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Análise Estilística com relação aos Elementos da Linguagem Cinematográfica do filme:

Bom Trabalho

Audiovisual - Linguagem Audiovisual


Prof. Rodrigo Sombra
Eduardo Marques dos Santos

Em “Bom trabalho” de Claire Dennis, é retratada a imagem da figura masculina no


exército, com destaque, principalmente, em expor seus corpos a fim de induzir a narrativa
através da relação pelas quais são sintetizados em cena. É um filme que se passa entre
movimentos de planos relativamente longos, com a utilização de cores frias e que segue um
fluxo narrativo não convencional, sendo necessário uma minuciosa análise sobre cada aspecto
cinematográfico presente no filme.

Sob esse viés, ao analisar estilisticamente a obra, é possível observar a grande


presença dos elementos da Mise-en-Scène utilizados intencionalmente pela diretora no
decorrer do filme. Esses elementos são representados de forma a criar uma relação sensorial
que narra a história, evitando a dependência excessiva de diálogos ou contextos explícitos e
focando, sobretudo, na relação entre os movimentos de corpos representados.

Em primeira análise, é importante destacar que a história se passa sobre a


influência do olhar de um sargento que se vê posteriormente ameaçado a perder seu posto
para um soldado recém-chegado em seu batalhão, isso se evidencia, inicialmente, na cena em
que acontece um treinamento com todos os demais soldados e há um duelo de olhares
evidente quando os dois homens se encontram frente a frente em um período curto de tempo
durante as atividades. No mesmo plano, podemos observar também, que o ângulo da câmera
articula linearmente mostrando os dois rapazes se encarando sob o ângulo em contra-plongee,
trazendo mais evidente a sensação de duelo que fora iniciado.
Por conseguinte, é crucial analisar a forma que é representada a imposição do
sargento sobre os demais rapazes. Na cena em que há uma dança de soldados formados em
círculo, e logo no centro localizado o sargento guiando os movimentos do grupo, transmite a
ideia de que há uma superioridade que advém daquele que está no meio da roda.

O filme está sempre gesticulando entre a representação da vaidade masculina e suas


determinadas ações, que são representadas através das maneiras pelas quais os seus corpos se
compõem em cena. Por exemplo, na cena em que todos os soldados estão se abraçando
ininterruptamente, podemos sentir como se estivessem experimentando os corpos um dos
outros e estabelecendo uma relação de afeto com os seus companheiros.

Sobretudo, o filme expressa através de todos esses elementos, a busca pelo


autoconhecimento dos personagens, em especial do sargento, que após se isentar de seu posto,
é mostrado na cena final do filme, dançando livremente e rendido aos desejos de seu corpo. A
obra, traz ao decorrer do filme, cenas de festas acontecendo sem contexto com a narrativa, mas
logo assemelhamos que se tratava pelo seu anseio em ser livre.

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