC,
obsessão, compulsão.

O contato ou lembrança Hábitos e rituais


de um objeto específico obsessivos, de natureza
causa reações fóbicas (de animista (acreditando que
medo), muitas vezes o pensamento individual
inexplicáveis e tem controle sobre o
desproporcionais. mundo exterior).

Fase de fixação principal: Fase de fixação principal:


fase fálica (angústia de fase anal (primeiras
castração, aniquilamento imposições de regras,
e desamparo). diferenciação com a mãe,
agressões ao Ego,
primeiros conflitos
ID-superego).

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INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL)

● Artigo: Transtorno Obsessivo-Compulsivo


● Artigo: Tipos comuns de Compulsão
● Artigo: Ambivalência na definição da Psicanálise

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2.1.3. Histeria

Reconhecidamente associada aos principais casos atendidos e


analisados por Freud na gênese da psicanálise, a histeria, também conhecida
como neurose histérica, é, talvez, a organização neurótica que mais chega
perto de uma “normalidade convencional”.

Assim como outras estruturas neuróticas, a histeria apresenta uma


ampla variação em seu espectro, caminhando desde traços histéricos na
personalidade, até acometimentos mais severos e limitantes à vida do sujeito.

Conceitualmente, a histeria evoluiu desde sua compreensão inicial.


Advinda do grego histeros, que significa útero, acreditava-se inicialmente que
as histéricas seriam portadoras de transtornos psicológicos que foram
acometidas por “maus espíritos” e, portanto, eram submetidas a rituais de
exorcismo por meio de tortura (ZIMERMAN, 1999).

Tanto pela crença de sua relação orgânica com o útero, quanto pela
repressão social às sexualidades do feminino, a histeria era associada como
um mal que acometia mulheres. Depois, em vez de somente “histéricas”,
passou-se a usar a designação “pessoas histéricas” ou “indivíduos histéricos”
(homens e mulheres), para se evidenciar que os fundamentos etiológicos da
histeria não eram restritivos às mulheres.

A influência do médico Jean-Martin Charcot sobre o tratamento das


histéricas possibilitou a Freud o desenvolvimento de técnicas de tratamentos

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para o tratamento dessa patologia. Como vimos no módulo anterior, no início o
tratamento era baseado em técnicas derivadas da hipnose (como a sugestão e
a catarse), mas que, gradualmente, foram abrindo mais espaço para a fala e o
diálogo entre analista e paciente, o que resultaria na associação livre, que é o
método freudiano definitivo.

Etiologicamente falando, a fixação libidinal para o acometimento


histérico estaria relacionado à fase fálica (ainda que tenha correspondentes na
fase oral e anal), atravessando, sobretudo, as questões edípicas. Nesse
sentido, o “trauma sexual” é vivenciado de maneira passiva (como vimos, de
maneira real ou fantasiosa).

Além disso, seria possível verificar um acentuado aspecto narcísico


(EGO excessivamente imponente) dentro da formação da sua personalidade,
o que resultaria em algumas consequências, tais como,

“Uma preferência da histérica em ser amada, ao invés de amar; logo,


um exagerado culto ao corpo. A escolha do homem seria conforme o
ideal do homem que ela gostaria de ser. A constante existência de uma
“inveja do pênis”; de onde se origina um “complexo de masculinidade”.
Que a mulher procuraria satisfazer por meio de algum filho; além de
outros aspectos afins” (ZIMERMAN, 1999, p. 208).

Como visto, a histeria apresenta um espectro vasto, sendo que os


quadros clínicos mais bem delimitados são a histeria de conversão e a
histeria dissociativa.

Na histeria de conversão, os conflitos psíquicos são “convertidos” no


soma (corpo), tanto nos órgãos do sentido (acometendo-se cegueiras, surdez,
entre outros), como no sistema nervoso (gerando-se contraturas musculares,
paralisia de membros etc.).

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Desse modo, dentro da organização psíquica, o corpo transparece, na
forma do sintoma, uma simbologia de seu conflito psíquico, tal qual ocorre nos
sonhos. Ou seja, o acometimento físico possui um ou mais representante(s) do
universo da psique.

“Um determinado sintoma conversivo pode conter muitos significados, como


pode servir de exemplo a tosse que acometia a célebre paciente Dora, e que
representava três aspectos: um simbolismo de sentimentos sexuais,
agressivos, narcisistas e melancólicos, uma forma de identificação com a tosse
da sra. K., sua rival sexual, e a aquisição de um ganho secundário”
(ZIMERMAN, 1999, p. 209).

Vale ressaltar, nesse momento, a ideia de ganho secundário. Esse


conceito pode ser lido como uma espécie de “vantagem” que o indivíduo
adquire uma vez que seu comportamento (em geral patológico) pode gerar
uma espécie de ganho positivo ou “recompensa”.

Então, ao mesmo tempo em que:

● haveria um sintoma,
● haveria também um ganho secundário.

O apego ainda que inconsciente a este ganho secundário resulta na


perpetuação da condição que está na base da histeria. E muitas vezes o sujeito
não relaciona que o ganho secundário tem a mesma base histérica do sintoma.
Então, apegar-se ao ganho secundário é um mecanismo inconsciente de
proteção ao sintoma. A terapia psicanalítica poderá atuar no reconhecimento
desses processos psíquicos.

Na histeria, por exemplo, o acometimento físico (sintoma) pode fazer


com que a pessoa receba (a título de ganhos secundários) cuidados extremos

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e/ou tenha a atenção e a complacência dos outros. Por trás dessa ação, a
necessidade/desejo de assumir o papel de vítima, que implora por atenção,
carinhos, cuidados; e, graças aos sintomas, essa realização é alcançada e
reforçada sendo, portanto, um ganho secundário ao sintoma.

Já a histeria dissociativa, como seu próprio nome diz, remete “ao fato
de que diversas representações distintas coexistem dentro do ego, dissociadas
entre si, e que emergem separadamente na consciência de acordo com
determinadas necessidades e circunstâncias” (ZIMERMAN, 1999, p.209).

Ou seja, o estímulo é sentido de uma maneira tamanha que atitudes


desconexas e que não apresentam certo “sentido lógico” (e, portanto,
dissociadas) levam a estados extremos de sensações de despersonalização,
ataques epiléticos, desmaios, entre outros.

Um exemplo claro e rotineiro poderia ser atribuído à fobia de barata.

A sensação repulsiva e asquerosa sentida é de uma magnitude tão


grande (e certamente advém de uma vivência passada, mantendo-se seu
representante inacessível ao consciente) que se sobe em uma cadeira, por
exemplo, e grita-se incessantemente, em um desespero, quase que
enlouquecedor, como se a ameaça fosse atentada à própria vida. Muitas vezes,
a vivência passada que está na origem de um “trauma” não teve uma barata,
mas, depois (no momento da fobia), assume o representante “barata”.

Do ponto de vista psiquiátrico, além do entendimento dessas histerias


(conversiva e dissociativa), compreende-se um conceito mais amplo,
abrangente, que aborda a ideia de transtornos, cada qual com suas
características específicas, tais como:

● transtorno de personalidade histérica,


● transtorno de personalidade infantil-dependente,
● transtorno de personalidade histriônica, entre outras.

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Essas nomenclaturas podem ser estudadas pelo psicanalista, sobretudo
para entender as demandas e “diagnósticos” trazidos pelos pacientes. Mas,
uma vez consideradas do ponto de vista médico, não serão aprofundadas
neste nosso Curso.

Associe assim:

NEUROSES:

Grupo: FOBIA Grupo: OBSESSÃO- Grupo: HISTERIA


COMPULSÃO

Também chamada de Também chamada de Também chamada de


histeria de angústia. neurose obsessiva, TOC, neurose histérica.
obsessão.

O contato ou lembrança Hábitos e rituais Tipos: histeria de


de um objeto específico obsessivos, de natureza conversão (somática) e
causa reações fóbicas (de animista (acreditando que dissociativa (sensações
medo), muitas vezes o pensamento individual de despersonalização,
inexplicáveis e tem controle sobre o ataques epiléticos,
desproporcionais. mundo exterior). desmaios).

Fase de fixação principal: Fase de fixação principal: Fase de fixação principal:


fase fálica (angústia de fase anal (primeiras fase fálica.
castração, aniquilamento imposições de regras,
e desamparo). diferenciação com a mãe,
agressões ao Ego,
primeiros conflitos
ID-superego).

