Você está na página 1de 11

Olavo Bilac, “Nel mezzo del camin...

Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada


E triste, e triste e fatigado eu vinha.
Tinhas a alma de sonhos povoada,
E a alma de sonhos povoada eu tinha.

Che/guei. /Che/gas/te. /Vi/nhas /fa/ti/ga/da


E /tris/te, e /tris/te e /fa/ti/ga/do eu /vi/nha.
Ti/nha/s a al/ma /de /so/nhos /po/vo/a/da,
E a al/ma /de /so/nhos /po/vo/a/da eu /ti/nha.

-----------------------------------

(1) Sinalefa
(forma-se um ditongo)
Fa/ti/ga/do eu
[dwew]

(a)Elisão
(a primeira vogal desaparece)
Fa/ti/ga/da eu
[dew]

(b)Crase
(duas vogais iguais se fundem numa só)
Ti/nhas/a alma
[zàw]

(c)Sinérese
(de hiato a ditongo)
Ma/s o /seu /o/lhar /ma/goa/do

Tão /ma/go/a/do, /tão /lin/do

Po/voa/do

2)Diérese
(de ditongo a hiato)
A ausência de uma filha
Que /se /cha/ma /sa/u/da/de

3)Hiato

Luz é saúde, e treva é incerteza, é ânsia, é doença


Lu/z é /sa/ú/de, e /tre/va é in/cer/te/za, é ân/sia, é /doen/ça

Tu /on/tem
Aférese
‘Stamos em pleno mar... Do firmamento
Síncope
Esp’ranças altas... Ei-las já tão rasas
Apócope
(supressão de sons no fim da palavra)
Mámor no lugar de Mármore
Artista corta o mármor de Carrara
FFLCH-USP
IEL 1 – 2020
Prof. Anderson Gonçalves

RITMO e VERSIFICAÇÃO

Sílabas; pés // Ársis (ou arse) = tônica - Tésis = átona // Duração – longa; breve
~ (sílaba forte)
_ (sílaba fraca)
Jambo _ ~ Anapesto _ _ ~ Péon primo ~ _ _ _
Troqueu ~ _ Anfíbraco _ ~ _ Péon quarto _ _ _ ~
Espondeu ~ ~ Anfímacer ~ _ ~ Coriambo ~ _ _ ~
Dáctilo ~ _ _ Baqueu _ ~ ~ Jônico _ _ ~ ~

Dímetro (versos de 2 pés), trímetro, tetrâmetro, pentâmetro, hexâmetro, heptâmetro...

As armas e o barões assinalados __________

Alma minha gentil, que te partiste _ _ _ _ _ _ _ _ _ _


Tão cedo desta vida, descontente __________
Repousa lá no céu eternamente __________
E viva eu cá na terra sempre triste”. _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
(Camões)

Sah ein Knab ein Röslein Stehn ________


(Goethe) – Tetrâmetro trocaico

To be or not to be that is the question ___________


(Shakespeare) – Pentâmetro jâmbico

Versos de 2 sílabas/ Dissílabos


_~
De vivo ___ Contente, ___
Tu, ontem, ___ Lascivo ___ Tranquila, ___
Na dança, ___ Carmim; ___ Serena, ___
Que cansa, ___ Na Valsa ___ Sem pena ___
Voavas, ___ Tão falsa, ___ De mim. ___
Co’as faces ___ Corrias, ___ (Casimiro de Abreu)
Em rosas ___ Fugias, ___
Formosas ___ Ardente, ___

Versos de 3 sílabas/ Trissílabos


__~
[heptassílabos quebrados]
Realmente, _ _ _
Coronel, _ _ _ Ó que saudades tamanhas_ _ _ _ _ _ _
Tens uma alma_ _ _ Das montanhas, _ _ _
Bem cruel... _ _ _ Daqueles campos natais! _ _ _ _ _ _ _
(Gonçalves Dias) Daquele céu de safira, _ _ _ _ _ _ _
Que se mira_ _ _
Que se mira nos cristais _ _ _ _ _ _ _
(Casimiro de Abreu)
Versos de 4 sílabas/ Tetrassílabos/ Quadrissílabos
A) _ ~ _ ~ 2/4
B) ~ _ _ ~ 1/4

