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ENTREVISTA
Pedro Cunha
DOSSIER TEMÁTICO
l. 9 / Nº2
Autonomia, · Vo ·
5
Po
16 47- 6 7 3
7€
r t u ga l · D e
Flexibilidade
e Inclusão
SN
em
IS
z
bro
2018 ·
Palavras do Centro Formação Editorial
Caros sócios e amigos:
Estamos, num tempo hístórico e cultural, em que, diariamente, somos confron- Esta é a primeira revista da nossa associação 55/2018 e Dec-Lei 54/2018, precisa de ser deta-
FICHA TÉCNICA
tados com imensos desafios! A mudança e a inovação em educação não consti- desde que entrou para o 2.º ciclo do Ensino Bá- lhada e pragmaticamente analisada em cada
tuem apenas chavões, mas, igualmente, necessidades emergentes perante uma Educação Inclusiva sico… Na verdade, comemoramos, com alegria um dos nossos 811 agrupamentos de escolas.
Sociedade e um Mundo em constante transformação. Revista da Pró-Inclusão: Associação Nacional
de Docentes de Educação Especial e competência, os 10 anos da fundação da nos- Este assunto da publicação da lei está bem con-
Não podemos ficar parados perante as alterações que a Sociedade tem Volume 9, n.º 2, Dezembro de 2018 sa associação com um simpósio realizado na templado neste número da revista com entre-
sofrido. Semestral
Fundação Calouste Gulbenkian a 13 de Julho. vistas e artigos de opinião que ajudem todos
ISSN 1647-6735
A Escola deverá acompanhar estas tendências sob pena de se criar um sig- Depósito Legal 312441/10 Foi o evento de maior visibilidade que realiza- os professores a avaliar a dimensão e direção
nificativo desfasamento entre o que é esperado da função da Escola e da educa-
DIRETOR:
mos este ano de 2018 que agora chega ao fim. das mudanças sugeridas. O dossier temático é,
ção/formação dos alunos enquanto condições necessárias para enfrentarem os David Rodrigues Chega ao fim o ano, mas não chegam ao fim desta vez, dedicado à flexibilidade curricular,
desafios da sociedade do séc. XXI.
as tensões e polémicas no setor da Educação. um tema que certamente desperta nos nossos
Precisamos de, em conjunto, reinventar uma Escola que teima em ficar CONSELHO REDATORIAL:
ancorada numa organização da Era Industrial: de ensinar muitos, ao mesmo Alcinda Almeida A publicação do Dec-Lei n.º 54/2018 veio con- leitores o maior interesse.
Ana Rosa Trindade
tempo e com o mesmo currículo, como se todos fossem iguais e aprendessem Dídia Lourenço
vidar as escolas a uma organização diferente para apoiarem Caro leitor: está bonita a revista não está? Depois de a ler – e
de igual modo, num modelo em que o professor é o centro do processo de apren- Elvira Cristina Silva os alunos com dificuldades, na verdade, para apoiarem to- eventualmente reler – diga-nos a sua opinião. Esta revista é
Helena Neves dos os seus alunos. Lembro aqui – e pelos meus mais de 40 fruto de muito esforço voluntário imaginando o seu sorriso
dizagem e a fonte incontestável de conhecimento. No entanto, sabemos por Olga Sá
experiência e avaliação científica que esse é um modelo que não responde à anos neste setor, sou um observador experimentado… – que e aprovação. Estamos sempre abertos a ouvir opiniões e su-
diversidade dos alunos. Sendo que, hoje em dia, a diversidade é a norma que CONSELHO EDITORIAL E CIENTÍFICO: tanto o DL 319/91 como o 3/2008, foram diplomas que cau- gestões. E podem dizer bem porque ninguém pode ser pro-
Angeles Parrilla – Univ. de Vigo (Espanha)
caracteriza as paisagens escolares. António Nóvoa – Univ. de Lisboa (Portugal) saram uma grande entropia nas escolas e levaram um bom fessor se não for otimista e não souber encontrar o que está
Surgem assim novos desafios que concorrem para uma Escola que se quer David Justino – Univ. Nova de Lisboa (Portugal) tempo até que se tornaram óbvios, claros e familiares. Creio bem nas escolas, nas famílias, nos alunos e na educação. Um
David Rodrigues – Instituto Piaget Almada (Portugal)
cada vez mais proativa, participativa, humanista e equitativa; onde os valores Francisco Ramos Leitão – Univ. Lusófona (Portugal)
que o mesmo se irá passar com o presente diploma. Temos abraço a todos!
democráticos e inclusivos são o cerne de uma educação de qualidade. Por outro Jack Sagot – INS-IHA (França) que contar com o compromisso e a participação de todos,
José Morgado – ISPA (Portugal)
lado, sabemos que somos chamados a proporcionar novas formas de ensinar e Lani Florian – Univ. de Aberdeen (Reino Unido)
opinando para a sua melhoria para podermos construir
novas formas de promover respostas educativas flexíveis, plurais, dinâmicas e Luzia Lima-Rodrigues – ESE Jean Piaget de Almada um marco na construção de uma escola que seja realmente — David Rodrigues
significativas, de modo a responder à diversidade de alunos. (Portugal)
Martyn Rose – Univ. de Aberdeen (Reino Unido)
para todos. Creio que a trilogia “Perfil dos Alunos…”, Dec-Lei Diretor da revista Educação Inclusiva
A Escola inclusiva, a flexibilidade curricular, as competências constantes Mel Ainscow – Univ. de Manchester (Reino Unido)
no perfil do aluno à saída da escolaridade obrigatória, as aprendizagens essen- Miguel Angel Verdugo – Univ. de Salamanca (Espanha)
Philipe Perrenoud – Univ. de Geneve (Suiça)
ciais e a avaliação para e das aprendizagens, constituem temáticas inscritas na Renato Opperti – IBE - UNESCO (Suiça)
ordem do dia e nas quais o CF-Pin-ANDEE, tal como o seu Plano de Formação, Seamus Hegarty – IAEA (Reino Unido)
Sofia Santos – Univ. Técnica de Lisboa (Portugal)
tem investido na formação dos profissionais de educação, de forma a contribuir
Teresa Brandão – Univ. Técnica de Lisboa (Portugal)
para propiciar mudança de práticas. Paulo Freire defendia que "Ninguém educa
ninguém, ninguém se educa a si mesmo, os homens se educam entre si, media- PROPRIEDADE:
Pró-Inclusão — Associação Nacional de Docentes
tizados pelo mundo". É nesta perspetiva que nos situamos! de Educação Especial
Para que assumamos estes desafios, precisamos de investir na formação Avenida Jorge Peixinho, 30
Quinta da Arreinela
Sumário
contínua de forma reflexiva, no desenvolvimento profissional dos docentes de
2805-059 Almada — Portugal
forma colaborativa e, ainda, nos contextos educativos, analisando e refletin- Tlm.: (00351) 927 138 331 / (00351) 964 502 105
do sobre paradigmas educacionais que proporcionem a todos aprendizagens E-mail: proandee@gmail.com
WebSite: http://proandee.weebly.com
significativas.
