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existem tabelas que indicam a pontuação mé- Subteste 8: Destreza e Velocidade dos
dia (escore padrão) em cada subteste represen- Membros Superiores, oito itens que mensuram a
tativo das áreas motoras que o teste verifica. destreza das mãos e dedos e a velocidade dos bra-
São fornecidas, também, tabelas que indicam ços e mãos. (Bruininks, 1978,1989; Krus, 1981).
a ordem percentil, o estanino e a idade equiva-
lente derivada da média, o que possibilita uma A estrutura, tanto da forma longa como
melhor interpretação dos desempenhos obti- da forma curta, do TBO possue o mesmo nú-
dos. Estas tabelas foram construídas com base mero de subtestes, isto é, apresenta a mesma
nos dados obtidos da população dos Estado configuração (Figura 1) que é a seguinte: o
Unidos e parte do Canadá, por ocasião do pro- composto motor amplo, que fornece a estima-
cesso de validação do TBO. tiva relativa à motricidade ampla e compreen-
de os subtestes de l a 4; o composto motor
Este teste se apresenta sob duas formas: a fino, que fornece o índice da motricidade fina
forma longa ou bateria completa e a forma lon- e compreende os subtestes de 5 a 8; e o com-
ga, sendo a primeira composta por 46 itens (tare- posto da bateria, que é a soma do resultado
fas) e a segunda por 14 itens derivados da anteri- obtido em toda os subtestes do TBO - do l ao
or. As duas formas são constituídas por 8 subtestes 8 - e que fornece o índice da proficiência mo-
que, em seu conteúdo, representam aspectos tora geral da criança.
importantes da motricidade e de seu desenvolvi-
mento no indivíduo que são os seguintes: A forma longa fornece índices dos com-
postos acima descritos, ou seja, pode ser ad-
Subteste 1: Velocidade de Corrida e ministrada a bateria completa, bem como os
Agilidade, um item que mensura a velocidade compostos separadamente, para se obter infor-
de corrida e a agilidade durante uma corrida mações dos aspectos motores a que se refe-
rápida numa distância de 13,7 m; rem. Esta forma é utilizada quando se deseja
dados mais específicos de um indivíduo.
Subteste 2: Equilíbrio, oito itens que
medem o equilíbrio dinâmico e estático, pro- A forma curta, que é derivada da forma
põem tarefas como sustentar-se sob uma perna longa, fornece apenas um índice, referente à
e caminhadas sobre uma linha e uma trave; estimativa da proficiência motora geral, ape-
sar de ter a mesma estrutura da forma longa.
Subteste 3: Coordenação Bilateral, oito
Esta forma foi desenvolvida para fornecer ra-
itens que medem a coordenação seqüencial e
pidamente informações quando se tem um
simultânea de membros superiores e inferiores;
grande número de indivíduos a serem testados.
Subteste 4: Força, três itens que verificam a
A administração do TBO, em cada cri-
força dos braços e ombros, abdominal e das pernas;
ança, requer um período de tempo de 45 a 60
Subteste 5: Coordenação dos Membros min para a forma longa e de 15 a 25 min para a
Superiores, nove itens que medem a coorde- forma curta. Este tempo é relativo, pois depen-
nação do acompanhamento visual com movi- de de fatores como a habilidade de quem apli-
mentos do braço e das mãos, e movimentos ca, do número de examinadores e de indivídu-
precisos de braços, mãos e dedos; os, do espaço e equipamentos disponíveis, da
idade e do comportamento dos indivíduos.