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MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 74
INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL)

● Artigo: Transtorno de Personalidade Histriônica


● Artigo: Histeria: um percurso histórico
● Artigo: Três tipos de histerias

2.2. As psicoses

Uma ideia conceitual, e fundamental, para iniciarmos o entendimento


dessa organização psíquica para a Psicanálise, pode ser encontrada nas
palavras de Laplanche & Pontalis (1998).

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“Fundamentalmente, é numa perturbação primária da relação libidinal com a
realidade que a teoria psicanalítica vê o denominador comum das psicoses,
onde a maioria dos sintomas manifestos (particularmente construção delirante)
são tentativas secundárias de restauração do laço objetal” (LAPLANCHE &
PONTALIS, 1998, p. 390).

Nesse sentido, nos é permitido pensar que o principal conflito


encontra-se entre o EGO e a realidade. Ou seja, o EGO está tão
desorganizado e/ou fragmentado que há um sério comprometimento de seu
funcionamento. E, dentro de sua angústia, o EGO passa a ficar sob o domínio
do ID (já na neurose, o EGO não está fragmentado e busca conciliar as
exigências da realidade e satisfazer as pulsões do ID – conflito desejo x
defesa).

Na psicose, em razão dos desejos do ID, em um segundo esforço (o


delírio), o ID cria uma nova realidade, para que o sujeito possa suportar seu
sofrimento. Como o processo de criação dessa realidade não passou pelo nível
consciente, o psicótico toma o delírio como absolutamente real.

No tocante às definições conceituais, sob o ponto de vista psicanalítico,


as ideias ligadas à psicose apareceriam na obra Freudiana na alcunha de
parafrenia (certas psicoses delirantes crônicas que não traziam
comprometimento intelectual), num sentido que englobasse a paranoia e a
esquizofrenia, como posto em “Sobre o Narcisismo: uma introdução”, de
1914.

Outro termo que caiu em desuso, e que também fazia alusão às


estruturas psicóticas, é a neurose narcísica, que consistia em uma doença
mental que era caracterizada como a retirada da libido sobre o EGO.
(LAPLANCHE & PONTALIS, 1998).

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Vale ressaltar, nesse ponto, que dois importantes autores da psicanálise
dedicaram e investiram seu tempo em versar sobre a estrutura psicótica, cada
qual em seu percurso profissional e a sua maneira: Melanie Klein e Wilfred
Bion.

Dizemos, em linhas gerais, que a psicose é uma organização muito


primitiva (ou seja, relacionada a eventos e elaborações da primeira infância).
Isso nos implica pensar que, assim como os pontos de fixação abordados na
etiologia das neuroses, as experiências subjetivas e os eventos traumáticos
remetem às fases de desenvolvimento psicossexuais mais iniciais.

Não entraremos, como fizemos nas neuroses, na estratificação das


faixas etárias, pois há uma diversidade de entendimentos (variável pelo ponto
de vista e teoria de diferentes autores) sobre esses “momentos iniciais” e a
repercussão das experiências na formação da organização psicótica.

Fato é que, retomando a ideia central do conceito, sobretudo sob a ótica


freudiana, existem duas etapas dentro do processo da organização
psicótica.

● Em um primeiro momento há um distanciamento do EGO, graças aos


estímulos vividos, da realidade; esse distanciamento tem como
motivação inconsciente evitar o contato com essas sensações ou
sentimentos angustiantes (e inomináveis);
● Em um segundo momento, como forma de reparar esse distanciamento
e atribuir alguma representação a esta energia psíquica, o ID é
responsável por proporcionar uma nova possibilidade de vivência
com a realidade que o cerca, criando, portanto, uma nova realidade.

Tal qual a neurose, a psicose também se encontra “espalhada” sobre um


grande espectro de manifestações, tanto da personalidade (pensando em
formas de funcionamento psíquico), como psicopatológicas (sintomáticas).
Nesse sentido, sob a perspectiva clínica, é possível compreendê-la em três

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 77


subcategorias: os estados psicóticos, as condições psicóticas, as psicoses
propriamente ditas (ZIMERMAN, 1999).

Vejamos esta distinção entre esses três grupos, na proposição feita por
ZIMERMAN (1999):

● Na compreensão dos estados psicóticos, podemos pensar que seriam


pessoas que apresentam uma relativa capacidade de adaptação com o
mundo exterior. Estão, portanto, mais “próximas” à neurose, o que nos
faz entender que algumas “áreas” da estrutura egóica estão
preservadas.

É o caso, por exemplo, dos pacientes conhecidos como borderline, ou


seja, aqueles que se encontram numa condição limítrofe, quase como em uma
fronteira entre as neuroses e as psicoses. Como as neuroses são os
transtornos-objeto por excelência da terapia psicanalítica, é possível pensar
que esses pacientes na fronteira entre neurose e psicose sejam mais
acessíveis ao tratamento psicanalítico do que outros psicóticos propriamente
ditos.

● Nas condições psicóticas, os pacientes mantêm, em sua estrutura,


alguns “núcleos psicóticos”. Isso implica compreender que há uma
organização mais elaborada em que o paciente se mostra
aparentemente bem adaptado ao meio social.

Contudo, devido à presença considerável desses núcleos psicóticos, há


uma tendência a recorrer a mecanismos mais primitivos (de ordem psicótica),
quando se estabelece uma angústia ou uma ansiedade.

Wilfred Bion denominou essas condições como sendo “parte psicótica


da personalidade”, ou seja, determinados comportamentos e/ou defesas
psicóticas podem compor a personalidade do sujeito, deixando-o suscetível a
crises dessa ordem.

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 78


● Por fim, nas psicoses propriamente ditas, temos toda a organização
psíquica calcada nesse modelo psicótico. Tal qual a neurose, podemos
compreendê-la como sendo dotada de mecanismos de comunicação e
linguagem com o mundo externo, além de mecanismos de defesas
próprios, justamente para que seja possível lidar com as ameaças ao
EGO.

Dentro da clínica, sob o ponto de vista psicanalítico (principalmente


pensando em Freud), podemos elencar três organizações específicas ou
subestruturas psicóticas: a esquizofrenia, a paranoia e a melancolia (e
sua condição maníaco-depressiva)

Nesse sentido, podemos compreender, assim como a fase de


organização psíquica da psicose, que os mecanismos de defesa são
igualmente primitivos, e mobilizam com mais intensidade, por assim dizer, a
demanda que deve ser suportada pelo frágil EGO.

Dentre os mecanismos de defesa primitivos relacionados às


psicoses, estão:

● Forclusão (repúdio): conceito introduzido pelo psicanalista francês


Jacques Lacan, é, talvez, um dos mecanismos mais primitivos de
defesa, na qual há uma “negação extensiva à realidade exterior e
substituí-la pela criação de uma outra realidade ficcional” (ZIMERMAN,
1999, p. 128). Está relacionada à alucinação, uma vez que os conteúdos
representativos (significantes, em Lacan) não foram integrados ao
inconsciente do sujeito e, portanto, alucina-se, como forma de
preenchimento da ausência angustiante.

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 79


● Recusa: também compreendida como um processo de negação, essa
defesa, “menos agressiva” que a forclusão, é realizada de modo parcial
pelo EGO. Ou seja, seria uma negação feita por uma das partes da
estrutura egóica. Isso implica compreender que o sujeito nega o
entendimento da verdade, mas compreende que, bem no seu âmago,
ela existe. É uma defesa que acomete tanto a estrutura psicótica como a
perversa, especialmente dentro do fetichismo.

● Dissociação: é uma defesa resultante da combinação de uma


onipotente capacidade do EGO em realizar dissociações, no sentido de
romper com determinadas pulsões, objetos, afetos e, também, partes do
próprio EGO. A partir desse movimento do sujeito, essa defesa segue na
forma de projeção, introjeção, idealização ou identificação projetiva,
como veremos a seguir.

● Projeção: graças à dissociação, os sentimentos, qualidades, desejos do


sujeito e que são desconhecidos ou recusados por ele são expulsos de
si e depositadas em outro objeto (pessoa ou coisa). É muito comum
pessoas atacarem alguém, por exemplo, de forma extremamente
autoritária, quando na verdade, há uma negação dessa sua
característica e o reconhecimento dela no outro.

