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FARMÁCIA CLÍNICA
DIRECIONADA À
PRESCRIÇÃO
FARMACÊUTICA
2
SUMÁRIO
Medicamentos ........................................................................................................... 78
Avaliação ................................................................................................................... 79
Os medicamentos ..................................................................................................... 80
podem ser vendidos com prescrição médica), como os antibióticos e de balcão (over
thecounter – OTC), como, por exemplo, o paracetamol. Além destes, a população
também consome plantas medicinais, adquiridas inclusive de feirantes.
Mais de 30 mil apresentações de medicamentos são registradas no mundo,
das quais 20 mil no Brasil. A ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária,
autoriza o uso de medicamentos no País. Cerca de 8 mil apresentações são
regularmente comercializadas no Brasil, das quais 6 mil são produtos éticos. As
apresentações são formulações baseadas em aproximadamente 1.500 fármacos.
Os medicamentos são de três tipos: de marca, cobertos pela patente detida
pelo laboratório descobridor, similar e genérico. Esse último custa até 40% menos
que o de marca. Cerca de 40 laboratórios produzem mais de 300 genéricos. Estima-
se que os genéricos absorverão entre 30% e 40% do mercado.
Alguns medicamentos não são incluídos na corrente comercial por serem
fornecidos gratuitamente pelos governos: federal e de alguns Estados. São
destinados a programas sociais e aos portadores de enfermidades prolongadas e
dispendiosas: AIDS, hemofilia e diabetes. Os governos federal e estaduais operam
16 laboratórios que fabricam medicamentos destinados aos programas sociais. Seu
custo é menor do que o dos laboratórios privados, já que não enfrentam despesas
de marketing que respondem por 40% dos custos dos medicamentos comerciais.
São fornecidos a hospitais públicos e a secretarias estaduais e municipais de saúde.
Os mais conhecidos são o Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Instituto
Butantan e a Fundação para o Remédio Popular – FURP.
Assim, conclui-se que em um país de intensos contrastes e desigualdades
profundas, é arriscado procurar sintetizar a atuação do sistema de saúde, avaliar o
modelo e julgar os resultados obtidos. O Brasil possui duas classes de habitantes: os
que têm planos privados de saúde e os que somente dispõem do sistema público, o
SUS. Extrair médias aritméticas de indicadores de mortalidade infantil e de
expectativa de vida desses dois povos pode levar a conclusões estatísticas
viesadas. Válidas ou não, as médias dos indicadores revelam que o Brasil realizou
progressos consideráveis e continuados nos últimos 50 anos na área da saúde.
Considerando os parcos recursos aplicados globalmente na saúde do País, 10 vezes
inferiores aos dos países de maior desenvolvimento; e considerando que o SUS, que
atende 180 milhões de pessoas, é o maior sistema do mundo ocidental, e, portanto,
pelo seu gigantismo, o mais difícil de ser administrado. Os resultados obtidos são 7
surpreendentemente exitosos.
Pairam elevados riscos no futuro, pois como o País vem obtendo resultados
expressivos na economia, emprego, segurança, educação, infraestrutura, no
saneamento e como todas essas áreas influenciam na saúde, é possível que os
progressos na área médica, partilhados por uma população em contínua expansão,
não se sustentem.
Desde que livre de patologias mentais, que são a burocracia, o suborno e a
tomada subjetiva de decisões, e concentrando-se nas ações médicas mais eficientes
sob o aspecto custo-benefício, como a higiene, a prevenção, o saneamento básico e
a atenção primária, o País poderá atingir em breve os patamares de saúde
alcançados pelas nações com as quais procura ombrear.
medicamentos, têm-se:
canais de informação.
qualidade da prescrição;
qualidade da consulta;
qualidade da dispensação;
regularidade do abastecimento;
16
regulamentação do comércio internacional e acesso aos
medicamentos;
ajuda externa;
organização internacional de defesa do consumidor;
internet.
- Prescrições Orais
- Identificação do Paciente
Pacientes com nomes semelhantes, homônimos, doentes confusos que
respondem inconscientemente o que lhes é perguntado, mudanças de leitos e
deambulação podem gerar problemas de administração de medicamentos a
pacientes errados. Uma das medidas para diminuir esse tipo de problema é a
prescrição conter de forma legível o nome completo do de medicamentos.
Existem dois tipos de erros por cálculos de dose, sendo o primeiro aquele em
que o médico não dispõe, não solicita ou deixa de levar em conta, para os cálculos
da dose, informações importantes sobre o paciente, como função renal ou hepática,
peso e idade. O outro é aquele em que houve erro no cálculo matemático
propriamente dito.
Os erros nos cálculos de doses dos medicamentos são mais comuns em
pediatria e com medicamentos utilizados por via intravenosa.