O Centro de Formação da Proandee procura, assim, dinamizar ofertas for- ILUSTRAÇÃO DE CAPA:
mativas que visem responder às inquietações dos seus associados, proporcio- Marco Taylor
04 Entrevista: Pedro Cunha 21 Artigo: Ruth Mariani 36 Dar voz a: Agrupamento
info@marcotaylorautor.com
nando uma oferta formativa diversificada constituída por oficinas de formação, Diretor-Adjunto do Programa O ontem, o hoje e o amanhã: uma visão de Escolas da Parede
cursos de formação, ACDs, simpósios, seminários, ciclo de sábados – falando FOTOS:
Gulbenkian Conhecimento (FCG) de acessibilidade no contexto da deficiência Vibeats – Um projeto inclusivo
Pró-Inclusão visual a partir de uma visita a um museu
com quem faz, com oradores e formadores convidados, que procuram propor- 08 Artigo: David Rodrigues no Rio de Janeiro 38 Instantes Inclusivos...:
cionar uma formação e partilha de práticas com elevados índices de qualidade, LOGOTIPO PIN-ANDEE: Liderar a escola para a Inclusão Elvira Cristina Silva
atualidade e pertinência das temáticas. Roberto Borgeso 27 Entrevistas: João Adelino dos Santos, (Re)Inícios
Assim, e numa perpetiva de trabalho colaborativo e de cooperação, es- 10 Artigo: Marco Rosa José Morgado, José Patrício, Mário Nogueira
PAGINAÇÃO: O caminho e as pedras e Maria Manuela Prata Dossier Temático: organização
tamos disponíveis para estabelecer parcerias com diferentes instituições da 3H Comunicação Perspetivas sobre a Educação Inclusiva: de Ana Ferreira, Ana Rosa Trindade,
Comunidade (escolas públicas e particulares), através de ofertas formativas de 13 Artigo: Lúcia Canha, olhares sobre a nova lei Helena Neves e Margarida Loureiro
TIRAGEM: Ana Colaço e Celeste Simões Autonomia, Flexibilidade e Inclusão
curta duração ou cursos de formação que versem temátivas sobre a inclusão e 1000 exemplares
Caminhos para a Inclusão: relato da 33 Caminham ao nosso lado:
construção de comunidades educativas aprendentes. experiência do projeto GAPRIC Associação Bengala Mágica
© Reservados todos os direitos.
Sugerimos que estejam perto de nós, atentos à nossa oferta formativa e à na Associação de Paralisia Cerebral Porque a visão não se limita ao
Proibida a reprodução total ou parcial sem permissão
qualidade dos nossos formadores. Aconselhamos a visita dos nossos sítios: do proprietário. de Odemira que os nossos olhos veem…
https://cfpinandee.weebly.com/ e https://proandee.weebly.com/
IMPRESSÃO:
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— Ana Maria Lopes Ferreira E-mail: grafipagina@netcabo.pt
1. Portugal é considerado um case study porque qualificou teligente?). A esta revolução tecnológica também se asso-
Entrevista rapidamente gerações inteiras e reduziu o abandono esco- ciam mudanças sociais profundas.
lar de 50%, nos anos de 1990, para 13%, nos dias de hoje. Foi Pensar a educação das crianças que agora têm idade
a maior queda de sempre da União Europeia, contudo este escolar e que viverão em contextos tão incertos é um gran-
investimento na Educação revelou-se insuficiente. Qual a de desafio. Sabemos que estas crianças terão entre 10 a 20
Pedro Cunha sua opinião relativa ao facto constatado? ocupações ou papéis profissionais ao longo da sua vida, e
que cerca de 80% delas terão empregos que ainda não exis-
PC: De facto, temos razões para estar muito orgulhosos tem. Mais de 40% dos empregos atuais desaparecerão na
— Diretor-Adjunto do Programa Gulbenkian Conhecimento do percurso que a sociedade portuguesa, em particular as próxima década por força da automação e outros serão in-
famílias e as escolas, fizeram no sentido da promoção da ventados (não sabemos se na mesma proporção). Tudo o
Entrevista conduzida por Helena Neves escolaridade, da aprendizagem e do conhecimento. Esta- que puder ser facilmente ensinado, memorizado, baseado
mos perante uma quebra muito assinalável num indica- em tarefas estritamente cognitivas e rotineiras será pro-
dor – o abandono escolar – que reconhecemos hoje como gressivamente automatizado.
um forte preditor de exclusão social, desemprego ou em- No Programa Gulbenkian Conhecimento (PGC),
prego pouco qualificado, problemas de saúde e baixa qua- entendemos que a sociedade civil pode dar um contri-
lidade de vida. Mas prolongar a escolaridade não basta. buto importante na preparação de uma nova geração
Pedro Cunha é licenciado e de Acompanhamento das Atividades Também temos de assegurar que, concluída a formação que abrace esta revolução tecnológica, sem ser por ela
mestre em Psicologia Educacional, de Enriquecimento Curricular e de inicial, todos os jovens detêm e usam os conhecimentos, ultrapassada. Temos de investir mais nas competências
capacidades e atitudes necessárias analíticas e interpessoais, nas carac-
e amplamente reconhecido pelo seu Apoio à Família; coordenar o Projeto para lidar com problemas comple- terísticas que dificilmente poderão
vasto trabalho enquanto Subdiretor- Playgroups for Inclusion, financiado pela xos, gerir tensões e dilemas, para ser codificadas ou transformadas
lidar com a incerteza, a mudança num algoritmo: a criatividade, o pen-
-Geral da Educação (2010-2017), Comissão Europeia; integrar a Early e a diversidade, enfim, para encon- samento crítico, a compaixão … Por
na Direção-Geral da Educação. Childhood Education and Care Network, trar o seu lugar no mundo. outro lado, também temos de promo-
No que diz respeito às compe- ver competências que permitam aos
No âmbito destas funções, foi da OCDE; representar a DGE em todas tências académicas, temos razões jovens navegar nos mares da incer-
responsável pelo desenvolvimento as reuniões sobre educação, promovidas para estar otimistas. Também aí o teza e da complexidade, da híper co-
nosso país se destacou pelo cres- netividade e das sucessivas ondas de
da política educativa nos domínios pelo FMI, BCE e Comissão Europeia, cimento sustentado nos resulta- informação a que agora são expostos.
da educação pré-escolar e 1º Ciclo no âmbito do processo de monitorização dos do estudo PISA, por exemplo,
situando-se hoje acima da média 3. Como se enquadra o concurso “Aca-
do Ensino Básico, pelos programas do Memorando de Entendimento da OCDE nas três provas (Ciências, demias do Conhecimento”, neste pro-
nacionais de inovação e promoção do com Portugal; integrar as Comissões Leitura e Matemática). No entanto, grama? Pode explicar-nos em que con-
a evidência científica demonstrou sistem as Academias de Conhecimento?
sucesso escolar, educação e promoção Nacionais para a Proteção das Crianças que o conhecimento académico é
da saúde, educação especial e apoios e Jovens em Risco, para a Promoção dos fundamental mas não é suficien- PC: As Academias Gulbenkian Co-
te. Estudos longitudinais, que se- nhecimento são projetos promovi-
socioeducativos, psicologia e orientação Direitos e Proteção de Crianças e Jovens guem cohorts de crianças ao longo dos por organizações da sociedade
em meio escolar. e de Intervenção Precoce na Infância. de muitos anos, mostraram que as competências sociais e civil, escolas, autarquias e universidades, cofinancia-
emocionais são tão ou mais importantes do que as com- dos pelo PGC, com o objetivo de promover competên-
Foi ainda responsável por: coordenar Integra o Think Tank da Ordem petências cognitivas no sucesso educativo, na participação cias sociais e emocionais em crianças e jovens, desde
a Comissão de Acompanhamento dos dos Psicólogos Portugueses e é perito social, empregabilidade, saúde, rendimento, etc. Mostra- o nascimento até aos 25 anos de idade. As entidades
ram, ainda, que este efeito é particularmente importante promotoras podem desenhar uma metodologia original
Centros de Recursos para a Inclusão; convidado na Comissão Europeia, nas crianças mais vulneráveis. Investir na promoção de e submetê-la à validação científica, ou recorrer a meto-
coordenar o Grupo de Trabalho UNICEF e OCDE. competências sociais e emocionais é, portanto, um impe- dologias de referência, estandardizadas e com evidência
rativo de inclusão e de coesão social. produzida no nosso país.
