Você está na página 1de 199

0

ARQUITETURA E PERCEPÇÃO BIOCLIMÁTICA EM HABITAÇÕES RIBEIRINHAS


NA AMAZÔNIA BRASILEIRA

MARIA CRISTINA CELUPPI

São Paulo/SP - 2018

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
1

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE


Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo
PPGAU UPM

MARIA CRISTINA CELUPPI

ARQUITETURA E PERCEPÇÃO BIOCLIMÁTICA EM HABITAÇÕES RIBEIRINHAS


NA AMAZÔNIA BRASILEIRA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


graduação da Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo da Universidade Presbiteriana
Mackenzie, como parte dos requisitos para
obtenção do Título de Mestre em Arquitetura e
Urbanismo.

Orientador (a): Dra. Célia Regina Moretti Meirelles

São Paulo/SP – 2018

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
2

C393a Celuppi, Maria Cristina.


Arquitetura e percepçăo bioclimática em habitaçőes ribeirinhas na
Amazônia Brasileira / Maria Cristina Celuppi.
199 f. : il. ; 30 cm

Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade


Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2018.
Orientadora: Célia Regina Moretti Meirelles.
Bibliografia: f. 138-149.

1. Arquitetura vernacular. 2. Estratégias bioclimáticas. 3. Conforto


térmico. 4. Design. 5. Simulaçőes energéticas. I. Meirelles, Célia Re-
gina Moretti, orientadora. II. Título.

CDD 711

Bibliotecária responsável: Paola Damato CRB-8/6271


_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
1

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
2

Ao meu pai, Armando, fonte de carinho, amor e apoio.


À minha mãe, Marlene, maior torcedora e incentivadora de todas as batalhas que
travei em minha vida.
Ao meu melhor amigo, companheiro, parceiro, cúmplice e amor, João Paulo, minha
fonte diária de inspiração, meu mais importante alicerce na vida acadêmica.
Dedico toda a minha trajetória acadêmica, que hoje culmina neste trabalho, a vocês.

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
3

AGRADECIMENTOS

Começo esta grata etapa, ao fim de uma longa e gratificante jornada


acadêmica, agradecendo ao Programa de Pós-graduação em Arquitetura e
Urbanismo, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, pelo suporte e apoio ao longo
de toda a minha jornada acadêmica.
Ao Fundo Mackenzie de Pesquisa – MackPesquisa, pelo apoio à minha
formação, por meio da concessão de bolsa de estudo, enquanto aluna integrante de
projeto de pesquisa.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES,
pela concessão de bolsa de estudo, que me permitiu concluir está pesquisa.
À minha orientadora e amiga, Professora Drª. Célia Regina Moretti Meirelles,
que acreditou no meu potencial enquanto aluna, que proporcionou a oportunidade
de integrar seu grupo de pesquisas e conhecer um lindo universo para estudo, que
hoje se concretiza nesta dissertação de mestrado. Obrigada por acreditar e confiar
em mim, por todo o auxílio pessoal e financeiro à pesquisa e em especial pela
amizade.
Aos meus pais. Ah, os meus pais!
Pai, obrigada por acreditar em mim. Por comprar todas as ideias que tive ao
longo da minha vida e por me apoiar incondicionalmente em tudo. Obrigada
principalmente pela bondade e pelo amor. Você é a pessoa mais bondosa que
conheço!
Mãe, obrigada por tanto. Obrigada por ser a minha mais fiel fã e
incentivadora. Obrigada por estar tão junto de mim, mesmo estando à 1000 km de
distância. Obrigada por não largar a minha mão e por não me deixar desistir.
Obrigada por ser minha melhor amiga, minha confidente, meu espelho de ser
humano. Você é a pessoa mais forte que conheço e me ensina todos os dias a ser
melhor. Não sou nada sem você. Sempre estaremos juntas!
Às minhas irmãs, Luciana e Fernanda, minhas primeiras amigas, que
sempre estiveram ao meu lado, mesmo longe. Aos meus cunhados, Samir e Pufi,
que se tronaram também meus irmãos. Obrigada.
À minha pequena e doce Laura. O amor mais puro amor que tenho. Você é
meu maior tesouro. Com você aprendi o que é o amor incondicional. Teu amor me

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
4

motiva e dá brilho aos meus dias. Obrigada, Luciana e Samir, por me permitir ser
madrinha desse tesouro e por desfrutar desse amor.
Ao meu amor, João Paulo. Você trouxe luz para a minha vida e me fez
conhecer uma Maria que pôde ir muito além. Acreditou em mim e me fez voar. Se
hoje estou aqui, concluindo essa linda etapa acadêmica, foi por você. Meu melhor
amigo, meu companheiro, meu cumplice, meu amor. Nada seria possível sem você.
Juntos somos melhores e juntos nos tornamos um só.
Aos “Assis Gobo”, pelo apoio e suporte nos últimos quatro anos em que me
tornei membro dessa linda e calorosa família.
Aos meus colegas e professores, que contribuíram com meu crescimento
acadêmico, profissional e pessoal durante esta jornada de estudos, em especial ao
grupo “Corujas”, Vagner Bordin, Nayara Pires Pedrotti e Luísa Passos, pela amizade,
companheirismo e cumplicidade construída, que ultrapassou as fronteiras do
coleguismo.
Ao grupo de pesquisa “Sistemas Construtivos da Arquitetura
Contemporânea”, pelo apoio à minha pesquisa e pela amizade construída ao longo
desses dois anos de estudo, em especial à Beatriz Borst, colega, parceira de
trabalho e amiga.
À Professora Me. Raquel Cymrot, pelo apoio, suporte e auxílio no estudo
estatístico da minha pesquisa. Obrigada.
À querida Professora Drª. Eunice Helena Abascal, que contribuiu com a
minha formação, por meio de suas disciplinas, que acreditou no meu potencial
enquanto aluna do PPGAU -UPM e que se tornou um exemplo de dedicação à
profissão. Obrigada pela amizade construída.
Ás queridas Professoras, Drª. Gilda Collett Bruna e Drª. Alessandra Prata
Shimomura, por aceitarem o convite de avaliar meu trabalho na qualificação de
mestrado e agora, defesa final. Obrigada pela contribuição com meu crescimento
acadêmico.
Aos moradores do Município de Manacapuru – AM, em especial às
comunidades ribeirinhas Pesqueiro e Rei Davi – Calado, que acolheram tão
calorosamente a minha pesquisa. Vocês me ensinaram muito mais do que esperava
aprender em tão pouco tempo em que estivemos juntos. Vocês são a chave principal
desta dissertação.

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
5

“O trabalho do mestre é levantar barreiras, e dos


estudantes, superá-las. Não importa quão jovem ou
velho você seja. Não tenha medo de ir além dos
gigantes da sua área, ou de transitar por disciplinas
diferentes daquelas que fazem parte do seu
universo, como, por exemplo, arte, filosofia e física
– caso haja necessidade de aprender algo sobre
cada uma dela. Não hesite em caminhar fora da
sua área para adquirir um novo conhecimento e
expandir sua apreciação das coisas. ”
(Autor Desconhecido)

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
6

RESUMO

As habitações ribeirinhas do Amazonas mantêm uma relação direta com a natureza


e são desenvolvidas a partir da arquitetura vernacular, tornando-se um exemplo da
relação entre fatores sociais, culturais, ecológicos e econômicos. Inseridas em
região de clima equatorial, caracterizado por valores elevados de temperatura e
umidade do ar, além de serem constantemente submetidas às oscilações dos rios,
essas habitações devem responder aos fatores naturais a que são expostas e
proporcionar ambientes termicamente confortáveis aos usuários. Desta forma, o
objetivo desta pesquisa foi avaliar o conforto térmico nas habitações ribeirinhas da
cidade Manacapuru, no estado do Amazonas, com a finalidade de conferir melhores
condições de conforto a estes ambientes. Para elucidar os objetivos, esta pesquisa
contou com levantamento bibliográfico durante todo o período de estudo; visitas a
campo para coleta de dados meteorológicos e perceptivos do usuário; modelos de
conforto térmico adaptativo e simulações, por meio de modelagens numéricas para a
verificação do uso de estratégias bioclimáticas. Os resultados apontaram para
percepção e preferência térmica com relação a ambientes mais frescos, no entanto
observou-se estatisticamente que a aceitação climática dos moradores locais não
corrobora com as respostas perceptivas. Verificou-se que o modelo de conforto
adaptativo para o sudeste asiático é válido e aplicável para a região de estudo e o
mesmo indicou, paralelamente à estatística dos questionários, que as normas
brasileiras de desempenho podem estar subestimando a adaptabilidade dos
moradores daquela região. As simulações apresentaram os cenários térmicos com o
uso de diferentes coberturas para a habitação analisada, indicando estratégias
simples e economicamente viáveis para uso nas habitações ribeirinhas de
Manacapuru – AM.
Palavras-chave: arquitetura vernacular; estratégias bioclimáticas; conforto térmico;
design; simulações energéticas.

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
7

ABSTRACT

The riverside dwellings of Amazonas maintain a direct relationship with nature and
are developed from the vernacular architecture, becoming an example of the relation
between social, cultural, ecological and economic factors. Inserted in a region of
equatorial climate, characterized by high values of temperature and humidity of the
air, besides being constantly submitted to the oscillations of the rivers, these
dwellings must respond to the natural factors to which they are exposed and to
provide thermally comfortable environments to the users. In this way, the objective of
this research was to evaluate the thermal comfort in the riverside dwellings of the city
of Manacapuru, in the state of Amazonas, in order to confer better conditions of
comfort to these environments. To elucidate the objectives, this research had a
bibliographical survey throughout the study period; field visits for the collection of
meteorological and user perceptual data; models of adaptive thermal comfort and
simulations, through numerical modeling to verify the use of bioclimatic strategies.
The results pointed to perception and thermal preference in relation to cooler
environments, however it was statistically observed that the climatic acceptance of
the local inhabitants does not corroborate with the perceptive answers. It was verified
that the adaptive comfort model for Southeast Asia is valid and applicable for the
region of study and the same indicated, in parallel with the statistics of the
questionnaires, that the Brazilian performance standards may be underestimating the
adaptability of the residents of that region. The energy simulations presented the
thermal scenarios with the use of different coverages for the analyzed dwelling,
indicating simple and economically feasible strategies for use in the riverside
dwellings of Manacapuru - AM.
Keywords: vernacular architecture; bioclimatic strategies; thermal comfort; design;
energy simulations.

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Casa de várzea - Palafita ........................................................................... 24


Figura 2: Casa de várzea – Flutuante. ...................................................................... 25
Figura 3: Casa de Terra Firme. .................................................................................. 26
Figura 4: Residência Robert Schuster. ...................................................................... 29
Figura 5: Interpass Clube Mosqueiro ........................................................................ 30
Figura 6: Residência Thiago de Mello ....................................................................... 31
Figura 7: Carta bioclimática para o Brasil. ................................................................. 35
Figura 8: Método Projetual de Gui Bonsiepe (1984). ................................................ 50
Figura 9: Método Projetual de Bruno Munari (1981) ................................................. 51
Figura 10: Método Projetual de Mike Baxter (1998) .................................................. 52
Figura 11: Organograma metodológico. .................................................................... 55
Figura 12: Questionário aplicado aos ribeirinhos com base na ISO 10551 (1995). ... 58
Figura 13: Orientação do modelo simulado. .............................................................. 62
Figura 14: Zonas térmicas simuladas. ....................................................................... 63
Figura 15: Propriedades da madeira cumaru. ........................................................... 64
Figura 16: Modelo1 - simples chapa metálica oxidada. ............................................. 64
Figura 17: Modelo 2 - - simples chapa metálica pintada de branco. ......................... 65
Figura 18: Modelo 3 - madeira cumaru. .................................................................... 65
Figura 19: Modelo 4 - telha sanduiche. ..................................................................... 66
Figura 20: Modelos 1 a 4. .......................................................................................... 66
Figura 21: Modelo 5. ................................................................................................. 66
Figura 22: Modelo 6 - Efeito chaminé. ....................................................................... 67
Figura 23: Modelo 7 – Habitação construída diretamente no chão. .......................... 68
Figura 24: Decoração e organização interna das casas ribeirinhas. ......................... 70
Figura 25: Mapa de Localização de Manacapuru-AM. .............................................. 72
Figura 26: Estações climáticas e fluviais em áreas de várzea na Amazônia Central.74
Figura 27: Estação meteorológica automática portátil. .............................................. 77
Figura 28: Localização das comunidades analisadas, da estação meteorológica
automática do INMET (Manacapuru-AM) e da estação meteorológica automática
portátil. ...................................................................................................................... 78
Figura 29: Palafita onde coletou-se os dados meteorológicos. ................................. 79
Figura 30: Representação gráfica de valores médios e intervalo de confiança para a
primeira pergunta do questionário. ............................................................................ 82
Figura 31: Representação gráfica de valores médios e intervalo de confiança para a
segunda pergunta do questionário. ........................................................................... 83
Figura 32: Representação gráfica de valores médios e intervalo de confiança para a
terceira pergunta do questionário. ............................................................................. 83
Figura 33: Representação gráfica da aceitação das condições climáticas do
ambiente.................................................................................................................... 84
Figura 34: Representação gráfica do teste de Kruskal-Wallis para a primeira
pergunta. ................................................................................................................... 87
Figura 35: Representação gráfica do teste de Kruskal-Wallis para a segunda
pergunta. ................................................................................................................... 87
Figura 36: Aceitação das condições climáticas para os três grupos de casa e três
períodos de análise. .................................................................................................. 88
Figura 37: Níveis descritivos (valores-p) dos testes de Fisher. ................................. 90
Figura 38: Marcha horária da temperatura de bulbo seco, bulbo úmido e umidade
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
9

relativa do ar interno. ................................................................................................. 93


Figura 39: Marcha horária da temperatura do ar externo. ......................................... 94
Figura 40: Marcha horária da umidade relativa do ar externo. .................................. 97
Figura 41: Velocidade média horária do vento interno. ........................................... 100
Figura 42: Velocidade máxima horária do vento interno. ........................................ 100
Figura 43: Velocidade média e máxima horária do vento externo. .......................... 104
Figura 44: Croqui representativo das estratégias para habitações já existentes. .... 105
Figura 45: Croqui representativo das estratégias para novas habitações. .............. 106
Figura 46: Habitação ribeirinha analisada. .............................................................. 108
Figura 47: Habitações ribeirinhas da comunidade "Pesqueiro". .............................. 109
Figura 48: Perspectivas, corte e planta da habitação analisada. ............................ 111
Figura 49: Elevações da habitação analisada. ........................................................ 112
Figura 50: Temperatura máxima interna e externa para o dia 16 de agosto de 2017.
................................................................................................................................ 115
Figura 51: Marcha horária da temperatura interna do ar para o dia 16/08/2018 e o
modelo de conforto adaptativo por Nguyen, Singh e Reiter (2012). ........................ 119
Figura 52: Temperaturas médias mensais para os modelos 1, 2, 3, 4, 5 e 7. ......... 127
Figura 53: Gradiente de temperaturas na simulação do modelo 6 - efeito chaminé.
................................................................................................................................ 131
Figura 54: Gradiente de temperaturas - corte longitudinal e horizontal. .................. 132
Figura 55: Indicativos dos objetivos específicos respondidos ao longo da pesquisa.
................................................................................................................................ 137

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Classificação do índice humidex. ............................................................... 40


Tabela 2: Escala de conforto da ASHRAE. ................................................................ 41
Tabela 3: Propriedades superficiais dos materiais dos telhados. .............................. 68
Tabela 4: Definições para o período hidrológico do Rio Solimões............................. 74
Tabela 5: Histórico de cheias no sistema Negro - Solimões - Amazonas. ................. 75
Tabela 6: Respostas aos questionários. .................................................................... 81
Tabela 7: Proporção da aceitação das condições climáticas do ambiente e intervalo
de confiança. ............................................................................................................. 84
Tabela 8: Teste de Kruskall-Wallis para as três primeiras perguntas. ........................ 86
Tabela 9: Níveis descritivos (valores-p) dos testes de Mann-Whitney. ...................... 89
Tabela 10: Níveis descritivos (valores-p) dos testes de Fisher. ................................. 89
Tabela 11: Médias diárias. ......................................................................................... 92
Tabela 12: Avaliação de desempenho dos materiais construtivos da habitação
analisada. ................................................................................................................ 114
Tabela 13: Temperaturas de conforto obtidas pelo modelo Nguyen, Singh e Reiter
(2012). ..................................................................................................................... 117
Tabela 14: Temperatura média horária da habitação analisada para o dia 16/08/2017.
................................................................................................................................ 118
Tabela 15: Propriedades físicas da madeira carvalho (paredes externas, janelas,
pisos, forros e varandas), na habitação simulada. .................................................. 125
Tabela 16: Comparação entre os modelos simulados conforme o modelo Adaptativo
da ASHRAE55. ........................................................................................................ 129
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
10

LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 1 ................................................................................................................. 39
Equação 2 ................................................................................................................. 39
Equação 3 ................................................................................................................. 39
Equação 4 ................................................................................................................. 40
Equação 5 ................................................................................................................. 42
Equação 6 ................................................................................................................. 61
Equação 7 ............................................................................................................... 113
Equação 8 ............................................................................................................... 113
Equação 9 ............................................................................................................... 116

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
11

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 16
1.1 Justificativa ...................................................................................................... 18
1.2 Objetivos .......................................................................................................... 19
1.2.1 Objetivos Gerais ........................................................................................ 19
1.2.2 Objetivos Específicos ................................................................................ 19
1.3 Objeto de estudo ............................................................................................. 20
1.4 Estruturação dos capítulos .............................................................................. 20
2. BASES DE CONHECIMENTO: ASPECTOS E FUNDAMENTOS DE ANÁLISES . 22
2.1 A vida do ribeirinho no Amazonas .................................................................... 22
2.2 A inserção da arquitetura no Amazonas........................................................... 27
2.2.1 Severiano Mário Porto............................................................................... 28
2.2.2 Milton Monte .............................................................................................. 29
2.2.3 Lucio Costa ............................................................................................... 30
2.3 Aspectos influentes e determinantes na observação do conforto térmico ....... 31
2.3.1 Índices e modelos de conforto térmico ...................................................... 38
2.3.2 Normativas brasileiras e internacionais ..................................................... 42
2.4 Processos metodológicos de apoio ao design e ao projeto ............................. 44
2.4.1 O método projetual de Bonsiepe (1984).................................................... 49
2.4.2 O método projetual de Bruno Munari (1981) ............................................. 50
2.4.3 O método projetual de Mike Baxter (1998) ................................................ 51
2.4.4 A metodologia Life Cicle Design – LCD de Manzini e Velozzi (2002). ....... 52
3. MÉTODO............................................................................................................... 55
3.1 Levantamento Bibliográfico .............................................................................. 55
3.2 Coleta e análise de dados meteorológicos ...................................................... 56
3.3 Aplicação e análise de questionários ............................................................... 57
3.4 Verificação das normas brasileiras e aplicação do modelo de conforto
adaptativo .............................................................................................................. 61
3.5 Experimentações e o design de componentes: Modelagem numérica da
edificação analisada com diferentes componentes de cobertura .......................... 61
4. ESTUDO DE CASO – HABITAÇÃO RIBEIRINHA EM MANACAPURU-AM ......... 69
4.1 O ribeirinho de Manacapuru-AM ...................................................................... 69
4.1.1 Caracterização da área de estudo ............................................................ 71
4.2 A Coleta e análise de dados ............................................................................ 76
4.2.1 Avaliação da percepção do estado de conforto das populações locais..... 79
4.2.2 Caracterização microclimática da habitação e técnicas bioclimáticas para
promoção do conforto ........................................................................................ 92
4.2.3 Considerações acerca da coleta e análise dos dados ............................ 107
4.3 Análise do conforto térmico na habitação, segundo a NBR 15220 (2005), NBR
15575 (2013) e o modelo de conforto adaptativo de Nguyen Singh e Reiter (2012)
............................................................................................................................. 107
4.3.1 Considerações acerca da análise do conforto térmico na habitação ...... 122
4.4 Experimentações e o design de componentes: Modelagem numérica da
edificação analisada com diferentes componentes de cobertura ........................ 123
4.4.1 Considerações acerca das experimentações e o design dos componentes
......................................................................................................................... 132
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
12

5. ANÁLISE CRÍTICA E CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................. 135

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 138

ANEXOS ................................................................................................................. 150


ANEXO A: Manuais dos sensores utilizados na estação meteorológica automática
portátil .................................................................................................................. 150
ANEXO B: Dados climáticos de Manacapuru (LabEEE): .................................... 188
ANEXO C: Inputs das simulações por meio do Design Builder: .......................... 189

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
16

1. INTRODUÇÃO

Bem-estar, aconchego, amparo e abrigo, são alguns dos adjetivos que


surgem ao se pensar em conforto. Schmid (2005, p. 29) afirma que "a ideia de estar
acolhido enfatiza o elemento protetor do conforto" e, segundo ele "remete, em última
análise, ao útero materno, talvez o local de maior proteção de que já desfrutamos e
que permanece um ideal inconsciente, de conforto [...]”. O autor relata ainda, que o
termo conforto, tem origem no vocabulário latino confortare, trazendo o significado
de fortificar e consolar. Afirma que conforto representa apoio psicológico e bençãos
divinas, e que mais tarde, o termo tomou diferentes dimensões relacionadas à
fortuna, ao contexto psico espiritual, ao contexto sócio cultural até chegar ao
contexto ambiental.
O conforto ambiental proporciona proteção e abrigo para seus usuários e
esta relação ocorre por meio dos fundamentos da edificação. O verbo conforto
significa “ato ou efeito de confortar, bem-estar, comodidade material, cômodo ou
aconchego” e se relaciona diretamente com convivência, eficiência, bem-estar físico
e privacidade (RYBCZYNSKI, 1996).
Schmid (2005) conceitua o conforto ambiental na Arquitetura e Urbanismo
relacionando-o à “questão básica de se proporcionar aos assentamentos humanos
as condições necessárias de habitabilidade, utilizando-se racionalmente os recursos
disponíveis”. O autor relaciona o conceito com sustentabilidade, afirmando ainda
que, “trata-se de fazer com que o produto arquitetônico corresponda - conceitual e
fisicamente - às necessidades e condicionantes do meio ambiente natural, além do
social, cultural e econômico de cada sociedade”.
Pode se dizer ainda que conforto é um conceito amplo e quando associado
ao ambiente construído reúne parâmetros de várias áreas de conhecimento:
ergonomia, acústica, termodinâmica, luminotécnica, entre outras (PAULINO, 1999).
Tratando-se de um ambiente termicamente confortável, a ASHRAE Standard 55-92
define conforto como “condição da mente que expressa satisfação com o ambiente
térmico”.
Na arquitetura e no planejamento urbano, de acordo com Graeff (1980), o
edifício constitui a essência mais característica deste segmento e é por meio dele

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
17

que ocorre a relação com a vida do homem. Portanto o edifício constitui uma ampla
relação entre elementos construtivos e elementos que organizam, delimitam e
ordenam o espaço arquitetônico com a prática das atividades humanas.
Relacionado a isso, Frota e Schiffer (2003), caracterizam como
responsabilidade da arquitetura amenizar as sensações de desconforto,
principalmente sensações impostas por climas rígidos, com calor e/ou frio extremo,
vento e umidade. Salientam ainda que cabe a arquitetura proporcionar a seus
usuários ambientes tão confortáveis, quanto os espaços ao ar livre, tendo como
base os climas amenos.
Conforme Paulino (1999), o conforto depende dos estímulos que o indivíduo
recebe do meio ambiente, instintos, experiências e juízos. Deste modo o homem
vem aperfeiçoando seu ambiente de trabalho e residencial, para que possa exercer
suas atividades cotidianas e garantir seu descanso seguro, protegido das variáveis
desconfortáveis que são impostas pelo ambiente externo.
Fabbri (2015) destaca que o usuário é afetado – além das variáveis
ambientais - pelos aspectos subjetivos, psicológicos, culturais e sociais, bem como
seu estado de espírito. Desta forma, percebe-se que a sensação de conforto está
diretamente ligada a experiência construída pelo usuário durante sua vida, o que
possibilita afirmar que um ambiente confortável para uma determinada localização,
não será necessariamente o mesmo para outra região.
Neste sentido, a arquitetura vernacular da habitação ribeirinha do Amazonas
surge como um exemplo da mescla de diversas condicionantes e se dá a partir do
ciclo de cheias e vazantes do rio, da noção de casa e de estética do local, da casa
em área de várzea, dos materiais disponíveis na região (NOGUEIRA, 2016) e da
percepção do ribeirinho, que fora construída a partir da cultura trazida por seus
antepassados.
Assim surge a necessidade da adequação bioclimática da arquitetura
vernacular ribeirinha da região amazônica, que primordialmente deve responder de
forma adequada a ação do sol, das chuvas e da umidade elevada (NEVES, 2006),
considerando que tal região encontra-se no microtipo climático definido como “Clima
Equatorial”, fixado por Monteiro (1968) como “clima equatorial úmido da Frente
Intertropical”, o que significa uma região de clima quente, com expressiva
homogeneidade térmica, que não apresenta grande amplitude térmica diária e/ou

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
18

anual, tendo em vista a umidade e nebulosidade elevada (MENDONÇA; DANNI-


OLIVEIRA, 2007).
Com base no ambiente descrito acima, a presente pesquisa visa avaliar o
conforto térmico nas habitações ribeirinhas do estado do Amazonas, com a
finalidade de discutir soluções de coberturas e vedações, por meio do uso de
estratégias bioclimáticas e do design de componentes, bem como a percepção
humana do conforto.

1.1 Justificativa

Tratando-se dos recursos florestais, as habitações ribeirinhas do Amazonas


mantêm uma relação direta com os materiais utilizados nas construções indígenas,
por meio do uso da madeira, cipós e folhas que são utilizadas para cobertura e
fechamento (SAMPAIO, LENCIONE, 2013). O conhecimento do “saber construir” é
passado de geração em geração e carrega a experiência cultural do ribeirinho com o
meio ambiente, refletindo em um vínculo direto com a paisagem em que ele se
insere (BRUGNERA et al. 2016).
Nas pesquisas de campo realizadas por Brugnera (2015), foram
identificadas casas ribeirinhas construídas a partir da arquitetura vernacular, palafitas
e flutuantes, bem como edificações que possuíam elementos industrializados, como
coberturas de telhas de fibrocimento, telhas metálicas e banheiros de alvenaria.
Nota-se que o uso de tais elementos industrializados confere as casas ribeirinhas o
“status” de prosperidade financeira (BRUGNERA, 2015; OLIVEIRA JÚNIOR, 2009;
SAMPAIO, LECIONE, 2013).
Em climas extremos, Nicol, Humphreys e Roaf (2012), afirmam que o
homem, espera saber o quão quente serão os ambientes em que desenvolve suas
atividades durante o dia e que geralmente encontra estratégias para lidar com tais
temperaturas. No caso das habitações ribeirinhas em climas equatoriais, construídas
sem o uso de estratégias bioclimáticas, os usuários acabam por ser sentenciados a
conviver em condições desfavoráveis ao conforto térmico e conforme Lamberts
(2011 p. 73) submetidos à debilitação de seu estado de saúde:
O ser humano, no desempenho de suas atividades, quando
submetido a condições de stress térmico, tem entre outros sintomas,
a debilitação do estado geral de saúde, alterações das reações
psicossensoriais e a queda da capacidade de produção.

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
19

Os elementos construtivos podem interferir diretamente nas condições de


conforto de um ambiente e desta forma, proporcionar ambientes termicamente
confortáveis significa permitir melhores condições de vida aos ribeirinhos. Portanto
torna-se relevante compreender a relação entre a habitação, os materiais
construtivos e o conforto
Neste sentido, Brugnera (2015), Neves (2006), Oliveira Júnior (2009) e,
Sampaio e Lencione (2013) constataram em seus estudos que o fato de telhas de
metal estarem inseridas de forma disseminada no contexto da habitação ribeirinha,
como forma de conferir “status” à moradia acaba, entretanto, por causar desconforto
térmico aos moradores, uma vez que estes elementos são aplicados sem considerar
estratégias bioclimáticas. Na habitação ribeirinha do Amazonas, o telhado apresenta-
se como elemento fundamental na promoção de conforto, por ser o componente
mais exposto à radiação solar. Percebe-se assim a necessidade de um estudo
aprofundado, com a finalidade de averiguar a real influência deste tipo de cobertura
no conforto dos ribeirinhos.
Deste modo, torna-se relevante o estudo de três áreas: as características
físicas e construtivas das habitações ribeirinhas, as características climáticas locais,
e a percepção e adaptabilidade do usuário, com a finalidade de proporcionar aos
mesmos, condições de melhor desempenho de suas atividades cotidianas.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivos Gerais

Avaliar a percepção climática e o conforto térmico in loco, com a finalidade


de discutir os parâmetros que fundamentam a percepção humana e as soluções
construtivas para as habitações ribeirinhas da cidade de Manacapuru-AM, por meio
do design de componentes e de estratégias bioclimáticas.

1.2.2 Objetivos Específicos

 Levantar dados meteorológicos in loco nas comunidades ribeirinhas;


 Analisar os dados meteorológicos a partir das normas de desempenho e de
índices de conforto térmico;
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
20

 Avaliar a percepção ambiental dos ribeirinhos;


 Analisar de forma quantitativa e qualitativa os dados levantados sobre
percepção;
 Avaliar a percepção ambiental com foco no conforto das populações locais
 Averiguar, por meio das normas de desempenho, modelos de conforto e
modelagem por software, a situação da habitação objeto de estudo;
 Desenvolver experimentações por meio de modelagem digital, com a
finalidade de discutir e averiguar soluções construtivas a partir do design dos
componentes;
 Discutir soluções construtivas para habitações ribeirinhas, por meio de uma
análise crítica, com a finalidade de potencializar o conforto térmico das
mesmas;
 Discutir se os princípios bioclimáticos podem contribuir com a melhora do
conforto nas habitações ribeirinhas do Amazonas.

1.3 Objeto de estudo

Esta pesquisa traz análises qualitativas e quantitativas quanto a percepção


humana, bem como das três tipologias construtivas encontradas nas comunidades
ribeirinhas de Manacapuru – AM: palafita, flutuante e casa no chão. No entanto, nas
simulações termodinâmicas apresentadas no item 4.4 desta dissertação, o objeto de
estudo limita-se às tipologias palafita e casa no chão, visto que o software utilizado
não é capaz de simular a habitação sobre a água.

1.4 Estruturação dos capítulos

A estruturação da dissertação está subdivida em 5 capítulos, como


apresentado abaixo:
No capítulo 1 foi apresentada a introdução ao tema de pesquisa, bem como
justificativa e objetivos.
O capítulo 2 apresenta o referencial teórico acerca dos temas que envolvem
e orientam o desenvolvimento da pesquisa, dentre eles: a vida do ribeirinho no
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
21

Amazonas; a inserção da arquitetura no Amazonas; aspectos influentes e


determinantes na observação do conforto térmico e por fim, processos
metodológicos de apoio ao design e ao projeto.
O capítulo 3 apresenta o método de pesquisa e de análise dos resultados,
que é subdividido em 6 etapas: levantamento bibliográfico (capítulo 2); coleta e
análise dos dados meteorológicos; aplicação e análise de questionários; a análise do
conforto por meio das normas brasileiras e o modelo de conforto adaptativo;
experimentações e o design dos componentes e por fim, uma análise crítica que
envolve todos os aspectos abordados ao longo da pesquisa.
O capítulo 4, apresenta o desenvolvimento do estudo de caso proposto e
está dividido em 5 subitens: o ribeirinho de Manacapuru-AM; a coleta e análise de
dados; a análise do conforto térmico na habitação segundo a NBR 15220 (2005),
NBR 15575 (2013) e o modelo de conforto adaptativo de Nguyen, Singh e Reiter
(2012); experimentações e o design de componentes.
Por fim, o capítulo 5 traz uma análise crítica e as considerações finais sobre
esta dissertação.

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
22

2. BASES DE CONHECIMENTO: ASPECTOS E FUNDAMENTOS DE ANÁLISES

Para o desenvolvimento da pesquisa proposta no item introdutório desta


dissertação, torna-se necessário o levantamento bibliográfico acerca dos seguintes
temas, que embasarão o estudo de caso:
 A vida do ribeirinho no Amazonas;
 A inserção da arquitetura no Amazonas;
 Aspectos influentes e determinantes na observação do conforto térmico;
 Design: história, processos metodológicos e aplicações arquitetônicas.

2.1 A vida do ribeirinho no Amazonas

A vida no Amazonas é imposta pelos ritmos das águas. A bacia Amazônica


possui uma vasta gama de ecossistemas, assim como uma rica diversidade
biológica e étnica. Possui mais de 5 milhões de km de floresta tropical – a maior do
mundo – e abriga, aproximadamente, um quarto das espécies vegetais e animais do
planeta (MARENGO; NOBRE, 2009).
Dentro desta vasta biodiversidade, escondem-se problemas de ordem
política. O pequeno investimento do poder público em políticas de infraestrutura
relaciona-se com a divisão socioterritorial do trabalho capitalista, que produz
espaços visando o lucro, o que denota precariedade habitacional quase que
absoluta. Em contrapeso a isso, a arrecadação orçamentária dos municípios da
região amazônica é baixa, o que reflete em pouca capacidade de condução de
políticas sociais, fazendo com que seus usuários tenham condições precárias de
vida (SANTANA, 2012).
Neste cenário a população instala-se ás margens dos rios, o que significa
facilidade para locomoção, por meio de barcos e canoas, conferindo ao rio o caráter
estruturador da ocupação humana na floresta e sua principal fonte de subsistência e
renda (OLIVERA JÚNIOR. 2006). Para o ribeirinho, o rio representa transporte, fonte
de alimento, divisão do calendário, período de plantio e colheita, assim como o
cenário de sua história (BRUGNERA, 2015). Todavia, ao pensar-se em cultura
regional, o ribeirinho é evocado como identidade amazônica, onde se destaca
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
23

sempre a importância do rio, que reflete em sua organização espaço temporal e


cultural (DA SILVA; DÓRIA, 2012). O habitante da várzea herdou a cultura indígena
de várzea e constitui a maior parte da população rural da Amazônia (PEREIRA,
2011).
Em paralelo a isso, as famílias que habitam sobre as águas, são impostas a
viver em situações de insalubridade, fazendo suas próprias intervenções territoriais.
Gaia e Araújo (2012), num estudo focado em indígenas, quilombolas e ribeirinhos do
estado do Pará, afirmam que apesar do número significativo de ribeirinhos vivendo
em condições de precariedade infraestrutural, o estado ignora-os, não intervendo
sequer para melhorias físicas locais.
No entanto, a forma de habitar em palafitas - características da região - não
denota um problema, mas sim o modo de viver de pessoas que habitam as margens
do rio. A problemática neste cenário dá-se no entorno da aplicação de políticas
habitacionais de forma articulada a outras políticas, que devem priorizar pela
disponibilidade de solo para habitação nas áreas alagáveis, com a finalidade de
construir moradias adequadas a tal realidade (DA SILVA; DÓRIA, 2012).
Perdigão e Gayoso (2012, p. 121) afirmam que “a experiência de quem usa
e produz o espaço construído sem códigos profissionais da arquitetura pode ser
decodificada nos precedentes espaciais e pela consulta direta aos usuários,
oportunizando a inserção das referências vernáculas e as respectivas implicações
dos significados subjacentes ao espaço produzido”. Percebe-se desta forma, que as
questões ambientais e culturais preconizam a construção das habitações na região
amazônica. A partir desta biodiversidade ambiental e cultural, o caboclo ribeirinho
constitui seu lar, sendo ele na várzea, em terra firme ou no rio.
Para Brugnera (2015), a paisagem cultural que constitui a calha dos rios do
Amazonas, onde se insere a moradia do ribeirinho, é um ponto de tradição entre a
casa, o trabalho e o lazer do caboclo. As casas são quase sempre cercadas pela
vegetação e o ambiente é utilizado não somente como recurso, mas como base e
meio para toda a realização (NOGUEIRA, 2016). “[...] a paisagem é formada pela
morfologia do espaço, pelas suas características topográficas, hidrológicas e de
vegetação. É formada, também, por seus sons, texturas e cores” (BRUGNERA,
2015, p. 82). Observa-se que a casa do ribeirinho constitui uma relação direta com o
meio ambiente, desde a construção de sua casa, até a constituição de seu lar.

