Você está na página 1de 28

UNIÃO EDUCACIONAL DE ENSINO SUPERIOR DO MÉDIO TOCANTINS

FACULDADE DE CIÊNCIAS JURÍDICAS DE PARAÍSO DO TOCANTINS

David Murilo Rezende

NECESSIDADE DA TIPIFICAÇÃO PRÓPRIA DO CYBERBULLYING NO CÓDIGO


PENAL BRASILEIRO

Paraíso do Tocantins
2020​David Murilo Rezende

NECESSIDADE DA TIPIFICAÇÃO PRÓPRIA DO CYBERBULLYING NO CÓDIGO


PENAL BRASILEIRO
Monografia apresentado como requisito
da disciplina de Trabalho de Conclusão de
Curso II do curso de direito da União
Educacional de Ensino Superior do Médio
Tocantins, sob a orientação do Prof. Bruno
Vinícius Oliveira Nascimento.

Paraíso do Tocantins
2020​DECLARAÇÃO DE AUTENTICIDADE

Eu, David Murilo Rezende, estudante, residente e domiciliado na Rua


13, nº 201, setor Oeste, Paraíso do Tocantins – TO, RG nº 1.094.331, matricula
D.2016.2.030, abaixo assinado, acadêmico do curso de Direito, devidamente
matriculado no 1º semestre de 2016, declaro que o presente Trabalho de
Conclusão de Curso intitulado “Necessidade da tipificação própria do
cyberbullying no código penal brasileiro: Cyberbullying como crime no Brasil”,
requisito parcial para a obtenção da aprovação na disciplina de TCC II, da UNEST-
União de Ensino Superior do Médio Tocantins, é autêntico, original e de minha
exclusiva autoria.
Declaro estar ciente de que será de minha inteira responsabilidade a
obediência a eventuais exigências de confidencialidade e/ou a preservação de
quaisquer dados sigilosos e/ou de acesso restrito, e que sou responsável por
quaisquer prejuízos e/ou danos a terceiros, sejam eles diretos ou indiretos, culposos
ou dolosos, provocados pela divulgação indevida, parcial ou total, de dados,
estudos, gráficos, processos, tabela, pesquisas ou quaisquer informações que
tenham sido utilizadas no meu TCC; e que isento completamente a UNEST e os
professores indicados para compor o ato de defesa presencial de toda e qualquer
responsabilidade pelo conteúdo e ideias expressas na presente monografia.
Ademais, declaro que a versão eletrônica deste TCC entregue a
Coordenação é idêntica, em todos os aspectos, à versão final impressa ora
submetida para fins de arquivamento na UNEST- União de Ensino Superior do
Médio Tocantins.

_________________________________________
David Murilo Rezende

​David Murilo Rezende

NECESSIDADE DA TIPIFICAÇÃO PRÓPRIA DO CYBERBULLYING NO CÓDIGO


PENAL BRASILEIRO

Monografia apresentado como requisito


da disciplina de Trabalho de Conclusão de
Curso II do curso de direito da União
Educacional de Ensino Superior do Médio
Tocantins.
AVALIADORES

Bruno Vinícius Oliveira Nascimento (Orientador)


Especialista em Direito Penal
Faculdade de Ciências Jurídicas de Paraíso do Tocantins

Leila Rufino Barcelos (1º Avaliadora)


Especialista em Direito Público, Estado de Direito e Combate a Corrupção
Faculdade de Ciências Jurídicas de Paraíso do Tocantins

Diolina Rodrigues Santiago (2º Avaliadora)


Mestra em Direito e Políticas Públicas
Faculdade de Ciências Jurídicas de Paraíso do Tocantins​

À Deus, minha avó, família, amigos,


irmãos na igreja e meus líderes.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de agradecer ao Soberano Deus, que em toda sua


magnitude é capaz de ouvir a cada um que acredita na sua existência e em seus
dizeres, sempre presente na vida daqueles que o amam e os abençoando sempre. É
pela graça de Deus que tenho vida e a oportunidade de fazer um trabalho como
este. É sempre importante lembrar que foi pelo amor de Deus que Ele deu seu filho
por nós, para que pudéssemos ser livres e capazes de ter uma vida eterna ao seu
lado.
Em segundo, gostaria de agradecer à minha avó, que desde o início me
apoiou no curso, moralmente e financeiramente. A ela devo minha vida, sou
infinitamente grato por cada cuidado desde criança até a fase adulta.
Também deixo meus agradecimentos aos meus amigos, que são especiais,
sempre ajudando e apoiando nos momentos complicados e também nos momentos
felizes. Agradeço aos meus líderes na Igreja, pastoras e, em especial, ao meu
pai/sogro/sensei Oto Sabino, pelo seu apoio e parceria.
Consequentemente gostaria de agradecer a todos os professores e
colaboradores da UNEST, pois sem seus grandes ensinamentos e lições não seria
possível a realização deste trabalho, e claro, em especial ao meu orientador, que
sempre se mostrou muito sábio e rigoroso quanto aos estudos. Além dos docentes,
gostaria de deixar minha gratidão aos honoráveis advogados Sérgio Barros e Luiz
Armando, os quais me permitiram até a presente data, estagiar junto ao escritório de
advocacia.
Enfim, gostaria de deixar meus agradecimentos aos colegas de curso, com
quem convivi intensamente durante os últimos anos, pelo companheirismo e
experiências juntos, além de todas as pessoas que, de alguma forma, contribuíram
para a realização deste trabalho.
​RESUMO

O presente estudo tratará acerca da necessidade de se incluir o fenômeno do


cyberbullying no Código Penal Brasileiro. O objetivo desta pesquisa se concentra,
principalmente em verificar se a tipificação específica do cyberbullying é necessária
para o ordenamento jurídico atual, estando de acordo com o princípio da
especialidade, taxatividade e legalidade, contribuindo para uma punição mais
razoável ao agente, além de reduzir as aparentes inseguranças jurídicas existentes.
Para isso, serão trabalhados os conceitos e origem do bullying e cyberbullying, suas
formas e características. Além da explanação de alguns dos princípios norteadores
da lei penal, serão verificados jurisprudências e casos mais populares deste ato ao
decorrer da década. O método de abordagem teórica será o dedutivo, pois se partirá
de teorias e concepções gerais utilizando entendimentos doutrinários e
jurisprudenciais acerca do cyberbullying, o que gera insegurança jurídica na
sociedade, necessidade de criação de normas especiais, eficácia da norma aplicada
aos casos atuais, para então chegar à conclusão de que é preciso a criação de
legislação específica para garantir a segurança jurídica e razoável sanção ao agente
causador do cyberbullying. Além disso, a pesquisa é de espécie exploratória,
analisando as causas do porque a sanção se dá de forma não tanto eficaz
atualmente e observando os reflexos dessas decisões na sociedade. Será feita uma
análise observando a aplicação das sanções aos agentes criminosos, as
consequências às vítimas do cyberbullying e decisões acerca do tema no país. Para
alcançar esse fim a pesquisa utilizará a metodologia jurídica, por meio da pesquisa
bibliográfica e documental, sobretudo em doutrinas acerca do direito penal, como
Guilherme de Souza Nucci, Damásio de Jesus, entre outros; e áreas psicológicas,
como Cleo Fante, Allan Beane, ainda terá artigos da internet sobre os assuntos.
Será enriquecida de legislação penal e constitucional, e, entendimentos
jurisprudenciais nas mesmas áreas. Desta forma, através da pesquisa, serão
demonstradas as decisões acerca do assunto que corroboram para a insegurança
jurídica atual, fora o fato de se ter pouca legislação amplamente dedicada a isto com
o intuito de ter resultados mais satisfatórios à sociedade. Além disso, com os
resultados alcançados, resta demonstrado a necessidade da especificação das
condutas do cyberbullying, em virtude de alguns princípios norteadores do direito
penal e da razoabilidade das penas aplicadas.

Palavras-chave: Cyberbullying. Tipificação. Crime. Princípios. Insegurança jurídica.


​ABSTRACT

This study will address the need to include the phenomenon of cyberbullying in the
Brazilian Penal Code. The objective of this research is concentrated, mainly in
verifying if the specific typification of cyberbullying is necessary for the current legal
system, being in accordance with the principle of specialty, taxativity and legality,
contributing to a more reasonable punishment to the agent, besides reducing the
apparent legal insecurities. For this, the concepts and origin of bullying and
cyberbullying, their forms and characteristics will be worked. In addition to explaining
some of the guiding principles of criminal law, jurisprudence and most popular cases
of this act will be verified over the decade. The theoretical approach method will be
deductive, since it will start from general theories and conceptions using doctrinal
and jurisprudential understandings about cyberbullying, which generates legal
insecurity in society, the need to create special rules, the effectiveness of the rule
applied to current cases, for then come to the conclusion that it is necessary to
create specific legislation to guarantee legal security and reasonable sanction to the
agent that causes cyberbullying. In addition, the research is of an exploratory kind,
analyzing the causes of why the sanction is not so effective today and observing the
reflexes of these decisions in society. An analysis will be made observing the
application of sanctions to criminal agents, the consequences for victims of
cyberbullying and decisions on the topic in the country. To achieve this end, the
research will use the legal methodology, through bibliographic and documentary
research, especially in doctrines about criminal law, such as Guilherme de Souza
Nucci, Damásio de Jesus, among others; and psychological areas, such as Cleo
Fante, Allan Beane, will still have internet articles on the subjects. It will be enriched
with criminal and constitutional legislation, and jurisprudential understandings in the
same areas. Thus, through research, decisions on the subject that corroborate the
current legal uncertainty will be demonstrated, apart from the fact that there is little
legislation widely dedicated to this in order to have more satisfactory results for
society. In addition, with the results achieved, it remains to be demonstrated the need
to specify cyberbullying behaviors, due to some guiding principles of criminal law and
the reasonableness of the penalties applied.

Keywords: Cyberbullying. Typification. Crime. Principles. Juridical insecurity.


SUMÁRIO

1 ​INTRODUÇÃO ​11
2 ​BREVE HISTÓRICO DO BULLYING E CYBERBULLYING ​14
2.1 ​ BULLYING
O ​4
1
2.2 ​UTILIZAÇÃO DAS REDES SOCIAIS E INTERNET EM GERAL COMO
FORMA DE INSULTAR – CYBERBULLYING ​9
1
3 ​PRINCÍPIOS DA ESPECIALIDADE, TAXATIVIDADE, LIBERDADE E
LEGALIDADE NO CYBERBULLYING ​24
3.1 ​PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE E TAXATIVIDADE ​24
3.2 ​O PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE ​8
2
3.3 ​ANALOGIA SENDO USADA PARA PUNIÇÃO DO CYBERBULLYING
(INJÚRIA, DIFAMAÇÃO E CALÚNIA) ​29
4 ​NECESSIDADE DE TIPIFICAÇÃO DO CYBERBULLYING ​38
4.1 ​ PISÓDIOS RECENTES DE CYBERBULLYING
E ​8
3
4.2 ​INSEGURANÇA JURÍDICA E LEI PRÓPRIA PARA PUNIÇÃO DO
CYBERBULLYING ​0
4
4.3 ​INÍCIO DA SOLUÇÃO ATRAVÉS DO PROJETO DO PACOTE
ANTICRIME, LEI Nº 13.964, DE 24 DE DEZEMBRO DE 2019, LIBERDADE
E LIBERALIDADE ​45
5 ​CONSIDERAÇÕES FINAIS ​50
​REFERÊNCIAS ​2
5
​ ​

52

1 INTRODUÇÃO

O Cyberbullying trata-se de um tema um tanto quanto relevante na


atualidade, possuindo um aumento conforme a quantidade de pessoas possui
acesso à internet. Infelizmente trata-se de um fenômeno difícil de ser controlado,
graças à amplitude do mundo virtual, pois, além de não ter fronteiras, dificilmente há
segurança ou fiscalização pelas autoridades.
Nisto, nasce o tema ao qual é tratado nesta monografia, a necessidade de
tipificação própria do cyberbullying no Código Penal Brasileiro, sendo tratado de
forma divergente dos demais delitos, em prol dos princípios da legalidade ou reserva
legal, da taxatividade e especialidade, por possuir características propriamente ditas,
os quais o diferem, de certa forma, da maneira com que é punido pelo judiciário
nacional atual, onde as condutas são sancionadas com as penas previstas para os
crimes de injúria, difamação, calúnia, constrangimento ilegal, ameaça e falsa
identidade; punições estas que se mostram inadequadas devido às circunstâncias
do crime.
O objetivo deste trabalho será verificar se a tipificação específica do
cyberbullying é necessária para o ordenamento jurídico atual, estando de acordo
com o princípio da especialidade, taxatividade e legalidade, contribuindo para uma
punição mais razoável ao agente. Isso será possível trazendo os conceitos e
diferenças entre o bullying e o cyberbullying, definições acerca de alguns princípios
norteadores da legislação penal, aos quais são legalidade, taxatividade e
especialidade.
Além disso, através da análise de casos reais será perceptível verificar a
ineficácia dos julgados mais populares no país e que servem de paradigma, como
também dos casos mais em alta nacionalmente, mostrando assim a insegurança
jurídica gerada por cada caso. Também será esclarecido acerca da liberdade de
expressão, que se difere da libertinagem dos agentes.
A questão acerca da necessidade de tipificação específica do cyberbullying,
de forma a diferenciá-lo dos demais dispositivos analogamente aplicados em
recentes julgados, surge devido à maneira como são sancionados os agentes
delituosos que infringem os artigos 138, 139 e 140 do Código Penal Brasileiro,
sendo respectivamente os crimes de calúnia, difamação e injúria.
A recente Lei 13.964/2019 publicada em dezembro de 2019, denominada de
“Lei Anticrime”, trouxe uma causa de aumento de pena prevista nos casos de injúria
cometida através de dispositivos virtuais, de forma que a pena fosse aplicada em
triplo. Entretanto, houve veto presidencial quanto à causa de aumento, sendo,
portanto, os crimes contra a honra em meios virtuais punidos da mesma forma como
os ocorridos no meio físico.
Esta foi uma tentativa de especificar o ato delituoso ocorrido em meio virtual,
que acabou por ser vetada. Entretanto, graças a julgados em Tribunais de grande
renome no país, como no caso do Tribunal do Rio Grande do Sul e Paraná, conclui-
se uma insegurança jurídica decorrente da falta de especificidade quanto às penas
aplicadas no ordenamento jurídico, fazendo com que sejam obsoletas ou ineficazes,
ensejando, pois, o motivo desta pesquisa.
O presente estudo é de suma importância por se tratar de um tema recente,
pois as tecnologias são novidade para o ordenamento jurídico, ainda mais em como
se comporta nas vias penais, se acarretam em penas razoáveis, se resultam na
reeducação do agente ou contribuem para uma maior segurança jurídica.
É de extrema contribuição para a seara jurídica em prol da segurança
jurídica na aplicação razoável das penas, além de especificar ainda mais as
condutas consideradas delituosas no Brasil. Não é só contributivo para o
ordenamento jurídico como também para a sociedade, criando uma comunidade
menos agressiva verbalmente, principalmente no meio virtual, onde há a impressão
de liberalidade.
Para alcançar esse fim a pesquisa utilizará a metodologia jurídica, por meio
da pesquisa bibliográfica e documental, sobretudo em doutrinas acerca do direito
penal, como Guilherme de Souza Nucci, Damásio de Jesus, entre outros; e área
psicológica, como Cleo Fante, Allan Beane, e demais, e, ainda terá artigos da
internet sobre os assuntos. Será enriquecida de legislação penal e constitucional e,
entendimentos jurisprudenciais nas mesmas áreas.
O presente trabalho encontra-se divido em 03 (três) capítulos, sendo o
primeiro mais conceitual, tratando acerca da origem do bullying e cyberbullying,
como foram descobertos, estudados e suas formas. Já o segundo capítulo é mais
dedicado aos princípios norteadores da lei penal e sua relação com o cyberbullying,
demonstrando a especificidade desse fenômeno, e, por último, será demonstrado os
casos reais que ocorreram e algumas punições divergentes em situações
semelhantes, restando a insegurança jurídica nesse meio.
​2 BREVE HISTÓRICO DO BULLYING E CYBERBULLYING