Foi quem lha deu. _ _ _ _


Se a esta falta, _ _ _ _ (Gonzaga)
Tem outra pronta, _ _ _ _
Que a dura ponta _ _ _ _ Virgem das Dores, _ _ _ _
Jamais torceu. _ _ _ _ Vem dar-me alento _ _ _ _
Ninguém resiste _ _ _ _ Neste momento _ _ _ _
Aos golpes dela: _ _ _ _ De agro sofrer. _ _ _ _
Marília bela _ _ _ _ (Castro Alves)

Versos de 5 sílabas/ Pentassílabos/ Redondilhas menores


A) _ _ ~ _ ~ 3/5
B) ~ _ ~ _ ~ 1/3/5
C) _ ~ _ _ ~ 2/5

Não chores, meu filho, _ _ _ _ _


Saudade e suspeitas _ _ _ _ _ Não chores, que a vida _ _ _ _ _
A torto e a direito _ _ _ _ _ É luta renhida: _ _ _ _ _
Não serei desfeitas, _ _ _ _ _ Viver é lutar. _ _ _ _ _
Quando eu for desfeito? _ _ _ _ _ A vida é combate, _ _ _ _ _
Inda o frio peito, _ _ _ _ _ Que os fracos abate, _ _ _ _ _
Inda a língua fria _ _ _ _ _ Que os fortes, os bravos, _ _ _ _ _
Por vós bradaria. _ _ _ _ _ Só pode exaltar. _ _ _ _ _
(Sá de Miranda) (Gonçalves Dias)

Versos de 6 sílabas/ Hexassílabos/ Heróicos quebrados


A) _ ~ _ ~ _ ~ 2/4/6
B) ~ _ ~ _ _ ~ 1/3/6
C) _ _ ~ _ _ ~ 3/6
D) ~ _ _ ~ _ ~ 1/4/6

(1) (3)
Orfeu as cordas fere _ _ _ _ _ _ Que rompiam os ares _ _ _ _ _ _

Consola um peito aflito _ _ _ _ _ _ A cantar seus amores _ _ _ _ _ _


(Camões)
Ganhei, ganhei um trono _ _ _ _ _ _
(Gonzaga) Extinguiu-se o vulcão _ _ _ _ _ _

Não tarda a minha vez _ _ _ _ _ _ Como é fundo o sentir _ _ _ _ _ _


(Casimiro de Abreu) (Casimiro de Abreu)

(2) (4)
Desce ao reino profundo _ _ _ _ _ _ Torno os tormentos graves _ _ _ _ _ _
(Gonzaga) (Camões)

Pois permite e consente _ _ _ _ _ _ Soltam ao vento a vela _ _ _ _ _ _


(Camões) (Sá de Miranda)

Trilhas pela amplidão _ _ _ _ _ _ Enche de assombro a terra _ _ _ _ _ _


(Castro Alves)
Sempre morreu de amores _ _ _ _ _ _
(Gonzaga)
Versos de 7 sílabas/ Heptassílabos/ Septissílabos/ Redondilhas maiores
A) ~ _ ~ _ ~ _ ~ 1/3/5/7
B) _ _ ~ _ ~ _ ~ 3/5/7
C) _ ~ _ _ ~ _ ~ 2/5/7
D) _ ~ _ ~ _ _ ~ 2/4/7
E) ~ _ _ ~ _ _ ~ 1/4/7

