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– ABORDAGENS PRÁTICAS
AULA 2
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medida em que os próprios materiais em que as sociedades humanas registram
suas informações também evoluem. Arquivos e também pesquisadores
precisam constantemente lidar com mudanças de suporte, de meios de
circulação, de formas de escrita e de registro de linguagens, entre várias outras
características.
As classificações, aqui, embora incorporem outras referências, têm como
referência principal a obra de Heloísa Liberalli Bellotto (2002, p. 45-90), Como
fazer análise diplomática e análise tipológica de documento de arquivo.
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os documentos são classificados como atas, processos, certidões, ofícios,
decretos, ordens, despachos, cartas, entre outras possibilidades.
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Saiba mais
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TEMA 2 – OS TIPOS DOCUMENTAIS
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necessária, para entendermos o que é cada uma dessas ciências, ainda que se
teça uma breve definição delas.
Originalmente, a diplomática é uma disciplina que surgiu nas instâncias
administrativas e governamentais, voltada aos estudos dos aspectos formais dos
documentos. Nos dias atuais, ela é muito mais abrangente, por cobrir os estudos
sobre aspectos formais e técnicos de quaisquer tipos de documentos. A
diplomática, assim, ocupa-se de aspectos como datação, autenticidade,
estrutura, fórmulas, ciclos dos documentos, bem como identificação de seus
aspectos internos, externos e intermediários (Duranti; Macneil, 1996, p. 47).
Já a arquivística ou arquivologia abarca, na sua definição, os estudos
sobre normas, técnicas, princípios e procedimentos diversos para o
gerenciamento e organização de arquivos de quaisquer finalidades, entre eles
os arquivos históricos. Essa ciência abrange um vasto campo de estudos, como
o processamento arquivístico, os sistemas de gerenciamento e a administração
e o processamento arquivísticos (Aldabalde, 2018).
Depois dessas definições, podemos entender os caminhos distintos
tomados na análise tipológica do documento pela diplomática e pela arquivística.
Na diplomática, o elemento inicial é a decodificação
do próprio documento e suas etapas são: da anatomia do texto ao discurso; do
discurso à espécie; da espécie ao tipo; do tipo à atividade; da atividade ao
produtor. Já na arquivística, o elemento inicial tem de ser, necessariamente, a
entidade produtora do documento e o percurso é diferente. Começa de sua
competência à sua estrutura; da sua estrutura ao seu funcionamento; do seu
funcionamento à atividade refletida no documento; da atividade ao tipo; do tipo
à espécie; da espécie ao documento.
O resultado de ambos os percursos, conclui Bellotto (2002, p. 93), será o
mesmo, pois iremos chegar ao ponto de encontro desejado entre o documento
(suporte, meio, contextualização) e a sua função (aquilo que se pretende ao se
emitir o documento). Dessa maneira, é necessário que se dê a interação entre a
especificidade de um ato e a tipologia documental adequada para a sua
concretização, podendo ser a sua finalidade dispositiva, probatória ou
informativa.
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2.2 Visualizando a análise tipológica de um documento
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k. legislação: leis que normalizem existência, arquivamento, conservação e
acesso àquele tipo de documento, complementando o corpo de
informações que devem constar na análise tipológica.
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entre dados de documentos diferentes, o que consiste em se cotejar os dados
de outras fontes com aqueles dados retirados e analisados de um corpo principal
de documentos.
Em síntese, uma escolha metodológica adequada sempre deve partir de
um conhecimento das especificações, tipologias e classificações do documento.
Não apenas do documento no singular, mas de todo o corpus documental e
também das possibilidades de cruzamento que a documentação permite ao
pesquisador/historiador. Além disso, como vimos no item anterior, essas
classificações, especificações e estudos tipológicos possuem critérios. O
conhecimento deles facilita a busca e pesquisa documental nos arquivos.
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5.2 Modelo em rede
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e manutenção desses bancos de dados). A tendência, quando não existe diálogo
entre esses agentes para a elaboração de um banco de dados, é que ele
apresente falhas ou não apresente facilidade de uso.
Sem o conhecimento do arquivista, a organização baseada nos
conhecimentos que vimos nos Temas 1 e 2 não será considerada na elaboração
do banco de dados. Assim, é muito provável que o banco de dados sofra com
problemas relacionados à catalogação, além de a organização de informações
poder comprometer a agilidade de se procurar determinadas informações ou
documentos.
Sem se considerar as necessidades do pesquisador/historiador (ou
mesmo do pesquisador de outras áreas), por sua vez, dificilmente o banco de
dados conseguirá suprir demandas de acesso e busca dos documentos que
possibilitem as análises e os levantamentos documentais como vimos no Tema
2.
Com efeito, o profissional de informática também precisa ser devidamente
ouvido, pois somente ele tem o tipo de habilidade e conhecimento necessário
para transformar os conhecimentos que pesquisador/historiador e arquivista
possuem no trato com o documento em um banco de dados propriamente dito,
útil e viável e que contemple suas necessidades, além da importante tarefa de
sua manutenção.
Os arquivos documentais mais importantes e conhecidos por
pesquisadores observam todos esses aspectos que foram analisados até aqui.
A seguir, temos alguns exemplos de arquivos brasileiros e internacionais, de
acesso on-line, nos quais alguns dos apontamentos feitos até aqui (como as
classificações e análises tipológicas) podem ser melhor visualizados:
NA PRÁTICA
FINALIZANDO
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tipificados. Os critérios para tanto sempre levarão em conta a forma do
documento, sua materialidade e seu conteúdo. Além disso, existem possíveis
variações relacionadas a variantes específicas de cada um dos tipos existentes
ou mesmo a políticas dos arquivos.
Também vimos que ciências como a diplomática, a arquivologia e a
história buscam sempre discutir critérios com os quais essas classificações serão
elaboradas, buscando, na medida do possível, universalizá-los. A criação de tais
padrões facilita a organização, a curadoria e o acesso aos documentos
históricos, o que, por sua vez, facilita a própria atividade de pesquisa de quem
os utiliza.
Vimos, ainda, a importância dessa análise tipológica e da classificação
dos documentos para o ofício do historiador, pois elas oferecem os elementos
que são fundamentais a nossas escolhas metodológicas para a execução de
uma pesquisa histórica na profundidade que ela exige.
Finalmente, vimos que os bancos de dados possuem uma historicidade
importante de ser levada em consideração, não se tratando somente de inovação
da contemporaneidade e do emprego de tecnologias digitais. Seu bom uso e sua
elaboração dependem de profícuo debate interdisciplinar, no qual
pesquisador/historiador, arquivista e profissional de informática possuem
fundamental importância.
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REFERÊNCIAS
GIL, T. Como se faz um banco de dados (em história). Porto Alegre: Ed.
Ladeira Livros, 2015.
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