Neste capítulo, será abordado, de forma mais histórica e conceitual, o


instituto do Bullying e seu derivado: o Cyberbullying. É importante mencionar que,
para se ter uma ideia do tema defendido, é mister entender como se originou o
bullying e seus ideais, pois sem este, o cyberbullying não existiria.

2.1 O BULLYING

O Bullying, palavra de origem inglesa, sem tradução específica, mas que


pode ser conhecido como o ato de socar, bater, humilhar ou ainda, ridicularizar
outrem, trata-se de ações praticadas por pessoas na qual querem, de forma
consciente e deliberativa, diminuir outro ser humano com intuito único e suficiente de
humilhar e ridicularizar, para satisfação própria.
Existem ainda outros termos para o mesmo comportamento, em países
europeus, como o chamado “mobbing” (Noruega e Dinamarca), ou “mobbning”
(Suécia e Finlândia). Esses termos são usados para dizer que uma pessoa molesta,
aborrece ou ofende outrem. Assim, comete mobbing quem, sozinho ou em grupo,
ridiculariza outrem. ​Conforme a autora Cleo Fante:
Na França, é chamado de harcèlement quotidién, na Itália, prepotenza ou
bulismo, no Japão, de yjime, Alemanha, é conhecido como agressionen
unter shulern, na Espanha, como acoso y amenaza entre escolares, e em
Portugal, como maus-tratos entre pares.

No Brasil, não há uma expressão definida, mas pode ser identificado como
sendo conjuntos de ações agressivas que caracterizam o desequilíbrio de poder
entre indivíduos ou grupo de indivíduos opostos. Esse desequilíbrio é causado por
diversos fatores, como baixa estatura, medo psicológico, capacidade de defesa
mínima, etc. Assim, aquele que “aparentemente está por cima”, se sente superior ao
ponto de ridicularizar o outro.
O bullying pode ser realizado de diversas formas, seja através de apelidos
maldosos, brincadeiras que deixam o outro com baixa autoestima, falsas acusações,
intimidação e outras formas de ridicularizar que consequentemente fazem com que o
outro seja excluído socialmente, tendo ainda danos físicos, psíquicos e materiais.
De acordo com a psicóloga Carme Orte Socias, da Universidade das Ilhas
Baleares, na Espanha, o bullying é um mal-estar que se apresenta de forma oculta
nas pessoas, ou seja, no seu inconsciente, ressaltando as indiferenças,
aproveitando as brechas que existem na autoestima ​em relação à ausência
de valorização, que nasce através do desenvolvimento pessoal do agressor.
A autora Cleo Fante considera o bullying como um fenômeno relativamente
novo na sociedade, tendo seus estudos ampliados apenas nas últimas décadas,
pois as consequências estão aparecendo com mais frequência nos últimos anos,
causando tragédias nefastas e repudiadas. Entretanto, há quem diga que esse
fenômeno é mais antigo do que se pensa, pois desde muito tempo houve “valentões”
nas escolas que oprimiam os demais estudantes.
Ainda em complemento, Fante define que:
Portanto, o bullying é um conceito específico e muito bem definido, uma vez
que não se deixa confundir com outras formas de violência. Isso se justifica
pelo fato de apresentar características próprias, dentre elas, talvez a mais
grave, a propriedade de causas traumas ao psiquismo de suas vítimas.

Além disso, esse fenômeno pode ser identificado tanto nas escolas, quanto
nas famílias, trabalho, prisões, ou qualquer lugar que haja interações interpessoais.
Ao longo dos anos, o termo bullying se tornou popular, infelizmente graças
aos seus exemplos de acontecimentos. Normalmente esse fenômeno ocorre nas
escolas e gera algumas tragédias noticiadas em jornais, revistas, meios de
comunicação, de forma sensacionalista. Assim, a segurança pública desenvolveu
algumas estratégias, que consideram “funcionais”, evitando a entrada de armas de
fogo, drogas e bebidas alcóolicas nas escolas, tentando coibir os problemas
controlando o que os alunos levavam.
Entretanto, percebe-se o enfoque no objeto utilizado para a realização das
tragédias, mas não nos agentes que as causam, deixando de se preocupar com a
mentalidade destes. Um dos exemplos mais emblemáticos foi o ocorrido em 2011,
na cidade do Rio de Janeiro, no bairro de Realengo, onde aconteceu um dos
grandes massacres ocorridos em escolas no Brasil, o Massacre de Realengo, em
que um ex-estudante da escola Municipal Tasso da Silveira, Wellington Menezes de
Oliveira, assassinou doze jovens, entre 13 e 15 anos, e deixou mais de 22 feridos. O
crime foi cometido com o uso de duas pistolas, calibre. 38 e calibre .32. Ao final dos
assassinatos, o atirador cometeu suicídio.
Após o incidente, o jornal O Globo entrevistou um dos ex-colegas de classe
do atirador, e este descreveu que Wellington era vítima constante de provocações e
humilhações, mantendo-se sempre calado diante delas. Portanto, acredita-se que o
principal motivo do delito tenha sido o bullying que sofreu na infância.
Logo, percebe-se que esse fenômeno possui raízes no psicológico das
vítimas, que acabam tendo consequências que perduram por anos em seu
inconsciente. A autora Cleo Fante, em um artigo intitulado: “O fenômeno bullying e
as suas consequências psicológicas”, apresentou uma pesquisa na qual constatou
uma doença psicossocial expansiva, que denominou de SMAR – Síndrome de
Maus-tratos Repetitivos.
Dessa forma, quem possui a síndrome apresenta uma necessidade de
subjugar o outro, fazendo-o submisso, através da coação; ou ainda necessidades de
ser aceito por um grupo ou de se autoafirmar, sendo este incapaz de se expressar
emocionalmente e de ter compaixão ao ponto de se colocar no lugar de outrem.
Segundo a autora, a síndrome possui os seguintes sintomas: “irritabilidade,
agressividade, impulsividade, intolerância, tensão, explosões emocionais, raiva
reprimida, depressão, stress, sintomas psicossomáticos, alteração do humor,
pensamentos suicidas”. O mais curioso é que isso, segundo Fante, é introduzido
ainda na primeira infância, com origem no modelo educativo predominante
introjetado ao menor, desde que seja estimulado de forma agressiva. Isso faz com
que a criança introjete tudo de forma inconsciente em seus pensamentos, fazendo
com que futuramente devolva a agressividade ou a reprima, prejudicando seu
desenvolvimento social.
As principais consequências listadas por Fante são:
As consequências para as “vítimas” desse fenômeno são graves e
abrangentes, promovendo no âmbito escolar o desinteresse pela escola, o
déficit de concentração e aprendizagem, a queda do rendimento, o
absentismo e a evasão escolar. No âmbito da saúde física e emocional, a
baixa na resistência imunológica e na autoestima, o stress, os sintomas
psicossomáticos, transtornos psicológicos, a depressão e o suicídio. (...)

(...) Este fenômeno comportamental atinge a área mais preciosa, íntima e


inviolável do ser, a sua alma. Envolve e vitimiza a criança, na tenra idade
escolar, tornando-a refém de ansiedade e de emoções, que interferem
negativamente nos seus processos de aprendizagem devido à excessiva
mobilização de emoções de medo, de angústia e de raiva reprimida. A forte
carga emocional traumática da experiência vivenciada, registrada em seus
arquivos de memória, poderá aprisionar sua mente a construções
inconscientes de cadeias de pensamentos desorganizados, que interferirão
no desenvolvimento da sua autopercepção e autoestima, comprometendo
sua capacidade de autossuperação na vida.

Conforme o grau de sofrimento vivido pela criança, pode acabar sentindo-se


confortável em desenvolver pensamentos inconscientes de vingança, ou até
suicídio, ou, ainda, manifestar comportamentos agressivos e conflituosos, que
podem prejudicar a si mesmo ou a sociedade.
Esse fenômeno chamado de bullying parece ser tão antigo quanto à própria
escola, entretanto só veio a ser estudado no final dos anos 70, pelo pesquisador
Dan Olweus, da Universidade de Bergen, na Noruega. Iniciou seus estudos em
1978, mas o governo não se atentava muito ainda. Entretanto, houve um incidente
envolvendo três crianças, na faixa de 10 a 14 anos, em que cometeram suicídio
motivado pelo bullying sofrido nas escolas.
A partir de então, entendeu-se que deveria haver um foco maior no assunto
bullying. Então, Noruega, Espanha, Canadá, Portugal e Inglaterra iniciaram suas
pesquisas para descobrir como tratar de tal assunto para evitar mais mortes
desnecessárias.
Assim, Olweus, através dos seus métodos, diferenciou quando ocorria o
bullying e quando ocorriam brincadeiras ou gozações entre amigos. Sua pesquisa
envolveu cerca de 84 mil estudantes, cerca de 400 professores e em torno de mil
pais. O resultado foi o seguinte, conforme descrito por Cleo Fante: “a cada sete
alunos, um estava envolvido em caso de bullying”.
Logo depois, o governo norueguês achou por bem iniciar uma campanha
para a redução de cerca de 50% dos casos de bullying nas instituições. E isso se
alastrou aos demais países citados anteriormente. O autor, William Voors, afirmou
que a campanha melhorou significativamente o desempenho acadêmico:
Ele encontrou benefícios para todos os alunos quando o programa
antibullying reduziu o comportamento agressivo na escola. Não só uma
redução de bullying leva a um menor incidente de violência, mas a moral
escolar foi elevada, a evasão escolar foi reduzida, e o desempenho
acadêmico geral melhorou.

A pesquisa de Olweus focava majoritariamente no comportamento das


crianças entrevistadas, seus olhares, trejeitos, enfim, na sua forma de agir. Nos
demais países que a pesquisa foi realizada houve adaptações próprias.
Com as pesquisas e anos de estudos, tornou-se mais fácil identificar e
classificar como ocorria esse fenômeno. Hoje, podem-se distinguir três formas mais
comum do bullying: bullying físico, bullying verbal e bullying social. Além dessas, há
a forma, considerada mais nova, graças ao avanço da internet: o Cyberbullying.
Assim, a forma física, ocorre, de acordo com o autor Beane acontece
quando uma destas ações é manifestada:
Bater, dar tapas, cotoveladas e empurrões com os ombros. Empurrar, forçar
com o corpo, colocar o pé na frente. Chutar. Tomar, roubar, danificar ou
desfigurar pertences. Restringir. Beliscar. Enfiar a cabeça da outra criança
no vaso sanitário. Enfiar outra criança no armário. Atacar com comida,
cuspe, assim por diante. Ameaças e linguagem corporal intimidadora.

Já o verbal, ocorre, segundo Beane, quando há a criação de apelidos


maldosos, comentários de cunho racista, humilhante ou insultuoso, além de
ameaças e diversas intimidações.
Por fim, temos a modalidade social ou relacional, que, conforme Beane
acaba por:
Destruir e manipular relacionamentos (por exemplo, jogando melhores
amigos um contra o outro. Destruir reputações (fofocar, espalhar rumores
maliciosos e cruéis e mentir sobre outras crianças). Excluir o indivíduo de
um grupo (rejeição social, isolamento). Constrangimento e humilhação.
Linguagem corporal negativa, gestos ameaçadores. Pichação ou bilhetes
com mensagens ofensivas.

Hoje, há diversos casos em escolas que aos olhos de todos é despercebido,


entretanto as consequências podem ser catastróficas na vida de um estudante. Mas
o bullying apenas se estruturou nos ambientes escolares, sendo hoje em dia, muito
mais recorrente em outras áreas, como a virtual, originando o que chama-se de
Cyberbullying.