4 – Erros na Administração
5 – Educação do Paciente
4. líder;
5. gerente;
6. aprendiz permanente;
7. educador.
A FARMACOEPIDEMIOLOGIA E A FARMACOVIGILÂNCIA
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inferior ao estipulado por acreditar que se encontra “curado”, já que não apresenta
mais os sintomas;
tratamentos prolongados, como com antidiabéticos e anti-
hipertensivos;
falta de adaptação ao regime posológico;
falta de credibilidade na informação repassada ou no profissional.
clínicos.
O farmacêutico pode, com esse direcionamento clínico, melhorar os
resultados farmacoterapêuticos, seja por intermédio de aconselhamento, de
programas educativos e motivacionais, ou até da elaboração de protocolos clínicos,
baseados em evidências comprovadas com o estabelecimento de melhores regimes
terapêuticos e monitoração desses procedimentos.
No código de ética da profissão farmacêutica, regulamentado pela Resolução
do Conselho Federal de Farmácia nº 417, de 29 de setembro de 2004, encontra-se
uma grande preocupação com o lado assistencial do farmacêutico. Ele estabelece
como princípios e deveres do farmacêutico o exercício da assistência farmacêutica e
o fornecimento de informações ao usuário dos serviços, além da necessidade de
contribuir para a promoção da saúde individual e coletiva, principalmente no campo
da prevenção.
Na atenção farmacêutica, o farmacêutico deve sentir-se responsável pela
conquista dos resultados esperados para cada paciente. A oferta da Atenção
Farmacêutica representa uma maturidade da farmácia como profissão e uma
evolução natural das atividades maduras da farmácia clínica e dos farmacêuticos.
Muitas associações profissionais consideram que a Atenção Farmacêutica é
fundamental para os objetivos da profissão no que consiste em ajudar as pessoas a
fazerem melhor uso dos medicamentos. Esse conceito unificado transcende a todos
os tipos de pacientes e a todas as categorias de farmacêuticos e organizações
(CLAUMANN, 2003).
O farmacêutico pode trabalhar com pacientes individualmente, em grupos ou
com famílias, mas independentemente de qual o grupo, o profissional deve sempre
incentivar o paciente a desenvolver hábitos saudáveis de vida a fim de melhorar os
resultados terapêuticos, trabalhando em conjunto, preferencialmente, com os demais
membros da equipe multidisciplinar de saúde.
O farmacêutico que deseja trabalhar em contato com pacientes, realizando a
Atenção Farmacêutica, deve possuir uma série de conhecimentos e habilidades que
serão discutidas, porém a grande dificuldade será transportar os conceitos e as
ferramentas teóricas para o dia a dia do profissional, passando pela mudança
cultural dos próprios farmacêuticos, pela valorização da profissão perante a
sociedade e, principalmente, os administradores de saúde e órgãos governamentais.
Seja como curador das antigas civilizações, boticário de séculos recentes ou 34
cerca de dois terços das consultas médicas nos Estados Unidos resultam em
renovação ou em nova prescrição de medicamentos. O uso do medicamento tem
crescido dramaticamente com o aumento da vida média da população, o aumento da
prevalência de doenças crônicas e a ampliação da variedade de medicamentos
efetivos.
Segundo Hepler; Graiger – Rosseaux (1995) “o propósito de toda terapia
medicamentosa deve ser o de aperfeiçoar a duração e a qualidade de vida das
pessoas. A disponibilidade de produtos farmacêuticos seguros e efetivos tem
melhorado o gerenciamento tanto de doenças agudas quanto crônicas no alcance
desses objetivos. [...] O medicamento é provavelmente a modalidade terapêutica
mais estudada na atualidade [...] e a terapia medicamentosa tem uma forte base
científica [...]. Contudo, apesar do extenso conhecimento científico, uma ampla
literatura mostra que frequentemente há falhas no controle dos riscos associados à
farmacoterapia”.
As funções do profissional farmacêutico na área assistencial estão passando
por uma vigorosa e rápida expansão em todas as dimensões, e a profissão está
tentando reorientar-se para satisfazer às necessidades que têm sido introduzidas
nos sistemas de saúde atuais.
Na década de 1960, os farmacêuticos tinham três escolhas básicas a fazer ao
optarem por atuar na área assistencial: farmácia comunitária, farmácia hospitalar e
docência. Em 1990, as escolhas possíveis ampliaram-se principalmente nos países
desenvolvidos, incluindo atendimento domiciliar, cuidados geriátricos,
gerenciamento, especialidades clínicas diversas, pesquisa, entre outras.