● Introjeção: como forma de não sentir as angústias e todo mal que há


dentro do sujeito (de maneira representativa), ocorre uma introjeção
(movimento de fora para dentro) de conteúdos extremamente bons,
como forma de se defender das ameaças dos objetos internos ruins.

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 80


● Idealização: na tentativa de defender o psiquismo do desamparo e da
impotência que foram vividos e registrados inconscientemente, há um
processo de idealização de si em suas instâncias ideais, ideal do ego e
ego ideal (conceitos que serão discutidos mais amplamente quando
tratarmos do narcisismo); ou a idealização do outro. Desse modo, parte
do EGO ou do outro são extremamente enaltecidas, como forma de
suprimir o sentimento angustiante do abandono e da fragilidade.

● Identificação projetiva: conceito cunhado por Melanie Klein, trata-se de


um mecanismo fantasmático de projeção dos conteúdos intoleráveis e
que introduz sua própria pessoa, parcial ou totalmente, no interior do
objeto (o outro), na tentativa de lesá-lo, possuí-lo ou controlá-lo. Nesse
sentido, não haveria diferenças entre o sujeito e o objeto, entre a
realidade externa e interna. O indivíduo psicótico nesta condição passa
a se identificar por completo com outra pessoa ou coisa (por isso,
“projetiva”: projeta-se em outro ser).

A seguir, vamos detalhar os três tipos de psicoses, ou as três


sub-estruturas psicóticas: esquizofrenia, paranoia e melancolia
(maníaco-depressivo).

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INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL)

● Artigo: Diferenciando Neuroses e Psicoses


● Artigo: Transtorno Dissociativo de Identidade
● Artigo: Sete conceitos fundamentais de Lacan

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2.2.1. Esquizofrenia

O termo esquizofrenia advém do grego, cujo significado está em clivar


(dividir) o espírito. É, portanto, uma subjetividade caracterizada pelo movimento
de dissociação, na qual há

“(...) a incoerência do pensamento, da ação e da afetividade (designada pelos


termos clássicos discordância, dissociação, desagregação), o afastamento da
realidade com um dobrar-se sobre si mesmo e predominância de uma vida
interior entregue às produções fantasísticas (autismo), uma atividade delirante
mais ou menos acentuada e sempre mal sistematizada” (LAPLANCHE &
PONTALIS, 1998, p. 158).

incoerência do incoerência da incoerência da


pensamento ação afetividade

discordância dissociação desagregação

A esquizofrenia é parte, portanto, de uma estrutura psíquica bastante


regredida, que tem sua etiologia marcada pelas fases psicossexuais mais
iniciais da vida.

Como posto, alguns autores dedicaram, mais do que Freud, a investigar


sobre a subjetividade psicótica e a esquizofrenia, o que implica pensarmos em
diferenças, tanto de organização psíquica como na prática clínica.

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Algumas ideias trazidas por Wilfred Bion podem ajudar a compreender
melhor alguns mecanismos das psicoses, a exemplo da existência de uma
poderosa pulsão destrutiva (pulsão de morte) dirigida ao próprio sujeito,
fazendo emanar uma intensa angústia de aniquilamento, termo este cunhado
por Melanie Klein e que remete à angústia experienciada pelo bebê ao se
deparar com a pulsão de morte; seria, assim, a primeira angústia vivida pela
criança.

Ainda nesse sentido, verifica-se um grande ódio ou repúdio à


realidade, tanto interna como externa. A psique “prefere” (numa esfera
inconsciente) manter-se imersa em um mundo de ilusões, escolhendo os
estados ilusórios à constituição de vínculos.

Com isso, há uma perda na discriminação do que é real e do que é


“falso”, tanto do próprio Eu, como de tudo que está fora dele.

A exemplo de quando o esquizofrênico alucina (ouve vozes não


presentes ou vê coisas não presentes, por exemplo), como pensar que essa
experiência não é real ao esquizofrênico?

Cabe ainda pensarmos na dificuldade no processo de simbolização,


ou seja, uma dificuldade no processo do pensamento / conhecimento /
linguagem, na qual o universo simbólico não seria devidamente organizado,
adquirindo-se, portanto, uma literalidade no entendimento das coisas. Nesse
sentido, haveria uma dificuldade em simbolizar; tudo ao esquizofrênico se
apresenta terrivelmente real e literal.

Por exemplo, ao pensarmos na expressão “chover canivete”, para a


estrutura neurótica, em geral, há um entendimento de uma simbolização de
algo muito improvável de acontecer; porém, para os psicóticos pensar essa
estrutura seria acreditar que, de fato, canivetes poderiam cair do céu, de
maneira literal.

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Obviamente que este é apenas um exemplo do funcionamento real e
literal; este funcionamento varia a depender da profundidade da condição
psicótica. Inclusive, é possível que alguns contextos ou expressões de
determinados campos semânticos não sejam necessariamente vistas na sua
literalidade, enquanto outras expressões ou campos semânticos sim.

A literalidade no psicótico se manifesta também em relação ao seu


próprio Eu. Veja que:

● No neurótico, haveria a possibilidade de um “olhar de fora”, que


permitiria uma autocrítica, uma redução das resistências, um
fortalecimento da relação transferencial com o analista. Tudo isso por
haver uma percepção de que algo inconsciente pode ser descoberto (ou
elaborado) em terapia psicanalítica. Haveria a possibilidade do duplo
sentido, como na linguagem literal / figurada.
● No psicótico, não haveria este “olhar de fora”. O psicótico muitas vezes
“é aquilo que é”, ou seja, lê a si mesmo em toda a literalidade, um
aspecto que (quando extremo) pode dificultar a clínica psicanalítica,
fazendo com que o manejo do psicanalista muitas vezes seja o de
“entrar no jogo” do delírio real do psicótico para, aos poucos, permitir ao
paciente uma melhora no sentido de uma elaboração mais exterior.

Associe assim:

PSICOSES:

ESQUIZOFRENIA

Especificidade: clivagem ou
divisão; subjetividade
marcada pela dissociação.

Pulsão de morte ou
angústia de aniquilamento,
que torna insuportável a
pessoa conviver com a

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realidade. O ID cria uma
realidade alternativa, que
pode ser acompanhada de
alucinações.

Fase de fixação principal:


fases iniciais (oral e anal).

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INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL)

● Artigo: O que é Esquizofrenia?

2.2.2. Paranoia

Nessa sub-estrutura psicótica, temos uma organização mais ou menos


sistematizada, ou seja, pelo predomínio da interpretação e pela ausência de
enfraquecimento intelectual, quando comparada, por exemplo, à esquizofrenia.

O delírio e a distorção na interpretação dos estímulos externos,


vivenciando-os de maneira diferentes (perda de contato com a realidade), é
uma característica bastante presente nos paranoicos, tal como aponta Freud
nos delírios de perseguição, ciúme e grandeza, entre outros (LAPLANCHE &
PONTALIS, 1998).

Nesse sentido, é comum, nos momentos de crise, que o delírio acometa


o paranoico, no sentido de despertar e acentuar suas ansiedades. Por
exemplo, no delírio de perseguição, o sujeito tem a convicção de que está
sendo perseguido constantemente por alguém com interesse de observá-lo ou
de matá-lo.

Nos delírios de grandeza, o sujeito sente-se e acredita ser a pessoa


mais importante do mundo, sendo sua existência essencial para a humanidade.

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Muitas das excitações psíquicas exageradas chamadas de manias (como a
megalomania) podem integrar esse tipo de delírio.

Associe assim:

PSICOSES:

ESQUIZOFRENIA PARANOIA

Especificidade: clivagem Especificidade: maior


ou divisão; subjetividade sistematização em
marcada pela dissociação. comparação com
esquizofrenia.

Pulsão de morte ou Delírios (perseguição,


angústia de ciúme, grandeza),
aniquilamento, que torna distorção na interpretação
insuportável a pessoa dos estímulos externos,
conviver com a realidade. vivenciando-os de
O ID cria uma realidade maneira diferentes (perda
alternativa, que pode ser de contato com a
acompanhada de realidade).
alucinações.

Fase de fixação principal: Fase de fixação principal:


fases iniciais (oral e anal). fases iniciais (oral e anal).