2.2 UTILIZAÇÃO DAS REDES SOCIAIS E INTERNET EM GERAL COMO FORMA


DE INSULTAR – CYBERBULLYING

O que se depreende do passado é que, quando se tratava do termo


“cyberbullying”, o que se imaginava eram “guerrinhas” virtuais, na qual um lado
“lançava” seus mísseis e o outro se defendia ou lançava de volta. O autor Shaheen
Shariff, em seu livro: Ciberbullying: Questões e Soluções para a escola, a sala de
aula e a família, se expressou bem ao comparar a visão que muitos tinham de que o
cyberbullying nada mais era que uma “guerra nas estrelas” na internet.
Entretanto, o autor, mais a frente, deixa claro o seguinte:
A questão do ciberbullying ocupa muitas vezes posição de destaque entre
as prioridades dos representantes dos governos, dos educadores, dos pais,
dos defensores das liberdades civis e dos profissionais do direito. O rápido
avanço dos telefones celulares e das tecnologias da internet abriu novos e
infinitos espaços que os jovens podem explorar com menos restrições. Se
acreditarmos nas manchetes dos meios de comunicação mencionadas
acima, ironicamente a questão do bullying virtual se torna uma batalha
comum no ciberespaço. Parece que os alunos, os defensores das
liberdades civis e alguns pais defendem os direitos dos alunos à liberdade
de expressão no ciberespaço, ao passo que os educadores, os sindicatos
de professores, outros pais e os representantes do estado desejam
restringi-los.

Portanto, o assunto já não é mais encarado como algo pequeno, mas sim
assunto a ser debatido de forma ampla no mundo inteiro, pois se trata de uma das
formas do bullying, que é um problema mundialmente tratado todos os anos.
Com a origem da internet, ampliaram-se as barreiras que limitavam as
comunicações somente às pessoas próximas. Agora, as pessoas podem se falar a
quilômetros de distância vendo umas as outras, interagindo de diferentes formas,
jogando, e outras infinidades de coisas a ser fazer de forma online. Entretanto, tudo
o que existe possui tanto o seu lado positivo como seu lado negativo.
Com essa ampliação de espaço, conjuntamente também veio a sensação de
não estar limitado, onde a forma de se expressar poderia ser como bem entender.
Isso é perigoso, pois pode causar prejuízos em relações interpessoais e sociais.
Shariff diz o seguinte: “e as descrições e as definições da realidade podem ser
deliberadamente enquadradas para moldar a compreensão das pessoas acerca de
uma questão por meio das palavras que são usadas para defini-la”. Por isso, faz-se
necessário compreender o contexto diante da internet e suas ocorrências.
O cyberbullying, etimologicamente é formado pelas palavras “cyber”, que
deriva de “cybernetic” (cibernético, em português), e, “bullying”, derivado de “bully”
(valentão ou briguento), trata-se da prática do bullying no ambiente virtual, ou seja,
através da internet ou meios diversos que sejam virtuais. A advogada Belsey, definiu
da seguinte forma:
O ciberbullying envolve o uso de informações e de tecnologias da
comunicação como o e-mail, o telefone celular e aparelhos de envio de
mensagens de texto, as mensagens instantâneas, os sites pessoais
difamatórios e os sites difamatórios de votações na internet com o objetivo
de apoiar o comportamento deliberado, repetido e hostil por parte de um
indivíduo ou de um grupo que tem a intenção de prejudicar outros
indivíduos.

Já Nancy Willard (2003), apresentou um conceito mais sintetizado, na qual


considerou o cyberbullying como sendo um discurso que é “difamatório, que constitui
bullying, assédio ou discriminação, que revela informações pessoais ou contém
comentários ofensivos, vulgares ou depreciativos”.
Atualmente se tem diversas redes sociais na internet, das quais pode-se
citar Facebook, Instagram, Whatsapp, Skype, YouTube, etc., na qual são escritos
textos, ou são criados vídeos com ofensas de forma deliberada e repetitiva. A
exemplo tem-se a criação em massa de perfis fakes, sites de votação com intuito de
menosprezar os demais, envio de vírus, fóruns de caráter racista, homofóbico ou
qualquer outra discriminação ou preconceito que vise espalhar o ódio, e outros.
Para se ter uma ideia da dimensão do quanto o bullying pelos meios virtuais
se torna devastador, David Knight, um aluno do ensino médio nos Estados Unidos,
deu entrevista à CBC National News e explicou o que houve com ele: durante o
ensino médio, David era provocado, agredido fisicamente e ameaçado pelos seus
colegas. Porém, o pior nem era isso, David contou que além do bullying na vida real,
o que lhe causava mais humilhação era o fato de que os alunos da escola criaram
um site que tinha como único propósito a ridicularizarão de sua imagem, com
fofocas, ameaças e insultos diversos. Em resposta à CBC, David disse o seguinte:
Em vez de serem somente algumas pessoas, digamos 30 pessoas em um
café, e voce ̂ ouvindo todas elas gritarem insultos contra você, são mais de
seis bilhões de pessoas observando. Qualquer pessoa que tenha um
computador pode ver (...) e voce ̂ não tem como escapar. Aquilo não deixa
de existir quando voce ̂ sai da escola e volta para casa. Aquilo fez com que
eu me sentisse ainda mais encurralado.

O que causa espanto não é a densidade dos insultos, mas a abrangência e


magnitude que a humilhação pode gerar. O site sempre se encontrava à um clique
de cada ser humano que possui um dispositivo com acesso à internet. Para que se
findasse, foi necessário que a família de David ameaçasse um processo judicial ao
provedor de internet.
Por fim, vale destacar as características do cyberbullying. São essas: o
anonimato, um público infinito, assédio sexual e perseguição homofóbica e a
permanência da ofensa.
Acerca do anonimato, através dos meios virtuais ficou muito mais cômodo
insultar alguém, pois diversas redes sociais podem ser criadas com qualquer nome,
dificultando a identificação dos agressores. A maioria destes é o público jovem, que
se encontra em um ambiente propício para falaram mal dos seus colegas e
professores.
Já no que tange ao público infinito, é um tanto óbvio que, quanto mais tempo
uma mídia ou texto ofensivo permanece “online”, mais pessoas o acessarão,
fazendo com que o cyberbullying alcance mais e mais indivíduos. Shariff cita em seu
livro um caso ocorrido no Canadá:
Ghislain Reza, adolescente da cidade de Trois Riviers, na província de
Québec, Canadá, que se tornou mundialmente conhecido como “o menino
do Guerra nas Estrelas”. Ghislain gravou um vídeo com ele próprio
encenando um personagem do filme “Guerra nas Estrelas” e fazendo uma
dança com um sabre de luz. Ele deixou a fita por engano na sala de
multimídia da escola. A fita foi roubada por dois colegas que publicaram o
vídeo em um site na internet. O site recebeu aproximadamente 15 milhões
de visitas e foram feitos mais de 106 cópias do vídeo. Em consequência
disso, Ghislain ficou conhecido como “o menino do Guerra nas Estrelas”. Na
escola, ele era alvo de provocações em todos os lugares onde ia. George
Lucas, diretor do filme “Guerra nas Estrelas”, ouviu falar de Ghislain. A
mentalidade corporativa americana entrou em ação, e alguns empresários
começaram a produzir lembranças e recordações com a marca do “menino
do Guerra nas Estrelas”. Na escola, onde quer que ele fosse, os alunos
subiam nas mesas e dançavam cantando “o menino do Guerra nas
Estrelas!”. Os pais dele por fim processaram os dois colegas que
publicaram o vídeo e, em abril de 2006, entraram em um acordo por uma
quantia de aproximadamente 360 mil dólares canadenses. Ghislain teve que
mudar para outra escola para evitar as provocações.

Outra característica é o predomínio do assédio sexual e perseguição


homofóbica, pois graças ao anonimato, as pessoas mais intolerantes se sentem
mais a vontade para expressar seu discurso de ódio, criando páginas, blogs, vídeos
e etc., além do excessivo assédio, principalmente contra adolescentes do sexo
feminino.
Por último, tem-se a permanência da ofensa. Nem toda rede social possui o
botão de “apagar” disponível. Portanto, as ofensas proferidas no meio virtual, em
determinadas circunstâncias, possuem esse caráter infinito (enquanto durar o site),
sendo sempre lar da ofensa proferido pelo usuário agressor. Além disso, a maior
parte do conteúdo disponível na internet pode ser salva em qualquer dispositivo,
fazendo com que sua exclusão do meio online seja efetiva apenas daquele momento
em diante, sendo impossível apagar o conteúdo já baixado.
Diante dessas circunstâncias, pode-se observar a magnitude do
cyberbullying, sendo, portanto, um fenômeno que expande, em larga escala o
bullying, consequentemente, sendo capaz de expandir também todos os seus
danos.
​3 PRINCÍPIOS DA ESPECIALIDADE, TAXATIVIDADE, LIBERDADE E
LEGALIDADE NO CYBERBULLYING

Neste capítulo, se faz mister entender alguns dos principais princípios do


direito penal, para que se compreenda como se conectam com a necessidade de
tipificação próprio do fenômeno cyberbullying. Através da especialidade poderá ser
entendido o porquê merece ser tratado como crime diferenciado dos demais, além
de que a taxatividade trará a tipicidade da conduta e a legalidade punirá conforme
descrito em lei.

3.1 PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE E TAXATIVIDADE

Em se tratando do princípio da taxatividade, no sentido da palavra, pode


significar algo limitado, restrito, ou ainda estreito. Ou seja, para este princípio a
definição do fato no códice é imprescindível, além de constar junto da conduta
criminosa, deve haver a sua pena pormenorizadamente escrita. Assim, há a garantia
de eficiência da aplicação da lei penal, trazendo segurança jurídica à sociedade. De
acordo com Nucci (2019, pag. 179):
A taxatividade dos tipos penais tem a finalidade de aclarar o objetivo de
cada figura criminosa, permitindo a exata captação do sentido dos modelos.
Com isso, estabelece-se a relação de confiança entre o Estado e o
indivíduo, tornando-se seguro o contorno entre o ilícito penal e o extrapenal.
“É vedado ao direito penal, no âmbito do Estado Democrático de Direito,
efetuar proibições gerais e associar a elas uma pena, sem que exista a
individualização da conduta proibida, isto é, sem que esta conduta se torne
molde de uma ação determinada, à qual se comina uma pena; fora deste
perímetro, não se pode falar propriamente em tipo penal, pois o tipo
materializa uma ação positiva ou negativa proibida”.

Assim, para que a lei seja aplicada, é necessária sua individualização


segundo a lei, ou seja, a conduta deve estar bem explícita, de forma que o
leitor/destinatário da norma possa compreendê-la tranquilamente. Caso haja
ambiguidade, o Estado estaria agindo de forma a ofender a intimidade e liberdade
das pessoas. Reforça ainda o doutrinador Luiz Luisi que:
(...) o postulado em causa expressa a exigência de que as leis penais,
especialmente as de natureza incriminadora, sejam claras e o mais possível
certas e precisas. Trata-se de um postulado dirigido ao legislador vetando
ao mesmo a elaboração de tipos penais com a utilização de expressões
ambíguas, equívocas e vagas de modo a ensejar diferentes e mesmo
contrastantes entendimentos. O princípio da determinação taxativa preside,
portanto, a formulação da lei penal, a exigir qualificação e competência do
legislador, e o uso por este de técnica correta e de uma linguagem rigorosa
e uniforme.

Além disso, em atenção a um julgado do STJ, em 04 de agosto de 2020, a


Ministra Relatora Laurita Vaz, menciona:
(...) 4. Não é legítimo que o julgador, em explícita violação ao princípio da
taxatividade da lei penal, interprete extensivamente o significado de
organização criminosa a fim de abranger todas as formas de societas
sceleris. Tal proibição fica ainda mais evidente quando se trata de definir
requisito que restringe direito. executório implementado por lei cuja
finalidade é aumentar o âmbito de proteção às crianças ou pessoas com
deficiência, reconhecidamente em situação de vulnerabilidade em razão de
suas genitoras ou responsáveis encontrarem-se reclusas em
estabelecimentos prisionais. A teleologia da norma e a existência de
complemento normativo impõem exegese restritiva e não extensiva. 5. Se a
mencionada interpretação ampliativa de organização criminosa fosse
legítima, também deveria ser, por exemplo, que o julgador, ao deparar-se
com o conceito reincidente, pudesse estender o alcance do termo de modo
diverso do previsto nos arts. 63 e 64 do Código Penal, que definem seu
significado. Do mesmo modo poderia o órgão do Poder Judiciário considerar
hediondo crimes diversos daqueles previstos no art. 1º da Lei n. 8.072/1990
– o qual elenca, em rol taxativo, os crimes considerados hediondos. Não há
controvérsia sobre a impossibilidade de proceder de tal maneira, em razão,
justamente, da vedação à interpretação extensiva in malam partem das
normas penais. (...).

(STJ, Habeas Corpus nº 522.651 - SP (2019/0212860-0). Relatora: Ministra


Laurita Vaz. Sexta Turma do STJ. Julgado em 04 de agosto de 2020)

Ou seja, o magistrado utilizou-se do termo associação criminosa para


estender ao significado presente no requisito da LEP: “não ter integrado organização
criminosa”. Entretanto isso acabou sendo reformado pela Sexta Turma do STJ.
Dessa forma, há a criação de mecanismos que definem cada tipo penal,
podendo ser elementos normativos, subjetivos específicos e norma em branco. A
norma penal pode ter a característica de ser fechada, ou seja, não tem como haver
interpretação ambígua, o sentido da norma será aquele que é descrito, como por
exemplo, o art. 121, CP, que diz “matar alguém”. Obviamente já se entende que se
trata da remoção da vida de outra pessoa.
Pode haver a abertura da norma, no sentido de fazer com que haja uma
permanência maior dela no escopo do códice, impedindo que aconteçam alterações
legislativas conforme se passam os anos, dando-lhe uma vida útil maior. Entretanto,
para isso, sacrifica-se a segurança jurídica, pois uma norma fechada é muito mais
segura que uma aberta, onde pode haver interpretações divergentes.
Seguindo a lógica, ainda há a construção do tipo penal com uso do elemento
subjetivo específico. Nessa, a mente do autor é o que serve de base para a
eficiência da lei, pois só produz efeito quando o autor do delito a pratica. Guilherme
de Souza Nucci cita o exemplo do furto:
Por isso, quando se trata do furto, a subtração da coisa móvel alheia deve
ter a específica meta de ingressar no patrimônio do agente, de maneira
definitiva, com ânimo de posse (“para si”) ou no patrimônio de outra pessoa
(“para outrem”). Do contrário, a subtração eventual e temporária pode
configurar um empréstimo forçado de algo (“furto de uso”), que não é
suficiente para caracterizar o delito, mas somente um ilícito extrapenal.

