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Anna Luiza Martiniano Soares1

Emylly Thais Cunha Souza Alves 2


João Francisco Macedo Neto3
Nice Luize Nunes Pereira4

SOARES, Anna Luiza Martiniano et al. Resenha Crítica: Mortalidade por


suicídio entre crianças indígenas no Brasil. Manaus, 2023.

Resenha Crítica: Mortalidade por suicídio entre crianças indígenas no


Brasil

A mortalidade por suicídio entre crianças indígenas no Brasil é um


assunto de grande relevância e complexidade, que demanda uma
análise aprofundada e sensível. Este resumo crítico explora uma
pesquisa que visa descrever as características, distribuição e taxas de
suicídio nesse grupo, fazendo comparações com a população não
indígena. Os resultados revelam uma situação alarmante: entre os anos
de 2010 e 2014, a taxa de suicídio entre crianças indígenas foi
chocantemente alta, chegando a ser 18 vezes maior do que entre as
crianças não indígenas.
Além disso, chama a atenção o fato de que a maioria dos casos de
suicídio entre crianças indígenas envolve meninas, o que merece uma
1
Acadêmica de Psicologia do 2° Período – Faculdade Santa Teresa
2
Acadêmica de Psicologia do 2° Período – Faculdade Santa Teresa
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Acadêmico de Psicologia do 2° Período – Faculdade Santa Teresa
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Acadêmica de Psicologia do 2° Período – Faculdade Santa Teresa
análise mais aprofundada em busca de fatores específicos que possam
estar contribuindo para essa tendência. É relevante observar que a
maioria dos óbitos ocorre em domicílio, com uma exceção notável para
meninas e adolescentes do sexo feminino, que tendem a morrer mais
frequentemente em hospitais ou estabelecimentos de saúde. A falta de
pesquisa abrangente sobre suicídio infantil, especialmente entre as
comunidades indígenas, é um ponto crítico. Surpreendentemente, em um
contexto nacional, é escasso o número de estudos sobre esse tema
delicado. Essa lacuna na pesquisa ressalta a importância deste estudo,
que não apenas identifica as disparidades alarmantes, mas também
aponta para a necessidade urgente de compreender as causas
subjacentes e implementar medidas eficazes para abordar essa questão
sensível que afeta de forma tão marcante as comunidades indígenas no
Brasil.
Essa pesquisa revela um problema que vai além das estatísticas
preocupantes. Trata-se de uma questão que está enraizada em uma
série de fatores complexos e interligados, que exigem uma análise
cuidadosa para encontrar soluções eficazes.
A alta taxa de suicídio entre crianças indígenas é um reflexo da falta de
políticas públicas voltada para essas comunidades. Muitos indígenas
vivem em regiões remotas e isoladas, com acesso limitado a serviços de
saúde, educação de qualidade e oportunidades econômicas. A falta de
implementação dessas políticas, juntamente com a falta de um olhar
mais atento e compreensivo, pode levar a um sentimento de desespero,
especialmente entre as crianças que estão em desenvolvimento.
A predominância de meninas entre as vítimas envolve aspectos como a
discriminação de gênero, a violência sexual e doméstica, bem como a
pressão social sobre as meninas indígenas, contribuem para essa
tendência alarmante. O método mais utilizado entre crianças do sexo
feminino, foi a intoxicação. Meninas e adolescentes do sexo feminino
vieram a óbito mais frequentemente em hospitais e estabelecimentos de
saúde, a decorrência desse fator levanta questões sobre a detecção e o
tratamento de problemas de saúde mental. É importante considerar se
essas jovens estão buscando ajuda médica devido a condições de saúde
mental subdiagnosticadas ou se estão sofrendo de maneira mais visível.
Entre crianças, a taxa de mortalidade por suicídio foi 0,7/100 mil, em
meninas. Já entre adolescentes, a taxa foi de 4,2/100 mil, sendo 2,4/100
mil no feminino. É crucial entender esses fatores específicos para
implementar medidas de prevenção direcionadas.
A falta de pesquisas detalhadas sobre suicídio infantil em comunidades
indígenas ressalta a negligência histórica em relação a essas
populações. É essencial que tanto os pesquisadores quanto os
formuladores de políticas concentrem seus esforços em entender a fundo
esses problemas e trabalhem em colaboração com as comunidades para
desenvolver soluções eficazes.
Além disso, a resposta a essa crise não deve ser apenas reativa. Deve
haver investimento em programas de prevenção, educação e apoio à
saúde mental nas comunidades indígenas. A sensibilidade cultural
desempenha um papel fundamental nesse processo, e os líderes e
membros das comunidades devem estar envolvidos ativamente na
elaboração e implementação dessas estratégias.
O aumento das taxas de suicídio entre crianças indígenas,
particularmente do sexo feminino, é um problema complexo que envolve
várias razões interligadas. As crianças indígenas, e especialmente as
meninas, enfrentam múltiplos desafios que contribuem para essa
disparidade como a Desigualdade de gênero dentro das comunidades
indígenas, as meninas muitas vezes enfrentam discriminação de gênero,
limitando suas oportunidades de educação e autonomia. Essa
desigualdade pode criar um ambiente de estresse e isolamento social,
tornando as meninas mais vulneráveis ao suicídio,a violência de gênero
é um problema persistente em muitas comunidades indígenas. As
meninas podem sofrer abuso físico, emocional ou sexual, o que aumenta
seu risco de desenvolver problemas de saúde mental, incluindo
depressão e ideação suicida. Com o aumento da busca de ouro e