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INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL)

● Artigo: Esquizofrenia paranoide

2.2.3. Melancolia (maníaco-depressivo)

No ano de 1917, Freud escreve o célebre texto “Luto e Melancolia”, no


qual discorre sobre essas temáticas, conceituando-as e assinalando suas
convergências e divergências.

Há um entendimento de que, nos quadros melancólicos, segundo


Freud, “a sombra do objeto cai sobre o ego”. Isso nos permite compreender
que há uma identificação com determinado objeto (pessoa, situação,
experiência) de tal maneira que o sujeito sente esse objeto como parte de
si.

Por isso, Freud diz que é a sombra do objeto (aquilo que o sujeito extrai
psiquicamente deste objeto), não o próprio objeto. Essa sombra “cai sobre o
ego”, embaralhando-se com o ego, ou seja, constituindo-o também.

Ou seja, ao invés de estabelecer uma relação de investimento objetal


(forma natural de se relacionar com pessoas e situações, reconhecendo o
mundo como “exterior”), há uma profunda identificação do melancólico com o

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objeto externo causador da melancolia. Esse objeto é incorporado como se
fosse parte do ego.

Por exemplo, em uma relação mãe-filho, as falhas presentes na


construção do sujeito (filho) foram tão grandes e arcaicas que, fatalmente, ele
precisará de outro para realizar suas funções egoicas, criando-se, por
identificação, certa simbiose com esse objeto (mãe).

Nesse sentido, quando há a perda desse objeto, em nosso exemplo a


mãe, parte do EGO também se vê perdido, ocasionando seu enfraquecimento
e empobrecimento. Esse contexto acarreta uma profunda e angustiante dor ao
sujeito-filho, como se partes de si também morressem. Essa perda é
elaborada, portanto, como um estado melancólico.

A melancolia é investir em outro (pessoa ou coisa) parte de si; e, na


perda ou impossibilidade de realizar-se neste outro, o sujeito melancólico
sente-se perdendo parte de si mesmo. Veja que há uma “distorção da
realidade” neste “morrer junto” (“morreu parte de mim”) ao perder este objeto.

Desse modo, de maneira inconsciente, o sujeito não sabe o que se


perdeu nesse processo (da perda do objeto) e, com isso, entra em um profundo
desânimo e inibição da realidade, a perda da capacidade de amar, e um
desinteresse generalizado pelo mundo externo, buscando, em casos extremos,
o suicídio.

Além disso, volta-se ao ego uma constante força de auto-recriminação,


como se a própria pessoa fosse culpada pela perda do objeto.

Ainda nesse contexto, para avançarmos no entendimento da estrutura


psicótica, é preciso conceituarmos algumas ideias, propostas por Freud,
justamente para que possamos compreender a dinâmica do sujeito
melancólico.

Cabe então compreendermos a ideia de ideal do ego (ou ideal do eu):


“formação intrapsíquica relativamente autônoma que serve de referência ao

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ego para apreciar as suas realizações afetivas” (LAPLANCHE & PONTALIS,
1998, p. 222).

Sua origem está na convergência do narcisismo secundário (retorno


ao ego da libido retirada dos seus investimentos objetais).

Isso nos permite pensar que, tal qual o superego, instância reguladora
pelo castigo, o ideal do ego se caracterizaria por uma instância, também
balizadora, mas que carrega em si as bases e referências para a construção de
imagens e modelos ideais de desenvolvimento, como uma referência
inatingível.

Superego Ideal do Ego

Castigos e sanções Padrões e modelos ideais

Aspecto essencialmente negativo (o Aspecto essencialmente positivo


que não se deve fazer) (ideal de como se deve ser)

A melancolia é, em si, o que Freud chamou (mas que logo perdeu-se


como conceito) de neurose narcísica, denotando uma dificuldade ou
impossibilidade de transferência libidinal. Isto é, a libido volta-se em favor do
próprio sujeito narcisista, não se externaliza. O melancólico concentra-se em si
(na perda do objeto cuja sombra introjetou); e, com isso, desvirtua sua
compreensão e relação com a realidade.

Em termos de dinâmica das instâncias psíquicas, podemos


compreender a organização melancólica como sendo um conflito entre o EGO
e o IDEAL DO EGO.

Nos processos depressivos, temos que o ego se subjuga ao ideal do


ego (ou seja, o ego quer obrigar o sujeito a alcançar este ideal), deixando o
sujeito com baixa autoestima, sentimentos de culpa e frustração, alto nível de

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exigência consigo próprio, sentimento de perda de amor e de que seus desejos
são inalcançáveis.

Por outro lado, quando ocorre o contrário, isto é, quando o ideal do ego
se subjuga ao ego, há uma supervalorização egóica como se o sujeito fosse
superior a todos. Busca, portanto, aceitação, prestígio e necessidade de
grandeza.

Desse modo, no estado conhecido como maníaco-depressivo, há uma


alternância desses dois estados, por meio da disputa conflituosa entre o ego e
o ideal do ego. Ou, ainda, na linguagem psiquiátrica, há o que se chama de
transtorno de personalidade bipolar.

● Quando o ego se submete ao ideal do ego, isso significa que o ideal


do ego é maior que o ego: a frustração do inalcançável gera a condição
depressiva;
● Quando o ideal do ego se submete ao ego, o ego é maior que o ideal
do ego (como se o ideal já tivesse se tornado realidade): ocorre outro
tipo de frustração (por não ser enaltecido por todos) que também gera a
condição de excitação psíquica excessiva (maníaca).
● Na condição maníaco-depressiva, há uma alternância entre esse
estados, comumente designada como bipolaridade.

Associe assim:

PSICOSES:

ESQUIZOFRENIA PARANOIA MELANCOLIA

Especificidade: clivagem Especificidade: maior Especificidade:


ou divisão; subjetividade sistematização em sentimento profundo de
marcada pela dissociação. comparação com tristeza na perda ou
esquizofrenia. possibilidade de perda de
algo ou alguém.

Pulsão de morte ou Delírios (perseguição, Profunda identificação do


desejo de aniquilamento, ciúme, grandeza), melancólico com um

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que torna insuportável a distorção na interpretação objeto externo, que é
pessoa conviver com a dos estímulos externos, incorporado como se
realidade. O ID cria uma vivenciando-os de fosse parte de si. O
realidade alternativa, que maneira diferentes (perda indivíduo toma parte de
pode ser acompanhada de contato com a outra coisa/pessoa como
de alucinações. realidade). sendo a si próprio. A
tristeza advém da perda
ou possibilidade de perda.

Fase de fixação principal: Fase de fixação principal: Fase de fixação principal:


fases iniciais (oral e anal). fases iniciais (oral e anal). fases iniciais (oral e anal).

INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL)

● Artigo: Conceito de Narcisismo


● Artigo: Relações entre Psicose e Depressão
● Artigo: As Fases do Luto
● Artigo: Luto e Melancolia segundo Freud

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2.3. As perversões

Esse conceito, ao longo da história, sofre inúmeras modificações


enquanto entendimento dentro da área da Psicanálise.

O que Freud define e tenta elaborar enquanto constructo da perversão


se refere a desvios sexuais que fogem àquilo dito como “normal”. O “normal”
para um aparelho psicossexual dito “maduro” na fase genital, como vimos,
seria a obtenção do orgasmo a partir do coito genital (pênis-vagina), como
forma de obtenção de prazer. Ou seja, todas as relações e prazeres da
sexualidade que não envolvessem o coito pênis-vagina eram consideradas
perversões.

Sendo assim, como posto, o orgasmo (satisfação/prazer) na perversão


poderia estar vinculado a:

● outros objetos sexuais, tais como a homossexualidade, a pedofilia, o


voyeurismo, entre outros;
● outras zonas corporais, a exemplo do coito anal;
● e, também, quando a obtenção de prazer está subordinada de forma
imperiosa a determinadas situações externas, como o fetichismo, o
exibicionismo, o sadomasoquismo, entre outros (LAPLANCHE &
PONTALIS, 1998).

Desse modo, a ideia de perversão foge ao senso comum do que


entendido atualmente como perversidade, uma vez que a perversão é

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entendida como uma estrutura psíquica própria, tais quais as neuroses e
psicoses.

Ou seja, existe, na perversão, um modo de se relacionar com o mundo,


de estabelecer relações, de apresentar modos de sofrer (ou de fazer sofrer), e,
também, modos de obtenção de prazer.