Por último, há a norma penal em branco, que só produzirá efeitos quando for
complementada por outra lei. A norma por si só parece ser ambígua, não sendo tão
clara quanto aos seus efeitos, mas basta uma complementação normativa para que
o sentido venha à tona.
Já, acerca do princípio da legalidade, também chamado de princípio da
reserva legal, tem-se o art. 5º, da Constituição da República Federativa do Brasil
(CRFB), inciso XXXIX: “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem
prévia cominação legal.” Além disso, conforme a Convenção Americana de Direitos
Humanos:
Art. 9 - Ninguém pode ser condenado por ações ou omissões que, no
momento em que forem cometidas, não sejam delituosas, de acordo com o
direito aplicável. Tampouco se pode impor pena mais grave que a aplicável
no momento da perpetração do delito. Se depois da perpetração do delito a
lei dispuser a imposição de pena mais leve, o delinqüente será por isso
beneficiado.

Portanto, a descrição de cada fato que é punido criminalmente deve vir


escrita na Lei, pois a condenação só será aplicada nesse caso. Nucci define como o
seguinte:
A legalidade em sentido estrito ou penal guarda identidade com a reserva
legal, vale dizer, somente se pode considerar crime determinada conduta,
caso exista previsão em lei. O mesmo se pode afirmar para a existência da
pena. O termo lei, nessa hipótese, é reservado ao sentido estrito, ou seja,
norma emanada do Poder Legislativo, dentro da sua esfera de competência.
No caso penal, cuida-se de atribuição do Congresso Nacional, como regra.
No mesmo sentido, Damásio de Jesus entende que:
(...) o Estado não pode castigar um comportamento que não esteja descrito
em suas leis, nem punir o cidadão quando inexistente a sanctio juris
cominada ao delito. Ao mesmo tempo, da lei surge uma pretensão subjetiva
em favor do delinquente, no sentido de não ser punido senão em
decorrência da prática de ações e comissões por ela determinadas.

Por último, Spencer Toth Sydow:


O Princípio da Legalidade ou da Reserva Legal é outro desdobramento de
suma importância no Direito Penal Informático. Por ele, apenas a lei federal
pode criar fundamentação para criminalização de condutas. Os famigerados
usos e costumes não tem condão nem de gerar reprovabilidade penal, nem
de afastar a tipificação de uma prática.

Dessa forma, percebe-se que além deste princípio deixar clara a


necessidade de prévia tipificação da conduta delitiva, é exclusivamente reservado à
lei federal o papel de imputar os crimes. Há essa necessidade devido aos usos e
costumes, que podem variar de região para região, assim, a adequação social não é
desculpa para a absolvição do agente.
Em se tratando do ramo da informática, no Brasil não há a criação, de forma
proativa, de normas visando à tipificação de condutas delituosas na internet. O que
ocorre é a criação de normas de forma reativa, ou seja, como reação a algo que
aconteceu normalmente mais midiático. Sydow esclarece que após uma onda de
acontecimentos semelhantes a milhares de pessoas é que há atenção voltada a
combater as condutas maldosas. Isso dá ao legislativo informático um aspecto de
ser tardio, inútil e reativo, apenas evitando maiores prejuízos e punindo
regressivamente.
Por último, a analogia não se trata de meio capaz de suprir a omissão na
criação das normas no direito informático, entretanto será algo esclarecido mais
adiante.

3.2 O PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE

A especialidade trata-se de um princípio norteador do direito, e neste caso


em específico, também do direito penal. Comumente utilizado para resolução de
conflitos aparentes de normas, o princípio da especialidade é uma excelente
ferramenta para a aplicação correta da lei. De acordo com o doutrinador Damásio de
Jesus:
Diz-se que uma norma penal incriminadora é especial em relação a outra,
geral, quando possui em sua definição legal todos os elementos típicos
desta, e mais alguns, de natureza objetiva ou subjetiva, denominados
especializantes, apresentando, por isso, um minus ou um plus de
severidade. A norma especial, ou seja, a que acresce elemento próprio à
descrição legal do crime previsto na geral, prefere a esta: lex specialis
derogat generali; semper specialia generalibus insunt; generi per speciem
derogantur.

De forma sintetizada, a norma especial abrange a norma geral e engloba em


seu bojo alguns detalhes a mais. Portanto, por ser mais específica ao caso, será
aplicada.
Assim, vale ressaltar aqui o exemplo da norma que tipifica o infanticídio.
Este se trata de crime especial em relação ao crime geral de homicídio, pois há
elementos que o distinguem do art. 121 do CP, que são: “matar, sob a influência do
estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após”. Trata-se de
especializante do tipo penal.
Ademais, Damásio esclarece:
O disposto no art. 12 do CP tem fundamento no princípio da especialidade.
Tal dispositivo, entretanto, refere-se às regras do Código e das normas
extravagantes, atribuindo prevalência a estas, se diversas das determinadas
pelo estatuto codificado. Dessa forma, se a lei especial, incriminando certos
fatos, ou considerando determinadas figuras típicas sob ângulo diferente,
ditar preceitos particulares para a sua própria aplicação, em contraposição
às normas do Código, o conflito apenas aparente de normas será resolvido
pelo princípio da especialidade.

Assim, se há características próprias do tipo, não há que se falar em


aplicação da norma geral, o artigo 12 do CP é claro em dizer que: “As regras gerais
deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não
dispuser de modo diverso”.

3.3 ANALOGIA SENDO USADA PARA PUNIÇÃO DO CYBERBULLYING (INJÚRIA,


DIFAMAÇÃO E CALÚNIA)

A lei pode ser interpretada de duas formas tradicionalmente conhecidas na


doutrina: restritiva e extensiva. De acordo com Tércio Sampaio Ferraz:
(...) uma interpretação restritiva ocorre toda vez que se limita o sentido da
norma, não obstante a amplitude de sua expressão literal. Em geral, o
intérprete vale-se de considerações teleológicas e axiológicas para fundar o
raciocínio. Supõe, assim, que a mera interpretação especificadora não
atinge os objetivos da norma, pois lhe confere uma amplitude que prejudica
os interesses, ao invés de protegê-los.

Dito isto, entende-se que essa interpretação da lei diminui sua amplitude,
sendo claro o que o legislador deseja obter com o descrito no tipo penal. Essa
interpretação, por mais que diminua a amplitude da norma, possibilita que a
segurança jurídica aumente, impedindo que a tipificação irresponsável se alastre,
como cita o doutrinador Eugênio Raul Zaffaroni.
Em contrapartida, existe a interpretação extensiva, que segundo Tércio
Sampaio Ferraz:
(...) trata-se de um modo de interpretação que amplia o sentido da norma
para além do contido em sua letra. Isso significa que o intérprete toma a
mensagem codificada num código forte e a decodifica conforme um código
fraco. Argumenta-se, não obstante, que desse modo estará respeitada a
ratio legis, pois o legislador (obviamente, o legislador racional) não poderia
deixar de prever casos que, aparentemente, por uma interpretação
meramente especificadora, não seriam alcançados.

Assim, será atribuído, através desta interpretação extensiva, o máximo de


significados permitidos ao tipo penal, não se desviando do seu sentido literal. É
importante ressaltar que jamais a norma poderá ser interpretada de forma a se
ultrapassar esse sentido, como bem observa Eduardo Ramón Ribas: “implica atribuir
a um termo jurídico um grande número, se não o máximo, de significados permitidos
pelo seu significado literal, que, e é necessário insistir nisso, não pode ser
ultrapassado em qualquer caso”.
Posto isto, a interpretação extensiva é amplamente discutida, havendo
doutrinadores que a consideram inconstitucional e outros que a consideram
constitucional. Mas o STF já se posicionou quanto à isto, dizendo:

EMENTA: CONSTITUCIONAL E PENAL. ACESSÓRIOS DE CELULAR


APREENDIDOS NO AMBIENTE CARCERÁRIO. FALTA GRAVE
CARACTERIZADA. INTELIGÊNCIA AO ART. 50, VII, DA LEI 7.210/84, COM
AS ALTERAÇÕES INTRODUZIDAS PELA LEI 11. 466/2007.
INEXISTÊNCIA DE OFENSA AO PRINCIPIO DA RESERVA LEGAL.
INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA. POSSIBILIDADE. PRECEDENTE. 1.
Pratica infração grave, na forma prevista no art. 50, VII, da Lei 7.210/84,
com as alterações introduzidas pela Lei 11.466/2007, o condenado à pena
privativa de liberdade que é flagrado na posse de acessórios de aparelhos
celulares em unidade prisional. 2. A interpretação extensiva no direito penal
é vedada apenas naquelas situações em que se identifica um
desvirtuamento na mens legis. 3. A punição imposta ao condenado por falta
grave acarreta a perda dos dias remidos, conforme previsto no art. 127 da
Lei 7.210/84 e na Súmula Vinculante nº 9, e a consequente interrupção do
lapso exigido para a progressão de regime. 4. Negar provimento ao recurso.
[RHC 106.481, rel. min. Cármen Lúcia, j. 8-2-2011, 1ª T, DJE de 3-3-2011.]

Portanto, majoritariamente entende-se que pode ser aplicada a interpretação


extensiva, desde que não leve a norma penal a outro âmbito, mantendo-se no seu
mesmo lugar. O motivo disso é simples, se a norma atinge outro âmbito, já se torna
analogia, o que é proibido.
Antes de se entender como a analogia se desdobra na punição do
cyberbullying, é necessário compreender os crimes de calúnia, difamação e injúria.
Esses crimes encontram-se no Código penal, respectivamente nos artigos
138, 139 e 140:

Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como


crime: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. (...)
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. (...)
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo lhe a dignidade ou o decoro: Pena -
detenção, de um a seis meses, ou multa.

Todos estes delitos tem em comum um bem jurídico tutelado: a honra. A


honra trata-se de como cada indivíduo é visto pela sociedade, isso servirá como
base para saber se tal pessoa possui uma conduta exemplar ou não. São analisadas
características como honestidade, comportamento satisfatório, respeito e moral
social. Nucci complementa da seguinte forma:
Essa apreciação envolve sempre aspectos positivos ou virtudes do ser
humano, sendo incompatível com defeitos e más posturas, embora não se
trate de um conceito absoluto, ou seja, uma pessoa, por pior conduta que
possua em determinado aspecto, pode manter-se honrada em outras
facetas da sua vida.

Sendo assim, a honra é a característica que mantém os homens cheios de


amor-próprio e que possuem comportamento regrado e honesto, mantendo-se a
tranquilidade no seio social.
A Constituição da República Federativa do Brasil, conforme o art. 5º, X,
protege a honra e a imagem das pessoas, portanto não é algo referente somente à
área penal, mas um bem constitucionalmente tutelado. Além disso, a imagem está
intimamente ligada à honra, pois conforme Nucci: “a imagem, por seu turno, decorre
da honra, visto que se liga à autoestima e ao conceito social de que goza o indivíduo
na comunidade onde habita”. Portanto, a visão da comunidade em relação à pessoa,
envolverá, logicamente, sua reputação.
Assim, em se tratando do cyberbullying, o objeto tutelado é a honra objetiva,
que, segundo Damásio de Jesus: “Honra objetiva é a reputação, aquilo que os
outros pensam a respeito do cidadão no tocante a seus atributos físicos, intelectuais,
morais etc”.
Superado o conceito de honra, o código penal lista três crimes que a
tutelam: calúnia, difamação e injúria.
A calúnia, tipificado no art. 138, Código Penal, trata-se de um tipo penal que
o agente imputa à outro um determinado delito, que está tipicamente descrito no
código. Portanto, ferindo a honra objetiva de um indivíduo. É claro que, como
requisito, a acusação deve ser falsa para que haja a configuração do delito.
Guilherme Nucci define calúnia como sendo uma espécie de difamação qualificada.
O sujeito passivo e ativo pode ser pessoas físicas, e a doutrina entende que
as pessoas jurídicas também podem figurar nesse delito, ativamente como em casos
de crimes contra o meio ambiente, e passivamente, como em casos de violação de
segredo profissional.
O elemento subjetivo específico, que é requisito para esse delito, é a
intenção do agente em ofender a honra de outrem. E a pena prevista é detenção de
6 meses a 2 anos, além de aplicação de multa. Corroborando com esse raciocínio, a
jurisprudência do STJ ressalta:
Para a caracterização dos crimes de calúnia e difamação é imprescindível
que se verifique, além do dolo genérico de realizar os elementos do tipo, um
fim específico, isto é, o propósito de ofender ou macular a honra da vítima,
consistente no animus caluniandi ou animus dif amandi” (AgRg no REsp
1.286.531/DF, 5.ª T., rel. Marco Aurélio Bellizze, 02.08.2012, m.v.).