Essa ampliação de opções esteve diretamente relacionada aos grandes
movimentos ocorridos nesse século, que promoveram a redefinição do papel do
profissional farmacêutico que, apesar de relacionado ao medicamento, vem
passando por alterações significativas em diferentes locais. Há, atualmente, uma
tendência mundial em se fortalecer as atividades do farmacêutico junto ao paciente,
visando ao atendimento farmacêutico mais efetivo.
As discussões, no âmbito internacional, sobre a definição da missão, do papel
e funções do profissional farmacêutico intensificaram-se nas últimas décadas do
século XX, especialmente nos Estados Unidos e Europa, e mais recentemente têm
produzido reflexões críticas na América Latina, que vem buscando também
reorientar a prática farmacêutica, levando em consideração as características de 37
ETAPA TRADICIONAL
ETAPA DE TRANSIÇÃO
na década de 1980.
Segundo Lyra Jr, a Atenção Farmacêutica surgiu nos Estados Unidos como
um método de aprofundamento da prática da Farmácia Clínica, com a inserção de
componentes de forte caráter humanístico.
Nas publicações de ciências farmacêuticas, a primeira definição de atenção
farmacêutica apareceu em 1980 em um artigo publicado por Brodie et al: “em um
sistema de saúde, o componente medicamento é estruturado para fornecer um
padrão aceitável de atenção farmacêutica para pacientes ambulatoriais e internados.
Atenção Farmacêutica inclui a definição das necessidades farmacoterápicas do
indivíduo e o fornecimento não apenas dos medicamentos necessários, mas
também os serviços para garantir uma terapia segura e efetiva. Incluindo
mecanismos de controle que facilitem a continuidade da assistência”.
Hepler; Strand (1990, p.539), no trabalho Opportunitiesand responsabilities in
pharmaceutical care, realizaram uma abordagem abrangente discutindo a
oportunidade que se apresentava aos farmacêuticos de reprofissionalização por
meio da aceitação da responsabilidade de garantir a segurança e a efetividade da
terapia medicamentosa do paciente individualmente. Esse trabalho deu origem ao
conceito clássico de atenção farmacêutica “a provisão responsável da
farmacoterapia com o objetivo de alcançar resultados definidos que melhorem a
qualidade de vida dos pacientes”. Essa definição engloba a visão filosófica de Strand
sobre a prática farmacêutica e o pensamento de Hepler sobre a responsabilidade do
farmacêutico no cuidado ao paciente. Os resultados concretos são:
1) cura de uma doença;
2) eliminação ou redução dos sintomas do paciente;
3) interrupção ou retardamento do processo patológico, ou
prevenção de uma enfermidade ou de um sintoma.
- conhecimento de doenças;
- conhecimentos de farmacoterapia;
- conhecimentos de terapia não medicamentosa;
- conhecimento de análises clínicas;
- habilidades de comunicação;
- habilidades de monitoração de pacientes;
- habilidades em avaliação física;
- habilidades em informação sobre medicamentos;
- habilidades em planejamento terapêutico.
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4. Recursos:
a. humanos (farmacêuticos, auxiliares, escriturários e recepcionistas);
b. materiais (salas, móveis, computadores, livros, assinaturas de bases de 59
problema médico que requer terapia medicamentosa, mas não está recebendo um
medicamento para esta indicação;
Circunstâncias comuns desenvolvem situações em que o paciente necessita
de um tratamento, mas não o está recebendo. Por exemplo, um paciente que está
sendo apropriadamente tratado para uma doença vascular periférica, mas não está
recebendo tratamento para a consequente anemia. Aqui, o objetivo do tratamento é
o estado primário e o novo problema não foi identificado ou tratado (STRAND et al.,
1990).
2. Seleção inadequada de medicamentos: ocorre quando o paciente faz
uso de um medicamento errado para a indicação de certa patologia.
Às vezes, o tratamento usado para tratar o estado de saúde do paciente
torna-se inefetivo ou existe um fármaco que provavelmente fosse mais efetivo, mas
não está sendo utilizado. (STRAND et al, 1990);
3. Dosagem subterapêutica: ocorre quando o paciente está recebendo o
medicamento correto, porém em uma dosagem menor do que seria necessário para
seu estado clínico.
Ainda que seja um dogma fundamental para a medicina homeopática,
subdoses de medicamentos podem ser classificados como PRM quando os
resultados desejados para o paciente não foram alcançados (p.ex. a infecção não
está respondendo ao tratamento com antibiótico em subdose) (STRAND et al, 1990);
4. Fracasso no recebimento da medicação: ocorre quando o paciente
possui um problema médico, porém não recebe a medicação que precisa (por
questões financeiras, sociais, psicológicas ou farmacêuticas);
5. Sobredosagem: ocorre quando o paciente tem um problema médico,
mas recebe uma dosagem que lhe está sendo tóxica.