Sendo assim, é uma estrutura psíquica dentro da clínica psicanalítica


responsável por organizar a personalidade do sujeito. Diferentemente da ideia
que “perversidade” carrega, no sentido de uma ideia de conceito moral, que,
em suas atitudes, são repudiadas enquanto pactos/leis sociais.

Uma ideia incutida por Freud traz a noção de que “as neuroses são,
por assim dizer, o negativo das perversões” (FREUD, 1905, p. 168). Essa
ideia surge como forma de compreender a relação de ambas as estruturas
psíquicas com a obtenção de satisfação.

● O neurótico, através do ego, representa um comportamento hesitante


entre atender as pulsões do ID ou prender-se às exigências do
ambiente, e pode acabar reprimindo/recalcando as ideais angustiantes
ou a sua ordem desejante.
● O perverso realiza, de fato, seu desejo (sexual) sem sentimento de
culpa.

Onde o neurótico se culpa (ao realizar ou ao não realizar), o perverso


goza (realiza).

O perverso é, portanto, capaz de saber o que quer (o que lhe dá prazer)


e assim realizá-lo sem culpas, enquanto, para o neurótico, esse desejo de
satisfação acaba por ser reprimido ou realizado sob a égide da culpa.

Não é incomum a admiração do neurótico pelo perverso, uma vez que é


possível ver, na figura do outro, a realização literal do seu desejo recalcado.

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Por outro lado, quando o ego cede majoritariamente às pulsões do ID e
minimiza as regras do superego (aspectos típicos da perversão), isso pode
ensejar um comportamento visto como arredio à dinâmica social, quando, por
exemplo, uma pessoa atenta contra a vida de outra, ou impõe a outra pessoa
uma relação sexual não consentida.

Já mais amadurecido nas investigações acerca dessa temática, Freud


escreve “O Fetichismo”, em 1927, estabelecendo a ideia de uma gênese para
o funcionamento psíquico da perversão.

A perversão estaria ligada, sobretudo, às defesas de renegação (ou


recusa) vinculadas à angústia de castração. Nesse sentido, haveria uma
recusa perceptível, uma recusa de saber reconhecer a ausência do falo no
outro (representada pela ideia do corpo da mãe, na qual, simbolicamente,
haveria a ausência do pênis/falo).

E, na dificuldade de elaborar esse entendimento simbólico, o perverso


colocaria, nesse lugar, outra forma de subjetivação, que seria o fetiche. O
fetiche é tomar um objeto inanimado como objeto protagonista de seu prazer.
Sendo assim,

“(...) o sujeito sabe que a mulher não tem pênis; no entanto, para negar a sua
fantasia de que esta falta deve-se a uma castração que, de fato, tenha
ocorrido, ele renega a verdade com um pensamento tipo “não, não é verdade
que a mulher não tem pênis” e reforça essa falsa crença com a criação de
algum fetiche, como pode ser uma adoração por sapatos, etc.” (ZIMERMAN,
1999, p. 128).

Ou seja, como forma de negar/recusar essa angústia, o perverso tende


a precisar do outro para que sua organização, sobretudo no sentido do prazer,
se constitua de maneira satisfatória.

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Contudo, esse lugar que o outro assume não está integrado, mas sim
submetido ao funcionamento de pulsões parciais. Desse modo, a exemplo do
fetichismo, a busca de prazer está vinculada a parcialidades, como ocorre com
aqueles que são capazes de sentir prazer na relação com os sapatos de outra
pessoa.

Vale ressaltar, nesse ponto, um conceito importante e que considera a


fase de desenvolvimento psicossexual: toda criança é uma perversa
polimorfa.

Isso implica pensarmos que a busca por satisfação na criança está


vinculada às parcialidades, como posto, conforme o capítulo das fases de
desenvolvimento psicossexual, ora a erotização está na boca, ora no ânus, e
assim por diante.

Do ponto de vista da estruturação clínica, a perversão pode ser dividida,


também, em sub-estruturas, que apresentam relações específicas com as
formas de organização e relacionamento com o outro, sobretudo na busca pelo
prazer.

São tipos principais de perversão: o fetichismo, o sadismo e o


masoquismo.

Existem outras assim chamadas “parafilias”. Essas três (fetichismo,


masoquismo e sadismo) são consideradas as principais para os estudos
freudianos.

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INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL)

● Artigo: Complexo de Castração e a Moral em Freud


● Artigo: O que são Perversões?

2.3.1. Fetichismo

O fetichismo pode ser relacionado, como verificamos, a uma produção


proveniente da recusa da angústia de castração.

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Relembrando, no Complexo de Édipo (fase fálica), o sujeito deseja a
mãe e rivaliza com o pai. Porém, por receio de ser punido (o que é simbolizado
pela angústia de castração, isto é, o medo de que o pai, mais forte, penalize o
sujeito com a perda do pênis), o sujeito supera esta fase, seguindo para um
período de latência. O perverso se recusaria a aceitar a possibilidade da
castração, e sua forma de enfrentar é imaginar que objetos inanimados possam
estar no lugar das zonas erógenas.

A dificuldade dessa elaboração na fase fálica, perceptível com a


diferença dos sexos (presença e ausência do falo), é evidenciada e vivenciada
como uma experiência de horror, uma vez que a possibilidade da castração é
real e sentida tal qual a perda de seu objeto de amor (mãe), assim como seu
pênis.

“O horror da castração ergueu um monumento a si próprio na criação deste


substituto, fazendo do fetiche um indício do triunfo sobre a ameaça da
castração e uma proteção contra ela... Na vida posterior, o fetichista sente
desfrutar de ainda outra vantagem de seu substituto de um órgão genital. O
significado do fetiche não é conhecido por outras pessoas, de modo que não é
retirado do fetichista; é facilmente acessível e pode prontamente conseguir a
satisfação sexual ligada a ele. Aquilo pelo qual os outros homens têm de
implorar e se esforçar pode ser tido pelo fetichista sem qualquer dificuldade.”
(FREUD, 1927)

Nesse sentido, essa simbolização não é realizada na estrutura do


perverso, fazendo com que outra “coisa” assuma o lugar desse objeto de
desejo.

Considerando a ideia de “pulsões sexuais parciais” para a obtenção do


prazer, seja o fetiche por objetos (peças íntimas, roupas diferenciadas, entre
outros), por partes do corpo (mãos, pés, nádegas...) ou ainda por situações
extrínsecas (como o voyeurismo ou observação, o exibicionismo, entre outros).

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A partir da ideia do fetichismo, é possível compreendermos as outras
duas modalidades clínicas da perversão.

● Quando o sujeito assume-se, digamos, “o lado” do fetichismo (ele sendo


“coisa”), temos uma organização masoquista (gosta de ser submetido)
e,
● Ao contrário, quando o outro assume essa posição de “coisa”, temos,
portanto, o sadismo (o indivíduo gosta de submeter o outro).

Veremos mais sobre o sadismo e o masoquismo a seguir.

Associe assim:

PERVERSÕES:

FETICHISMO

Especificidade: fixação
parcial do objeto do
prazer, em objetos
inanimados ou partes não
genitais do corpo.

Fetiche por objetos (peças


íntimas, roupas
diferenciadas etc.), por
partes do corpo (mãos,
pés etc.) ou ainda por
situações extrínsecas
(como o voyeurismo e o
exibicionismo).

Fase de fixação principal:


fase fálica (o fetichismo é
uma forma de negar o
medo da castração,
concebendo que coisas
podem assumir o lugar
das zonas erógenas).

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INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL)

● Artigo: Fetichismo e outras parafilias


● Artigo: Psicoses, Neuroses e Perversões

2.3.2. Sadismo

Nessa organização específica da perversão, a outra pessoa é objeto do


fetiche e, para tanto, o sádico terá sua satisfação/prazer alcançada por meio do
sofrimento ou humilhação dirigida a outra pessoa.

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De maneira fantasiosa, trata-se do desejo de dar vazão a uma pulsão
sexual que vai na direção da dominação, de admitir-se como posse e/ou a
submissão à força.

Associe assim:

PERVERSÕES:

FETICHISMO SADISMO

Especificidade: fixação Especificidade: fixação


parcial do objeto do parcial do objeto do
prazer, em objetos prazer, focando na
inanimados ou partes não satisfação em impor
genitais do corpo. sofrimento ao outro.

