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NO PALÁCIO UNIVERSITÁRIO
RIO DE JANEIRO
Março de 2018
REABILITAÇÃO DE RESTAURO DE EDIFÍCIOS ANTIGOS: A INTERVENÇÃO
NO PALÁCIO UNIVERSITÁRIO
Examinada por:
______________________________________________
Prof. Eduardo Linhares Qualharini (orientador).
______________________________________________
Profa. Elaine Garrido Vazquez.
______________________________________________
Profa. Carla Araújo Mota
RIO DE JANEIRO
Março de 2018
ii
Assumpção, Amanda de Araujo
iii
AGRADECIMENTOS
Agradeço a minha família, aos meus pais, Marcello Assumpção e Claudia Assumpção, e
aos meus irmãos, Marcella Assumpção, Bruno Assumpção e Gabriel Assumpção, que
sempre me apoiaram e incentivaram com muito amor.
Agradeço aos amigos que adquiri ao longo da minha vida acadêmica, tanto no curso de
Engenharia Civil quanto nos treinos e competições da Associação Atlética Acadêmica
Escola Politécnica, em especial a Amanda Guimarães, Anna Carolina Sermarini, Anna
Fagundes, Clarice Sipres.
iv
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos
requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.
Março/2018
Resumo
v
Abstract of Monograph present to Poli/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements
for degree of Civil Engineer.
March/2018
Abstract
Built in the 19th century, the University Palace has witnessed several historical events
since its inauguration. Located in Urca, it has undergone several interventions, but has
never been fully recovered. This research brings a bibliographic review of the concepts,
characteristics and phases of rehabilitation. The restoration process must requalify and
benefit the building, while taking into account the limitations and requirements present
in the interventions of historic buildings. The University Palace is presented as an
example of application of rehabilitation practices, through the description of the actions
and techniques used.
vi
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................. 1
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS.................................................................... 1
1.2 OBJETIVO .................................................................................................. 2
1.3 METODOLOGIA ........................................................................................ 2
1.4 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO ......................................................... 2
2 REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIOS ............................................... 3
2.1 CONCEITOS DE REABILITAÇÃO ........................................................... 3
2.1.1 Conservação E Restauração ..................................................................... 3
2.1.2 Alteração .................................................................................................... 5
2.1.3 Manutenção ............................................................................................... 5
2.1.4 Reforma...................................................................................................... 5
2.1.5 Reparo ........................................................................................................ 6
2.1.6 Retrofit ....................................................................................................... 6
2.2 TIPOLOGIA DAS EDIFICAÇÕES............................................................. 7
2.2.1 Edificações Antigas E Degradadas ........................................................... 8
2.2.2 Edificações Inacabadas E Abandonadas.................................................. 9
2.2.3 Edificações Com Sistemas Prediais Ineficientes Ou Inadequados ....... 10
2.2.4 Edificações Com Mudança De Uso ......................................................... 10
2.3 NÍVEIS DE INTERVENÇÃO ................................................................... 11
2.4 FASES DO PROJETO DE REABILITAÇÃO ........................................... 16
2.4.1 Análise De Viabilidade ............................................................................ 17
2.4.2 Diagnóstico ............................................................................................... 18
2.4.3 Definição Da Estratégia .......................................................................... 23
2.4.4 Projeto De Execução ............................................................................... 24
2.4.5 Análise Técnico-Econômica De Propostas ............................................. 24
2.4.6 Execução Da Obra ................................................................................... 24
3 EXEMPLO DE APLICAÇÃO DE REABILITAÇÃO DE
RESTAURO: A INTERVENÇÃO NO PALÁCIO UNIVERSITÁRIO
26
3.1 FASE 2: DIAGNÓSTICO ......................................................................... 26
vii
3.1.1 Histórico ................................................................................................... 26
3.1.2 Materiais E Métodos Construtivos ......................................................... 31
3.1.3 Identificação De Patologias ..................................................................... 44
3.2 FASE 3: DEFINIÇÃO DAS SOLUÇÕES ................................................. 53
3.2.1 Fachadas Externas .................................................................................. 53
3.2.2 Forros ....................................................................................................... 56
3.2.3 Telhados ................................................................................................... 57
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................... 61
4.1 COMENTÁRIOS ...................................................................................... 61
4.2 SUGESTÕES ............................................................................................ 61
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................. 63
viii
LISTA DE FIGURAS
ix
Figura 27: Forro em gesso decorado, salão Dourado. Foto: Bira Soares ....................... 38
Figura 28: Planta de cobertura ........................................................................................ 38
Figura 29: Telhado sobre antes da intervenção. ............................................................. 39
Figura 30: Duas últimas linhas de telhas planas e calha em fibrocimento ..................... 40
Figura 31: Elementos do sistema de drenagem: a) gárgulas em pátio interno b) delfim na
terminação do duto de águas pluviais ............................................................................. 40
Figura 32: Platibanda: a) estátuas e vasos na cobertura b) avanço de vegetação pela
platibanda........................................................................................................................ 41
Figura 33: Tesouras originais do Hospício Pedro II. ...................................................... 41
Figura 34: Tesoura 1: a) uma das tesouras em 2005 b) planta da tesoura. ..................... 42
Figura 35: Tesoura 2 do Palácio Universitário. .............................................................. 42
Figura 36: Tesoura 3 do Palácio Universitário ............................................................... 42
Figura 37: Estrutura com pontaletes do Palácio Universitário ....................................... 43
Figura 38: Indicações de regiões com características históricas diferentes em suas
estruturas......................................................................................................................... 43
Figura 39: Cambotas e fasquias compondo a estrutura da claraboia .............................. 44
Figura 40: Detalhes construtivos de da estrutura da claraboia ....................................... 44
Figura 41: Patologias da fachada principal oeste ........................................................... 46
Figura 42: Patologias da fachada posterior oeste ........................................................... 46
Figura 43: Patologias da fachada oeste........................................................................... 47
Figura 44: Patologias da fachada leste. .......................................................................... 47
Figura 45: Localização do pátio 5. ................................................................................. 47
Figura 46: Patologias da fachada A do pátio 5. .............................................................. 48
Figura 47: Patologias da fachada B do pátio 5. .............................................................. 48
Figura 48: Patologias da fachada C do pátio 5. .............................................................. 49
Figura 49: Patologias da fachada D do pátio 5. .............................................................. 49
Figura 50: Localização do pátio 6. ................................................................................. 50
Figura 51: Patologias da fachada A do pátio 6. .............................................................. 50
Figura 52: Patologias da fachada B do pátio 6. .............................................................. 51
Figura 53: Patologias da fachada C do pátio 6. .............................................................. 51
Figura 54: Patologias da fachada D do pátio 6. .............................................................. 52
Figura 55: Modelo recriado com almofadas e telhas. ..................................................... 53
x
Figura 56: Modelo recriado com aplicação de argamassa com diferentes tonalidades .. 54
Figura 57: Fachada sendo lixada. ................................................................................... 54
Figura 58: Fachadas em diferentes fases da restauração. ............................................... 55
Figura 59: Tampa de fibra de vidro para cachepot em processo de secagem. ............... 55
Figura 60: Molde para produção de cachepot. ............................................................... 56
Figura 61: Forros do segundo pavimento restaurados. ................................................... 56
Figura 62: Telhado recriado para estudar interface com calhas e platibanda................. 57
Figura 63: Estrutura do telhado recebendo tratamento contra microrganismo. ............. 58
Figura 64: Instalação da cobertura provisória. ............................................................... 58
Figura 65: Construção do telhado da nave da capela: a) fixação dos caibros b) bandejas
metálicas e ripas de madeira. .......................................................................................... 59
Figura 66: Telhado da rotunda da capela: a) estrutura metálica b) ripas de madeira sobre
estrutura metálica............................................................................................................ 59
Figura 67: Fixação de folhas de cobre no telhado da rotunda. ....................................... 60
Figura 68: Elementos de ferro degradados que não serão reutilizados. ......................... 60
xi
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Síntese dos principais conceitos referente a cada tipo de tipologia. .............. 14
Quadro 2: Aplicações de reabilitação ligeira.. ................................................................ 15
Quadro 3: Aplicações de reabilitação média.. ................................................................ 15
Quadro 4: Aplicações de reabilitação profunda. ............................................................ 16
Quadro 5: Aplicações de reabilitação excepcional. ........................................................ 16
Quadro 6: Identificação de patologias nos azulejos das fachadas .................................. 45
Quadro 7: Identificação de patologias das argamassas das fachadas. ............................ 45
xii
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Nos últimos anos, o Estado buscou implantar projetos e políticas para renovar as construções
dos centros urbanos, pois há uma infraestrutura instalada subutilização, quanto a sistema viário,
linhas de metrô, sistemas de abastecimento de água, esgoto e energia elétrica. Além disso, sua
influência é essencial para a revitalização econômica, social e cultural destas áreas. (CEF, 2005
apud Jesus, 2008).