Interministerial para a revisão da Atualmente é o responsável pelo O âmbito de intervenção das Academias é totalmen-
legislação sobre educação especial projeto Academias do Conhecimento 2. Foi neste âmbito que surgiu o Programa Conhecimento te aberto e inclui as componentes curriculares e não cur-
(2018-2022), promovido pela Fundação Calouste Gulbenkian? riculares em contexto escolar, bem como as atividades
criado pelo Despacho n.º 706-C/2014 da Gulbenkian, um projeto ambicioso desportivas, culturais, científicas, sociais e de cidadania
dos Ministérios da Educação e Ciência que tem como objetivo preparar PC: Vivemos num tempo muito marcado pela mudança rá- em contexto comunitário.
pida – a que alguns já designam por quarta revolução in-
e da Solidariedade, Emprego e crianças e jovens para o futuro através dustrial – alimentada pela robotização e pelo crescimento 4. Quais são as competências sociais e emocionais que es-
Segurança Social; coordenar a Comissão do desenvolvimento de competências. exponencial da inteligência artificial (será realmente in- tão na génese deste projeto?
Figura 2. Aluno utilizando o equipamento de áudio descrição em frente à Figura 3. Barreiras físicas localizadas na saída do elevador no 2º piso. Figura 4. Aluno com baixa visão com dificuldade para ler os textos nos painéis. Figura 5. Realização da Leitura no Sistema Braille. (Fonte: Arquivo Pessoal.)
Maquete. (Fonte: Arquivo pessoal) (Fonte: fotos produzidas pelos autores) (Fonte: Arquivo Pessoal)
“Ser surdo num mundo ouvinte fruir dela. Nesse mesmo vídeo, as pessoas surdas estão a
sentir a música a partir de um colete de vibrações. Pen-
é sentir o isolamento que vivencia sámos que, tendo este equipamento sido já testado, po-
e, positiva e efetivamente, vislumbrar díamos criar algo mais portátil, semelhante aos equipa-
mentos que os jovens utilizam para ouvir música. Assim,
a beleza e a riqueza da inclusão que idealizámos uma pulseira que transmite as vibrações das
não demora. Ser surdo num mundo músicas através de placas vibratórias na parte interior
da pulseira.
ouvinte é ter, sobretudo, o sonho de
ser, de alguma forma, ouvinte um dia, E pusemos mãos à obra...
Para o desenvolvimento deste produto contactámos pro-
mas respeitando a sua surdez.” fissionais do curso de biomédica do IST de Lisboa para as-
— Armando Nembri segurarmos que o produto era viável de se produzir e de
funcionar. Fomos encorajados por professores e alunos do
referido curso. Também contactámos a Associação de Sur-
John Kennedy disse que poucos entre nós são individual- dos, o maestro e uma participante do Projeto “Mãos que can-
mente capazes de fazer acontecer uma mudança positiva tam” para saber o feedback em relação ao nosso produto.
entre as pessoas mas, à medida que cada um de nós faz a
sua pequena parte, cada uma dessas partes torna-se uma O desejo de fazer a diferença...
pequena ondulação e essas ondulações tornam-se uma Se o Vibeats for produzido será algo inovador para a medi-
onda poderosa capaz de derrubar a montanha mais alta. cina e para a tecnologia. E, ao dar, às pessoas surdas, aces-
O projeto “Vibeats” desenvolvido por quatro alunos so a uma forma de arte, isso melhorará a sua qualidade de
do 11º ano do curso de Economia A, do Agrupamento de vida e inclusão na sociedade. Pensámos sobretudo nos jo-
Escolas da Parede (Cascais), reflete a ondulação necessária vens surdos que poderão usufruir de concertos e conhecer
para o exercício de uma cidadania plena, ativa e criativa as músicas que os seus colegas e amigos (ouvintes) ouvem.
numa sociedade que se quer mais inclusiva e centrada na Poderão fazer parte e deixar de ficar à parte.
pessoa humana.
Afinal não somos só nós... Quévin Sequeira, Miguel Outeiro, Vera Fernandes e João Tavares, alunos do 11.º ano, Agrupamento de Escolas da Parede, Cascais.
A ideia do projeto... O projeto foi selecionado para a final do Concurso Nacio-
O desafio da professora de Economia A foi criar uma ideia nal do Programa Junior Achievement – A Empresa e ga-
de negócio, de preferência que refletisse as aprendizagens nhou o 1.º prémio do Concurso Escolas Empreendedoras
realizadas nas atividades sobre os Objetivos de Desenvol- da DNA Cascais.
vimento Sustentável. Compreendemos que este projeto foi ao encontro de uma
A ideia do Vibeats surgiu a partir de um vídeo musi- necessidade sentida pela comunidade em geral. O nosso
cal que um dos colegas da equipa conhecia. O vídeo fala objetivo começou por ser criar uma ideia de negócio ino-
sobre a possibilidade de utilizarmos a nosso favor o que vadora mas, com a investigação que realizámos, rapida-
nos diferencia e alguns jovens surdos partilham experiên- mente se transformou numa forte motivação de contribuir
cias de exclusão. Pareceu-nos que a música pode ser um para uma mudança na vida das pessoas. A nós os quatro,
veículo de união, se todos tiverem a oportunidade de usu- realizar este projeto, mudou-nos.
Num semestre de (re)início escolar, partilho algumas preciosidades Era Uma Vez um Dia Normal de Escola A árvore da escola
Colin McNaughton (texto) e Satoshi Kitamura (ilustração) António Sandoval (Texto), Emilio Urberuaga (ilustração)
de leitura que abordam o primeiro dia de escola para alguns, o seu — Ana Paula Faria editora (2005) — Kalandraka (2017)
reinicio para outros ou ainda as experiências significativas dos
ciclos que fazem parte da vida.
A rotina diária habitual de um aluno é alterada com algo Apelando à conservação e preservação da natureza o ce-
fora do normal. A mudança de um professor pode causar nário de composição gráfica centra o plano da ação onde
efeitos secundários muito positivos na vida de uma crian- decorre a narrativa. O pátio da escola onde uma criança se
ça, especialmente quando essa presença se reveste de ori- desloca, na base dos afetos para com a natureza, influen-
Um livro simples, sem explicações aprofundadas de como A preocupação com o primeiro dia escola, por parte de ginalidade e de música. ciam o percurso temporal.
as crianças enfrentam os medos e a própria maturação. uma menina que anseia do seu irmão mais velho a tran- Uma extraordinária viagem de imaginação e criativi- Uma paleta de guache ou acrílico dão a cor à ilustra-
As fases do crescimento nunca são fáceis, mas é por quilidade da experiência. Contudo, ao inverso, o irmão, de dade que apela aos sentidos e à capacidade de transformar ção com elementos definidos, sendo a construção da figura
isso mesmo que o livro funciona como catarse. Com algu- modo humorístico, mas bem dramático para a persona- momentos do nosso imaginário. humana, a preto desenhada, em cima da mancha numa in-
ma dose de humor e muita autenticidade, José Campanari gem ansiosa, responde às inquietudes da irmã com situa- A ilustração de tinta de china, de linha inconstante pro- teração visual realçando pormenores da narrativa visual
relata os episódios de enurese noturna e o drama do pri- ções surpreendentes, deixando-a obviamente assustada. vocada pela gramagem fina do papel conduz o leitor numa acompanhando a textual. A circularidade prévia da narra-
meiro dia de escola. É o avô, personagem apaziguadora do conflito que, narrativa gráfica que oferece um jogo feliz de tridimensio- tiva enternece mesmo os mais insensíveis. Remete para a
Ilustrações maioritariamente de caneta e aguarela, numa viagem à sua própria infância, nos relata experiên- nalidade e bidimensionalidade. O jogo de cores comunica de crença nos afetos, o deslumbramento da natureza e a espe-
com técnica de trama para delinear as sombras, trans- cias geracionais e o valor da amizade. O autor aborda na forma relevante com a intenção da narrativa textual, condu- rança de um mundo que melhor respeite o planeta.
portam-nos para as memórias que associamos à infância. sua narrativa o crescimento, a importância da partilha da zindo o percurso narrativo num crescendo empolgante até Nada de mais, extremamente simples, as crianças
A gramagem e textura do papel com uso pontual de ca- família na questão do serenar medos e de partilhar senti- ao desfecho cíclico. compreendem. Os adultos, alguns, precisam de se deixar
rimbos e algumas composições digitais, de cores pastel mentos. Recorrendo à fantasia do texto de António Mota, As próprias guardas do livro contrastam entre si, reme- enternecer pelas coisas simples da vida.
quentes, apresentam todo o universo de objetos e cenas Paulo Galindro ilustra a narrativa numa composição de tendo a inicial para a monotonia dos dias, em oposição com
do quotidiano a par da imaginação infantil. Os relevos de diferentes técnicas e paletas de cor diversificadas onde a a guarda final, após a vivência extraordinária de escutar a
cores frias evidenciam elementos pontuais em concor- ilustração ocupa as páginas, invadindo o texto escrito, de magia da música e da criatividade.
dância com a oscilação dos sentimentos. modo a que texto e ilustração se fundem numa amálgama Um deleite para a imaginação de todas as idades e cla-
Crianças pequenas identificar-se-ão com o prota- divertida de leituras paralelas. ro para os professores que proporcionam dias diferentes aos
gonista. Os mais velhos, irão com certeza recordar esses seus alunos.
momentos da infância, com um sorriso nos lábios e um Obviamente que este será também um livro para todos
sentimento de nostalgia. os que amam a música e com ela se inspiram todos os dias.