Fetiche por objetos (peças Pode ser entendido como


íntimas, roupas uma derivação do
diferenciadas etc.), por fetichismo, em que a
partes do corpo (mãos, satisfação sexual é
pés etc.) ou ainda por alcançada com o
situações extrínsecas sofrimento do parceiro.
(como o voyeurismo e o
exibicionismo).

Fase de fixação principal: Fase de fixação principal:


fase fálica (o fetichismo é fase fálica.
uma forma de negar o
medo da castração,
concebendo que coisas
podem assumir o lugar
das zonas erógenas).

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INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL)

● Artigo: O que é Sadismo?

2.3.3. Masoquismo

O masoquismo, por sua vez, está ligado à ideia do sofrimento e


humilhação aos quais o sujeito masoquista se submete como forma de
obter seu próprio prazer. Ou seja, é uma busca de prazer por meio de um
aparente “desprazer”. Assumir a posição de dominado, de quem sofre a dor
para, assim, sentir prazer sexual.

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Associe assim:

PERVERSÕES:

FETICHISMO SADISMO MASOQUISMO

Especificidade: fixação Especificidade: fixação Especificidade: fixação


parcial do objeto do parcial do objeto do parcial do objeto do
prazer, em objetos prazer, focando na prazer, focando na
inanimados ou partes não satisfação em impor satisfação em receber um
genitais do corpo. sofrimento ao outro. sofrimento, imposto por
outra pessoa.

Fetiche por objetos (peças É o inverso do É o inverso do sadismo.


íntimas, roupas masoquismo. Pode ser Pode ser entendido como
diferenciadas etc.), por entendido como uma uma derivação do
partes do corpo (mãos, derivação do fetichismo, fetichismo, em que a
pés etc.) ou ainda por em que a satisfação satisfação sexual é
situações extrínsecas sexual é alcançada com o alcançada quando o
(como o voyeurismo e o sofrimento do parceiro. parceiro impõe ao
exibicionismo). masoquista um
sofrimento.

Fase de fixação principal: Fase de fixação principal: Fase de fixação principal:


fase fálica (o fetichismo é fase fálica. fase fálica.
uma forma de negar o
medo da castração,
concebendo que coisas
podem assumir o lugar
das zonas erógenas).

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INDICAÇÃO DE LEITURA (OPCIONAL)

● Artigo: O que é Masoquismo?

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INDICAÇÃO DE LEITURA

Algumas indicações contam com links disponíveis (leituras opcionais).

Para fins de estudos para o Curso, algumas obras não seriam para leitura
completa, mas apenas recomendações dos capítulos ou das páginas indicadas
abaixo.

1) Freud. Primeiras publicações psicanalíticas (1893-1899) – VOLUME III.

Ler texto: A sexualidade na etiologia das neuroses (1898).

Clique aqui para ler, ou acesse https://goo.gl/WPoeGz

2) Freud. O futuro de uma ilusão (1927-1931) – VOLUME XXI

Ler texto: Fetichismo (1927).

Clique aqui para ler, ou acesse https://goo.gl/2pfXnf

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3) Artigo: A psicopatia a partir da Psicanálise: desmistificando a mídia
(2015).

Clique aqui para ler, ou acesse https://goo.gl/AhS4pQ

4) Artigo: Melancolia e Depressão: Um estudo psicanalítico (2014).

Clique aqui para ler, ou acesse https://goo.gl/iBhcsU

5) Filme: Melhor é impossível (1997).

Não encontramos o filme disponível no Youtube ou em outras plataformas


abertas de vídeo. O filme é opcional, portanto. Ainda assim, recomendamos que
o aluno o encontre em site de filmes ou em aplicativos de streaming.

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3. Resumo

Resumo dos quadros esquemáticos apresentados neste Módulo.

I. FASES DO DESENVOLVIMENTO DA LIBIDO (OU DESENVOLVIMENTO


PSICOSSEXUAL)

Fase Idade aprox. Zona erógena Sinais adultos de regressão

Oral 0 a 2 anos Boca Hábitos ligados à boca (falar, comer,


beber, fumar), dependência, medo do
desamparo, baixa tolerância à
frustração.

Anal 2 a 3 anos Esfíncteres que Ambivalência (amor/ódio),


controlam fezes e competitividade excessiva, desejo de
urina controle e manipulação, desejo de
acumulação de posses, neuroses
obsessivo-compulsivas.

Fálica 3 a 5 ou 6 Falo / Fase de Fixar-se nas fases oral ou anal é um


anos reconhecimento sinal de uma fase fálica (e um Complexo
dos órgãos de Édipo) mal resolvida. Transtornos
genitais referentes às duas fases anteriores são
sinais de uma fase fálica mal resolvida,
além de transtornos específicos da fase
fálica, como o narcisismo.

Latência De 6 anos Hiato, sem zona Como ocorre uma repressão das
até erógena específica sensações erógenas, em favor do
puberdade desenvolvimento do ego e da
construção das relações sociais, não se
costuma falar em regressão a esta fase.

Genital A partir da Genital É a fase de maturidade, por isso não se


puberdade costuma ver a “fixação” nesta fase como
algo negativo. Ao contrário, quando um
adolescente ou adulto (que deveria estar
fixado nesta fase) se prende a fases
anteriores, haveria a regressão, com as
características que acima apontamos.

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II. TIPOS DE NEUROSES

FOBIA OBSESSÃO- HISTERIA


COMPULSÃO

Também chamada de Também chamada de Também chamada de


histeria de angústia. neurose obsessiva, TOC, neurose histérica.
obsessão.

O contato ou lembrança Hábitos e rituais Tipos: histeria de


de um objeto específico obsessivos, de natureza conversão (somática) e
causa reações fóbicas (de animista (acreditando que dissociativa (sensações
medo), muitas vezes o pensamento individual de despersonalização,
inexplicáveis e tem controle sobre o ataques epiléticos,
desproporcionais. mundo exterior). desmaios).

Fase de fixação principal: Fase de fixação principal: Fase de fixação principal:


fase fálica (angústia de fase anal (primeiras fase fálica.
castração, aniquilamento imposições de regras,
e desamparo). diferenciação com a mãe,
agressões ao Ego,
primeiros conflitos
ID-superego).

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III. TIPOS DE PSICOSES

ESQUIZOFRENIA PARANOIA MELANCOLIA

Especificidade: clivagem Especificidade: maior Especificidade:


ou divisão; subjetividade sistematização em sentimento profundo de
marcada pela dissociação. comparação com tristeza na perda ou
esquizofrenia. possibilidade de perda de
algo ou alguém.

Pulsão de morte ou Delírios (perseguição, Profunda identificação do


desejo de aniquilamento, ciúme, grandeza), melancólico com um
que torna insuportável a distorção na interpretação objeto externo, que é
pessoa conviver com a dos estímulos externos, incorporado como se
realidade. O ID cria uma vivenciando-os de fosse parte de si. O
realidade alternativa, que maneira diferentes (perda indivíduo toma parte de
pode ser acompanhada de contato com a outra coisa/pessoa como
de alucinações. realidade). sendo a si próprio. A
tristeza advém da perda
ou possibilidade de perda.

Fase de fixação principal: Fase de fixação principal: Fase de fixação principal:


fases iniciais (oral e anal). fases iniciais (oral e anal). fases iniciais (oral e anal).

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IV. TIPOS DE PERVERSÕES

FETICHISMO SADISMO MASOQUISMO

Especificidade: fixação Especificidade: fixação Especificidade: fixação


parcial do objeto do parcial do objeto do parcial do objeto do
prazer, em objetos prazer, focando na prazer, focando na
inanimados ou partes não satisfação em impor satisfação em receber um
genitais do corpo. sofrimento ao outro. sofrimento, imposto por
outra pessoa.

Fetiche por objetos (peças É o inverso do É o inverso do sadismo.


íntimas, roupas masoquismo. Pode ser Pode ser entendido como
diferenciadas etc.), por entendido como uma uma derivação do
partes do corpo (mãos, derivação do fetichismo, fetichismo, em que a
pés etc.) ou ainda por em que a satisfação satisfação sexual é
situações extrínsecas sexual é alcançada com o alcançada quando o
(como o voyeurismo e o sofrimento do parceiro. parceiro impõe ao
exibicionismo). masoquista um
sofrimento.