Subteste 6: Velocidade de Resposta, um
item que mede a capacidade de responder ra- O equipamento utilizado para a aplicação
pidamente a um estímulo visual; do teste caracteriza-se pela facilidade de mani-
pulação e a segurança oferecida às crianças tes-
Subteste 7: Controle Viso-Motor, oito tadas. Para cada subteste existem materiais espe-
itens que medem a capacidade de coordenar cíficos para a sua aplicação. O TBO é comercia-
movimentos precisos das mãos; lizado em um estojo que contém os equipamen-
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tos necessários, os formulários para o registro dos forma longa e da forma curta. A análise do
dados e um manual de instrução. Entretanto, os resultado é facilitada com o auxílio de tabelas
equipamento do teste podem ser facilmente re- que indicam a ordem percentil, o estanino e a
produzidos, o que permite o fácil acesso a este idade equivalente com referência ao grupo
instrumento (Verderber e Payne, 1987). Cabe ao padrão.
examinador providenciar cronômetros, mesas e
cadeiras adequadas ao tamanho da criança, mate- DESENVOLVIMENTO
riais imprescindíveis para o teste. E VALIDAÇÃO DO TBO
Os desempenhos obtidos nos itens de Um dos critérios que deve ser levado
cada subteste são interpretados utilizando- em consideração na escolha de um instru-
se um protocolo em que os escores brutos, mento são suas características técnicas, as
isto é, a medida direta que expressa o de- quais envolvem diferentes aspectos da cons-
sempenho da criança em um item, são con- trução de um instrumento: desde a elabora-
vertidos em ponto escore, os quais unificam ção dos critérios/itens dos equipamentos
a forma de registrar. A partir dos somatórios adequados até a sua comprovação estatística
destes pontos escore são obtidos os escores - validade, fidedignidade, objetividade, etc.
padrão de cada subteste dos compostos da
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discriminatório apresentado pelo teste quan- cada subteste apresente uma estreita relação
do aplicado em grupos contrastes. com os progressivos e sucessivos grupos de
idade. Foi feita a correlação produto-momento
O primeiro procedimento, foi a compa- entre o ponto obtido em cada subteste e as ida-
ração dos conteúdos do TBO com os conteú- des, para comprovar a afirmação anterior, ob-
dos de pesquisas realizadas por diferentes au- tendo-se um índice médio de correlação de .78.
tores na área de desenvolvimento motor, o re-
sultado desta, mostrou que as áreas analisadas A consistência interna do teste foi a se-
pelo teste coincidem com o postulado pelos gunda evidência estatística, a qual foi determi-
autores abordados. O Quadro l mostra o resul- nada através de dois processos: o da correlação
tado deste estudo. entre a pontuação em um item e a pontuação
total e a correlação da pontuação de um item
O segundo procedimento baseou-se em com a pontuação em seu respectivo subteste.
várias evidências estatísticas que foram obti- Observou-se que a primeira é frequentemente
das através de 3 estratégias que demonstraram menor que a segunda, isto porque o teste como
que o teste mede, satisfatoriamente, as habili- um todo contém uma maior heterogeneidade
dades representativas da motricidade ampla e de conteúdos selecionados do que em um úni-
fina em diferentes grupos - por idade, sexo, co subteste. A terceira forma de verificar esta-
normais e deficientes. A primeira evidência tisticamente a validade do teste foi a análise
estatística positiva foi obtida através da corre- fatorial dos 46 itens do TBO utilizado-se os
lação do escore do teste com a idade cronológi- dados obtidos no processo de padronização. A
ca, pois, sendo as habilidades motoras desen- intercorrelação entre a pontuação obtida em
volvidas com a idade, pressupõem-se que a cada item deu suporte para o agrupamento dos
pontuação individual e a pontuação média em itens dentro dos diferentes subtestes
Quadro l -
Correlação entre
os aspectos
medidos pelos
TBO e aspectos do
desenvolvimento
motor identificado
por diferentes
autores (Bruininks,
1978)
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zar o TBO nestas faixas etárias, considerando- representam um amplo espectro das habilida-
se que algumas modificações de material e des motoras.
equipamento devam ser feitas.
