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Mercado de Capitais

Capítulo 2 – O Mercado Financeiro


Conceito de Mercado Financeiro
O Mercado Financeiro é um sistema organizativo que
coloca em contato potenciais compradores com
potenciais vendedores de ativos financeiros,
possibilitando, dessa forma, a canalização de poupanças
dos aforradores/investidores em instrumentos financeiros
para os devedores/investidores em activos reais com
reduzidos custos de transação.
O sistema financeiro engloba o mercado financeiro que
pode ser dividido em quatro grandes mercados:

Mercado deMercado
Crédito Monetário
Mercado de Mercado
Capitais Cambial

Mercado
Financeiro
Mercado de capitais

 O mercado de capitais pode ser considerado um sistema que tem


como objetivo a distribuição de valores mobiliários, visando à
liquidez e solvência na emissão de títulos, viabilizando sua
capitalização.

 É constituído pelas instituições financeiras autorizadas, bolsas e


corretoras.

 No que diz sobre mercado de capitais, os principais títulos


negociados são as ações, partes representativas de capital da
empresa, ou empréstimos via mercado (obrigações).

 Ainda vale salientar que o mercado de capitais é subdividido em


mercado primário e secundário (a ser analisado mais a frente).
Mercado de crédito

O mercado de crédito faz parte do sistema financeiro, da


qual disponibiliza a concessão e a tomada de crédito
para os indivíduos, incluindo operações financeiras de
curto e médio prazo.

Composto por dois seres, os superavitários (poupadores)


e os deficitários (devedores).

Onde os poupadores concedem suas reservas às


instituições financeiras como forma de aplicação, da qual
a sua quantidade depositada, irá ao decorrer de
determinando tempo, ter rentabilidade de sua aplicação.
Já os devedores, pedem às instituições financeiras, valores
para sanar seus défices financeiros.

Para as instituições financeiras concederem esses valores,


acarretam uma taxa da qual se denominam juros, taxa
cobrada para o risco dessa operação, com isso os
deficitários pagam um valor normalmente maior do que
lhe é concedido.
Mercado monetário

Mercado monetário ou (Money Market) é o mercado para


realizações de financiamento em curto e curtíssimo
prazo, como:
os bilhetes do tesouro e o papel comercial, sendo os títulos
públicos os papéis mais negociados.

É constituído principalmente por instituições financeiras,


onde o prazo das suas negociações são inferiores a um
ano.
Mercado Cambial

 O mercado cambial é aquele onde ocorre a negociação de moedas


estrangeiras e pessoas interessadas em movimenta-las.

 Esse mercado é bastante utilizado por investidores, exportadores,


importadores e empresas que façam negociações internacionais.

 As principais moedas negociadas nesse mercado são: o dólar


americano, o franco suíço, o euro, o iene do Japão.

 As operações de cambio não podem ser negociadas livremente,


sendo executadas por instituições autorizados a operar.

 Assim qualquer agente deve ter autorização do Banco Central para


exercer e através de uma licença como corretor de câmbio.
O funcionamento do Mercado Financeiro
O processo de financiamento pode ser direto ou indireto.

O financiamento é direto quando os agentes carecidos de


fundos vendem diretamente ativos financeiros a agentes
com excesso de fundos.

O financiamento é indireto, quando os investidores


recebem fundos dos aforradores através de um
intermediário financeiro.
Neste caso, os aforradores e os investidores não se encontram
diretamente para a transação de ativos financeiros.
Os aforradores utilizam os serviços de um intermediário
financeiro que canaliza os fundos para os investidores.
Funções dos Mercados Financeiros
Os mercados financeiros ao estabelecerem a ligação entre
agentes com excesso de fundos e agentes com carência de
fundos asseguram, através de um processo de intermediação
financeira, as seguintes funções básicas:

 Captação / Aplicação de Fundos


 Escolha Inter-temporal entre Consumo e Investimento
 Determinação do Preço
 Afetação do Risco
 Compatibilização de Prazos de Maturidade dos
Investidores e aumento da Liquidez
 Agregação e Coordenação de Informação
 Promoção da Eficiência Económica
Captação / Aplicação de Fundos

Os mercados financeiros asseguram a função essencial de


canalização de fundos de agentes que os têm em excesso
para agentes que deles necessitam, por motivos de consumo
e investimento em ativos reais.