O Palácio Universitário, que foi tombado pelo IPHAN em 1972, está localizado na Urca e
hospeda comunidades acadêmicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Representa um caso de reabilitação predial para preservação do patrimônio histórico e cultural
para recuperar seu desempenho e para atender a novas demandas.
O projeto foi elaborado pelo Escritório Técnico da Universidade (ETU), que é o órgão da
Universidade responsável pela elaboração e acompanhamento de projetos, fiscalização de obras
e levantamento de patologias das edificações da Universidade. Devido às dificuldades de
financiamento, a intervenção foi divindade em fases e a primeira começou em 2015, com o
objetivo de restaurar seus telhados e fachadas.
1
1.2 OBJETIVO
Este trabalho tem como objetivo fazer uma revisão da literatura disponível acerca da
reabilitação de edifícios, apresentar a definição de seus conceitos, seus campos de aplicação,
caracterizar os níveis e fases de um processo de reabilitação predial. O Palácio Universitário é
apresentado como um exemplo de aplicação deste tipo de intervenção predial, onde será feito
um descritivo das ações realizadas e análise de suas principais características.
1.3 METODOLOGIA
A fim de alcançar os objetivos propostos foi realizada uma pesquisa documental, onde foram
consultados livros, revistas, artigos, monografias, dissertações, teses e sites referentes ao tema
abordado, sendo realizada uma pesquisa bibliográfica. Houve ainda pesquisa nos principais
meios de veiculação de notícias a respeito da reabilitação Palácio. Ainda fez parte deste trabalho
uma visita ao canteiro de obras e entrevista com o engenheiro responsável, que disponibilizou
documentos e registros fotográficos do desenvolvimento.
A partir da abordagem descrita, foi possível chegar ao resultado, organizado neste documento
e em uma apresentação para divulgação da pesquisa realizada.
Este trabalho é composto de quatro capítulos desenvolvidos de forma a atender aos objetivos
propostos, conforme explicitado a seguir.
O primeiro capítulo trata da introdução do tema, onde são feitas as considerações iniciais, o
objetivo da escolha do tema, metodologia de pesquisa e estruturação do trabalho.
O segundo capítulo tem como objetivo conceituar a reabilitação tanto no nível urbano e quanto
no nível do edifício, e definir quais os campos de aplicação de intervenção predial existentes.
Além disso, define os níveis de intervenção existentes, as principais fases do processo e
apresenta recomendações de técnicas e de gestão das operações.
O quarto e último capítulo trata das considerações finais do trabalho, com uma análise final do
atendimento aos objetivos do trabalho e apresentação, em seguida, das suas referências
bibliográficas e um anexo.
2
2 REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIOS
Freitas (2012) entende que a reabilitação de edifícios pode ser definida como “ações de
intervenção necessárias e suficientes para os dotar de condições de segurança, funcionalidade
e conforto, respeitando a sua arquitetura, tipologia e sistema construtivo.” Já Barrientos (2004)
define a reabilitação como ações com o objetivo de recuperar e beneficiar edificações,
utilizando mecanismos para fazer uma atualização tecnológica.
Este trabalho tem como objetivo a análise da reabilitação no nível de edifícios e, para que seja
clara a compreensão da pesquisa realizada, é importante definir os principais termos inseridos
neste contexto.
3
O patrimônio histórico e artístico nacional é definido, no decreto-lei n° 25, de 30 de novembro
de 1937, como “o conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação
seja de interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer
por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico.”
Segundo a Carta de Veneza, um monumento histórico pode ser tanto uma criação arquitetônica
isolada, quanto um sítio – urbano ou rural – que apresente evidências de uma civilização
particular, de uma evolução significativa ou de um acontecimento histórico. Inclui grandes
obras e, também, as modestas que tenham adquirido significado cultural.
Para Jesus (2008), a conservação está relacionada à preservação da edificação devido a sua
importância cultural e histórica. Pode-se acrescentar que envolve um conjunto de processos,
dentre eles a restauração.
A restauração é definida, na Carta de Veneza, como uma operação de caráter excepcional que
tem como objetivo conservar os aspectos históricos e estéticos do monumento, respeitando os
materiais e documentos originais, sendo sempre precedida de um estudo arqueológico e
histórico do monumento. Serão tolerados acréscimos de partes faltantes desde que os novos
elementos se integrem harmoniosamente ao conjunto, mas de maneira que seja possível
distingui-los do original para não haver falsificação da sua história.
4
Barrientos (2004) define a restauração como um conjunto de ações que tem como objetivo
recuperar a concepção original ou momento áureo da história da edificação, se referindo a
intervenções em obras de arte.
2.1.2 ALTERAÇÃO
De acordo com Tavares (2011), alteração aplicada na reabilitação de edifícios refere-se a ações
que não tem como objetivo proporcionar a manutenção ou reparação de elementos, mas sim
alterar sua aparência ou seu funcionamento.
Assim, como Jesus (2008) apresenta, as atividades de alterações podem ser classificadas em
três níveis: alteração nível 1 (remoção, reutilização ou aplicação de novos materiais aos
elementos do edifício), alteração nível 2 (alterações que reconfiguram espaços ou subsistemas)
e alteração nível 3 (ocorrem em mais de 50% da área total do edifício).
2.1.3 MANUTENÇÃO
Segundo a NBR 5674:2012 – Manutenção de edificações: requisitos para o sistema de gestão
de manutenção, manutenção de edificações é o “conjunto de atividades a serem realizadas para
conservar ou recuperar a capacidade funcional da edificação e de suas partes constituintes de
atender as necessidades e segurança dos seus usuários.” Além disso, esta mesma norma
classifica as ações de manutenção em três categorias:
a) manutenção rotineira: serviços simples e padronizados, que podem ser executados
por equipe própria.
b) manutenção planejada: serviços agendados previamente por pedido dos usuários,
por relatórios de inspeções ou por estimativa de durabilidade dos subsistemas;
c) manutenção não planejada: serviços não previstos que exigem intervenção imediata,
incluindo a manutenção de emergência.
Para Flores e Brito (2002), a manutenção também pode ser analisada sob três perspectivas:
manutenção preventiva (ações planejadas e periódicas, provoca menos interferência na
utilização dos espaços), manutenção corretiva (ações executadas de acordo com o resultado de
vistorias) e manutenção de melhoramento (ações que modificam elementos para melhorar suas
características iniciais).
2.1.4 REFORMA
Segundo Barrientos (2004), reforma é a intervenção que busca o retorno a forma original.
Gieseler (2009) caracteriza a reforma como a execução de pequenos reparos em instalações e
5
equipamentos já existentes, tais como limpeza de coberturas, melhoria de instalações elétricas
ou reparo em revestimentos.
2.1.5 REPARO
Segundo Barrientos (2004), reparos são intervenções pontuais em anomalias localizadas. Já
Jesus (2008) caracteriza reparo como recuperação de materiais, elementos ou equipamentos da
edificação.