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
24

A casa de várzea dos rios alagáveis, compatibiliza-se com as oscilações dos


níveis de água e por isso, grande parte das habitações ribeirinhas do Amazonas é
construída com sistema de pilotis devido a tal oscilação (OLIVEIRA JÚNIOR, 2006) e
neste contexto, dois tipos de casa são predominantes no Amazonas: a palafita e a
casa flutuante.
As palafitas (Figura 1) são casas de madeira, suspensas por esteios, ou
seja, estacas de madeira que sustentam a construção (NOGUEIRA, 2016;
SAMPAIO, LENCIONE, 2013). Encontram-se nas encostas dos rios e são
construídas desta forma para que não inundem na estação de cheia. De acordo com
Oliveira Júnior (2006), os fechamentos das paredes são geralmente executados em
prancha de madeira e as coberturas variam entre palha de palmeira ou coqueiro,
que atualmente estão sendo substituídas por coberturas feitas com telhas metálicas.
Esta última opção de cobertura, embora signifique ambientes muito mais quentes, é
utilizada devido à facilidade de transporte, leveza, pouca manutenção, bem como
pelo status de prosperidade relacionado a tal uso.

Figura 1: Casa de várzea - Palafita


Fonte: Da autora.

O rio influencia diretamente no interior das palafitas que se modificam por

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
25

meio de marombas1, onde os moradores elevam o piso de suas casas a um nível


máximo possível, até que sejam obrigados a desmontar sua casa e montá-la em
outro lugar (NOGUEIRA, 2016; SAMPAIO, LENCIONE, 2013).
A casa de várzea flutuante (Figura 2) fica ao lado da várzea, no curso das
águas e tem as mesmas características da palafita, porém, é construída sobre toras,
o que confere a possibilidade de deslocamento de seus locais originais e a sua
flutuação com a variação do curso das águas. Sua maior característica é a
possibilidade de oferecer maior flexibilidade, quando comparada a uma habitação
estática nas margens do rio (OLIVEIRA JÚNIOR, 2006), já que podem ser
rebocadas por barcos nas épocas de cheia possibilitando-as ocupar lugares mais
produtivos para o morador.

Figura 2: Casa de várzea – Flutuante.


Fonte: Da autora.

A casa de terra firme (Figura 3) possui basicamente a mesma composição


da casa de várzea, porém sua durabilidade é muito maior. Nogueira (2016), a partir
de sua pesquisa afirma que há casas com mais de 30 anos que não tiveram até
hoje, nenhuma intervenção.

1 Um novo piso suspenso sobre o piso antigo.


_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
26

Oliveira Júnior (2009) constatou em sua pesquisa, que as comunidades


ribeirinhas se organizam nas áreas de várzea de forma que a maioria das casas
tenha fácil acesso ao rio, constituindo ainda um pequeno núcleo em que se
encontram igrejas, escolas e comércio. Ainda para o autor, é comum que a
comunidade ribeirinha se empenhe como um todo, para a realização de atividades
pertinentes ao desenvolvimento da região, como a construção de casas, espaços
comunitários, plantio e colheita das roças.
Baseado na experiência do habitar ribeirinho pode-se perceber que a
noção de casa perpassa todas as culturas e tradições, refletindo a
própria cultura que a criou. No ambiente doméstico, vemos expostos
diversos valores sociais. A manutenção e transmissão de tradições
também se inicia na casa. Na casa nascemos, crescemos e
morremos (NOGUEIRA, 2016, p. 178).

Figura 3: Casa de Terra Firme.


Fonte: Nogueira (2016).

Percebe-se desta forma, que a vida do ribeirinho no Amazonas é imposta


por diversos fatores. É influenciada pelas raízes do caboclo - passadas de geração
em geração -, pelo rio, pela floresta, pelo clima, enchentes e vazantes, pelos
materiais disponíveis e pela falta de aplicação de políticas públicas, fatores estes
que os levaram a adaptabilidade de suas vidas às condições impostas pelo local.

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
27

2.2 A inserção da arquitetura no Amazonas

Após a análise feita no item 2.1 desta dissertação, sobre a vida do ribeirinho
no Amazonas, foi possível constatar que a arquitetura, naquela região, é concebida
basicamente por meio do conhecimento adquirido do caboclo, que é passado de
geração em geração, reflexo do ambiente em que se insere e da falta de aplicação
de políticas públicas adequadas às habitações.
Oliveira (1989), traz uma proposta de ecoarquitetura para a Amazônia. Seu
objetivo era assentar comunidades em convivência com a floresta pluvial,
fornecendo subsídios metodológicos para uma ecoarquitetura que agiria como
suporte para o ecodesenvolvimento. Seus resultados têm grande relevância para a
presente pesquisa, pois observa questões pertinentes ao conforto humano, e relata
modos de morar muito próximos às situações encontradas hoje nas habitações
ribeirinhas, mesmo datando de quase 30 anos atrás.
Após suas pesquisas, Oliveira (1989) caracteriza requisitos para as
edificações, considerando principalmente a floresta amazônica habitando
comunidades pouco adensadas. Ressalta ainda, que a madeira é um recurso natural
renovável para o local, abundante e disponível, tendo espécies destinadas a
diversos usos sustentáveis, desde estacas, esteios e vigas, até a decoração. Para
as edificações, o autor (1989, p. 125 e 126) recomenda:
1. Geometria de volumes longos e estreitos;
2. Volumes adequadamente separados;
3. Paredes com a mínima incidência de sol;
4. Máximo de ventilação cruzada;
5. Materiais com baixa capacidade de aquecimento;
6. Aberturas amplas, com dispositivos de dosagem da luz;
7. Sombreamento máximo;
8. Drenagem máxima – na cobertura: calhas; nas paredes:
condutores; no solo: valas abertas;
9. Locar e nivelar as soleiras, prevendo as cheias e vazantes
sazonais dos igarapés;
10. Interação com o ambiente: fauna (roedores e insetos), flora,
minerais e homens (índios e caboclos);
11. Segurança contra fogo.

O autor ainda traz recomendações específicas para fundações, estrutura,


cobertura, vedos, pavimentos e vãos, passando por orientações para utilização de
equipamentos eletromecânicos, fornecimento de eletricidade, combustíveis, energia
eólica, telefones, rede de águas e sistemas de saneamento.
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
28

Com base nessas informações torna-se de grande valia o conhecimento da


arquitetura amazônica, pelos olhos de arquitetos que lá projetaram, com a finalidade
de constatar estratégias adotadas quanto às características climáticas e materiais
locais. Destacam-se então o trabalho de três arquitetos no contexto nacional:
Severiano Porto, Milton Monte e Lucio Costa.

2.2.1 Severiano Mário Porto


Severiano Mario Porto, conhecido como o arquiteto da floresta, reconhecido
por seu trabalho na região amazônica. Utilizava estratégias passivas para obter uma
arquitetura adaptada ao contexto local (HENRIQUES, 2016).
Neves (2006), em entrevista com o arquiteto, relata seu modo de projetar no
Amazonas e afirma que quando Porto chegou à região, na década de 1960 havia
pouca mão de obra para a construção a rara preocupação em adaptar a arquitetura
ao clima local. Desta forma, o arquiteto partiu dos conhecimentos adquiridos no Rio
de Janeiro, com a finalidade de adaptá-los a sua nova região de trabalho, tentando
aliar sua produção tecnológica, materiais disponíveis na região e mão de obra local.
Visando uma arquitetura adequada ao ambiente em que se insere, utiliza a
madeira – que é abundante na região. Utiliza-se também da sabedoria local
primando sempre pela valorização do uso da madeira e das técnicas caboclas. A
adequação da arquitetura em relação à região, esteve presente em seus discursos e
sua obra engloba a associação do sol, vento, chuvas, luz, qualidade dos materiais e
tecnologias acessíveis (NEVES, 2006).
Percebe-se a preocupação do arquiteto no uso da ventilação cruzada e na
proteção contra o sol, por meio do estudo dos ventos predominantes e da posição
solar no local das construções, aliado sempre ao uso de materiais locais. Um
exemplo de suas estratégias arquitetônicas é a Residência Robert Schuster, de 1978
(Figura 4). Suas estratégias de adaptação locais mais efetivas estão diretamente
ligadas ao uso da madeira (HENRIQUES, 2016), na estrutura, na vedação e até em
elementos de composição.

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
29

Figura 4: Residência Robert Schuster.


Fonte: Archdaily (2013).

2.2.2 Milton Monte


No final da década de 1960, Milton Monte inicia sua trajetória em Belém.
Projetava seguindo uma preocupação com o conforto ambiental e materiais
regionais, adequados as condições climáticas locais (SARQUIS, 2011), fruto de uma
visão crítica e madura diante da sua região (TEIXEIRA, 2005).
Monte utilizava-se de recursos que possibilitassem conforto em suas obras,
dentre eles a aplicação de piso elevado, uso da madeira, uso de tijolos cerâmicos
visando sua inércia térmica, ventilação cruzada e a proteção contra chuvas e
insolação (SARQUIS, 2011). Sua arquitetura caminhou para a concepção de
questões conceituais da relação direta entre homem, arquitetura e meio ambiente,
onde o desenvolvimento dos recursos de projeto está diretamente ligado ao resgate
da arquitetura vernacular (PERDIGÃO, 1997). Um exemplo desta relação é o
Interpass Clube Mosqueiro (Figura 5), no Pará, uma de suas principais obras, que
recebeu inúmeros prêmio de arquitetura é a representação de sua forma de projetar,
integrando a arquitetura ao meio ambiente, aplicando beirais quebrados, técnica esta
reconhecida em sua arquitetura.

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
30

Figura 5: Interpass Clube Mosqueiro


Fonte: Galeria do Jornal “O Estado de São Paulo” (O Estadão).

2.2.3 Lucio Costa


Entre os anos de 1978 e 1987, o arquiteto Lucio Costa, famoso pelo
desenvolvimento do plano piloto da capital brasileira, Brasília, realizou projetos para
o poeta Thiago de Mello no Amazonas. O poeta decide na época, morar as margens
de um dos afluentes do Rio Amazonas, na cidade de Barreirinha/AM (CARLUCCI,
2005).
Neste período, Lucio Costa realizou três projetos para Thiago de Mello: sua
residência (Figura 6), um espaço cultural que abrigaria a biblioteca “Espaço Gláuber
Rocha” e um museu de artefatos de madeira e, por fim, uma casa à beira do rio
Paraná do Ramos que abrigou a “Fundação Criança da Floresta”. De acordo com o
memorial do projeto, a estrutura seria de madeira lavrada, os fechamentos de taipa
de pilão, o forro de taquara e a cobertura de sapé. Percebe-se desta forma, a
preocupação do arquiteto com os aspectos práticos e tecnológicos de uma
construção na selva amazônica, que usou de recursos e mão de obra local visando
um manejo satisfatório (CARLUCCI, 2005).

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
31

Figura 6: Residência Thiago de Mello


Fonte: Instituto Antônio Carlos Jobim (2017)

Nota-se que Costa preocupava-se com o meio em que se insere a


arquitetura, buscando aliá-la ao meio ambiente por meio dos materiais construtivos e
das características climáticas locais. Para o arquiteto, a cobertura de sapé
apresentava-se como eficaz para seu projeto, tendo em vista que este material
proporcionaria aos moradores um ambiente característico das casas de campo
aliado ao conforto.
A observação das intervenções feitas ou sugeridas por arquitetos na região
amazônica, é de fundamental importância para o desenvolvimento desta pesquisa,
pois permite a observação do olhar crítico de profissionais que vivenciaram a área
de estudo e que buscaram compreender o contexto da vida em meio a floresta de
forma integrada, visando o desenvolvimento sustentável do design e da arquitetura.
Diante do exposto, pode-se inferir uma discussão sobre a abordagem acerca
do conforto térmico, bem como seu papel na concepção arquitetônica no Amazonas,
conforme o item a seguir.

2.3 Aspectos influentes e determinantes na observação do conforto térmico

Conforme Lamberts e Xavier (2003) a busca pelo bem-estar físico, fisiológico


e psicológico humano vem de longa data, porém nas últimas décadas tem se
intensificado os estudos acerca dos efeitos do conforto térmico sobre as pessoas em
ambientes internos. Sendo assim, é de grande importância que se conheça a
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
32

capacidade de adaptação do ser humano ao meio ambiente em que está inserido.


As adaptações do usuário estão relacionadas às exigências fisiológicas às
percepções de calor, bem-estar e saúde.
Na arquitetura, essas associações dos fatores biológicos aos ecológicos dão
origem ao enfoque bioclimático, que considera e relaciona a climatologia com a
ecologia (VILLAS BOAS, 1985). Na década de 1960, os irmãos Olgyay criaram a
expressão “projeto bioclimático”, com a finalidade de buscar satisfazer às exigências
de conforto, considerando técnicas construtivas e materiais, tendo em vista as
características climáticas de determinados locais. O uso de estratégias bioclimáticas
pode otimizar as condições de conforto dos usuários de determinados ambientes,
sem depender necessariamente do uso de mecanismos artificias.
A arquitetura deve servir ao homem e ao seu conforto, o que abrange
o conforto térmico. O homem tem melhores condições de vida e
saúde quando seu organismo pode funcionar sem ser submetido à
fadiga ou estresse, inclusive térmico. A arquitetura, como uma de
suas funções, deve oferecer condições térmicas compatíveis ao
conforto térmico no interior dos edifícios, sejam quais forem as
condições climáticas externas. (FROTA; SCHIFFER, p. 17, 2003)

Percebe-se assim a necessidade de as construções relacionarem o homem


e o conforto. Neste sentido, para Maragno (2002), a arquitetura bioclimática é o
estudo que se baseia na correta aplicação de elementos arquitetônicos e tecnologias
construtivas em relação as características climáticas, visando otimizar o conforto dos
ocupantes e o menor consumo de energia. Corbellas e Yannas (2003, p.37)
complementam tal afirmativa concluindo que a arquitetura bioclimática busca “[...]
promover um ambiente construído com conforto físico, sadio e agradável, adaptado
ao clima local”.
Para Olgyay (1963), é dever do arquiteto usar de mecanismos naturais para
produzir habitações saudáveis, procurando evitar a necessidades de agentes
mecânicos de controle do clima, visando a economia de energia. Assim, a correta
escolha de materiais de construção aliado a definição do volume arquitetônico
desenvolvido em função das condições climáticas locais, são alguns dos aspectos
relacionados à arquitetura bioclimática. Fabbri (2015) trata da adequação,
relacionando-a a adaptação, que permite e expressa uma série de ações e
processos por parte do usuário, garantindo assim, condições de conforto para o
mesmo.
Neste contexto, surgem as Normas Brasileiras que buscam incentivar e
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
33

balizar o desenvolvimento tecnológico, além de orientar a avaliação da eficiência


técnica e econômica das inovações tecnológicas. Neste sentido apresentam-se a
NBR 15220 (2005) - Desempenho térmico das edificações e a NBR 15575 (2013) –
Desempenho: Edifícios habitacionais de até cinco pavimentos.
Há ainda, outras normalizações referentes ao conforto térmico, elaboradas
pela ISO (International Organization for Standardization) e pela ASHRAE (American
Society of Heating, Refrigerating an Air-Conditioning Engineers, Inc.). Estas
normalizações2 foram considerados nos estudos realizados por Fanger (1970).
Segundo Fanger (1970), Conforto Térmico é “uma condição da mente que
expressa satisfação com o ambiente térmico” e Neutralidade Térmica é “a condição
na qual uma pessoa não prefira nem mais calor nem mais frio no ambiente ao seu
redor.” De acordo com Lamberts (2011) a importância do estudo de conforto térmico
baseia-se principalmente em três fatores: a satisfação do homem, a performance do
homem e a conservação de energia.
O conhecimento das exigências humanas de conforto térmico e do
clima, associado ao das características térmicas dos materiais e das
premissas genéricas para o partido arquitetônico adequado a climas
particulares, proporciona condições de projetar edifícios e espaços
urbanos cuja resposta térmica atenda às exigências de conforto
térmico (FROTA; SCHIFFER p. 18, 2003).

Assim, pode se dizer ainda que conforto é um conceito bastante amplo e


quando associado ao ambiente construído reúne diversos parâmetros de várias
áreas de conhecimento. Para os ambientes internos, a arquitetura bioclimática visa o
aproveito máximo dos fenômenos naturais com a finalidade de proporcionar conforto
no interior das edificações.
Neste sentido, Olgyay (1963), alega que em suas experiências, as
temperaturas internas foram muito próximas às temperaturas externas e assim,
desenvolve um diagrama sugerindo que este, seja utilizado principalmente para
edifícios leves em regiões úmidas. Numa abordagem interdisciplinar que relaciona a
climatologia, a biologia, a arquitetura e a engenharia, o autor elaborou uma carta

2 ISO 8986/2004 – Ergonomia – Determinação da produção de calor metabólico; ISO 7730/2005 –


Ambientes térmicos moderados – Determinação dos índices de PMV e PPD e especificações das
condições para conforto; ISO 10551/1995 – Ergonomia de ambientes térmicos – Verificação da
influência do ambiente térmico usando escalas subjetivas de julgamento; ISO 9920/2007 – Ergonomia
de ambientes térmicos- Estimativa do isolamento térmico e resistência evaporativa de um traje de
roupas; ISO/DIS 7726/1998 – Ambientes térmicos – Instrumentos e métodos para a medição dos
parâmetros físicos; ASHRAE Satandard 55/2010 – Ambientes térmicos – Condições para a ocupação
humana.
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
34

bioclimática que descreve a interação entre variáveis climáticas e a sensação de


conforto humano. Esta carta foi desenvolvida para climas temperados, porém sua
aplicação pode ser feita em outros climas, com devidas adaptações. Inicialmente
desenvolvida para condições externas, suas estratégias de projeto sugerem
condições para o interior.
Para corrigir algumas limitações do diagrama de Olgyay (1963), Givoni
(1969) desenvolve uma carta bioclimática para edifícios. Givoni baseou-se em
temperaturas internas do edifício, que foram obtidas por meio de cálculos que
estimam as temperaturas esperadas para o interior. A diferença principal entre os
sistemas desenvolvidos por Ogyay (1963) e Givoni (1969) surge pelo fato de o
diagrama de Ogyay ser desenhado ente dois eixos (eixo vertical referente a
temperaturas e o eixo horizontal a umidade relativa) e a carta de Givoni ser traçada
sobre uma carta psicométrica convencional. Este diagrama considera os efeitos da
própria edificação sobre o ambiente interno. A carta bioclimática desenvolvida
inicialmente pelo autor em 1969, recebeu atualizações por Givoni e Milne (1979) e
por Givoni (1992).
Bogo et al. (1994), a partir de uma revisão bibliográfica acerca da
bioclimatologia aplicada e da seleção de diagramas representativos dos sistemas
bioclimáticos para verificação com a equação de Fanger (1972), seleciona uma carta
bioclimática a ser adotada para o Brasil. Os autores adotam a carta bioclimática de
Givoni (1992), com algumas adaptações e complementações, conforme a figura 7.

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
35

Figura 7: Carta bioclimática para o Brasil.


Fonte: Givoni (1992), com adaptação de Bogo et al. (1994).

A partir de uma calibração com dados climáticos locais, esta carta


bioclimática fornece informações acerca de estratégias que podem ser adotadas em
projeto, com a finalidade de conferir melhores condições de conforto nos ambientes.
A carta divide-se em 12 zonas:
1. Zona de conforto;
2. Ventilação;
3. Resfriamento evaporativo;
4. Alta inércia térmica para resfriamento;
5. Ar condicionado;
6. Umidificação;
7. Alta inércia térmica/aquecimento solar;
8. Aquecimento solar passivo;
9. Aquecimento vertical;
10. Ventilação/alta inércia;
11. Ventilação/alta inércia/resfriamento evaporativo;
12. Alta inércia/resfriamento evaporativo.

Tendo claro alguns fundamentos da arquitetura bioclimática, bem como a


necessidade da adequação da arquitetura ao clima, a busca pelo conforto térmico –
especialmente no caso desta pesquisa – em climas quentes e úmidos, apresenta-se

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
36

como fundamental na concepção e aprimoramento do ambiente doméstico,


considerando que o ser humano sempre buscou ambientes para proteção e abrigo
de diversos fatores, dentre eles as condições impostas pelo clima.
A partir da abordagem da arquitetura bioclimática surge a necessidade de
proporcionar ao homem, ambientes – em qualquer região – tão confortáveis quanto
em locais de clima ameno (FROTA, SCHIFFER, 2003). Neste contexto dá-se a
problemática do conforto térmico na arquitetura.
Como citado anteriormente, Fanger (1970) caracteriza o conforto térmico
como a “condição da mente que expressa satisfação com o ambiente térmico”,
definição esta, que foi também adotada pela ASHRAE Standard 55 (1992).
Quando não há esforço para as trocas de calor entre o corpo humano e o
meio ambiente, a sensação do usuário é de conforto térmico e sua capacidade de
trabalho torna-se máxima. Por outro lado, se as condições térmicas ambientais
causam ao usuário sensações de calor ou frio, significa que o organismo está
perdendo mais ou menos calor que o necessário para a homeotermia 3, necessitando
assim de esforço adicional, o que representa sobrecarga e ocasiona queda no
rendimento do trabalho até o limite e, sob condições extremas, de perda total de
capacidade de trabalho e/ou problema de saúde (FROTA; SCHIFFER, 2003).
O homem – ser homeotérmico – dispõe de um alto custo energético para
manter sua temperatura constante (geralmente ao redor de 34°C a 42°C). A taxa
metabólica humana é inversamente proporcional a queda da temperatura ambiental,
ou seja, quanto mais frio, mais o metabolismo se acelera, com a finalidade de
manter a temperatura interna e desta forma, o corpo humano produz continuamente
calor. Este calor metabólico pode ser de dois tipos: metabolismo basal, devido a
processos biológicos que são contínuos e não conscientes; e metabolismo muscular,
enquanto há a realização de trabalho, que é conscientemente controlável. O calor
produzido deve ser dissipado para o meio, ou uma mudança na temperatura do
corpo irá ocorrer (THOM, 1959). No entanto, a condição de balanço térmico é
condição necessária, mas não suficiente para o conforto térmico:
[...] a condição de neutralidade térmica, ou seja, a verificação do
balanço térmico apresentado é condição necessária, mas não
suficiente para que uma pessoa encontre-se em conforto térmico,
pois a mesma pode encontrar-se em neutralidade térmica e estar
sujeito a algum tipo de desconforto localizado, isto é, sujeita à uma

3 Condição característica do que possui temperatura constante.


_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
37

assimetria de radicação significativa, sujeita a alguma corrente de ar


localizada, ou ainda estar sobre algum tipo de piso frio ou aquecido,
e assim sendo, não estar em condição de conforto térmico
(LAMBERTS, 2011, p. 12).

Pode-se afirmar desta forma, que um ambiente deve proporcionar condições


que vão além das trocas térmicas entre o homem e o meio. Estas questões
correspondem à percepção e a adaptabilidade do homem ao ambiente em que está
inserido. São questões subjetivas do conforto térmico.
Neste sentido, a percepção térmica é considerada por alguns autores com
um processo psicológico que representa a relação do homem com o ambiente em
que se insere, ocorrendo quando o organismo percebe as informações do meio que
são estímulos internos e externos responsáveis pelo comportamento do organismo
(SIMÕES; TIEDMANN, 1985). É por meio da percepção que o homem obtém as
características do ambiente, e quando se encontra em desconforto térmico tende a
desviar a atenção das atividades que desempenha. A percepção térmica abrange a
sensação, a aceitabilidade e a preferência térmica, (DE DEAR et al 1997) e é
influenciada pela temperatura do ar, umidade relativa do ar e velocidade do ar.
Desta forma, de acordo com Monteiro e Alucci (2007), existem vários fatores
que balizam a sensação de conforto térmico humano, dentre elas: as variáveis
individuais (tipo de atividade, vestuário, aclimatação) e as variáveis ambientais
(temperatura do ar, umidade relativa do ar ou pressão parcial de vapor, temperatura
média radiante das superfícies vizinhas e vento), sendo que dentro do ambiente
construído essa sensação está ligada ainda aos materiais e aberturas que envolvem
o edifício. Ainda para os autores, a sensação de conforto térmico está associada
com o ritmo de troca de calor entre o corpo humano e o meio ambiente, e tal
sensação é função não só das condições ambientais, mas também da capacidade
de aclimatação ao meio ambiente, dos hábitos alimentares, das atividades, da altura,
do peso, do tipo de roupa de cada indivíduo, e até mesmo da idade e sexo.
Com a finalidade de estabelecer faixas de sensação térmica para um dado
ambiente, diversos trabalhos visam compreender a relação entre elementos
climáticos e a sensação térmica de usuários destes ambientes. Deste modo, no
intuito de determinar o conforto térmico do homem, faz-se o uso de dois métodos
(PARSONS, 2003):
 Empírico: por meio de questionários, com medições simultâneas das
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
38

condições meteorológicas;
 Analítico: por meio de medidas de alterações fisiológicas (sudorese,
suor da pele ou temperatura da pele). Este método é normalmente
realizado em estudos laboratoriais.
Para a análise e mensuração destas variáveis, faz-se o uso de índices e
classes de conforto térmico, partindo da necessidade de critérios referenciados em
índices, que consideram variáveis humanas, atividade do indivíduo e variáveis
ambientais bem como, as escalas de conforto térmico. Conforme Frota e Schiffer
(2003), os primeiros estudos que consideraram a influência de condições de
temperatura e umidade no rendimento do trabalho, foram desenvolvidos pela
Comissão Americana de Ventilação. As autoras afirmam que os índices de conforto
térmico procuram englobar variáveis como: atividade desenvolvida pelo indivíduo,
vestimenta, variáveis ambientais, sexo, idade, biotipo, hábitos alimentares, etc.

2.3.1 Índices e modelos de conforto térmico


Tendo em vista que esta pesquisa pretende utilizar-se de índice de conforto
térmico para a análise da casa do ribeirinho, torna-se necessário o levantamento de
alguns dos principais índices utilizados, com a finalidade de verificar sua
aplicabilidade à ambientes internos, em climas equatoriais.
Neste sentido, o Índice de Temperatura Operativa (Top) foi desenvolvido por
Winslow, Herrington e Gagge (1937) que demonstraram o equilíbrio das trocas
térmicas com o ambiente, por meio da convecção, evaporação e radiação.
Originalmente, era uma medida do efeito físico das paredes circundantes e a
temperatura do ar ambiente (GAGGE 1936). Gagge, et al. (1941) aprimorou a
Temperatura Operativa e a denominou Temperatura Operativa Padrão incluindo o
movimento do ar e medindo a perda de calor do corpo humano por radiação e
convecção.
Este índice integra o efeito da temperatura do ar e da radiação, mas ignora a
umidade e o movimento do ar. O estudo foi realizado em condições de frio, onde o
efeito da umidade era pequeno e o movimento do ar interior era negligenciável.
Missenard (1948) desenvolveu o índice de Temperatura Resultante (RT), que
se baseia em experimentos de laboratório realizados em vários países. Utilizou-se
de medições de votos das pessoas em câmaras climatizadas, mas não registra as

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
39

reações das pessoas instantaneamente. Este índice é considerado confiável para


aplicação em climas tropicais, entretanto, sua aplicabilidade é para ambientes
externos.
Yaglou e Minard (1957) desenvolveram o índice de temperatura de globo e
bulbo úmido – WBGT. Este índice ilustra os impactos da temperatura e da umidade
no homem, indicando o efeito combinado da temperatura do ar, do calor radiante de
baixa temperatura, da radiação solar e do movimento do ar. Pode ser medido com o
uso de equipamentos especiais ou calculado de acordo com a equação 1:

Sem radiação solar direta:

Equação 1
WBGT = 0.7 · tnwb + 0.3 · tg

onde: WBGT = temperatura de globo e de bulbo úmido, em ºC; tnwb = temperatura


de bulbo úmido natural, em ºC tg = temperatura de globo, em ºC.

Com radiação solar direta:

Equação 2

WBGT = 0.7 · tnwb + 0.2 · tg + 0,1 tar

onde: tar = temperatura do ar, em ºC

Webb (1960) propôs o Índice Equatorial de Conforto – EC. Este índice foi
desenvolvido a partir de estudos em Singapura e correlaciona dados de temperatura,
pressão do ar, velocidade do ar com a temperatura do ar saturado e parado. Utiliza-
se de respostas subjetivas de pessoas totalmente aclimatadas submetidas a
trabalhos sedentários leves.

Equação 3
EC = 0,574 · tar + 0,2033 · pv - 1,8 · v 0,5 + 42

onde: EC = índice equatorial de conforto, em ºC; tar = temperatura do ar, em ºC; pv =


pressão parcial de vapor de água do ar, em mmHg; v = velocidade do ar, em m/s.
O EC aplica-se para condições em que a temperatura de bulbo úmido seja
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
40

maior que 25ºC e a temperatura do ar seja igual a temperatura radiante média


(MONTEIRO; ALUCCI, 2007). É aplicável à ambientes internos em climas quente e
úmido.
O Índice Humidex – HU fornece uma temperatura equivalente em função da
temperatura e umidade relativa do ar. Este índice não considera a velocidade do ar,
efeitos da radiação ou parâmetros individuais dos usuários (MASTERTON;
RICHARDSON, 1979). É utilizado pelo Serviço Meteorológico do Canadá
(MAAROUF; BITZOS, 2000) para alertar a população sobre possíveis perigos
relativos a estresse térmico por calor, e é calculado a partir da seguinte equação:
Equação 4
HU = tar + (5/9) · (pv - 10)

onde: HU = temperatura equivalente humidex, em °C; tar = temperatura do ar; pv =


pressão parcial de vapor de água do ar.
O índice humidex utiliza a classificação de acordo com Maarouf e Bitzos
(2000), conforme a tabela 1:

Tabela 1: Classificação do índice humidex.


Humidex Classificação
< 30 Sem desconforto
30 – 40 Algum desconforto
40 – 45 Muito desconforto, evitar esforço físico
> 45 Situação de perigo
> 54 Golpe térmico iminente
Fonte: Maarouf e Bitzos (2000).

Fanger (1970) desenvolve o índice de PMV (Predicted Mean Vote –


Prognóstico de Voto Médio), baseado em estudos americanos e europeus que
envolveram milhares de respostas em câmaras climatizadas. O modelo PMV prediz
a sensação térmica como função da atividade, da vestimenta e de parâmetros
ambientais (temperatura do ar, temperatura radiante média, umidade e velocidade
do ar). O método que é calculado a partir de uma de uma equação de balanço
térmico para o corpo humano, em que intervêm os termos de geração interna e de
troca de calor com o ambiente circundante (SILVA, 2009). Este método foi adaptado
pela ISO 7730/1994 e representa o índice dos votos de um grupo de pessoas, numa
escala de conforto que vai de -3 (muito frio) a +3 (muito quente).
A norma ISO 7730 (1994) propõe ainda o PPD (Prodicted Percentage of
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
41

Dissatisfied – percentagem de Pessoas Insatisfeitas), um índice de conforto térmico


oriundo do PMV que quantifica as pessoas dentro de um determinado grupo que
estão insatisfeitas com um ambiente térmico.
Este índice apresenta um alto grau de qualidade quando aplicado em
edifícios com condicionamento de ar em regiões de clima frio, temperado e quente,
porém, em um estudo realizado por Fanger e Toftum (2002), foi constatado que o
modelo, proposto inicialmente em 1970, pode superestimar a expectativa do usuário
em climas quentes, ventilados naturalmente. Com base nisso, uma extensão do
modelo PMV que inclui um fator de expectativa – e, é proposta pelos autores, para
ser multiplicada no PMV com a finalidade de alcançar o voto médio da sensação
térmica de ocupantes. Tal extensão do modelo apresentou-se eficaz e com boa
qualidade para estudos em ambientes ventilados naturalmente em clima quente.
Para a classificação do PMV e do PPD é utilizada a escala de conforto da
ASHRAE (Tabela 2).

Tabela 2: Escala de conforto da ASHRAE.


Escala ASHRAE
Muito Quente 3
Quente 2
Ligeiramente Quente 1
Neutralidade 0
Ligeiramente Frio -1
Frio -2
Muito Frio -3
Fonte: Ashrae (2004).

Höppe (1999) propõe um índice de temperatura equivalente à sensação


térmica do indivíduo por meio da Temperatura Equivalente Fisiológica (PET), que é
definida como a temperatura equivalente à temperatura do ar na qual, em uma
situação típica interna, o balanço térmico do corpo humano é mantido, com
temperaturas do centro do corpo e da pele iguais às da situação em questão.
O modelo MEMI calcula a temperatura equivalente fisiológica (PET), por
meio de um sistema de equações, para uma dada combinação de parâmetros
meteorológicos e individuais.
A Sociedade Internacional de Biometeorologia desenvolveu o Índice
Climático Térmico Universal – UTCI. Este índice abrange faixas climáticas de -50ºC
≤ Ta 50ºC, -30ºC ≤ Trm-Ta ≤ 70ºC, velocidade de vento entre 0,5 e 30,3 m/s e
umidade relativa de 5% a 100% (pressão de vapor máxima de 5kPa). Desta forma, a
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
42

temperatura do UTCI é definida como a temperatura do ar do ambiente de


referência, que produz o mesmo valor de stress térmico do ambiente real (NINCE, et
al., 2013).
Nguyen, Singh e Reiter (2012) desenvolveram um modelo de conforto
adaptativo para edificações naturalmente ventiladas em regiões quentes e úmidas
do sudeste asiático, região de mesmo tipo climático de Manacapuru-AM. O modelo
proposto pelos autores calcula a temperatura de conforto interna como uma função
linear da temperatura média mensal externa, tendo em vista que no decorrer de um
mês, as variações de temperatura externa em climas quente e úmido durante o dia
são mínimas. Os autores examinaram o PMV-PPD corrigido por Fanger e Toftum
(2002), no entanto não recomendam sua aplicação para estudos de conforto
semelhantes.

