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Microbiologia e Parasitologia

T6

PREVENÇÃO E CONTROLO DAS DOENÇAS INFECCIOSAS (cont.)

2022/2023
Ana Margarida Vigário, mvigario@uma.pt
1
Principais causa de morte

WHO 2019
Principais causas de morte por doença infecciosa (2012)

https://www.salon.com/2014/11/01/the_planets_deadliest_infectious_diseases_by_country_partner/
Principais causas de morte por doença infecciosa

Anthony S. Fauci, NEJM 2012


Principais causas de morte por doença infecciosa prevenivel por vacina

! (Questionavel)

(Tosse convulsa)
Principais causas de morte em crianças até aos 5 anos
Principais causas de morte na população entre 50 e 69 anos
Principais causas de morte na população acima dos 69 anos
Infeções transmitidas por vectores
Programas nacionais associados à prevenção de doenças infecciosas
Notificação obrigatória de Doenças transmissíveis
Notificação obrigatória de Doenças transmissíveis

Incluem:
» Infeções importadas (ex: malaria)
» Infeções sexualmente transmitidas (IST) com periodos
asintomáticos (ex: sifilis e HIV) tratáveis ou não.
» Infeções preveniveis por vacinas (ex: sarampo e hepaptite B)
» Infeções de trasnmisão materno-fetal prevenivel por rastreio
( ex: sifilis, HIV)
Notificação obrigatória de Doenças transmissíveis

1 - Salvo as exceções devidamente indicadas, estão sujeitas a notificação, hh) Infeção pelo SARS-CoV-2/ COVID-19;
clínica e laboratorial, obrigatória, as seguintes doenças: ii) Infeção pelo vírus do Nilo Ocidental;
a) Antraz (Infeção por Bacillus anthracis); jj) Infeção por E. coli produtora da toxina shiga/verocitotoxina (STEC/VTEC),
b) Botulismo; incluindo a sindrome hemolítico-urémica (SHU);
c) Brucelose; kk) Leishmaníase Visceral;
d) Campilobacteriose; ll) Leptospirose;
e) Chikungunya; mm) Listeriose;
f) Chlamydia trachomatis, incluindo Linfogranuloma venéreo (Infeção por); nn) Malária;
g) Cólera; oo) Neuroborreliose de Lyme;
h) Criptosporidíase; pp) Paralisia Flácida Aguda;
i) Dengue; qq) Parotidite Epidémica (Papeira);
j) Difteria; rr) Peste;
k) Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ); ss) Poliomielite Aguda;
l) Doença de Hansen (Lepra); tt) Raiva;
m) Doença dos Legionários; uu) Rubéola Congénita;
n) Doença Invasiva Pneumocócica; vv) Rubéola, excluindo Rubéola Congénita;
o) Doença Invasiva por Haemophilus influenzae; ww) Salmoneloses não Typhi e não Paratyphi;
p) Doença Meningocócica; xx) Sarampo;
q) Ébola; yy) Shigelose;
r) Equinococose/ Hidatidose; zz) Sífilis Congénita;
s) Encefalite viral transmitida por carraças; aaa) Sífilis, excluindo Sífilis Congénita;
t) Febre Amarela; bbb) Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS);
u) Febre Escaro-Nodular (Rickettsiose); ccc) Tétano;
v) Febres Hemorrágicas Virais; ddd) Tosse Convulsa;
w) Febre Q; eee) Toxoplasmose Congénita;
x) Febre Tifóide e Febre Paratifóide; fff) Triquinelíase;
y) Giardíase; ggg) Tuberculose;
z) Gonorreia (Infeção gonocócica); hhh) Tularémia;
aa) Gripe; iii) Varíola;
bb) Gripe A (H5N1) ou por outro vírus da Gripe de origem animal; jjj) VIH (Infeção pelo vírus da imunodeficiência humana)/SIDA (Síndrome da
cc) Hepatite A; imunodeficiência adquirida);
dd) Hepatite B; kkk) Yersiniose (enterite por Yersinia enterocolitica ou Yersinia
ee) Hepatite C; pseudotuberculosis);
ff) Hepatite E; lll) Zika (Infeção pelo vírus);
gg) Infeção pelo MERS-CoV; mmm) Zika congénita (Infeção pelo vírus).