Já a difamação, crime previsto no art. 139, CP, segue a mesma linha de


pensamento da calúnia, pois visa punir aquele que mancha a imagem e reputação
de outrem, imputando-lhe um fato que seja vergonhoso, mas não estritamente
previsto como crime, mas sim mal visto aos olhos da sociedade, seja esse fato
verdadeiro ou falso.
Além disso, de acordo com Nucci, a difamação não se trata de uma simples
ofensa, mas deve estar rico em detalhes e características, pois na forma simples
pode ser classificado como injúria.
Aqui, o agente passivo se trata de pessoa humana, diferentemente da
calúnia. Já os sujeitos passivos podem ser tanto a pessoa física quanto a jurídica.
Isso se deve ao fato da Súmula 227, STJ, dar à pessoa jurídica a possibilidade de
cobrar danos morais.
Assim como na calúnia, o elemento subjetivo é o mesmo, a intenção de
ofender a honra de outrem. E a pena prevista é de 03 meses a 1 ano de detenção, e
multa.
Por último, tem-se a injúria, delito previsto no art. 140. Talvez este seja o
mais difícil de identificar, pois aqui o que faz nascer o delito são os atos de
xingamento e insultos que denigrem a dignidade da vítima, além do seu decoro e
respeitabilidade. É o mais difícil, pois há a mácula da honra subjetiva da vítima.
Por se tratar de crime contra a honra subjetiva, cada caso deverá ser
analisado pormenorizadamente pelo magistrado, para aferir se houve ou não lesão à
autoestima da vítima.
O doutrinador Nucci, destaca em relação à injúria na internet o seguinte: “Se
a ofensa verbal é instantânea, a tecnologia permite, agora, o formato permanente,
pois ela está presente, atingindo mais e mais pessoas até que seja retirada,
finalizando a consumação” (NUCCI, 2019, pag. 304). Ou seja, a injúria ganha outro
patamar para sua extensão, patamar este que não é tratado pela legislação atual.
A pena prevista para o delito da injúria é detenção de 01 a 06 meses e
multa, podendo ser maior em determinados casos (§§ 2º e 3º do art. 140, CP).
Diante disso, por falta de previsão legal, esses três delitos são aplicados,
atualmente no Brasil, como forma de se punir o cyberbullying, conforme
jurisprudência a seguir:

QUEIXA-CRIME. CRIMES CONTRA A HONRA. INJÚRIA E DIFAMAÇÃO.


MANIFESTAÇÃO EM PÁGINA PESSOAL DOFACEBOOK. PRELIMINARES
DEFENSIVAS AFASTADAS. CRIME DE INJÚRIA
CONFIGURADO. PUNIBILIDADE EXTINTA.
1. Caso em que resta configurado o dolo do querelado de ferir a dignidade,
o decoro e a honra subjetiva do querelante ao publicar no facebook texto
em que questiona a “motivação” de “estranha e generosa” decisão judicial,
pergunta intencionalmente maliciosa, destinada a lançar dúvida sobre a
idoneidade do querelante.
2. Os esclarecimentos feitos em interrogatório acerca da declaração na rede
social, no sentido de que seria uma crítica ao garantismo, não tem o condão
de afastar o dolo. No caso, importa averiguar a mensagem que o querelado
tencionou passar em sua manifestação pública, e não a opinião externada
em interrogatório a respeito da pessoa do querelante.
3. Pena-base fixada no mínimo legal de um mês de detenção (art. 140 do
CP), aplicando-se o aumento de 1/3 pois o crime foi praticado contra
funcionário público, em razão de suas funções (art. 141, II, do CP), fixando-
se a pena definitiva em um mês e dez dias de detenção. Substituição pela
pena de multa (art. 60, § 2º, c/c art. 44 do CP).
4. Imposição da pena exclusiva de multa que induz à configuração da
prescrição da pretensão punitiva (art. 114, I, do CP). Punibilidade extinta,
nos termos do art. 107, IV, do Código Penal.

PRELIMINARES AFASTADAS. POR MAIORIA, QUEIXA-CRIME JULGADA


PROCEDENTE, COM DECRETAÇÃO DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE.

(TJRS, Órgão especial do Tribunal, Nº 70063655682 (Nº CNJ: 0050946-


44.2015.8.21.7000, Relator DES. NEWTON BRASIL DE LEÃO, julgado em
13 de agosto de 2018).

Além do TJRS, existem outros julgados como do TJDF:

DIREITO PENAL. APELAÇÃO CRIMINAL. CRIMES CONTRA A HONRA.


CALÚNIA. DIFAMAÇÃO. INJÚRIA. ANIMUS NARRANDI. AUSÊNCIA DO
DOLO DE CALUNIAR, DIFAMAR E INJURIAR. APELAÇÃO CONHECIDA E
NÃO PROVIDA.
1. Nos crimes contra a honra, tipificados nos artigos 138, 139 e 140 do
Código Penal, faz-se necessária a presença do elemento subjetivo do tipo,
consubstanciado no dolo de caluniar, difamar ou injuriar. Não se
caracterizam tais crimes quando a conduta da apelada se limita a narrar
fatos, agindo imbuído do chamado animus narrandi.
2. Não havendo a individualização das condutas imputadas a quem
compartilhou os posts via internet / Facebook, com a indicação dos
respectivos domicílios, revela-se a decadência do direito de ação, uma vez
ser tal fato incumbência do autor.
3. Recurso conhecido e não provido.

(Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios TJ-DF : 0008527-


73.2017.8.07.0001 DF 0008527-73.2017.8.07.0001, Órgão Julgador: 3ª
TURMA CRIMINAL, julgamento: 5 de Dezembro de 2019. Relator: WALDIR
LEÔNCIO LOPES JÚNIOR.

E, como último exemplo, TJPR:

APELAÇÃO CRIMINAL. CRIMES CONTRA A HONRA – DIFAMAÇÃO E


INJÚRIA, POR DUAS VEZES (CP, ARTS. 139 E 140). 1. Pretensão de
absolvição – Impossibilidade – Autoria e materialidade das infrações penais
amplamente demonstradas – Conjunto probatório, notadamente as provas
oral e documental (ata notarial), que demonstra que a ré, em duas
oportunidades, injuriou a vítima, chamando-a de “juiz corrupto”, “safado”,
“ordinário”, “mercenário”, entre outros, além de tê-la difamado, imputando-
lhe fato ofensivo a sua reputação – Conduta da ré que provocou expressiva
ofensa ao bem jurídico tutelado, em ordem a atrair a intervenção do Direito
Penal – Perfeita subsunção dos fatos às normas penais incriminadoras
primárias – Condenação mantida. 1.1. Extrai-se dos autos a existência de
provas suficientes, e não somente indiciárias, para respaldar o decreto
condenatório, existindo coerência racional entre todos os pontos
coordenativos, ao passo que a tese defensiva não ultrapassa o limite de
mera concatenação filosófica. 2. Dosimetria da pena – Incidência da
circunstância atenuante prevista no artigo 65, inciso I, do Código Penal –
Impossibilidade – Ré que possuía 64 anos de idade na data da prolação da
sentença – Inaplicabilidade das disposições da Lei n.º 10.741/2003
(Estatuto do Idoso). 2.1. “[...] o Estatuto do Idoso, ao considerar pessoa
idosa a que possui mais de 60 anos, não alterou este artigo, tendo em vista
que a atenuante é voltada ao criminoso que atingiu a senilidade –
presumida a partir dos 70 anos. Aliás, se houvesse intenção legislativa para
isso, bastaria incluir o art. 65 na reforma trazida pela referida lei, passando a
ser concedida atenuante a quem tivesse mais de 60 anos na data da
sentença. Tal não se deu, motivo pela qual a atenuação da pena continua
valendo exclusivamente ao maior de 70 anos” (Nucci). 3. Pretensão de
afastamento da causa de aumento prevista no artigo 141, inciso III, do
Código Penal – Impossibilidade – Delitos de difamação e injúria indicados
nos fatos 1 e 2 que foram perpetrados em rede social na internet, meio que,
inegavelmente, facilita a divulgação dos impropérios – Crime de injúria
descrito no fato 3, ademais, que foi cometido na presença de várias
pessoas – Causa de aumento mantida. 4. Reconhecimento de continuidade
delitiva – Possibilidade, em parte – Delitos de difamação e injúria descritos
nos fatos 1 e 2 que, além de se tratarem de crimes da mesma espécie, que
tutelam o mesmo bem jurídico, foram praticados em similitude de condições
de tempo, lugar e maneira de execução – Condutas delitivas, ademais,
praticadas com unidade de desígnio, consistente em ofender a honra da
vítima – Crime de injúria indicado no fato 3, por outro lado, que embora da
mesma espécie, foi praticado em contexto distinto, com adoção de modus
operandi dessemelhante dos demais – Necessidade de reconhecimento da
continuidade delitiva entre as condutas descritas nos fatos 1 e 2, com
manutenção do concurso material em relação ao crime indicado no fato 3 –
Readequação da pena, por conseguinte. 4.1. A caracterização da
continuidade delitiva pressupõe o preenchimento dos requisitos objetivos,
compreendidos como (i) prática de dois ou mais crimes, da mesma espécie,
(ii) mediante mais de uma ação ou omissão, (iii) com condições de tempo,
lugar, maneira de execução e outras semelhantes e (iv) os crimes
subsequentes devem ser havidos como continuação do primeiro, e os
subjetivos, consistente na unidade de desígnios ou na existência de um
vínculo entre as condutas delituosas. 5. Recurso parcialmente provido.
(TJPR - 2ª C.Criminal - 0007510-43.2019.8.16.0013 - Curitiba - Rel.:
Desembargador Rabello Filho - J. 19.06.2020)

(TJ-PR - APL: 00075104320198160013 PR 0007510-43.2019.8.16.0013


(Acórdão), Relator: Desembargador Rabello Filho, Data de Julgamento:
19/06/2020, 2ª Câmara Criminal, Data de Publicação: 22/06/2020).

Com todos esses julgados, percebe-se que a denúncia e os julgamentos se


baseiam estritamente nos delitos previsto nos artigos 138 a 140, de forma análoga,
já que se trata de atos praticados no meio virtual.
O doutrinador Sydow, cita que a analogia é aplicada como método
integrativo do ordenamento jurídico, ou seja, um mecanismo que complementa a
expressão do Tipo penal, quando omisso. Como exemplo, tem-se a expressão
“cena”, no art. 218-C, já que o legislador não abarcou todas as espécies de mídia
gráfica, o magistrado pode entender “cena” como mensagens textuais ou em forma
de áudio. Entretanto, não é permitida essa analogia em malefício ao réu, apenas em
benefício, graças ao Princípio da Analogia prejudicial ao réu.

​4 NECESSIDADE DE TIPIFICAÇÃO DO CYBERBULLYING



Por último, neste capítulo serão elencados alguns dos casos recentes de
cyberbullying no Brasil e apontado a necessidade ao qual a legislação apresenta em
relação a fatos como estes.

4.1 EPISÓDIOS RECENTES DE CYBERBULLYING

Na última década, graças à grande popularidade das redes sociais, os


acessos aumentaram; além do acesso à internet ser disponibilizado a mais pessoas.
Com isso, qualquer pessoa possui acesso, independente de quem seja. Assim,
surgem casos, que a princípio eram mais raros, mas que atualmente se mostram
mais comuns.
O Instituto IPSOS, terceira maior empresa de pesquisa e inteligência de
mercado do mundo, considerou o Brasil como 2º país com a maior incidência de
casos de cyberbullying no mundo todo. Claro que a maioria das vítimas foi crianças
e adolescentes em idade escolar. De acordo com a pesquisa, a maioria dos casos,
aproximadamente 65%, foi causada por meio das redes sociais. Além disso, a
pesquisa trouxe que por volta de 76% das pessoas entrevistadas pelo Instituto
consideram que as políticas, utilizadas para conscientização e combate ao
cyberbullying, são insuficientes.
Portanto, fica evidenciado que, com o aumento de pessoas conectadas na
internet, maior tem sido a incidência de casos e os meios a se combater tem sido
ineficazes. A título de exemplo tem-se um dos casos mais recentes (e popular) de
cyberbullying, os atos de racismos cometidos virtualmente contra a filha do casal
Bruno Glagliasso e Giovanna Ewbank.
Esse caso ocorreu da seguinte maneira: o casal Bruno Glagliasso e
Giovanna Ewbank adotou uma criança africana e a chamaram de Titi. Aos 4 anos de
idade, em novembro de 2017, após várias fotos juntos na rede social Instagram, o
casal recebeu críticas de uma socialite denominada Day McCarthy, que chamou a
garotinha de “macaca”, além de outras ofensas. Após estes incidentes, o casal
entrou com ação penal e cível, visando coibir as ações desta. O processo por injúria
racial permanece estagnado, de acordo com a Redação do site Catraca Livre, mas o
processo cível correu e houve sentença definindo que a ré deveria pagar o valor
total de 180 mil reais a título de danos morais.
Não foi a primeira vez que Day McCarthy cometeu atos ofensivos
virtualmente, segundo o site Extra, do grupo Globo, ela teria ofendido pelas redes
sociais, o filho de apenas 3 anos da apresentadora Ana Hickmann. Além disso,
comparou a filha do casal Ticiane Pinheiro e Roberto Justus ao boneco do filme de
terror Chuck. Além disso, para que fique comprovada a ineficácia das penas para os
agressores, na terceira semana de outubro de 2020, a própria Day McCarthy
novamente, mesmo após condenação em danos morais, propagou notícias sem
qualquer fonte a cerca da separação do cantor Gusttavo Lima e Andressa Suíta,
alegando que ele havia traído ela e engravidado outra esposa de outro cantor
sertanejo.
Outro caso, semelhante ao de Titi, foi o da cantora Preta Gil, que sofreu
agressões verbais em razão da sua cor, com xingamentos como: "pensei que
macaca vivia apenas no zoológico ou na floresta", "volta pra jaula sua macaca, vou
pegar meu xicote sua preta (sic)" e "seu talento é igual sua beleza: 0". A cantora
levou o caso à polícia civil e foram apreendidos os responsáveis, que foram
adolescentes, segundo o G1, entre 14 e 15 anos.
Além desse exemplo, deve-se citar aqui o caso de Carolina Dieckmann,
nacionalmente conhecido, pois em 2012, a atriz teve subtraído de seu laptop, fotos
íntimas, que posteriormente foram utilizadas para suborná-la, a fim de obterem
grandes quantias em dinheiro. Os agentes, alguns foram apreendidos, não foram
responsabilizados, portanto ficaram livres. Isso se deve ao fato de que à época dos
fatos não havia legislação específica a respeito do assunto, de acordo com o site
Extra: “Como na legislação da época o único crime que se enquadrava no caso era
o de danos morais, a atriz decidiu retirar a ação”.
Por último, estes exemplos servem para se notar pessoas de um escalão
maior na sociedade também sofrem com o fenômeno do cyberbullying, entretanto,
para essas, há um aumento exponencial na condenação dos agressores em relação
aos casos contra pessoas comuns da sociedade.