Os mercados financeiros, funcionando adequadamente,


asseguram uma eficiente afetação do capital e contribuem
para aumentar a produtividade da economia.
Escolha Inter-temporal entre Consumo e Investimento

Os agentes podem ter preferências por um padrão de


investimento ou de consumo que não coincide
necessariamente com o seu fluxo de rendimento no
presente.

Sem a existência dos mercados financeiros, os agentes com


excesso de fundos não teriam oportunidade de aplicar esse
excesso e ter um retorno, assim como os agentes com
carência de fundos não poderiam investir ou consumir para
além do seu fluxo de rendimentos no período.
Ao efetuar aplicações em ativos financeiros, as empresas ou
os particulares estão a trocar investimento ou consumo no
presente por investimento ou consumo no futuro.

Ao endividar-se, pelo contrário, os gentes económicos


antecipam consumo, pelo que terão de sacrificar a aquisição
de bens e serviços ou a realização de investimentos no
futuro em ordem a proceder ao pagamento dos
empréstimos obtidos.

Os mercados financeiros permitem, portanto, uma afetação


mais eficiente do consumo e do investimento ao longo do
tempo, possibilitando aos agentes económicos atingir níveis
mais elevados de utilidade.
Determinação do Preço

Os mercados financeiros proporcionam uma plataforma


centralizada para a negociação global de ativos financeiros,
assegurando a determinação do seu preço através da
interação entre compradores e vendedores, quer para ativos
emitidos pela primeira vez, quer para ativos previamente
emitidos
Afetação do Risco
Os mercados financeiros promovem a transferência de
fundos de uma forma que permite a redistribuição do risco
associado aos cash flows gerados por um ativo financeiro.

Os mercados de derivados, onde se transacionam


instrumentos como futuros e opções podem também ser
usados para alterar o nível de risco de uma carteira de
títulos.

Os mercados financeiros possibilitam, ainda, a redução do


risco de uma carteira por diversificação.
Por diversificação entende-se combinar numa carteira de
ativos financeiros com caraterísticas distintas para que as
perdas que possam ocorrer em alguns deles sejam
compensadas por ganhos noutros.

Os benefícios associados à diversificação dependem da


existência de um mercado financeiro, com dimensão e
uma diversidade de ativos minimamente adequada para
esse efeito.
Compatibilização de Prazos de Maturidade dos
Investidores e aumento da Liquidez
Os mercados financeiros proporcionam aos detentores de
ativos financeiros a possibilidade de os revender com
relativa facilidade, tornando esses ativos mais líquidos.

Esta função incentiva os investidores a adquirir ativos


financeiros com maturidades de longo prazo, aos quais está
associada uma maior rentabilidade.

Por exemplo, se um particular, que tenha investido em


obrigações com maturidade a 10 anos, mudar subitamente as
suas preferências de consumo, pode facilmente vendê-las
numa bolsa de valores onde estejam admitidas à negociação.
Os mercados financeiros facilitam, assim, a
compatibilização das necessidades de fundos a longo prazo
pretendidos por certos investidores com aplicação de
fundos a mais curto prazo de certos aforradores.

A existência de um mercado secundário no qual os ativos


podem ser revendidos é uma condição para a redução do
custo de emissão de ativos com maturidade de longo prazo,
que assim necessitam de incorporar prémios de liquidez tão
elevados.

Esta função dos mercados pode ser entendida como uma


forma particular de redução do risco.
Agregação e Coordenação de Informação
A transferência de fundos é significativamente afetada pela
existência de informação incompleta e assimétrica.

Os mercados financeiros funcionam como compiladores e


agregadores de informação sobre o valor dos ativos
financeiros e sobre o fluxo de fundos dos emprestadores para
os investidores, facilitando as transações.

Pela importância que a informação tem na tomada de decisões


dos agentes económicos e no funcionamento dos mercados, o
legislador (no caso de Cabo verde BCV/AGMVM) tende a
impor requisitos de qualidade nesta matéria.
De forma a garantir que a informação chega ao mesmo
tempo a todos os agentes económicos, o regulador (a
AGMVM) disponibiliza e impõe o uso do Sistema de
Difusão de Informação, para assegurar que a informação
comunicada pelas empresas e por outros agentes
económicos ao mercado é acessível a todos os investidores
ao mesmo tempo.
Promoção da Eficiência Económica
Os mercados financeiros promovem, finalmente, a
eficiência na realização das transações de ativos financeiros
ao reduzirem os custos de transação e os custos de
obtenção de informação.