(1)
Ama um canto o pescador _ _ _ _ _ _ _ (4)
Esbelta joga a fragata _ _ _ _ _ _ _
Ladro à lua como um cão _ _ _ _ _ _ _
Suspensa a amarra tem presa _ _ _ _ _ _ _
Sente a seiva do porvir _ _ _ _ _ _ _ (Gonçalves Dias)
(Castro Alves) Coas tranças presas na fita _ _ _ _ _ _ _
(2)
Minha terra tem palmeiras _ _ _ _ _ _ _ Rufando alegre o pandeiro _ _ _ _ _ _ _
Onde canta o sabiá _ _ _ _ _ _ _ (Casimiro de Abreu)
(5)
Leve ruga no semblante _ _ _ _ _ _ _ Tantos murmuram na praça _ _ _ _ _ _ _
(Gonçalves Dias)
(3) Descem gritando em batalhas _ _ _ _ _ _ _
Gostavam do sol brilhante _ _ _ _ _ _ _ (Sá de Miranda)

As aves que aqui gorjeiam _ _ _ _ _ _ _ E erguem-se as lápides frias _ _ _ _ _ _ _


Saltam bradando os heróis _ _ _ _ _ _ _
Desertos de branca areia _ _ _ _ _ _ _ (Castro Alves)
(Gonçalves Dias)

Versos de 8 sílabas/ Octossílabos


A) _ ~ _ ~ _ ~ _ ~ 2/4/6/8
B) ~ _ ~ _ _ ~ _ ~ 1/3/6/8
C) _ _ ~ _ _ ~ _ ~ 3/6/8
D) ~ _ _ ~ _ ~ _ ~ 1/4/6/8

(1) Machado de Assis


Não quero Zeus capitolino _ _ _ _ _ _ _ _ (3)
(...) Vive às vezes na solidão _ _ _ _ _ _ _ _
Talhar no mármore divino _ _ _ _ _ _ _ _
Vagalumes e borboletas _ _ _ _ _ _ _ _
No verso de ouro engasto a rima Roxas, brancas, rajadas, pretas
________ ________
(Bilac) (Machado de Assis)
Demônios mil, que, ouvindo-as, digam (4)
________ Alto, porém, tão alto soa _ _ _ _ _ _ _ _
Raimundo Correia (Raimundo Correia)
(2) O alvo cristal, a pedra rara _ _ _ _ _ _ _ _
Sabes tu de um poeta enorme Que outro, não eu, a pedra corte
________ ________
(Bilac)
Toda a casta de bestas feras _ _ _ _ _ _ _ _

Versos de 9 sílabas/ Eneassílabos


A) _ _ ~ _ _ ~ _ _ ~ 3/6/9
B) ~ _ _ ~ _ ~ _ _ ~ 1/4/6/9
C) ~ _ _ ~ _ _ ~ _ ~ 1/4/7/9
D) _ ~ _ ~ _ _ ~ _ ~ 2/4/7/9
_________
Eis na horrível caverna que habito
Compreendo esse amargo sorriso _________
_________ Rouca voz começou-me a chamar.
Sobre as ondas correr eu quisera... _________
_________ (Gonçalves Dias)
E de pé, sobre a rocha, indeciso
_________ Pobres de pobres são pobrezinhos,
Eu lhe brado: não fujas, – espera! _________
_________ Almas sem lares, aves sem ninhos...
(Casimiro de Abreu) _________
(...)
Ó guerreiros da taba sagrada, Deus nos acuda, nos livre delas
_________ _________
Ó guerreiros da tribo tupi, (Guerra Junqueiro)
_________
Falam deuses nos cantos do piaga, Também outrora, num mar de lua
_________ _________
Ó guerreiros, meus cantos ouvi. Voguei na esteira de um louco ideal;
_________ _________
(...)
Esta noite era lua já morta, Banhos de lua que fazem mal.
_________ _________
Anhangá me vedava sonhar, (Raimundo Correia)

Versos de 10 sílabas/ Decassílabos


A) ~ _ _ ~ _ _ ~ _ _ ~ E) _ _ ~ _ _ ~ _ ~ _ ~ I) ~ _ _ ~ _ _ _ ~ _ ~
1/4/7/10 3/6/8/10 1/4/8/10
B) _ ~ _ _ ~ _ ~ _ _ ~ F) ~ _ ~ _ _ ~ _ ~ _ ~ J) _ ~ _ ~ _ _ _ ~ _ ~
2/5/7/10 1/3/6/8/10 2/4/8/10
C) _ ~ _ ~ _ ~ _ ~ _ ~ G) ~ _ _ _ _ ~ _ ~ _ ~
2/4/6/8/10 1/6/8/10
D) _ ~ _ _ _ ~ _ ~ _ ~ H) ~ _ _ ~ _ ~ _ ~ _ ~
2/6/8/10 1/4/6/8/10

