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RESUMO
O mercado de capitais pode ser uma alternativa de ganho para pequenos investidores que
buscam retorno financeiro através de suas aplicações. Essa modalidade de aplicação oferece
uma possibilidade de maior retorno quando comparado as modalidades tradicionais de renda
fixa, porém, a exposição ao risco também é maior devido à volatilidade do mercado que está
ligado as oscilações da economia. Somado a esse risco encontram-se a dificuldade de
entendimento das pessoas que não estão habituadas ao vocabulário técnico do mercado, a
quantidade de variáveis que devem ser observadas na opção de uma ou outra ação (ou mesmo
uma carteira de ações), dos índices que devem ser analisados para a aplicação e, de onde e
com quem deve-se fazer à aplicação. Com o propósito de minimizar tais dificuldades,
desenvolveu-se uma cartilha com linguagem acessível, simples e de fácil compreensão aos
futuros investidores que não estão familiarizados com o vocabulário do mercado financeiro. A
cartilha ajuda na divulgação e expansão das operações no mercado de capitais, permitindo o
aumento os ganhos financeiros dos pequenos investidores e ainda contribui para o
crescimento das empresas de capital aberto e o desenvolvimento da economia do país. A
pesquisa tem caráter bibliográfico-descritivo com abordagem qualitativa. Verificou-se que
tanto as variáveis que devem ser observadas no momento de investir como a linguagem e
vocabulário técnico utilizados pelos profissionais do mercado financeiro são de difícil
compreensão para o pequeno investidor, e o método utilizado no desenvolvimento da cartilha
aproxima o entendimento do investidor através de analogias com situações do cotidiano
através da linguagem simples e objetiva.
ABSTRACT
Stock market may be an alternative for small investors who are looking for profits through
their applications. This kind of application offers a better profit when compared to traditional
investments such as fixed income investments, however, risks are higher due to market
volatility that is related to economic oscillation. Besides people may not be familiar to this
technical vocabulary, or the amount of variables that should be observed when choosing
between one or other stock (or a stock portfolio), or indexes that have to be analyzed for an
application, and also where and with whom the application can be made. Aiming to decrease
such difficulties, a primer was developed with accessible and easy language, comprehensible
for future investors who are not familiar with financial market vocabulary. The primer helps
disclosing and expanding operations in stock market, allowing profits improvement for
smaller investor, moreover contributes to the growth of publicly traded companies and
financial development of the country. This research used descriptive literature and qualitative
approach. The conclusion was that variables that should be observed when investing and also
the technical vocabulary used by financial market professionals are hard to understand for
small investors and the method used on the primer helps comprehension for investors through
analogies with everyday situation, using a simple and objective language.
MERCADO FINANCEIRO
Conforme Braga (1995) o mercado financeiro subdivide-se em quatro grandes
segmentos de intermediação financeira.
a) mercado monetário: nele realizam-se as operações de curto e curtíssimo prazo, que
permite o controle da liquidez monetária da economia (ROSSETTI, 2002). Também
negociam-se principalmente os papéis emitidos pelo Banco Central destinados a execução
da política monetária do governo, e ainda aqueles emitidos pelo Tesouro Nacional,
visando-se financiar as necessidades orçamentárias da União e diversos títulos emitidos
pelos Estados e Municípios.
b) mercado de credito: constitui-se em sua essência pelos bancos comerciais e múltiplos
que suprem as necessidades de recursos de curto e médio prazos dos diversos agentes
econômicos, seja para créditos a pessoas físicas e empréstimos a empresa (ASSAF NETO,
2006).
c) mercado cambial: aqui realizam-se várias operações de compra e venda de moedas
estrangeiras conversíveis englobando todos os agentes econômicos com motivos para
realizar operações com o exterior, como importadores e exportadores, investidores e
instituições financeiras (BRAGA, 1995).
d) mercado de capitais : é um conjunto de instituições e de instrumentos que negociam com
títulos e valores mobiliários, para a canalização dos recursos dos agentes compradores
para os agentes vendedores, que tem o propósito de viabilizar a capitalização das
empresas e dar liquidez aos títulos emitidos por elas (PINHEIRO, 2008). Para Assaf Neto
(2006) esse mercado tem papel relevante no desenvolvimento econômico, visto que ele é
uma grande fonte de recursos para investimentos da economia.
Os recursos necessários para o processo produtivo de uma empresa vão além da
capacidade individual de poupança dos empresários. Nesse contexto, visando suprir essa
necessidade de recursos é que “nasce o acionista que anonimamente se converte na fonte vital
das poupanças necessárias para o crescimento das empresas” (LEITE, 1994, p. 363).
O mercado de capitais pode ser divido em: mercado primário e mercado secundário.