Por exemplo, um aumento súbito de dose de ácido nicotínico é associado ao
aparecimento de reações cutâneas graves (STRAND et al, 1990);
6. Reações adversas a medicamentos (RAM): ocorrem quando o paciente
possui um problema médico resultante de uma reação adversa ou efeito adverso.
Por razões que não são inerentemente óbvias, os farmacêuticos têm
definições descritas e quantificadas para as reações adversas a medicamentos
(RAM) mais extensivamente que o restante dos PRM. De fato, numerosos artigos e
livros tratam desse tema.
Rawlings classificou os efeitos adversos em tipo A e tipo B. As reações do 62
SEGUIMENTO FARMACOTERAPÊUTICO
PLANEJAMENTO FARMACOTERAPÊUTICO
intervenção.
Critérios de sucesso
O sucesso será baseado no desaparecimento dos sintomas, melhora do
quadro ou no controle de uma patologia. Para cada situação, o sucesso deverá ser
avaliado, confrontando-se com os resultados esperados traçados pelos objetivos e
medidos por meio dos parâmetros de monitoramento.
O MÉTODO DÁDER
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Primeira Entrevista
O objetivo que se pretende atingir nesta fase é obter informação sobre o grau
de conhecimento que o doente possui acerca dos medicamentos que utiliza e do
grau de cumprimento da terapêutica. Esta fase também deve começar, dentro do
possível, por uma pergunta aberta, que permita ao doente expressar-se livremente,
o que aumentará a sua confiança. Pode-se iniciar com uma frase indicativa, como a
que se segue: “Bem, agora vamos falar sobre os medicamentos que traz e me conte
se está utilizando, como os utiliza, para quê, se está melhor ou se nota algo de
estranho...”.
Pretende-se realizar dez perguntas para cada medicamento que o doente
toma, tendo cada uma delas um objetivo definido:
- Está tomando? Se o toma o medicamento atualmente;
- Quem o receitou? Quem foi que prescreveu ou o aconselhou a tomar o
medicamento;
- Para quê? Para que o paciente acha que está tomando o medicamento;
- Está melhor? Se o paciente acha o medicamento efetivo;
- Desde quando? Há quanto tempo que o paciente toma o medicamento. É
útil para estabelecer relações causais entre problemas e medicamentos;
- Quanto? Posologia do medicamento;
- Como? Modo de tomar o medicamento ao longo do dia (com ou sem
alimentos, há alguma hora determinada );
- Até quando? Durante quanto tempo deve tomar o medicamento;
- Alguma dificuldade na utilização? Aspecto relacionado com a forma
farmacêutica (dificuldade em engolir, mau sabor, medo da injeção );
- Algum problema? Se o paciente relaciona a administração do
medicamento a algum efeito indesejável;
Ao final, o farmacêutico anotará se o doente conhece e cumpre 75
Fase de Revisão
Essa fase é realizada com perguntas fechadas, uma vez que se pretende
melhorar a informação obtida.
Pode-se começar com frases deste tipo:
“Usa algum medicamento para a cabeça, algum xampu especial. ?”
Quando se chega a alguma parte em que é preciso aprofundar a informação
que foi mencionada numa fase anterior, pode-se utilizar uma frase como a seguinte:
“Disse que lhe dói à cabeça com frequência. Como é essa dor de cabeça?
Passa ao fim de quanto tempo?” 77
Estado de Situação
Problemas de Saúde
Problema de saúde;
Data do início;
Grau de controle do PS (Problema de Saúde): escreve-se “S”(de SIM) se o
problema está controlado e “N” (de NÃO) se não está. Se existe alguma
unidade de medida quantitativa para refletir o controle do PS, pode anotar-se
esse valor. Se necessitar de efetuar mais registros, como é o caso dos
valores de hipertensão arterial ou de glicemia, pode-se utilizar o quadro
“Parâmetros” que aparece na zona inferior do ES;
A preocupação que o problema causa ao doente (pouco, regular,
bastante).
Medicamentos
Data de início;
Medicamentos que tratam os PS. Recomenda-se registrá-los como
princípios ativos, em vez do nome das especialidades farmacêuticas;
Posologia;
Grau de conhecimento e cumprimento (bem, regular ou mal). 79
Avaliação
95
94
Utiliza-se para anotar as suspeitas de Problemas Relacionados com os
Medicamentos (PRM) que possam existir. É constituída pelas seguintes
colunas:
N (Necessidade), E (Efetividade) e S (Segurança) onde se anota S (Sim) ou N
(Não);
Coluna para anotar o PRM suspeito.
Intervenção Farmacêutica
Anotam-se as datas das intervenções, segundo o plano de atuação previsto,
para assim as ordenar por prioridades.