(1) __________
Feito de nada por tanto compasso Aquele que depois a fez rainha
__________ __________

Como dormia debaixo da lousa As armas e os barões assinalados


__________ __________
(Gil Vicente) (Camões)
(2) (5)
Têm pés e não andam; mãos e não palpam Eu não gasto, Marília, a vida toda
__________ __________
Em lançar o penedo da montanha
Chacota nas mãos, fender os ouvidos __________
__________ (Gonzaga)
(Gil Vicente) (6)
(3) Alma minha gentil que te partiste
Sem ver o fim daquilo que deseja __________
__________
Roga a Deus que teus anos encurtou
Se vão da lei da morte libertando __________
__________ (Camões)
(Camões) (7)
(4) Deste-me de beber da fonte eterna
As obras com que Amor matou de amores __________
(Bilac)
(8)
Certo não tinhas um melhor amigo (10)
__________ Amei outrora com amor bem santo
(Machado de Assis) __________
(9) Os negros olhos de gentil donzela
Serras e serras de fervente água __________
__________ (Casimiro de Abreu)
(Bocage)
Lira quebrada, coração sem força Sacode as asas, Leviatã do espaço
__________ __________
(Gonçalves Dias) (Castro Alves)

Versos de 11 sílabas/ Arte maior


A) _ ~ _ _ ~ _ _ ~ _ _ ~ 2/5/8/11
B) ~ _ ~ _ ~ _ ~ _ ~ _ ~ 1/3/5/7/9/11

Dormia deitada na rede de penas Pela estrada plana, toc, toc, toc,
___________ ___________
O céu por dossel _ _ _ _ _ Guia o jumentinho uma velhinha errante.
De leve embalada no quieto balanço ___________
___________ Como vão ligeiros, ambos a reboque,
Qual nauta cismando num lago bem manso ___________
___________ Antes que anoiteça, toc, toc, toc
Num leve batel! _ _ _ _ _ ___________
(Casimiro de Abreu) A velhinha atrás, o jumentinho adiante.
___________
(Guerra Junqueiro)
Versos de 12 sílabas/ Dodecassílabo/ Alexandrino
(4 hemistíquios)
A) _ ~ _ ~ _ ~ 2/4/6
B) _ _ ~ _ _ ~ 3/6
C) ~ _ _ ~ _ ~ 1/4/6
D) ~ _ ~ _ _ ~ 1/3/6

(1) ____________
Quedou-se a meditar, as magras mãos (Bilac)
cruzando (7)
____________ Monstros fenomenais cuja ossada apavora
(Bilac) ____________
(2) (Raimundo Correia)
Já não fala Tupã no ulular da procela
____________
(Bilac) (8)
(3) Perdera, de uma vez, numa só noite tudo
Mas verei com pesar e com remorso infindo ____________
____________ (Machado de Assis)
Esquecidos de mim os outros que esqueci (9)
____________ Vê com olhos do céu cousas que são do mundo
(Raimundo Correia) ____________
(4) (Machado de Assis)
Teu pé também deixou um sinal neste solo (10)
____________ Que entre as flores brotou de uma rosa
(Bilac) encarnada
(5) ____________
Ruge soturno o mar; turva-se hediondo o dia (Machado de Assis)
____________ (11)
(Bilac) Casa, rico jardim, servas de toda a parte
(6) ____________
Fulge e dardeja o sol nos amplos horizontes (Machado de Assis)
(12) (13)
Berço em que se emplumou o meu primeiro Hommes, femmes, enfants, les rameaux à la
idílio, main
____________ ____________
Terra em que floresceu o meu primeiro beijo (Chénier)
____________ Passa um velho judeu, avarento e mesquinho
(Bilac) ____________
(Guerra Junqueiro)