Alcança-se desta forma, uma maior eficiência na afetação


do capital o que favorece a exploração dos benefícios da
inovação e contribui para o aumento da produtividade e do
crescimento económico.
Segmentação dos Mercados
Financeiros
Podemos segmentar/classificar os mercados tendo em
conta um variado conjunto de aspectos, a saber:

Classificação segundo as formas de organização e regulamentação

• Mercados formais ou “organizados” vs Mercados informais ou “não organizados”

Classificação segundo a tangibilidade

• Mercados tangíveis ou materiais vs Mercados intangíveis ou imateriais

Classificação segundo a data valor das transações

• Mercados à vista (Spot) vs Mercados a prazo (Forward)

Classificação segundo a maturidade dos títulos

• Mercado Monetário vs Mercado de Capitais

Classificação quanto à fase de vida dos títulos

• Mercado Primário vs Mercado Secundário


Mercados organizados vs Mercados não
organizados
Mercados Organizados
O funcionamento dos mercados formais e o processamento
das transações que neles decorrem estão sujeitos a regras
imperativas de organização caraterizadas pela sua rigidez.

Estas são perfeitamente padronizadas em todos os aspetos


relevantes para o negócio, de tal forma que os agentes que
aì operam apenas têm de limitar a escolher entre as várias
alternativa que o mercado lhes proporciona.

Por norma, estes mercados são fortemente regulados e


supervisionados por entidades externas criadas pelos
respetivos Governos.
Isto significa que:

 Só podem ser negociados os ativos previamente aceites à


negociação pelo mercado;
 São fixadas as quantidades mínimas e/ou os respetivos
múltiplos de tranasação;
 As datas de vencimento são oficialmente estabelecidas;
 São fixadas as variações mínimas aceites para os preços;
 São estabelecidas as horas oficiais de funcionamento;
 São estabelecidas as formas de liquidação ;
 E também, eventualmente, do pagamento de margens de
qualquer tipo e ainda, quando for o caso, da sujeição a
chamadas na margem.
Desvantagens:
Tratam-se, portanto, de mercados onde os contratos e
procedimentos estão perfeitamente estandardizados e onde,
por isso mesmo, os negócios não são personalizáveis
segunda as necessidades concretas e específicas das partes
contratantes

Vantagens:
Em contrapartida, têm como vantagem maior a
transparência que se traduz em informação atualizada e
simétrica resultante quer da disseminação em tempo real das
cotações e das quantidades praticadas, quer da estrita
observância de princípios de uma concorrência leal.
Mercados Não Organizados
Nos mercados informais, ou OTC (Over-The-Counter
markets) não existe tal formalismo, pelo que se transaciona
toda a espécie de ativos dede que para eles haja
compradores e vendedores.

E os termos do negócio quanto a …


 Preços,
 Quantidades,
 Datas de vencimento, formas e locais de liquidação,

… são os que forem livremente acertados entre as partes.


Vantagens:
Estes mercados têm como vantagem a personalização dos
negócios

Desvantagens:
Falta-lhes transparência
 Quer porque não há disseminação sistemática de informação, em
grande medida devido ao caráter bilateral e privado dos negócios
cujos termos não têm que ser comunicados a quaisquer entidades,
 Quer porque não existe regulação e supervisão incidindo sobre os
mesmos aspetos que se apresentam nos mercados formais, como
seja a proibição e o sancionamento do insider trading, que
podem levar ao surgimento de práticas fraudulentas.
Um dos problemas maiores associados aos mercados OTC
é o risco de crédito inexistente em muitos dos mercados
formais em virtude da aplicação de mecanismos próprios
(sobretudo as Câmaras de compensação).

Exemplos das principais práticas fraudulentas:


Pump and dump (Encher e esvaziar)
Short and distort
Pump and dump
É a forma de fraude que mais preocupa quantos intervém
nestes mercados.