No mercado primário é que se realizam a transferência das poupanças dos investidores para as
empresas ou para o governo, nessa etapa as ações de uma empresa são emitidas diretamente
ou através de oferta pública, em operações de underwriting (Fortuna, 2002). O termo
underwriting significa subscrição, ou seja, lançamento de ações ou debêntures para subscrição
pública (SANDRONI, 1994). Nessa etapa é que a empresa ou governo recebe o dinheiro com
a venda de suas ações. A introdução desses títulos no mercado geralmente é realizada por um
AÇÕES
Assaf Neto (2006, p.74) descreva ações como sendo “valores representativos de uma
parcela (fração) do capital social de uma sociedade, negociáveis no mercado, e refletem a
participação dos acionistas no capital social”. Neste contexto, pode-se dizer que o titular de
uma ação torna-se sócio da empresa, mesmo que de forma minoritária.
O investimento em ações outorga ao acionista uma série de direitos e
responsabilidades. Pinheiro (2008) afirma que o acionista tem apenas a obrigação de
integralizar sua parte no capital que subscreveu. No Brasil, a Lei nº 6.404/76, que
regulamenta o funcionamento das sociedades anônimas, confere ao acionista uma série de
DESDOBRAMENTO E GRUPAMENTO
Os splits de ações não constituem-se num tipo de dividendos, mas têm efeito
semelhante aos das bonificações sobre os preços das ações das empresas. Split ou
desdobramento é ato pelo qual uma empresa que comercializa ações na bolsa as desdobra em
duas ou mais ações (SANDRONI, 1994). Empregam-se os splits de ações visando à baixa do
preço de mercado das ações da empresa para incentivar a realização de um maior número de
transações. Esse desdobramento de ações aumenta o número de ações pertencentes a cada
acionista, mas não afeta a estrutura de capital da empresa, visto que aumenta-se o número de
ações em circulação e reduz-se o valor nominal da ação (GITMAN, 2002).
O inplit é a “condensação do capital em um menor número de ações com
conseqüente aumento do valor de mercado da ação, com o objetivo, entre outros, de valorizar
sua imagem em mercado” (FORTUNA, 2002, p. 446).
ÍNDICES COMPARATIVOS
Os índices comparativos foram criados pela Bovespa baseando-se na montagem de
carteiras teóricas, também chamadas de hipotéticas. Estes servem para medir ações de
empresas setoriais, bem como ações em geral, independente do setor (DESCHATRE &
MAJER, 2006).
Os principais índices divulgados pela Bovespa, segundo Pinheiro (2008) são:
Ibovespa; Índice Brasil (IBrX); IBrX-50; Índice de Energia Elétrica (IEE); Índice Setorial de
Telecomunicações (ITEL); Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada
(IGC); e Índice Valor Bovespa (IVBX-2).
Em 1968 implementou-se o mais importante índice do mercado de ações brasileiro, o
índice Bovespa. O Ibovespa serve como indicador médio do comportamento do mercado e
sua composição busca aproximar-se da real configuração das negociações à vista na Bovespa
(DESCHATRE & MAJER, 2006).
O Índice Brasil (IBrX) “é um índice de preços referente a uma carteira teórica
composta pelas 100 ações de maior negociação (número de negócios e volume financeiro) na
Bolsa de Valores de São Paulo” (ASSAF NETO, 2006, p. 185). A divulgação desse índice
iniciou-se em 1997 e sua carteira teórica e revista a cada quatro meses.
Conforme Pinheiro (2008) o Índice Brasil 50 (IBrX-50) mede o retorno de uma
carteira de ações compostas pelas 50 ações mais negociadas na Bovespa. Conforme Deschatre
RISCO SISTEMÁTICO
O risco sistemático segundo Leite (1994) origina-se nas flutuações a que se sujeita o
sistema econômico como um todo, afetando dessa forma todas as ações. Nessa mesma linha
de raciocínio Gitman (2002) afirma que esse tipo risco não pode ser diversificado, por tratar-
se de fatores que afetam todas as empresas, tais como guerra, inflação, incidentes
internacionais e eventos políticos.
As fontes de risco sistemático segundo Leite (1994) são: risco em relação à taxa de
juros, risco relativo ao poder de compra e risco de mercado.
O risco em relação à taxa de juros existe nos processos de análise de projetos de
investimentos que à utilizam como desconto para o cálculo do valor presente líquido dos
fluxos de caixa previstos, avaliando-se, em seguida, o prêmio pelo risco oferecido pelo
projeto. Dessa maneira, a variação da taxa de juros pode afetar o retorno esperado com o
projeto (LEITE, 1994).