2.1.6 RETROFIT
O termo Retrofit significa atualização tecnológica de edifícios antigos, ou seja, utilização de
materiais de última geração e incorporação de novas técnicas com a finalidade de prolongar a
vida útil, o conforto e a funcionalidade de edifícios antigos. O retrofit não se aplica unicamente
a edifícios de valor arquitetônico ou tombados pelo patrimônio histórico, qualquer edifício
decadente pode renovar sua fachada e agregar modernas instalações sem precisar,
necessariamente, substituir componentes da edificação. (BARRIENTOS, 2004)
Reabilitaçao
Urbana
- Conservação
- Restauração
6
2.2 TIPOLOGIA DAS EDIFICAÇÕES
Os bens edificados suscetíveis a passar por um processo de reabilitação estão localizados,
geralmente em maior número, nas cidades mais antigas. Este processo envolve diversos
agentes, cada um motivado por seus próprios interesses, de tal modo que a reabilitação não se
aplica apenas aos edifícios antigos e degradados. (CROITOR, 2008)
Empresas
instaladoras
Fabricantes
Empresas de
de
construção
elevadores
Empresas Vizinhança
projetistas do prédio
Reabilitação de
edifícios
Fabricantes
Prefeituras
de materiais
Sociedade Indústrias
civil de base
7
2.2.1 Edificações antigas e degradadas
Edifícios antigos são aqueles que foram construídos antes da invenção do cimento Portland e
das estruturas de concreto armado, através da utilização das técnicas edificantes herdadas da
tradição romana e da aplicação de materiais tradicionais. (APPLETON, 2003)
8
em regiões não centrais atraíram o interesse para estas áreas e provocaram a desvalorização e a
desocupação de áreas centrais. (CROITOR, 2008)
O abandono destas edificações provoca a degradação tanto do prédio em si, como das áreas de
entorno. Quando o projeto original admite alterações e adaptações a técnicas mais modernas,
9
quando a localização do empreendimento está em uma região valorizada, e se os proprietários
ou investidores se interessarem, o processo de reabilitação pode agregar valor a estes edifícios.
Nestes casos, a reabilitação apresenta particularidades no estudo de viabilidade e no
desenvolvimento dos projetos. Além disto, o volume de recursos necessários está ligado à
dimensão das degradações e, muitas vezes, é o motivo do abandono destes edifícios.
(CROITOR, 2008)
Figura 5: Edificio comercial que passou por retrofit. Fonte: Qualharini, 2004
O retrofit é mais empregado em edifícios comerciais por empresas que buscam readequar
espaços e diminuir os custos com operação e manutenção através da modernização de
instalações. Então, sistemas elétricos que não atendem à demanda, sistemas de refrigeração
ineficientes e sistemas hidrossanitários que não reutilizam as águas pluviais são substituídos
por projetos mais modernos e eficientes. (CROITOR, 2008)
10
A mudança de uso pode ocorrer entre tipos de utilização diferentes (residencial e comercial, por
exemplo), no adensamento de unidades habitacionais e nos padrões das edificações (médio
padrão para HIS, por exemplo). Como exemplo de mudança no uso, temos: transformação de
edifício residencial em escritórios, adaptação de antigas fábricas em supermercados, hotéis
transformados em edifícios residenciais. (CROITOR, 2008)
Figura 6: O prédio que abrigava um colégio transformado em hotel na Lapa, Rio de Janeiro. Fonte: Raitzik, 2018
11
c) Comportamento estrutural: equivale à garantia de segurança dos usuários e de bens.
Apesar de ser o fator mais crítico, é o que recebe menos atenção porque as intervenções
atrapalham a utilização do edifício, são consideradas caras e não apresentam benefícios
palpáveis.
As reabilitações podem contemplar ações de reparação (com intuito de solucionar anomalias)
e, também, de beneficiação (para melhorar o seu desempenho). As possibilidades de
intervenções físicas e a suas respectivas classificações em níveis são condicionadas por diversos
fatores. (PAIVA et. al., 2006).
Tipologia
Escala de
arquitetônica
intervenção
e construtiva
Edifício
tombado ou Avaliação de
em área patologias
protegida
Objetivos e
critérios
Níveis de Necessidades
intervenção dos usuários
técnicos
Figura 7: Fatores que influenciam os níveis de intervenções (Adaptado de Paiva et. al., 2006).
12
A partir destes critérios, as anomalias são classificadas em quatro categorias: (Paiva et. al., 2006).
a) Anomalias pequenas: têm como consequência apresentar um aspecto prejudicial para o
edifício e sua correção é simples, geralmente solucionado com uma limpeza,
substituição ou pequenas correções. Quando presentes em elementos primários, são
patologias pontuais ou superficiais. Nos elementos secundários têm caráter estético. Nos
revestimentos e acabamentos equivalem a desgaste, pequenas rachaduras e sujidade
destes elementos. Nas instalações também são de caráter estético.
b) Anomalias médias: sua consequência é afetar o uso e conforto das pessoas, sendo sua
correção feita através de intervenções pontuais. Nos elementos primários são facilmente
notadas, podendo afetar profundamente mais de um elemento. Nos elementos
secundários são identificados problemas mecânicos, funcionais ou reduzem sua
durabilidade, mas se manifestam poucas vezes e não oferecem riscos a segurança. Nos
revestimentos provocam deterioração dos materiais. Nas instalações, são detectadas
deteriorações pontuais e deficiência de funcionamento, corrigidas através da
substituição de elementos.
c) Anomalias grandes: acidentes sem gravidade podem ser sua consequência, de modo que
a saúde e segurança dos usuários está em risco. As correções são feitas através da
substituição ou reparação ampla dos elementos. Nos elementos primários e secundários,
as anomalias são facilmente notadas e seus efeitos são grandes. Os revestimentos
apresentam degradação em grandes áreas e pode haver risco de queda de placas de
alturas reduzidas. Nas instalações, a degradação é grande a ponto de provocar
funcionamento deficiente.
d) Anomalias muito grandes: as consequências são acidente graves, colocando em risco a
saúde e segurança dos usuários. Para correção das patologias são necessárias
substituições ou reparações totais. Nos elementos primários há ausência de elementos e
deterioração avançada, as condições de segurança e habitabilidade estão em risco. A
solução só é feita com substituição total de elementos. Elementos secundários
apresentam grande deterioração ou estão ausentes, havendo risco quanto a segurança e
invasões. Revestimentos estão ausentes em grandes áreas e há risco de queda de placas
de grandes alturas. Nas instalações, a deterioração é grande a ponto de impedir o
funcionamento do sistema.
O Quadro 1 resume as características e consequências das anomalias apresentadas.
13
Quadro 1: Síntese dos principais conceitos referente a cada tipo de tipologia. Fonte: Adaptado de Marinho, 2011
Anomalias
Pequenas Médias Grandes Muito Grandes
aspecto visual
conforto Acidentes sem graves ou muito graves
gravidade
Limpeza,
correção
Tipo de
Substituição ou Substituição ou
substituição Substituição ou
reparação reparação
ou reparações reparação total
parcial ampla
pequenas
Elementos primários
Deterioração acentuada
Notórias;
ou ausência; colocam
Pontuais ou podem motivar
Notórias em risco a segurança
superficiais acidentes
estrutural e condições
graves
de habitabilidade
Deterioração acentuada
Critério de local de manifestação
secundários
Elementos
Mecânicas,
Notórias; ou ausência; colocam
Caráter funcionais ou
podem motivar em risco a segurança na
estético põem em risco
acidentes utilização ou contra
a durabilidade
intrusões
Revestimentos e
acabamentos
Desgaste,
Deterioração Degradação em
pequenas Ausência em grandes
em áreas grandes áreas;
rachaduras ou áreas; Risco de queda
limitadas Risco de queda
sujidade
Instalações
Degradação
Caráter Deterioração extensiva; Degradação extensiva;
estético pontual Funcionamento não funcionamento
deficiente
14
Assim, as intervenções de reabilitação podem ser classificadas em quatro níveis: (Paiva et. al.,
2006).