4.2 INSEGURANÇA JURÍDICA E LEI PRÓPRIA PARA PUNIÇÃO DO


CYBERBULLYING

A Constituição Federal, em seu artigo 5º, elenca direitos e garantias


fundamentais a todo povo brasileiro, e, algo que se faz muito relevante aqui é o fator
deste artigo assegurar, pormenorizadamente, a intimidade, privacidade, honra e
imagem dos indivíduos (Art. 5º, X, CF/88). Portanto, acredita-se ser uma garantia
constitucional.
Entretanto, no caso do cyberbullying, essa violação é frequentemente violada,
seja na criação de contas fake, páginas destinadas a espalhar ódio acerca de
alguém, entre outras formas de cyberbullying. Não há legislação específica que puna
este ato no Brasil, há apenas a forma análoga ao qual ele é punido, sendo
considerada injúria, calúnia ou difamação.
Assim, acredita-se que não há uma segurança jurídica que, de certa forma,
assuste aqueles que ousam realizar o cyberbullying, ou que punam de forma
razoável os delinquentes.
Para entender a razoabilidade, é necessário entender que pena é, segundo
Nucci: “a sanção imposta pelo Estado, por meio de ação penal, ao criminoso como
retribuição ao delito perpetrado e prevenção a novos crimes”. Portanto, seus
objetivos principais são de fazer com que a sociedade reconheça que a pena é
intimidadora, e, fazer com que o autor do delito não torne a praticá-lo, sendo este
ressocializado.
É claro que não se deve levar em consideração aqui o ato praticado por
menores, sendo estes punidos, mas sim os praticados pelos próprios adultos, pois
em relação aos menores, as diretrizes do ECA cuidarão para que haja a devida
sanção ao menor. Há insultos e ofensas praticados sim por pessoas maiores de
idade, sejam como provedores de sites com este intuito ou simplesmente realizando
os atos. Conforme jurisprudência a seguir é capaz de vislumbrar isto:

APELAÇÃO CRIMINAL. INJÚRIA. ART. 140, CP. PALAVRAS PROFERIDAS


COM INTUITO DE INJURIAR A VÍTIMA VIA REDE SOCIAL. AUTORIA E
MATERIALIDADE COMPROVADAS. SENTENÇA CONDENATÓRIA
MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

(TJ-PR - APL: 00075088120178160130 PR 0007508-81.2017.8.16.0130


(Acórdão), Relator: Juíza Manuela Tallão Benke, Data de Julgamento:
11/11/2019, 4ª Turma Recursal, Data de Publicação: 12/11/2019)

Acórdão
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ 4ª TURMA RECURSAL
DOS JUIZADOS ESPECIAIS - PROJUDI Rua Mauá, 920 - 14º Andar - Alto
da Glória - Curitiba/PR - CEP: 80.030-200 - Fone: 3210-7003/7573
Apelação Criminal nº 0007508-81.2017.8.16.0130 Juizado Especial Criminal
de Paranavaí Apelante (s): ELIS MAIARA DE BRITO VIEIRA Apelado (s):
Ministério Público do Estado do Paraná Relator: Manuela Tallão Benke
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. INJÚRIA. ART. 140, CP. PALAVRAS
PROFERIDAS COM INTUITO DE INJURIAR A VÍTIMA VIA REDE SOCIAL.
AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS. SENTENÇA
CONDENATÓRIA MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
Trata-se de apelação criminal interposta por Elis Maiara de Brito Vieiria em
face de sentença que a condenou à pena de (10) dez dias-multa, no mínimo
legal, de 1/30 do salário mínimo em vigor à época dos fatos, pela prática do
crime previsto no art. 140, caput, do Código Penal, em virtude dos seguintes
fatos: “Ofendeu a querelante Grace da Silva Medeiros via rede social
Facebook, a xingando de “gorda”, “ridícula”, ”.“recalcada”, “mente de lixo”
(Evento 10.1, Autos Principais). (...)

Nesta jurisprudência, vê-se que a pena aplicada foi de apenas 10 dias/multa


+ 1/30 do salário mínimo vigente à época dos fatos. Entretanto o fundamento foi o
art. 140, Código Penal. Diferentemente tem-se outro entendimento:

APELAÇÃO CRIME. ARTIGO 140, § 3ª, DO CÓDIGO PENAL. INJÚRIA


RACIAL. CONDENAÇÃO. INSURGÊNCIA. PLEITO ABSOLUTÓRIO
EMBASADO EM AUSÊNCIA DE DOLO ESPECÍFICO. NÃO
ACOLHIMENTO. APELANTE QUE SE UTILIZA DE REDE SOCIAL, PARA
INJURIAR A VÍTIMA. AUSÊNCIA DEFACEBOOK, COMPROVAÇÃO DE
SIMPLES IDENTIFICAÇÃO DA VÍTIMA, POR SUA AFRODESCENDÊNCIA.
CONFISSÃO. VOTO DE REPÚDIO EXPRESSADO NA PRÓPRIA PÁGINA.
COERÊNCIA E HARMONIA DO CONJUNTO PROBATÓRIO AMEALHADO
AOS AUTOS. MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS.
ALEGAÇÃO DE DESCENDÊNCIA NEGRA, BEM ASSIM DE
RELACIONAMENTO COM PESSOA NEGRA, A FIM DE AFASTAR A
CONDUTA DELITUOSA. TESE IRRELEVANTE. HIPÓTESE DE CRIME
COMUM. PEDIDO SUBSIDIÁRIO DE READEQUAÇÃO DA PENA PARA
INCIDÊNCIA DO DISPOSTO NO ARTIGO 16 DO CÓDIGO PENAL.
IMPOSSIBILIDADE. SUBSTITUIÇÃO DA PENA RESTRITIVA DE DIREITO
POR OUTRA DE MELHOR ADEQUAÇÃO AO APELANTE. NÃO
ACOLHIMENTO. DISCRICIONARIEDADE DO JUIZ. SENDO DEFESO AO
APELANTE SUA ESCOLHA. SENTENÇA ESCORREITA. RECURSO
DESPROVIDO. (TJPR - 2ª C. Criminal - 0030512-13.2017.8.16.0013 -
Curitiba - Rel.: Desembargador Laertes Ferreira Gomes - J. 24.01.2020)

(TJ-PR - APL: 00305121320178160013 PR 0030512-13.2017.8.16.0013


(Acórdão), Relator: Desembargador Laertes Ferreira Gomes, Data de
Julgamento: 24/01/2020, 2ª Câmara Criminal, Data de Publicação:
30/01/2020)

Já nesta última situação, houve a aplicação minuciosa da pena, obedecendo


ao mínimo legal e se atentando a razoabilidade da conduta. Mesmo sendo penas
diferentes, é perceptível na primeira jurisprudência a aplicação mais branda da pena.
Assim, o Código Penal de 1940 abarca as situações de forma geral e quase
nula, sendo necessária a analogia utilizada pelo magistrado, variando sempre a
pena aplicada, ou até, tendo apenas consequências cíveis. De acordo com Denise
Pires Fincato:
Para o operador jurídico, diante da ausência de legislação específica, cabe
operar com as demais ferramentas que lhe estão disponíveis, como, por
exemplo, a analogia, os procedentes, o direito estrangeiro, entre outros
existentes, objetivando alcançar o equilíbrio do interesse social.

Assim, não há legislação específica tratando o cyberbullying de maneira


mais isolada e específica, fazendo-se necessário a adequação no Código Penal
atual, a fim de se evitar a insegurança jurídica. De acordo com Nick Hunter: “Na
maioria dos países o cyberbullying ainda não é considerado crime, mas, à medida
em que se conhece mais sobre esse assunto, essa postura começa a mudar”.
Diante disso, graças aos princípios da legalidade e taxatividade, os atos
previstos pormenorizadamente na legislação penal brasileira, são os considerados
crimes. Ratificando esse raciocínio, tem-se o seguinte entendimento do STF:

HABEAS CORPUS. PENAL MILITAR. HOMICÍDIO CULPOSO. PERDÃO


JUDICIAL PREVISTO NO CÓDIGO PENAL. ANALOGIA.
INAPLICABILIDADE. LACUNA LEGAL INEXISTENTE. 1. A analogia, ainda
que in bonan partem, pressupõe lacuna, omissão na lei, o que não se
verifica na hipótese, em que é evidente no Código Penal Militar a vontade
do legislador de excluir o perdão judicial do rol de causas de extinção da
punibilidade. 2. Ainda que fosse o caso de aplicação da analogia,
necessário seria o exame do conjunto fático-probatório para perquirir a
gravidade ou não das consequências do crime para o paciente, o que é
inviável na via estreita do writ. 3. Ordem denegada.
(STF. Supremo Tribunal Federal. HC 116.254 São Paulo. Relator: Min. Rosa
Weber. Primeira Turma. Julgado em 25 de junho de 2013)

E para o STJ:

HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS, USO DE DOCUMENTO


FALSO, HOMICÍDIO CULPOSO NA DIREÇÃO DE VEÍCULO
AUTOMOTOR. USO DE DOCUMENTO FALSO PELO AUTOR DA
FALSIFICAÇÃO. CRIME ÚNICO. DOSIMETRIA. PENA-BASE.
ATENUANTE DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA. MAJORANTE. CARTEIRA
DE HABILITAÇÃO VENCIDA. ANALOGIA IN MALAM PARTEM.
IMPOSSIBILIDADE . CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO.
SANÇÃO REDIMENSIONADA. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO.1. (...)
13. No Direito Penal, não se admite a analogia in malam partem , de modo
que não se pode inserir no rol das circunstâncias que agravam a pena (art.
302, § 1º) também o fato de o agente cometer homicídio culposo na direção
de veículo automotor com carteira de habilitação vencida.
(STJ - HC: 226128 TO 2011/0281839-2, Relator: Ministro ROGERIO
SCHIETTI CRUZ, Data de Julgamento: 07/04/2016, T6 - SEXTA TURMA,
Data de Publicação: DJe 20/04/2016).

Pelos presentes entendimentos, vê-se claramente que o entendimento das


cortes superiores é que de não se deve ser aplicada a analogia em prejuízo ao réu,
ou seja, a norma quando não escrita não deve ser interpretada pelo magistrado
ocasionando a condenação do acusado, sendo, pois, característica de ativismo
judicial.
Portanto, diante de tal situação, se faz necessária a criação de uma
legislação própria que abarcasse tais casos de cyberbullying. O problema é que há
crimes em que a aplicação de qualificadoras que se encaixam no cyberbullying,
como o caso do art. 20, §2º, Lei 7.716/89, são raras e esparsas, ou seja, vez ou
outra existem e são criadas às pressas para atender a contingência do momento.
Mas isso caracteriza certa leviandade ao ordenamento jurídico.
A título de exemplo da criação de norma específica, tem-se a criminalização
do famoso “nude”, previsto no art. 216-B do Código Penal. A Lei nº 13.772/2018, que
veio para “reconhecer que a violação da intimidade da mulher configura violência
doméstica e familiar e para criminalizar o registro não autorizado de conteúdo com
cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado”, trouxe o
delito de criação de cena de nudez ou atos libidinosos sem o consentimento do
participante, tendo pena de 6 meses a um ano, além de multa.
De acordo com o professor Rogério Sanches, acerca da Lei nº 13.772/2018:
[…] o tipo preenche a lacuna que existia em relação à punição da conduta
de indivíduos que registravam a prática de atos sexuais entre terceiros. Foi
grande a repercussão quando, em janeiro de 2018, um casal alugou um
apartamento para passar alguns dias no litoral de São Paulo e, depois de se
instalar, percebeu uma pequena luz atrás de um espelho que guarnecia o
quarto. O inusitado sinal faz com que um deles vistoriasse o espelho e,
espantado, descobrisse que ali havia uma câmera instalada. O equipamento
foi imediatamente desligado e, logo em seguida, o casal recebeu uma
ligação do proprietário do imóvel, que indagou se havia ocorrido algum
problema, o que indicava que as imagens estavam sendo transmitidas em
tempo real. Embora se tratasse de conduta violadora da intimidade e que
inequivocamente dava ensejo a indenização por danos morais, o ato – não
tão incomum – de quem instalava um equipamento de gravação nas
dependências de um imóvel para captar imagens íntimas sem o
consentimento dos ocupantes não se subsumia a nenhum tipo penal. A
partir de agora, é classificado como crime contra a dignidade sexual.

Isto posto, verifica-se que à época dos fatos, mesmo com a legislação penal
vigente e com o código tratando acerca de crimes contra a dignidade sexual, não
houve como abarcar a situação a qual ocorrera, sendo necessária uma lei mais
especial.
Logo, entende-se que seja melhor a criação de uma lei específica que
abarcasse todos os atos de cyberbullying e houvesse inclusão no Código Penal,
evitando o surgimento de várias leis conforme aparecem os casos de cyberbullying.