Trata-se de uma forma de fraude através do qual os que têm posições longas
em ativos agem no sentido de artificialmente os valorizarem para poderem
vender com o lucro desejado, e logo que este objectivo é conseguido, os preços
caem bruscamente e de forma significativa, com elevados prejuízos para os
investidores menos atentos que forma induzidos a investir neles.

Os ativos mais susceptíveis a esta forma de manipulação


são as ações emitidas por pequenas companhias e nas quais
o mercado é pouco líquido, sendo por isso relativamente
fácil provocar oscilações significativas nas cotações; trata-
se dos chamados penny stocks.
Exemplo:
 O investidor (manipulador) compra títulos (de pequenas
empresas e com pouca liquidez) e, posteriormente, aconselha
outros investidores a fazerem o mesmo, especialmente através
da internet, quer por via de campanhas de e-mails (spam) quer
por via de newsletters ou de telemarketing onde promovem o
que eles próprios consideram ser os hot stocks do momento.

 Geralmente ocorre um aumento da procura, fazendo subir a


cotação (preço) do título, permitindo os primeiros investidores
realizar o chamado “lucro fácil”.

 Posteriormente, o investidor (manipulador) vende os seus


títulos, fazendo baixar a cotação e causando um prejuízo aos
investidores menos atentos (ou mais ingénuos)
Short and
Distort
É a forma de fraude inversa ao ”Pump and dump”

Aqui, os investidores criam posições curtas


(principalmente através do Short selling) sobre ativos alvos,
promovendo-se de seguida, através da disseminação de
rumores sobre fatos falsos e negativos, a queda das suas
cotações, altura em que se reentra no mercado para as
comprar.
Exemplo:

Um investidor vende um título de uma determinada empresa


ao preço (P0).

Posteriormente, começa a lançar rumores (publicidade


negativa) sobre a empresa, levando a uma queda na cotação.

Nessa altura, o investidor volta a comprar a acção por um


valor mais baixo (P1), o que lhe permite obter um lucro.

P0 − P1 >0
Exemplos de Mercados Organizados

NYSE Euronext,
Bolsa de Frankfurt
Bolsa de Londres, etc

Exemplos de Mercados Organizados

Mercados cambiais à vista e a prazo;


Mercados dos Swaps e dos FRA (Forward Rate
Agreements),
etc
Mercados tangíveis vs Mercados intangíveis
A distinção a fazer é entre mercados tangíveis (ou
materiais ou de natureza física) e os mercados intangíveis
(ou imateriais).
Os mercados tangíveis, são mercados de natureza física, funcionam num
local determinado, portanto têm endereço, e a negociação faz-se pelo
sistema de viva voz (open out cry).

Isto significa que as partes de um negócio, compradores e


vendedores, atuam no mercado em nome e em interesse
próprio, como os dealers, ou em representação de terceiros,
como os brokers (casas de corretagem), encontram-se nesse
lugar e negoceiam diretamente entre si usando para o
efeitoa linguagem gestual baseada em sinais feitos com as
mãos conjugadas com outras partes do corpo,
nomeadamente a cabeça.
O local de mercado onde estas negociações têm lugar é
conhecido por pit.
Open outcry, que em português se traduz como algazarra ou gritaria, mas que
significa ordens por viva voz, é um método tradicional de leilão público feito
através de ordens verbais e gestuais de compra e venda utilizadas pelos
traders profissionais nos pits dos trading floors dos mercados de futuros ou nos
trading floors das bolsas de valores.

A informação das ordens de compra e de venda que vão sendo transmitidas são
normalmente escritas num quadro para que fique disponível para todos
os traders.

Um Broker desenvolve a sua atividade de intermediação de transações por


conta de terceiros, seus clientes. Não tem autorização para efetuar
operações por conta própria.

Um Dealer, para além da intermediação de transações por conta de


terceiros, pode realizar transações por conta própria para a sua carteira
Entretanto, com o avanço dos modernos meios de
comunicação, foram-se generalizando os mercados
intangíveis.
Os mercados intangíveis são mercados que não estão em nenhum lugar
físico em concreto, antes se formam através de uma rede de comunicações
que liga entre si potenciais compradores e vendedores que, desse modo,
conseguem concretizar negócios entre eles.
Mercado Spot vs Mercado Forward
A este nível diferencia-se entre os mercados à vista (spot) e
os mercados a prazo (forward).

A distinção entre um e outro funda-se no número de dias


úteis que separam a data transação da data valor.