Equação 5
Tconforto = 0,341 Ta externo + 18,83

Além do uso de índices e modelos de conforto, na análise da situação real


das habitações, existem também critérios referenciados nas normas brasileiras,
desenvolvidas para balizar o desenvolvimento tecnológico e orientar a avaliação da
eficiência técnica e econômica das inovações tecnológicas.

2.3.2 Normativas brasileira e internacionais


A NBR 15220 (2005) – Desempenho térmico das edificações, trata do
desempenho térmico das edificações e a partir de sua publicação houve uma
padronização inicial, com a finalidade de definir as características construtivas
necessárias para a melhoria do conforto térmico nas edificações brasileiras.
Subdivide-se em 5 partes:
 Parte 1 - Definições, símbolos e unidades (2005);
 Parte 2 - Métodos de cálculo da transmitância térmica, da capacidade térmica,
do atraso térmico e do fator solar de elementos e componentes de edificações
(2008);
 Parte 3 - Zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes construtivas para
habitações unifamiliares de interesse social (2005);
 Parte 4 - Medição da resistência térmica e da condutividade térmica pelo
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
43

princípio da placa quente protegida (2005);


 Parte 5 - Medição da resistência térmica e da condutividade térmica pelo
método fluximétrico (2005).
A NBR 15575 (2013) - Desempenho: Edifícios habitacionais de até cinco
pavimentos, tem foco no uso de elementos e sistemas do edifício, com a finalidade
de atender os requisitos do usuário. Subdivide-se em 6 partes:
 Parte 1 – Requisitos gerais;
 Parte 2 – Sistemas estruturais;
 Parte 3 – Sistemas de pisos;
 Parte 4 – Sistemas vedações verticais internas e externas;
 Parte 5 – Sistemas de coberturas;
 Parte 6 – Sistemas hidrossanitários.

Existem ainda, normativas referentes ao conforto térmico, elaboradas pela


International Organization for Standardization - ISO e pela American Society of
Heating, Refrigerating an Air-Conditioning Engineers, Inc. – ASHRAE e foram
extraídas de estudos realizados por Fanger (1970).
Dentre elas a ISO 10551 (1995) – Ergonomia de ambientes térmicos:
Verificação da influência do ambiente térmico usando escalas subjetivas de
julgamento, fornece preceitos para o uso de escalas de apreciação, tais como:
percepção térmica, preferência térmica, aceitabilidade térmica e tolerância térmica.
Estas escalas são utilizadas para a obtenção de dados confiáveis e comparativos
com relação aos aspectos subjetivos do conforto térmico.
A ISO/DIS 7726 (1998) – Ambientes térmicos: Instrumentos e métodos para
a medição dos parâmetros físicos, especifica as características mínimas de
instrumentos de medições das variáveis físicas correspondentes ao conforto térmico.
Especifica também métodos para a medição de tais parâmetros.
A ISO 8986 (2004) – Ergonomia: Determinação da produção de calor
metabólico, foi desenvolvida com o objetivo de determinar a produção de calor
metabólico. A determinação de calor dada por esta norma é indicada para a prática
de atividades, para o custo energético destas atividades, assim como o custo
energético total das atividades. Especifica métodos para determinar as taxas
metabólicas para ambientes de trabalho e inclui as taxas metabólicas para uma série
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
44

de tarefas diferentes.
A ISO 7730 (2005) – Ambientes térmicos moderados: Determinação dos
índices de PMV e PPD e especificações das condições para conforto, foi
estabelecida em 1994 e propunha um método de determinação da sensação térmica
e o grau de desconforto das pessoas expostas a ambientes térmicos moderados e
especifica condições térmicas aceitáveis para o conforto. Na sua nova versão, em
2005, foi adicionado um método para avaliação de períodos longos, assim como
informações sobre desconforto térmico localizado, condições em estado não
estacionário e adaptação. Foi adicionado também, um anexo estipulando como os
requisitos de conforto térmico podem ser expressos em diferentes categorias.
A ISO 9920 (2007) – Ergonomia de ambientes térmicos: Estimativa do
isolamento térmico e resistência evaporativa de um traje de roupas, especifica
métodos para estimar as características térmicas (resistência à perda de calor seco
e de calor por evaporação) em condições de estado estacionário, a partir da
vestimenta do usuário, com base em valores conhecidos do vestuário. Examina a
influência do movimento do corpo e a penetração de ar sobre o isolamento, assim
como a resistência térmica à umidade. Esta norma não considera os efeitos do
vestuário, como o tato para o conforto, mas considera a influência da chuva e da
neve em suas características térmicas.
A norma ASHRAE Satandard 55 (2010) – Ambientes térmicos: Condições
para a ocupação humana, destina-se a questões de isolamento de vestimentas em
ambientes internos e trata do desconforto devido a correntes de ar, período de
medições e localização das medições.
Com base no levantamento bibliográfico apresentado, sobre os aspectos
relevantes e influentes do conforto térmico, esta pesquisa fará uso do “modelo de
conforto adaptativo para o sudeste asiático” (NGUYEN; SINGH; REITER, 2012) bem
como, da NBR 15220 (2005) e NBR 15575 (2013).

2.4 Processos metodológicos de apoio ao design e ao projeto4

O desenvolvimento de projetos de forma racional, balizado por meio de


estudos de métodos projetuais proporciona um importante impacto sobre a

4Partes deste item está publicada em: CELUPPI, M. C.; MEIRELLES, C. R. M. O método projetual de
Bonsiepe (1984) e os encontros disciplinares no Brasil. Revista D.: Design, Educação, Sociedade e
Sustentabilidade, Porto Alegre, v.10, n. 1, 57-77, 2018.
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
45

qualidade e desempenho das edificações. Desta forma o resgate das pesquisas em


design e seus principais pontos de surgimento faz-se necessário, iniciando-se aqui,
por meio da escola que apresentou o design ao mundo, a Bauhaus.
Conforme GROPIUS (2004), após a Primeira Guerra Mundial, todos os
profissionais, em seu campo específico, tentavam contribuir para que a realidade e o
idealismo pudessem caminhar lado a lado. Era preciso que colaboradores
trabalhassem independentemente, porém tendo a sociedade como objetivo comum.
Assim em 1919 foi inaugurada a Bauhaus. Seu escopo específico era
concretizar uma arquitetura moderna que, como a natureza humana,
abrangesse a vida em sua totalidade. Seu trabalho se concentrava
principalmente naquilo que hoje se tornou uma tarefa de necessidade
imperativa, ou seja, impedir a escravização do homem pela máquina,
preservando da anarquia mecânica o produto de massa e o lar,
insuflando-lhes novamente sentido prático e vida. Isto significa o
desenvolvimento de objetos e construções projetados
expressamente para a produção industrial. Nosso alvo era o de
eliminar as desvantagens da máquina, sem sacrificar nenhuma de
suas vantagens reais. Procuramos criar padrões de qualidade, e não
novidades transitórias. A experimentação tornou-se, uma vez mais, o
centro da arquitetura; e isto requer um espírito aberto e coordenante,
e não o tacanho e limitando especialista (GROPIUS, 2004 p. 30).

Conforme o autor, a Bauhaus propôs que todos os profissionais criativos


pudessem trabalhar em conjunto, paralelos à sua interdependência com o mundo
moderno. Pretendia trazer o artista criador para o mundo real do trabalho aliando o
negócio como finalidade. Aliava também, observação, representação e composição,
um programa didático onde se obtém resultados a partir de objetivações de ensino,
criando assim técnicas de desenvolvimento de projetos que são aplicadas até hoje
no método, tornando-se precursora no campo do design.
Segundo CARDOSO (2008), entre os séculos XVIII e XIX ocorreram
transformações fabris de grande importância, a Revolução Industrial. O termo se
refere à criação de um sistema de fabricação que produz grandes quantidades à um
custo menor, gerando seu próprio mercado. A inovação tecnológica permitiu uma
produção mais rápida bem como, a diminuição de mão-de-obra.
O primeiro relato do termo “designer” foi registrado foi pelo Oxford English
Dictionary no século XVII, mas somente no século XIX é que surgem na Inglaterra
os primeiros trabalhadores que se denominavam designers.
É na moradia de classe média; na intimidade do lar; nas mesas,
estantes, gavetas e armários da burguesia grande e pequena que se
encontram um dos primeiros focos históricos importantes para a
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
46

personalização do design. A preocupação com a aparência –


primeiramente, da própria pessoa e, por extensão, da moradia –
como indicador do status individual, serviu de estímulo para a
formação de códigos complexos de significação em termos de
riqueza, estilo e acabamento de materiais e objetos. Para atingir
padrões convencionados, fazia-se cada vez mais necessária a
intervenção de um profissional voltado para esses aspectos do
projeto (CARDOSO, 2008, p. 63).

O autor mostra como a necessidade de diferenciação entre as classes


sociais do século XIX contribuiu para o surgimento do profissional denominado
designer. Buscava-se pelo diferencial, por objetos e artefatos refinados, que além de
suas funções fossem produzidos aliando critérios de beleza, que por sua vez
aumentavam seu valor, denotando poder. O autor afirma que estes primeiros
designers surgiram de dentro do processo produtivo, para atender as necessidades
do homem. Eram operários que se destacavam pela sua experiência em relação ao
processo criativo de concepção.
De acordo com CARA (2010), como ainda não há definições exatas para a
área, é necessária uma investigação sobre as principais bibliografias existentes para
um levantamento de parâmetros que possibilitem uma definição.
A origem imediata da palavra está na língua inglesa, na qual o
substantivo design se refere tanto à ideia de plano, desígnio,
intenção, quanto a de configuração, arranjo, estrutura (e não apenas
de objetos de fabricação humana, pois é perfeitamente aceitável, em
inglês, falar do design do universo ou de uma molécula). A origem
mais remota está no latim designare, verbo que abrange ambos
sentidos, o de designar e o de desenhar. Percebe-se que, do ponto
de vista etimológico, o termo já contém nas suas origens uma
ambiguidade, uma tensão dinâmica, entre um aspecto abstrato de
conceber / projetar / atribuir e outro concreto de registrar / configurar,
formar (CARDOSO, 2008, p. 20).

O autor sugere que do ponto etimológico, o termo cria ambiguidade entre a


forma material e os conceitos intelectuais, pois diferentemente de outras atividades
como engenharia e arquitetura que também geram projetos, o design trata do
sentido objetivo de plano, esboços ou modelos.
CARA (2010) afirma que há mais definições a respeito das atribuições de um
designer, do que a própria definição do design. A autora afirma que a primeira
definição dada pelo International Council of Societies os Industrial Design - ICSID,
feita em 1959 traz incertezas em relação ao termo Design. Outras definições foram

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
47

feitas pelo Conselho nos anos de 1961, 1969 e 1970, até chegar na definição atual
dada na 29º Assembleia Geral em Gwangju, na Coreia do Sul:
Desenho Industrial é um processo estratégico de resolução de
problemas que impulsiona a inovação, constrói o sucesso do
negócio, e leva a uma melhor qualidade de vida através de produtos
inovadores, sistemas, serviços e experiências. Desenho Industrial
preenche a lacuna entre o que é e o que é possível. É uma profissão
transdisciplinar que aproveita a criatividade para resolver problemas
e co-criar soluções com a intenção de fazer um produto, sistema,
serviço ou experiência para melhores negócios. No seu coração, o
Desenho Industrial fornece uma maneira mais otimista de olhar para
o futuro reformulando os problemas como oportunidades. Ele liga a
inovação, tecnologia, pesquisa, negócios e clientes para fornecer um
novo valor e vantagem competitiva através esferas econômicas,
sociais e ambientais (ICSID, 2015).

Por meio desta definição pode-se perceber que o Design é uma atividade
que visa todos os processos para a concepção de um produto, compreendendo todo
seu ciclo de vida, considerando o caráter tecnológico, cultural, sustentável e
econômico, envolvendo várias profissões que fazem parte do processo produtivo e
de serviços. Deste modo, o design compromete-se com o constante aumento da
produtividade.
Tratando do contexto do produto no design, Lobach (2001, p. 17) afirma que
“por design industrial podemos entender toda a atividade que tende a transformar
em produto industrial passível de fabricação, as ideias para a satisfação de
determinadas necessidades de um indivíduo ou grupo”, denotando que o design tem
foco principal nas necessidades humanas.
Manzini (2011) sugere a avaliação do impacto ambiental que um novo
produto pode causar. Conforme o autor é recomendável, agir previamente,
analisando os requisitos ambientais desde a primeira fase de desenvolvimento do
projeto de novos produtos, ao invés de buscar soluções para danos já causados.
Para Santos (2012) a atuação do designer no contexto ambiental e
sustentável, demanda novas competências em novas linhas de atuação. Neste
sentido, o design contribui para o desenvolvimento de sistemas que possibilitem a
reorientação ambiental das variáveis de produção, dirigindo-se para uma economia
desmaterializada. Conforme Ryan (2000), do ponto de vista social, ambiental e
econômico, o design direciona-se para a criação e desenvolvimento de sistemas
capazes de reduzir significativamente os impactos ambientais.
Em alguns casos, não é possível a análise dos requisitos ambientais de
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
48

forma prévia, deste modo, o design apresenta-se como ferramenta de adaptação e


otimização de processos, sejam eles gráficos, de produção de produtos ou
construtivos. Assim, para Löbach (2001) o design surge como um plano para a
solução de um determinado problema, assumindo a responsabilidade de trazer
soluções projetuais a fim de reduzir impactos ambientais. Ainda para o autor, este
processo é concretizado num projeto de produto, que incorpora características a fim
de satisfazer as necessidades humanas de forma duradoura.
Com base nestas afirmações, pode-se atestar que o processo de design
pode contribuir com o estudo de componentes de modo a discutir soluções para as
habitações ribeirinhas do Amazonas, tendo em vista o enfoque ambiental abordado
no desempenho de metodologias e métodos projetuais de design, bem como o
processo ecológico que envolve a vida do ribeirinho em seu habitat.
Diante disto, ao analisar-se a arquitetura como um meio capaz de
proporcionar ao homem assentamentos que denotem proteção e abrigo, percebe-se
que este “todo arquitetônico” é constituído por partes. Estas partes são
desenvolvidas com base em estudos, que tem a finalidade de conferir melhores
condições de aplicação às mesmas, sejam elas técnicas construtivas, aplicação dos
materiais ou o design dos componentes.
Deste modo, o estudo do método de desenvolvimento destas partes,
apresenta-se como fundamental para construção de uma arquitetura eficiente.
Assim, metodologias e métodos projetuais de design do produto, surgem como
elementos essenciais no desenvolvimento de componentes arquitetônicos.
Neste sentido, faz-se necessária a distinção entre os termos “método” e
“metodologia” com a finalidade de proporcionar um melhor entendimento sobre suas
aplicações na arquitetura.
Para Gil (1994), método é o caminho utilizado para se atingir uma finalidade.
Pazmino (2015) afirma que método pode ser entendido como um composto de
várias técnicas, que envolvem planejamento, coletas, análises, instrumentação e
demais etapas com que o profissional pretende trabalhar. Para a autora, método
pressupõe ainda a sistemática do trabalho, que vai de encontro ao exposto por Serra
(2006), que caracteriza o método como atividades programadas e tarefas
sequenciais a partir de um plano de ação. Para o autor, o método não garante o
sucesso de uma pesquisa, porém sua ausência significa o caminho para o desastre.

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
49

Considerando as definições abordadas por Gil (1994), Serra (2006) e


Pazmino (2015), pode-se afirmar que o termo “método”, refere-se às etapas que o
pesquisador determina para sua pesquisa, ou seja, o que o pesquisador fará, de
forma sequencial, para que os objetivos propostos em seu estudo sejam elucidados.
Já metodologia de pesquisa no contexto de Minayo (2001), é o caminho do
pensamento, a prática exercida na abordagem da realidade. Gerhardt e Silveira
(2009) definem metodologia como o estudo da organização e dos caminhos que
serão percorridos para se realizar uma pesquisa, com a finalidade de validá-los, para
a obtenção da finalidade proposta no estudo. Serra (2006) entende metodologia
como a teoria do método. Para o autor, o termo significa a discussão do método que
será empregado na pesquisa proposta e a justificativa de sua escolha. Gil (1994)
classifica metodologia científica em métodos científicos: método dedutivo; método
indutivo; método hipotético dedutivo; método dialético e método fenomenológico.
Tais métodos científicos têm definições próprias e visam a validação das etapas
propostas em pesquisa.
Considerando as definições abordadas por Gil (1994), Minayo (2001), Serra
(2006) e Gerhardt e Silveira (2009), pode-se afirmar que o termo “metodologia”
refere-se ao estudo teórico do método, com a finalidade de validar as etapas de
execução sequenciais optadas pelo pesquisador.
Tendo claras as definições acerca de método e metodologia, apresentam-se
aqui alguns métodos projetuais, que devido ao estudo de suas etapas pelos
pesquisadores que os propuseram, são metodologicamente válidos no
desenvolvimento de produtos dentro da arquitetura.

2.4.1 O método projetual de Bonsiepe (1984)


Em sua obra “Metodologia experimental: desenho industrial” de 1984, o
designer alemão Georg Hans Max Bonsiepe, mais conhecido como Gui Bonsiepe.
Apresenta um método para o desenvolvimento de produtos, que se aplica a diversas
áreas. O método (Figura 8) consiste em um organograma sequencial de seis fases:
problematização, análise, definição do problema, anteprojeto/geração de alternativas
e por fim, o projeto.
Dentro da segunda fase do método, a analise, o autor propõe uma vasta lista
de sub-analises: lista de verificação, analise do produto em relação ao uso, analise

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
50

diacrônica, análise sincrônica, analise estrutural, análise funcional e a analise


morfológica. Para a etapa de definição do problema, Bonsiepe sugere: lista de
requisitos, estruturação do problema e hierarquização dos requisitos. Para o
exercício da criatividade na fase de anteprojeto/geração de alternativas, o autor
sugere: brainstorming ortodoxo, brainstorming construtivo/destrutivo, método 635,
métodos de transformação/busca de analogias, caixa morfológica e a criação
sistemática de variantes.
Dentro da arquitetura, este método é aplicado no desenvolvimento da
arquitetura e do urbanismo, na indústria civil, no design de componentes
arquitetônicos e no desenvolvimento de projetos sustentáveis (CARDOSO et al.,
2011, MOTA et al., 2015, CELUPPI; CURVAL, 2016).
Percebe-se a aplicação do método de forma integral, parcial e em paralelo à
outros métodos projetuais.

Figura 8: Método Projetual de Gui Bonsiepe (1984).


Fonte: Bonsiepe (1984). Org.: Da autora.

2.4.2 O método projetual de Bruno Munari (1981)


Da sua obra “Das coisas nascem as coisas” – publicada originalmente em
1981 na Itália, tendo sua primeira edição brasileira em 1998 – projetistas puderam
conhecer o seu método projetual, que é referência até os dias de hoje. O método
(Figura 9) consiste em 13 etapas: problema, definição do problema, ideia,

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
51

componentes do problema, coleta de dados, análise dos dados, criatividade,


materiais/tecnologia, experimentação, modelo, verificação, desenhos de construção
e por fim, a solução.
Para o autor o esquema metodológico, por ele proposto, não é fixo, nem
completo, nem único, muito menos definitivo, no entanto, a ordem cronológica
destas etapas deve ser respeitada. Munari (1981) afirma que o projetista deve estar
sempre pronto a modificar seu pensamento diante de uma evidência objetiva na
formulação do método.

Figura 9: Método Projetual de Bruno Munari (1981)


Fonte: Munari (1981). Org.: Da autora.

2.4.3 O método projetual de Mike Baxter (1998)


Mike Baxter, na sua obra “Projeto de Produto: guia prático para o
desenvolvimento de novos produtos” de 1998, traz o seu método projetual,
referência atual para o desenvolvimento de produtos. Tal método (Figura 10), divide-
se em cinco etapas: planejamento do produto, projeto conceitual, projeto de
configuração, projeto detalhado e por fim, o projeto para fabricação.
O autor relaciona o design de produtos com a engenharia, objetivando a
satisfação das necessidades do consumidor final do produto concebido. O método
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
52

projetual de Baxter tem vasta aplicabilidade, seja de forma completa, parcial ou


integrada à outros métodos, nas áreas de design de produto, assim como em
projetos arquitetônicos (CELUPPI; CURVAL, 2016).

Figura 10: Método Projetual de Mike Baxter (1998)


Fonte: Baxter (1998). Org.: Da autora.

2.4.4 A metodologia Life Cicle Design – LCD de Manzini e Velozzi (2002).


Para CASAGRANDE (2011), desde a Revolução Industrial o projeto está
comprometido com o constante aumento da produtividade, conferindo à designers e
arquitetos o papel de integrar fatores culturais, tecnológicos, econômicos e
funcionais. Se mal planejado, o projeto de produtos acaba por gerar impacto
ambiental na má utilização de recursos naturais, na exaustão dos recursos
explorados, na produção de resíduos, na produção excessiva de embalagens e na
produção de resíduos resultantes do descarte (BONSIEPE; 1978).
Neste contexto, deve-se analisar o ciclo de vida do sistema-produto, que
consiste na pré-produção, produção, distribuição, uso e o descarte de um produto,
tendo em vista que é mais fácil agir previamente, analisando os requisitos
ambientais desde a primeira fase do desenvolvimento de novos produtos, do que
buscar soluções para danos já causados (MANZINI; 2011). Assim, pode-se aliar o
ciclo de vida inteiro do produto, o Life Cicle Design – LCD, que tem como objetivo
reduzir o impacto ambiental gerado por todas as fases envolvidas no ciclo de vida de
um produto, seja em termos quantitativos ou qualitativos. O LCD pode agir
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
53

relacionando a otimização da vida dos produtos, a extensão da vida dos materiais e


a facilidade de desmontagem do produto, ou seja, reduzindo o input (energias e
materiais) ou o output (impacto das emissões e do descarte final do sistema produto
inteiro).
Manzini e Velozzi (2002) caracterizam como dever de arquitetos e designers,
a implantação de estratégias que unam projeto e sustentabilidade, fazendo uso da
metodologia do Ciclo de Vida do Produto. Conforme os autores, a estratégia do LCD
propõe:
 Minimização de recursos: Reduzir o uso de materiais e de energia;
 Escolha de recursos e processos de baixo impacto ambiental:
Selecionando os materiais, os processos e as fontes energéticas de
maior ecocompatibilidade;
 Otimização da vida dos produtos: Projetar artefatos que perdurem;
 Extensão da vida dos materiais: Projetar em função da valorização
(reaplicação) dos materiais descartados;
 Facilidade de desmontagem: Projetar em função de separação das
partes dos materiais.

Por meio da análise dos métodos projetuais, inicialmente desenvolvidos para


a concepção de produtos na área de design, percebe-se que os mesmos são
eficientemente aplicáveis ao processo arquitetônico, na concepção do design de
componentes, tendo em vista as etapas propostas e a profundidade de estudo
aplicada para a concepção do um produto final. Deste modo, o uso de métodos
projetuais de design na concepção da arquitetura apresenta-se como eficaz para a
discussão de soluções de coberturas e vedações das habitações ribeirinhas do
estado do Amazonas, considerando o enfoque ambiental e climático proposto para a
discussão desta pesquisa. Assim, tais métodos servirão de base para o
desenvolvimento da análise crítica e da discussão de soluções.
Tendo em vista, o levantamento apresentado acerca dos processos de
design, está pesquisa compreende e caracteriza como “design de componentes”
como o uso de estratégias bioclimáticas projetuais, que não foram ainda difundidas
na desenvolvimento da arquitetura ribeirinha.
Com base nos aspectos abordados no referencial teórico aqui apresentado,
torna-se possível o desenvolvimento desta pesquisa, que se dará a partir do estudo
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
54

de caso, apresentado no capítulo 4 desta dissertação.

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
55

3. MÉTODO

O método utilizado para o desenvolvimento desta pesquisa é o “indutivo


exploratório”, tendo em vista que se busca considerar o conhecimento baseado em
experiência, que assume de forma geral, pesquisas bibliográficas e estudo de caso.
Para que a proposta de desenvolvimento se torne viável, os procedimentos
metodológicos serão subdivididos de acordo com as etapas de execução (Figura
11).

Figura 11: Organograma metodológico.


Fonte: Da autora.

3.1 Levantamento Bibliográfico

Inicialmente foi feito o levantamento bibliográfico - que se estenderá durante


todo o período de desenvolvimento desta pesquisa - acerca dos aspectos relevantes
sobre a vida do ribeirinho no Amazonas; a inserção da arquitetura na região
amazônica; aspectos influentes e determinantes na observação do conforto térmico;
e por fim sobre o design, sua história, processos metodológicos e aplicações
arquitetônicas.
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
56

3.2 Coleta e análise de dados meteorológicos

Para elucidar as questões abordadas nos objetivos desta pesquisa, esta


etapa contou com a coleta de dados meteorológicos da região de estudo, bem como
com a coleta de dados meteorológicos no interior de uma palafita ribeirinha.
Para a coleta dos dados meteorológicos internos esta pesquisa baseou-se
no trabalho de Hwang et al., (2009) que verificaram a correlação entre sensação
térmica e insatisfação térmica para regiões de clima tropical. Para tal coleta utilizou-
se uma estação meteorológica automática portátil, equipamento este, que foi
exclusivamente desenvolvido para a presente pesquisa, que conta com os seguintes
sensores:
 Sensores de temperatura de bulbo seco e bulbo úmido, para
obtenção de dados de temperatura e umidade relativa do ar, que
coletaram dados em intervalos de 10 minutos.
 Anemômetro, para a obtenção de dados de velocidade e direção do
vento, que coletará dados em intervalos de 10 minutos;
 Termômetro de globo negro para a obtenção da temperatura radiante
média (TRM), que coletará dados em intervalos de 10 minutos.
A instrumentação supracitada foi conectada a um sistema de leitura e coleta
dos dados em cartão de memória SD. As descrições dos sensores utilizados, tal
como resolução, modelo e marca, estão descritas nos manuais destes, conforme
Anexo A.
Optou-se por instalar a referida estação em uma única casa da tipologia
palafita que representa a maioria das habitações nas duas comunidades aqui
analisadas. Para tanto, buscou-se uma palafita construída em madeira, com
cobertura de telha metálica e sem forro, tipologia esta, característica da localidade
analisada.
A estação meteorológica portátil automática foi instalada na comunidade
Ribeirinha “Pesqueiro”, no município de Manacapuru-AM, medindo 48 horas
ininterruptas, entre os dias 15 a 17 de agosto de 2017. Instalou-se a estação
meteorológica em um cômodo na área central da residência, que coletou dados no
intervalo de 1 em 1 minuto. A coleta de dados meteorológicos deu-se das 10:00h do

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
57

dia 15 de agosto de 2017 até as 10:50h, do dia 17 de agosto de 2017.


Para a coleta dos dados externos referentes à temperatura do ar, umidade
relativa do ar e velocidade do vento, utilizou-se os dados da estação meteorológica
do INMET, localizada na área urbana de Manacapuru-AM.
Para a análise dos dados levantados em campo durante os três dias de
medições, os mesmos foram tabulados e consolidados em planilha Microsoft Excel®
para o tratamento gráfico e foram posteriormente discutidos.

3.3 Aplicação e análise de questionários5

De acordo com Fabbri (2015), questionários podem ser usados para avaliar
a relação entre aspectos fisiológicos, psicológicos, culturais e sociais, exigindo
estudos para desenvolvimento, formulação, administração e interpretação de seus
resultados.
Deste modo, no que trata dos aspectos individuais dos moradores das
habitações ribeirinhas analisadas nesta pesquisa, desenvolveu-se um questionário
específico para a análise da percepção ambiental e do conforto térmico dos mesmos
(Figura 12), tendo como base os padrões estabelecidos pela ISO 10551 (1995),
aliando ainda dados referentes à idade, sexo, peso, altura, vestimenta e croqui da
casa em que o inquirido reside.
Tendo em vista a pequena quantidade de moradores nas comunidades
analisadas, o tempo disponível para pesquisa, a distância entre casas e pelo fato da
pesquisa ter ocorrido no período de “roçado” (época de plantio nas lavouras), optou-
se pela aplicação do questionário na forma de blocos, tendo as mesmas perguntas
aplicadas para às 08:30h, 12:30h e 20:30h. Esta disposição de horários permitiu
uma dimensão da percepção do ribeirinho durante um dia completo, nos períodos da
manhã, meio dia e noite, em um mesmo questionário.

5 Partes deste item estão publicadas em: CELUPPI, M. C.; MEIRELLES, C. R. M.; CYMROT, R.
Habitação ribeirinha no Amazonas: O conforto por meio do design de componentes e de estratégias
bioclimáticas. In: 4º Fórum Habitar, 2017, Belo Horizonte. Anais do 4º Fórum Habitar, 2017.
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
58

Figura 12: Questionário aplicado aos ribeirinhos com base na ISO 10551 (1995).
Org: Da autora.

Os questionários foram aplicados em pessoas diferentes durante todo o


período e proporcionou análises de ordem qualitativa e quantitativa acerca das
condições de suas habitações.
No dia 15 de agosto de 2017, a aplicação de questionário deu-se na
comunidade “Pesqueiro”. Foram aplicados 15 questionários, em casas do tipo
palafita e flutuante, em sua totalidade constituídas de madeira e telha metálica. A
aplicação de questionários ocorreu entre as 11:00h e as 16:00h e o baixo número de
questionários, atribuiu-se em função das poucas famílias na comunidade e, como
citado anteriormente, pela distância das casas e pelo período de roçado.
No dia 16 de agosto de 2017, os questionários foram aplicados na
comunidade “Rei Davi – Calado”. Neste dia foram coletados 16 questionários, em
casas do tipo palafita constituída de madeira e telha metálica, bem como do tipo
alvenaria – tipologia característica apenas desta comunidade –. Aqui, a aplicação de
questionários, ocorreu entre as 08:30h até as 13:30h, em função da logística de
locomoção até a comunidade e a volta ao município de Manacapuru.
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
59

No dia 17 de agosto de 2017, os questionários foram aplicados novamente


na comunidade “Pesqueiro”, priorizando as casas do tipo flutuante, que não haviam
sido visitadas no dia 15 de agosto. Foram aplicados 17 questionários, no período
das 07:30h até as 10:30h, tendo em vista, novamente, a logística de locomoção.
Os três dias de pesquisa, resultaram em 48 questionários que foram
tabulados em planilha Microsoft Excel® e importados para uso no programa
Minitab® Statistical Software v.17 utilizado na realização das análises estatísticas.
Foi realizada uma análise descritiva dos dados por meio de construção de
tabelas de frequências e respectivas porcentagens.
Os dados foram divididos em três grupos, coletados respectivamente em:
a) 6 casas de chão;
b) 23 casas flutuantes;
c) 19 casas palafitas.
Como estes grupos possuem tamanhos diferentes, todos pequenos,
inferiores a 30, optou-se pelo uso da análise de variância não paramétrica por meio
do teste de Kruskal-Wallis (SIEGEL; CASTELLAN JR., 2008) para comparação das
médias das variáveis, abaixo descriminadas, entre os grupos, para cada horário:
a) “Como você se sente neste exato momento”;
b) “Neste exato momento, em relação ao clima, eu estou”;
c) “Neste exato momento eu preferia estar sentindo”.
Estas variáveis foram coletadas segundo escalas, de acordo com o
questionário estabelecido na ISO 10551 (1995) e foram comparadas em função do
tipo de casa e horário.
Para testar a diferença de proporções de aceitação das condições climáticas
do ambiente nos três grupos, foi utilizado o teste não paramétrico de Cochran
(SIEGEL; CASTELLAN JR., 2008).
Foram calculadas as proporções de percepção das condições climáticas do
ambiente por horário e, por horário e tipo de casa. Posteriormente foram calculados
por meio do método exato, os respectivos intervalos com 95% de confiança.
Para análise da idade utilizou-se a seguinte faixa etária:
a) Jovens: do nascimento até os 19 anos;
b) Adultos: dos 20 aos 59 anos;
c) Idoso: 60 anos ou mais.

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
60

Para análise de peso corporal, utilizou-se o Índice de Massa Corporal (IMC),


que é um indicador utilizado para avaliação da proporção entre peso e altura de
adultos e é expresso pela relação entre a massa corporal em kg e a estatura em m²
(kg/m²). Com base em dados de 2004 da Organização Mundial de Saúde (OMS),
para essa pesquisa optou-se pelo uso de seis faixas, assim denominadas:
a) IMC abaixo de 17,00: muito abaixo do peso
b) IMC de 17,00 18,49: abaixo peso.
c) IMC de 18,50 a 24,99: peso normal
d) IMC de 25,00 a 29,99: acima do peso/sobrepeso.
e) IMC de 30,00 a 34,99: obesidade I
f) IMC de 35,00 a 39,99: obesidade II
Devido ao pequeno tamanho da amostra, para realização de testes de
independência, as variáveis foram dicotomizadas, para os três horários de análise,
da seguinte forma: “Como se sente neste exato momento” (não calor: de -2 a 1;
calor ou muito calor: de 2 a 3); “obesidade” (não obeso: IMC de 17,00 a 29,99;
obeso: IMC de 30,00 a 39,99); “ser idoso” (não idoso: até 59 anos; idoso: 60 anos ou
mais) e “sexo” (feminino e masculino).
Mesmo dicotomizando as variáveis, ao se testar a hipótese de que há
independência entre pares de variáveis aleatórias de interesse, houveram valores
esperados inferiores a 5 para combinações de níveis das variáveis, não atendendo
às suposições necessárias para uso do teste de independência Qui-Quadrado.
Desta forma optou-se pela realização do teste de independência exato de Fisher que
exige que ambas as variáveis sejam dicotômicas (SIEGEL; CASTELLAN JR., 2008).
Outro teste realizado afim de comparar a percepção média para as variáveis
IMC, idade e sexo, para os grupos dicotomizados se dá por meio do teste não
paramétrico para comparação de médias de Mann-Whitney (SIEGEL; CASTELLAN
JR., 2008).
Foram calculados intervalos de 95% de confiança para as variáveis de
interesse.
Todos os testes de hipóteses foram realizados adotando-se o nível de
significância de 5%, sendo rejeitadas as hipóteses cujos níveis descritivos (valores-
p) dos testes resultaram ao nível de significância de 5%.