Church e Broadhead (1982) verificaram
Beitel e Mead (1982), em outra pesqui- a capacidade discriminatória do TBO para au-
sa citada em Bruininks (1989), investigaram a xiliar no encaminhamento de crianças com de-
fidedignidade do TBO através do teste-reteste, ficiências para programas de EF especial. Fo-
isto é, se há influência ou efeitos da aprendi- ram utilizadas 67 crianças, com idade varian-
zagem das tarefas nos resultados do releste. A do de 5 até 12 anos, sendo 49 crianças sem
amostra foi semelhante ao estudo anterior. Ini- deficiências e 18 apresentando alguma forma
cialmente foi aplicada somente a forma curta de deficiência - classificadas com retardamen-
e, duas semanas mais tarde, foram aplicadas a to mental suave ou médio. Foi utilizado a for-
forma curta e a longa. Os resultados mostra- ma curta do TBO neste estudo. As conclusões
ram um alto grau de estabilidade nos escores apontam para a utilidade do TBO como ferra-
obtidos pelas crianças nesta faixa de idade. Es- menta para encaminhamento de crianças a pro-
tes autores, em sua conclusão, encontraram gramas de EF especial e que este teste
evidências de que o TBO é válido e confiável minimiza a dificuldade na colocação adequa-
para ser utilizado em crianças de 3 a 5 anos. da de crianças com problemas.
Muitas pesquisas foram conduzidas com Brunt e Dearmond (1981) adaptaram o
grupos de crianças que apresentavam alguma TBO para a utilização em crianças com defi-
disfunção, seja motora, intelectual ou compor- ciência auditiva severa. Para tanto, foi desen-
tamental. Estes estudos deram suporte à rela- volvida uma linguagem padronizada de sinais
ção entre o nível de funcionamento intelectual para a comunicação com a criança. Os autores
e a proficiência motora (Bruininks, 1989). Al- sugerem que este teste seja usado no encami-
gumas destas serão relatadas a seguir. nhamento de indivíduos surdos com problemas
motores, entretanto, sugerem que sejam feitas
Connolly e Michael (1986) traçaram um algumas modificações em alguns equipamen-
estudo, que foi apresentado em Bruininks tos que facilitariam a compreensão e execu-
(1989), em que analisaram comparativamente ção da tarefa.
o desempenho de crianças com Síndrome de
Down e crianças sem Síndrome de Down mas Brunt e Broadhead (1982) pesquisaram
com retardo mental. Os sujeitos eram 24 os traços de proficiência motora em crianças
crianças, com idade de 7.7 a 11.9 anos, com surdas comparativamente com crianças nor-
um Q.I. variando de 38 a 69 na escala de mais da amostra padronizada do TBO. Os su-
Stanford-Binet. As crianças com Síndrome jeitos foram 154 crianças, atendidas em escola
pontuaram significativamente mais baixo do para deficientes auditivos, e 98% destas apre-
que as sem Síndrome de Down. Com estes re- sentavam uma capacidade de escutar menor
sultados, foi constatado que o TBO é, sob cer- que 60 decibéis. Nenhuma criança era defici-
tas restrições, adequado para discriminar cri- ente física ou mental. A idade variava de 7 a
anças com deficiência. 18 anos e envolvia crianças de ambos os se-
xos. Nos resultados, foi observado que, em re-
Broadhead (1981) utilizou o TBO para lação às crianças normais, este grupo obteve
desenvolver um programa de EF especial para um desempenho na pontuação menor nos
crianças com deficiência e para avaliar se ocor- subtestes de equilíbrio, velocidade de resposta
reriam mudanças positivas em seus comporta- e na coordenação bilateral. A performance foi
mentos. Os sujeitos eram 14 crianças defici- maior no subteste de controle viso-motor e, no
entes que iam pela primeira vez a uma escola restante, não houve diferenças significativas.
pública. O TBO foi usado porque ele foi de-
senvolvido com uma amostra de crianças que Silva (1990) utilizou o TBO para sele-
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