Entende-se por data transação aquela em que as partes


envolvidas na transação decidem sobre os aspetos essenciais
que caraterizam o negócio e que ficam sujeitos entre si num
conjunto de deveres e de direitos recíprocos:

Exemplo:
 produto, quantidade, preço, local e condições de entrega,
formas de pagamento e outros aspetos tidos como necessário
para a execução
Data valor é a data em que se procede à execução do
contrato firmado na data de transação com entrega da
mercadoria contratada contra o pagamento do respetivo
preço.

Se entre essas duas datas distarem no máximo dois dias


úteis, estamos no mercado à vista.
Mercado à vista é aquele em que se considera que a execução do contrato é
imediata.
Se pelo contrário, esse intervalo de tempo ultrapassar dois
dias úteis, já nos situamos no mercado a prazo.

Neste mercado, a data de transação e a data de liquidação


possuem um intervalo de tempo mais longo.

Mercado a prazo é aquele em que se considera que a execução do contrato


dá-se num espaço de tempo mais longo que corresponde ao prazo pré-fixado
em cada contrato negociado.
Exemplos de Mercado à Vista

Mercado de câmbios spot;

Exemplos de Mercado a Prazo

Mercados cambiais à vista e a prazo;


Mercados dos derivados (opções, futuros, etc)
Nota:
A função principal do mercado de derivados e que justifica
a sua própria existência, é a cobertura do risco (o hedging).

Contudo, tal como o mercado à vista, pode ser utilizado


para montar operações de especulação e de arbitragem.
Mercado Monetário vs Mercado de Capitais
É aqui que cabe referir o mercado de capitais e o mercado
monetário.
É nestes mercados que os governos se financiam através da
emissão de dívida, e as empresas, por meio da emissão de
dívida (obrigações) ou do aumento do respetivo capital
social (ações).

Nestes mercados, para além de operações de financiamento


de investimento ou do consumo, realizam-se também
operações estritamente financeiras entre agentes do
mercado e que não revertem a favor dos emitentes dos
títulos transacionados.
O mercado de capitais é aquele onde se transacionam títulos com maturidades
superiores a um ano.

Em concreto, trata-se de ações e obrigações emitidas para


esses prazos.
Por este motivo se considera que o mercado de capitais se
subdivide no
 mercado de ações e
 no mercado de obrigações,
 para além dos segmentos do mercado de derivados onde se
realizam transações com maturidades correspondentes.

Curiosidade:

As ações e as obrigações formam o conjunto que os anglo-saxónicos


designam de securities.
O mercado monetário é um mercado de curto prazo, entendido como aquele onde se
negoceiam títulos que fornecem liquidez por prazos iguais ou inferiores a um ano.

Nota:
1. Considera-se que, em termos comparativos, o mercado
monetário oferece um baixo nível de risco e por esta
razão, mas também por outras, como o seu elevado nível
de liquidez, as taxas de remuneração que nele se
praticam são relativamente baixas.

2. É um mercado (monetário) constituído principalmente


por bancos, empresas e particulares, mas o grosso das
transações verifica-se entre bancos em operações no
mercado inter-bancário.
3. Da mesma forma que o mercado de capitais, o mercado
monetário é objeto de substancial regulamentação e
supervisão por parte de entidades nacionais e em algumas
situações, supranacionais.
Exemplos de Mercado monetário

Mercado interbancário;
Mercado de bilhetes do tesouro, papel comercial,
certificados de depósitos, aceites bancários, acordos de
recompra, outros produtos com maturidade até 1 ano, etc

Exemplos de Mercado de capitais

NYSE Euronext,
Mercado de ações, obrigações,
Mercado Primário vs Mercado Secundário
Os mercados monetário e de capitais, referidos
anteriormente, subdividem-se, por outro lado, nos
mercados primário e secundário.

O mercado primário (new issue market) é aquele onde a entidade


emitente emite (coloca) os títulos mobiliários pela primeira vez

Consequentemente, é no mercado primário que o Estado e


as empresas se financiam por transferência de recursos
financeiros a seu favor com origem em aforradores
líquidos.
Pode-se afirmar que a função essencial do mercado
primário é dotar as economias de mecanismos alternativos
para o seu funcionamento.