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
61

3.4 Verificação das normas brasileiras e aplicação do modelo de conforto


adaptativo

Para a verificação das condições de conforto da habitação aqui analisada, foi


feita uma averiguação por meio da NBR 15575 (2013), parte 1, 3, 4 e 5, que tem
como base para cálculos a NBR 15220 (2005; 2008).
Dando seguimento, para a verificação da situação de que dispõe a referida
habitação utilizou-se também do modelo de conforto adaptativo para o sudeste
asiático, proposto por Nguyen, Singh e Reiter (2012), que considera a média mensal
de temperatura do ar externo como base para obtenção da temperatura de conforto
e se dá por meio da equação 6.

Equação 6
Tconforto = 0,341 Ta externo + 18,83

Os dados obtidos por meio da equação foram analisados e comparados aos


dados coletados na habitação analisada nesta pesquisa.

3.5 Experimentações e o design de componentes: Modelagem numérica da


edificação analisada com diferentes componentes de cobertura

Para as simulações térmicas foi utilizado o programa de simulação


DesignBuilder versão v6.0.0.125. Para os dados climáticos horários (temperatura do
ar, direção e velocidade do vento) de um ano completo, utilizou-se os dados da
cidade de Manacapuru – AM. Tais dados climáticos foram obtidos por meio do
Laboratório de Eficiência Energética em Edificações da UFSC - LabEEE..
O DesignBuilder é uma ferramenta que foi lançada em 2005 pela
DesignBuilder Software Ltda. como uma interface gráfica para o programa
EnergyPlus. Apresenta-se como um instrumento de identificação do impacto do
consumo de energia considerando fatores como volumetria e zoneamento,
permitindo o teste de diversas soluções baseadas no custo/benefício das mesmas,
facilitando a tomada de decisões.
Conforme Freire et al. (2013), em sua pesquisa que verificou a adequação
dos programas Autodesk Ecotec Analysis e o DesignBuilder enquanto ferramentas a
serem utilizadas na avaliação de desempenho térmico de edificações, o

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
62

DesignBuilder destaca-se em simulações termoenergéticas, apresentando grande


confiabilidade nos resultados, trazendo como diferencial “recursos que contemplam
fenômenos dinâmicos nas edificações, de acordo com padrões de utilização, como é
o caso do acionamento de dispositivos de sombreamento e ventilação associados a
valores de energia radiante e da temperatura do ar” (FREIRE et al., p. 8, 2013),
tornando-o um favorável instrumento para esta pesquisa.
O modelo utilizado no estudo foi baseado na casa onde instalou-se a
estação meteorológica automática portátil, na comunidade Pesqueiro, durante o
período de pesquisa in loco e está orientado com a fachada principal a Noroeste
conforme a Figura 13. Os dados de entrada para as simulações realizadas estão
apresentados no Anexo C.

Figura 13: Orientação do modelo simulado.


Fonte: DesignBuider. Org.: Da autora.

Na simulação termodinâmica, um edifício deve ser composto por uma ou


mais zonas térmicas totalmente fechadas, com cada uma dessas zonas
representando uma sala ou recinto dentro do edifício. Cada zona térmica pode
possuir diferentes geometrias, e com isso, áreas e volumes distintos, assim como,
diferentes dados de entradas para cálculos térmicos: perfis de ocupação, atividades
metabólicas, perfis de iluminação, equipamentos, sistemas de climatização,
ventilação, entre outras variáveis requeridas nos cálculos.
Nos modelos elaborados, foram adotadas 6 zonas térmicas, sendo 5 zonas
como ambiente doméstico e um espaço não ocupado representando o sótão da
casa. As zonas térmicas ocupadas foram denominadas como: “QUARTOCASAL”,
“QUARTOSOLT1”, “QUARTOSOLT2”, “SALACOZINHA”, “QUARTOSEMTETO” e a
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
63

zona térmica não ocupada, denominada “SOTÃO”, conforme a Figura 14. As zonas
térmicas “QUARTOSEMTETO” e “SOTÃO” estão interligadas pois esse quarto não
possui forro.

Figura 14: Zonas térmicas simuladas.


Fonte: DesignBuider. Org.: Da autora.

Como critérios de ocupação, foram adotados para efeitos de ganhos internos


três pessoas durante o dia, das 6h00 às 18h30 e seis pessoas durante à noite, das
18h30 às 6h00.
A potência de iluminação adotada foi de 2 W/m²-100 lux e meta de
iluminação 150 lux (Target Iluminance). Da mesma forma, a soma total dos
equipamentos internos adotada para os edifícios foi de 1 W/m².
Assumiu-se, paredes externas, janelas, pisos, forros, e varandas, como
madeira cumaru com 2,3 cm, seguindo as propriedades térmicas, condutividade e
calor especifico, utilizadas do programa DesignBuilder, do material madeira carvalho
(Oak radial), tendo em vista que o programa não dispõe do material “madeira
cumaru”, conforme a Figura 15.

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
64

Figura 15: Propriedades da madeira cumaru.


Fonte: DesignBuilder. Org.: Da autora.

Para entender e compreender a efetividade de algumas das estratégias


bioclimáticas apontadas no item 4.2.2, desta dissertação, simulou-se diferentes tipos
de coberturas, que deram origem aos modelos analisados.
No modelo 1, denominado “simples chapa metálica oxidada”, foi adotado o
material zinco com 0,4 mm e acabamento superficial de metal oxidado, conforme a
Figura 16.

Figura 16: Modelo1 - simples chapa metálica oxidada.


Fonte: DesignBuilder. Org.: Da autora.

No modelo 2, denominado “simples chapa metálica pintada de branco”,


_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
65

utilizou-se material zinco com 0,4 mm e pintura na cor branco, conforme a Figura 17.

Figura 17: Modelo 2 - - simples chapa metálica pintada de branco.


Fonte: DesignBuilder. Org.: Da autora.

No modelo 3, denominado “madeira cumaru”, adotou-se como cobertura o


material idêntico ao das paredes com 2,3 cm, conforme a Figura 18.

Figura 18: Modelo 3 - madeira cumaru.


Fonte: DesignBuilder. Org.: Da autora.

No modelo 4, denominado “Telha sanduiche”, adotou-se como cobertura o


material chapas de zinco com 0,4 mm no exterior e interior, e, isolante térmico EPS
com 3 cm entre chapas, com pintura nova na cor branco, conforme a Figura 19. O
modelo 5, é idêntico ao modelo 1, no entanto, sem beirais.

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
66

Figura 19: Modelo 4 - telha sanduiche.


Fonte: DesignBuilder. Org.: Da autora.

O Perfil geométrico dos modelos 1 a 4 são idênticos (Figura 20). O modelo 5


(Figura 21) é diferenciado pois não possui beirais, ou seja, as áreas de varanda nas
laterais como os outros modelos. O diferencial desse modelo é não possuir beirais
nas varandas e essa simulação teve o intuito de verificar o comportamento do
edifício sem o sombreamento causado pelos beirais nas fachadas do edifício.

Figura 20: Modelos 1 a 4.


Fonte: DesignBuilder. Org.: Da autora.

Figura 21: Modelo 5.


Fonte: DesignBuilder. Org.: Da autora.

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
67

Criou-se também o modelo 6 (Figura 22), com o intuito de verificar o efeito


chaminé. Nesse modelo, acrescentou-se aberturas na lateral da chaminé e na parte
inferior das zonas. Para o cálculo do modelo CFD, optou-se por um dia específico
durante o ano (30 de julgo às 12h00) e utilizou-se a opção de “ventilação natural
calculada”, onde o programa faz o cálculo automáticos do fluxo de ar com base em
diversos parâmetro, como coeficientes e dados climáticos.
As janelas foram modeladas como portas (Doors) no DesignBuilder, tendo
em vista que são constituídas de madeira. O piso foi modelado com piso exterior, e,
portanto, a troca de calor foi realizada com o ar exterior e não com o solo.

Figura 22: Modelo 6 - Efeito chaminé.


Fonte: DesignBuilder. Org.: Da autora.

Criou-se ainda o modelo 7 (Figura 23), que é idêntico ao modelo 1 (simples


chapa metálica oxidada – cobertura de zinco 0,4 mm e acabamento superficial
oxidado), com a finalidade de representar e compreender, o desempenho da
habitação analisada, se construída diretamente no chão, ao invés de construída com
o uso de pilotis, ou seja, palafita.
É importante destacar, que tentou-se simular os três modelos de habitação

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
68

encontrada na região: palafita, flutuante e casa no chão. No entanto, não foi possível
simular a habitação do tipo “flutuante” pois o programa DesignBuilder não possui o
algoritmo para a simulação da habitação sobre a água. Com base nisso, os
resultados das simulações de comparação entre tipologias, apresenta apenas a
comparação entre os modelos “palafita” e “casa no chão”.

Figura 23: Modelo 7 – Habitação construída diretamente no chão.


Fonte: DesignBuilder. Org.: Da autora.

A Tabela 3, apresenta a síntese das propriedades superficiais dos materiais


simulados no telhado dos modelos.

Tabela 3: Propriedades superficiais dos materiais dos telhados.


Absortância Absortância Absortância
Tipo de telhado Refletância
Térmica Solar Visível
Modelo 1 Telhado oxidado 0,12 0,85 0,15 0,85
Telhado Metálico
Modelo 2 0,9 0,2 0,5 0,2
branco
Modelo 3 Madeira 0,9 0,5 0,8 0,5
Modelo 4 Telha sanduiche 0,9 0,2 0,5 0,2
Telhado oxidado
Modelo 5 0,12 0,85 0,15 0,85
sem beirais
Modelo 7 Telhado oxidado 0,12 0,85 0,15 0,85
Fonte: NBR 15220 e DesignBuilder. Org.: Da autora.

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
69

4. ESTUDO DE CASO – HABITAÇÃO RIBEIRINHA EM MANACAPURU-AM

O estudo de caso acerca das habitações ribeirinhas em Manacapuru-AM,


será baseado no levantamento bibliográfico apresentado no capítulo 2, nas
observações sobre o ribeirinho de Manacapuru-AM, na caracterização da área de
estudo, na coleta e análise dos dados (questionários sobre a percepção do ribeirinho
e dados meteorológicos), na verificação desempenho térmico da habitação
analisada por meio das normas de desempenho e de modelo de conforto adaptativo,
em experimentações por meio simulações computacionais/modelagem digital e por
fim, em uma análise crítica integrada.

4.1 O ribeirinho de Manacapuru-AM

No mês de agosto de 2017, ocorreram as pesquisas de campo para coleta


de dados referentes ao conforto térmico e a percepção térmica do ribeirinho. As
pesquisas ocorreram no município de Manacapuru-AM, nas comunidades
“Pesqueiro” e “Rei Davi – Calado”, que habitam às margens das águas do rio
Solimões. As habitações ribeirinhas, nestas comunidades, são constituídas
basicamente das tipologias palafita e flutuante, e são, em sua maioria, construídas
com o uso de madeira – extraída pelos próprios moradores, da floresta – e cobertura
de telha metálica. Há também, em menor número, habitações em alvenaria com
cobertura de telha metálica.
Para a coleta de dados referente ao conforto térmico indoor, utilizou-se de
uma estação meteorológica automática portátil e da aplicação de questionários de
percepção térmica. Entretanto, tal coleta trouxe muito mais que dados técnicos,
propiciando um melhor conhecimento do modo de vida do ribeirinho que habita as
margens do rio. Tais observações tem grande valia na constituição de uma análise
integrada que envolve, além de dados referentes ao conforto, observações acerca
das técnicas construtivas, do modo de morar e da cultura fortemente empregada nas
raízes pessoais do caboclo, que embasaram a análise térmica.
O ribeirinho de Manacapuru-AM, tem como meio de sustento basicamente a
pesca e o roçado, onde os homens costumam sair de casa para trabalhar, enquanto
as mulheres permanecem nas atividades da casa, tomando conta de seus filhos e
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
70

netos, da comida e da estimada decoração de seu lar. Cortinas em cores vibrantes,


guardanapos cuidadosamente bordados, cores viçosas que ornam com toda a casa,
chão cuidadosamente lustrado e flores das mais variadas qualidades. Esses são os
detalhes que compõem o dia a dia destas casas zeladas com muito afeto (Figura
24).

Figura 24: Decoração e organização interna das casas ribeirinhas.


Fonte: Da autora.

No entanto, a mulher ribeirinha não exerce apenas as atividades domésticas.


Ela, quando necessário, ajuda o marido no roçado e na pesca, além de ser
ativamente integrada às atividades da Igreja e da escola local, primando sempre
com sua família, pelo bem geral da comunidade.
Para residentes de grandes cidades, acostumados às facilidades da vida
urbana assim como ao caos urbano, torna-se, por muitas vezes, difícil a
compreensão da complexidade da vida ribeirinha. Tal complexidade integra uma
vida, hora castigada, hora abençoada pelo rio, onde a água, quando sai da torneira,
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
71

não é potável e para poder tê-la, é preciso busca-la de barco no poço artesiano mais
próximo; onde o saneamento básico não é acessível a todos; onde é preciso doar-se
praticamente de forma voluntária, ao funcionamento da escola de seus filhos, ou
então, mandá-los de barco até a escola mais próxima, faça chuva ou faça sol. Uma
vida, castigada pela cheia que adentra o lar do ribeirinho e o obriga a elevar seu piso
e viver isolado, ou a abandonar seu estimado lar até que a água recue, na
esperança de que sua casa permaneça em pé.
Entretanto, as adversidades da vida ribeirinha não são capazes de oprimir a
felicidade destas pessoas. Pelo contrário, quando questionados se preferem morar
na “cidade”, a resposta eminente é: jamais. O caboclo ribeirinho tem uma satisfação
dificilmente encontrada na “cidade grande”. É grato. Para ele, sua vida é abençoada
por Deus, que lhe proporciona tudo o que precisa para viver. Não quer viver
“amontoado como em latas de sardinha”, tal como relatado em conversas informais,
durante as pesquisas de campo realizada para a coleta de dados.
A vida nas comunidades ribeirinhas visitadas nesta pesquisa, é de muita
alegria e gratidão. A falta de incentivo por parte do poder público, principalmente na
educação, na saúde e na valorização das técnicas construtivas adaptadas ao local,
instiga ainda mais o senso comunitário de bem maior e mostra uma administração
muito aquém, do poder público nacional.
Dentro deste simples, no entanto complexo cenário, o ribeirinho constitui o
lar de sua família e é dentro deste mesmo cenário que a pesquisa proposta nesta
dissertação foi acolhida com admiração e solicitude pelas famílias ribeirinhas de
Manacapuru-AM, que abriram as portas de suas casas para conversas e medições
técnicas.

4.1.1 Caracterização da área de estudo

Considerando que as comunidades ribeirinhas do Amazonas apresentam


diversos problemas devido às cheias dos rios, o que denota diversos pontos de
relevância para a melhoria da qualidade de vida dos ribeirinhos, sendo um deles a
falta de conforto térmico nas habitações, optou-se pelo município de Manacapuru-
AM (Figura 25) como área de estudo, tendo em vista a logística das pesquisas de
campo e o acesso às comunidades ribeirinhas que pertencem ao município.

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
72

Figura 25: Mapa de Localização de Manacapuru-AM.


Org.: Da autora.

Localizado às margens do Rio Solimões e originado a partir de uma aldeia


de índios Muras, o município de Manacapuru-AM (Latitude: 03º 17' 59" S, Longitude:
60º 37' 14" W) foi fundado em 1786, mas é em 1984, que o município é elevado à
categoria de “Vila” e desmembrado de capital amazonense, Manaus-AM. Segundo o
último senso do IBGE (2010), Manacapuru-AM tem uma população de 85.141
pessoas e população estimada, no ano de 2017, de 96.460 pessoas, com área
territorial de 7.336.579 km² (IBGE, 2016).
Manacapuru-AM possui um PIB per capito de R$ 14.054,42 (IBGE, 2014).
Considerando a população total do município, apenas 5,7% das pessoas são
ocupadas e a média mensal de salário é de 1,8 salários mínimos. Tratando da
educação, a taxa de escolarização é de 92,3%, entre crianças e adolescentes de 6 a
14 anos. Em relação ao saneamento, apenas 23,7% das habitações apresentam
condições adequadas de esgotamento sanitário (IBGE, 2010), o que reflete
diretamente na qualidade de vida e saúde dos manacupuruenses

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
73

3.1.1.1 Regime de cheias

De acordo com Pereira (2011), a várzea do rio Amazonas foi a primeira


fronteira de expansão da colonização europeia na floresta amazônica, onde o rio
serviu de rota para a conquista da Amazônia, permanecendo ainda como fronteira
entre a vida rural e urbana. “Normalmente considera-se como várzea do rio
Amazonas, a planície inundável de depósitos holocênicos, diferindo da terra firme,
que são as proporções mais elevadas nunca inundadas pelo rio [...]” (PEREIRA,
2011, p. 13). As cheias fluviais no Amazonas, são um fenômeno natural que faz parte
da dinâmica dos rios da Amazônia (CRPM, 2017) e a alternância das fases entre
secas e cheias, devido as variações do rio, é um fator que limita a vida nas várzeas
do dos rios, tendo consequências sobre a vegetação e a vida animal.
O trabalho mecânico das águas do rio Amazonas transforma e
constrói paisagens naturais. Ao longo dos séculos soterrou braços de
afluentes, estreitou ou alargou canais, comprimiu florestas, aumentou
terras, alterou o traçado do rio, criou obstáculos pelo depósito de
seus sedimentos, revelou ilhas depois das cheias ou atalhos pelos
furos, erodiu terras e expulsou habitantes de suas margens. Enfim, o
rio é um verdadeiro construtor de paisagens nas várzeas amazônicas
(PEREIRA, WITKOSKI, 2012, p. 276).

Neste complexo contexto de várzea o caboclo ribeirinho constitui seu lar, que
é delimitado pelo regime de águas. No período de 1970 a 1996, a amplitude entre
seca e cheia foi de 15 metros em Manacapuru-AM (FILIZOLA et al., 2002) e estas
amplitudes anuais tem reflexo diretos no habitat. Para Pereira (2011), as inundações
periódicas tornam a várzea uma paisagem anfíbia, tendo em vista que durante uma
parte do ano essa paisagem encontra-se submersa e em outro período, faz parte da
vida terrestre. Ainda para o autor, a falta de sincronização entre o regime fluvial e
pluvial confere quatro “estações climáticas” (Figura 26) no ecossistema de várzea,
sendo elas: enchente (subida das águas), cheia (nível máximo das águas), vazante
(descida das águas) e seca (nível mais baixo das águas).

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
74

Figura 26: Estações climáticas e fluviais em áreas de várzea na Amazônia Central.


Fonte: Pereira (2011).

Bittencourt e Amadio (2007), concordam com a denominação de “estações


climáticas” na área de várzea, as quais são subdivididas em enchente, cheia,
vazante e seca, porém, a partir de sua pesquisa, propõe definições para os períodos
hidrológicos no rio Solimões, dentro de um perímetro de 200 km, a partir de Manaus,
ou seja, característico para Manacapuru, conforme a Tabela 4.

Tabela 4: Definições para o período hidrológico do Rio Solimões.


PERÍODO Típico Longo Curto
Enchente 90 a 160 dias Mais de 160 dias Menos de 90 dias
Cheia 60 a 160 dias Mais de 160 dias Menos de 60 dias
Vazante 30 a 70 dias Mais de 70 dias Menos de 30 dias
Seca 20 a 120 dias Mais de 120 dias Menos de 20 dias
Fonte: Bittencourt e Amadio (2007). Org.: Da autora.

Um dos maiores períodos de cheia deu-se no ano hidrológico 2011/2012,


tendo 230 dias de enchente (CRPM, 2014). Atingiu uma cota máxima de 29,97m –
máxima história registrada nos 110 anos de monitoramento – e configurou a cheia
recorde desde o ano de 1903, causando inúmeros prejuízos de ordem econômica,
social e ambiental à população da região de Manaus. Na Tabela 5, pode-se observar
uma síntese das cheias extraordinárias ocorridas no sistema Negro – Solimões –
Amazonas, de acordo com o período de monitoramento do Serviço Geológico do
Brasil – CPRM.

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
75

Tabela 5: Histórico de cheias no sistema Negro - Solimões - Amazonas.


ANO INÍCIO FIM DURAÇÃO (dias) COTA MÁXIMA
1909 31/10/1908 16/06/1909 226 29,17m
1922 02/11/1921 17/06/1922 227 29,35m
1953 31/10/1952 09/06/1953 221 29,69m
1971 14/11/1970 24/06/1971 222 29,12m
1975 11/12/1974 23/06/1975 194 29,11m
1976 30/11/1975 14/06/1976 197 29.61m
1989 15/10/1988 03/07/1989 261 29.42m
1994 29/10/1993 26/06/1994 240 29.05m
1999 30/10/1998 23/061999 236 29.30m
2009 30/10/2008 01/07/2009 244 29.77m
2012 12/10/2011 29/05/2012 230 29,97m
Fonte: Serviço Geológico do Brasil – CRPM (2014). Org.: Da autora

4.1.1.2 Caracterização climática

Quanto a caracterização climática, conforme Mendonça e Dani-Oliveira


(2007), Manacapuru-AM localiza-se no macrotipo climático, denominado “clima
equatorial”, que predomina a parte norte do país, área esta, que coincide com a
floresta amazônica. A temperatura média anual deste tipo climático concentra-se
entre 24°C e 26°C, sendo assim, portanto, clima quente. Não apresenta grande
amplitude térmica diária ou sazonal devido à umidade e nebulosidade elevadas,
apresentando os mais expressivos totais pluviométricos do país.
O município de Manacapuru-AM, localiza-se mais especificamente, em zona
de “clima equatorial com subseca – um a dois meses mais secos”, o que significa
que o local apresenta elevadas temperaturas em todos os meses do ano, com um a
dois meses menos chuvosos (subseca) (MENDONÇA; DANNI-OLIVEIRA, 2007).
Alvares et al. (2013) classificam ainda a região como “zona tropical sem
estação seca”, o que significa médias anuais de temperatura do ar na faixa dos
26.7ºC, com pouca variação sazonal, bem como precipitação anual de 2.420 mm,
sendo agosto o mês mais seco, em que a precipitação mensal está na faixa dos 80
mm.
De acordo com a NBR 15220-3 (2005) “Desempenho térmico de edificações
Parte 3: Zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes construtivas para habitações

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
76

unifamiliares de interesse social”, que abrange um conjunto de informações,


estratégias, recomendações e diretrizes construtivas, Manacapuru-AM localiza-se na
zona bioclimática 8. Nesta zona, a norma recomenda grandes aberturas para uso da
ventilação, sombreamento das aberturas, ventilação cruzada e vedações externas
leves, tendo em vista as características climáticas locais.

4.2 A Coleta e análise de dados6

Os diferentes microclimas dessa região sofrem influência direta do clima


local, que segundo Ribeiro (1993), considera entre 15 a 150 km, como uma escala
espacial apropriada para o clima local. Consequentemente, por não haver influência
urbana nas comunidades aqui analisadas, o clima local é fortemente influenciado
pelo clima regional (MONTEIRO, 1976; RIBEIRO, 1993; OKE, 2004; GOBO et al.
2018) e esta transferência de informações de escalas superiores para escalas
inferiores do clima pode ser constatada por meio dos trabalhos de Palus (2014),
Groth e Ghil (2011, 2015) e Jajcay et al. (2016). Logo, as comunidades “Pesqueiro” e
“Rei Davi – Calado”, enquadram-se nesta escala, considerando a distância de 9 km,
em linha reta, das referidas comunidades, localizadas conforme a Figura 28, o que
denota que habitações da mesma tipologia, sofrem a mesma influência climática
local. Desta forma, os dados coletados na habitação do tipo palafita na comunidade
ribeirinha “Pesqueiro”, foram representativos para a tipologia palafita nas duas
comunidades aqui analisadas. A Figura 28 apresenta ainda a área urbana de
Manacapuru-AM e a localização da estação meteorológica automática portátil, bem
como da estação meteorológica automática do INMET.
Como já mencionado anteriormente no item 2.4 desta dissertação, optou-se
então, pela aplicação do método empírico, com medições meteorológicas e
questionários simultâneos. Desta forma, no dia 15 de agosto de 2017 iniciaram-se as
medições com a estação meteorológica automática portátil (Figura 27), que forneceu
dados e proporcionou a análise da situação térmica real encontrada nas casas
ribeirinhas.

6 Partes deste item estão publicadas em: CELUPPI, M. C.; MEIRELLES, C. R. M.; CYMROT, R.
Habitação ribeirinha no Amazonas: O conforto por meio do design de componentes e de estratégias
bioclimáticas. In: 4º Fórum Habitar, 2017, Belo Horizonte. Anais do 4º Fórum Habitar, 2017.
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
77

Figura 27: Estação meteorológica automática portátil.


Fonte: Da autora.

Devido a limitações financeiras, foi possível a aquisição de apenas uma


estação meteorológica automática portátil, o que impossibilitou medições
simultâneas em casas da tipologia palafita e flutuante. Deste modo, optou-se por
instalar a referida estação em uma única casa do tipo palafita que representa a
maioria das habitações observadas nas duas comunidades aqui analisadas. Para
tanto, buscou-se uma palafita construída em madeira, com cobertura de telha
metálica e sem forro, tipologia esta, característica da localidade analisada. Embora
tenham sido encontradas casas ribeirinhas de alvenaria, na comunidade “Rei Davi –
Calado”, a tipologia em madeira supracitada, predomina a região de estudo.

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
78

Figura 28: Localização das comunidades analisadas, da estação meteorológica automática do INMET (Manacapuru-AM) e da estação meteorológica
automática portátil.
Org.: Da autora.
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
79

Diante disto, a estação meteorológica foi instalada em uma casa da tipologia


palafita em um cômodo na área central da residência (Figura 29), entre os dias 15 a
17 de agosto de 2017 na comunidade “Pesqueiro”, conforme o item 3.4.2 desta
dissertação.

Figura 29: Palafita onde coletou-se os dados meteorológicos.


Fonte: Da autora.

Simultaneamente à coleta de dados meteorológicos, ocorreu também a


aplicação de questionários (Figura 12), conforme o item 3.4.3 desta dissertação,
para constatação da percepção térmica do ribeirinho aliando ainda, dados referentes
à idade, sexo, peso, altura, vestimenta e croqui da casa em que o inquirido reside.

4.2.1 Avaliação da percepção do estado de conforto das populações


locais

Dos inquiridos, 66,67% são moradores da comunidade “Pesqueiro” e


33,33%, moradores da comunidade “Rei Davi – Calado”. Esta discrepância entre o
número de entrevistados nas duas comunidades deu-se em função da aplicação dos
questionários ter ocorrido em dois dias na comunidade “Pesqueiro” e em apenas um
dia na comunidade “Rei Davi – Calado”. Deste total, 73,91% são adultos, 15,22%

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
80

idosos e 10,87% adolescentes, sendo 68,75% do sexo feminino e 31,25% do sexo


masculino. Este maior percentual feminino nas respostas é reflexo do período em
que foram aplicados os questionários, período este da plantação do roçado, que é
um trabalho desenvolvido em sua maioria pelos homens, resultando assim num
maior número de mulheres em casa durante o período em que ocorreram as
entrevistas.
A idade média dos inquiridos, foi de 39,6 anos, com desvio padrão de 19,4
anos. A idade mínima foi de 13 anos, a máxima de 102 anos, sendo a mediana de
34,5 anos. 25% dos inquiridos tinham até 24 anos e 25% mais de 51 anos.
Quanto ao IMC, 4,35% estavam muito abaixo do peso, 4,35 estavam abaixo
do peso, 52,17% tinham peso normal, 23,91% acima do peso, 13,04% foram
classificados como obesidade I e 2,17% foram classificados com obesidade tipo II.
As questões de idade, peso e altura, não foram respondidas por apenas 2
indivíduos.
As mulheres que desenvolviam atividades domésticas, responsáveis pelo
serviço da casa e dos filhos representam 65,93% do total de entrevistados, um valor
significativo para esta pesquisa, tendo em vista que o objetivo é identificar as
condições internas de conforto térmico das habitações.
Das tipologias analisadas, 47,92% correspondem ao tipo flutuante, 39,58%
ao tipo palafita e 12,50% ao tipo casa no chão. Deste total, 75,00% são constituídas
em madeira, sendo que o restante se divide em alvenaria, mista I (madeira e
alvenaria) e mista II (madeira e PVC). As coberturas metálicas apresentam-se em
100% das habitações analisadas, nas quais 85,00% delas não utilizam forro.
Foi identificado ainda que 85,11% das habitações contam com o auxílio de
ventilador para a melhora das condições de conforto térmico, 10,64% das casas
possui, além do ventilador, aparelhos de ar condicionado em alguns cômodos,
2,13% utilizam ventilador e telas nas janelas propiciando que as mesmas fiquem
abertas durante a noite e 2,13% não possui nenhum mecanismo a melhoria das
condições climáticas.
A Tabela 6 apresenta a síntese dos resultados obtidos por meio dos
questionários, conforme a IS0 10551 (1995), em porcentagem. Para esta análise,

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
81

considerou-se as perguntas de número 2 a 5, apresentadas no questionário (Figura


12), que são as perguntas pertinentes à percepção, preferência e aceitação.
Portanto, na análise quantitativa, assim como na análise qualitativa, estas quatro
perguntas do questionário serão chamadas de “primeira” até a “quarta”.

Tabela 6: Respostas aos questionários.


PERGUNTA 08h30 12h30 20h30
2,08% - um pouco de
47,00% - nem frio 2,08% - nem frio nem frio
nem calor calor 25% - nem frio nem
Como se sente nesse exato 31,25% - um pouco 6,25¨% - um pouco calor
momento? de calor de calor 29,17% - um pouco
8,33% - calor 22,92% - calor de calor
12,50% - muito calor 68,72% - muito calor 16,67% - calor
27,08% - muito calor
66,67% - confortável 4,17% - confortável 31,25% - confortável
16,67% - um pouco 22,92% - um pouco 31,25% - um pouco
desconfortável desconfortável desconfortável
Nesse exato momento, em
14,58% - 20,83% - 20,83% -
relação ao clima, eu estou:
desconfortável desconfortável desconfortável
2,08% - muito 52,08 – muito 16,67% - muito
desconfortável desconfortável desconfortável
41,67% - muito mais 14,58% - muito mais
frio frio
4,17% - muito mais
22,92% - mais frio 37,5% - mais frio
frio
27,08% - um pouco 27,08% - um pouco
16,67% - mais frio
Nesse exato momento eu mais de frio mais de frio
41,67% - um pouco
preferia sentir: 4,17% - sem 16,67% - sem
mais de frio
mudanças mudanças
37,50% - sem
2,08% - um pouco 2,08% - um pouco
mudanças
mais de calor mais de calor
2,08% - mais calor 2,08% - mais calor
Aceita ou rejeita as condições 83,33% - aceita 50% - aceita 77,08% - aceita
climáticas desse ambiente? 16,67% - rejeita 50% - rejeita 22,92% - rejeita
Fonte: Da autora.

Ao se atribuir valores numéricos às escalas adotadas foi possível a


construção dos gráficos que são apresentados nas Figuras 19, 20 e 21 que indicam
os valores médios e respectivos intervalos de confiança para as variáveis estudadas.
A primeira pergunta (Figura 30) trata-se de como o usuário se sentia em
relação aos horários das 08h30, 12h30 e 20h30. Para às 08h30, a maioria dos
inquiridos (47,00%) não sentem nem frio nem calor. Já para o horário das 12h30,
68,72% sentem muito calor, enquanto que às 20h30, 29,17% sentem ainda um
pouco de calor (Tabela 6).
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
82

Como você se sente neste exato momento?


IC de 95% para a Média

muito calor

calor

um pouco de calor
Percepção

nem frio nem calor

Um pouco de frio

frio

muito frio
8h30 1 2h30 20h30
Os desvios padrão individuais foram usados para calcular os intervalos.

Figura 30: Representação gráfica de valores médios e intervalo de confiança para a primeira
pergunta do questionário.
Fonte: Da autora.

A segunda pergunta, trata de como o usuário se sentia em relação ao clima


(Figura 31). Para às 08h30, 66,67% sentem-se confortáveis, já para às 12h30,
52,08% dos inquiridos sentem-se muito desconfortáveis, enquanto que para às
20h30 há um empate de 31,25% para usuários que se sentem confortáveis e um
pouco desconfortáveis (Tabela 6).
A terceira pergunta acerca da preferência e percepção, questiona sobre
como o usuário preferia se sentir (Figura 32). Para às 08h30, 41,67% preferem sentir
um pouco mais de frio, já para às 12h30, 41,67% preferem sentir muito mais frio e
para às 20h30, 37,5% preferem sentir mais frio (Tabela 6).

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
83

Neste exato momento, com relação ao clima, eu estou:


IC de 95% para a Média

muito desconfortável

desconfortável
Percepção

um pouco desconfortável

confortável
8h30 1 2h30 20h30
Os desvios padrão individuais foram usados para calcular os intervalos.

Figura 31: Representação gráfica de valores médios e intervalo de confiança para a


segunda pergunta do questionário.
Fonte: Da autora.

Neste exato momento eu preferia estar sentindo:


IC de 95% para a Média

muito mais calor

mais calor

um pouco mais de calor


Percepção

sem mudanças

um pouco mais de frio

mais frio

muito mais frio


8h30 12h30 20h30
Os desvios padrão individuais foram usados para calcular os intervalos.

Figura 32: Representação gráfica de valores médios e intervalo de confiança para a terceira
pergunta do questionário.
Fonte: Da autora.

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
84

A quarta e última pergunta trata da aceitação ou não das condições climáticas


pelos inquiridos, dentro de suas casas e tem seus resultados ilustrados na Figura 33
e apresentados na Tabela 7.

Aceitação das condições climáticas do ambiente


Aceitação 8h30 Aceitação 1 2h30
Categoria
16,7% Rejeita
Aceita

50,0% 50,0%

83,3%

Aceitação20h30

22,9%

77,1%

Figura 33: Representação gráfica da aceitação das condições climáticas do ambiente.


Fonte: Da autora.

Tabela 7: Proporção da aceitação das condições climáticas do ambiente e intervalo de


confiança.
Variável Proporção Intervalo de confiança
Aceitação 8h30 0,8333 [0,6978; 0,9252]
Aceitação 12h30 0,5000 [0,3522; 0,6478]
Aceitação 20h30 0,7708 [0,6269; 0,8780]
Fonte: Da autora.