madeira pelos garimpeiros, as crianças acabam por sua vez, ficando
expostos e vulneráveis a homens violentos que aproveitam de suas
fragilidades podendo então provocar abusos de diversas maneiras em
suas vítimas, levando traumas irreversíveis para tais; Muitas
comunidades indígenas enfrentam a perda de suas tradições culturais e
identidade devido à pressão da assimilação cultural. Isso afeta
particularmente as meninas, que podem sentir-se desconectadas de
suas raízes culturais, causando angústia e isolamento. Isso ocorre
devido a uma série de fatores, incluindo a colonização, o deslocamento
forçado, a discriminação e a assimilação cultural. Esses processos
muitas vezes levam à perda de línguas indígenas, práticas tradicionais,
conhecimento ancestral e conexão com a terra, como aconteceu com no
período colonial do Brasil, existiam cerca de 600 a 1000 línguas
indígenas diferentes. Com a chegada dos português milhares de
indígenas foram mortos e tiveram suas terras e tomadas e culturas
apagadas, fazendo com que muitos chegassem ao ponto de tirarem a
própria vida, incluindo crianças. O mesmo continua acontecendo devido
a falta de políticas públicas que protejam e cuidam dos povos tradicionais
em especial as crianças. Políticas essas, que são negligenciadas pelo
maquinario que fecha os olhos para as atrocidades que acontecem em
terras e reservas indígenas; os acesso limitados a serviços as áreas
indígenas frequentemente carecem de acesso adequado a serviços de
saúde mental. Isso significa que as crianças, em especial as meninas,
podem não receber o apoio necessário para lidar com problemas de
saúde mental. Existem várias razões para essa limitação, incluindo
barreiras geográficas, culturais e socioeconômicas. Muitas comunidades
indígenas estão localizadas em áreas remotas, o que torna o acesso a
serviços de saúde mental mais difícil. Além disso, as diferenças culturais
e linguísticas podem criar obstáculos na comunicação e compreensão
entre profissionais de saúde mental e pacientes indígenas. As políticas
governamentais, o estigma social e a discriminação também
desempenham um papel na falta de acesso adequado à saúde mental
para povos indígenas. Muitas vezes, os serviços de saúde mental não
são culturalmente sensíveis ou relevantes para suas necessidades
específicas. A falta de acesso a uma educação de qualidade e
oportunidades econômicas limitadas também impacta a saúde mental
das crianças indígenas, especialmente das meninas. Isso pode criar um
sentimento de desesperança em relação ao futuro. A pobreza pode
resultar em uma série de desafios para essas crianças, incluindo a falta
de acesso a alimentos adequados, moradia segura, assistência médica e
educação de qualidade. A falta de oportunidades educacionais é
particularmente preocupante, pois pode perpetuar o ciclo da pobreza.
Muitas escolas nas áreas rurais onde vivem as comunidades indígenas
podem ser carentes de recursos, professores capacitados e currículos
culturalmente sensíveis. Isso pode levar à exclusão educacional e ao
abandono escolar precoce entre as crianças indígenas.
Quanto à falta de apoio de políticas públicas, é um problema complexo
que decorre de várias razões, incluindo a falta de recursos destinados a
essas comunidades, negligência histórica e falhas na coordenação entre
os governos federal, estadual e local. Para abordar esse problema, é
crucial que as políticas públicas sejam adaptadas às necessidades
específicas das comunidades indígenas, com foco na promoção da
igualdade de gênero, acesso a serviços de saúde mental, educação de
qualidade e preservação cultural.
Além disso, a conscientização e o envolvimento das comunidades
indígenas na formulação e implementação de políticas são fundamentais
para garantir que as soluções sejam culturalmente sensíveis e eficazes.
A parceria entre o governo, organizações não-governamentais e líderes
comunitários é essencial para lidar com o suicídio entre crianças
indígenas, com especial atenção às necessidades das meninas que sai
às maiores vítimas de suicídio entre crianças indígenas.
Em suma, a análise crítica sobre a mortalidade por suicídio entre
crianças indígenas no Brasil revela uma situação alarmante, marcada por
disparidades de gênero, abusos, perda de identidade cultural e falta de
acesso a serviços de saúde mental e educação. Essa problemática vai
além das estatísticas preocupantes, refletindo um complexo conjunto de
fatores interligados. Para enfrentar esse desafio, é fundamental adotar
uma abordagem holística que inclua políticas públicas adaptadas às
necessidades das comunidades indígenas, promova a igualdade de
gênero, preserve a cultura e envolva ativamente as comunidades na
busca por soluções eficazes. A conscientização e o comprometimento de
todos os setores da sociedade são cruciais para combater o suicídio
entre crianças indígenas, com um foco especial na proteção e apoio às
meninas, que representam uma parcela significativa das vítimas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
CARVALHO, Camila Mazzotto. TRISTEZA NA ALDEIA: Por que jovens
indígenas se matam mais do que brancos e negros da mesma idade no
Brasil. Viva Bem UOL. São Paulo.
SOUZA, Maximiliano Loiola Ponte. Mortalidade por suicídio entre
crianças Indígenas no Brasil. Cad. Saúde Pública, n. 35, Sup
3:e00019219, doi: 10.1590/0102-311X00019219, 2019.
STRECK, Lenio Luiz. Senso incomum: A morte de crianças pode ser
considerada uma questão cultural?. Revista Consultor Jurídico, 2015.

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