Quadro 2: Aplicações de reabilitação ligeira. Fonte: Adaptado de Paiva et. al., 2006.
Reparação de pequenas anomalias nos rebocos e pintura das fachadas internas e externas;
Reparos da caixilharia;
Reaplicação do revestimento.
Nível 2 – Reabilitação média: além das ações anteriores, a edificação passa por reforma
total ou parcial com possível mudança de layout, mas sem alterar o uso original do
imóvel. Não há necessidade de realojar provisoriamente os residentes, exceto em casos
pontuais.
Quadro 3: Aplicações de reabilitação média. Fonte: Adaptado de Paiva et. al., 2006.
15
b) Nível 3 – Reabilitação profunda: em adição aos casos anteriores, as alterações são
significativas, pode haver demolições e reconstruções de pavimentos e paredes, solução
de problemas estruturais, substituição de muitos elementos de carpintaria e aplicação de
novos revestimentos. São utilizados novos materiais e técnicas construtivas. Neste caso,
há necessidade de realojar os moradores por grandes intervalos de tempo.
Quadro 4: Aplicações de reabilitação profunda. Fonte: Adaptado de Paiva et. al., 2006.
Reparo de elementos danificados que ofereçam risco a segurança dos usuários (escadas,
paredes divisórias, elementos da cobertura, etc.);
Quadro 5: Aplicações de reabilitação excepcional. Fonte: Adaptado de Paiva et. al., 2006.
16
FASE 3
FASE 1 FASE 2
Definição da
Análise de viabilidade Diagnóstico
estratégia
FASE 5
FASE 6 Análise técnico- FASE 4
Execução da obra econômica de Projeto de execução
propostas
A primeira fase de um projeto de reabilitação deve ser a análise de sua viabilidade e a definição
do programa de intervenções. Em edifícios antigos, há de se atentar que o programa deve ser
desenvolvido em função do edifício e não o contrário. (FREITAS, 2012)
17
Quando tratamos de intervenções de edifícios antigos, além da valorização tangível do imóvel,
temos uma valorização intangível por preservação de valores de ordem artística, cultural ou
histórica. Na reabilitação dos edifícios antigos é maior a dificuldade em assegurar algumas das
exigências atuais, sendo mesmo em algumas situações impossível, ou apenas possível a custos
proibitivos. Por outro lado, a reabilitação é fundamental para um desenvolvimento sustentável,
reutilizando o construído na perspectiva de poupar recursos e energia. (FREITAS, 2012)
2.4.2 Diagnóstico
Avalia-se a intervenção em um edifício para recuperar seu desempenho original ou para
melhorar duas condições, de forma que consiga atender às exigências de conforto e qualidade.
O estudo de diagnóstico é complexo e precisa ser realizado por uma equipe multidisciplinar de
técnicos experientes e qualificados em reabilitação, que conheçam os diversos materiais e
técnicas de construção para que o diagnóstico do escopo da intervenção seja claro e detalhado.
Além de analisar o estado de conservação do edifício, nesta fase também deve-se elaborar a
estratégia de atuação na reabilitação. (FREITAS, 2012)
Apesar de cada caso ser particular, alguns processos se repetem e a seguinte metodologia pode
ser aplicada, com as adaptações necessárias: (FREITAS, 2012)
Estas inspeções devem ser suficientes para elaboração de um diagnóstico para guiar as
intervenções, que poderão ser ações de reabilitação, de restauro ou, em último caso, de
substituição ou demolição de elementos, ou podem indicar a necessidade de tomar novas
medidas de apoio ao diagnóstico. (FREITAS, 2012)
As informações obtidas através das investigações, apesar de variarem de acordo com o grau de
intervenção no edifício, deverão ser organizadas de forma clara para facilitar a consulta, em um
documento com a seguinte estrutura: (FREITAS, 2012)
1. Introdução
2. Localização e descrição do edifício
3. Descrição dos elementos construtivos em análise
4. Sondagens, medições e ensaios
5. Caracterização do estado de degradação e identificação das anomalias
6. Causas prováveis das anomalias
7. Metodologia proposta para os trabalhos de reabilitação
8. Estimativas de custos
9. Conclusão
A qualidade das soluções propostas e uma estimativa orçamental global são decisivas no auxílio
à definição da estratégia a adotar. (FREITAS, 2012)
2.4.2.1.1 Fachadas
As patologias mais comuns em paredes de alvenaria de edifícios antigos são a desagregação, o
esmagamento e a fendilhação (rachaduras), provocadas por problemas estruturais ou por
infiltrações.
19
A fendilhação, que pode surgir em aberturas de vãos ou na ligação entre paredes, tem como
uma das causas principais os recalques diferenciais das fundações. Também, podem aparecer
devido a erros construtivos, à baixa qualidade dos materiais utilizados ou um isolamento
térmico ineficiente da cobertura pode provocar variações nas dimensões da estrutura e o
surgimento de rachaduras. (PAVÃO, 2016)
A desagregação é outra patologia recorrente em edifícios antigos, podendo ser provocada pelo
agravamento das rachaduras, pela ação de agentes climáticos, pela ação de água de chuva ou
pela umidade ascendente. A infiltração de água é a principal responsável pela desagregação,
pois se locomove pelos pontos mais fracos, geralmente nas juntas de argamassas. Esta patologia
é comum a rebocos com baixa resistência mecânica, como os à base de cal. (PAVÃO, 2016)
O esmagamento geralmente ocorre em pontos de concentração de cargas, como no local de
descarga de vigas nas paredes. É usual que apareça em paredes de níveis inferiores e que surjam
após novas construções (PAVÃO, 2016)
Os rebocos podem sofrer fissuras provocadas pela fendilhação das paredes, pela absorção de
água, pela retração da argamassa, pela espessura inadequada de revestimento ou pela
incompatibilidade entre o material de suporte e o reboco. (PAVÃO, 2016)
As eflorescências, de cor branca ou bege, se manifestam devido a cristalização na superfície da
parede dos sais transportados pela água. As manchas de umidade estão diretamente relacionadas
com a presença de água ou inexistência de elementos impermeabilizantes, podendo também ser
provocadas por ascensão da água por capilaridade. (PAVÃO, 2016)
É comum a mudança de cores e tons devido ao acúmulo de sujeira nas superfícies, provocado
pela ação do vento, por elementos químicos derivados da poluição atmosférica e pela ação dos
raios solares. (PAVÃO, 2016)
A utilização de pedras de cantaria sempre foi um recurso muito utilizado na construção de
edifícios devido a sua resistência e, também, pelo seu valor estético. Resistem muito bem a
ações de agentes atmosféricos e, geralmente, estão em melhor estado de conservação que
rebocos de argamassas ou caixilharias de madeira. (PAVÃO, 2016)
Entretanto, algumas anomalias são observadas sendo estas as mais frequentes: (PAVÃO, 2016)
a) desgaste da pedra, provocado pela ação da água da chuva, tornando-a rugosa e afetando
sua aparência.
b) sujidade, provocada pela poluição atmosférica e cada vez mais comum na atualidade,
além da ação de aves (pombos e gaivotas).
20
c) fendilhação, provocada por movimentos das estruturas ou das fundações, ou por não
suportar a carga aplicada.
d) eflorescências, provocadas pela migração de sais através da pedra, de argamassas ou da
ação de águas infiltradas.
2.4.2.1.2 Forros
Nos tetos de madeira era comum a aplicação de tintas a óleo, e as patologias mais comuns são
empolamentos, fissurações, destacamentos, manchas, falta de aderência e alteração de cor.