É conveniente colocar os problemas de saúde que possam estar relacionados
entre si, o mais perto possível uns dos outros (em linhas adjacentes), já que pode
existir uma relação entre eles e também irá ajudar a perceber possíveis estratégias
terapêuticas delineadas pelo médico.
A partir desse momento, o Estado de Situação do paciente é o documento
mais importante para estudar a sua evolução. É um documento absolutamente
dinâmico, que vai evoluindo de acordo com as alterações da saúde do paciente.
Pode dizer-se que, a partir daqui, o paciente é uma sucessão de Estados de
Situação. O aparecimento e desaparecimento de problemas de saúde e
medicamentos poderão dar lugar a um Estado de Situação muito diferente. Como
tal, mediante cada variação, é conveniente realizar outra fase de estudo, embora a
maior parte da informação possa já ter sido recolhida previamente.
Fase de Estudo
que:
- é conveniente começar por estudar os problemas de saúde do doente,
especialmente os que estão diagnosticados pelo médico;
- o farmacêutico é um profissional que conhece os medicamentos, mas não
as doenças, e como tal, ao estudá-las em certos aspectos, entenderá o porquê e a
finalidade de cada medicamento, assim como a sua utilidade e as suas limitações no
controle do problema.
Para o farmacêutico, os aspectos mais interessantes de cada doença serão
basicamente:
- sinais e sintomas a controlar ou parâmetros de controle normalizados que
podem imediatamente fomentar uma suspeita relativamente a uma falta de
efetividade do tratamento;
- mecanismos fisiológicos de aparecimento da doença, para assim entender
como atuam os medicamentos que intervêm e prever o que poderá ocorrer com
outros que o doente administre ou, inclusive, relacioná-los com outros problemas de
saúde que possam surgir devido aos medicamentos;
- causas e consequências do problema de saúde do paciente, para assim
entender como realizar prevenção e educação para a saúde e, por outro lado,
conhecer quais são os seus riscos.
Em suma, entendendo os problemas de saúde do doente, melhora-se o
conhecimento da evolução do mesmo. Ao examinar a origem do problema de saúde
e as suas consequências, estabelecendo relações com outros, melhorar-se-á a
intervenção de forma a resolver os possíveis problemas relacionados com os
medicamentos que o doente possa apresentar.
- Os medicamentos
Para a análise dos medicamentos, é importante ter em conta que:
- é necessário realizar um estudo eficaz dos medicamentos que o doente
utiliza para que a intervenção tenha as maiores garantias de utilidade para a sua
saúde;
- o estudo dos medicamentos deve ser realizado partindo das características
gerais do seu grupo terapêutico e analisando, posteriormente, as particularidades do
princípio ativo. Esse aspecto é importante quando se trata de medicamentos novos
de um grupo, já que podem apresentar os mesmos problemas que os fármacos 81
Fase de Avaliação
Fase de Intervenção
paciente.
No caso de ambas as estratégias serem inicialmente contraditórias, deve-se
“negociar” com o paciente o caminho mais adequado a seguir de forma a oferecer-
lhe uma estratégia mais lógica de resolução.
Resultado da Intervenção
Entrevistas sucessivas
DA SAÚDE
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO
Princípios gerais:
- O medicamento deve ser eficaz por via oral, bem tolerado e permitir o
menor número possível de doses diárias;
- Em pacientes em estágio 1, iniciar o tratamento com as menores doses
efetivas. Em pacientes nos estágios 2 e 3, considerar o uso associado de anti-
hipertensivos para início de tratamento;
- Respeitar no mínimo quatro semanas para aumentar a dose, substituir
monoterapia ou mudar associação de fármacos;
- Instruir o paciente sobre a doença, planificação e objetivos terapêuticos,
necessidade do tratamento continuado e efeitos adversos dos fármacos.
Medicamentos Anti-Hipertensivos
- Diuréticos
Inibidores Adrenérgicos 93
Ação Central
Atuam estimulando os receptores alfa-2-adrenérgicos pré-sinápticos
(alfametildopa, clonidina e guanambezo) e/ou os receptores imidazolidínicos
(monoxidina) no sistema nervoso central, reduzindo a descarga simpática.
Esses fármacos podem ser úteis em associação com medicamentos de
outras classes terapêuticas, particularmente quando existem evidências de
hiperatividade simpática.
Entre os efeitos indesejáveis, destacam-se sonolência, sedação, boca seca,
fadiga, hipotensão postural e impotência.
Alfa-1 bloqueadores
Apresentam baixa eficácia como monoterapia, devendo ser utilizados em
associação com outros anti-hipertensivos. Eles podem induzir o aparecimento de
tolerância farmacológica, que obriga o uso de doses crescentes, mas têm a
vantagem de propiciar melhora do metabolismo lipídico (discreta) e da urodinâmica
(sintomas) de pacientes com hipertrofia prostática. Os efeitos indesejáveis mais
comuns são: hipotensão postural, palpitação e, eventualmente, astenia.