Porém, o mercado primário não abrange as operações de financiamento


realizadas através do crédito bancário.

A liquidez dos títulos é conseguida pela existência do


mercado secundário.

O mercado secundário onde se transacionam os títulos já existentes no


mercado.
É nos mercados secundários que os títulos emitidos em
períodos anteriores podem ser sucessivamente negociados
ao longo do tempo, entre investidores, especuladores ou
arbitragistas.

Por consequência, o mercado secundário destina-se a


tornar as emissões e os investimentos em títulos mais
aliciantes, criando condições essenciais para o sucesso das
emissões realizadas no mercado primário.
Tipos de ordens
Os mercados secundários são o lugar onde se concretizam
os negócios ou transações entre investidores.

Para comprar ou vender os valores mobiliários em bolsa,


os investidores têm que transmitir a um intermediário
financeiro – banco, sociedade corretora (brokers) ou
sociedade financeira de corretagem (dealers) – as
chamadas ordens de bolsa.

As ordens de bolsa podem ser dadas a um agente ou


membro negociador registado na Bolsa de valores ou a
instituições / intermediários financeiros, para execução.
A ordem de bolsa é a instrução que é dada pelo investidor ao seu
intermediário financeiro e que expressa o desejo de compra ou de venda
de um ativo financeiro.
As ordens de bolsa podem ser dadas por escrito, oralmente ou
através da internet. As ordens dadas oralmente devem ser
reduzidas a escrito ou gravadas pelo intermediário financeiro.

Os elementos que devem constar numa ordem de bolsa são:


 o ordenador da ordem,
 o valor mobiliário em causa,
 o tipo de ordem (compra ou venda),
 a quantidade ou o montante a negociar do ativo financeiro,
 o preço,
 a data ou o período de validade e
 a data em que é dada.
Existem várias hipóteses de definir o preço numa ordem de bolsa:
I •Ordemao Melhor (ou Ordemao Mercado)

II •OrdemcomLimite de Preço

III •Ordens Stop

IV •Ordemstop com limite

V •Buy stops above

VI •Bracketed Buy Order

VII •Ordens ao Ponto Central do Spread (Mid Market Order)

VIII •Ordens Indexadas (Pegged Orders)

IX •Ordens Casadas (Basket Trade)

X •OrdemExecuta e Cancela (Fill and Kill)

XI •Ordemde Execução ou Eliminação (Fill or Kill)

XII •Ordens Abertura/Fecho

XIII •Ordens Aparentes (Iceberg Orders)

XIV •Ordemde Quantidade Mínima (Minimum Fill order)


1. Ordem ao Melhor (ou Ordem ao Mercado)

São as mais simples e, por isso, também as mais comuns. São as


mais fáceis de executar porque não indicam qualquer limite de
preço.

São para executar ao melhor preço que for possível no


momento em que a ordem é recebida, pelo intermediário
financeiro.

Se a ordem for de compra, o comprador está disposto a pagar o


preço que for necessário para adquirir os valores mobiliários;

Se a ordem for de venda, o vendedor está disposto a aceitar o


preço que seja necessário para alienar os valores mobiliários;
Vantagem:
A ordem é certamente cumprida.

Desvantagem:
O preço de compra/venda pode ser diferente daquele que
vigorava quando a ordem foi dada (visto que é o
intermediário que irá executar a ordem)
2. Ordem com limite de Preço
 Neste caso, o investidor impõe um preço limite, isto é, um preço
máximo ou mínimo a que o comprador ou o vendedor,
respetivamente, estão dispostos a executar a transação.

 As ordens são satisfeitas, se tal for possível,


 a um preço de compra igual ou inferior ao indicado, ou,
 tratando-se de uma venda, a um preço igual ou superior ao limite do
preço ordenado.

Vantagem:
 O comprador / vendedor garante um valor mínimo / máximo

Desvantagem:
 Pode acontecer, em mercados mais voláteis, que a ordem nunca seja
cumprida
Exemplo:

Ordem de compra com Ordem de venda com


limite de Preço limite de Preço

P0 Buy limit Sell limit P1

Se o preço de mercado Se o preço de mercado


for P0, uma vez que é for P1, uma vez que é
inferior ao Buy Limit, a superior ao Sell Limit, a
ordem será executada. ordem será executada.
3. Ordens Stop
 As ordens Stop são ordens de compra ou de venda, que se tornam
executáveis quando o preço dos títulos atinge um determinado valor
que é pré-definido pelo cliente.