Como este material exige renovações a, no máximo, cada dez anos, não são encontradas as
pinturas originais, a menos que estejam cobertas por camadas posteriores. (APPLETON, 2003)
Uma das anomalias, a falta de aderência, pode ser provocada pela incompatibilidade entre a
pintura e a base de madeira ou pela preparação inadequada da madeira e aplicação das camadas
de tinta. (APPLETON, 2003)
Nos tetos de madeira, surgem patologias relacionadas ao envelhecimento do material, como
empenamentos e fendas. Entretanto, as mais preocupantes são as relacionadas a umidade e
infiltrações, que criam condições para o desenvolvimento de fungos e de agentes biológicos, e
levam a destruição dos elementos. (PAVÃO, 2016)
Nos tetos de gesso, as patologias usuais são fendilhações e deformações excessivas, provocadas
por deformações das estruturas dos pavimentos, vibrações ou retração das argamassas de gesso.
(PAVÃO, 2003)
2.4.2.1.3 Telhados
As principais patologias identificadas nos revestimentos de coberturas estão associadas a
necessidade de estanqueidade quanto à água das chuvas. As patologias diferem de acordo com
o tipo de cobertura (terraço ou coberturas inclinadas) e dos materiais de revestimento.
(APPLETON, 2003)
Nas coberturas inclinadas com revestimentos à base de telha cerâmica destacam-se as seguintes
anomalias: (APPLETON, 2003)
21
A estrutura de madeira pode sofrer com a umidade proveniente da infiltração de água da chuva,
resultando na sua degradação, perda de seção e capacidade de resistência.
Telhados que apresentam avançado estado de degradação dos seus elementos de cobertura ou
estrutura costumam receber uma sobrecobertura provisória, que possibilita a remoção, limpeza,
tratamento e remontagem da cobertura sem que haja danos causados pelas águas pluviais.
(SILVA, 2017)
Alguns edifícios exigem padrões mínimos de qualidade, em especial os que apresentam grande
valor patrimonial. Essa qualidade terá de passar: (FREITAS, 2012)
23
2.4.4 Projeto de execução
Após a definição da estratégia de intervenção, inicia-se a elaboração do Projeto de Execução.
Em projetos muito complexos, pode ser necessário elaborar um projeto básico, cuja revisão não
deve ser descarta. (FREITAS, 2012)
O projeto deverá ter plantas e memoriais descritivos detalhando todos os trabalhos necessários
à reabilitação. O sucesso da reabilitação dependerá da qualidade e nível de detalhamentos dos
projetos, além da integração entre os diferentes projetos menores. Os memoriais descritivos
devem fundamentar as opções do projeto (através dos resultados de simulações, ensaios e
sondagens). (FREITAS, 2012)
25
3 EXEMPLO DE APLICAÇÃO DE REABILITAÇÃO DE
RESTAURO: A INTERVENÇÃO NO PALÁCIO
UNIVERSITÁRIO
As intervenções para restauração do Palácio Universitário, desenvolvidas pelo Escritório
Técnico da Universidade (ETU) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), foram
divididas em etapas devido à dificuldade de disponibilizar recursos. Na primeira etapa, serão
restaurados telhados e fachadas. Na segunda etapa acontecerá a restauração das mais de mil
esquadrias e a pintura será feita com silicato – Ibratin. As etapas seguintes objetivam dotar o
edifício de novas instalações - elétrica, hidráulica, lógica, segurança, acessibilidade, iluminação
monumental, gradis, agenciamento paisagístico e o restauro interno de todos os ambientes, com
a previsão da recuperação dos espaços internos originais. (PALÁCIO, 2018)
3.1.1 HISTÓRICO
O primeiro ato do imperador Pedro II ocorreu no dia de sua coroação, 18 de julho de 1841, e
foi a assinatura do decreto que fundou o Hospício de Pedro II, que ficaria sob jurisdição da
Santa Casa da Misericórdia e que foi construído na atual Av. Pasteur, 250, no bairro da Urca,
na cidade do Rio de Janeiro. (PROJETO, s.d.)
Com estilo neoclássico, a edificação foi construída entre 1842 e 1852 por três dos mais
destacados arquitetos do século XIX: Domingos Monteiro, Joaquim Cândido Guillobel e José
Maria Jacintho Rebello. (HOIRISCH, 2007)
26
A construção original tinha quatro pátios internos, desenvolvendo-se em alas em torno destes,
com galerias amplas, bem ventiladas e iluminadas. Devido ao aumento do número de
internados, fez-se necessária uma expansão do prédio e foram acrescentadas duas áreas em U
em 1904, com consequente criação de mais dois pátios internos, levando a configuração atual
com seus 11.000m² de área construída. (HOIRISCH, 2007)
Figura 10: Planta do térreo. Construção de 1852 em amarelo e acréscimos de 1904 em azul. Fonte: Hoirisch,
2007
Figura 11: Planta do 2° pavimento, Construção de 1852 em amarelo e acréscimos de 1904 em azul. Fonte:
Hoirisch, 2007
Figura 12: Planta do 3° pavimento. Construção de 1852 em amarelo. Fonte: Hoirisch, 2007
27
1944 todos os pacientes haviam sido transferidos. Neste momento, a edificação estava
abandonada e apresentava muitos sinais de degradação. (PROJETO, s.d.)
Figura 13: Detalhe das portas-sacadas externas e patologias nas argamassas. Fonte: (PROJETO, s.d.)
Após a transferência dos pacientes, discutiu-se o seu uso e considerou-se até a sua demolição.
Entretanto, foi concedido à Universidade do Brasil para instalação da Reitoria e as
Universidades de Arquitetura, Farmácia e Educação Física. Em 1948 iniciaram-se obras de
remodelação e a inauguração ocorreu em 1949, na gestão do reitor Pedro Calmon, mas as
intervenções só terminaram em 1953. (PROJETO, s.d.)
SANTOS, Afonso Carlos Marques dos. Fórum em Revista, Rio de Janeiro, Fórum de
Ciência e Cultura da UFRJ, out.1998/jun. 2002, p.4-5.
28
Em 1960, seu teatro recebeu aquele que é considerado o primeiro show da Bossa Nova, a “Noite
do amor, do sorriso e da flor”, com a participação de João Gilberto, Tom Jobim, Elza Soares,
Rosana, Dorival Caymmi, entre outros. Em 1968, o Palácio foi cercado por canhões da ditadura
militar. A Reitoria se transferiu para a Cidade Universitária no início dos anos 70, e o Palácio
passa a abrigar o Fórum de Ciência e Cultura (FCC/UFRJ). O prédio foi tombado pelo IPHAN
em 1972. Hoje, sedia os cursos de Comunicação Social, Educação, Economia, Administração
e Ciências Contábeis. (CUNHA, 2018)
Figura 14: Cartaz de divulgação do show de Bossa Nova em 1968. Fonte: Rio e Cultura, 2018
Em março de 2011, enquanto passava por uma obra de restauração dos telhados, um incêndio
se iniciou na capela devido ao uso de maçarico em um processo de soldagem. A Capela São
Pedro de Alcântara, no terceiro andar do prédio, e o Auditório Anísio Teixeira, no primeiro,
foram praticamente destruídos.
No segundo andar, a sala de multimídia e gabinetes do Fórum de Ciência e Cultura foram
atingidos. No terceiro andar, os danos chegaram ao Laboratório de Economia Política da Saúde
(LEPS), que funcionava ao lado da Capela desde 2004. O acervo da Faculdade de Educação,
com pelo menos cinquenta anos de produção acadêmica, e documentos da antiga Faculdade de
Medicina da década de 1920 foram molhados durante o combate ao incêndio. Além disso, o
telhado da capela desabou devido aos extensos danos. (ADUFRJ, s.d.)
29
Figura 15: Incêndio atinge a capela em 2011. Fonte: Incêndio, 2018
a) b)
Figura 16: Patologias presentes em 2015: a) infiltrações e mofo b) queda de reboco da fachada. Fonte:
Ramalho, 2018
Após licitação, em junho de 2015 a construtora Biapó foi contratada para executar a restauração
dos telhados e fachadas do Palácio. A obra se iniciou em julho do mesmo, com prazo de
execução de três anos.