4.3 INÍCIO DA SOLUÇÃO ATRAVÉS DO PROJETO DO PACOTE ANTICRIME, LEI


Nº 13.964, DE 24 DE DEZEMBRO DE 2019, LIBERDADE E LIBERALIDADE

Em dezembro de 2019, foi publicado o Pacote Anticrime, que promoveu


mudanças no Código Penal e Processual Penal. O projeto desta lei adveio do
Ministério da Justiça e Segurança Pública e teve como objetivo a criação de
medidas pontuais contra a corrupção, crimes violentos e crime organizado,
provenientes dos ocorridos nos últimos anos no Brasil.
Entre as várias mudanças apresentadas pelo projeto de lei, uma delas se faz
mister mencionar, a que se refere aos crimes contra a honra. De acordo com o
trecho do projeto, dias antes de ser publicado: no artigo 141, “§ 2º Se o crime é
cometido ou divulgado em quaisquer modalidades das redes sociais da rede mundial
de computadores, aplica-se em triplo a pena”. Ou seja, o atual legislador vê essa
necessidade da punição de forma mais gravosa aos agressores.
A questão que se faz então é a seguinte, o porquê o novo legislador viu essa
necessidade de majoração da pena em até três vezes caso ocorra os delitos contra
a honra em meio virtual? Ora, a resposta para tal se depreende justamente por se
tratar de outro ambiente, o virtual. A propagação pelos meios virtuais, através da
internet, faz com que qualquer dado seja passado pelo mundo inteiro em questão de
segundos.
Portanto, a forma como são cometidos os crimes de honra no mundo real
divergem, pois a memória humana é volátil, logo se esvai, entretanto, ofensas
cometidas virtualmente perduram até a boa vontade do agressor em retirá-las da
rede.
Infelizmente, em virtude de veto presidencial, o então presidente, Jair
Messias Bolsonaro, vetou a majoração do delito sob o seguinte argumento: “Vou
vetar aquele artigo que fala triplicar crime na internet injúria, calúnia, difamação.
Internet é território livre. Eu quero liberdade de imprensa. Ninguém mais do que eu
sou atacado na internet”.
Divagando acerca disso, é notório que o presidente não se atentou aos fatos
ocorridos recentemente no meio virtual. Por mais que tenha dito ter sido atacado, ele
já é um ser humano formado, possuindo psicológico suficiente para lidar com
qualquer situação, caso contrário, não seria o presidente do Brasil. Assim, o
fenômeno em questão atinge mais os adolescentes e jovens adultos, pois
encontram-se numa fase inicial da vida, ao qual grandes desafios ainda virão.
Para se ter uma ideia, a psicóloga infantil Laverne Antrobus, ressaltou que a
assistência psicológica deve permanecer aos jovens mesmo após seus 18 anos de
idade, pois o desenvolvimento cognitivo permanece até os 25 anos. Dito isto, o
emocional continua sendo construído ao decorrer desse tempo.
Intercalando com o tema em questão, tem-se o previsto no art. 122, §4º do
Código Penal, que diz: “§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é
realizada por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida em
tempo real”, incluído pela Lei nº 13.968/2019. Ora, se há majoração específica deste
delito em virtude de ser cometido por meio da internet, por que não deveria haver
especificidade no caso de cyberbullying?
Além disso, o presidente abordou a ideia de “liberdade de expressão” em
seu veto. Este princípio é garantido pelo Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014):

Art. 2º A disciplina do uso da internet no Brasil tem como fundamento o


respeito à liberdade de expressão, bem como: (...)
Art. 3º A disciplina do uso da internet no Brasil tem os seguintes princípios:
I - garantia da liberdade de expressão, comunicação e manifestação de
pensamento, nos termos da Constituição Federal; (...)

De acordo com o artigo 19, §§ 3º e 4º, Lei 12.965/2014:

§ 3º As causas que versem sobre ressarcimento por danos decorrentes de


conteúdos disponibilizados na internet relacionados à honra, à reputação ou
a direitos de personalidade, bem como sobre a indisponibilização desses
conteúdos por provedores de aplicações de internet, poderão ser
apresentadas perante os juizados especiais.
§ 4º O juiz, inclusive no procedimento previsto no § 3º , poderá antecipar,
total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial,
existindo prova inequívoca do fato e considerado o interesse da coletividade
na disponibilização do conteúdo na internet, desde que presentes os
requisitos de verossimilhança da alegação do autor e de fundado receio de
dano irreparável ou de difícil reparação.

Portanto, a honra e imagem também são tuteladas pelo Marco Civil,


devendo ser analisados caso a caso pelo magistrado dos juizados especiais.
A liberdade de expressão, segundo o STF, seguindo a linha de raciocínio do
Pacto de São José da Costa Rica:

Cabe referir, neste ponto, a própria Convenção Americana sobre Direitos


Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), cujo art. 13, inciso 2, alínea
a, depois de vedar a censura prévia, prescreve que o exercício do direito à
liberdade de manifestação do pensamento sujeitar-se-á “a
responsabilidades ulteriores, que devem ser expressamente previstas em lei
e que se façam necessárias para assegurar (…) o respeito aos direitos e à
reputação das demais pessoas (…)”. (...) Irrecusável, por isso mesmo, que
publicações que extravasem, abusiva e criminosamente, os limites
razoáveis que conformam, no plano ético-jurídico, a prática da liberdade
jornalística, degradando-a ao nível primário do insulto e da ofensa, não
merecem a dignidade da proteção constitucional, pois o direito à livre
expressão não pode compreender, em seu âmbito de tutela, exteriorizações
revestidas de caráter delituoso. A prerrogativa concernente à liberdade de
manifestação do pensamento, por mais abrangente que deva ser o seu
campo de incidência, não constitui meio que possa legitimar a veiculação de
insultos ou de crimes contra a honra de terceiros, especialmente quando as
expressões moralmente ofensivas – manifestadas com evidente superação
dos limites da crítica e da opinião jornalísticas – transgridem valores
tutelados pela própria ordem constitucional.
(STF. ARE 891.647 ED, rel. min. Celso de Mello, 2ª T, j. 15-9-2015, DJE de
21-9-2015).

E claro, é importantíssimo mencionar que a CRFB/88 prevê em seu art. 5º o


seguinte: “IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”.
Assim como discorrido no capítulo 2, o anonimato é uma das causas que mais
influenciam na realização dos atos de cyberbullying, sendo dificilmente identificar os
agressores graças à facilidade natural da internet em apagar os rastros, como ocorre
comumente nos casos de perfis fakes.
Destarte, conforme entendimento ainda utilizado pelo STF:

(...) O veto constitucional ao anonimato, como se sabe, busca impedir a


consumação de abusos no exercício da liberdade de manifestação do
pensamento, pois, ao exigir-se a identificação de quem se vale dessa
extraordinária prerrogativa político-jurídica, essencial à própria configuração
do Estado democrático de direito, visa-se, em última análise, a possibilitar
que eventuais excessos, derivados da prática do direito à livre expressão,
sejam tornados passíveis de responsabilização, ‘a posteriori’, tanto na
esfera civil, quanto no âmbito penal.”
(STF, MS nº 24369 MC/DF. Relator: Ministro Celso de Mello. Julgado em
10/10/2002)

Assim, a liberdade de expressão não se trata de princípio absoluto, ficando


subordinado às ofensas que são proferidas, sejam na internet ou em qualquer outro
meio. Posto isso, o presidente dizer que majorar as penas relativas ao crime de
honra na internet fere a liberdade de expressão se trata de um equívoco, pois onde
há injúria, já não há mais o princípio da liberdade, mas sim a libertinagem por parte
do agressor, em dizer as coisas que vem a sua própria mente, sem fazer qualquer
mensuração.
Dessa forma, como o pensamento do atual legislador, em se tratando de
crimes contra honra na internet, a não eficácia das sanções dadas aos agressores, a
insegurança jurídica que é provocada pela divergência entre as condenações, a
analogia utilizada para a punição dos agressores e em razão do princípio da
especialidade, vê-se a necessidade de que o ato de cyberbullying seja tipificado
minuciosamente na legislação penal atual do Brasil.
​5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O termo cyberbullying se originou do próprio bullying, que normalmente


ocorria nas escolas e tomou outros rumos, imergindo em diversos outros lugares, e,
ocasionalmente, na rede mundial de computadores. Com o advento da internet, se
tornou fácil a capacidade de qualquer pessoa se comunicar com indivíduos de todo
o planeta, seja através de computadores, smatphones, ou qualquer outro dispositivo
conectado.
Com isso, esse fenômeno evoluiu, ultrapassando as barreiras locais e sendo
conteúdo do vasto mundo virtual. Agora que surgiu um mundo sem fiscalização
rígida, se tornou fácil a prática de delitos contra a honra, imagem, que constrangem,
enfim, que visam ferir psicologicamente alguém. A legislação penal nacional é antiga
e, com o passar dos anos, sofre constantes alterações, algumas relativas às novas
tecnologias. A prova disso é clara quando se busca a origem da Lei Carolina
Dieckmann (Lei 12.737/2012), pois adveio de um caso claro de cyberbullying, e,
como não havia legislação suficiente à época para punir os agressores, foi criada a
referida lei.
Assim, o cyberbullying surge, no cenário que a liberdade de expressão é
confundida com libertinagem, tendo agentes online desferindo insultos que jamais
fariam se não estivessem atrás da tela de um dispositivo. Diferir os atos de
agressores por não estarem presencialmente ofendendo não faz sentido algum, pelo
contrário, entende-se, através dos pensamentos expostos neste trabalho, que
deveriam ser tratados com mais rigidez, pela facilidade de cometimento do ato ilegal
e quantidade de vezes em que é efetuado.
Posto isso, através da análise dos julgados trazidos à baila, é perceptível
que os magistrados utilizam da analogia, trazendo para os casos a aplicação de
artigos que são comumente usados para delitos presenciais, como o caso de
calúnia, difamação e injúria. Com a analogia, julgam normalmente, conforme
descreve o artigo e sua pena, de forma genérica. Acredita-se, que em razão da
especialidade, essa metodologia de aplicação aos casos de cyberbullying, deve ser
divergente, graças a alguns fatores, como: anonimato, público infinito, assédio
sexual e perseguição homofóbica e permanência da ofensa.
Como não há tanta facilidade em se achar o agressor, se difere dos delitos
de honra, o qual é devidamente mais fácil, com ajuda de testemunhas por exemplo.
Além disso, o público persiste ao longo do tempo, sendo trocado apenas as
gerações, o que dá às agressões, uma característica eterna, alcançando mais e
mais pessoas. Logo, também, mantém a perseguição à comunidades LGBTQ+ e o
assédio sexual, já que, graças ao anonimato, literalmente a opinião de cada um
pode ser expressa, mesmo que contenha discursos de ódio. E, por último, o bullying
cometido virtualmente permanece, enquanto o meio utilizado for mantido no ar.
Dessa forma, diante de princípios norteadores da lei penal, como a
legalidade, onde cada agente responde por seu delito, desde que descrito na lei, de
forma taxativa e especificamente descrita, se vê a necessidade do tratamento
especial a condutas que caracterizam o cyberbullying.

​REFERÊNCIAS

BEANE, Allan. Proteja seu filho do bullying: impeça que ele maltrate os colegas
ou seja maltratado por eles. Tradução: Débora Guimarães Isidoro, Rio de Janeiro,
RJ: Ed. BestSeller, 2010.

BELSEY, Bil apud SHARIFF, Shaheen. Ciberbullying: questões e soluções para a


escola, a sala de aula e a família / Shaheen Shariff ; tradução: Joice Elias Costa ;
revisão técnica: Cleo Fante. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Artmed, 2011.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de
1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2020]. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ Constituiçao.htm. Acesso em: 01
maio 2020.

BRASIL. Decreto-lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal Brasileiro.


Brasília, DF. Presidência da República, [2019]. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm. Acesso em:
29 maio 2020.

BRASIL, Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014. Estabelece princípios, garantias,


direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil. Brasília, DF [2018].
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2014/lei/l12965.htm. Acesso em: 18 out. 2020. Não paginado.

BRASIL, Lei nº 13.722 de 19 de dezembro de 2018. Altera a Lei nº 11.340, de 7 de


agosto de 2006 (Lei Maria da Penha), e o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 (Código Penal), para reconhecer que a violação da
intimidade da mulher configura violência doméstica e familiar e para
criminalizar o registro não autorizado de conteúdo com cena de nudez ou ato
sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado. Brasília, DF: Presidência da
República, [2018]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-
2018/2018/Lei/L13772.htm. Acesso em: 23 out. 2020.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO


ESPECIAL : 1.286.531/DF. Agravante: Cláudia Soares Ribeiro. Agravado: Fernando
Francisco Silva Junior e outro (s). Relator: Marco Aurélio Bellizze. DJ: 02/08/2012.
JusBrasil, 2012. Disponivel em:
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/866037291/agravo-regimental-no-recurso-
especial-agrg-no-resp-1286531-df-2011-0237205-5/inteiro-teor-866037306?ref=serp.
Acesso em: 09 out. 2020.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Habeas Corpus nº 226.128 TO


2011/0281839-2. Impetrante: Carlos Roberto de Freitas. Impetrado: Tribunal de
Justiça do Estado do Tocantins. Relator: Ministro Rogerio Schietti Cruz. Sexta
Turma. Data de Julgamento: 07/04/2016. Disponível em:
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/340003119/habeas-corpus-hc-226128-to-
2011-0281839-2/inteiro-teor-340003129. Acesso em: 23 out. 2020.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Habeas Corpus nº 522.651 - SP


(2019/0212860-0). Impetrante: Emili Luiz Rabelo. Impetrado: Tribunal de Justiça do
Estado de São Paulo. Relatora: Ministra Laurita Vaz. Sexta Turma do STJ. Julgado
em 04 de agosto de 2020. Disponível em:
https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?
componente=ITA&sequencial=1963386&num_registro=201902128600&data=20200
819&formato=PDF. Acesso em: 12 out. 2020.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula nº 227. STJ.jus. Disponível em:


https://ww2.stj.jus.br/docs_internet/revista/eletronica/stj-revista-sumulas-
2011_17_capSumula227.pdf. Acesso em: 19 out. 2020.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Habeas Corpus nº 116.254/SP. Impetrante:


Defensoria Pública da União. Coator: Ministério Público Militar. Relator: Min. Rosa
Weber. 1ª Turma. Julgado em 25-6-2013. Disponível em:
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=9412755.
Acesso em: 23 out. 2020.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Medida cautelar no mandado de segurança :


MS 24369. Agravante: Conselho federal de farmácia – CFF. Agravados: Tribunal de
contas da união - TCU, Relator da representação nº 014.784/2002-1 do tribunal de
contas da União. Relator: Ministro Celso de Mello. Julgado em 10 de Outubro de
2002. Publicado no DJE 21-09-2015. Disponível em:
https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/14811961/medida-cautelar-no-mandado-de-
seguranca-ms-24369-df-stf. Acesso em: 23 out. 2020.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Ordinário em Habeas Corpus
106.481/MS. Recorrente: Defensoria Pública da União. Recorrido: Ministério Público
Federal. Relatora: Min. Cármen Lúcia. 1ª Turma. Julgado em 08 de fevereiro de
2011. Disponível em: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?
docTP=AC&docID=619969. Acesso em: 27 out. 2020.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário com Agravo (Lei nº


12.322/2010). RE 891.647 ED. Embargante: Paulo Henrique dos Santos Amorim.
Embargado: Merval Soares Pereira Filho. Relator: Ministro Celso de Mello. 2ª Turma.
Julgado em 15-9-2015. Publicado no DJE 21-09-2015. Disponível em:
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=9412755.
Acesso em: 16 out. 2020.