Helena Neves
e Margarida Loureiro
AUTONOMIA,
FLEXIBILIDADE
Marco Taylor é o autor da ilustração da revista que temos
nas mãos. Responsável por diversas obras que manifesta-
mente primam pela originalidade da ilustração e também
pelas abordagens fora do convencional editorial.
Abílio é um dos exemplos. Livro sem texto, deixando ao
E INCLUSÃO
leitor a construção da narrativa onde, as ilustrações, clara-
mente estão construídas com um fio condutor, mas não es-
tanque na sua interpretação. Desde a capa despretensiosa,
às guardas com mensagens nas entre linhas, conduzem-nos
para a identidade do personagem que pretende versar. Ilus-
tração com colagens, lápis de traço irregular, com algum
trabalho digital numa composição limpa e arejada.
Uma introdução gráfica antes da ficha técnica, remete-
-nos para uma leitura cinematográfica da narrativa. Porme-
nores aparentemente simples, mas que fazem toda a diferen-
ça para a compreensão leitora e antecipação da narrativa.
Abílio é o protagonista, pouco sabemos dele, quase
não o vemos, ou talvez seja ele que não quer ser visto. Va-
gueia noutra dimensão. Vê as coisas de outro ângulo. Vive
numa outra perspetiva do mundo. Este porém, é um lugar
de regras convencionais que acorrentam os indivíduos que
desde cedo sonham outros ciclos. O argumento apresenta
um final desenhado, do ponto de vista da ilustração, mas
o texto, esse, fica em aberto para a continuidade de outros
enredos, outros ciclos, como na vida. Existem imensas pos-
sibilidades de leitura, de interpretar e, sobretudo, de como
Entrevista Gestão e processos Inclusão e inovação Azeitão: uma escola
aceitar o outro. Lê-se vezes sem conta, tão circular como a Ariana Cosme de liderança para pedagógica em transformação
vida. Encantador e único como cada indivíduo. o desenvolvimento Paulo Almeida Maria Clara Félix
organizacional: algumas
notas a propósito da
autonomia e flexibilidade
curricular
Estela Costa
o desenvolvimento organizacional:
orientar, apoiar e motivar o corpo docente. Kim (1993) refere as rotinas organizacionais e a partilha de
Recupero aqui um estudo de avaliação sobre a eficácia elementos culturais – os denominados “modelos mentais par-
da implementação de um projeto de ensino bilingue, em que tilhados” – como mote para a aprendizagem organizacional;
algumas notas a propósito participei (Almeida, Costa, Pinho, Rocha & Antão, 2014; Cos-
ta, Almeida, & Pinho, 2017), cujos resultados confirmaram a
March (1981) destaca as regras e as normas e a sua codifica-
ção escrita, que garantem que a informação seja transmitida
em transformação
no Decreto-Lei nº55/2018 de 6 de julho e regulamentadas pela No 2º e 3º ciclo, as disciplinas com menos tempos sema-
Portaria nº 223-A/2018 de 3 de agosto. nais funcionam semestralmente, como é o caso de Educação
Acreditamos ser este o caminho que nos levará a uma Visual, Educação Tecnológica, História, Ciências Naturais,
escola inclusiva, onde cada uma das nossas crianças, jovens Educação Musical e Geografia. Ao menor número de turmas
— Maria Clara Félix
e adultos realiza o seu projeto educativo. Acreditamos que, por semestre corresponde um acréscimo de horas letivas por
numa escola que se quer para todos, a resposta pode estar semana, o que permite que o professor acompanhe com maior
Diretora do Agrupamento de Escolas de Azeitão
na flexibilidade e autonomia curricular. Nas nossas mãos de proximidade os seus alunos.
professores está a possibilidade de adaptar os currículos às Nas Línguas Estrangeiras – Francês e Inglês – num tem-
necessidades e expetativas dos alunos e não o inverso. po simultâneo com Português, a turma funciona em desdobra-
O percurso que temos feito revela a inevitabilidade de (re) mento, promovendo o desenvolvimento da oralidade. As dis-
inventar uma escola consciente de que tem de viver o tempo do ciplinas de TIC e de Cidadania e Desenvolvimento partilham
conhecimento ativo, integrado e transdisciplinar. um tempo comum, de modo a ser implementada uma dinâmica
Neste âmbito, a ação educativa prioriza a interligação e a de trabalho interdisciplinar e potenciado o carácter transversal
interseção de saberes de diferentes áreas disciplinares e dis- destas áreas do saber. As opções tomadas pretendem contri-
ciplinas, numa perspetiva horizontal e vertical, a constituição buir para o desenvolvimento de estratégias de ensino e apren-
de equipas educativas e uma avaliação contínua e sistemáti- dizagem que permitam maior individualização e uma avaliação
ca ao serviço das aprendizagens. O envolvimento ativo dos centrada no processo.
alunos no seu processo de aprendizagem e a valorização da
sua voz no quotidiano da escola são igualmente determinantes TRILHANDO CAMINHO ENTRE DISCIPLINAS
para a sua formação integral. O percurso gradual de (trans)formação das práticas peda-
Retomando o propósito de uma escola em (trans)forma- gógicas em sala de aula é precedido de bastante esforço ao
ção, salienta-se o conceito formação. A escola é espaço de nível da organização, como já temos vindo a referir. Destaca-
formação, casa de aprendizagem para todos – alunos, profes- -se, em julho, a distribuição de serviço, momento em que se
sores e para a própria organização. Transformar-se e transfor- constituem as equipas educativas. Este ano, privilegiou-se a
mar faz-se numa cultura de reflexão, de trabalho colaborativo, atribuição do menor número possível de professores por ano
de partilha de práticas pedagógicas entre docentes, o que nos de escolaridade.
leva a novas formas de fazer e de estar. (Trans)formação impli- A constituição de equipas educativas tem por objetivo es-
ca obrigatoriamente Mudança. tabelecer o compromisso de um grupo de professores que le-
Não há, não comum dos quatro Projetos Educativos aprovados desde essa ciona o mesmo ano de escolaridade com um grupo de alunos,
altura. Proclamava-se o Conhecimento com o seu valor social PASSO A PASSO NOS TRILHOS DA esbatendo as limitações impostas pelos conceitos tradicionais
Duas folhas iguais em toda a criação. e ético. Neles inscrevem-se ações e práticas pedagógicas que FLEXIBILIDADE E AUTONOMIA CURRICULAR de grupo turma e de disciplina. Este compromisso levou-nos,
Ou nervura a menos, ou célula a mais, contribuem para a formação de crianças, jovens e adultos res- No ano letivo de 2017/2018, o Projeto de Autonomia e Flexibi- também, à planificação de tempos que se caracterizam por se-
ponsáveis, autónomos, capazes de lidar com a mudança. lidade Curricular abrangeu todas as turmas de 1º, 5º e 7º anos guir uma tendência de desfragmentação dos saberes – Oficina
Não há, de certeza, duas folhas iguais. Considerando que a questão atual não é uma escola para – no total 21 turmas, cerca de 500 alunos. No ano em curso, do 5@bER Sem Fronteiras – e à atribuição de tempo para tra-
— António Gedeão todos, mas uma escola onde todos aprendem, temos vindo, em este número mais do que duplicou, contam-se agora 1042 alu- balho colaborativo aos docentes.