30
3.1.2 MATERIAIS E MÉTODOS CONSTRUTIVOS
Esta seção tem como objetivo registrar os materiais e as metodologias empregados no Palácio
Universitário durante a sua construção, para nortear as decisões quanto às soluções de
reabilitação.
3.1.2.1.1 Cantaria
a) b)
Figura 17: Elementos em cantaria: a) no 2° piso do pórtico b) base da coluna no térreo. Fonte: Hoirisch, 2007.
31
As áreas originais do Palácio Universitário foram construídas com paredes que exercem funções
estruturais, ou seja, sustentam toda a carga das paredes, forros e pavimentos superiores. As
vedações externas têm espessura média de 1,00 m, as internas têm aproximadamente 0,70 m e
ambas são formadas por pedras irregulares, arcos de tijolos maciços nos vãos e preenchidas
com argamassa de cal e areia. As platibandas foram construídas com tijolos maciços.
(HOIRISCH, 2007)
As vedações se mantiveram bem conservadas por muitos anos por estarem protegidas por
rebocos e desempenharam as funções estrutural e de vedação com eficiência. Entretanto, devido
às ações de agentes de deterioração e a infiltrações provocadas por falhas no telhado, os rebocos
sofreram desagregação e, como nem sempre foram substituídos, em alguns locais os elementos
constituintes das paredes ficaram expostos. As paredes expostas foram envernizadas para
impermeabiliza-las, o que dificulta a evaporação da umidade e facilita o surgimento de fungos.
Também, estão mais suscetíveis a degradações por estarem desprotegidas. (HOIRISCH, 2007)
Figura 18: Parede em alvenaria de pedra, com arco em tijolos. Fonte: Hoirisch, 2007.
32
Figura 19: Fachada da ECO, junto à piscina. Fonte: Hoirisch, 2007.
Quando da execução de uma reforma das tubulações do sanitário do segundo piso, em 1998,
descobriu-se que esta parede divisória havia sido executada em estuque. Esta técnica pode ter
sido adotada porque esta divisória não apresenta função estrutural e por ser um material mais
leve, e é possível que outras paredes tenham a mesma composição. Para a execução desta parede
“tábuas são entremeadas por fasquias de madeira, para melhor sustentar o reboco. No caso
específico desta parede o contraventamento foi feito com ripas dispostas em X.” (HOIRISCH,
2007)
O revestimento das alvenarias é, na maior parte das áreas, argamassa com pintura a base de cal,
mas também encontramos cantarias, madeira e azulejos. Ao longo do tempo, pinturas com tintas
PVA ou acrílicas substituíram a pintura original. O uso de cimento para vedação de cavidades
após a instalação dos sistemas prediais provocou o descolamento da camada de pintura devido
a incompatibilidade entre os materiais. (HOIRISCH, 2007)
33
3.1.2.2 FORROS
Os forros têm a função de bloquear a entrada de poeiras e pequenos animais nos cômodos,
melhorar o desempenho acústico e térmico da benfeitoria e exercer função decorativa. Os forros
empregados nesta edificação foram executados com madeira, estuque e gesso. Além destes, há
lajes de concreto revestidas por reboco e pintura. (HOIRISCH, 2007)
Indícios mostram que na construção original foram utilizados forros de madeira e estuque. O
gesso pode ter substituído os materiais degradados em intervenções ou em áreas acrescidas. Os
forros de todos os cômodos foram mapeados. (HOIRISCH, 2007)
No térreo, as áreas construídas em 1852 têm, em sua maioria, forrações em tábuas de madeira,
enquanto a maioridade do teto da área acrescida não é forrado, apenas recebeu reboco e pintura.
Neste andar o teto de estuque só aparece na claraboia e no vestíbulo. O pé direito difere de
acordo com a sala ou circulação, variando de 4,70m a 5,50m. (HOIRISCH, 2007)
Todas as áreas do segundo andar são forradas, em sua maioria com tábuas de madeira, mas
também foram encontrados revestimentos em gesso e estuque. O pé direito é no segundo
pavimento é de cerca de 5,00m. (HOIRISCH, 2007)
34
Figura 22: Tetos do 2° pavimento. Fonte: Hoirisch, 2007.
No terceiro pavimento há gesso no teto curvo da nave, altar e coro da capela, porém nas tribunas
os forros planos são de madeira. Na capela o pé direito é duplo. (HOIRISCH, 2007)
35
3.1.2.2.1 Forros de madeira
Todos os forros de madeira encontrados são horizontais, mas existem dois tipos de fixações:
(HOIRISCH, 2007)
Além do tipo de fixação, as tábuas de madeira que revestem compartimentos e corredores foram
construídas com duas técnicas diferentes para posicionar as madeiras: (HOIRISCH, 2007)
a) Sistema tabuado liso: as tábuas situam-se no mesmo plano. O forro com mata-juntas é
uma variante deste sistema, cordões delgados feitos com mesmo material são fixados
para evitar o surgimento de fendas.
Figura 24: Sistema tabuado liso com mata-juntas. Fonte: Brooks, 2018
b) Sistema saia e camisa: as madeiras são sobrepostas. Esse tipo de forro foi muito
utilizado porque as madeiras não estavam suficientemente secas na época da construção
e sofriam variações de largura ao longo das estações, provocando o surgimento de
fendas. Neste sistema, tábuas de vigamento são pregadas no vigamento, sendo que a de
baixo transpassa as tábuas de cima em 1” a 2”.
A Figura 26a mostra um forro tabuado liso com molduras compostas por cimalhas com filetes.
Já a Figura 26b mostra uma sala de aula, localizada no térreo, com sistema saia e camisa, onde
abas e cimalhas de madeira fazem o acabamento entre o teto e paredes. Todos os forros e
arremates de madeira do Palácio Universitário foram pintados com tinta a óleo. Em alguns
locais os arremates são da mesma cor do teto, em outros são destacados com cores diferentes.
(HOIRISCH, 2007)
36
a) b)
Figura 26: Forros de madeira: a) com cimalha com filetes b) saia e camisa na ECO. Fonte: Hoirisch, 2007.
“Estuque é toda argamassa que depois de seca adquire grande dureza e resistência ao tempo,
sendo usada para revestir paredes e tetos.” Há apenas dois locais no Palácio Universitário com
este material, que estima-se ter utilizado gesso e areia finíssima, de uso comum no Brasil no
período de sua construção. (HOIRISCH, 2007)
O estuque foi encontrado no vestíbulo, onde há decoração com florões, e na claraboia da capela.
Devido à existência de técnicas compatíveis com as utilizadas no prédio, acredita-se que o forro
destas duas áreas sejam os originais. Prospecções estratigráficas feitas na claraboia encontraram
pinturas artísticas, possivelmente o afresco. Por não ser uma técnica muito empregada no Brasil,
há duas suposições quanto a essa pintura: foi executada durante a construção do prédio de forma
inovadora ou foi inserida posteriormente. (HOIRISCH, 2007)
Os forros em gesso estão presentes em muitas áreas do Palácio Universitário e o salão Dourado
exibe requintada ornamentação em branco e dourado. Após levantamento do telhado do Palácio
Universitário, foram encontrados resquícios de fasquiado e pregos, que indicam que o forro
original em estuque foi substituído pelo forro em gesso. (HOIRISCH, 2007)
A falta de registros das modificações em forros não permite determinar quando novos
elementos foram inseridos. O gesso foi utilizado para tentar reproduzir a decoração original de
estuque com técnicas mais modernas. (HOIRISCH, 2007)
37
Figura 27: Forro em gesso decorado, salão Dourado. Foto: Bira Soares. Fonte: Hoirisch, 2007.
3.1.2.3 TELHADOS
O Palácio Universitário tem uma área coberta de cerca de 6.800m², e a Figura 28 apresenta sua
planta de cobertura.