 Conhecidas também por Stop loss orders têm como objetivo proteger
os lucros existentes dos investidores ou, então, minimizar o seu
prejuízo, determinando o valor máximo de perda que está disposto a
assumir.

 Apenas serão concretizadas as ordens de compra, a partir do


momento que o preço excede certo limite.

 No caso das ordens de venda, a sua concretização só se processa a


partir do momento em que a cotação é igual ou inferior a um certo
limite.
O preço stop de uma ordem de venda é superior ao preço
stop de uma ordem de compra.

Nota:
A partir do momento em que se atinja o valor pré-definido,
as ordens convertem-se em ordens ao melhor.
Exemplo:
Alguém adquiriu um título por 25 e o preço de mercado é
agora de 45.
Ou seja, têm um lucro potencial de 20. Se receia uma quebra
dos preços, pode emitir uma ordem de venda stop a 40.
A ordem é executada ao melhor logo que o preço esteja
abaixo daquele valor.
É importante salientar que torna-se uma ordem ao melhor
quando o mercado atinge aquele preço. Não se sabe ao
certo a que preço é que a ordem vai efectivamente ser
executada.
40 45

Sell Stop Preço atual


Order .
Pode ocorrer situações, onde o investidor emite uma ordem
de venda stop a um preço inferior ao preço de compra se
avaliar o título como especulativo.
 O objectivo aqui é minimizar perdas e já não proteger ganhos.

 Também pode ser realizada para ordens de compra.

Se a cotação de mercado for de 30, a ordem stop pode ser


comprar a 25 porque se pensa que aquele preço é uma
barreira a mais descidas – o objectivo é, na mesma,
potencializar a maximização de ganhos.
Exemplo – Short-Selling
Estas ordens também são utilizadas para estes cenários.

O investidor pode ter vendido os títulos (short selling), e


agora torna-se necessário adquiri-los de novo para os
devolver.

Ao fixar um valor máximo de compra dos títulos, evita-se


que o preço de compra seja muito elevado – proteção de
lucros.
4. Ordem Stop com Limite
Combinação de uma ordem stop com uma ordem limite por
forma a evitar os inconvenienetes de a ordem stop se
transformar numa ordem ao melhor.

Exemplo:
O investidor comprou ações cujo preço no mercado é agora 45.
Receando uma quebra de preço, ele emite uma ordem de venda
stop com limite a 40.
 Significa que a ordem de venda é executada quando o mercado
atingir aquele preço e só pode ser executada àquele preço ou
melhor.

O grande inconveniente é que a ordem pode não ser executada!


Uma melhor estratégia na emissão de ordens stop com
limite será diferenciar os preços stop e limite.

No caso de uma venda:

Preço Limite < Preço Stop

No caso de uma compra:

Preço Limite > Preço Stop

É uma melhor estratégia pois aumenta as probabilidade de


execução das ordens.
Exemplo:
1. Venda ao preço stop 45 & preço limite 40

 Tradução:
 Vender quando o mercado atingir 45 a um preço não inferior a
40.

2. Compra ao preço stop 30 & preço limite 33


 Tradução:
 Executar a ordem de compra quando as cotações de mercado
chegarem a 30 e nunca pagar mais do que 33.
5. Buy Stops Above
 Ordem de compra de um título para quando o seu preço de
mercado ultrapassar o preço de resistência.
Preço de Resistência, é o nível de preços que uma ação raramente sobe. É
considerado uma barreira.

Acredita-se que quando isso suceder, abrem-se potenciais


de ganho porque acredita-se que o preço continuará a subir
uma vez quebrada aquela barreira.
Exemplo:
Alguém acredita que se o preço de 25 (preço de
resistência)for ultrapassado, as cotações continuaram a
subir.

Então, coloca-se uma ordem de compra com stop a 25,01


(acima do preço de resistência)
6. Bracketed Buy Order
Uma ordem de compra que é acompanhada por uma
ordem de venda com limite acima do preço da ordem de
compra e por uma ordem de venda stop abaixo do preço
da ordem de compra.