conjunto, a procurar outras formas de trabalhar com os nossos nos, distribuídos por 43 turmas de 1º, 2º, 5º, 6º, 7º e 8º anos. Ousar outros modos de fazer escola, eliminando gra-
alunos. Encontrar respostas adequadas a todos e a cada um O número considerável de alunos, a necessidade de ul- dualmente as fronteiras entre disciplinas implicou definir no-
Nos tempos em que vivemos, falar de educação é um enorme deles tem levado à elaboração de diferentes planos de ação. trapassar os aspetos menos positivos identificados no decor- vas manchas horárias. Semanalmente, nos horários dos alu-
desafio. O avanço da tecnologia, a evolução da inteligência Sucederam-se os Planos de Melhoria, o Plano de Ação ao ní- rer do ano anterior e o desejo de ir mais longe, estão na origem nos estão marcadas entre 6 a 8 horas de Oficinas do 5@bER
artificial e a crescente necessidade de uma cidadania parti- vel dos departamentos e, em 2015/2016, o Plano de Ação Es- das alterações introduzidas ao nível das matrizes, dos docu- Sem Fronteiras, conforme se trate de um ano de iniciação ou
cipativa alteram significativamente a sociedade. A escola não tratégica. Este último antecipava os caminhos que viriam a ser mentos de suporte, da gestão pedagógica e da constituição de continuação no Projeto de autonomia e flexibilidade. Nes-
só reflete estas alterações como tem de se (re)inventar quo- iniciados no ano seguinte. das estruturas intermédias que articulam diretamente com a tas horas, exploram-se percursos pedagógico-didáticos pro-
tidianamente, adequando-se ao ritmo dos tempos. Cabe-lhe No ano letivo de 2017/2018 ousámos ir mais longe. Em Direção. Estes novos passos foram dados num momento em motores do trabalho prático e ou experimental, trabalham-se
um novo e exigente papel: ser capaz de se (trans)formar e de regime de experiência pedagógica, implementámos o Projeto que se alterou significativamente o corpo docente, em resul- conteúdos integrados em trabalhos que envolvem diferentes
(trans)formar. Nesta escola, o horizonte é a educação em ci- de Autonomia e Flexibilidade Curricular ao abrigo do Despa- tado do concurso de professores, o que trouxe mais alguns áreas do saber, pelo que os alunos são acompanhados e
dadania, pelo que a sua ação se fundamenta numa cultura hu- cho nº 5908/2017, de 5 de julho. Este passo refletia, uma vez constrangimentos. orientados por vários docentes, em simultâneo. Salienta-se a
manística, transdisciplinar e globalizadora de saberes. mais, o compromisso da nossa comunidade educativa com Ao nível das matrizes, no 1º ciclo, criámos uma nova ofer- valorização crescente da metodologia de trabalho de projeto
Na certeza de que a mudança de paradigma não se faz a busca permanente da melhoria do sucesso educativo de ta complementar: Desenvolvimento, Ambiente e Sustentabi- para o desenvolvimento de saberes integrados. Esta forma de
de um dia para o outro, o Agrupamento de Escolas de Azeitão todos os seus alunos. lidade. Na sua génese, esta área curricular é promotora de trabalhar, confere oportunidade aos alunos de participarem
iniciou esta linha de pensamento em 2005, ano da elaboração Em 2018/2019, o resultado da monitorização realizada interdisciplinaridade. O programa está organizado por temas, no planeamento, avaliação e realização de aprendizagens que
do seu primeiro Projeto Educativo enquanto Agrupamento de durante o ano letivo transato, assim como o crescente reco- trabalhados a diferentes níveis de profundidade, consoante o têm sentido para eles, num processo acompanhado e orien-
Escolas. Educar Em Cidadania passou a ser o denominador nhecimento de que a missão da escola é formar cidadãos com ano de escolaridade. O seu propósito final é contribuir para a tado pelos professores.
Diretora do Agrupamento de Escolas de Alcanena, coordenador da Flexibilidade (Ensino Secundário) no Agrupamento Criação de uma equipa multidisciplinar representativa dos diferentes ciclos, departamentos
de Escolas de Alcanena . Autores do Guia de Autonomia e Flexibilidade Curricular, Raiz Editora e estabelecimentos de ensino do AE para coordenar a implementação do modelo
Empowerment da equipa multidisciplinar dos coordenadores PAFC dos Diretores de Turma / Ao longo do ano
A Escola e os professores têm, antecedida de uma reflexão coletiva, no sentido de todos os conselhos de turma
para superarem, com sucesso, os novos um compromisso alicerçado num processo de corresponsabi- Acompanhamento e disponibilização de recursos de natureza diversificada essenciais à
implementação do projeto
lização plural, na assunção de que o PAFC poderia constituir
desafios. Há que pensar e construir uma oportunidade para:
Escolha do tema central e globalizante Setembro
oportunidades para que os nossos jovens • generalizar, com efetiva integração no currículo, boas prá- Equipa
Multidisciplinar
ticas já recorrentes no AEA; da Flexibilidade
e crianças sejam os protagonistas do seu
Nível organizacional
Investigação de áreas do currículo local passíveis de integração no currículo formal
• promover a melhoria das aprendizagens, objetivando a
processo educativo, de modo a poderem aquisição de conhecimentos (Aprendizagens Essen- Conceção de documentos essenciais para o mapeamento do processo
ciais), o desenvolvimento de competências (Perfil do
incorporar os seus interesses e as suas Aluno) e a valorização de atitudes (Cidadania e Desen- Articulação ente os diversos DT e a diretora Ao longo do ano
Ao longo do ano
Incentivo
Orientação Áreas Disciplinares, analisaram-se possíveis pontos de inter- Posteriormente, definiram-se critérios comuns para a ava-
Fio condutor seção e de articulação entre as disciplinas e averiguou-se a liação das dimensões de natureza procedimental e atitudinal.
possível inclusão em DAC nos diferentes anos de escolarida- Em cada turma, a coordenação das atividades foi da respon-
Asseguração da ligação ao currículo / às AE
de, de acordo com a temática central. sabilidade do respetivo Diretor de Turma, cabendo às equipas
Levantamento de ideias – pesquisa, investigação, viabilidade, exequibilidade Após o levantamento de ideias junto dos alunos, deu-se educativas o desempenho de um papel mais ativo e de super-
Alunos Decisão sobre o projeto a desenvolver / problema a resolver início à planificação das etapas (problema inicial, processo, visão, com os alunos, na conceção, planificação e execução
produto), aferiram-se eixos de articulação entre as várias dis- das tarefas de cada projeto.
Conceção e planificação do projeto (problema inicial, processo, produtos)
Ao longo do ano ciplinas, validou-se o grau de envolvimento de cada uma no Coube a cada Diretor de Turma promover o levantamento
Distribuição de funções, tarefas e responsabilidades
projeto único da turma e elencaram-se as Aprendizagens Es- de questões; envolver os alunos na apresentação de suges-
Realização de atividades significativas e relevantes, integradas no currículo
senciais (AE) a mobilizar para a sua concretização, com possi- tões para o projeto; contextualizar.