Com base na Figura 33 e na Tabela 7, observa-se um ponto relevante na


discussão acerca de percepção, preferência e aceitação. Embora a situação
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
85

encontrada nas casas dos inquiridos denotem ambientes termicamente


desconfortáveis para os mesmos (Figuras 30 e 31) mostrando que os ribeirinhos
preferem ambientes mais frescos (Figura 32), a aceitação vai contra a sua
percepção e preferência.
A literatura aponta para o fato de que pessoas habituadas à climas quentes
tendem a se sentir confortáveis com temperaturas mais elevadas (DE DEAR; LEOW;
FOO, 1991; NGUYEN et al. 2015; KARYONO et al., 2015), bem como para o fato de
que variáveis climáticas são apenas parte dos fatores influentes na percepção do
conforto, que é formada sobretudo pela expectativa do usuário, cultura, religião,
educação e experiência (YANG; YAN; LAN, 2014, FABBRI, 2015), da mesma forma
que a adaptação do indivíduo consiste na diminuição da resposta humana aos
padrões ambientais, e tal resposta pode se dar comportamental, fisiológica e
psicologicamente (WONG et al., 2002; HALAWAA; HOOF, 2012; DJAMILA; CHU;
KUMARESAN, 2013).
Contudo, embora percepção, preferência e aceitação sejam fundamentadas
nos aspectos experimentados pelo indivíduo ao longo de sua vida (expectativa,
experiência, cultura, religião e educação, entre outros), não há uma relação direta
entre ambas. Observou-se aqui, que percepção e preferência são variáveis próximas
quanto as respostas (Figuras 30, 31 e 32), no entanto distintas da variável aceitação
(Figura 33). Tal fato, infere um questionamento acerca dos parâmetros que
fundamentam a aceitação do usuário quanto ao ambiente.
Com vistas a uma análise quantitativa, entre os três grupos de casa (casa no
chão, palafita e flutuante) e as três primeiras perguntas do questionário, com base
no teste de Kruskal-Wallis, a Tabela 8 apresenta os níveis descritivos e conclusões
com relação à hipótese nula de que as médias são iguais para os três tipos de casa
contra a hipótese alternativa de que pelo menos para um dos tipos de casa a média
difere.

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
86

Tabela 8: Teste de Kruskall-Wallis para as três primeiras perguntas.


Variável Valor-p Conclusão
Como se sente neste exato momento 8h30 0,381 Iguais
Como se sente neste exato momento 12h30 0,249 Iguais
Como se sente neste exato momento 20h30 0,002 Diferentes
Neste exato momento em relação ao clima eu estou 8h30 0,154 Iguais
Neste exato momento em relação ao clima eu estou 12h30 0,527 Iguais
Neste exato momento em relação ao clima eu estou 20h30 0,002 Diferentes
Neste exato momento eu preferia estar sentindo 8h30 0,567 Iguais
Neste exato momento eu preferia estar sentindo 12h30 0,589 Iguais
Neste exato momento eu preferia estar sentindo 20h30 0,615 Iguais
Fonte: Da autora.

Tanto para a variável “como você se sente neste exato momento” (Figura 34)
como para a variável “neste exato momento, em relação ao clima, eu estou” (Figura
35), ao nível de significância de 5% concluiu-se que a casa no chão apresenta
menor valor médio, ou seja, as respostas indicaram estatisticamente que esta
tipologia é termicamente mais confortável. Já a tipologia flutuante, apresentou maior
valor médio, indicando que a mesma confere maior desconforto por calor aos
usuários.

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
87

Como você se sente nesse exato momento


muito calor

calor
Percepção

um pouco de calor

nem frio nem calor

um pouco de frio
TIPO DE CASA
ão te it a ão te it a ão te it a
ch uan alaf ch uan alaf ch uan alaf
t t t
no fl u p no flu p no flu p
s a s a s a
ca ca ca

30 h3
0
h3
0
8h 12 20

Figura 34: Representação gráfica do teste de Kruskal-Wallis para a primeira pergunta.


Fonte: Da autora.

Neste momento, em relação ao clima, eu estou:


muito desconfortável
Percepção

desconfortável

um pouco desconfortável

confortável
TIPO DE CASA
ão e
nt lafi t
a ão e
nt lafit
a ão e
nt lafit
a
ch t ua a ch t ua a ch t ua a
no f lu p no flu p no flu p
s a s a s a
ca ca ca

30 h3
0
h3
0
8h 12 20

Figura 35: Representação gráfica do teste de Kruskal-Wallis para a segunda pergunta.


Fonte: Da autora.

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
88

As propriedades térmicas da terra e da água comportam-se de formas


diferentes à insolação, ao ponto de que a água se aquece e se resfria de forma mais
lenta que a terra, ou seja, enquanto a água tende a armazenar mais calor, a terra por
sua vez o devolve mais rapidamente a atmosfera. Em geral, a água absorve cinco
vezes mais calor, com a finalidade de aumentar a sua temperatura, em comparação
a terra (AYOADE, 2003). Souza, Aparo e Gomes (2011), identificaram que as
temperaturas superficiais de uma habitação são mais baixas quando esta encontra-
se em contato direto com o solo, corroborando com as afirmações de Ayoade (2003)
e com a diferença na percepção dos inquiridos entre os três grupos de casa, ao
indicar a tipologia flutuante como a mais desconfortável para o horário das 20h30 e a
casa no chão como a mais confortável para os três horários de análise.
Este apontamento para maior desconforto térmico na casa de tipologia
flutuante, pode ser observado também na Figura 36, ao analisar-se a aceitação das
condições climáticas do ambiente, para os três grupos de casa e para os três
horários de análise, onde a tipologia flutuante apresenta maior número de rejeição.

Aceitação das condições climáticas do ambiente


No chão 8h30 No chão 12h30 No chão 20h30 Categoria
Aceita
50,0% 50,0% Rejeita

100,0% 100,0%
Flutuante 8h30 Flutuante 12h30 Flutuante 20h30
21,7% 26,1%

52,2% 47,8%

78,3% 73,9%

Palafita 8h30 Palafita 12h30 Palafita 20h30


15,8% 26,3%

47,4%
52,6%

73,7%
84,2%

Figura 36: Aceitação das condições climáticas para os três grupos de casa e três períodos
de análise.
Fonte: Da autora
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
89

Esta pesquisa também buscou por analisar estatisticamente, se haviam


diferenças entre idade (idoso e não idoso), IMC (obesos e não obesos) e sexo
(feminino e masculino), para a variável também dicotomizada “como se sente neste
exato momento”, considerando que esta variável representa a pergunta mais
característica do questionário, para a percepção humana do conforto térmico dos
ribeirinhos em suas casas. Estas análises foram feitas por meio dos testes de Mann-
Whitney (Tabela 9) e de Fisher (Tabela 10).

Tabela 9: Níveis descritivos (valores-p) dos testes de Mann-Whitney.


Ser idoso Ser obeso Sexo
Variável/horário
valor-p valor-p valor-p
Sentir calor ou muito calor às 8h30 0,440 0,599 0,280
Sentir calor ou muito calor às 12h30 0,068 1,000 0,478
Sentir calor ou muito calor às 20h30 0,506 0,819 0,306
Fonte: Da autora.

Tabela 10: Níveis descritivos (valores-p) dos testes de Fisher.


Ser idoso Ser obeso Sexo
Variável/horário
valor-p valor-p valor-p
Sentir calor ou muito calor às 8h30 0,636 1,000 0,703
Sentir calor ou muito calor às 12h30 0,056 1,000 1,000
Sentir calor ou muito calor às 20h30 1,000 1,000 0,366
Fonte: Da autora.

Para todos os testes de independência realizados, não foram rejeitadas as


hipóteses de independência. Entretanto, como no teste de Fisher de independência
entre as variáveis “sentir calor ou muito calor” e “ser idoso”, para o horário das
12h30, o nível descritivo do teste ficou muito próximo do nível de significância
adotado, há indicação de uma possível tendência para pessoas idosas sentirem
menos calor que pessoas não idosas (Figura 37). Tal indicação pode vir a ser
confirmada em pesquisa posterior, com um maior número de amostra.

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
90

100 100

75 75
Idade

Idade
50 50

25 25

0 0
Não Sim Não Sim
calor ou muito calor às 8h30 calor ou muito calor às 12h30

100

75
Idade

50

25

0
Não Sim
calor ou muito calor às 20h30
Figura 37: Níveis descritivos (valores-p) dos testes de Fisher.
Fonte: Da autora.

A tendência aqui apontada corrobora com a literatura sobre humanos idosos


e o conforto térmico dos mesmos, que aponta para diferenças na percepção do
calor, de acordo com a idade. Para Gobo (2017), a população idosa é mais
vulnerável, tendo em vista que pessoas mais velhas tem em geral um menor nível de
atividade, ou seja, uma menor taxa metabólica quando comparada com pessoas
mais novas, sendo este o principal motivo pelo qual preferem uma temperatura
ambiente maior (HAVENITH, 2001; TSUZUKI; IWATA, 2002). Quanto a transpiração,
Foster et al., (1976) encontrou uma redução nesta atividade em homens idosos,
quando comparado à homens mais jovens. Da mesma forma, Tsuzuki e Ohfuku
(2002), afirmam que idosos tem uma redução na sensibilidade ao calor em
comparação a pessoas mais jovens, corroborando com o fato de que a capacidade
de regular a temperatura corporal em idosos é reduzida, apontada por Havenith,
(2001), confirmando ainda, o apontamento feito por Nguyen, Kumar e Reiter (2012),
que concluíram que indivíduos mais velhos tendem a preferir um ambiente um pouco
mais quente.

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
91

Já para o IMC (obesos e não obesos), não se observou diferenças


estatísticas. No entanto, a literatura aponta para diferença na percepção do calor
entre obesos e não obesos, afirmando que quanto maior o nível de gordura corporal,
maior é a preferência por temperaturas mais baixas e tal fato se dá, pois, a
condução de calor e o fluxo sanguíneo são influenciados diretamente pela gordura
corporal (ZHANG et al., 2001; GOBO, 2017).
Assim como para o IMC, não se observou diferenças estatísticas na
percepção entre o sexo, entretanto, a literatura aponta para uma distinção na
percepção de calor entre homens e mulheres. Kaciuba-Uscilko e Grucza (2001),
afirmam que mulheres apresentam uma menor tolerância à amplitude térmica, com
base no fato de que, em geral, pessoas do sexo feminino tem menor massa corporal
e magra, bem como uma menor taxa metabólica em repouso, quando comparadas
aos homens. Karjalainen (2012), numa revisão literária acerca da diferença de
gênero no conforto térmico concluiu que mulheres apresentam maior insatisfação
quanto ao ambiente térmico quando comparadas aos homens. Para o autor elas são
mais sensíveis aos desvios de um ambiente térmico e sentem-se menos satisfeitas
com temperaturas mais baixas, necessitando de controle individual de temperatura e
de ações adaptativas.
Em contrapartida a literatura que confirma a diferença entre idade, IMC e
sexo, Frontczak e Wargocki (2011) afirmam que na avaliação da qualidade ambiental
interior, fatores pessoais como idade, massa corporal, saúde, ciclo menstrual,
tabagismo, dentre outros, não afetam a satisfação geral com o ambiente. No
entanto, a maioria das pesquisas analisadas pelos autores, tratava-se de edifícios
comerciais e tal observação abre questionamentos sobre as reais influências das
características pessoais apontadas pelos autores, na percepção e satisfação
humana quanto a ambientes residenciais.
Observou-se que a literatura aponta para a diferença na percepção e
preferência das três variáveis dicotomizadas analisadas nesta pesquisa: idade, IMC
e sexo. Embora os testes estatísticos aqui utilizados tenham apontado apenas uma
tendência na diferença da percepção para idade, há evidências na literatura de que
IMC e sexo também sejam influentes na percepção do calor, o que pode ter sido

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
92

diretamente influenciado aqui, pelo tamanho da amostra.

4.2.2 Caracterização microclimática da habitação e técnicas


bioclimáticas para promoção do conforto

Frontczak e Wargocki (2011), numa revisão da literatura sobre os fatores


mais influentes no conforto do ambiente interno, analisaram aspectos referentes ao
conforto térmico, conforto visual, conforto acústico e boa qualidade do ar, concluindo
que os usuários consideram o conforto térmico como parâmetro mais importante na
qualidade interna de um ambiente e diante disso, o desafio das pesquisas atuais em
conforto térmico é encontrar estratégias efetivas para superar o estado de
desconforto, utilizando o mínimo possível de energia (ZAIN; SHAHRIZAM; BAKI,
2007).
Diante da relevância dos aspectos térmicos do conforto, analisam-se aqui,
os dados meteorológicos coletados dentro da casa, conforme o item 1.4.2, que
foram tabulados e consolidados em planilha Microsoft Excel® para o tratamento
gráfico. Fez-se o uso das médias diárias de temperatura de bulbo úmido (TBU),
temperatura de bulbo seco (TBS), umidade relativa do ar (UR) e velocidade média e
máxima do vento (VEL. VENTO), conforme a tabela 11.

Tabela 11: Médias diárias.


VEL. VENTO VEL. VENTO
Data TBS Med. TBU Med. UR Med.
Med. Max.
15/08/2017 33,0 °C 31,5 °C 58,7% 0,0 m/s 1,6 m/s
16/08/2017 30,7 °C 29,7 °C 72,8% 0,0 m/s 1,6 m/s
17/08/2017 27,7 °C 27,1 °C 86,9% 0,0 m/s 1,7 m/s
Fonte: Da autora.

Observa-se uma discrepância nos dados durante os três dias de análise, no


que se referem as médias do dia 15 de agosto de 2017, que superestimam os dados
do período da tarde e da noite, considerando que as medições se iniciaram às
10:00h da manhã, da mesma forma que no dia 17 de agosto de 2017, os dados da
madrugada e da manhã são superestimados, tendo em vista que as medições se

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
93

encerraram às 10:50h da manhã. Desta forma, os dados médios referentes ao dia 16


de agosto de 2017, podem ser considerados os mais característicos para o período
de análise, considerando que compreendem dados durante 24 horas, ou seja, um
dia completo de análise. Assim, percebem-se médias com temperatura e umidade
relativa do ar elevada, bem como baixa velocidade do vento.
Na figura 38, observa-se o gráfico correspondente a marcha horária da TBS,
TBU e UR interno durante o período de análise. A TBS variou entre 25,9°C a 37,4°C,
enquanto a TBU variou entre 25,5°C a 34,9°C. Já a UR do ar variou entre 45% e
93,6%. Observa-se que nos períodos mais frescos ao longo do dia, ou seja, durante
a madrugada, a UR alcança os seus valores máximos, chegando à 90%, tornando a
habitação desconfortável.

Figura 38: Marcha horária da temperatura de bulbo seco, bulbo úmido e umidade relativa do
ar interno.
Fonte: Da autora.

Já na figura 39, observa-se os dados referentes à temperatura do ar


máxima, média e mínima externa, obtidos por meio da estação meteorológica
automática do INMET, localizada na área urbana do município de Manacapuru-AM
(Figura 28). Os dados compreendidos dentro do quadro destacado na referida figura,

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
94

representam o horário simultâneo às medições internas. Se nas medições internas


de temperatura média, foram coletados dados na faixa dos 25,9°C e 37,4°C, os
dados externos médios indicam valores que variam entre 24,8 °C à 35,2 °C, o que
demonstra que a habitação analisada confere aos moradores faixas de temperaturas
médias maiores que o ambiente externo.
Ao analisar-se as temperaturas externas máximas, percebe-se que estas,
estão na faixa dos 24,9°C à 35,8°C, ou seja, os valores médios internos, superam os
valores máximos externos. Já as temperaturas externas mínimas, encontram-se na
faixa de 24,3°C à 34,7°C. É importante destacar que a estação meteorológica do
INMET, localiza-se na área urbana do município, o que significa em tese, que a
mesma sofre influência do clima urbano, denotando temperaturas externas mais
elevadas que nas áreas rurais de Manacapuru-AM, indicando que as habitações
ribeirinhas conferem diariamente, situações de extremo desconforto por calor aos
moradores.

Figura 39: Marcha horária da temperatura do ar externo.


Fonte: INMET. Org.: Da autora.

Considerando tais dados de temperatura do ar elevados, incitam-se


questionamentos acerca de formas de aprimorar as condições térmicas das
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
95

habitações aqui analisadas e por isso, conhecer o comportamento climático do local


e as características de revestimento da construção, permitem que medidas
necessárias para o controle e gerenciamento do calor sejam eficazes (ZAIN;
SHAHRIZAM; BAKI, 2007).
Dito isto, para Yildiz e Arsan (2011), um fator importante nas cargas de
energia para resfriamento são as características das janelas, como a sua área,
coeficiente de transferência de calor e coeficiente de ganho de calor aliado a
orientação das fachadas em climas quentes e úmidos, aspectos esses já levantados
por Oliveira (1989), no item 2.2.1 desta pesquisa. Paralelo a isso, Cheng, Ng e
Givoni (2005), afirmam que o efeito da cor e da massa térmica das edificações, pode
influenciar diretamente na temperatura do ar interior, paralelo à composição da
parede, orientação da habitação, aberturas e modo de ventilação. Sua pesquisa
demonstrou que o impacto da cor na temperatura interna varia de acordo com a
radiação solar recebida pela habitação e desta forma, quanto maior o nível de
radiação e mais leve a massa de um edifício, mais sensível será o desempenho do
mesmo em relação a sua cor. Os pesquisadores afiram ainda que por meio de seus
experimentos, observaram que a cor preta denota temperaturas internas até 10ºC
superiores à cor branca, atestando o fato de que a cor é um dos meios mais efetivos
e econômicos na redução de temperatura interna para climas quentes e úmidos. Já
para a massa térmica, os autores afirmam que sua influência se apresenta mais
acentuada na redução das temperaturas máximas, e no atraso da ocorrência de
picos de temperatura por várias horas. Desta forma, o conhecimento do
comportamento térmico dos revestimentos é de vital importância para o controle da
quantidade de calor que entra em um ambiente, já que a transferência de calor, por
exemplo, através de paredes isoladas, tem comportamento diferente ao se comparar
o isolamento na parte interna com a parte externa (ZAIN; SHAHRIZAM; BAKI, 2007).
Da mesma forma, Synnefa, Santamouris e Akbari (2007) verificaram que ao
aumentar a refletância do telhado, por meio de revestimentos, é possível reduzir as
cargas de resfriamento interna, as horas de desconforto e os picos de temperatura,
de acordo com as condições climáticas locais. O aumento na refletância do telhado,
bem como a estratégia de cor, já indicado por Givoni (1994) e massa apontada por

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
96

Cheng, Ng e Givoni (2005), mostram-se positivas para aplicação nas regiões


ribeirinhas de Manacapuru-AM.
Chungloo e Limmeechokchai (2007), num experimento na Tailândia,
analisaram o potencial do efeito chaminé aliado a pulverização de água no telhado,
com o objetivo de otimizar as temperaturas internas de um ambiente em clima
quente e úmido. Os resultados mostraram que a aplicação simultânea das duas
estratégias proporcionou temperaturas de 2ºC a 6,2ºC inferiores ao ar ambiente, na
célula experimental.
Já Sanusi, Shao e Ibrahim (2013), na tentativa de encontrar uma forma de
substituir passivamente o ar condicionado avaliaram a Earth Pipe Cooling
Technology (tecnologia de resfriamento de terra), mais conhecido como earth tube
(geotermia), que consiste em canalizar o ar ambiente por meio de tubos de
polietileno enterrados no subsolo, fazendo com que o solo se torne um dissipador do
ar ambiente por meio da condução do tubo enterrado. Os autores encontraram
resultados bastante promissores enterrando o tubo a 1 metro de profundidade,
apresentando uma redução na temperatura ambiente de até 6,9ºC. É importante
lembrar que as habitações ribeirinhas consistem, na maioria, em palafitas elevadas
do chão, visando as oscilações do rio e desta forma, torna-se necessária uma
avaliação acerca da implicação desta distância do solo na estratégia apresentada
por Sanusi, Shao e Ibrahim (2013), no entanto, tal estratégia pode vir a ser favorável
para aplicação na região aqui analiasada.
Na figura 40, observam-se os dados referentes à UR externa. Os dados
médios apresentam valores na faixa dos 40,5% a 89%, enquanto os dados médios
internos (Figura 38) apresentam valores entre 45% e 93,4%. Observa-se aqui
novamente que os valores dos dados internos médios superam os valores externos
médios e tais valores são influenciados por diversos fatores, tais como: presença e
atividade humana, equipamentos, taxa de mudança e fluxo de ar nos cômodos,
liberação da absorção da umidade por meio de superfícies higroscópicas dos
materiais (habitação e mobiliário) e do teor de umidade do exterior (WOLOSZYN et
al., 2009).
Tais números denotam um ponto que requer atenção, considerando que a

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
97

UR interna acaba por vezes, sendo negligenciada em pesquisas, mesmo tendo


consequências importantes na saúde dos ocupantes com o crescimento de
microrganismos (mofo, bactérias e fungos), na qualidade do ar, na durabilidade do
edifício e no consumo de energia (SIMONSON; SALONVAARA; OJANEN, 2002;
WOLOSZYN et al., 2009; DOE; KUBOTA, 2015).

Figura 40: Marcha horária da umidade relativa do ar externo.


Fonte: INMET. Org.: Da autora.

Dito isso, observa-se que os materiais empregados na habitação podem


influenciar na UR interna e um exemplo disso são os materiais higroscópicos que
podem melhorar tais condições, quando aplicados adequadamente à base de
madeira. Conforme Simonson, Salonvaara e Ojanen (2002), ventiladores, ar
condicionado e aquecimento podem auxiliar no controle da umidade interna, no
entanto em climas quentes e úmidos, tais mecanismos podem não ser capazes de
controlar a carga latente e a umidade acaba por exceder os limites recomendados
de 60% a 70% (ASHRAE Standard 55, 2010).
O armazenamento térmico e de umidade são importantes em climas quentes
e úmidos, pois colaboram com a moderação da umidade no ambiente interno
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
98

(SIMONSON, SALONVAARA, OJANEN, 2004). Desta forma, o armazenamento


dinâmico da umidade nos materiais de construção higroscópicos, apresenta um
grande potencial na melhora nos valores de UR interna, na qualidade de ar e
consequentemente no conforto térmico interno, podendo reduzir o consumo de
energia de 5% a 30%, associado ao uso do sistema HVAC (heating, ventilation and
air conditioning - aquecimento, ventilação e ar condicionado) (OSANYINTOLA;
SIMONSON, 2006). Deste modo, estruturas higroscópicas à base de madeira
revestida com interior permeável e impermeável melhoram significativamente o
conforto respiratório por meio da redução dos valores máximos de UR, que se
acumula na referida estrutura, porém tal absorção da umidade nos materiais pode
levar a um aumento da temperatura interior (SIMONSON; SALONVAARA; OJANEN,
2002; NEMATCHOUA et al., 2015), fato este que não é favorável à região de estudo
aqui analisada.
Nematchoua (2015), afirma que revestimentos internos permeáveis como
madeira e gesso apresentam uma notável melhoria no ambiente interno, quando
comparado com ambientes com revestimentos impermeáveis como a pintura e o
plástico. Os revestimentos permeáveis das paredes proporcionam a absorção da
umidade, quando ela estiver muito elevada, bem como a sua liberação quando esta
encontra-se baixa (NEMATCHOUA, 2015). Simonson, Salonvaara e Ojanen (2004)
afirmam que o uso de materiais higroscópicos, além de melhorar os níveis de
umidade interna, colabora com a difusão de gases poluentes através do envelope,
reduzindo a concentração interna de contaminantes.
Esta estratégia focada no uso dos materiais corrobora com as observações
para construção na região amazônica, feita por Oliveira (1989) e por Givoni (1994)
indicando que quanto aos materiais usados para construção das habitações
ribeirinhas, a madeira ainda é a melhor opção para o local, pelas suas propriedades
físicas e pela acessibilidade que os ribeirinhos têm a mesma. No entanto, o que se
observou nas medições in loco realizadas nessa pesquisa, é que mesmo com o uso
da madeira como principal material construtivo, a habitação ainda denota valores
elevados de umidade que estão apresentados na Tabela 11 e na Figura 38,
indicando que o uso da madeira desassociado a outras estratégias bioclimáticas não

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
99

é suficiente na promoção do conforto.


Outra forma de controle da umidade relativa do ar interno foi averiguada por
Woloszyn et al. (2009) que afirma que o uso da capacidade de amortecimento da
umidade dos materiais de construção, mais especificamente da madeira, combinado
ao efeito da ventilação são formas eficazes na redução da amplitude diária e das
variações de umidade. Lucas et al. (2001) corrobora com a importância da ventilação
no uso de estruturas higroscópcicas, apontando seu potencial de minimizar a
condensação em locais muito úmidos. Contudo, infere-se aqui a necessidade de
aliar mecanismos de redução da umidade relativa do ar, paralelo a redução da
temperatura interna do ar, capazes de proporcionar um ambiente interno com maior
qualidade aos ribeirinhos.
Nas Figuras 41 e 42 apresentam-se, respectivamente, os dados referentes à
velocidade média e máxima do vento interno, enquanto a Figura 43 apresenta as
médias e máximas referente ao vento no ambiente externo. As velocidades médias
internas ficam na faixa de 0 à 1,1 m/s, enquanto as velocidades máximas ficam na
faixa de 0 à 1,6 m/s. Cabe destacar que os valores máximos aqui observados,
tratam-se de rajadas de vento que ocorreram em um baixo período de tempo,
conforme a Figura 42.

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
100

Figura 41: Velocidade média horária do vento interno.


Fonte: Da autora.

Figura 42: Velocidade máxima horária do vento interno.


Fonte: Da autora.

Lobo e Bittencourt (2003), afirmam que a velocidade do vento aceitável para


interiores, de 0,5 m/s à 2,0 m/s, baseada em problemas de turbulencia ao invés de

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
101

problemas de conforto, pode estar incorreta para climas quentes e úmidos, tendo em
vista que velocidades maiores podem provomover conforto térmico, compensando
tais desvantagens. Do mesmo modo, ao analisar os limites de velocidade para
climas quentes e úmidos estabelecidos nas normas ASHRAE 55 (2004) e ISO 7730
(2005), Cândido et al (2010 a) sugere alterações nos limites máximos de velocidade
do vento interno, tendo em vista que o movimento do ar que é considerado
desconfortável nos demais tipos de clima, pode ser tido como confortável em climas
quentes e úmidos. A pesquisa feita pelos autores encontrou valores de aceitação na
casa dos 0.80m/s e até 1,60 m/s, dados estes diretamente relacionados a questão
da percepção térmica, onde a expectativa climática interior do usuário, varia de
acordo com o contexto em que se insere a habitação (DE DEAR, LEOW, FOO;
1991).
Wong et al. (2002) num estudo em Singapura, região de mesmo tipo
climático de Manacapuru-AM, verificou que o uso do ar condicionado tem crescido
drasticamente nos ultimos anos, porém, num momento em que prioriza-se pela
redução de consumo energético, cresce a importância da potencialização do uso da
ventilação natural (VN) e de mecanismo adaptativos (WONG et al., 2002; LIPING;
HIEN, 2007). Devido ao grande adensamento habitacional em Singapura, as
habitações acabam por sofrer obstruções, fato este que não ocorre na região de
estudo da presente pesquisa, já que as habitações ribeirinhas encontram-se em
áreas rurais, denotando um forte potencial para o estudo de estratégias de
ventilação natural, aliado a aceitação de maiores valores de ventilação por
habitantes de climas quentes e úmidos (DE DEAR; LEOW; FOO, 1991; LOBO;
BITTENCOURT, 2003; FERIADI; WONG, 2004; CANDIDO et al., 2010 a; CANDIDO
et al., 2010 b; FRONTCZAK; WARGOCKI, 2011; CANDIDO; DE DEAR, LAMBERTS;
2011).
Ainda no estudo de Wong et al. (2002), observou-se que o movimento do ar
tem influência na sensação de conforto dos moradores locais aliviando os efeitos da
alta temperatura e melhora na sensação de conforto dos habitantes, tendo em vista
que os ocupantes preferem tomar primeiramente medidas adaptativas de controle
ambiental (janela, ventilador, ar condicionado) para posteriormente recorrerem a

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
102

ajustes pessoais que envolvam termorregulação (roupa, banho, bebidas), o que


corrobora com a abordagem adaptativa, onde o usuário de um ambiente ventilado
naturalmente é considerado um sujeito dinâmico, que interage com o seu entorno
ajustando-se à temperatura interna e não um ocupante passivo, sujeito apenas as
condições internas (DJAMILA; CHU; KUMARESAN, 2013), fatores esses que são
favoráveis à aplicação de estratégias de ventilação natural. Por outro lado, Nguyen,
Singh e Reiter (2012) afirmam que em situações de temperatura e umidade bastante
elevados, as ações adaptativas podem não ser tão efetivas, o que pode indicar a
necessidade da associação de estratégias bioclimáticas a sistemas de HVAC.
Estas observações são válidas na análise qualitativa da velocidade do ar
interno, de que dispõe a habitação aqui analisada, pois ao observar a figura 41,
percebe-se que o pico de velocidade média do ar de 1,1 m/s, ocorre durante um
pequeno período do dia e nas demais horas observa-se uma velocidade bastante
inferior. Percebe-se também que durante o período da noite, não ocorre ventilação
na habitação e isso está associado, ao fato de que os moradores tem por hábito
fechar suas casas, para evitar que pequenos animais e outros insetos possam
adentrar o ambiente.
Paralelo à isso, Kubota, Chyee e Ahmad (2009), analisaram o potencial da
ventilação noturna na Malásia, região de clima quente e umido, e observaram que
esta estratégia proporciona melhores condições de conforto térmico para casas
geminadas em comparação a outras estratégias de ventilação, apresentando-se com
um grande potencial na eliminação do uso noturno do ar condicionado - AC.
Evidentemente, o desempenho da ventilação noturna depende das condições
climáticas ambientais, bem como os parâmetros físicos da habitação, no entanto
trata-se de uma técnica de refrigeração passiva, de baixo custo, que pode vir a
contribuir na redução da carga de resfriamento da habitação além de melhorar o
conforto térmico dos ocupantes (KUBOTA; CHYEE; AHMAD, 2009), apresetando-se
assim, como uma estratégia positiva para a região de Manacapuru-AM. É importante
destacar ainda que, as aberturas para favorecimento da ventilação natural devem
ser sombreadas para evitar uma alta absorção da radiação solar, bem como evitar
que o ambiente interno esteja exposto as chuvas (GIVONI, 1994).

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
103

Liping e Hien (2007), analisaram ainda, quatro estratégias de ventilação em


Singapura: ventilação noturna, ventilação durante o dia, ventilação durante o dia
inteiro e sem ventilação. Tal análise permitiu que os autores concluíssem que a
ventilação de um dia inteiro pode fornecer melhores condições de conforto em
climas quentes e umidos, aliados a aberturas na fachada norte/sul (GIVONI, 1994;
LIPING; HIEN, 2007), capaz de proporcionar um ambiente interior com melhor
conforto térmico, o que corrobora com a pesquisa de Kubota, Chyee e Ahmad
(2009), sobre o potencial noturno da ventilação natural, estratégia esta que não é
aproveitada pelos ribeirinhos. Toe e Kubota (2015), tambem ressaltam o potencial da
ventilação noturna para resfriamento do ambiente interno e sugerem o uso de
exaustores e átrios para aumentar a taxa de ventilação em toda a habitação no
período noturno, lembrando que as aberturas próximas ao teto favorecem a
liberação do ar quente. No caso das aberturas para ventilação noturna, há de se
considerar também questões referentes à segurança, insetos, chuva, poluição
sonora e poluição do ar (TOE; KUBOTA, 2015).
Em edifícios naturalmente ventilados, a fachada acaba por tomar maior
importância no desempenho térmico, deixando em segundo lugar as condições
climáticas, fazendo com que o aumento da relação entre parede e janela apresente-
se favorável na melhora do conforto quando aliado à dispositivos horizontais de
sombreamento nas quatro fachadas (LIPING; HIEN, 2007; YILDIZ; ARSAN, 2011).
Givoni (1994) sugere ainda que fachadas orientadas em âgulos de 30º a 120º
oblíquas aos vento dominantes, aliados ao uso de aberturas nas paredes de
barlavento e sotavento, podem fornecer uma ventilação cruzada efetiva
Ao observar ainda os dados que compreendem o período simultâneo de
medições internas na figura 43, percebe-se que as velocidades médias externas
ficam na faixa de 0 à 4,2 m/s, enquanro as máximas (rajadas) apresentam valores
de 0,1 à 7,3 m/s. É importante lembrar que o sensor de vento das estações
meteorológicas automáticas do INMET, localizam-se a 10 m de altura, enquanto o
sensor de velocidade do vento da estação meteorológica automática portátil interna
localiza-se a 1,75 m de altura.

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
104

Figura 43: Velocidade média e máxima horária do vento externo.


Fonte: INMET. Org.: Da autora.

Todas as estratégias aqui abordadas com o objetivo de trazer melhores


condições internas de conforto aos ribeirinhos, fazem parte do enfoque bioclimático
da arquitetura, conforme o item 2.3 desta dissertação, que prima pelo uso de
mecanismos naturais para a produção de habitações saudáveis, evitando o uso de
agentes mecânicos no controle climático (OLGYAY, 1963). Observa-se, na análise
dos dados meteorológicos e de acordo a bibliografia aqui abordada, que a ventilação
natural pode ser o agente principal na melhora do conforto térmico interno e desta
forma, percebe-se a necessidade de aliar um sistema de ventilação, capaz de evitar
o problema noturno com insetos e pequenos animais, aliado ao uso de materiais
adequados (cor e revestimentos), que consequentemente serão capazes de
proporcionar menores temperaturas internas ao mesmo tempo em que reduzem os
valores de UR.
Contudo, com base no item 2.2 e 2.3 desta dissertação, que abordam a
insersão da arquitetura na região amazônica e o enfoque bioclimático, bem como na
literatura aqui abordada na análise dos dados meteorológicos, observou-se
estratégias (Figura 44) que podem ser adotadas como adaptação para as casas já
existentes:
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
105

 O uso do efeito chaminé, por meio de exaustores e aberturas


próximas ao chão protegidas por tela;
 Grandes beirais para sombreamento das aberturas;
 O favorecimento da ventilação noturna, com o uso de telas de
proteção nas aberturas, com a finalidade de evitar insetos e
pequenos animais;
 A instalação de earth tube (geotermia);
 Pintura do telhado visando a refletância da radiação recebida.

Figura 44: Croqui representativo das estratégias para habitações já existentes.


Fonte: Da autora.