CARDIAL, Márcio. Redes Sociais e influenciadores crescem na pandemia.


Negócios da comunicação. não paginado. Disponível em:
https://portaldacomunicacao.com.br/2020/04/redes-sociais-e-influenciadores-
crescem-na-pandemia/. Acesso em: 18 out. 2020.

COLUNISTA. Conhecendo o Bullying e o Cyberbullying. Portal Educação. não


paginado. Disponível em:
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/educacao/conhecendo-o-
bullying-e-o-cyberbullying/60389. Acesso em: 08 set. 2020.

CUNHA, Rogério Sanches da. Breves comentários às Leis 13.769/18 (prisão


domiciliar), 13.771/18 (feminicídio) e 13.772/18 (registro não autorizado de
nudez ou ato sexual). Meu site jurídico. p. 7. Disponível em:
https://s3.meusitejuridico.com.br/2018/12/9c20f715-breves-comentarios-as-leis-
13769-18-prisao-domiciliar-13771-18-feminicidio-e-13772-18.pdf. Acesso em: 23 out.
2020.

DISTRITO FEDERAL. Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Apelação Criminal nº


0008527-73.2017.8.07.0001. Apelante: Filipe Carneiro Reis. Apelado: Carolina
Mourao Albuquerque. Órgão Julgador da 3ª Turma Criminal. Relator: Waldir Leôncio
Lopes Júnior, julgado em 05 de dezembro de 2019. JUSBrasil. Disponível em:
https://tj-df.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/791839140/20170110396470-df-0008527-
7320178070001?ref=serp. Acesso em: 09 de out. 2020.

EXTRA. Ana Hickmann e o marido prestam queixa na polícia após ataque ao


filho de 3 anos . Extra Globo. não paginado. Disponível em:
https://extra.globo.com/famosos/ana-hickmann-o-marido-prestam-queixa-na-policia-
apos-ataque-ao-filho-de-3-anos-21966321.html. Acesso em: 18 out. 2020.

FANTE, C. Fenômeno Bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar


para a paz. São Paulo: Verus, 2005.

FANTE, Cleo. O fenômeno bullying e as suas consequências psicológicas.


Colégio Santa Clara. Disponível em: https://www.colegio-
santaclara.com.br/disciplinas/ER/Ficha6_Sobre_BULLYING_6o_ano.pdf. Acesso
em: 10 set. 2020.

FERRAZ JUNIOR, Tercio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito. 10 ed. São


Paulo: Atlas, 2018.

FINCATO, Denise Pires. Internet e relação de emprego: reflexões sobre a


espionagem e o cyberbullying. Justiça Do Trabalho, Notadez, n. 305. Maio, 2009.
p. 39-42.

G1. Atirador entra em escola em Realengo, mata alunos e se suicida. G1.com.


não paginado. Disponível em: http://g1.globo.com/Tragedia-em-
Realengo/noticia/2011/04/atirador-entra-em-escola-em-realengo-mata-alunos-e-se-
suicida.html. Acesso em: 06 set. 2020.
G1 SOROCABA. Polícia Civil apreende adolescentes que ofenderam Preta Gil
no Facebook. G1.com. não paginado. Disponível em: http://g1.globo.com/sao-
paulo/sorocaba-jundiai/noticia/2016/11/policia-civil-apreende-adolescentes-que-
ofenderam-preta-gil-no-facebook.html. Acesso em: 12 out. 2020.

HUNTER, Nick. Vencendo o cyberbullying. São Paulo: Hedra Educação, 2012.

INFLUENCIADORA FAZ REVELAÇÃO BOMBÁSTICA SOBRE GUSTTAVO LIMA.


De Fato Online. não paginado. Disponível em:
https://defatoonline.com.br/influenciadora-gusttavo-lima-virginia/. Acesso em: 16 out.
2020.

JESUS, Damásio de. Direito penal, 2º volume: parte especial; Crimes contra a
pessoa a crimes contra patrimônio / Damásio de Jesus. — 33. ed. — São Paulo:
Saraiva, 2013.

JESUS, Damásio de. Direito penal, volume 1 : parte geral / Damásio de Jesus. —
32. ed. — São Paulo : Saraiva, 2011.

KNIGHT, David apud SHARIFF,Shaheen. Ciberbullying: questões e soluções para


a escola, a sala de aula e a família / Shaheen Shariff ; tradução: Joice Elias Costa ;
revisão técnica: Cleo Fante. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Artmed, 2011.

LÉVY, Pierre. Cibercultura; tradução de Carlos Irineu da Costa.— São Paulo: Ed.
34, 1999.

LUISI, Luiz apud NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal: parte geral:
arts. 1º a 120 do Código Penal / Guilherme de Souza Nucci. – 3. ed. – Rio de
Janeiro: Forense, 2019.

MARQUES, Pablo. Brasil é o 2º país com mais casos de bullying virtual contra
crianças. R7.com. não paginado. Disponível em: https://noticias.r7.com/tecnologia-
e-ciencia/brasil-e-o-2-pais-com-mais-casos-de-bullying-virtual-contra-criancas-
11072018. Acesso em: 18 out. 2020.

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA. Pacote anticrime agora é lei. Justiça.gov. não


paginado. Disponível em: https://www.justica.gov.br/seus-direitos/elaboracao-
legislativa/projetos/anticrime-1#. Acesso em 18 out. 2020.
NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal: parte geral: arts. 1º a 120
do Código Penal / Guilherme de Souza Nucci. – 3. ed. – Rio de Janeiro: Forense,
2019.

ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS. Convenção Americana de


Direitos Humanos (“Pacto de San José de Costa Rica”), 1969. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d0678.htm. Acesso em: 18 set. 2020.

PARANÁ. Tribunal de Justiça do Estado do Paraná. Apelação Criminal nº :


00075088120178160130. Apelante: Elis Maiara de Brito Vieira. Apelado: Ministério
Público do Estado do Paraná. Relator: Juíza Manuela Tallão Benke. 4ª Turma
Recursal. Data de Julgamento: 11/11/2019. JUSBrasil. Disponível em: https://tj-
pr.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/919383270/processo-criminal-recursos-apelacao-
apl-75088120178160130-pr-0007508-8120178160130-acordao?ref=serp. Acesso
em: 09 out. 2020.

PARANÁ. Tribunal de Justiça do Estado do Paraná. Apelação Criminal nº :


00075104320198160013. Apelante: Kátia Lopes Aisengart. Apelado: Ministério
Público do Estado do Paraná. Relator: Desembargador Rabello Filho. 2ª Câmara
Criminal do Tribunal. Data de Julgamento: 19/06/2020. JUSBrasil. Disponível em:
https://tj-pr.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/919783760/processo-criminal-recursos-
apelacao-apl-75104320198160013-pr-0007510-4320198160013-acordao?ref=serp.
Acesso em: 09 out. 2020.

PARANÁ. Tribunal de Justiça do Estado do Paraná. Apelação Criminal nº :


00305121320178160013. Apelante: Richard Liberato Leal. Apelado: Ministério
Público do Estado do Paraná. Relator: Desembargador Laertes Ferreira Gomes. 2ª
Câmara Criminal do Tribunal. Data de Julgamento: 24/01/2020. JUSBrasil.
Disponível em: https://tj-pr.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/832347076/processo-
criminal-recursos-apelacao-apl-305121320178160013-pr-0030512-1320178160013-
acordao?ref=serp. Acesso em: 09 out. 2020.

PORFÍRIO, Francisco. Cyberbullying. Brasil Escola. não paginado. Disponível em:


https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/cyberbullying.htm. Acesso em: 11 set.
2020.

PRETA GIL É ALVO DE RACISMO EM REDE SOCIAL E FAZ DENÚNCIA À


POLÍCIA. R7.com. não paginado. Disponível em:
https://entretenimento.r7.com/preta-gil-e-alvo-de-racismo-em-rede-social-e-faz-
denuncia-a-policia-26072016. Acesso em: 13 out. 2020.

PROJETO DE LEI Nº 6341, DE 2019. Aperfeiçoa a legislação penal e processual


penal. SENADO. não paginado. Disponível em: https://legis.senado.leg.br/sdleg-
getter/documento?dm=8052836&ts=1578319198569&disposition=inline. Acesso em:
08 maio 2020.

REDAÇÃO. Atirador de Realengo sofria bullying no colégio, diz ex-colega.


Veja.com. não paginado. Disponível em: https://veja.abril.com.br/brasil/atirador-de-
realengo-sofria-bullying-no-colegio-diz-ex-colega/. Acesso em: 06 set. 2020.

REDAÇÃO. Day McCarthy, que chamou filha de Gagliasso de ‘macaca’, está


foragida. Catraca Livre. não paginado. Disponível em:
https://catracalivre.com.br/entretenimento/day-mccarthy-que-chamou-filha-de-
gagliasso-de-macaca-esta-foragida/. Acesso em: 18 out. 2020.

REDAÇÃO. Socialite que debochou de filha de Ticiane Pinheiro é punida.


Catraca Livre. não paginado. Disponível em:
https://catracalivre.com.br/entretenimento/socialite-que-debochou-de-filha-de-ticiane-
pinheiro-e-punida/. Acesso em: 12 out. 2020.

RIBAS, Eduardo Ramón. Interpretación extensiva y Analogia en el Derecho


Penal. Revista de Derecho Penal y Criminología. 3ª Época, nº. 12. 2014.
RIGUES, Rafael. Conexão mais rápida do mundo permite baixar quase 5 mil
DVDs em 1 segundo. Olhar Digital. não paginado. Disponível em:
https://olhardigital.com.br/noticia/conexao-mais-rapida-do-mundo-permite-baixar-
quase-5-mil-dvds-em-1-segundo/105724. Acesso em: 13 out. 2020.

RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul.


Queixa-Crime nº : 70063655682. Querelante: Mauro Caum Gonçalves. Querelado:
Eugênio Paes Amorim. DES. Newton Brasil de Leão. Órgão especial do Tribunal.
julgado em 13 de agosto de 2018. Disponível em:
https://www1.tjrs.jus.br/site_php/consulta/consulta_processo.php?
nome_comarca=Tribunal%20de%20Justi%C3%A7a%20do%20RS&versao=&versao
_fonetica=1&tipo=1&id_comarca=700&num_processo_mask=&num_processo=7006
3655682&codEmenta=7706337&temIntTeor=true. Acesso em: 20 out. 2020.

SANTOS, Giovanna de Lourdes S dos, COSTA, Geovana Zacarias da, SANTOS,


Elizabeth, VILARINHO, Millena. Cyberbullying no direito da intimidade e da
privacidade. Unaerp. Disponível em: https://www.unaerp.br/revista-cientifica-
integrada/edicoes-anteriores/volume-3-edicao-3/2720-rci-cyberbullying-no-direito-da-
intimidade-e-da-privacidade/file. Acesso em: 08 out. 2020.

SHARIFF,Shaheen. Ciberbullying: questões e soluções para a escola, a sala de


aula e a família / Shaheen Shariff ; tradução: Joice Elias Costa ; revisão técnica:
Cleo Fante. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Artmed, 2011.

SOARES, Rafael. Carolina Dieckmann não deu seguimento a processo por


vazamento de fotos íntimas, e responsáveis estão livres. Extra Globo. não
paginado. Disponível em: https://extra.globo.com/casos-de-policia/carolina-
dieckmann-nao-deu-seguimento-processo-por-vazamento-de-fotos-intimas-
responsaveis-estao-livres-7890077.html. Acesso em: 13 out. 2020.

SYDOW, Spencer Toth. Curso de Direito Penal Informático / Spencer Toth


Sydow – Salvador: Editora JusPodivm, 2020.

VÉRDELIO, Andreia. Bolsonaro diz que vetará aumento de pena para injúria na
internet. Agência Brasil. não paginado. Disponível em:
https://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2019-12/bolsonaro-diz-que-vetara-
aumento-de-pena-para-injuria-na-internet. Acesso em: 15 out. 2020.

VOORS, Willian. The parent’s book about bullying: Changing the course of your
child life: for parents on either side of the bullying fence. Minnesota: Hazelden,
2010.

WALLYS, Lucy. A adolescência acaba aos 25 anos? . BBC News. não paginado.
Disponível em:
https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2013/09/130925_adolescencia_termina_25
anos_an. Acesso em: 16 out. 2020.

WILLARD, Nancy apud SHARIFF, Shaheen. Ciberbullying: questões e soluções


para a escola, a sala de aula e a família / Shaheen Shariff ; tradução: Joice Elias
Costa ; revisão técnica: Cleo Fante. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Artmed,
2011.

ZAFFARONI, Eugenio Raúl. BATISTA, Nilo. ALAGIA, Alejandro. SLOKAR, Alejandro.


Direito Penal Brasileiro: primeiro volume – Teoria Geral do Direito Penal. 3º
edição. Rio de Janeiro: Revan, 2006.

Você também pode gostar