Sem transmissão ativa em Portugal


(Papeira)
Sifilis – situação na Europa e em Portugal

Sifilis congénita:
Numeros baixaram desde 2014
Fonte: ECDC (2022)

PORTUGAL
Relatório do Sistema de Vigilância de Doenças de
Declaração Obrigatória da DGS:
 entre 2015 e 2019 (4 anos) aumento 10x o
numero de casos declarados anualmente
 Desde 2014, de acordo com o despacho a
sífilis tardia passou também a ser de
notificação obrigatória em Portugal
HIV – situação epidemiológica na Europa – novos casos
HIV – situação epidemiológica em Portugal – novos casos
HIV – Vias de transmissão / factores de risco

a) Sexual
Factores que influenciam:
níveis de RNA viral; fase da doença; grau de imunossupressão; ulceras genitais; circuncisão; outras DST; genética
Medidas preventivas:
ART - (reduz em 80%) o risco de transmissão
Circuncisão – redução na aquisição
Profilaxia pós-exposição (até 72h)

b) Mãe-criança (Perinatal)
Medidas preventivas:
ART da mãe (durante gravidez e parto e amamentação) e do bébé (útero e após nascimento)
Cesariana

c) Transfusão sanguínea
d) Uso de drogas injetáveis /partilha de agulhas
e) Ocupacional
Medidas preventivas:
Profilaxia pós-exposição (até 72h)
Factores que condicionam a luta contra a transmissão de doenças infecciosas

Demografia:
» aumento das migrações (diferentes agentes patogénicos, diferentes planos vacinais)
» aumento do envelhecimento da população (grupo de maior risco)
» grandes aglomerados, eventos em massa (facilidade na transmissão)

Tecnologia
» criação intensiva de animais (=> infeções por microrganismo que têm os animais como reservatórios, colonização por
microrganismos com resistência a antimicrobianos, epidemias de gripe das aves,…)
» Processamento industrial de alimentos (BSE, Listeriose,…)
» Nichos microbiológicos (ex: ar condicionado e SPAs – Legionella)

Economia
» Projeto de irrigação e arrozais (=> infeções transmitidas por mosquitos)
Factores que condicionam a luta contra a transmissão de doenças infecciosas

Sociedade
» Toxicodependência (transmissão por seringas – hepatite e HIV)
» Liberalismo sexual – HIV, sífilis e outras ITS

Desenvolvimento de resistências aos antimicrobianos


» Mau uso de antimicrobianos e desinfectantes (uso abusivo mesmo quando não necessário, uso na alimentação do
gado, uso em produtos de higiene

Facilitismo
» Erro humano
» Desinvestimento na formação e prevenção
Factores que condicionam a luta contra a transmissão de doenças infecciosas

 Uso indiscriminado de antibióticos de largo espetro –> resistências de agentes patogénicos oportunistas

 Negligências no uso de técnicas assépticas e precauções

 Cirurgias mais complexas e demoradas

 Superlotação dos hospitais

 Aumento do tipo e número de profissionais de saúde

 Aumento do uso de anti-inflamatórios e imunossupressores

 Aumento de uso de equipamentos médicos (e domiciliários)


Plano Nacional de Prevenção e Controlo da Infeção Associada aos Cuidados de Saúde (PNCI),
Despacho n.º 2902/2013, publicado em Diário Da República, 2.ª Série, N.º 38, de 22 de
Fevereiro de 2013.