Fase de fixação principal: Fase de fixação principal: Fase de fixação principal:


fase fálica (o fetichismo é fase fálica. fase fálica.
uma forma de negar o
medo da castração,
concebendo que coisas
podem assumir o lugar
das zonas erógenas).

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4. Quizzes (Enquetes)

Estamos adicionando quizzes (enquetes) nos módulos. O módulo 3

conta com as enquetes abaixo. Servem para revisar e fixar conteúdos.

Importante: a prova do módulo (contendo 10 perguntas de múltipla

escolha e uma redação) é diferente das enquetes (que são perguntas de

verdadeiro ou falso). As partes obrigatórias para você concluir o Curso de

Formação são as 12 provas (uma por módulo), não as enquetes abaixo. As

enquetes são opcionais: servem de revisão e fixação do aprendizado, mas não

fazem parte de nenhuma avaliação.

As enquetes abaixo são somente afirmações, sobre as quais você deve

responder Verdadeiro ou Falso. A resposta é feita no Telegram do projeto

Psicanálise Clínica. Isso porque o Telegram tem o recurso interativo de

enquetes: você responde e, depois, pode verificar se acertou e pode também

ler um comentário explicando a questão.

Você deve clicar no link da enquete abaixo usando um celular com

Telegram instalado (o Telegram é gratuito e você pode baixar em qualquer

“loja” de aplicativos, como Google Play ou Apple Store), ou estando conectado

no Web Telegram no seu computador.

Como ver a resposta? Depois de responder, atualize a página do

Telegram (ou clique em outra conversa do Telegram e depois volte ao canal

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Psicanálise Clínica no Telegram) e clique no desenho de lâmpada que

aparecerá entre a pergunta e a resposta, do lado direito: você já verá o gabarito

com um breve comentário.

[Módulo 3, Quiz 1] A libido expressa, essencialmente, a pulsão sexual na


direção da obtenção da satisfação/prazer.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1562

[Módulo 3, Quiz 2] Em Psicanálise, diz-se que a motivação humana está


ligada essencialmente à energia libidinal, mesmo indiretamente, nas
manifestações sublimadas (como trabalho e arte).

( ) Verdadeiro

( ) Falso

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Responda este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1565

[Módulo 3, Quiz 3] Em Psicanálise, entende-se que existam fases do


desenvolvimento sexual, que são estanques: começam e terminam com as
mesmas idades em todas as pessoas.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1572

[Módulo 3, Quiz 4] Os pontos de fixação em uma fase de desenvolvimento


psicossexual significam uma escolha consciente do sujeito em prender-se em
um momento gratificante de sua vida.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1575

[Módulo 3, Quiz 5] “A libido nesta fase, além da gratificação pulsional, também


visa a ‘incorporação’" (Zimerman). Esta frase reporta-se à fase anal do
desenvolvimento psicossexual.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1579

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 115


[Módulo 3, Quiz 6] A fase oral agrega a satisfação pulsional (da zona erógena
"boca") e a incorporação do alimento (da sobrevivência nutritiva e forma de
"absorver" o meio externo).

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1584

[Módulo 3, Quiz 7] O início do processo da simbolização atrelada ao uso da


linguagem ocorreria na fase anal, segundo Freud.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1587

[Módulo 3, Quiz 8] A interpretação que associa "rei" a "narcisismo" é o foco do


Complexo de Édipo, que trata puramente de ego e poder, sem relação com o
ambiente familiar.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1597

[Módulo 3, Quiz 9] Para Freud, o Complexo de Édipo corresponde ao triângulo


criança-mãe-pai, durante a fase anal do desenvolvimento psicossexual infantil.

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 116


( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1598

[Módulo 3, Quiz 10] Na neurose, o sujeito busca o prazer sem freios e sem
sentir culpa, manifestamente em parafilias como o fetichismo, o voyeurismo e o
sadomasoquismo.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1600

[Módulo 3, Quiz 11] A perversão na definição freudiana não é


necessariamente de natureza cruel. Há perversões que não guardam relação
com impor dor nem sentir dor.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1603

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 117


[Módulo 3, Quiz 12] O sadismo nunca é uma crueldade controlada, isso
porque é sempre uma imposição de uma prática sexual de uma das partes sem
o consentimento da outra parte.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1608

[Módulo 3, Quiz 13] Diferentes momentos da evolução do sujeito na infância


deixam impressos no psiquismo o que Freud chamou de pontos de fixação; em
direção a eles, o sujeito adulto pode fazer um movimento de regressão.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1612

[Módulo 3, Quiz 14] Os “pontos de fixação” formam-se a partir de uma


exagerada gratificação ou frustração de um período da infância em que se
destacava a percepção de uma zona erógena.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1615

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[Módulo 3, Quiz 15] São as neuroses as organizações psíquicas mais
regredidas, ou seja, que dizem respeito aos primeiros anos de vida da
formação do sujeito.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1622

[Módulo 3, Quiz 16] Neurose, psicose e perversão são as estruturas psíquicas


propostas por Freud, também chamadas em psicanálise de organizações
psíquicas.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1633

[Módulo 3, Quiz 17] O delírio de perseguição é uma forma de paranoia e


integra as perversões.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1626

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[Módulo 3, Quiz 18] O Complexo de Édipo é um constructo freudiano que
retoma o mito de Édipo-Rei, podendo ser visto como alegoria para o
desenvolvimento infantil nas relações familiares.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1638

[Módulo 3, Quiz 19] No delírio de perseguição, o sujeito tem a convicção de


que está sendo perseguido constantemente, por supostas pessoas que teriam
interesse em vigiá-lo ou matá-lo.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1642

[Módulo 3, Quiz 20] O neurótico tem o recalcamento como ponto central de


sua estruturação psíquica, o que gera o conflito desejo versus defesa,
evidenciado em angústia.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1643

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 120


[Módulo 3, Quiz 21] O neurótico pode se culpar por não ter atendido a um
desejo ou a uma demanda do ID. Ou, nas vezes em que atende tal demanda,
culpar-se por ter cedido ao desejo ou impulso.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1652

[Módulo 3, Quiz 22] O Complexo de Édipo, quando bem resolvido, permite a


continuidade do processo de desenvolvimento psicossexual: em direção a um
período de latência e, depois, à fase genital adulta.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1656

[Módulo 3, Quiz 23] As vivências provenientes da fase oral e a completa


interação com o meio externo nesta fase possibilitam o aprendizado de todas
as habilidades de simbolização, brincadeiras e aquisição da linguagem.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1657

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 121


[Módulo 3, Quiz 24] Como exemplo de fobia na vida de um neurótico,
podemos citar o workaholic (viciado em trabalho) porque um desejo sexual
recalcado não pode ser satisfeito.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1658

[Módulo 3, Quiz 25] A sublimação pode ser exemplificada principalmente pelo


neurótico que direciona sua energia libidinal para o trabalho ou as artes.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1669

[Módulo 3, Quiz 26] O neurótico não conta com o recalque, sua estrutura
psíquica não é embasada na proibição repressiva. Por isso, o neurótico realiza
seus desejos, sabendo o que quer e sem sentimentos de culpa.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1670

[Módulo 3, Quiz 27] Há relações entre luto e melancolia, de modo que Freud
estabeleceu uma igualdade plena entre esses dois conceitos.

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 122


( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1671

[Módulo 3, Quiz 28] Para Freud, no luto, há um objeto claramente perdido, o


que não se evidencia na melancolia. Na melancolia, há uma sombra do objeto
que recai sobre o ego.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1675

[Módulo 3, Quiz 29] Quando a psicanálise falar em "objeto", devemos


entender o destinatário de um afeto, podendo ser pessoa, coisa ou
representação.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1676

[Módulo 3, Quiz 30] As fases de desenvolvimento psicossexual começam na


idade de "bebê" e se fixam nesta idade, não havendo repercussões na psique
do adulto.