Já para uma casa nova (Figura 45), que pode ser construída visando o
enfoque bioclimático, identificou-se algumas estratégias que podem ser
desenvolvidas em fase de projeto e execução, que podem ainda, ser projetadas em
paralelo ao projeto do ciclo de vida do sistema produto, considerando o seu
desenvolvimento desde a fase de planejamento até o seu descarte, com base na
metodologia LCD, abordada no ítem 2.4 desta dissertação. Desta forma a arquitetura

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
106

bioclimática na região de estudo pode conferir um desevolvimento arquitetônico


sustentável aos ribeirnhos. Estas estratégias podem ser:
 O uso do efeito chaminé por meio de abeturas na parte mais alta da
casa, e aberturas próximas ao chão aliado ao uso de telas;
 O favorecimento da ventilação noturna, com o uso de telas de
proteção nas aberturas, com a finalidade de evitar insetos e pequenos
animais;
 Grandes beirais para proteção da radiação solar e da chuva em todas
as fachadas.
 Pintura do telhado visando a refletância da radiação recebida;
 Utilização da madeira, tendo em vista suas propriedades
higroscópicas;
 Projeto de aberturas principais visando a fachada norte/sul, com a
finalidade de proporcionar uma melhor ventilação cruzada, por meio
dos ventos predominantes;
 A instalação de earth tube (geotermia);
 Forro ventilado/telhado ventilado.

Figura 45: Croqui representativo das estratégias para novas habitações.


_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
107

Fonte: Da autora.

4.2.3 Considerações acerca da coleta e análise dos dados


A análise estatística levantou pontos importantes que foram discutidos
durante a investigação. Observou-se por meio das respostas que a percepção e
preferência dos inquiridos apontam para ambientes mais frescos, no entanto os
mesmos aceitam àquela situação climática. Estatisticamente, observou-se ainda que
a casa no chão é a tipologia mais confortável para o período das 20h30, enquanto a
tipologia flutuante é a mais desconfortável por calor no mesmo período.
Ao analisar gênero, idade e IMC, não observou-se diferenças estatísticas na
percepção do calor, porém os testes apontaram para uma possível tendência ao fato
de que pessoas idosas são menos sensíveis ao calor para o período das 12h30,
corroborando com a literatura sobre humanos idosos abordada na discussão.
Quanto aos dados meteorológicos coletados na habitação aqui analisada,
observou-se valores de temperatura e umidade relativa do ar bastante elevados,
bem como baixos valores da velocidade do ar. Tais dados levantaram pontos
importantes que foram discutidos no decorrer da análise, que apresentou estratégias
possíveis de serem aplicadas naquela região.
Com base no período de coleta de dados, limitou-se que a pesquisa
contemplasse uma análise sazonal durante o ano, tendo em vista que o período de
estudo contemplou apenas o mês de agosto, consequentemente a estação de
vazante no ciclo das águas do rio.
Após a análise quantitativa e qualitativa dos dados coletados, torna-se
necessário a aanálise da habitação que foi objeto de estud desta pesquisa, com
base em parâmetros nacionais e internacionais.

4.3 Análise do conforto térmico na habitação, segundo a NBR 15220 (2005),


NBR 15575 (2013) e o modelo de conforto adaptativo de Nguyen Singh e Reiter
(2012)

Para a escolha da habitação onde instalou-se a estação meteorológica


automática portátil, buscou-se por uma casa da tipologia palafita, na comunidade

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
108

“Pesqueiro”, tendo em vista que a mesma seria visitada no primeiro e no terceiro dia
de pesquisa, o que permitia a instalação e retirada do equipamento, possibilitando a
coleta de dados nos três dias de análise, favorecendo ainda a logística da viagem.
Outro fator importante na escolha da casa foram as questões de segurança do
equipamento durante a pesquisa. Dito isso, buscou-se por uma família que aceitasse
que o equipamento fosse instalado em sua casa e que este permanecesse,
funcionando durante os três dias de pesquisa.
No dia 15 de agosto de 2017, ao chegar na comunidade “Pesqueiro”, a
pesquisa foi apresentada aos moradores locais e o líder da comunidade ofereceu
sua casa, como estudo de caso para esta pesquisa (Figura 46).

Figura 46: Habitação ribeirinha analisada.


Fonte: Da autora.

A habitação analisada é constituída de madeira originada da espécie cumaru


e a cobertura é de telha de zinco, visivelmente oxidada pelo tempo. Partes da casa
possuem forro de madeira, enquanto outras não dispõem de forração e com base
nisso, instalou-se a estação meteorológica em um dos cômodos sem forro, tendo em
vista que a maioria das casas ribeirinhas visitadas não o utilizam, proporcionando
que o equipamento coletasse dados que melhor representassem as casas locais.

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
109

É importante destacar que a casa analisada dispõe de grandes beirais que


permitem a proteção das aberturas em épocas de chuvas, bem como da radiação
solar, além de oportunizar um espaço de convivência na varanda da casa, no
entanto tal situação não é encontrada na maioria das habitações observadas durante
o período de pesquisa (Figura 47).

Figura 47: Habitações ribeirinhas da comunidade "Pesqueiro".


Fonte: Da autora.

A habitação analisada (Figuras 46, 48 e 49) possui 134,56 m² e ao


considerar a varanda, 285,94 m². Com orientação noroeste, apresenta uma
arquitetura detalhada, quando comparada às casas da região, com o uso de
madeiras originadas da espécie de cumaru, dispostas na diagonal, alterando o
sentido de dois em dois montantes. As paredes externas são finas, com tábuas
pregadas de 2,3 cm de espessura. As divisões internas do ambiente contam com
paredes baixas com forração em alguns cômodos. A habitação encontra-se elevada
por pilotis a 1,4m do chão proporcionando a troca de calor por meio do piso. Possui
quatro quartos, uma sala e uma cozinha, além de um banheiro localizado na

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
110

varanda. As repartições internas são constituídas de madeira e os cômodos não


possuem portas, apenas cortinas. A cobertura constituída de telha de zinco, tem
estrutura de tesouras espaçadas a cada 2,90 m e o pé direito de 2,4 m.
A NBR 15220-3 (2005) apresenta recomendações para a zona bioclimática
8, sugerindo ventilação cruzada permanente, estratégia utilizada apenas durante o
dia nas casas ribeirinhas. Sugere também o sombreamento das fachadas e
aberturas, estratégia que é utilizada na casa aqui analisada, porém, é negligenciada
na maioria das habitações locais. A norma recomenda ainda que os cômodos de
permanência prolongada sejam evitados na face oeste e na habitação em questão,
tais cômodos estão voltados a nordeste e sudeste.
Para a verificação das condições térmicas da habitação analisada, utilizou-
se da NBR 15220 (2005) e da NBR 15575 (2013). Da NBR 15575 utilizou-se a parte
1 que trata dos requisitos gerais da norma; da parte 3 que trata dos requisitos para
os sistemas de cobertura, e por fim da parte 4 que trata dos requisitos para os
sistemas de vedações verticais internas e externas. A referida norma considera duas
formas de avaliação das condições térmicas: o procedimento simplificado
(normativo) e o procedimento de medição (informativo).

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
111

Figura 48: Perspectivas, corte e planta da habitação analisada.


Fonte: Da autora.

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
112

Figura 49: Elevações da habitação analisada.


Fonte: Da autora.

No procedimento simplificado, determina-se que o atendimento aos


requisitos e critérios para os sistemas de coberturas e vedações deve-se dar de
acordo com as partes 4 e 5 da norma, e que para os casos em que a avaliação da
transmitância térmica e da capacidade térmica resultem em desempenho térmico
insatisfatório, deve-se avalia-lo como um todo, por meio de medições in loco ou
simulação computacional. Já no procedimento de medição, a verificação do
atendimento aos requisitos e critérios estabelecidos na norma, de acordo com a
parte 1, é feita por meio da realização de medições em edificações ou protótipos
construídos. No entanto, este método tem caráter informativo, não podendo se
sobrepor aos procedimentos descritos no método simplificado.
Tendo isto claro e considerando que a área de estudo pertence a zona
bioclimática 8 (NBR 15220 – 3; 2005), parte-se então para a avaliação de
desempenho pelo método simplificado (normativo) supracitado. A NBR 15575-4,

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
113

determina a verificação do requisito “adequação de paredes externas”, onde estas


devem apresentar transmitância térmica (U) e capacidade térmica (Ct) que
proporcionem pelo menos o desempenho mínimo para a referida zona bioclimática,
que corresponde à U ≤ 2,5 W/m².K e Ct sem requisito (NBR 15220-2).
Já o requisito “isolação da cobertura térmica”, determina que a mesma deve
apresentar transmitância térmica e absortância à radiação solar que proporcionem
um desempenho térmico de acordo com a zona blioclimática em que a edificação se
insere, ou seja U ≤ 1,5 FT.
Considerando-se então a casa aqui analisada, onde vedações, paredes e
piso são constituídos da madeira nativa originadas da espécie cumaru e a cobertura
e constituída de telha de zinco, sem forro, os cálculos de transmitância térmica (U) e
capacidade térmica (Ct), dão-se conforme as equações 7 e 8, tendo seus resultados
apresentados na Tabela 12.

Equação 7
U = 1/Rt
Onde:
U: transmitância térmica – W/m².K
R: resistência térmica de um componente - (m².K)/W

Equação 8

Onde:
c: calor específico – kJ (kg/K)
e: espessura de uma camada – m
ρ: densidade de massa aparente do material – kg/m³

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
114

Requisito: Adequação das paredes externas (zona bioclimática 8)


Valores de U e Ct para madeira da espécie
Determinação de U e Ct pela norma
“cumaru”
U ≤ 2,5 W/m².K 9,66 W/m².K
Ct Sem requisito 32,16 Kj/m².k
Requisito: Isolação da cobertura térmica (zona bioclimática 8)
Determinação de U pela norma Valor de U para cobertura de zinco sem forro
U ≤ 1,5 W/m².K 18666,7 W/m².K
Tabela 12: Avaliação de desempenho dos materiais construtivos da habitação analisada.
Fonte: NBR 15575 (2013). Org.: Da autora.

Ainda, para o requisito de aberturas recomenda-se (JOHN; PRADO, 2010):


 Sala: abertura maior ou igual a 20%
 Dormitório: abertura maior ou igual a 15%
 Cozinhas: Abertura grande maior ou igual a 15%
Para sala com cozinha conjugada deve-se considerar o somatório das áreas
da sala e cozinha e aplicar os critérios do ambiente “sala” (JOHN; PRADO, 2010).
Com base nos cálculos supracitados, determinados na NBR 15575 (2013)
por meio dos cálculos da NBR 15220 (2005), que estão apresentados na Tabela 11,
verificou-se o desempenho térmico insatisfatório dos materiais construtivos
analisados na habitação em questão. No entanto, a NBR 15575 (2013) considera
também a resposta térmica global dinâmica de uma edificação, quando exposta a
um tipo climático específico, indicando faixas de desempenho: mínimo, intermediário
e superior, conforme o Quadro 1, que possibilitou a construção de um comparativo
entre as temperaturas máximas internas e externas para o dia 16 de agosto de 2017,
ilustrado na Figura 50.

Quadro 1: Faixa de desempenho para um dia típico de verão.


FAIXA DE
DESEMPENHO
DESEMPENHO
Mínimo Temperatura máxima interna < temperatura máxima externa
Intermediário Temperatura máxima interna < temperatura máxima externa (menos 2°C)
Superior Temperatura máxima interna < temperatura máxima externa (menos 4°C)
Fonte: NBR 15575 (2013).

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
115

Figura 50: Temperatura máxima interna e externa para o dia 16 de agosto de 2017.
Fonte: Da autora.

Observou-se que a habitação confere temperaturas máximas superiores ao


ambiente externo (Figura 50), não atendendo sequer, o desempenho mínimo
apontado na norma brasileira, porém, outra forma de compreender a situação
microclimática da casa analisada dá-se por meio de índices e modelos de conforto
térmico.
A teoria do conforto térmico estável proposta por Fanger (1970), foi
confrontada inicialmente por Nicol e Humphreys (1972), que apresentaram o
conceito de adaptação do ocupante a situações de desconforto térmico, fato este
que não era considerado por Fanger. A partir disso, diversas pesquisas foram
desenvolvidas, considerando o potencial do modelo adaptativo de conforto, que
proporciona uma grande capacidade de economia de energia ao considerar que os
ocupantes se adaptam às mudanças do clima externo, por meio de alterações em
seu comportamento (MC CARTNEY; NICOL, 2002; NGUYEN; SINGH; REITER,
2012).
Nguyen, Singh e Reiter (2012) desenvolveram um modelo de conforto
adaptativo para edificações naturalmente ventiladas em regiões quentes e úmidas
do sudeste asiático, região de mesmo tipo climático de Manacapuru-AM. O modelo
proposto pelos autores calcula a temperatura de conforto interna como uma função
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
116

linear da temperatura média mensal externa, tendo em vista que no decorrer de um


mês, as variações de temperatura externa em climas quente e úmido durante o dia
são mínimas, o que valida o uso da média mensal externa para cálculo da
temperatura de conforto (ASHRAE, 2010; NGUYEN; SINGH; REITER, 2012; TOE;
KUBOTA, 2013; MISHRA, 2015).
A equação de conforto obtida por Nguyen, Singh e Reiter (2012) é bastante
próxima as equações fornecidas pela ASHRAE 55-2004 e pela norma europeia
EN15251, o que aponta para uma tendência convergente nos estudos de conforto
adaptativo (NGUYEN; SINGH; REITER, 2012) e de acordo com Mishra e Ramgopal
(2013), o modelo de conforto térmico adaptativo para regiões quentes e úmidas do
sudeste asiático, apresenta menor erro geral na previsão do conforto, quando
comparado a EN15251 e a ASHRAE 55-2004, tornando-o uma preferível escolha.
Da mesma forma, Lachireddi, Muthukumar e Subudhi (2017) também
indicam o uso deste modelo para o sul da Índia, região de mesmo tipo climático de
Manacapuru-AM e afirmam que o modelo de conforto proposto pela EN15251 e a
ASHRAE 55-2004 não são adequados para prever a temperatura de conforto
naquela região.
Com base nisso aplicou-se a equação do modelo de conforto adaptativo
para o sudeste asiático aos dados climáticos de Manacapuru-AM, com o objetivo de
verificar se as temperaturas internas da habitação ribeirinha analisada correspondem
a temperatura de conforto obtida no modelo. Para tanto, utilizou-se a média mensal
de temperatura para agosto de 2017, obtida por meio da estação meteorológica
automática do INMET, localizada na área urbana do município, bem como a
temperatura média compensada da normal climatológica 1981-2010 (INMET) de
Manaus/AM (localizada a 98 km de Manacapuru-AM), com a finalidade de verificar
semelhanças ou diferenças nos dados. A equação proposta no modelo de Nguyen,
Singh e Reiter (2012) é:

Equação 9
Tconforto = 0,341 Ta externo + 18,83

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
117

A faixa de conforto com 80% de aceitação para esta equação é de


aproximadamente ± 3 °C em torno da temperatura de conforto apontada pelo modelo
(NGUYEN; REITER, 2014) e o resultado da aplicação do modelo está apresentado
na Tabela 13.

Temperatura de Faixa de temperatura


Temperatura conforto calculada de conforto calulada
Média externa mensal Mês
média (°C) por Nguyen, Singh e por Nguyen e Reiter,
Reiter (2012) (°C) (2014) (°C)
Normal climatológica de Manaus-AM
Agosto 27,6 28,2 25,2 a 31,2
(1981-2010) (INMET)
Agosto de 2017 em Manacapuru-AM
Agosto 28,3 28,4 25,4 a 31,4
(INMET)
Tabela 13: Temperaturas de conforto obtidas pelo modelo Nguyen, Singh e Reiter (2012).
Fonte: Da autora.

De acordo com a tabela 13, o modelo sugere a temperatura de conforto para


a normal climatológica de Manaus-AM e Manacapuru-AM de 28,26 °C e 28,48 °C,
respectivamente, temperaturas estas bastante próximas e que se dão devido à
pouca variação de temperatura do ar diária no clima local, como já citado
anteriormente. Diante do resultado obtido pelo modelo, buscou-se compará-lo com
os dados encontrados na casa analisada nesta pesquisa, com a finalidade de
verificar se a habitação proporciona períodos dentro da faixa de conforto proposta
pelo modelo e compreender se sua tipologia e estratégias construtivas são
favoráveis àquela região.
Para tal comparação, utilizou-se das médias horárias de temperatura do ar,
referentes ao dia 16 de agosto de 2017, como dia característico dentro do período
de pesquisa nas comunidades ribeirinhas de Manacapuru/AM, tendo em vista que
este dia teve medições completas durante 24 horas ininterruptas, conforme já citado.
A Tabela 14, apresenta as médias horárias de temperatura do ar interno e
destaca os períodos em que a habitação não atingiu a faixa de temperatura de
conforto indicada pelo modelo, a partir da temperatura média do mês de agosto de
2017, bem como na Figura 51, que ilustra tais dados. Observou-se que esta
temperatura é atingida durante o período que compreende às 18h00 às 08h00,
proporcionando um período de 15 horas dentro da faixa de conforto. Ao observar a
temperatura média diária de 29,7 °C (Tabela 11), referente ao dia 16 de agosto de

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
118

2017 na habitação, percebeu-se que a mesma se encontrava dentro da faixa de


conforto indicada pelo modelo.

Tabela 14: Temperatura média horária da habitação analisada para o dia 16/08/2017.
Horário Temperatura Média (°C)
00:00 27,9
01:00 27,5
02:00 27,2
03:00 27,0
04:00 27,3
05:00 27,0
06:00 27,1
07:00 28,6
08:00 30,0
09:00 32,1
10:00 33,8
11:00 35,1
12:00 35,7
13:00 36,1
14:00 36,3
15:00 35,4
16:00 34,0
17:00 32,5
18:00 31,4
19:00 30,8
20:00 30,0
21:00 29,0
22:00 27,9
23:00 27,4
Fonte: Da autora.

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
119

Figura 51: Marcha horária da temperatura interna do ar para o dia 16/08/2018 e o modelo de
conforto adaptativo por Nguyen, Singh e Reiter (2012).
Fonte: Da autora.

Para melhor compreender se o modelo de conforto proposto por Nguyen,


Singh e Reiter (2012) é válido para a situação real de Manacapuru-AM,
especialmente nas comunidades ribeirinhas do município, fez-se uma relação das
repostas referentes a pergunta “como se sente nesse exato momento” do
questionário, com a temperatura de conforto obtida por meio do modelo.
Como já mencionado anteriormente a aplicação dos questionários deu-se
em três períodos do dia, 08h30, 12h30 e 20h30 e com base no resultado obtido por
meio do modelo, apenas o período das 12h30 não se encontra dentro da faixa de
temperatura de conforto. Porém, as respostas ao questionário (Tabela 6) indicam
que para o período das 08h30, 47% das respostas são para “nem frio nem calor”, o
que significa que estes inquiridos encontram-se em conforto e para as 12h30,
68,72% das respostas indicam “muito calor”. Já o período das 20h30, não apresenta
respostas com grande concentração como os demais, pois 29,17% são para “um
pouco de calor”, seguidos de 27,08% para “muito calor”, 25% para “nem frio nem
calor”, 16,67% para “calor” e 2,08% para “um pouco de frio”, no entanto, de acordo
com as respostas para este período, 72,92% das respostas concentram-se entre “um
pouco de calor” e “muito calor”.
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
120

Com base na escala de 7 pontos da ASHRAE, observou-se que apenas no


período das 08h30, a maioria dos inquiridos encontravam-se na faixa de conforto,
levantando pontos importantes a serem discutidos. Como já mencionado
anteriormente, a habitação monitorada durante o período de pesquisa dispõe de
grandes beirais que permitem a proteção das aberturas em épocas de chuvas e
consequentemente o uso da ventilação cruzada durante estes períodos, bem como a
proteção da radiação solar, atendendo as estratégias sugeridas pela NBR 15220-3,
para a sua zona bioclimática, no entanto a maioria das casas observadas durante a
pesquisa não utilizam destas estratégias, privando-as dos benefícios do uso das
mesmas.
As respostas ao questionário aqui analisadas, não correspondem apenas
aos inquiridos que residiam na casa objeto de estudo da presente pesquisa, casa
esta que faz uso de algumas estratégias para a melhoria das condições climáticas
internas, mas sim de inquiridos que residiam nas duas comunidades observadas,
onde a maioria das habitações não apresentavam um desenho construtivo favorável
as condições climáticas locais. Das casas visitadas, 47,92% eram da tipologia
flutuante, que ao nível de significância de 5% apresentou maior valor médio
indicando que a mesma conferia maior desconforto por calor aos usuários, o que
influenciou diretamente nas respostas dos inquiridos.
O uso do modelo adaptativo de conforto se dá considerando que o ser
humano se adapta as mudanças climáticas do ambiente externo (MC CARTNEY;
NICOL, 2002; NGUYEN et al. 2012) e seu uso oferece um grande potencial para
economia de energia, além de favorecer o uso de estratégias bioclimáticas com
vistas ao desenvolvimento sustentável (ABIODUN, 2014), num contexto atual em
que os projetos construtivos devem ultrapassar os ambientes controlados
artificialmente, a favor da natureza e não contra ela (MISHRA; RIMGOPAL, 2013).
Deste modo, a validação dos modelos de conforto adaptativo se dá paralelo
ao uso de estratégias bioclimáticas que favoreçam a otimização das condições
climáticas internas de uma edificação. Trata-se de um desenvolvimento arquitetônico
integrado com vistas a diminuição do uso de mecanismos ativos para a promoção do
conforto, com a finalidade de potencializar o uso de mecanismos bioclimáticos

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
121

passivos. Assim, ao considerar-se a Tabela 13 e a Figura 51, que apresentam o


cenário interno de uma habitação que utiliza de algumas estratégias bioclimáticas e
atende a recomendações das normas brasileiras de desempenho, observa-se que a
referida habitação proporciona 15 horas dentro da faixa de conforto apontada pelo
modelo de Nguyen, Singh e Reiter (2012), indicando que com a utilização de
estratégias bioclimáticas, apontadas no item 3.2.1 desta dissertação, as 15 horas
dentro da faixa de conforto aqui indicada, podem ser aprimoradas para um maior
período. Tal fato indica ainda, um potencial de melhoria nas condições climáticas
internas das demais habitações observadas nas comunidades ribeirinhas de
Manacapuru-AM, que podem sofrer intervenções de adaptação, da mesma forma
que futuras habitações locais podem ser concebidas, com base no modelo
adaptativo de conforto proposto pelos autores, aliado a estratégias bioclimáticas
para o clima local.
No entanto a verificação por meio da NBR 15575 (2013), demonstrada da
Figura 50, indicou uma discrepância entre o modelo de conforto adaptativo para
regiões de clima quente e úmido e a norma brasileira. Porém, um ponto importante
na validação do modelo de conforto adaptativo aqui aplicado apresentou-se na
Figura 33 e nas Tabelas 6 e 7, que tratam da aceitação do usuário às condições
climáticas de suas casas, onde observou-se que embora os usuários percebam um
ambiente desconfortável por calor e prefiram um ambiente mais fresco, os mesmos
aceitam àquelas condições. Este fato está diretamente ligado aos aspectos
experimentados pelo indivíduo ao longo de sua vida, bem como às questões
adaptativas do ser humano, indicando que o usuário está adaptado e aclimatado ao
ambiente em que vive, confirmando os apontamentos de De Dear, Leow e Foo
(1991), Lobo e Bittencourt (2003), Feriadi e Wong (2004), Candido et al. (2010 a),
Candido et al., (2010 b) Frontczak e Wargocki (2011), Candido, De Dear e Lamberts
(2011) e Nguyen, Singh e Reiter (2012).
Desta forma, pode-se afirmar que habitantes de clima quente e úmido, são
menos suscetíveis as temperaturas elevadas, assim como a valores elevados de
umidade relativa do ar, corroborando com o fato aqui apontado de que estratégias
bioclimáticas aliadas a modelos de conforto adaptativos, são um positivo mecanismo

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
122

na redução do uso de meios ativos para a promoção do conforto, em contrapartida


ao disposto na norma brasileira de desempenho.

4.3.1 Considerações acerca da análise do conforto térmico na


habitação
A análise aqui apresentada, mostra que a habitação analisada não cumpre
os requisitos propostos nas normas brasileiras, no entanto a mesma faz uso de
recomendações sugeridas nas normativas. Tais estratégias adotadas pela casa
como grandes beirais para proteção da radiação e de chuvas, orientação favorável
dos cômodos de permanência prolongada e o uso da ventilação cruzada, mesmo
que somente durante o dia, proporcionam um período de 15 horas diárias dentro da
faixa de temperatura de conforto indicada pelo modelo adaptativo.
Tal análise fez perceber que devido as limitações da pesquisa, de ordem
financeira (aquisição de apenas uma estação meteorológica automática portátil e
pouco período de análise in loco), bem como de aspectos referentes a segurança do
equipamento, o mesmo ficou instalado em uma habitação que faz uso de algumas
estratégias bioclimáticas não utilizadas pela maioria das casas observadas durante a
pesquisa. Este fato foi bastante significativo nas respostas dos inquiridos quando
comparados a análise meteorológica interna, pois as respostas refletem, em suma, a
habitações que não utilizam de estratégias para a otimização do conforto, como na
casa em que instalou-se o equipamento de medição.
Ao mesmo ponto em que essas limitações de pesquisa apresentam
restrições aos resultados, percebe-se que estratégias simples, como as utilizadas na
habitação analisada, podem promover 15 horas dentro da faixa de conforto apontada
pelo modelo de conforto adaptativo, que se apresenta de forma eficaz para aplicação
em habitações ribeirinhas da cidade de Manacapuru – AM, região de clima quente e
úmido no Brasil, confirmando a tendência já apontada no desenvolvimento desta
dissertação, à concepção de uma arquitetura adequada ao clima em que se insere,
com vistas ao desenvolvimento sustentável.
Observou-se ainda, que a norma brasileira de desempenho pode estar
subestimando a adaptabilidade de moradores de regiões de clima quente e úmido,

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
123

pois os resultados desta pesquisa indicam que habitantes destas regiões estão
adaptados àquela situação e que o modelo de conforto adaptativo é eficiente no
auxílio ao desenvolvimento de edificações termicamente confortáveis quando
associado ao uso de estratégias bioclimáticas, favorecendo a diminuição do uso de
meios ativos para a promoção do conforto.
Após a análise dos parâmetros nacionais e internacionais acerca do conforto
térmico, a presente pesquisa utilizou-se de experimentações, com a finalidade de
analisar e compreender o uso de algumas estratégias bioclimáticas para a
habitação, objeto de estudo.

4.4 Experimentações e o design de componentes: Modelagem numérica da


edificação analisada com diferentes componentes de cobertura

As simulações termo-dinâmicas realizadas tiveram como objetivo analisar o


comportamento térmico de algumas das soluções analisadas no item 4.2.2 desta
dissertação. O programa de simulação utilizado foi o DesignBuilder versão
v6.0.0.125.
Para as simulações realizadas, os parâmetros mais importantes
considerados na verificação e comparação das soluções foram o conforto térmico
conforme o método Adaptativo da ASHRAE, a a temperatura ambiente interior e a
umidade relativa dos modelos criados.
É importante destacar que nas simulações realizadas foi considerado
apenas a ventilação natural e não foram considerados qualquer influência de
sistemas ativos de AVAC (aquecimento, ventilação e ar-condicionado). Apesar de
haver um ar-condicionado no quarto do casal, e ventiladores em outros ambientes,
os mesmos foram desconsiderados nesses estudos comparativos. Para o cálculo da
ventilação natural optou-se pela a opção “ventilação natural calculada” (Calculated
Nat. Vent.).
A Tabela 15 apresenta as propriedades físicas da madeira da espécie
“carvalho”, que nas simulações representou as paredes externas, janelas, pisos,
forros e varandas. Utilizou-se o carvalho, visto que o programa não dispõe da
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
124

madeira “cumaru” para simulação, bem como a proximidade física de ambas as


espécies.
Já a Tabela 16 apresenta as propriedades físicas dos materiais simulados
como cobertura, nos modelos analisados, com exceção do “modelo 6: efeito
chaminé”. A referida tabela apresenta ainda a síntese dos modelos simulados.

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
125

CALOR
MATERIAL: madeira CONDUTIVIDADE DENSIDADE ABSORTÂNCIA ABSORTÂNCIA ABSORTÂNCIA
REPRESENTAÇÃO GRÁFICA ESPECÍFICO REFLETÂNCIA
carvalho (W/m-K) (Kg/m³) TÉRMICA SOLAR VISIL
(J/kg-K)

0,190 2390,0 1070,0 0,9 0,5 0,8 0,5

Tabela 15: Propriedades físicas da madeira carvalho (paredes externas, janelas, pisos, forros e varandas), na habitação simulada.
Fonte: Da autora.

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
126
MATERIAIS CALOR
CONDUTIVIDADE DENSIDADE ABSORTÂNCI ABSORTÂNCI ABSORTÂNCI
UTILIZADOS NOS MATERIAL REPRESENTAÇÃO GRÁFICA ESPECÍFICO REFLETÂNCIA
(W/m-K) (Kg/m³) A TÉRMICA A SOLAR A VISIL
MODELOS (J/kg-K)
SIMULADOS

MODELO 01:
Habitação construída
sobre pilotis com
113,0 390,0 7000,0 0,12 0,85 0,15 0,85
cobertura em telha
metálica oxidada:
Zinco 0,4 mm.

MODELO 02:
Habitação construída
sobre pilotis com
cobertura em telha 110,0 380,0 7200,0 0,9 0,2 0,5 0,2
metálica pintada na cor
branca:
Zinco 0,4 mm.

MODELO 03:
Habitação construída
sobre pilotis com
0,190 2390,0 1070,0 0,9 0,5 0,8 0,5
cobertura em madeira
carvalho (cumaru).

MODELO 04:
Habitação construída
sobre pilotis com
cobertura em telha
Zinco: 110,0 Zinco: 380,0 Zinco: 7200,0
sanduíche pintada na 0,9 0,2 0,5 0,2
EPS: 0,040 EPS: 1400,0 EPS: 15,00
cor branca:
Zinco 0,4 mm;
Isolante térmico EPS: 3
cm.
MODELO 05:
Habitação construída
sobre pilotis com
cobertura em telha 113,0 390,0 1070,0 0,12 0,85 0,15 0,85
metálica oxidada, sem
beirais:
Zinco 0,4 mm.

MODELO 07:
Habitação construída
sobre o solo, com
cobertura em telha 113,0 390,0 1070,0 0,12 0,85 0,15 0,85
metálica oxidada, sem
beirais:
Zinco 0,4 mm.

Tabela 16: Propriedades físicas dos materiais simulados como cobertura.


Fonte: Da autora.

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
127

A Figura 52 apresenta as temperaturas médias mensais dos modelos


simulados (Modelo 1: Telhado oxidado – Modelo 2: Telhado metálico pintado de
branco – Modelo 3: Telhado em Madeira – Modelo 4: Telha sanduíche – Modelo 5:
Telhado oxidado sem beirais – Modelo 7: Casa construída diretamente no chão),
juntamente com a temperatura do ar exterior. Nota-se que a variação de temperatura
do ar exterior durante o ano todo é pequena, na ordem de 2°C.
Destaca-se também, uma variação máxima de 2°C de temperatura entre o
Modelo 2 e o Modelo 5, os quais apresentaram as menores e maiores médias
mensais respectivamente.

Figura 52: Temperaturas médias mensais para os modelos 1, 2, 3, 4, 5 e 7.


Fonte: DesignBuider. Org.: Da autora.

O Modelo 2, que utiliza como cobertura a telha metálica pintada de branco,


teve o melhor desempenho térmico de cobertura, quando comparada com os
demais, por oferecer menores médias mensais de temperaturas para o mês de
agosto, na casa dos 28,77°C. A simulação deste modelo confirma a eficácia que a
estratégia de cor, apontada anteriormente nesta dissertação, por Cheng, Ng e Givoni
(2005), pode trazer na melhora das condições de conforto para regiões de clima
quente e úmido, considerando a radiação solar recebida pela habitação. Os autores
afirmam ainda que esta estratégia é um dos meios mais efetivos e econômicos na

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
128

redução da temperatura interna em regiões de climas como o de Manacapuru – AM.


Da mesma forma, a simulação do modelo 2, confirma os apontamentos
feitos anteriormente, por Synnefa, Santamouris e Akbari (2007), que verificaram em
sua pesquisa, que ao aumentar a refletância do telhado, por meio de revestimentos,
é possível reduzir as horas de desconforto e os picos de temperatura, de acordo
com as condições climáticas locais.
No entanto, o modelo 7, onde a habitação é apoiada diretamente no chão,
cuja diferença com o modelo 1 (simples chapa metálica oxidada) é a troca de calor
do piso com o chão por estar apoiado diretamente no solo, apresentou o melhor
desempenho térmico entre todos os modelos simulados. A média mensal para o mês
agosto foi de 27,84 °C, corroborando com o apontamento estatístico, do item 4.2.1,
desta dissertação, onde verificou-se estatisticamente, por meio das respostas ao
questionário de percepção, que a casa construída diretamente no chão proporciona
melhores condições de conforto aos ocupantes.
Já o modelo 5 (simples chapa metálica oxidada e sem beirais) apresentou os
maiores valores de temperatura do ar, sendo a média do mês de agosto de 30,83 °C,
confirmando as recomendações feitas por Givoni (1994) quanto aos beirais para
sombreamento das aberturas e auxílio na ventilação natural em épocas de chuva.
No entanto, é importante ressaltar que a falta dos beirais nas varandas neste
modelo, não influenciou significativamente o comportamento térmico do edifício com
base nas temperaturas médias mensais, porém é uma positiva estratégia para
sombreamento de aberturas.
Foram realizadas simulações anuais para a verificação do conforto térmico
de todos os ambientes da casa, segundo o modelo de conforto adaptativo da
ASHRAE55, com 90% e 80% de limites de aceitação.
Conforme mostra a Tabela 15, o modelo que demonstrou maior número de
horas desconfortáveis ao longo do ano, para a maioria dos ambientes internos da
casa, foi o modelo 5, com telhado oxidado e sem beirais. Neste modelo, o ambiente
“SALACOZINHA” apresentou 3587 horas de desconforto para ASHRAE55 90%, e
3063 horas de desconforto para ASHRAE55 80%.
Ao comparar o modelo 1 (simples chapa metálica oxidada) com o modelo 5

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
129

(simples chapa metálica oxidada sem beirais), que possuem o mesmo tipo de
telhado, mas com diferenças nos beirais das varandas, verifica-se que o
sombreamento causado por esses beirais, nas respectivas fachadas, tem pouco
impacto nas horas de desconforto na base anual analisada, mostrando que dentre
as estratégias aqui simuladas, a telha metálica oxidada apresenta o cenário mais
desfavorável às condições de conforto térmico e, infelizmente, é a tipologia de
cobertura mais comum na região de estudo.

Tabela 16: Comparação entre os modelos simulados conforme o modelo Adaptativo da


ASHRAE55.
Fonte: DesignBuilder e ASHRAE55. Org: Da autora.