Prevenção das Infecções Associadas aos


Cuidados de Saúde

Precauções Básicas

Isolamento
2 tipos de isolamentos:
- Protector (proteger o individuo imunocomprometido)
- De contenção (prevenir a transmissão de um individuo para outro)
Estratégias de prevenção das Infeções Associadas aos Cuidados de Saúde (IACS)

1. Medidas gerais
• Vigilância epidemiológica
• Precauções Básicas
• Medidas de isolamento

2. Controlo de Antibioticoterapia

3. Medidas específicas contra as Infeções (aula anterior):


• Urinária
• Cirúrgica
• Respiratória
• Da Corrente Sanguínea
População mais vulnerável

 Prematuros e RN
 Mulheres em trabalho de parto
 Submetidos a cirurgias
 Submetidos a quimioterapia, imunossupressores e radiação
 Imunodeprimidos
 Portadores de queimaduras
 Doença Diabética
 Doença oncológica
 Tratamento invasivo (diálise, cateterismos, ventilação assistida…)
Estratégia DE PROMOÇÃO DAS Precauções Básicas
EM CONTROLO DE INFEÇÃO – 2013-2017

1- Higiene das Mãos


2- Qualidade das Estruturas e dos Processos das Percussões Básicas em Controlo de Infeção
3 – Uso de Luvas

 É recomendado pela DGS, que todas as unidades de saúde realizem uma auditoria interna anual à qualidade
dos processos e das estruturas das Precauções Básicas em Controlo de Infeção.

 Esta auditoria realiza-se através da análise de 10 padrões de processos (colocação dos doentes, utilização de
equipamentos de proteção individual, higiene das mãos, etiqueta respiratória, práticas seguras na preparação e
administração de injetáveis, exposição de risco no local de trabalho, manuseamento seguro da roupa, recolha
segura de resíduos, tratamento do equipamento clínico e controlo ambiental) e de 2 padrões de estrutura
(conhecimento das PBCI e recursos), qualquer que seja a tipologia de unidade de saúde em análise.
A lavagem deve demorar no mínimo 40 a 60 seg

Lave as mãos, apenas


quando estiverem
visivelmente sujas!

Nas outras situações use


Solução Anti-séptica de
Base Alcoólica.
MOMENTOS PARA A HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS
Uso de luvas

A monitorização do uso de luvas em instituições de saúde tem por base a avaliação de 3 padrões:
» seleção/colocação das luvas,
» uso/substituição das luvas
» remoção das luvas.
Higiene das Mãos e Uso de luvas

Luvas esterilizadas

Luvas Limpas

Sem Luvas
Slides extra

Prevenção da transmissão entre pacientes e entre prestadores de cuidados e pacientes

Documento do SESARAM
Profilaxia activa das doenças infecciosas
Profilaxia activa das doenças infecciosas

» Saneamento básico

» Medidas de controlo de infeção/transmissão:


- Higiene pessoal (lavagem das mãos), quarentena, mascaras

» Profilaxia antibiótica
i) contacto com casos de infeção (Neisseria meningitidis, Haemophilus influenza b, tuberculose activa
ii) Em casos de maior susceptibilidade (portadores de próteses cardíacas aquando de intervenção
dentária, immunosupressão
iii) intervenção cirurgica

» Vacinas
Vacinas - tipos

» Imunização passiva
=> uso de imunoglobulinas
- Homologas (humanas)
- Heterólogas (animal, ex: cavalo)
=> latente – passagem das imunoglobulinas da mãe para o feto

» Imunização activa
vacinas
Imunização Passiva

» Objectivos:

=> Evitar doença após exposição ao agente infeccioso


» contra o agente infeccioso ou a tóxina
- ex: Ig contra vírus da Hepatite B (após picada acidental com agulha) ou contra toxina do tétano

=> Melhorar a sintomatologia


- ex: Ig humana em casos de sarampo, hepatite,..

=> Proteger indivíduos imunosuprimidos


- ex: em indivíduos transplantados, com imunodeficiências na produção de anticorpos,
Slides extra

Prevenção da transmissão entre pacientes e entre prestadores de cuidados e pacientes

Documento do SESARAM
Transmissão por contacto

A via mais comum de transmissão de doenças infecciosas.