Betabloqueadores
O mecanismo anti-hipertensivo complexo envolve diminuição do débito
cardíaco, redução da secreção de renina, readaptação dos barorreceptores e
diminuição das catecolaminas nas sinapses nervosas.
Esses medicamentos são eficazes como monoterapia. Aqueles com atividade
simpatomimética intrínseca são úteis em gestantes hipertensas e em pacientes com
feocromocitoma. Constituem a primeira opção na hipertensão arterial associada à
doença coronariana e arritmias cardíacas. Entre as reações adversas desse grupo,
destacam-se: broncoespasmo, bradicardia excessiva, distúrbios da condução
atrioventricular, depressão miocárdica, vasoconstrição periférica, insônia, pesadelos,
depressão psíquica, astenia e disfunção sexual.
Do ponto de vista metabólico podem acarretar intolerância à glicose,
hipertrigliceridemia e redução do HDL-colesterol.
- Vasodilatadores Diretos 94
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<http://dtr2001.saude.gov.br/sas/cnhd/noticias/campanha/campha.htm>.
Pacientes com IDDM geralmente são jovens (essa forma é mais comum em
crianças e adolescentes) e magros. O início do quadro é abrupto, com tendência à
cetoacidose, e há absoluta dependência de insulina exógena. Esse tipo de DM
corresponde à cerca de 5% do total de casos de DM.
O DM não insulinodependente (NIDDM) refere-se a uma condição em que
indivíduos não dependem da administração de insulina exógena para a sua
sobrevivência. Nesses casos, a maioria dos pacientes pode ser tratada somente
com dieta e antidiabéticos orais. Porém, em condições de estresse e com o decorrer
dos anos, a administração de insulina pode ser necessária para se obter um bom
controle metabólico.
Esse tipo de DM, também denominado tipo 2, corresponde à cerca de 90%
dos casos.
Faz-se necessário ressaltar que a classificação que está sendo mais utilizada
é DM tipo 1 ou 2, pois conforme citado no texto, o diabético que não depende de
insulina pode passar a depender com o passar do tempo, o que inviabiliza a
classificação relacionada a dependência de insulina.
O DM gestacional é definido como uma intolerância a carboidratos de
intensidade variável, diagnosticado pela primeira vez durante a gestação, podendo
ou não persistir após o parto.
O interesse de implantar um serviço de Atenção Farmacêutica que atenda a
esses pacientes baseia-se no fato de que esta doença é um dos mais importantes
problemas de saúde pública, além de sujeitar as pessoas a Problemas Relacionados
a Medicamentos – PRM, pela carência de orientações quanto ao uso racional de
medicamentos, complicações, controle da doença e interações medicamentosas e
alimentares (MACEDO et al., 2005).
- Insulina
- Resinas de troca
- Fibratos
- Ácido Nicotínico
médico.
- Deverá existir, por parte do farmacêutico, uma “boa dose de bom senso”
para lidar com as peculiaridades de cada situação. A começar pela linguagem a ser
adotada na entrevista, que deverá adaptar-se às condições socioeconômicas do
paciente.
- O farmacêutico deve estar consciente de que o tratamento é individual, ou
seja, para cada paciente dislipidêmico o tipo de hipolipemiante, dose, horário de
administração pode ser diferente. Além disso, para um mesmo paciente, a forma de
tratamento não é fixa. Podendo existir modificações em função do agravamento ou
abrandamento da doença.
http://www.farmacia.com.pt/index.php?name=News&file=article&sid=4942
A asma é uma doença grave que afeta pessoas de todas as idades, culturas e
localizações geográficas. Embora cada pessoa possa apresentar sintomas
diferentes, a definição de asma é muito específica.
A asma é um distúrbio inflamatório crônico dos pulmões, caracterizada por
chiado, falta de ar, opressão torácica e tosse, a qual se estima afetar mais de 100
milhões de pessoas em todo o mundo. É por vezes uma doença grave e
potencialmente fatal. Apesar dos esforços para reduzir a morbidade e a mortalidade
associadas à asma, a doença parece estar em ascensão, especialmente entre
crianças. A asma é uma afecção grave que pode ter um impacto significativo na
qualidade de vida de uma pessoa, e pode resultar em falta às aulas ou ao trabalho,
bem como visitas não programadas ao médico ou ao hospital. Embora não haja cura
para a asma, ela é uma doença que pode ser controlada, permitindo que a maioria
das pessoas leve uma vida produtiva e ativa. 106
Ainda que não exista a cura, existem, atualmente, tratamentos eficazes que
permitem controlar adequadamente os sintomas da asma.