Os modelos que apresentaram melhores resultados térmicos para seus


ocupantes, foram o modelo 2 (simples chapa metálica pintada de branco) e o modelo
4 (telha sanduíche), dentre os modelos simulados na tipologia palafita. Os resultados
entre eles estão muito próximos, entretanto, no modelo 2, as zonas térmicas dos
“QUARTOS” demostraram-se mais confortáveis, enquanto que no modelo 4 a
“SALACOZINHA” e o “QUARTOSEMTETO” indicaram menos horas desconfortáveis.
Esses resultados próximos podem ser explicados pelo fato de a telha sanduiche
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
130

conseguir barrar os ganhos solares, no entanto esta estratégia dificulta a saída de


calor dos ambientes, ou seja, as perdas térmicas pelo telhado que ocorrem no
modelo 2.
O modelo 7 (casa apoiada diretamente no chão) foi o que resultou em
menos horas desconfortáveis ao longo do ano e isso significa que a troca de calor
com o solo proporciona um maior conforto térmico para os ocupantes,
comparativamente com os modelos palafita, cuja troca de calor do piso se dá com o
ar exterior, muitas vezes superiores.
Com a finalidade de verificar o efeito chaminé no modelo simulado,
representando a habitação que foi objeto de estudo desta pesquisa (Modelo 1) foram
realizadas simulações CFD (Computer fluid dynamic), apresentadas no modelo 6.
Neste modelo, foram adicionadas aberturas nas áreas inferiores e na lateral da
chaminé, no topo do telhado. Como citado anteriormente, para o cálculo do modelo
CFD, optou-se por um dia específico durante o ano (30 de julho às 12h00) e utilizou-
se a opção de “ventilação natural calculada”, onde o programa faz o cálculo
automático do fluxo de ar, com base em diversos parâmetro, como coeficientes e
dados climáticos.
Observa-se no corte transversal (Figura 53), que a temperatura do ar interior
próximo ao telhado atinge valores aproximadamente 5 °C mais alto, quando
comparado à algumas áreas na parte inferior do edifício.

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
131

Figura 53: Gradiente de temperaturas na simulação do modelo 6 - efeito chaminé.


Fonte: DesignBuilder. Org.: Da autora.

Nos cortes longitudinal e horizontal (Figura 54), observa-se novamente o


gradiente de temperatura no interior do edifício. Nota-se a convecção natural do ar,
ou seja, a saída do ar mais quente na abertura superior e a entrada do ar menos
quente pelas aberturas inferiores, caracterizando o efeito chaminé, apontado no item
4.2.2 desta dissertação como uma estratégia favorável, em um experimento
realizado por Chungloo e Limmeechokchai (2007), na Tailândia, região de mesmo
tipo climático da cidade de Manacapuru – AM.

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
132

Figura 54: Gradiente de temperaturas - corte longitudinal e horizontal.


Fonte: DesignBuilder. Org.: Da autora.

4.4.1 Considerações acerca das experimentações e o design dos


componentes
O clima local apresentou temperaturas com médias mensais com poucas
variações sazonais, conforme apresentado nas simulações. Verificou-se nas
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
133

mesmas, que a maior variação de temperaturas médias mensais no interior dos


modelos simulados foi de aproximadamente 2°C, encontrada, na comparação entre
o modelo 2 (simples chapa metálica pintada de branco) e o modelo 5 (simples
chapara metálica oxidada e sem beirais).
O modelo 2, composto por telhado de chapa metálica simples pintado de
branco, apresentou um desempenho térmico superior aos outros modelos em
palafita, com média mensal de temperatura para agosto (mês onde foi desenvolvida
a pesquisa in loco para esta dissertação), de 28,77 °C, enquanto que o modelo 5,
com o pior desempenho térmico encontrado, apresentou uma média de 30,83 °C
para o mesmo mês.
O modelo 7 (simples chapa metálica oxidada), que está apoiado no chão,
onde a troca de calor do piso se dá com o solo e não com o ar exterior, proporcionou
o melhor desempenho térmico entre todos os outros modelos.
Ao analisar os resultados de conforto térmico baseados no método
adaptativo da ASHRAE55, verificou-se que o ambiente “SALACOZINHA” do modelo
2 (simples chapa metálica pintada de branco) obteve 2595 horas de desconforto
conforme ASHRAE55 90%, e 1857 horas desconfortáveis para ASHRAE55 80% ao
longo do ano.
Ao comparar os resultados da simulação do modelo 2 (simples chapa
metálica pintada de branco) com o modelo 1 (simples chapa metálica oxidada), que
apresentou 3438 horas na ASHRAE55 90% e 2889 horas na ASHRAE55 80%,
observou-se uma redução de 25% e 36% de horas desconfortáveis respectivamente
em valores médios ao longo de um ano. O modelo 7 (simples chapa metálica
oxidada apoiado no chão) apresentou uma redução ainda maior, sendo de 35% e
54%. O telhado pintado de branco ao invés da chapa metálica oxidada, bem como a
casa apoiada no solo apresentam-se como soluções positivas na melhoria de
conforto para as habitações ribeirinhas. No entanto é importante considerar que para
as casas construídas nas margens do rio, a casa apoiada no solo confronta com o
ciclo de cheia e vazante das águas.
Devido à proximidade do comportamento térmico encontrado entre o modelo
2 (simples chapa metálica pintada de branco) e o modelo 4 (telha sanduíche),

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
134

percebe-se que a telha sanduiche não apresenta significantes benefícios de conforto


frente a telha metálica simples pintada de branco, além de ser economicamente
menos viável.
Conclui-se então que as propriedades superficiais, refletância e absorbância
solar, foram determinantes e proporcionaram um maior número de horas
confortáveis para os ocupantes dentre as soluções de telhados simulados.
A solução construtiva com aberturas inferiores e superiores, apresentada no
modelo 6, apresenta-se como uma boa estratégia na melhora das condições de
conforto térmico para habitações ribeirinhas da cidade de Manacapuru - AM. A
simulação CFD apresentada, demostrou ainda variação de temperatura entre o
telhado e a base do edifício de até 5 °C, por meio da saída do ar interior quente pela
chaminé por convecção natural formando o efeito chaminé.

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
135

5. ANÁLISE CRÍTICA E CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa proposta inicialmente nesta dissertação, compreendeu o modo


de vida ribeirinha no Amazonas, como um ambiente complexo, reflexo do ciclo de
cheias e vazante do rio - que dita o dia-a-dia dos moradores locais -, das condições
climáticas próprias de regiões quentes e úmidas e da falta de políticas públicas, que
envolvem uma série de carências, que vão desde as condições de saneamento
básico até as condições de educação básica.
No entanto, ao conhecer fisicamente as comunidades ribeirinhas da cidade
de Manacapuru – AM, o que se encontrou foi uma vida difícil, sim, porém feliz e com
um grande senso comunitário por parte dos moradores locais.
Os dados coletados in loco, com os questionários sobre percepção climática
dos ribeirinhos, levantaram pontos importantes que foram discutidos durante todo o
período de estudo, onde mais uma vez, as certezas iniciais desta pesquisa, foram
questionadas ao compreender que embora a preferência dos moradores daquela
região aponte para ambientes mais frescos, os mesmos aceitam àquelas condições
climáticas, condições estas averiguadas, que apresentaram valores elevados de
temperatura e umidade relativa do ar.
Com base nas normativas brasileiras e na literatura internacional, a
habitação que foi objeto de estudo desta pesquisa não cumpre os requisitos
essenciais para condições de conforto térmico humano, mesmo utilizando de
algumas das estratégias bioclimáticas indicadas nas referidas normas, como
grandes beirais e orientação favorável dos cômodos de permanência prolongada. No
entanto, apresenta 15 horas diárias dentro da faixa de conforto proposta em modelo
de conforto desenvolvido para regiões de mesmo tipo climático.
Um fato importante apontado nesta pesquisa é que as estratégias simuladas
para cobertura, por meio de modelagens termodinâmicas, que haviam anteriormente
sido recomendadas pela literatura, se utilizadas sozinhas, não são capazes de
proporcionar médias de temperatura do ar interno menores que a temperatura do ar
externo naquele local, como recomendam os requisitos mínimos das normas
brasileiras, porém essas mesmas estratégias otimizam o cenário atual de conforto

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
136

térmico das habitações ribeirinhas de Manacapuru - AM.


Verificou-se que o uso do telhado metálico, cobertura de uso difundido na
região, se associado a pintura na cor branca, pode promover uma melhoria nas
temperaturas internas, condições estas, também verificadas com o uso da telha
sanduiche. No entanto, a pintura do telhado para refletância da radiação solar
apresenta-se como a estratégia com maior potencial entre os modelos simulados na
tipologia palafita, por ser economicamente viável para uso no local e pode ser
também aliada ao uso do efeito chaminé, que pode vir a ser uma estratégia em
potencial para àquela região, tendo em vista que também é um meio
financeiramente viável aos moradores locais.
As simulações energéticas buscaram entender e compreender o cenário
térmico entre as casas da tipologia palafita, flutuante e casa no chão. No entanto o
software utilizado para as simulações não pôde representar a casa “flutuante”, pois
não tem o algoritmo que permite a simulação da casa sobre a água. Deste modo, foi
possível comparar apenas a tipologia palafita com a tipologia casa no chão e tal
comparação corrobora com o que já havia sido confirmado estatisticamente nos
questionários de percepção, de que a casa a chão é a tipologia que confere o melhor
cenário térmico aos ocupantes, mesmo com a utilização da telha simples oxidada.
No entanto, devido as circunstâncias locais, onde o ciclo de cheias e vazantes é
determinante no modo de morar o ribeirinho, a casa no chão não é uma tipologia
favorável para habitantes das margens do rio, contudo, a mesma é favorável para
uso fora das margens alagáveis daquela região.
Observou-se então, que as propriedades superficiais das coberturas, são os
fatores mais importantes no desempenho térmico das habitações Manacupuruenses
e que os resultados oriundos do tipo da cobertura podem ainda ser potencializados
com o uso do efeito chaminé e tipologia construtiva.
Por fim, está pesquisa proporcionou principalmente compreender, que não
há soluções milagrosas a serem implantadas naquele local. Há sim, a necessidade
de uma compreensão integrada entre o que é aplicável, versus o que é viável. A
arquitetura e o design podem contribuir para o complexo ambiente que constitui a
vida do ribeirinho, por meio de simples estratégias, desenvolvidas, analisadas e que

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
137

posteriomente devem ser entendidas e compreendidas pelos moradores locais, para


que assim possam ser difundidas e caracterizadas como parte da arquitetura
ribeirinha do Amazonas.
O objetivo geral apresentado no Capítulo 1 desta dissertação, como sendo
“avaliar o conforto térmico in loco, com a finalidade de discutir soluções construtivas
para as habitações ribeirinhas da cidade de Manacapuru-AM, por meio do design de
componentes e de estratégias bioclimáticas”, foi completamente alcançado durante o
desenvolvimento de todos os capítulos que fazem parte desta pesquisa, que
respondeu à todos os objetivos específicos (Figura 55) e fez compreender que
arquitetura e design vão além das fronteiras materiais que circundam o modo de vida
do homem. A arquitetura e o design podem representar muito mais do que projeto.
Podem representar a humanização do espaço homem-meio ambiente.

Figura 55: Indicativos dos objetivos específicos respondidos ao longo da pesquisa.


Fonte: Da autora.

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
138

REFERÊNCIAS

ABIODUN, O. E. Investigating the Applicability of Adaptive Comfort Model in a


Naturally Ventilated Student Housing in Nigeria. Global Journal of HUMAN-SOCIAL
SCIENCE: B. V. 14, n. 1, p. 43-52, 2014.

ALVARES CA; STAPE JL; SENTELHAS PC; GONÇALVES JLM; SPAROVEK G.


Köppen's climate classification map for Brazil. Meteorologische Zeitschrift. 2013, v.
22: 711-728.

ARCHDAILY. Clássicos da Arquitetura: Residência Robert Schuster / Severiano


Porto (2013). Site <https://www.archdaily.com.br/br/01-96594/classicos-da-
arquitetura-residencia-robert-schuster-slash-severiano-porto> Acesso em: 01 de mar.
de 2018.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15.220-3.


Desempenho Térmico de Edificações – Parte 3: Zoneamento bioclimático brasileiro e
diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse social. 2005.

_______. NBR 15.575. Edifícios habitacionais de até cinco Pavimentos. 2013.

American Society of Heating, Refrigerating an Air-Conditioning Engineers, Inc.


ASHRAE 55, Thermal Environmental Conditions for Human Occupancy. ASHRAE,
Atlanta, GA. 2010.

AYOADE, J. O. Introdução à climatologia para os trópicos. Rio de Janeiro:


Bertrand Brasil, 332 p. 2003.

BAXTER. Mike. Projeto de Produto: guia prático para o desenvolvimento de


novos produtos. 1º Ed. São Paulo: Editora Edgard Blücher Ltda, 1998.

BITTENCOURT, M. M.; AMADIO, S. A. Proposta para identificação rápidados


períodos hidrológicos em áreas de várzea do Rio Solimões-Amazonas nas
proximidades de Manaus. ACTA Amazonica. Vol. 37 (2). P. 303-308, 2007.

BOGO, A.; PIETROBON, C. E.; BARBOSA, M. J.; GOULART, S.; PITTA, T.;
LAMBERTS, R. Bioclimatologia aplicada ao projeto de edificações visando o conforto
térmico. Relatório interno. Núcleo de pesquisa em construção – Departamento de
Engenharia Civil – Universidade Federal de Santa Catarina, 83p., 1994.

BONSIEPE, G. (coord.). Metodologia experimental: desenho industrial. Brasília:


CNPq/Coordenação editorial; 82 p. 1984.

BRUGNERA, A. C. Meio ambiente cultural da Amazônia Brasileira: dos modos de


vida a moradia do Caboclo Ribeirinho. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie. 268 p. 2015.
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
139

BRUGNERA, A. C.; MEIRELLES, C. R. M.; JUVENAL, P. T.; ZIPPERT, I. C. A relação


da morada dos Ribeirinhos da Costa do Canabuoca, Manacapuru-AM: processos
construtivos da Costa do Canabuoca. Anais: 40º Colóquio Ibero-Americano,
Paisagem Cultural, Patrimônio e Projeto. Belo Horizonte, 2016.

CÂNDIDO, C.; LAMBERTS, R.; BITTENCOURT, L.; DE DEAR, R. Aplicabilidade dos


limites da velocidade do ar para efeito de conforto térmico em climas quentes e
úmidos. Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 10, n. 4, p. 59-68, out./dez. 2010.

CÂNDIDO, C.; DE DEAR, R; LAMBERTS, R.; BITTENCOURT, L. Air movement


acceptability limits and thermal comfort in Brazil’s hot humid climate zone. Building
and Environment 45, p. 222–229, 2010.

CÂNDIDO, C.; DE DEAR, R; LAMBERTS, R. Combined thermal acceptability and air


movement assessments in a hot humid climate. Building and Environment. 46, p.
379-385, 2011.

CARA, Milene Soares. Do Desenho Industrial ao Design no Brasil: uma


bibliografia crítica para a disciplina. São Paulo: Editora Blücher, 2010.

CARDOSO, Rafael. Uma Introdução à História do Design. 3.ed. São Paulo:


Editora Blücher, 2008.

CARDOSO, E.; SCHERER, F. V.; TEIXEIRA, F. G.; SILVA, R. V.; SILVA, T. L. K.


Contribuição metodológica em design de sinalização. InfoDesign, v. 8, n. 1. P. 10-
30, 2011.

CARLUCCI, M. As casas de Lucio Costa. Dissertação (Mestrado) – Escola de


Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, São Carlos, 2005.

CASAGRANDE JR, E. F. Inovação Tecnológica e Sustentabilidade: Integrando as


partes para proteger o todo. Programa de Pós-Graduação em Tecnologia
Universidade Tecnológica Federal do Paraná, 2008.

CELUPPI, M. C.; CURVAL, R. B. F. A utilização de recursos naturais renováveis


visando a sustentabilidade em propostas de iluminação para projetos arquitetônicos.
Revista de Arquitetura IMED, v. 5, p. 10-23, 2016.

CELUPPI, M. C.; MEIRELLES, C. R. M. O método projetual de Bonsiepe (1984) e os


encontros disciplinares no Brasil. Revista D.: Design, Educação, Sociedade e
Sustentabilidade, Porto Alegre, v.10, n. 1, 57-77, 2018.

CHENG, V.; NG, E.; GIVONI, B. Effect of envelope colour and thermal mass on
indoor temperatures in hot humid climate. Solar Energy. 78, p. 528–534, 2005.

CHUNGLOO, S.; LIMMEECHOKCHAI, B. Application of passive cooling systems in


_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
140

the hot and humid climate: The case study of solar chimney and wetted roof in
Thailand. Building and Environment. 42, p. 3341–3351, 2007.

CORBELLA, O.; YANNAS, S. Em Busca de Uma Arquitetura Sustentável Para os


Trópicos. Rio de Janeiro: Revan, 2003.

CRPM. Serviço Geológico do Brasil. Relatório da cheia de 2014. Manaus – AM.


Disponível em: http://www.cprm.gov.br/sace/rehi/manaus/rel_final_2014.pdf Acesso
em: 12/09/2017.

DE DEAR, R.; LEOW, K.G.; FOO, S.C. Thermal comfort in the humid tropics: Field
experiments in air conditioned and naturally ventilated buildings in Singapore.
International Journal of Biometeorology, 34:259-265, 1991.

DE DEAR, R., BRAGER, G., COOPER, D. Developing an adaptive model of


thermal comfort and preference – Final Report on ASHRAE RP 884. American
Society of Heating Refrigerating and Air Conditioning Engineers, Inc. Atlanta, USA,
1997.

DJAMILA, H.; CHU, C.; KUMARESAN, S. Field study of thermal comfort in residential
buildings in the equatorial hot-humid climate of Malaysia. Building and
Environment. 62, p. 133-142, 2013.

FABBRI, K. Indoor Thermal Comfort Perception – A questionnaire approach


focusing on Children. Editora Springer, 293p, 2015.

FANGER, P. O. Thermal comfort: analysis and applications in environmental


engineering. United States: McGraw-Hill Book Company, 244 p. 1970.

FANGER P. O. Thermal comfort. Danish Technical press. Copenhagen; 1970.

FANGER, P. O.; TOFTUM, J. Extension of the PMV model to non-air-conditioned


buildings in warm climates. Energy and Buildings. 34, p. 533-536, 2002.

FERIADI, H.; WONG, N. G. Thermal comfort for naturally ventilated houses in


Indonesia. Energy and Buildings. 36, p. 614–626, 2004.

FILIZOLA, N.; GUYOT, J. L.; MOLINIER, M.; GUIMARÃES, V.; OLIVEIRA, E. E


FREITAS, M. A. Caracterização hidrológica da bacia Amazônica. IN Rivas, A. A. E
Freitas, C. E. C. (orgs). Amazônia: uma perspectiva interdisciplinar. Manaus:
EDUA. p. 33-53, 2002.

FOSTER, K. G.; ELLIS, F. P.; DORE, C.; EXTON-SMITH, A. N.; WEINER, J. S. Sweat
responses in the aged. Age and Ageing, 5(2), p.91-101, 1976.

FREIRE, M. R.; TAHARA, A.; GUIMARAES, A.; AMORIM, A. Uso do Ecotec e


DesignBuilder na projetação arquitetônica para fins de avaliação de desempenho
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
141

térmico por via passivas. Anais: XII Encac: Encontro Nacional do Conforto no
Ambiente Construído, VIII ELACAC: Encontro Latino Americano de Conforto no
Ambiente Construído. Brasília, 2013.

FRONTCZAK, M.; WARGOCKI, P. Literature survey on how different factors


influence human comfort in indoor environments. Building and Environment. 46, p.
922-937. 2011.

FROTA, A. B.; SCHIFFER, S. R. Manual do Conforto Térmico. 8. ed. São Paulo:


Studio Nobel, 2003.

GAGGE, A. P.; The linearity criterion applied to partitional calorimetry. Am J of


Physiology. 116:656-668, 1936.

GAGGE, A. P.; BURTON, A. C.; BAZETT, H. C.. A practical system of units for the
description of the heat exchange of man with his environment, Science 94 (2445),
428-430, 1941.

GAGGE, A. P.; NISHI, Y.; GONZALEZ, R. R. Standard effective temperature – A


single index of temperature sensation and termal discomfort. In: Thermal Comfort
and Moderate Heat Stress, Watford: Building Research Establishment Report 2,
September, 1972.

GAIA, M. C. D.; ARAÚJO, F. S. Índigenas, quilombola e ribeirinhos: processos


iniciais de superação da inviabilização histórica na política habitacional do estado do
Pará. In: A questão da habitação em municípios periurbanos na Amazônia. Org.:
SANTANA, J. V.; HOLANDA, A. C. G.; DE MOURA, A. S. F. Belém: Ed. UFPA, 400 p.
2012.

GERHARDT, T. E.; SILVEIRA, D. T. Método de pesquisa. Porto Alegre: Editora da


UFRGS, 115 p. 2009.

GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 4 ed. São Paulo: Atlas, 207 p.
1994.

GIVONI, B. Man, climate and architecture. Applied Science Publishers, 1969.

GIVONI, B.; MILNE, M. Architectural Design Based on Climate, Energy


Conservation Through Building Design, edited by Donald Watson, MacGraw Hill
Book Company, 1979.

GIVONI, B. Comfort climate analysis and building design guidelines. Energy and
Buildings, v. 18, n. 1, p. 11-23, 1992.

GIVONI, B. Building design principles for hot humid regions. Renewable Energy,
vol.5, parte II, p. 906-916, 1994.

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
142

GOBO. J. P. A. Bioclimatologia subtropical e modelização do conforto humano: da


escala local à regional. Tese (Doutorado). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas (FFLCH), Universidade de São Paulo (USP). 396 p. 2017.

GOBO, J. P. A.; GALVANI, E.; WOLLMANN, C. A. Influência do clima regional sobre


o clima local a partir do diagnóstico de abrangência espacial e extrapolação escalar.
Revista Brasileira de Climatologia, v. 22, p. 210-228, 2018.

GRAEFF, E. O edifício. Revista Projeto, São Paulo: Projeto, 62p, 1980.

GROPIUS, W. Bauhaus: Novarquitetura. São Paulo: Editora Perspectiva S.A.,


2004.

GROTH, A.; GHIL, M. Multivariate singular spectrum analysis and the road to phase
synchronization. Phys. Rev. E., 84, 2011.

______; GHIL, M. Monte Carlo SSA revisited: Detecting oscillator clusters in


multivariate data sets. J. Climate, 2015.

HALAWAA, H.; VAN HOOF, J. The adaptive approach to thermal comfort: A critical
overview. Energy and Buildings. V. 51, p. 101–110, 2012.

HAVENITH, G. Temperature regulation and technology. Gerontechnology, 1(1),


2001, p.41-49.

HENRIQUES, G. C. Severiano Porto – sintaxe e processo, que futuro (s)?.


Arquitextos. 198.03 sustentabilidade. Ano 17, nov. 2016. Disponível em:
< http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/17.198/6303>.

HWANG, R.; CHENG, M.; LIN, T.; HO, M. Thermal perceptions, general adaptation
methods and occupant’s idea about the trade-off between thermal comfort and
energy saving in hot–humid regions. Building and Environment. V. 44, p. 1128–
1134, 2009.

INSTITUTO ANTÔNIO CARLOS JOBIM. Casa Thiago de Mello. (2017). Site.


Disponível em < http://www.jobim.org/lucio/handle/2010.3/2017> acesso em 01 de
mar. de 2018.

International Council of Societies of Industrial Design – ICSID. 2015. Disponível em:


< http://wdo.org/about/definition/>. Acesso em 20 de jun. 2017.

Internacional Organization Standardization - ISO 10551. Ergonomics of the Thermal


Environment – Assessment of the Influence of the Thermal Environment Using
Subjective Judgement Scales. Geneva. 1995.

______. ISO 7730. Moderate therman environments: determination of the PMV and
PPD indices and specification of the conditions for thermal comfort. Genève, 2005.
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
143

______. ISO 7726. Instruments for Measuring Physical Quantities. International


Organization for Standardization, Geneva. 1998.

______. ISO 8996. Determination of Metabolic Rate. International Organization for


Standardization, Geneva. 2004.

______. ISO 9920. Estimation of Thermal Insulation and Water Vapour Resistance of
a Clothing Ensemble. International Organization for Standardization, Geneva. 2007.

JAJCAY, N.; HLINKA, J.; KRAVTSOV, S.; TSONIS, A.; PALUS, M. Time scales of the
European surface air temperature variability: The role of the 7-8 year cycle.
Geophysical Research Letters, 43, p.902-909, 2016.

KACIUBA-USCILKO, H.; GRUCZA, R. Gender differences in thermoregulation. Curr


Opin Clin Nutr Metab Care, 4, p.533-536, 2001.

KARJALAINEN, S. Thermal comfort and gender: a literature review. Indoor Air. V.


22, p. 96–109, 2012.

KARYONO, T. H.; SRI, E.; SULISTIWAN, J. G.; TRISWANTI, Y. Thermal Comfort


Studies in Naturally Ventilated Buildings in Jakarta, Indonesia. Buildings. 5, p. 917-
932, 2015.

KUBOTA, T; CHYEE, D. T. H.; AHMAD, S. The effects of night ventilation technique


on indoor thermal environment for residential buildings in hot-humid climate of
Malaysia. Energy and Buildings. 41, p. 829–839, 2009.

LabEEE – Laboratório de Eficiência Energética em Edificações


<http://www.labeee.ufsc.br/downloads/arquivosclimaticos/inmet2015>, acesso em:
20 de ago. de 2018.

LAMBERTS, R.; XAVIER, A. A. P. Conforto térmico em ambientes internos.


Florianópolis: Laboratório de Eficiência Energética em Edificações, 2003. (Material
didático). Disponível em: <http://teses.eps.ufsc.br/Resumo.asp?1250>. Acesso em:
01 setembro 2016.

LAMBERTS, R. Conforto e Stress Térmico. (Material didático). 2011. Disponível em:


<http://www.labeee.ufsc.br/sites/default/files/disciplinas/ECV4200_apostila%202011.
pdf_2.pdf>. Acesso em: 03 de fevereiro 2015.

LACHIREDDI, G. K. K.; MUTHUKUMAR, P.; SUBUDHI, S. Thermal comfort analysis


of hostels in National Institute of Technology Calicut, India. Sãdhanã,¯ vol. 42, n. 1,
January 2017, p. 63–73.

LIPING, W.; HIEN, W. N. The impacts of ventilation strategies and facade on indoor
termal environment for naturally ventilated residential buildings in Singapore.
Building and Environment. 42, p. 4006–4015, 2007.

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
144

LÖBACH, B. Design industrial: bases para a configuração dos produtos


industriais. 1ª ed. Rio de Janeiro: Edgard Blucher, 2001.

LÔBO, D. G. F.; BITTENCOURT, L. S. A influência dos captadores de vento na


ventilação natural de habitações populares localizadas em climas quentes e úmidos.
Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 3, n. 2, p. 57-67, abr./jun. 2003.

LUCAS, F.; ADELARD, L.; GARDE, F.; BOYER, H. Study of moisture in buildings for
hot humid climates. Energy and Buildings. 1382, p. 1–11, 2001.

MAAROUF, A.; BITZOS, M.; Windchill indices: a review of science, current


applications and future directions for Canada. Meteorological Service of Canada,
Environment Canada, 2000.

MANZINI, E. O Desenvolvimento de Produtos Sustentáveis, Editora USP, 2011.

MARAGNO, G. V. Adequação bioclimática da arquitetura de Mato Grosso do Sul.


Ensaios e Ciências, Campo Grande, v. 6, n. 003, p. 13-37. 2002.

MARENGO, J. A.; NOBRE, C. A. Clima da Região Amazônica. In: Tempo e Clima


no Brasil. Org: CAVALCANTI, I. F.A.; FERREIRA, N. J.; SILVA, M. G. A. J.; DIAS, M.
A. F. S. São Paulo: Oficina de Textos, 461 p. 2009.

MASTERTON, J.; RICHARDSON, F. Humidex: a method of quantifying human


discomfort. Environment Canada, CLI 1-79. Ontario, Downsview: Atmospheric
Environment Service, 1979.

MCCARTNEY, K.J.; NICOL, J. F. Developing an adaptive control algorithm for


Europe. Energy and Buildings. V. 34, p.623–35, 2002.

MENDONÇA, F.; DANNI-OLIVEIRA, I. M. Climatologia – noções básicas e climas


do Brasil. São Paulo: Oficina de Textos. 205 p. 2007.

MINAYO, M. C. S. (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade.


Petrópolis: Vozes, 2001.

MISSENARD, H.; Equivalence Thermique dês Ambience. Chaleur et Industrie, 24;


p.159-183. 1948.

MISHRA, A. K. RAMGOPAL, M. adaptive thermal comfort standards —theway out for


burgeoning building energy needs of Índia. 3rd National Conference on
Refrigeration and Air Conditioning. 2013.

MISHRA, A. K. RAMGOPAL, M. An adaptive thermal comfort model for the tropical


climatic regions of India (Koppen climate type A). Building and Environment. v. 85,
p. 134-143, 2015

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
145

MONTEIRO, L. M.; ALUCCI, M. P. Questões teóricas do conforto térmico em


espaços abertos: consideração histórica, discussão do estado da arte e proposição
de classificação de modelos. Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 7, n. 3, p. 43-
58, jul./set. 2007.

MONTEIRO, C. A. F. O clima da Região Sul. In: Geografia Regional do Brasil:


Grande Região Sul. Rio de Janeiro: IBGE/Conselho Nacional de Geografia, v.4. p.
117-169. 1968.

MONTEIRO, C. A. F. Teoria e clima urbano. Série Teses e Monografias, 25. São


Paulo: Instituto de Geografia/USP, 1976, 181p.

MOTA, S.; HERNANDIS, B.; MAZARELO, K.; BATALHA, V.; VERGARA, L.


Ecoeficiency and Enviroment Ergonomics to the Production of Ceramic Bricks in the
Brazilian Amazon. Procedia Manufacturing, v. 3, p. 5579-5586, 2015.

MUNARI, B. Das coisas nascem as coisas. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 378
p. 2015.

NEMATCHOUA, M. K.; TCHINDA, R.; OROSA, J. A.; ANDREASI, W. A. Effect of


wall construction materials over indoor air quality in humid and hot climate. Journal
of Building Engineering. V. 3, p. 16–23, 2015.

NEVES, L. O. Arquitetura Bioclimática e a Obra de Severiano Porto: Estratégias de


Ventilação Natural. Dissertação (Mestrado) – Escola de Engenharia de São Carlos
da Universidade de São Paulo, São Carlos, 2006.

NGUYEN, A. T.; SINGH, M. K.; REITER, S. An adaptive thermal comfort model for
hot humid southeast Asia. Building and Environment. 56, p.291–300, 2012.

NGUYEN, A. T.; REITER, S. Passive designs and strategies for low-cost housing
using simulation-based optimization and different thermal comfort criteria. Journal of
Building Performance Simulation. V. 7:1, p. 68-81, 2014.

NICOL, J. F.; HUMPHREYS, M. A. Thermal comfort as part of a selfregulating


system. Proceedings of the CIB Symposium on Thermal Comfort, Building
Research Establishment. Watford; 1972.

NICOL, J. F.; HUMPHREYS M. A. Adaptive thermal comfort and sustainable termal


standards for buildings. Energy and Buildings. V. 34 (6). p. 563–572, 2002.

NICOL, F.; HUMPHREYS, M.; ROAF, S. Adaptative Thermal Comfort: Principles


and Practice. New York: Routledge, 244 p. 2012.

NINCE, P. C. C.; MUSIS, C. R.; BIUDES, M. S.; NOGUEIRA, J. S.; NOGUEIRA, M.


C. J A. Usos dos índices PET e UTCI na avaliação do conforto termal no campus da
UFMT em Cuiabá-MT. Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
146

Ambiental, v.9, nº 9, p. 2026-2036, fev., 2013.

NOGUEIRA, R. L. B. Arquitetura Vernacular e Paisagem Amazônica: um Caminho


na Busca pelo Habitar Poético. Revista da Abordagem Gestáltica -
Phenomenological Studies - XXII(2): 171-180, jul-dez, 2016.

OKE, T. R.; Initial Guidance to obtain representaive meteoerological observations at


Urban Site, Instruments and Observing Program. IOM Report, 81, 2004.

OLGYAY, V. Arquitectura y Clima - manual de diseño bioclimático para arquitectos


y urbanistas. Ed. Gustavo Gili AS, Barcelona 203p. 1963.

OLGYAY, V. Design With Climate. Biclimatic Approach to Architectural Regionalism.


4th ed. Princeton, New Jersey. U. S. A.: Princeton University Press, 1963.

OLIVEIRA, J. L. F. Amazônia: proposta para uma ecoarquitetura. Tese (Doutorado) –


Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo,
243p., 1989.

OLIVEIRA JÚNIOR, J. A. Arquitetura Ribeirinha sobre as águas do Amazônas – O


habitat em ambientes complexos. Dissertação (Mestrado), Faculdade de Arquitetura
e Urbanismo da Universidade de São Paulo. 203 p. 2009.

Organização Mundial de Saúde – OMS. Classificação do IMC (2004). Disponível em:


http://apps.who.int/bmi/index.jsp?introPage=intro_3.html acesso em: 20 de fev. de
2018.

PALUŠ, M. Cross-scale interactions and information transfer. Entropy, 16, p.5263-


5289, 2014.

PARSONS, K. C. Human thermal environments. 2.ed. London: Taylor and Francis,


2003.

PAULINO, R.C.M. Ambiente confortável X Ambiente Saudável. Anais: II Encontro


Latino-Americano de Conforto No Ambiente Construído, 1999, Fortaleza. Ambiente
confortável X Ambiente Saudável. Fortaleza,1999.

PAZMINO, A.V. Como se cria: 40 métodos para design de produtos. São


Paulo/SP: Edgard Blucher, 279 p. 2015.

PERDIGÃO, A. K. A. V.; GAYOSO, S. Interpretações sobre a casa para produção de


moradia. In: A questão da habitação em municípios periurbanos na Amazônia.
Org.: SANTANA, J. V.; HOLANDA, A. C. G.; DE MOURA, A. S. F. Belém: Ed. UFPA,
400 p. 2012.

PEREIRA, H. dos S. A dinâmica da paisagem socioambiental das várzeas do rio


Solimões-Amazonas. In: FRAXE, T. J. P.; PEREIRA, H. S.; WITKOSKI, A. C. (Orgs.).
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
147

Comunidades ribeirinhas amazônicas: modos de vida e uso dos recursos


naturais. Manaus: Rego Edições, 2011.