3.1.2.3.1 Cobertura
A planta de cobertura do Palácio apresenta trinta e nove águas, interceptadas por calhas, rincões,
espigões e cumeeiras. As telhas de barro da cobertura são do tipo francesas e, como ainda não
38
havia fabricação deste material no Brasil, provavelmente foram importadas da França. As telhas
planas não eram utilizadas em construções brasileiras na época da construção e representaram
uma inovação tecnológica, mas há indícios de que as telhas originais fossem coloniais e,
portanto, foram substituídas posteriormente. (HOIRISCH, 2007)
Em 1990, as calhas que recolhiam as águas pluviais eram feitas de cobre e tinham 23 cm de
largura, sendo posicionadas junto às platibandas em todo perímetro da edificação. Levavam a
água para caixas coletoras, sendo direcionadas em seguida para tubos de descida, nas fachadas
externas, ou para buzinotes, nas fachadas internas. (HOIRISCH, 2007)
A UFRJ realizou uma reforma em 1994 para resolver problemas de infiltrações nos telhados,
que consistiam nas seguintes ações: (HOIRISCH, 2007)
As novas calhas, mais largas que as originais, tinham o objetivo de captar um volume maior de
água, mas foram instaladas em um nível mais alto e provocaram a perda da inclinação das duas
últimas fiadas do telhado. Em alguns pontos, as telhas apresentavam inclinação invertida, as
águas não escoavam para as calhas e infiltravam para o interior do prédio. (HOIRISCH, 2007)
39
Figura 30: Duas últimas linhas de telhas planas e calha em fibrocimento. Fonte: Hoirisch, 2007.
As águas pluviais eram lançadas para o exterior do prédio através de gárgulas nos pátios
internos, buzinotes em forma de trombetas sob as sacadas e tubos de quedas nas fachadas
externas. Os condutores verticais são feitos em ferro fundido e seus terminais são em forma de
cabeças estilizadas de delfins. (HOIRISCH, 2007)
a) b)
Figura 31: Elementos do sistema de drenagem: a) gárgulas em pátio interno b) delfim na terminação do duto
de águas pluviais. Fonte: Hoirisch, 2007.
As paredes são arrematadas por platibandas em todo o perímetro, com estátuas e vasos em
mármore branco esculpidos sobre elas. Apenas as platibandas nos telhados de um único
pavimento não têm os vasos e as estátuas. (HOIRISCH, 2007)
40
a)
b)
Figura 32: Platibanda: a) estátuas e vasos na cobertura b) avanço de vegetação pela platibanda. Fonte:
Hoirisch, 2007.
A estrutura comum de um telhado construído no século XIX é composta por tesouras com
espaçamento variando entre 2,40m e 4,80m. Em geral, os vãos do Palácio Universitário tem
8,50 m e a estrutura é composta por tesouras romanas simples de madeira maciça, apoiadas
sobre frechais. (HOIRISCH, 2007)
Segundo o Caetano (1993), existiam dois tipos de tesouras no projeto original do Hospício
Pedro II, um para sustentar as cargas e outro para reforçar a cumeeira, conforme o esquema
abaixo. Em épocas posteriores, foram substituídas por tesouras mais sofisticadas.
Figura 33: Tesouras originais do Hospício Pedro II. Fonte: Caetano, 1993.
41
Apenas algumas das tesouras atuais seriam originais, posicionadas sobre os salões Vermelho e
Dourado. A tesoura original, representada na Figura 1b e denominada de tesoura 1, é
“constituída por duas pernas reforçadas por contrapernas, uma linha baixa, uma alta e sob a
cumeeira, até encontrar a linha alta, um pontalete”. (HOIRISCH, 2007)
b)
a)
Figura 34: Tesoura 1: a) uma das tesouras em 2005 b) planta da tesoura. Fonte: Levantamento do Telhado,
2005 apud Hoirisch, 2007.
Outros três modelos, representados nas figuras Figura 35, Figura 36 e Figura 37, foram
encontrados e podem ter sido instaladas para substituir os originais na reforma dos anos 1940.
(HOIRISCH, 2007)
Figura 35: Tesoura 2 do Palácio Universitário. Fonte: Levantamento do Telhado, 2005 apud Hoirisch, 2007.
Figura 36: Tesoura 3 do Palácio Universitário. Fonte: Levantamento do Telhado, 2005 apud Hoirisch, 2007.
42
Figura 37: Estrutura com pontaletes do Palácio Universitário. Fonte: Levantamento do Telhado, 2005 apud
Hoirisch, 2007.
Figura 38: Indicações de regiões com características históricas diferentes em suas estruturas. Fonte:
Levantamento do Telhado, 2005 apud Hoirisch, 2007.
3.1.2.3.3 Claraboia
43
Figura 39: Cambotas e fasquias compondo a estrutura da claraboia. Fonte: Hoirisch, 2007
Em 1996, uma prospecção estratigráfica mostrou que camadas de pinturas decorativas estavam
escondidas sob a tinta branca. Infelizmente, no mesmo ano uma parte do teto ruiu devido a
infiltrações e infestação de cupins. Um tapume foi instalado para impedir o desmoronamento e,
devido à falta de verba, a claraboia ficou coberta por muitos anos. (HOIRISCH, 2007)
44
Quadro 6: Identificação de patologias nos azulejos das fachadas. Fonte: Relatório, 2018
Manchas no vidrado
Diferença de tonalidade
Lacuna
Trecho irregular
Quadro 7: Identificação de patologias das argamassas das fachadas. Fonte: Relatório, 2018
45
Lacuna Preenchimento com alvenaria
Elementos espúrios
Todas as plantas de identificação das patologias da fachada podem ser encontradas no anexo I.
Na fachada posterior oeste, as patologias encontradas foram: sujidades nas platibandas e abaixo
de esquadrias; elementos faltantes; descolamento de camada pictória; crosta negra; elementos
espúrios; desplacamento do reboco; degradação biológica.
46
Na fachada oeste, as patologias encontradas foram: crosta negra; desplacamento do reboco;
descolamento da camada pictória; degradação biológica; elementos espúrios.
Na fachada leste, as patologias encontradas foram: crosta negra; alvenaria aparente pelo
desplacamento do reboco e emboço; alteração cromática; descolamento da camada pictória;
degradação biológica; elementos espúrios, ferrugem.
47
Figura 46: Patologias da fachada A do pátio 5. Fonte: Relatório, 2018
48
Figura 48: Patologias da fachada C do pátio 5. Fonte: Relatório, 2018
49
Figura 50: Localização do pátio 6. Fonte: Relatório, 2018
50
Figura 52: Patologias da fachada B do pátio 6. Fonte: Relatório, 2018
51
Figura 54: Patologias da fachada D do pátio 6. Fonte: Relatório, 2018
3.1.3.2 FORROS
As tábuas dos forros do segundo pavimento encontravam-se danificadas por infiltrações do
telhado, ataques xilógrafos, ruptura de elementos e danos nas pinturas. O diagnóstico foi feito
através de vistorias e durante a execução das obras do telhado.
3.1.3.3 TELHADOS
Ao longo do tempo, as coberturas sofreram degradações por intervenções inadequadas no
telhado que provocaram infiltrações e, consequentemente, danificaram peças estruturais e
estimularam a infestação de microrganismos e insetos. (HOIRISCH, 2007)
52
e) Entupimento de dutos de águas pluviais por plantas, cacos de telhas e dejetos.
f) Peças da estrutura do telhado deterioradas devido à umidade.
g) Argamassas de fixação de telhas cumeeiras apresentam rachaduras.
Neste projeto, esta técnica foi utilizada para estudar a composição da argamassa de revestimento
das fachadas do Palácio Universitário. Através da análise das amostras, descobriu-se que é uma
argamasse de cal e areia, com traço 1:3 e que a cor original era ocre.