Os medicamentos podem ser encontrados na forma de pílulas, comprimidos,
líquidos para nebulização ou inaladores. Alguns medicamentos contêm corticoides.
Algumas pessoas precisam utilizar mais que um tipo de medicamento para tratar de
sua asma.
Os medicamentos para a asma dividem-se principalmente em duas 107
utilizados somente quando forem esgotadas as demais alternativas, uma vez que
podem surgir efeitos colaterais sérios, tais como: osteoporose, hipertensão arterial,
diabetes, e nas crianças atraso no crescimento. Por sua vez, a via inalatória
apresenta menor quantidade de efeitos adversos. Pode se tornar difícil de ser
administrado em alguns casos, o que poderia dificultar um cumprimento correto do
tratamento. Nas crianças, por exemplo, é necessária uma máscara nebulizadora
para administração dos medicamentos. Os corticosteroides inalatórios podem afetar
o crescimento, por isso é importante monitorar a taxa de crescimento de toda criança
que esteja sendo tratada com esse tipo de medicamento.
Os corticoides inalatórios são antiinflamatórios recomendados para a
prevenção e controle da asma. Seu uso diário traz os seguintes benefícios:
redução dos sintomas diurnos e noturnos;
redução das exacerbações;
redução do uso de medicação de resgate;
melhora da função pulmonar;
redução da inflamação;
redução das faltas à escola e ao trabalho por causa da asma;
redução das hospitalizações;
melhor qualidade de vida.
Dois fatores são muito importantes para que estes benefícios sejam
alcançados: uso correto do dispositivo e uso diário regular dos corticoides
inalatórios.
Os tipos de inaladores presentes no mercado são:
nebulizadores;
aerossol dosimetrado spray ou “bombinha”;
inaladores de pó-seco.
Os agonistas ß2 de ação prolongada (como formoterol, salmeterol) pertencem
ao grupo de medicamentos denominado “broncodilatadores”, que abrem as vias
aéreas obstruídas.
Possuem um efeito de pelo menos 12 horas de ação e são utilizados para
tratar a asma moderada ou severa. São contraindicados para crianças menores que
quatro anos. Em geral, são utilizados em conjunto com algum outro medicamento de 109
controle.
Os antagonistas dos receptores de leucotrienos bloqueiam a ação dos
chamados leucotrienos, que são substâncias que liberam as células dos pulmões
durante um ataque de asma. Os leucotrienos produzem inflamação da parede das
vias aéreas, o que desencadeia sintomas tais como chiados, falta de ar e
mucosidade.
O montelukast é um medicamento aprovado para o controle da asma em
adultos e crianças a partir dos seis meses de idade. O medicamento, a partir de uma
única ingestão diária, permite controlar os sintomas durante 24 horas. Ele é
apresentado em quatro formas: pílulas para crianças entre seis meses e cinco anos;
tabletes mastigáveis com sabor de cereja para crianças entre dois e cinco anos;
tabletes mastigáveis com sabor de cereja para crianças de seis a quatorze anos; e
tabletes para adultos e adolescentes a partir dos quinze anos.
O papel do farmacêutico
A asma é uma doença que pode ser grave e incapacitadora, e pode causar
desde sérios inconvenientes à qualidade de vida do paciente como internações ou
dias de repouso em casa, com consequente ausência trabalhista, perdas de
escolaridade para as crianças e visitas não programadas ao médico. Todavia, hoje a
asma tem tratamento, seus sintomas são controláveis e o paciente pode levar uma
vida mais normal.
Os sintomas da asma podem ser reduzidos com o tratamento adequado e um
trabalho feito em conjunto entre médico, paciente e farmacêutico. Juntos irão
desenvolver um plano adequado para a prevenção e combate das crises,
melhorando assim a qualidade de vida do asmático. Como se trata de uma doença
alérgica respiratória, é muito importante saber quais os fatores que desencadeiam a
asma. Os mais comuns são: alérgenos (poeira, mofo, pelos de animais) e fatores
irritantes como infecções virais, infecções dos seios da face, determinados tipos de
exercício, doenças do refluxo gastresofágico, fatores emocionais como a ansiedade
e alguns tipos de medicamentos e alimentos.
Os medicamentos possuem a finalidade de reduzir o processo inflamatório.
Eles são usados para impedir a crise, e em muitos casos são consumidos
diariamente e, por isso, o acompanhamento do farmacêutico torna-se imprescindível. 110
Agentes Alquilantes
Os agentes alquilantes incluem as mostardas nitrogenadas (clorambucil,
ciclofosfamida, mecloretina), nitrosoureias (carmustina, lomustina) e alquilsulfonatos
(busulfan). Outras drogas que agem em parte como alquilantes incluem cisplatina,
dacarbazina e procarbazina.