PEREIRA, M.S.; WITKOSKI, A. C. Construção de paisagem, espaço e lugar na


várzea do rio Solimões-Amazonas. Novos Cadernos NAEA. v. 15, n.1, p. 273-290,
jun. 2012.

RIBEIRO, A. G. As escalas do clima. Boletim de Geografia Teorética, v. 23, n. 45-


46, 1993, p.288-294.

RYAN, C. Dematerializing Consumption through Service Substitution is a Design


Challenge. Journal of Industrial Ecology, v. 4, n. 1, p. 3-6, 2000.

RYBCZYNSKI, W. Home: A Short History of an Idea. 4º Ed. São Paulo,1986.

SAMPAIO, M. R.A.; LENCIONE, S. Casas do Brasil: Habitação Ribeirinha na


Amazônia. São Paulo/SP: Museu da Casa Brasileira, 2013.

SANTANA, J. V. Pequenas cidades na Amazônia: Desigualdade e seletividade no


investimento da infraestrutura habitacional. In: A questão da habitação em
municípios periurbanos na Amazônia. Org.: SANTANA, J. V.; HOLANDA, A. C. G.;
DE MOURA, A. S. F. Belém: Ed. UFPA, 400 p. 2012.

SANTOS, A. Inovação para a Sustentabilidade através do Design de Serviços.


Anais: 10º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design, São
Luiz (MA). 2012.

SANUSI, A. N. Z.; SHAO, L.; IBRAHIM, N. Passive ground cooling system for low
energy buildings in Malaysia (hot and humid climates). Renewable Energy. 49, p.
193-196, 2013.

SARQUIS, G. B. Arquitetura moderna e contemporânea em Belém: Diálogos entre


tempos. Anais 9º seminário Docomomo Brasil, 2011.

SCHMID, A. L. A Idéia de Conforto: reflexões sobre o ambiente construído.


Curitiba: Pacto Ambiental, 2005.

SIEGEL; S.; CASTELLAN JR., N. J. Estatística não-paramétrica para ciências do


comportamento: Métodos de Pesquisa. 2 ed. Porto Alegre: Bookman, 2008.

SILVA, S. M. G. M. A sustentabilidade e o conforto das construções. Tese


(Doutorado). Escola de Engenharia, Universidade do Minho, Guimarães, 2009.

SIMONSON, C. J.; SALONVAARA, M.; OJANEN, T. The effect of structures on


indoor humidity – possibility to improve comfort and perceived air quality. Indoor Air.
V. 12, p. 243–251, 2002.

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
148

SIMONSON, C. J.; SALONVAARA, M.; OJANEN, T. Heat and Mass Transfer


Between Indoor Air and a Permeable and Hygroscopic Building Envelope: Part I –
Field Measurements. Journal of THERMAL ENV. & BLDG. SCI. V. 28, n. 1 - July
2004.

SIMÕES, E. A. Q., TIEDEMANN, K. B. Psicologia da percepção. Coleção Temas


Básicos da Psicologia. São Paulo: EPU. São Paulo, 1985.

SOUZA, H. A.; AMPARO, L. R.; GOMES, A. P. Influência da inércia térmica do solo e


da ventilação natural no desempenho térmico: um estudo de caso de um projeto
residencial em light steel framing. Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 11, n. 4, p.
113-128, out./dez. 2011.

SYNNEFA, A; SANTAMOURIS, M.; AKBARI, H. Estimating the effect of using cool


coatings on energy loads and termal comfort in residential buildings in various
climatic conditions. Energy and Buildings. 39, p. 1167–1174, 2007.

TEIXEIRA, L. G. Em busca de uma identidade de projeto. Anais Projetar - II


Seminário sobre Ensino e Pesquisa em Projeto de Arquitetura. P. 1-8, 2005.

THOM, E. C.; Disconfort Index. Londres: Weatherwise. 1959.

TOE, D. H. C.; KUBOTA T. Development of an adaptive thermal comfort equation for


naturally ventilated buildings in hot–humid climates using ASHRAE RP-884
database. Frontiers of Architectural Research. V. 2, p. 278–291, 2013.
TSUZUKI, K.; IWATA, T. Thermal comfort and thermoregulation for elderly people
taking light exercise. In: LEVIN, H. (ed.). Proceedings of Indoor Air ‟02. Monterey -
CA, 2002, p. 647-652.

TOE, D. H. C.; KUBOTA T. Comparative assessment of vernacular passive cooling


techniques for improving indoor thermal comfort of modern terraced houses in hot–
humid climate of Malaysia. Solar Energy. 114, p. 229–258, 2015.

TSUZUKI, K.; OHFUKU, T. Thermal sensation and thermoregulation in elderly


compared to young people in Japanese winter season. In: LEVIN, H. (ed.).
Proceedings of Indoor Air ‟02. Monterey - CA, 2002.

VILLAS BOAS, M. Significado da arquitetura nos trópicos: Um enfoque bioclimático.


Anais: II Seminário Nac. de arquitetura nos trópicos. Fund. J. Nabuco, Ed.
Massangana, Recife, 1985.

YANG, L.; YAN, H.; LAM, J. C. Thermal comfort and building energy consumption
implications – A review. Applied Energy, v. 115, p. 164–173, 2014.

YILDIZ, Y.; ARSAN, Z. D. Identification of the building parameters that influence


heating and cooling energy loads for apartment buildings in hot-humid climates.
Energy. 36, p. 4287-4296, 2011.
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
149

WINSLOW, C. E. A.; HERRINGTON, L. P.; GAGGE, A. P.; Physiological reactions to


environmental temperature. Am J of Physiology, 120:1-22, 1937.

WOLOSZYN, M.; KALAMEES, T.; ABADIE, M. C.; STEEMAN, M.; KALAGASIDIS, A.


S. The effect of combining a relative-humidity-sensitive ventilation system with the
moisture-buffering capacity of materials on indoor climate and energy efficiency of
buildings. Building and Environment. 44, p. 515– 524, 2009

WONG, N.H.; FERIADI, H.; LIM, P.Y.; THAM, K.W.; SEKHAR, C.; CHEONG, K.W.
Thermal comfort evaluation of naturally ventilated public housing in Singapore.
Building and Environment. 37, p. 1267 – 1277, 2002.

ZAIN, Z. M.; TAIB, M. N.; BAKI, S. M. S. Hot and humid climate: prospect for thermal
comfort in residential building. Desalination. 209, p. 261–268, 2007.

ZHANG, H.; HUIZENGA, C.; ARENS, E.; YU, T. Considering individual physiological
differences in a human thermal model. J Therm Biol, 26, p.401-408, 2001.

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
150

ANEXOS

ANEXO A: Manuais dos sensores utilizados na estação meteorológica


automática portátil

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
151

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
152

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
153

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
154

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
155

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
156

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
157

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
158

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
159

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
160

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
161

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
162

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
163

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
164

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
165

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
166

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
167

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
168

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
169

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
170

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
171

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
172

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
173

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
174

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
175

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
176

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
177

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
178

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
179

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
180

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
181

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
182

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
183

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
184

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
185

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
186

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
187

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
188

ANEXO B: Dados climáticos de Manacapuru (LabEEE):

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
189

ANEXO C: Inputs das simulações por meio do Design Builder:

"DB report";"10/12/2018 15:11:21";"DB Version v6.0.0"


" "
"Keyword";"Key";"U-Value (incl bridging) (W/m2K)";"Km (KJ/K)";"Cost per
surface area (GBP/m2)"
"CONSTRUCTION ";"PortaCumaru";"3,689";"29,409";"39,00"
"CONSTRUCTION ";"TetoCumaru";"4,148";"29,409";"39,00"
"CONSTRUCTION ";"PisoCumaru";"2,557";"29,409";"39,00"
"CONSTRUCTION ";"Telhadooxidado";"8,333";"0,546";"99,00"
"CONSTRUCTION ";"ParedeCumaru";"3,689";"29,409";"39,00"
" "
"Keyword";"Name";"Layers";"UValue (W/m2K)";"Trans Light (VT)";"Trans
Total (SHGC)";"Trans Direct Solar";"Cost per surface area (GBP/m2)"

Building Data
"Building number of zones:";"6";
"Building heated/cooled floor area (m2)";"0,00";
"Building volume (m3)";"0,00";
"Building external area (m2)";"0,00";
"Building area-weighted average U-value (W/m2K)";"0,000";
"Building external surface area/Volume (m-1)";"0,000";

Activity Area Summary


Activity;Area (m2);
<None>;121,94;
Quartos;50,46;
SalaCozinha;84,10;
Total;256,50;

"Zone";"Activity";"Floor area (m2)";"Volume (m3)";"Heated?";"Heating


SetPoint Temperature (C)";"Cooled?";"Cooling SetPoint Temperature (C)";
"Telhado -
Sotao";"<None>";"121,945";"77,372";"False";"0,000";"False";"99,000";
;
;"Element";"Adjacent condition";"Area-Nett (m2)";"Flow path";"U-Value
(W/K-m2)";"U-Value*Area (W/K)";"Km (KJ/m2-K)";"Km*Area (KJ/K)";"SROut
(m2-K/W)";"SRIn (m2-K/W)";"Orientation (deg E of N)";"Slope
(deg)";"Heavyweight?";"Embodied Carbon (kgCO2)";"Embodied Carbon
Flag";"Equivalent CO2 (kgCO2)";"Equivalent CO2 Flag";"Cost of Surface
Finish (GBP)";
;"Infiltration";"Outside";"N/A";"N/A";"N/A";"19,524";"N/A";"N/A";"N/A";"
N/A";"N/A";"N/A";"False";"0,00";
;"Wall";"Outside";"6,670";"ParedeCumaru";"3,689";"24,6078";"29,409";"196
,1577";"0,020";"0,130";"135,000";"90,000";"True";"77,150";"";"77,150";""
;"266,80";
;"Floor";"Base -
Quartocasal";"16,820";"TetoCumaru_Reversed";"2,557";"43,0121";"29,409";"
494,6585";"0,100";"0,170";"135,000";"180,000";"True";"97,276";"";"97,276
";"";"756,90";
;"Floor";"Base -
Quartosolt1";"16,820";"TetoCumaru_Reversed";"2,557";"43,0121";"29,409";"
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
190

494,6585";"0,100";"0,170";"135,000";"180,000";"True";"97,276";"";"97,276
";"";"756,90";
;"Floor";"Base -
Quartosolt2";"16,820";"TetoCumaru_Reversed";"2,557";"43,0121";"29,409";"
494,6585";"0,100";"0,170";"135,000";"180,000";"True";"97,276";"";"97,276
";"";"756,90";
;"Floor";"Base -
Salacozinha";"71,485";"TetoCumaru_Reversed";"2,557";"182,8015";"29,409";
"2102,2989";"0,100";"0,170";"135,000";"180,000";"True";"413,423";"";"413
,423";"";"3.216,83";
;"Floor";"Base -
Quartosemteto";"0,044";"TetoCumaru_Reversed";"2,557";"0,1125";"29,409";"
1,2940";"0,100";"0,170";"135,000";"180,000";"True";"0,254";"";"0,254";""
;"1,98";
;"Roof";"Outside";"68,590";"Telhadooxidado";"8,333";"571,5665";"0,546";"
37,4501";"0,020";"0,100";"225,000";"11,210";"True";"635,692";"";"683,705
";"";"2.743,60";
;"Roof";"Outside";"68,590";"Telhadooxidado";"8,333";"571,5665";"0,546";"
37,4501";"0,020";"0,100";"45,000";"11,210";"True";"635,692";"";"683,705"
;"";"2.743,60";
;"Wall";"Outside";"6,670";"ParedeCumaru";"3,689";"24,6078";"29,409";"196
,1577";"0,020";"0,130";"315,000";"90,000";"True";"77,150";"";"77,150";""
;"266,80";
;;;;;;;;;;;;;;"2131,2";;"2227,2";;"11510,3";
"Zone";"Activity";"Floor area (m2)";"Volume (m3)";"Heated?";"Heating
SetPoint Temperature (C)";"Cooled?";"Cooling SetPoint Temperature (C)";
"Base -
Quartocasal";"Quartos";"16,82";"56,347";"False";"0,000";"False";"99,000"
;
;
;"Element";"Adjacent condition";"Area-Nett (m2)";"Flow path";"U-Value
(W/K-m2)";"U-Value*Area (W/K)";"Km (KJ/m2-K)";"Km*Area (KJ/K)";"SROut
(m2-K/W)";"SRIn (m2-K/W)";"Orientation (deg E of N)";"Slope
(deg)";"Heavyweight?";"Embodied Carbon (kgCO2)";"Embodied Carbon
Flag";"Equivalent CO2 (kgCO2)";"Equivalent CO2 Flag";"Cost of Surface
Finish (GBP)";
;"Infiltration";"Outside";"N/A";"N/A";"N/A";"14,219";"N/A";"N/A";"N/A";"
N/A";"N/A";"N/A";"False";"0,00";
;"Natural
ventilation";"Outside";"N/A";"N/A";"N/A";"101,561";"N/A";"N/A";"N/A";"N/
A";"N/A";"N/A";"False";"0,00";
;"Floor";"Outside";"16,820";"PisoCumaru";"2,557";"43,0121";"29,409";"494
,6585";"0,100";"0,170";"135,000";"180,000";"True";"194,552";"";"194,552"
;"";"756,90";
;"Roof";"Telhado -
Sotao";"16,820";"TetoCumaru";"4,148";"69,7773";"29,409";"494,6585";"0,02
0";"0,100";"315,000";"0,000";"True";"97,276";"";"97,276";"";"504,60";
;"Partition";"Base -
Quartosolt1";"19,430";"ParedeCumaru";"3,689";"71,6835";"29,409";"571,415
9";"0,020";"0,130";"225,000";"90,000";"True";"112,371";"";"112,371";"";"
777,20";
;"Wall";"Outside";"8,655";"ParedeCumaru";"3,689";"31,9311";"29,409";"254
,5345";"0,020";"0,130";"135,000";"90,000";"True";"100,110";"";"100,110";
"";"346,20";

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
191

;"Door";"Outside";"1,060";"PortaCumaru";"3,689";"3,9107";"29,409";"31,17
35";"0,020";"0,130";"135,000";"90,000";"True";"12,261";"";"12,261";"";"0
,00";
;"Wall";"Outside";"18,370";"ParedeCumaru";"3,689";"67,7728";"29,409";"54
0,2425";"0,020";"0,130";"45,000";"90,000";"True";"212,480";"";"212,480";
"";"734,80";
;"Door";"Outside";"1,060";"PortaCumaru";"3,689";"3,9107";"29,409";"31,17
35";"0,020";"0,130";"45,000";"90,000";"True";"12,261";"";"12,261";"";"0,
00";
;"Partition";"Base -
Salacozinha";"7,527";"ParedeCumaru";"3,689";"27,7695";"29,409";"221,3612
";"0,020";"0,130";"315,000";"90,000";"True";"43,531";"";"43,531";"";"301
,08";
;"Door";"Base -
Salacozinha";"2,188";"PortaCumaru";"3,689";"8,0722";"29,409";"64,3468";"
0,020";"0,130";"315,000";"90,000";"True";"12,654";"";"12,654";"";"0,00";
;;;;;;;;;;;;;;"797,5";;"797,5";;"3420,8";
"Zone";"Activity";"Floor area (m2)";"Volume (m3)";"Heated?";"Heating
SetPoint Temperature (C)";"Cooled?";"Cooling SetPoint Temperature (C)";
"Base -
Quartosolt1";"Quartos";"16,82";"56,347";"False";"0,000";"False";"99,000"
;
;
;"Element";"Adjacent condition";"Area-Nett (m2)";"Flow path";"U-Value
(W/K-m2)";"U-Value*Area (W/K)";"Km (KJ/m2-K)";"Km*Area (KJ/K)";"SROut
(m2-K/W)";"SRIn (m2-K/W)";"Orientation (deg E of N)";"Slope
(deg)";"Heavyweight?";"Embodied Carbon (kgCO2)";"Embodied Carbon
Flag";"Equivalent CO2 (kgCO2)";"Equivalent CO2 Flag";"Cost of Surface
Finish (GBP)";
;"Infiltration";"Outside";"N/A";"N/A";"N/A";"14,219";"N/A";"N/A";"N/A";"
N/A";"N/A";"N/A";"False";"0,00";
;"Natural
ventilation";"Outside";"N/A";"N/A";"N/A";"101,561";"N/A";"N/A";"N/A";"N/
A";"N/A";"N/A";"False";"0,00";
;"Floor";"Outside";"16,820";"PisoCumaru";"2,557";"43,0121";"29,409";"494
,6585";"0,100";"0,170";"135,000";"180,000";"True";"194,552";"";"194,552"
;"";"756,90";
;"Roof";"Telhado -
Sotao";"16,820";"TetoCumaru";"4,148";"69,7773";"29,409";"494,6585";"0,02
0";"0,100";"315,000";"0,000";"True";"97,276";"";"97,276";"";"504,60";
;"Partition";"Base -
Quartosolt2";"19,430";"ParedeCumaru";"3,689";"71,6835";"29,409";"571,415
9";"0,020";"0,130";"225,000";"90,000";"True";"0,000";"";"0,000";"";"777,
20";
;"Wall";"Outside";"8,655";"ParedeCumaru";"3,689";"31,9311";"29,409";"254
,5345";"0,020";"0,130";"135,000";"90,000";"True";"100,110";"";"100,110";
"";"346,20";
;"Door";"Outside";"1,060";"PortaCumaru";"3,689";"3,9107";"29,409";"31,17
35";"0,020";"0,130";"135,000";"90,000";"True";"12,261";"";"12,261";"";"0
,00";
;"Partition";"Base -
Quartocasal";"19,430";"ParedeCumaru";"3,689";"71,6835";"29,409";"571,415
9";"0,020";"0,130";"45,000";"90,000";"True";"0,000";"";"0,000";"";"777,2
0";

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
192

;"Partition";"Base -
Salacozinha";"7,527";"ParedeCumaru";"3,689";"27,7695";"29,409";"221,3612
";"0,020";"0,130";"315,000";"90,000";"True";"43,531";"";"43,531";"";"301
,08";
;"Door";"Base -
Salacozinha";"2,188";"PortaCumaru";"3,689";"8,0722";"29,409";"64,3468";"
0,020";"0,130";"315,000";"90,000";"True";"12,654";"";"12,654";"";"0,00";
;;;;;;;;;;;;;;"460,4";;"460,4";;"3463,2";
"Zone";"Activity";"Floor area (m2)";"Volume (m3)";"Heated?";"Heating
SetPoint Temperature (C)";"Cooled?";"Cooling SetPoint Temperature (C)";
"Base -
Quartosolt2";"Quartos";"16,82";"56,347";"False";"0,000";"False";"99,000"
;
;
;"Element";"Adjacent condition";"Area-Nett (m2)";"Flow path";"U-Value
(W/K-m2)";"U-Value*Area (W/K)";"Km (KJ/m2-K)";"Km*Area (KJ/K)";"SROut
(m2-K/W)";"SRIn (m2-K/W)";"Orientation (deg E of N)";"Slope
(deg)";"Heavyweight?";"Embodied Carbon (kgCO2)";"Embodied Carbon
Flag";"Equivalent CO2 (kgCO2)";"Equivalent CO2 Flag";"Cost of Surface
Finish (GBP)";
;"Infiltration";"Outside";"N/A";"N/A";"N/A";"14,219";"N/A";"N/A";"N/A";"
N/A";"N/A";"N/A";"False";"0,00";
;"Natural
ventilation";"Outside";"N/A";"N/A";"N/A";"101,561";"N/A";"N/A";"N/A";"N/
A";"N/A";"N/A";"False";"0,00";
;"Floor";"Outside";"16,820";"PisoCumaru";"2,557";"43,0121";"29,409";"494
,6585";"0,100";"0,170";"135,000";"180,000";"True";"194,552";"";"194,552"
;"";"756,90";
;"Roof";"Telhado -
Sotao";"16,820";"TetoCumaru";"4,148";"69,7773";"29,409";"494,6585";"0,02
0";"0,100";"315,000";"0,000";"True";"97,276";"";"97,276";"";"504,60";
;"Partition";"Base -
Salacozinha";"19,430";"ParedeCumaru";"3,689";"71,6835";"29,409";"571,415
9";"0,020";"0,130";"225,000";"90,000";"True";"112,371";"";"112,371";"";"
777,20";
;"Wall";"Outside";"8,655";"ParedeCumaru";"3,689";"31,9311";"29,409";"254
,5345";"0,020";"0,130";"135,000";"90,000";"True";"100,110";"";"100,110";
"";"346,20";
;"Door";"Outside";"1,060";"PortaCumaru";"3,689";"3,9107";"29,409";"31,17
35";"0,020";"0,130";"135,000";"90,000";"True";"12,261";"";"12,261";"";"0
,00";
;"Partition";"Base -
Quartosolt1";"19,430";"ParedeCumaru";"3,689";"71,6835";"29,409";"571,415
9";"0,020";"0,130";"45,000";"90,000";"True";"112,371";"";"112,371";"";"7
77,20";
;"Partition";"Base -
Salacozinha";"7,527";"ParedeCumaru";"3,689";"27,7695";"29,409";"221,3612
";"0,020";"0,130";"315,000";"90,000";"True";"43,531";"";"43,531";"";"301
,08";
;"Door";"Base -
Salacozinha";"2,188";"PortaCumaru";"3,689";"8,0722";"29,409";"64,3468";"
0,020";"0,130";"315,000";"90,000";"True";"12,654";"";"12,654";"";"0,00";
;;;;;;;;;;;;;;"685,1";;"685,1";;"3463,2";
"Zone";"Activity";"Floor area (m2)";"Volume (m3)";"Heated?";"Heating
SetPoint Temperature (C)";"Cooled?";"Cooling SetPoint Temperature (C)";
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
193

"Base -
Salacozinha";"SalaCozinha";"71,485";"239,475";"False";"0,000";"False";"9
9,000";
;
;"Element";"Adjacent condition";"Area-Nett (m2)";"Flow path";"U-Value
(W/K-m2)";"U-Value*Area (W/K)";"Km (KJ/m2-K)";"Km*Area (KJ/K)";"SROut
(m2-K/W)";"SRIn (m2-K/W)";"Orientation (deg E of N)";"Slope
(deg)";"Heavyweight?";"Embodied Carbon (kgCO2)";"Embodied Carbon
Flag";"Equivalent CO2 (kgCO2)";"Equivalent CO2 Flag";"Cost of Surface
Finish (GBP)";
;"Infiltration";"Outside";"N/A";"N/A";"N/A";"60,429";"N/A";"N/A";"N/A";"
N/A";"N/A";"N/A";"False";"0,00";
;"Natural
ventilation";"Outside";"N/A";"N/A";"N/A";"431,634";"N/A";"N/A";"N/A";"N/
A";"N/A";"N/A";"False";"0,00";
;"Floor";"Outside";"71,485";"PisoCumaru";"2,557";"182,8015";"29,409";"21
02,2989";"0,100";"0,170";"135,000";"180,000";"True";"826,846";"";"826,84
6";"";"3.216,83";
;"Roof";"Telhado -
Sotao";"71,485";"TetoCumaru";"4,148";"296,5535";"29,409";"2102,2989";"0,
020";"0,100";"315,000";"0,000";"True";"413,423";"";"413,423";"";"2.144,5
5";
;"Wall";"Outside";"38,860";"ParedeCumaru";"3,689";"143,3670";"29,409";"1
142,8318";"0,020";"0,130";"225,000";"90,000";"True";"449,482";"";"449,48
2";"";"1.554,40";
;"Wall";"Outside";"8,655";"ParedeCumaru";"3,689";"31,9311";"29,409";"254
,5345";"0,020";"0,130";"135,000";"90,000";"True";"100,110";"";"100,110";
"";"346,20";
;"Door";"Outside";"1,060";"PortaCumaru";"3,689";"3,9107";"29,409";"31,17
35";"0,020";"0,130";"135,000";"90,000";"True";"12,261";"";"12,261";"";"0
,00";
;"Partition";"Base -
Quartosolt2";"19,430";"ParedeCumaru";"3,689";"71,6835";"29,409";"571,415
9";"0,020";"0,130";"45,000";"90,000";"True";"0,000";"";"0,000";"";"777,2
0";
;"Partition";"Base -
Quartosolt2";"7,527";"ParedeCumaru";"3,689";"27,7695";"29,409";"221,3612
";"0,020";"0,130";"135,000";"90,000";"True";"0,000";"";"0,000";"";"301,0
8";
;"Door";"Base -
Quartosolt2";"2,188";"PortaCumaru";"3,689";"8,0722";"29,409";"64,3468";"
0,020";"0,130";"135,000";"90,000";"True";"0,000";"";"0,000";"";"0,00";
;"Partition";"Base -
Quartosolt1";"7,527";"ParedeCumaru";"3,689";"27,7695";"29,409";"221,3612
";"0,020";"0,130";"135,000";"90,000";"True";"0,000";"";"0,000";"";"301,0
8";
;"Door";"Base -
Quartosolt1";"2,188";"PortaCumaru";"3,689";"8,0722";"29,409";"64,3468";"
0,020";"0,130";"135,000";"90,000";"True";"0,000";"";"0,000";"";"0,00";
;"Partition";"Base -
Quartocasal";"7,527";"ParedeCumaru";"3,689";"27,7695";"29,409";"221,3612
";"0,020";"0,130";"135,000";"90,000";"True";"0,000";"";"0,000";"";"301,0
8";

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
194

;"Door";"Base -
Quartocasal";"2,188";"PortaCumaru";"3,689";"8,0722";"29,409";"64,3468";"
0,020";"0,130";"135,000";"90,000";"True";"0,000";"";"0,000";"";"0,00";
;"Wall";"Outside";"17,349";"ParedeCumaru";"3,689";"64,0060";"29,409";"51
0,2159";"0,020";"0,130";"45,000";"90,000";"True";"200,671";"";"200,671";
"";"693,96";
;"Door";"Outside";"2,081";"PortaCumaru";"3,689";"7,6775";"29,409";"61,20
00";"0,020";"0,130";"45,000";"90,000";"True";"24,070";"";"24,070";"";"0,
00";
;"Wall";"Outside";"25,965";"ParedeCumaru";"3,689";"95,7932";"29,409";"76
3,6034";"0,020";"0,130";"315,000";"90,000";"True";"300,329";"";"300,329"
;"";"1.038,60";
;"Door";"Outside";"3,180";"PortaCumaru";"3,689";"11,7320";"29,409";"93,5
205";"0,020";"0,130";"315,000";"90,000";"True";"36,782";"";"36,782";"";"
0,00";
;"Partition";"Base -
Quartosemteto";"12,385";"ParedeCumaru";"3,689";"45,6922";"29,409";"364,2
299";"0,020";"0,130";"225,000";"90,000";"True";"71,627";"";"71,627";"";"
495,40";
;"Door";"Base -
Quartosemteto";"2,188";"PortaCumaru";"3,689";"8,0722";"29,409";"64,3468"
;"0,020";"0,130";"225,000";"90,000";"True";"12,654";"";"12,654";"";"0,00
";
;"Partition";"Base -
Quartosemteto";"9,715";"ParedeCumaru";"3,689";"35,8417";"29,409";"285,70
80";"0,020";"0,130";"315,000";"90,000";"True";"56,185";"";"56,185";"";"3
88,60";
;"Partition";"Base -
Quartosemteto";"14,573";"ParedeCumaru";"3,689";"53,7645";"29,409";"428,5
766";"0,020";"0,130";"45,000";"90,000";"True";"84,281";"";"84,281";"";"5
82,92";
;;;;;;;;;;;;;;"2588,7";;"2588,7";;"12141,9";
"Zone";"Activity";"Floor area (m2)";"Volume (m3)";"Heated?";"Heating
SetPoint Temperature (C)";"Cooled?";"Cooling SetPoint Temperature (C)";
"Base -
Quartosemteto";"SalaCozinha";"12,615";"42,26";"False";"0,000";"False";"9
9,000";
;
;"Element";"Adjacent condition";"Area-Nett (m2)";"Flow path";"U-Value
(W/K-m2)";"U-Value*Area (W/K)";"Km (KJ/m2-K)";"Km*Area (KJ/K)";"SROut
(m2-K/W)";"SRIn (m2-K/W)";"Orientation (deg E of N)";"Slope
(deg)";"Heavyweight?";"Embodied Carbon (kgCO2)";"Embodied Carbon
Flag";"Equivalent CO2 (kgCO2)";"Equivalent CO2 Flag";"Cost of Surface
Finish (GBP)";
;"Infiltration";"Outside";"N/A";"N/A";"N/A";"10,664";"N/A";"N/A";"N/A";"
N/A";"N/A";"N/A";"False";"0,00";
;"Natural
ventilation";"Outside";"N/A";"N/A";"N/A";"76,170";"N/A";"N/A";"N/A";"N/A
";"N/A";"N/A";"False";"0,00";
;"Floor";"Outside";"12,615";"PisoCumaru";"2,557";"32,2591";"29,409";"370
,9939";"0,100";"0,170";"135,000";"180,000";"True";"145,914";"";"145,914"
;"";"567,67";
;"Roof";"Telhado -
Sotao";"0,044";"TetoCumaru";"4,148";"0,1825";"29,409";"1,2940";"0,020";"
0,100";"315,000";"0,000";"True";"0,254";"";"0,254";"";"1,32";
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
195

;"Partition";"Base -
Salacozinha";"14,573";"ParedeCumaru";"3,689";"53,7645";"29,409";"428,576
6";"0,020";"0,130";"225,000";"90,000";"True";"0,000";"";"0,000";"";"582,
92";
;"Partition";"Base -
Salacozinha";"9,715";"ParedeCumaru";"3,689";"35,8417";"29,409";"285,7080
";"0,020";"0,130";"135,000";"90,000";"True";"0,000";"";"0,000";"";"388,6
0";
;"Partition";"Base -
Salacozinha";"12,385";"ParedeCumaru";"3,689";"45,6922";"29,409";"364,229
9";"0,020";"0,130";"45,000";"90,000";"True";"0,000";"";"0,000";"";"495,4
0";
;"Door";"Base -
Salacozinha";"2,188";"PortaCumaru";"3,689";"8,0722";"29,409";"64,3468";"
0,020";"0,130";"45,000";"90,000";"True";"0,000";"";"0,000";"";"0,00";
;"Wall";"Outside";"8,655";"ParedeCumaru";"3,689";"31,9311";"29,409";"254
,5345";"0,020";"0,130";"315,000";"90,000";"True";"100,110";"";"100,110";
"";"346,20";
;"Door";"Outside";"1,060";"PortaCumaru";"3,689";"3,9107";"29,409";"31,17
35";"0,020";"0,130";"315,000";"90,000";"True";"12,261";"";"12,261";"";"0
,00";
;;;;;;;;;;;;;;"258,5";;"258,5";;"2382,1";

EMBODIED CARBON DATA


" "
"Table: 4, 5, 2"
"Materials Embodied Carbon and Inventory";"Area (m2)";"Embodied Carbon
(kgCO2)";"Equivalent CO2 (kgCO2)";"Mass (kg)";
"Zincooxidado";"137,2";"1271,4";"1367,4";"384,1";
"CUMARU";"673,6";"7791,5";"7791,5";"16577,6";
"Sub Total";"";"9062,9";"9158,9";"16961,7";
" "
"Table: 8, 4, 2"
"Constructions Embodied Carbon and Inventory";"Area (m2)";"Embodied
Carbon (kgCO2)";"Equivalent CO2 (kgCO2)";
"PortaCumaru";"20,4";"235,6";"235,6";
"TetoCumaru";"122,0";"1411,0";"1411,0";
"PisoCumaru";"134,6";"1556,4";"1556,4";
"Telhadooxidado";"137,2";"1271,4";"1367,4";
"TetoCumaru_Reversed";"122,0";"1411,0";"1411,0";
"ParedeCumaru";"274,7";"3177,4";"3177,4";
"Sub Total";"810,8";"9062,88";"9158,90";
" "
"Table: 4, 4, 2"
"Glazing Embodied Carbon and Inventory";"Area (m2)";"Embodied Carbon
(kgCO2)";"Equivalent CO2 (kgCO2)";
"Local shading";" ";"0,0";"0,0";
"Window shading";" ";"0,0";"0,0";
"Sub Total";"0,0";"0,0";"0,0";

"Table: 1, 4, 2"
"Building Total";"810,8";"9062,9";"9158,9";

COST DATA
" "
_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
196

"Table: 2, 3, 1"
"Structure Costs";"Floor Area (m2)";"Cost (GBP)";
"Sub Total";"256,5";"53.866,05";
" "
"Table: 2, 3, 1"
"HVAC Costs";"Floor Area (m2)";"Cost (GBP)";
"Sub Total";"256,5";"20.184,00";
" "
"Table: 2, 3, 1"
"Lighting Costs";"Floor Area (m2)";"Cost (GBP)";
"Sub Total";"256,5";"8.073,60";
" "
"Table: 2, 3, 1"
"Sub-Structure Costs";"Floor Area (m2)";"Cost (GBP)";
"Sub Total";"0,0";"0,00";
" "
"Table: 8, 3, 1"
"Super Structure Cost";"Construction Area (m2)";"Cost (GBP)";
"PortaCumaru";"20,4";"794,55"
"TetoCumaru";"122,0";"4.757,57"
"PisoCumaru";"134,6";"5.247,84"
"Telhadooxidado";"137,2";"13.580,82"
"TetoCumaru_Reversed";"122,0";"4.757,57"
"ParedeCumaru";"274,7";"10.713,42"
"Sub Total";"810,8";"39.851,77";
" "
"Table: 4, 3, 1"
"Glazing Cost";"Surface Area (m2)";"Cost (GBP)";
"Local shading";" ";"0,00"
"Blinds and internal shades";" ";"0,00"
"Sub Total";"";"0,00";
" "
"Table: 7, 3, 1"
"Renewables Cost";"Area (m2)";"Cost (GBP)";
"PV Panels";"0,00";"0,00"
"Solar Hot Water Panels";"0,00";"0,00"
"Wind Turbines";"0,00";"0,00"
"PV Electrical";" ";"0,00"
"Wind Turbine Electrical";" ";"0,00"
"Sub Total";"";"0,00";
" "
"Table: 5, 3, 1"
"Surface Finish Costs";"Surface Area (m2)";"Cost (GBP)";
"Walls";"0,0";"0,00"
"Floors";"0,0";"0,00"
"Ceiling";"0,0";"0,00"
"Sub Total";"";"0,00";

"Table: 1, 3, 1"
"Building Total Cost (GBP)";"";"121.975,42";

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
197

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
198

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi
199

Gráfico do Modelo CFD para o dia simulado:

_____________________________________________________________________________________________________
Arquitetura e percepção bioclimática em habitações ribeirinhas na Amazônia brasileira
Maria Cristina Celuppi

Você também pode gostar