A parte mais crítica a ser executada das fachadas seria a platibanda devido à dificuldade de
acesso e à quantidade de detalhes e ornamentos existentes. Para analisar as soluções, decidiu-
se construir um modelo em escala real da platibanda. O modelo reproduzia uma das quinas das
fachadas dos pátios internos.
Figura 55: Modelo recriado com almofadas e telhas. Fonte: Autora, 2018
Com o modelo, foi possível analisar argamassas com diferentes quantidades de pigmentos, até
encontrar a tonalidade original, além de fazer testes de aplicação de impermeabilizantes.
Também auxiliou a mostrar as soluções adotadas para os órgãos fiscalizadores, a fim de prová-
las.
53
Figura 56: Modelo recriado com aplicação de argamassa com diferentes tonalidades. Fonte: Autora, 2018
O processo de recuperação das argamassas das fachadas consistiu em lixar a superfície para
remover as camadas de tinta e de argamassas degradadas, limpar a superfície e aplicar de uma
nova camada da argamassa pigmentada.
Como a fachada é a em argamassa de cal, ela absorve mais água do que a convencional em
argamassa e demora para secar. Na Figura 58, tirada em fevereiro de 2018, é possível comparar
três fases das fachadas. A fachada da esquerda, com restauro finalizado no final de 2017, ainda
não está completamente seca. A fachada do meio, finalizada em 2015, já está com a argamassa
seca. E a fachada da direita ainda não passou pela restauração.
54
Figura 58: Fachadas em diferentes fases da restauração. Fonte: Autora, 2018
Figura 59: Tampa de fibra de vidro para cachepot em processo de secagem. Fonte: Autora, 2018
55
Figura 60: Molde para produção de cachepot. Fonte: Autora, 2018
3.2.2 FORROS
O restauro dos forros de madeira consiste em trocar peças que estejam danificadas por ataques
de microrganismos, pela ação da umidade ou por ações mecânicas. Também, há o lixamento
das peças, limpeza e pintura.
56
3.2.3 TELHADOS
O telhado também foi reproduzido com sua real inclinação para analisar a interação entre as
telhas, as calhas e a platibanda, além de testar a impermeabilização. As calhas de fibrocimento
foram substituídas por novas de cobre, assim como na construção original. Também foi
elaborado um passadiço de cimento fundido juntamente com as telhas para evitar fissuras e
rupturas.
Figura 62: Telhado recriado para estudar interface com calhas e platibanda. Fonte: Autora, 2018
Para melhorar o escoamento das águas pluviais, todos os tubos de queda passaram a ser de 150
mm. Os tubos que eram de 75 mm foram substituídos e alguns tubos foram adicionados nas
quinas da edificação.
57
Figura 63: Estrutura do telhado recebendo tratamento contra microrganismo. Fonte: Relatório, 2018
Para que fosse possível realizar a obra sem provocar danos às estruturas internas,
principalmente por infiltração de águas pluviais, definiu-se que uma estrutura de andaimes seria
montada nas fachadas que passariam pela intervenção. Sobre estes andaimes, seria instaladas
uma estrutura metálica e uma cobertura provisória de acrílico.
Além de suportar a cobertura provisória, os andaimes também davam acesso para as ações nas
fachadas. A cobertura provisória era instalada antes do início dos reparos do bloco e só era
desmontada após a finalização de todos os serviços.
A solução adotada para restaurar o telhado da capela, totalmente destruído pelo incêndio em
2011, foi a utilização de estruturas metálicas, com caibros de madeira, bandejamento metálico,
ripas de madeira e telhas francesas.
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a) b)
Figura 65: Construção do telhado da nave da capela: a) fixação dos caibros b) bandejas metálicas e ripas de
madeira. Fonte: Relatório, 2018
Para construção da rotunda da capela, também foi utilizada estrutura metálica, detalhada pela
equipe de engenheiros da Biapó. Devido às particularidades de acesso e por se tratar de uma
estrutura leve, esta estrutura foi montada no canteiro de obras e, depois de pronta, içada para
ser fixada na sua posição final. Após a fixação da estrutura, um piso de tábuas foi construído,
assim como na construção original, para formar o aspecto circular.
a) b)
Figura 66: Telhado da rotunda da capela: a) estrutura metálica b) ripas de madeira sobre estrutura metálica.
Fonte: Biapó, 2018
Para finalizar a restauração da rotunda, folhas de cobre foram fixadas na cobertura de madeira,
cada uma com dimensões 4 m x 8 m.
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Figura 67: Fixação de folhas de cobre no telhado da rotunda. Fonte: Relatório, 2018
O ateliê de fundição funciona como uma oficina de ornatos e recupera buzinas, tubos de queda,
gárgulas e gradis de ferro e de cobre. Mais uma vez, quando há elementos muito degradados ou
ausentes, novas peças são forjadas.
Figura 68: Elementos de ferro degradados que não serão reutilizados. Fonte: Autora, 2018
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4.1 COMENTÁRIOS
Este trabalho procurou, através de revisão bibliográfica, mostrar os benefícios que a reabilitação
pode trazer para edifícios antigos ou inadequados, sendo estes a recuperação do seu
desempenho, a adaptação às necessidades atuais e a valorização da benfeitoria. No caso de
edifícios antigos e monumentos históricos, as intervenções são restringidas por exigências de
órgãos de preservação do patrimônio, sendo o processo é mais minucioso.
Assim, apesar de ainda não ter sido concluída, a intervenção para recuperação dos telhados e
fachadas do Palácio Universitário representa um caso de restauração bem-sucedido até aqui.
4.2 SUGESTÕES
Muitos são os edifícios históricos no Brasil que necessitam de ações de reabilitação. O próprio
objeto deste estudo está ainda na primeira fase de sua reabilitação, ainda sendo necessários
muitas ações até sua revitalização completa. Ainda no âmbito dos prédios históricos
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pertencentes à UFRJ, os edifícios da Faculdade Nacional de Direito (FND), do Hospital-Escola
São Francisco de Assis (HESFA) e o Museu Nacional necessitam de reabilitações.
Assim, as como sugestão para trabalhos futuros pode-se fazer o levantamento das patologias e
das condições de usos de dessas edificações ou de outras similares, elaborar propostas de
intervenções ou acompanhar as futuras fases da reabilitação do Palácio Universitário.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
63
PAIVA, J.; AGUIAR, J.; PINHO, A. Guia técnico de reabilitação habitacional. 1ª Edição.
Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), Lisboa, 2006.
INDICAÇÕES ELETRÔNICAS
ADUFRJ, s.d. Reitoria da UFRJ diz que vai esperar o laudo da Polícia Federal e, caso seja
constatada negligência por parte da empresa que restaura o prédio, a universidade
entrará com processo judicial por conta das perdas. Disponível em < http://www.adur-
rj.org.br/5com/pop/reitoria_ufrj_diz_esperar_laudo.htm > Acesso em 10/01/2018.
64
CÓIAS, Vítor. Reabilitação: a melhor via para construção. Lisboa, 2004. Disponível em: <
http://www.gecorpa.pt/Upload/Documentos/Reab_Sustent1.pdf>. Acesso em: 19/02/2017.
INCÊNDIO atinge prédio da UFRJ na Zona Sul do Rio, dizem Bombeiros. Disponível em:
<http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2011/03/incendio-atinge-predio-da-ufrj-na-zona-
sul-do-rio-dizem-bombeiros.html>. Acesso em: 15/02/2018.
Rio e Cultura. Um (Senhor) Palácio Universitário – Por dentro do antigo Hospício dos
Alienados e atual UFRJ. Disponível em <
http://www.rioecultura.com.br/coluna_patrimonio/coluna_patrimonio.asp?patrim_cod=34 >
Acesso em 10/01/2018.
65
Olhar virtual. Os loucos da praia chamada saudade. Disponível em <
http://www.olharvirtual.ufrj.br/2010/index.php?id_edicao=284&codigo=1 > Acesso em
10/01/2018.
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ANEXO I – PLANTAS COM IDENTIFICAÇÃO DAS PATOLOGIAS
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