Os agentes alquilantes são drogas não ciclo-específicas que formam uma
molécula reativa que alquila os grupos nucleofílicos das bases de DNA,
particularmente a posição N-7 da guanina, ocasionando quebra do DNA.
Agentes antimetabólitos
Os agentes antimetabólitos assemelham-se estruturalmente a compostos
endógenos e são antagonistas de ácido fólico (metotrexato), purinas
(mercaptopurina, tioguanina) ou pirimidinas (flouracil, citarabina). São agentes ciclo-
específicos na fase S do ciclo celular. Em adição ao efeito antineoplásico, também
são imunossupressores.
- Alcaloides
Os alcaloides são drogas ciclo-específicas. Os agentes mais importantes são
os alcaloides da vinca (vimblastina e vincristina), as podofilotoxinas (etoposido e
teniposido) e os axanos (paclitexel e docetaxel).
Antibióticos
Esta categoria de agentes antineoplásicos apresenta uma variada gama de
estruturas químicas diferentes e inclui doxorrubicina, daunorubicina, bleomicina,
dactinomicina, mitomicina e mitramicina.
Agentes hormonais e miscelâneas
Hormônios e antagonistas de hormônios
Glicocorticoides: a prednisona é muito utilizada em leucemias
crônicas, linfoma de Hodgkin e outros linfomas.
Hormônios sexuais: estrogênios, progestagênicos e
androgênios.
Antagonistas de hormônios sexuais: tamoxifeno (inibidor da
ligação estrogênio- receptor da célula cancerosa) e flutamida
(antagonista androgênico, utilizado em câncer de próstata).
Análogos de hormônio liberador de gonadotropina: leuprolide,
goserelina e nafarelina são utilizados em câncer de próstata.
Inibidores de aromatase: anastrasol e aminoglutetimida. 113
Agentes miscelânicos:
Asparaginase;
Mitoxantrona;
Interferon.
liberação lenta;
distribuição: é diminuída a concentração por unidade de volume,
exceto para fármacos que apresentam uma elevada taxa de
união às proteínas plasmáticas, sua concentração ativa
aumenta;
metabolismo: a gestação aumenta a velocidade de metabolismo
de alguns fármacos;
excreção: a gestação aumenta a excreção.
Peso Molecular:
500 Daltons, não atravessam a placenta;
< 500 Daltons, atravessam a placenta (maioria dos fármacos).
Grau de Dissociação:
Fármacos ionizados não atravessam a placenta;
Fármacos não ionizados atravessam a placenta.
Lipossolubilidade:
os fármacos mais lipossolúveis possuem mais facilidade de atravessar a
placenta;
Gradiente de concentração: os fármacos atravessam por difusão passiva,
da zona de maior para a zona de menor concentração.
Características da placenta
As características da placenta podem interferir na ação dos fármacos como
demonstrado abaixo: 119
Características da placenta
139 pH 0,1 mais ácido que o materno, portanto maior penetração dos
Fluxo sanguíneo
fármacos básicos.
a gestação. O quadro abaixo, exposto por Mani & Fernandez (2006), apresenta a
listagem de diferentes classes farmacológicas que podem ser utilizadas ou evitadas,
140
bem como algumas cujo uso deve ser avaliado com cautela e avaliado o
risco/benefício.
Classes farmacológicas utilizadas durante a gestação
121
Metildopa e
Anti-hipertensivos Betabloqueadores Prazosina Diuréticos (3º
Trimestre)
Agentes
Antineoplásicos Isótopos radiativos,
alquilantes,
Radioterapia e
Vinblastina
Aminopterina
e
Metotrexato
Aminoglucósidos,
Infecções bacterianas Beta-lactâmicos, Vancomicina
Tetraciclinas,
sulfamidas, , Lincosidos
Quinolonas,
nitrofurantoína e e
Sulfamidas (3º trim.) e
Eritromicina Metronidazol
Cloranfenicol
Sulfonamidas (3º
trim.)
Faringite/ Pneumonia Penicilina Eritromicina
Pneumonia atípica Eritromicina Cefuroxima Clotrimoxazol (3º trim)
Tuberculose
Rifampicina e Etionamida e
Isoniazida e Etambutol
Pirazinamida Estreptomicina
122
Amoxicilina,
Gonorreia Ceftriaxona Espectinomicin
a Eritromicina
FONTE:
Tricomoníase MANI & FERNANDEZ (2006).
Clotrimazol tópico Metronidazol (1º trim)
Anfotericina B,
Micoses Nistatina e Clotrimazol Flucitosina e
Cetoconazol e
Griseofulvina
Miconazol
REFERÊNCIAS