Recolha de evidencias do trabalho realizado e resultados obtidos. bilidade do respetivo aprofundamento e abordagem através de Os Diretores de Turma tiveram um papel crucial em todo
Execução, registo, organização, interpretação, avaliação estratégias baseadas em projetos. o processo, coordenando todo o projeto/trabalho; motivaram,
A operacionalização das diversas fases da metodologia envolveram, orientaram, responsabilizaram, incentivaram, su-
Encarregados Envolvimento dos pais e encarregados de educação em:
de Educação
de trabalho de projeto foi assegurada durante as aulas, regis- pervisionaram. Foram os efetivos mediadores e alinharam to-
Nível da família
∙ Identificação das opções curriculares tando-se um maior desenvolvimento das tarefas nas “pausas” dos os intervenientes no mesmo sentido, assegurando uma
∙ Tomada de decisão ao nível da gestão curricular Ao longo do ano dos horários regulares, prévia e adequadamente, programa- coerência entre o início, o meio e o fim e entre as partes e o
∙ Acompanhamento e envolvimento nos projetos desenvolvidos das em Conselho de Turma, atendendo às especificidades de todo. Com os alunos, asseguraram o fio condutor/continuidade
∙ Participação informada no processo de avaliação dos seus educandos cada projeto. A organização diferente dos tempos de aula, a de todo o trabalho; com os professores do respetivo Conse-
par de uma outra forma de agrupar os alunos tornaram-se cru- lho de Turma, mantiveram funções de coordenação de todas
Parceiros Articulação do currículo à realidade local ciais para concretizar as metas inicialmente estabelecidas e as atividades e fomentaram a articulação horizontal; agilizaram
Nível da comunidade
comunitários
Motivação dos alunos para responder através dos projetos a problemas da comunidade compartilhadas por todos, uma vez que implicaram uma efetiva a comunicação entre todos. Com os Encarregados de Edu-
Partilha de conhecimentos científicos e práticas profissionais Ao longo do ano articulação de ações inter e transdisciplinares, em torno de um cação, apresentaram, no início do ano letivo, o PAFC; esta-
Promoção do empreendedorismo
projeto comum. beleceram pontos de situação sistemáticos e fomentaram um
As disciplinas envolvidas não perderam a sua identidade. espírito de colaboração.
Participação na tomada de decisão ao nível da gestão curricular
Cada uma enriqueceu o seu currículo com opções metodológi- Por seu turno, os coordenadores PAFC asseguraram a
Tabela 1. Elenco dos intervenientes no PAFC e respetivas funções/ações. cas adequadas aos contextos. Não se trabalharam apenas os existência de uma visão geral do PAFC de todo o AEA, neces-
conteúdos comuns às disciplinas, mas, principalmente, procu- sária para a manutenção de uma coerência num todo e para
raram-se formas de integração e mobilização curricular de cada a apresentação eficaz de um produto final global – Feira do
disciplina no projeto único de turma, formas de contribuir para Tempo. Os Diretores de Turma criaram também condições que
O PROJETO turma. Distribuíram-se os subtemas num friso cronológico as diversas fases do trabalho de projeto. permitiram o estabelecimento de contactos com parcerias e de
Para agilizar e promover uma eficaz mobilização de todos os (figura 1) por anos de escolaridade. A cada turma coube Os alunos, por seu turno, assumiram um papel ativo em laços de colaboração, de partilha e de experiências com várias
elementos da comunidade educativa, o grupo de trabalho o desenvolvimento de uma abordagem específica de acor- todo o processo, desde a tomada de decisão até à avaliação do instituições locais e nacionais. A Direção do AEA procurou, na
multidisciplinar, criado para o efeito, propôs, como ponto de do com as características dos respetivos alunos, perfil do próprio progresso, o que potenciou o desenvolvimento de com- senda de uma liderança transformadora, ser facilitadora do tra-
partida, uma temática integradora – “Caminhando ao lon- Conselho de Turma, problemáticas locais ou globais, assim petências de nível elevado, uma vez que a uma maior liberdade balho de todos, uma fonte de inspiração, de suporte e de cola-
go da nossa história”, resultante da interseção do currículo como as expectativas de prosseguimento de estudos dos que é proporcionada aos alunos, corresponde, necessariamen- boração de todo o trabalho desenvolvido.
formal com o currículo local. A constituição dos Domínios alunos (ensino secundário). te, uma maior responsabilidade da sua parte, desenvolvendo No presente ano letivo de 2018/2019, o processo de Auto-
de Articulação Curricular (DAC) teve em conta o nível/ciclo Começou-se, no início do ano letivo, com uma reunião competências fundamentais para a sua vida social, profissional nomia e Flexibilidade Curricular tem seguido as mesmas linhas
de ensino e as opções metodológicas foram delineadas de da Equipa Multidisciplinar da Flexibilidade. Os objetivos eram e do futuro. gerais do PAFC implementado no ano transato. Foi, também,
acordo com as características dos alunos, estabelecendo- a escolha de um tema central e globalizante para todo o Agru- O processo de avaliação, por sua vez, foi integrado no cur- definido um tema aglutinador, o Antropoceno, que constituiu um
-se domínios de abordagens dominantes (histórica; artísti- pamento e preparar a operacionalização global do processo, rículo, valorizando-se as suas dimensões formativa e formadora. ponto de partida para as diversas ações a desenvolver em cada
ca; geológica; económica; geográfica; cultural; científica; antevendo possíveis e potenciais articulações entre disciplinas Os instrumentos de avaliação foram diversificados e os procedi- uma das turmas (apenas os 3º, 4º, 9º e 12º anos de escolaridade
tecnológica...) para o desenvolvimento dos projetos de cada nos diversos anos de escolaridade. Em Departamento e em mentos agilizados com recurso a ferramentas digitais. não estão abrangidos).
pedagógica, numa prática inclusiva movimentos em rede nos seus departamentos, nos conselhos
de docentes e de turma, visando o desenvolvimento de novas
construções sociais de aprendizagem adequadas à sociedade
pela constituição das equipas educativas de ano reforçadas
pela intervenção dos docentes e técnicos especializados, va-
lorizando as dinâmicas de trabalho pedagógico adequadas
— Célia Barão Guerreiro Almeida e Maria do Carmo Correia do século XXI, substanciadas no espirito do aprender mais e às especificidades da turma e de Cada Um dos Alunos e or-
de modo mais significativo. ganizando um conjunto de respostas flexíveis que permitem o
Diretora do Agrupamento de Escolas Pedro Eanes Lobato e Coordenadora da Equipa Multidisciplinar do mesmo Agrupamento. A participação do Agrupamento no projeto piloto para o acesso ao currículo e potencializa as capacidades de todos
Coordenadora do Grupo de Educação Especial do Agrupamento de Escolas Pedro Eanes Lobato, pedroeaneslobato@gmail.com Novo modelo de mobilização e disponibilização dos apoios os Alunos.
adicionais (promovido pela DGE) desde março de 2017 a A realização das Jornadas Pedagógicas do Agrupa-
julho de 2018, ao proceder à reavaliação da identificação dos mento, organizadas pelos núcleos dinamizadores, permitiu a
níveis de necessidade dos alunos, à reorganização das in- partilha de saberes com todos os docentes do Agrupamento
tervenções especializados, distinguindo as de carácter mais e de outras escolas, das dinâmicas desenvolvidas até aquele
intensivo e de carácter abrangente, foi um facilitador signi- momento e inspirou o início da fase de operacionalização dos
ficativo para que todos os intervenientes educativos redefi- diversos projetos.
nissem dinâmicas de trabalho em contexto de sala de aula. O Centro de Apoio à Aprendizagem (CAA), criado em
Paralelamente o desenvolvimento de dinâmicas com os En- outubro de 2018 e coordenado por uma equipa formada por
carregados de Educação visando sensibilizar para as novas quatro elementos detentores de diferentes saberes e práticas,
linhas orientadoras; a realização de ações formativas “Capa- e organizado, de acordo com as orientações emanadas da
citar para Incluir”, dirigidas a todos os docentes e a sensi- Equipa Multidisciplinar.