( ) Verdadeiro

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 123


( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1677

[Módulo 3, Quiz 31] Em essência, o recalque mantém a experiência no nível


do INCONSCIENTE, bloqueando o acesso direto ao consciente. Ainda assim,
tal experiência pode ser transformada e manifestada indiretamente.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1682

[Módulo 3, Quiz 32] Um adulto pode regredir a pontos de fixação em fases do


desenvolvimento psicossexual, de forma inconsciente, por gratificação ou
frustração.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1683

[Módulo 3, Quiz 33] A libido é uma manifestação da dinâmica psíquica da


pulsão sexual, que surge somente ao final do período de latência e o início da
fase genital.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 124


Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1684

[Módulo 3, Quiz 34] A libido é a manifestação da dinâmica psíquica da pulsão


sexual. Para Freud, a libido seria a energia que, uma vez sexualizada,
movimenta o sujeito na direção da obtenção da satisfação/prazer.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1688

[Módulo 3, Quiz 35] Sem a sexualidade genital a partir da puberdade, não há


desenvolvimento da libido, pois não há antes disso a fixação libidinal.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1689

[Módulo 3, Quiz 36] As fases da sexualidade ou fases da libido são estruturas


cronologicamente evolutivas que seguem uma linearidade temporal exata,
estanque e imutável em todas as pessoas.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1690

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 125


[Módulo 3, Quiz 37] Na medida em que a criança nasce e cresce, a libido vai
seguindo certo curso, através de etapas ou fases do desenvolvimento
psicossexual, marcadas por zonas erógenas principais.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1696

[Módulo 3, Quiz 38] A regressão no contexto do desenvolvimento


psicossexual seria uma retomada psíquica aos pontos de fixação, por exemplo
como forma de defesa da psique frente a uma situação desestruturante em
idade adulta.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1697

[Módulo 3, Quiz 39] A libido tem a função de busca por satisfação/prazer, e


também de constituir, através de percepções subjetivas, representantes
mentais para a formação da identidade/psique da criança.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1698

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 126


[Módulo 3, Quiz 40] Para Freud, a simbolização pela linguagem ocorre
principalmente na fase oral: a boca é a zona erógena predominante. Nesta
fase, desenvolve-se plenamente o processo da oralidade.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1701

Gabarito: Falso. Ocorre na fase anal. Não confundir a zona erógena oral com a
aquisição plena da linguagem verbal não escrita (oralidade).

[Módulo 3, Quiz 41] A libido na fase oral é dividida em duas partes:


passivo-receptiva e ativo-incorporativa. O bebê pode, então, escolher uma
delas para se fixar e, assim, dar seguimento às outras fases.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1702

[Módulo 3, Quiz 42] O complexo de Édipo é o tema central da formação das


psicoses, uma vez que remete, também, à angústia de castração como uma
resposta ao enigma da diferença anatômica dos sexos.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1703

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 127


[Módulo 3, Quiz 43] A resolução do complexo de Édipo possibilita a
continuidade do processo de desenvolvimento psicossexual rumo à fase genital
adulta, em que o objeto de desejo do menino é exclusivamente a mãe.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1707

[Módulo 3, Quiz 44] As vivências da idade correspondente à fase anal


propiciam o aprendizado de algumas habilidades, tais quais a simbolização, por
meio da aquisição da linguagem e das brincadeiras.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1708

[Módulo 3, Quiz 45] No menino, como regra entende-se o complexo de Édipo


como a tríade mãe-pai-filho, em que se busca elaborar a ideia do objeto de
desejo (mãe) e a posição de rivalidade (com o pai).

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1709

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 128


[Módulo 3, Quiz 46] São exemplos de parafilias, relacionadas à perversão:
sadismo, masoquismo, fetichismo, paranoia, esquizofrenia, fobia, obsessão e
histeria.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1712

[Módulo 3, Quiz 47] As neuroses são as organizações psíquicas mais


regredidas daquelas apresentadas e compreendidas por Freud, uma vez que
lança mão de defesas arcaicas que remetem às fases mais iniciais da vida.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1713

[Módulo 3, Quiz 48] Fobia, obsessão e histeria são subestruturas das


neuroses e representam o que Freud chamou de psiconeuroses, ou seja,
psicopatologias que tem um referencial marcado pelas experiências subjetivas
na infância.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1714

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 129


[Módulo 3, Quiz 49] Neurose, psicose e perversão são estruturas mandatórias
e excludentes entre si. Uma vez que a psique de um sujeito seja organizada
dentro de uma dessas estruturas, os traços ou condições de outras não são
evidenciados.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1720

[Módulo 3, Quiz 50] O delírio é uma subestrutura da psicose, tal qual a


paranoia. Apesar disso, o delírio de perseguição não é considerado em
nenhuma hipótese uma psicose, mas sim uma neurose.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1721

[Módulo 3, Quiz 51] Uma forma de diferenciação que se costuma fazer quanto
às estruturas psíquicas se dá pela frase: “o perverso coloca em prática aquilo
que o neurótico não tem coragem de fazer”.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1722

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 130


[Módulo 3, Quiz 52] O perverso tende a escolher objetos parciais e só através
deles permite-se chegar ao gozo, ainda que havendo a necessidade de outra
pessoa na cena sexual.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1726

[Módulo 3, Quiz 53] Enquanto o perverso age sempre com extrema crueldade
sádica (típica de um psicopata), o neurótico coloca-se sempre em situação
masoquista.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1727

[Módulo 3, Quiz 54] Tanto na filosofia como na literatura, a melancolia pode


estar associada ao desinteresse pelo mundo, desgosto pela vida, dor
existencial, entre outros aspectos.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1728

MÓDULO III - CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICANÁLISE. (c) psicanaliseclinica.com. Pág. 131


[Módulo 3, Quiz 55] As dores da melancolia são inerentes ao ser humano e,
conceitualmente, representam a perda de partes de si, não tendo isso
nenhuma relação com o outro na constituição desse processo de sofrimento.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1745

[Módulo 3, Quiz 56] O luto é uma perda real de um objeto amado, um


desinvestimento libidinal do objeto perdido. Assim, a tristeza profunda, o
desgosto e o desinteresse pelo mundo são processos vivenciados durante o
luto.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

Responda a este quiz no Telegram: https://t.me/psicanaliseclinica/1746

[Módulo 3, Quiz 57] Se o sujeito regride a um ponto de fixação pertencente à


fase oral (por exemplo), é porque teve um trauma ou uma gratificação que
necessariamente envolveu um episódio com a boca.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

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[Módulo 3, Quiz 58] A libido afeta o desenvolvimento psicossexual do sujeito,
de modo que os pontos de fixação pouco interferem na dinâmica do
funcionamento psíquico.

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( ) Falso

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[Módulo 3, Quiz 59] Entender as estruturas psíquicas (neurose, psicose e


perversão) serve para que seja possível o analista diagnosticar o analisando
em uma dessas estruturas somente, excluindo-se por completo as demais.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

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[Módulo 3, Quiz 60] Compreender as estruturas psíquicas como parte


integrante da subjetividade é tarefa que ajuda a entender a organização do
sujeito, sua forma de sofrimento e seu relacionamento com o ambiente.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

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[Módulo 3, Quiz 61] O que vai determinar se um sujeito pode vir a se organizar
de maneira neurótica, psicótica ou perversa é sua vivência familiar. Se o pai e a
mãe são neuróticos, o filho também o será.

( ) Verdadeiro

( ) Falso

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5. Referências bibliográficas

FINE, R; A história da psicanálise. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e


Científicos, 1981.

FREUD, S. Três ensaios sobre a sexualidade (1905). Obras completas de


Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996.

________ Luto e Melancolia (1917). Obras completas de Sigmund Freud. Rio


de Janeiro: Imago, 1996.

________ Fetichismo (1927). Obras completas de Sigmund Freud. Rio de


Janeiro: Imago, 1996.

LAPLANCHE, J; PONTALIS, J. B. Vocabulário da Psicanálise. São Paulo:


Martins Fontes, 1996.

MANNONI, O; Freud: uma biografia ilustrada. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,


1994.

VALENTE, N; Psicanálise freudiana: uma análise atual ao alcance de todas


as mentes. São Paulo: Ed. Panorama, 2002.

VENTURA, Rodrigo. Os paradoxos do conceito de resistência: do mesmo à


diferença. Estud. psicanal., Belo Horizonte, n. 32, nov. 2009 .

ZIMERMAN, D. E. Fundamentos Psicanalíticos: Teoria, técnica e clínica.


Porto Alegre: Artmed, 1999.

WOLLHEIN, R. As ideias de Freud. São Paulo: Círculo do Livro, 1971.

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