O risco relativo ao poder de compra refere-se à relação entre a remuneração do ativo e
o processo inflacionário. Os investimentos que tem baixo retorno estão mais vulneráveis ao
ANÁLISE DE AÇÕES
ANÁLISE FUNDAMENTALISTA
A Escola Fundamentalista baseia-se nos resultados setoriais e específicos de cada
empresa, dentro do contexto da economia nacional e internacional. Ela auxilia o investidor na
escolha da empresa cuja ação pode ser adquirida ou vendida num determinado período de
tempo (FORTUNA, 2002).
Para iniciar um investimento no mercado de ações com maior segurança, faz-se
necessário analisar os indicadores de balanço e os indicadores de mercado, buscando-se
antever os momentos de alta e de baixa de uma determinada ação (DESCHATRE & MAJER,
2006).
Os indicadores de balanço são calculados a cada trimestre, visto que as empresas
divulgam e entregam seus balanços a cada 90 dias para a Comissão de Valores Mobiliários –
CVM. Os indicadores de balanço são de grand e importância, pois alguns indicadores de
mercado dependem desses indicadores (DESCHATRE & MAJER, 2006).
Os indicadores de balanço mais conhecidos são:
a) Ebitda ou Lajida
O indicador Ebitda é o lucro antes dos juros, depreciação e amortização e do Imposto
de renda. Segundo Assaf Neto (2008) equivale-se ao fluxo de caixa operacional antes
do imposto de renda, e pode-se entendê- lo como uma medida de geração de caixa
disponível.
b) Liquidez corrente (LC)
O índice de liquidez corrente (LC) é o quociente da divisão do valor do Ativo de Curto
Prazo pelo valor do Passivo Exigível de Curto Prazo. Esse índice “indica quantas
Alguns investidores adquirem ações com beta maior que o índice Bovespa, buscando
retorno maior que o Ibovespa. Para encontrar o beta de uma determinada ação, pode-se
compará- lo com o Ibovespa (DESCHATRE & MAJER, 2006).
PROCEDIMENTO METODOLÓGICO
Para se iniciar um investimento em ações é preciso antes conhecer o seu mercado,
bem como suas principais ferramentas de análise de ativos, além da gestão de risco. Assim o
O DESENVOLVIMENTO DA CARTILHA
A elaboração da cartilha foi divida em duas etapas: pesquisa bibliográfica descritiva e
elaboração de um roteiro para criação da cartilha, abaixo segue explicação dessas etapas.
Na primeira etapa foi realizado um levantamento bibliográfico para o devido
entendimento dos conteúdos que comporiam a cartilha, entre eles: mercado de capitais e seus
participantes; ações, suas espécies, formas de circulação e os direitos e proventos que essas
proporcionam ao acionista; a importância das corretoras de valores; índices comparativos;
classificação fundamental do risco e análise fundamentalista e técnica das ações. A pesquisa
mostrou que esses são os conteúdos técnicos mais significativos e relevantes para o
entendimento do mercado de capitais e que deram o suporte teórico para a elaboração da
cartilha. São exatamente esses conteúdos que foram lapidados para uma linguagem mais
simplificada e menos técnica.
Concluída a pesquisa bibliográfica iniciou-se a segunda etapa, com o
desenvolvimento da cartilha. Esta etapa dividiu-se em duas partes: na primeira uma história
em quadrinhos e na segunda um breve resumo de conceitos importantes. Optou-se por essa
divisão dado ao fato de alguns conteúdos serem demasiadamente extensos, dificultando sua
formatação em linguagem de história em quadrinhos. A cartilha atualmente é composta de 18
páginas, e as figuras abaixo dão uma idéia do formato e da linguagem utilizada na mesma.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O mercado de capitais necessita de pessoas devidamente informadas e habilitadas
para poderem operar em seu sistema, entretanto, o vocabulário empregado nesse setor é
demasiadamente técnico, com termos em inglês e de difícil acesso às pessoas que não estão
habituadas ao linguajar específico.
Com o propósito de reduzir a dificuldade de compreensão por parte das pessoas que
não estão em contato constante com a área do mercado de capitais, a pesquisa destacou a
importância da divulgação do mercado de capitais para os que desconhecem essa alternativa
de investimento. Tal investimento tem uma possibilidade de maior retorno financeiro do que
investimentos de renda fixa, e que, além do próprio investidor lucrar com isso, ele estará
contribuindo para o desenvolvimento econômico do país, visto que, o mercado de capitais é
uma grande fonte de recursos para investimentos na economia. Mas da mesma forma que é
uma opção de ganhos mais vantajosos que a renda fixa, também traz os riscos quase na
mesma proporção, e viés é preciso ficar claro para o pequeno investidor.
A dificuldade mais premente é o vocabulário técnico que envolve todo o setor do
mercado de capitais e das aplicações em ações. Assim, a transformação do vocabulário árido
técnico utilizado por profissionais do setor financeiro em uma linguagem simples e clara para
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