bilização ao pessoal não docente permitiu o início de novas Este recurso organizacional permitiu um contínuo de
construções sociais de aprendizagem. respostas educativas subsidiárias às ações desenvolvidas na
A participação neste projeto piloto tornou premente a turma, direcionadas para o reforço das aprendizagens – apoio
O Agrupamento de Escolas Pedro Eanes Lobato desafiado integração no ano letivo 2018/2019 no projeto de Autonomia constituição da Equipa Multidisciplinar de Apoio à Apren- aos alunos nas dificuldades nas diferentes componentes do
há muito pelo contexto de território educativo em que se en- e Flexibilidade Curricular. dizagem e à Inclusão, nomeada pela Diretora do Agrupa- currículo; no enriquecimento curricular (ateliês e oficinas); inte-
contra inserido e operacionalizando, desde 2012, o Progra- A apropriação feita pelo Agrupamento do Perfil dos Alunos à mento em fevereiro de 2018, e coordenado pela própria, an- grando também um conjunto de recursos para apoiar e acom-
ma Territórios Educativos de Intervenção Prioritária, ali- Saída da Escolaridade Obrigatória, homologado pelo Despa- tecipando o trabalho a realizar em julho de 2018, aquando panhar a implementação de medidas adicionais (metodologias
cerçado nas linhas orientadoras do seu Projeto Educativo, cho n.º 6478/2017, 26 de julho, constituiu-se como o referen- da publicação do Decreto-lei n.º 54, de 6 de julho de 2018, de ensino estruturado, desenvolvimento de competências de
corroborado pelo Projeto de Intervenção da Diretora e im- cial curricular desta entidade, levando-o à definição do perfil do garantindo, desde esse primeiro momento, o processo de autonomia pessoal e social).
buído do espírito emanado das palavras de Santos Guerra aluno à saída do 9º ano, e consequentemente ao planeamento e identificação das barreiras à aprendizagem; a operacionaliza- A mudança de paradigma na abordagem às dificuldades
de que “uma instituição fechada à aprendizagem, hermética operacionalização das áreas de competências, de acordo com ção de uma diversidade de medidas de suporte; o acompa- de aprendizagem, proposta pela Escola Inclusiva, implica a
face às interrogações e alicerçada em rotinas, acabará por o nível etário, escolar e contexto educativo, expresso na defi- nhamento e monitorização da aplicação das mesmas, numa consciência de que tudo isto é urgente, mas não pode ser feito
repetir inevitavelmente os mesmos erros. Jamais aprenderá” nição de um perfil do aluno por ciclo de escolaridade, (do abordagem multinível, integrada e contínua, acautelando o à pressa, requerendo tempo de leitura, de apropriação, de liber-
(2001:11), assume-se como uma escola reflexiva, capaz de pré-escolar ao 9ºano), de forma flexível e sequencial, garantin- percurso escolar de cada aluno. tação de medos e preconceitos, ganhando-se a consciência de
se pensar a si própria, espaço de desafios e partilha de sa- do que o perfil dos alunos seja desenvolvido por todos, ainda O trabalho colaborativo dinamizado pelos próprios do- que os docentes não estão sozinhos na mudança, mas sim em
beres, com vista à procura de respostas que visem a concre- que através de percursos diferenciados. centes permitiu que o conhecimento teórico se alicerçasse equipas educativas, e que é preciso aprender a ousar, a fazer
tização da sua missão: A de proporcionar uma resposta de O documento de Estratégia Nacional de Educação para a ao conhecimento em contexto e que pequenos núcleos natu- acontecer, de modo a que se possa garantir os mecanismos
qualidade à diversidade dos seus públicos, num ambiente Cidadania (ENEC) levou a que o Agrupamento realizasse, um ralmente se tornassem elementos enquadradores e de apoio, de sustentabilidade educativa. Acredita-se absolutamente que
que permita a Todos e a cada um dos alunos, aprendizagens trabalho de definição de valores e de temas de cidadania a de- promotor da força motriz necessária à mudança educacional a exigência da tarefa e as dificuldades encontradas não devem
ricas em significado com vista à promoção de uma vida ver- senvolver, tendo por base, a definição do perfil do aluno por ao proporcionar espaços formativos, reconhecidos pelo Centro fazer desviar do caminho de que a inclusão só é verdadeira se
dadeiramente autónoma. ciclo de escolaridade e o referencial dos valores preconizados de Formação, designadamente a ação “Para o desenvolvimento for feita Com Todos e Para Todos.
Promovendo uma gestão estratégica com base numa li- no Projeto Educativo. de uma Escola Inclusiva”, dirigida, num primeiro momento, aos Tenhamos todos a responsabilidade ética de, com sensi-
derança educacional assente numa cultura participativa e de Esta ação implicou, num primeiro momento, congregar, órgãos de gestão do Agrupamento, e num segundo, aos do- bilidade e sabedoria, ver com os sonhos e fazer acontecer.
responsabilidade, consciente de que a Escola não muda por no seio da equipa de docentes, um espírito de abertura e mo- centes que constituem as equipas educativas do pré-escolar,
decreto, não aceitou participar no desafio de operacionaliza- tivação, num compromisso moral, de empatia pela mudança 1º; 5º e 7º ano de escolaridade.
ção do Despacho n.º 5908/2017, de 5 de julho, em regime de e responsabilidade partilhada, perfeitamente conscientes de Todo este processo levou a que em maio de 2018 o Con- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
experiência pedagógica, da implementação do projeto de au- que como refere Nóvoa, “inovação não se decreta. A inovação selho Pedagógico do Agrupamento aprovasse um modelo NÓVOA, António. A formação tem de passar por aqui: as histórias de vida
tonomia e flexibilidade curricular, tendo optado por desenca- não se impõe. A inovação não é um produto. É um processo. educacional, para o ano letivo 2018/2019, elaborado como no projeto Prosalus. In: NÓVOA, António; FINGER, Matthias (Orgs.) O
método (auto)biográfico e a formação. Lisboa: Ministério da Saúde. Depart.
dear, no ano letivo 2017/2018, um conjunto de mecanismos Uma atitude. É uma maneira de ser e estar na educação que uma resposta objetiva e assertiva à gestão da diversidade dos dos Recursos Humanos da Saúde/Centro de Formação e Aperfeiçoamento
de consolidação da operacionalização do seu Projeto Educa- necessita de tempo.” (1988:8). Num segundo momento, esta seus públicos, assente em quatro projetos tratores, um por Profissional, 1988. p. 107-129.
tivo, preparatórios de um caminho a realizar com vista à sua ação consubstanciou-se na constituição de um núcleo de do- cada ano a intervir, alicerçado no trabalho interdisciplinar, no SANTOS GUERRA, Miguel. A Escola que Aprende, 2001, Edições Asa.
e flexibilidade curricular
antropométricas
Álgebra / Geometria
Vulcões no planeta Terra
— Sandra Nobre
Conhecer uma empresa local
Agrupamento de Escolas Professor Paula Nogueira – Olhão, Doutorada em Didática da Matemática pelo Instituto
de Educação da Universidade de Lisboa, sandraggnobre@gmail.com
Organização e tratamento de
Nós e os outros
dados
Neste artigo relato parte da minha PAFC reuniram-se quinzenalmente para fazer trabalho de arti- tabela 1 os projetos realizados no âmbito do desenvolvimen-
culação, delineando os projetos a desenvolver, fazendo balan- to das aprendizagens essenciais da disciplina em articulação
experiência enquanto professora ços de outros já desenvolvidos e/ou em desenvolvimento. com outras disciplinas, nomeadamente as Ciências Naturais
de Matemática do 7.º ano no âmbito Foram vários os projetos realizados no âmbito do PAFC e a Físico-química. Os alunos trabalharam na maior parte das
com as turmas. Esses trabalhos foram desenvolvidos nos vezes em grupos de 3 ou 4 alunos sendo que a composição
do Projeto de Autonomia e DAC, nas diferentes disciplinas e em articulação com as várias dos grupos foi variando ao longo do ano.
Flexibilidade Curricular (PAFC), áreas disciplinares.