Catalexe (verso cataléctico)


Basta! Clama o chefe dos Timbiras _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
(Gonçalves Dias)

Andamento
Adágio (lento), andante, alegro

O baile na flor ----------------------------


----------------------------
Que belas as margens do rio possante,
Que ao largo espumante campeia sem par!... Trabalhos e perigos inumanos,
Ali das bromélias nas flores douradas Abrolhos férreos mil, passos estreitos,
Há silfos e fadas, que fazem seu lar... Tranqueiras, baluartes, lanças, setas:
Tudo fico que rompas e sometas.
E em lindos cardumes Mas na Índia, cobiça e ambição,
Sutis vagalumes Que claramente põem aberto o rosto
Acendem os lumes Contra Deus e Justiça, te farão
pra o baile na flor. Vitupério nenhum, mas só desgosto.
E então nas arcadas (Camões)
Das pet’las douradas
Os grilos em festa,
Começam na orquestra
Febris a tocar...

E as breves
Falenas
Vão leves,
Serenas,
Em bando
Girando,
Valsando,
Voando
No ar!...
(Castro Alves))

Bibliografia

M. Said Ali. Versificação portuguesa. São Paulo, Edusp, 1999.


M. Bandeira. “A versificação em língua portuguesa”, Seleta de prosa. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1997.
A. Candido. O estudo analítico do poema. São Paulo, Humanitas, 1999.
Péricles E. da Silva Ramos. O verso romântico e outros ensaios. São Paulo, Imprensa Oficial do Estado,
1959.
Segismundo Spina. Manual de versificação românica medieval. Rio de janeiro, Gernasa, 1971.
Charles Baudelaire
L'Albatros
Souvent, pour s'amuser, les hommes d'équipage
Prennent des albatros, vastes oiseaux des mers,
Qui suivent, indolents compagnons de voyage,
Le navire glissant sur les gouffres amers.

À peine les ont-ils déposés sur les planches,


Que ces rois de l'azur, maladroits et honteux,
Laissent piteusement leurs grandes ailes blanches
Comme des avirons traîner à côté d'eux.

Ce voyageur ailé, comme il est gauche et veule!


Lui, naguère si beau, qu'il est comique et laid!
L'un agace son bec avec un brûle-gueule,
L'autre mime, en boitant, l'infirme qui volait!

Le Poète est semblable au prince des nuées


Qui hante la tempête et se rit de l'archer;
Exilé sur le sol au milieu des huées,
Ses ailes de géant l'empêchent de marcher.

O albatroz

Muitas vezes, para se divertir, os homens de equipagem


Prendem albatrozes, vastos pássaros dos mares,
Que seguem, indolentes companheiros de viagem,
O navio deslizando por sobre os abismos amargos.

Mal as depositaram nas pranchas/tábuas,


Esses reis do azul celeste, desajeitados e vergonhosos,
Deixam lastimosamente suas grandes asas brancas
Como remos arrastar ao lado deles.

Esse viajante alado, como é desengonçado e fraco!


Ele, outrora tão belo, como é cômico e feio!
Um irrita seu bico com um cachimbo/queima-goela,
Outro imita, coxeando, o enfermo que voava!

O Poeta é semelhante ao príncipe das nuvens


Que enfrenta a tempestade e se ri do arqueiro;
Exilado no chão, em meio a vaias,
Suas asas de gigante o impedem de andar.
L’aigle
Victor Hugo

L’aigle, c’est le génie ! Oiseau de la tempête,


Qui des monts les plus hauts cherche le plus haut faîte ;
Dont le cri fier, du jour chante l’ardent réveil ;
Qui ne souille jamais sa serre dans la fange,
Et dont l’œil flamboyant incessamment échange
Des éclairs avec le soleil.

(Victor Hugo, Odes et Ballades, 1822)

Você também pode gostar