Vantagem:
Fixar lucros face a um movimento de subida de preços e
controlar perdas face a descidas de preços, sem ter que
seguir constantemente a posição.
Exemplo:
Ordem de compra de acções a 50 acompanhada por uma
ordem de venda com limite a 60 e de venda com stop a 45€.
De notar que no caso de ser ativada a ordem stop nada
garante um prejuízo máximo de 5.
45 50 60

Sell Stop Sell Limit

Este tipo de ordem é particularmente importante num


mercado muito volátil.
7. Ordens ao Ponto Central do Spread (Mid Market
Order)
 Ordem de limite de preço igual ao ponto médio do mais recente
bid-offer spread (isto é, do intervalo formado pelo preço mais
alto das intenções de compra e o preço mais baixo das intenções
de venda).

8. Ordens Indexadas (Pegged Orders)


Ordem que apenas pode ser executada se o índice atingir um dado
valor. Nessa altura converte-se em ordem com limite de preço.

9. Ordens Casadas (Basket Trade)


 O ordenante faz depender a concretização de uma ordem da
prévia execução de uma outra, de sentido contrário (compra
num caso e venda no outro), incidente sobre outro valor
mobiliário.
10. Ordem Executa e Cancela (Fill and Kill)
Ordens executadas de imediato na máxima quantidade
possível. Remanescente não permanece como oferta.

11. Ordem de Execução ou Eliminação (Fill or Kill)


São ordens executadas de imediato na totalidade ou
totalmente eliminadas.
Também são conhecidas por Ordens de Tudo ou Nada.

12. Ordens Abertura/Fecho


Ordens que apenas podem ser executadas no período
de abertura / fecho do mercado.
13. Ordens Aparentes (Iceberg Orders)
Apenas é mostrada uma parte da quantidade. A parte
remanescente é mantida oculta.

Apenas uma parcela da quantidade total ordenada fica


aparente ao mercado, o resto (que está "abaixo da superfície")
aparece à medida em que a ordem iceberg é parcialmente
executada.

Uma ordem aparente é uma ordem de grandes quantidades que


é dividida em ordens de pequenas quantidades para disfarçar o
interesse de um único grande comprador ou vendedor.

Estas ordens são dadas por forma a não influenciar de algum


modo a percepção do mercado
14. Ordem de Quantidade Mínima (Minimum Fill
Order)
Executadas imediatamente até ao mínimo.

Remanescente permanece.

Se mínimo não for executado são eliminadas.


Conclusão

 A utilização dos diferentes tipos de ordens deve depender da


estratégia e das expetativas do investidor.

 A escolha deve ser cuidadosa e criteriosa, devendo o investidor ter


plena consciência das consequências da sua opção.

Alguns exemplos:
 Assim, se o investidor pretender comprar (vender) dando uma
ordem ao melhor, arrisca-se a pagar (receber) mais (menos) do que
o pretendido.

 As ordens casadas fazem sentido para investidores que estejam a


aplicar uma estratégia de investimento em que pretendam ficar
longos num título e curtos no outro, financiando a aquisição do
primeiro com a venda do segundo.
 Um outro exemplo da importância da escolha do tipo de
ordem é a utilização de ordens com limite e menção stop.
 Estas ordens fazem sentido, quando um investidor acredita
que se a cotação atingir um determinado patamar (acima da
cotação atual) entrará num processo de subida sustentada, mas
não sabe ainda se esse patamar virá a ser atingido e quando.

 As ordens indexadas são úteis, por exemplo, em


substituição das ordens ao melhores quando o investidor
está interessado em comprar o título ao mais baixo preço
disponível, mas não têm um limite absoluto para esse
preço.
Algumas Notas:

Relativamente ao prazo de validade, as ordens de bolsa podem


ter um prazo determinado, como por exemplo apenas para a
sessão, sendo válidas para o próprio dia, ou pode ser definido um
prazo de validade mais longo (podendo prolongar-se até ao prazo
máximo definido por lei) ou podem ser ordens sem data limite e,
nesse caso, a ordem permanece válida até 365 dias após a data
em que é dada, enquanto não for executada.

O preço das ofertas têm de respeitar o limite mínimo de variação


de preços (tick) estipulado para o título em causa.

A cotação de um valor mobiliário é o preço da transação em


bolsa e reflete a avaliação que o mercado faz num determinado
momento.

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