UM OLHAR SOBRE ALGUNS DOS PROJETOS
durante o ano letivo 2017/18. A TURMA DESENVOLVIDOS
Como professora de Matemática trabalhei com uma das tur- Passo de seguida a exemplificar o trabalho desenvolvido, de
mas onde foi implementado o PAFC. A turma era constituída forma sucinta, em três dos projetos desenvolvidos. Dois des-
A IMPLEMENTAÇÃO DO PAFC por 18 alunos, com três alunos abrangidos pelo Decreto – Lei ses projetos foram desenvolvidos no início do ano letivo e o
Este projeto surge como uma oportunidade para as escolas n.º 3/2008 (necessidades educativas especiais), dois alunos outro quase no final.
autonomamente tomarem decisões acerca da sua organiza- repetentes do 7.º ano e uma aluna vinda de um percurso curri-
ção, tendo em conta as suas prioridades. cular alternativo, sendo que ao todo cinco alunos apresentam PROJETO “SER SOLIDÁRIO”
Para a operacionalização do projeto, o agrupamento de mais de duas retenções. De um modo geral, no início do ano, O primeiro projeto, de cariz solidário, levou os alunos a estu-
escolas onde leciono concebeu uma nova disciplina – Artes os alunos apresentavam bastantes dificuldades na aprendiza- darem as caraterísticas de alguns alimentos como o grão e o
performativas e dois Domínios de Autonomia Curricular (DAC) gem da Matemática e manifestavam um fraco envolvimento na arroz e a sua importância na alimentação. Em grupos, os alu-
– DAC1 (Matemática, Ciências Naturais e Físico-Química) e aprendizagem da disciplina em sala de aula. nos foram estimulados a descobrir o número de bagos de arroz
DAC2 (Português, Artes Performativas e Inglês). Para além Ao longo do ano os professores foram tomando conhe- que um pacote tem, entre outras tarefas. Posteriormente foram
disso alguns tempos de disciplinas eram alternados quinze- cimento das caraterísticas dos alunos e delineando vários desafiados a escrever esses números de forma mais simples,
nalmente, nomeadamente Físico-Química e Ciências Naturais projetos na tentativa de os incentivar para o estudo e para a em notação científica – um conteúdo matemático fundamen-
bem como Educação Visual/TIC com História. Os Conselhos aprendizagem nas diferentes áreas disciplinares. tal para a disciplina de Físico-química. Construíram cartazes
de Turma das duas turmas do 7.º ano onde foi implementado o Relativamente à disciplina de Matemática, apresento na de incentivo à comunidade para a contribuição com bens ali- Figura 2–3. O trabalho dos alunos com o grão.
A CONCLUIR
As atuais orientações curriculares vêm incentivar os profes-
sores das diferentes áreas disciplinares a uma cooperação
efetiva, associada a uma gestão curricular sincronizada. A se-
leção de tarefas/projetos que sirvam os propósitos de ensino
e aprendizagem da Matemática e em simultâneo os de outras
áreas disciplinares é um ponto de partida fundamental para
apoiar o processo de aquisição e de construção do conheci-
mento de todos os alunos. No trabalho desenvolvido com esta
turma durante o ano letivo anterior foi possível verificar que
esta seleção foi crucial. As propostas incentivaram um ensino
experimental regularmente, num contexto real, promovendo o
Gráfico 2. Respostas Q5.
envolvimento de todos os alunos. Em qualquer um dos projetos
que apresentei é possível verificar que os alunos assumem o
papel de investigadores, com uma função ativa na construção
do seu conhecimento. Por outro lado, o trabalho colaborativo
Figura 9. Apresentação dos trabalhos aos colegas do 6.º ano.
desenvolvido dentro dos grupos foi igualmente fundamental
não só para o desenvolvimento de aprendizagens essenciais
nas diferentes disciplinas mas também para o desenvolvimento
4. Divulgação do produto final zação deste trabalho mostra que é possível aprender de forma de competências sociais.
A divulgação dos trabalhos realizados foi feita no auditório da diferente. O que mais te impressionou?”. Os alunos maiorita- Nos dias de hoje é fundamental que os professores con-
escola para os Encarregados de Educação e outros professo- riamente respondem que foi a utilização do Movie Maker. tinuem a apostar em metodologias de trabalho inclusivas que
res bem como para alunos de outras turmas do 6.º ano que no Na última parte do questionário em resposta a “ Partilha promovam aprendizagens de caráter interdisciplinar, que po-
próximo ano estariam integrados no PAFC. connosco algo que consideres importante” os alunos reportam tenciem os nossos jovens a dar resposta aos desafios do mun-
ao facto de terem aprendido mais sobre a sua cidade, de terem do atual, a par do desenvolvimento das diferentes áreas de
aprendido Matemática e outras disciplinas de forma diferente, competência definidas no perfil dos alunos.
A reflexão dos alunos de terem trabalhado bastante com o computador, de ter sido
Os alunos tiveram depois a oportunidade de expressar, por um trabalho “sério” que os fez “puxar pela cabeça” e de este
escrito, a sua opinião acerca do projeto desenvolvidos em dois trabalho os levar a pensar nas suas profissões no futuro.
momentos, através de um questionário online e através de uma As reflexões escritas complementaram aquilo que os alu-
reflexão escrita. Destaco algumas das respostas recebidas nos já tinham expressado neste questionário, como apresento
através desse questionário online: na figura 10. Figura 10. Excertos de algumas das reflexões escritas pelos alunos
No gráfico 1 é possível observar as respostas à questão Estas reflexões espelham a liberdade que lhes foi dada
“As aprendizagens realizadas com este projeto…” e verifica- na tomada de decisão relativamente ao estudo desenvolvido,
-se que a maioria dos alunos responde “serão úteis para a ao facto de terem saído da sala de aula, de terem recorrido à
vida futura”. tecnologia digital. Uma das alunas mostra mesmo mudança na
No gráfico 2 apresento as respostas à questão “A reali- conceção do que é a disciplina de Matemática ao afirmar que
em contextos de autonomia
apoiar os alunos a aprender mais e, sobretudo, melhor, com enfrentam desafios que exigem a redefinição, a reconstrução
mais compreensão, implica uma estreita articulação entre os e a reinvenção de conceções e práticas que têm prevalecido
processos de aprendizagem, ensino e avaliação. Ou seja, a nos sistemas educativos desde o século XIX. Não é tarefa fá-
COMO ADERIR?
d) Colaborar na elaboração e divulgação de materiais, técnicas, procedimentos e recursos, Enviar comprovativo de transferência,
de forma a qualificar o exercício da profissão. devidamente identificado, para o e-mail
proandee@gmail.com.
e) Estimular a investigação científica na área das Necessidades Educativas Especiais
e promover a fundamentação das práticas e decisões, com base no conhecimento.
Para renovar a Cota anual, deve enviar
f) Desenvolver projetos e ações conjuntas com associações similares, nacionais o comprovativo de transferência bancária
e internacionais. do valor da cota ou, na data devida, autorizar
o pagamento da subscrição (Paypal).
g) Promover a colaboração com outros grupos profissionais do setor, bem como com
outras organizações da comunidade, nomeadamente associações de pais.
h) Promover os valores da afirmação pessoal e da valorização das capacidades, pela positiva, Contactos:
da pessoa com Necessidades Especiais, na defesa dos seus direitos e cidadania. Avenida Jorge Peixinho, 30
Quinta da Arreinela
i) Promover a cooperação institucional, nomeadamente através de protocolos e parcerias, 2805-059 Almada — Portugal
Tm: (00351) 927138331 / (00351) 964502105
com organismos públicos e privados, no âmbito da consultadoria, assistência e informação proandee@gmail.com
técnica e científica, participando como parceiros sociais. www.proandee.weebly.com
Ficha de Adesão
Nome: Data de Nascimento: / /
Morada: Localidade:
Formação Especializada:
Área de Especialização:
Escolas/Agrupamento de Escolas:
XXXVI | DOSSIER — Educação Inclusiva Outra situação: Vol. 9 Nº2 — Dezembro 2018 | XXXVII
Aponte na sua agenda!
VI Congresso
Internacional
da Pró-Inclusão
4, 5 e 6 de julho — 2019
Na cidade do Porto
Mais detalhes, em janeiro,
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Contamos consigo!
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