Envolve o:
1. contacto directo corpo a corpo (ex: ao dar banho ao doente ou ao virá-lo na cama).
Pode ocorrer entre doentes e pessoal de saúde ou entre doentes;

2. contacto indirecto => contacto do doente com um objecto, geralmente inanimado,


que foi contaminado (ex: objectos pessoais, brinquedos, mobiliário como cama ou mesa
de cabeceira, estetoscópio, termómetro…)
Transmissão por contacto - exemplos

Infecções por bactérias multirresistentes


Clostridium difficile
Muitas das ITS
Enterovirus
Hepatite A
Herpes simplex, herpes zoster
Infecções cutâneas por Staphylococcus aureus
Parainfluenza, Rotavirus
Shigella spp
Covid-19

As infeções de transmissão fecal oral estão incluídas neste tipo de transmissão


Transmissão por contacto - Precauções

1. Quarto privado, quando possível. Se não for possível, agrupar os doentes por doença;

2. Usar sempre luvas (não necessitam ser esterilizadas) que devem ser mudadas entre paciente

3. Lavar as mãos depois de retirar as luvas;

4. Seguir rigorosamente as normas estipuladas para a prevenção para cada uma das infeções.
Transmissão por goticulas

» Quando as gotículas que contêm os microrganismos são espalhadas a curta distância (menos de
1m) e depositadas nas mucosas (conjuntiva, boca ou nariz) de pessoal ou outro doente;

» A gotículas são emitidas pela tosse, espirro ou fala ou durante os cuidados prestados ao doente
como a aspiração de secreções;

» São partículas muito pesadas => não ficam em suspensão no ar => não são necessários cuidados
especiais com a ventilação.
Transmissão por gotículas - exemplos

Adenovírus
Difteria faríngea
Haemophilus influenza tipo b
Virus da Influenza
Parotidite
Mycoplasma pneumoniae,
Neisseria meningitidis,
Parvovirus B 19
Pertussis
Rubéola
Faringite/pneumonia estreptocócica
Escarlatina
Covid-19
Transmissão por gotículas - prevenção

1. Quarto privado, quando possível. Se não, juntar doentes com a mesma doença no mesmo quarto.
Em alternativa, o espaço entre doentes não deve ser inferior a 1m;

2. O profissional deve usar máscara se tiver que estar a menos de 1,5 m do doente.
Transmissão por via aérea (aerossóis)

Ocorre por disseminação de pequenas partículas (gotículas muito pequenas) ou partículas de pó,
que contêm agentes infecciosos ou esporos;

Os microrganismos disseminados deste modo podem ser transportados por correntes de ar e ser
depositados ou inalados por outros doentes ou pessoal no mesmo quarto ou enfermaria;

As partículas podem ficar muito tempo em suspensão => o controlo implica condições de ventilação
especiais - quarto de pressão negativa.
Transmissão por aerossóis - exemplos

Tuberculose
Sarampo
Covid19
Varicela
Transmissão por aerosois - prevenção

1. Quarto privado ou juntar doentes com a mesma doença na mesma divisão;

2. Quarto de pressão negativa;

3. Usar máscara se o doente está em fase contagiosa;

4. Pessoal de saúde susceptível não deve entrar em quartos com doentes com varicela ou
sarampo. Se necessário, deve usar máscara. Se está imunizado não necessita usar
máscara.
Equipamento de proteção individual (EPI)

A usar em doenças que têm vários tipos de transmissão.


Prevenção das doenças associadas aos cuidados de saúde - links

http://www.youtube.com/watch?v=ghOLFyFjRe4&feature=related
(15 min )

http://www.youtube.com/watch?v=u51zg2r_fVg&feature=related
(2 min)

http://www.youtube.com/watch?v=cWZEtSDikLA&feature=endscreen&NR=1
(9 min)

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