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Organizações
E se trabalhadores escravizados e livres compartilharam
experiências de trabalho e de vida, além de valores, fize-
ram-no por meio de uma troca de experiências que incluiu o
compartilhamento de modelos e formas associativas, assim
como de padrões de mobilização e luta. No que diz respeito
às formas associativas, aos trabalhadores escravizados era
proibida a associação coletiva, restando a clandestinidade
em organizações pelas quais buscavam libertar-se, como o
Bloco de Combate, lembrado por João de Mattos. Havia,
entretanto, uma exceção, pois lhes era permitido pertencer a
irmandades, sociedades católicas que reuniam devotos de um
santo padroeiro e que possuíam, além do objetivo de culto a
esse padroeiro, funções de apoio aos membros (“irmãos”),
como o auxílio em caso de morte, para que a família custeas
se o funeral. Para os trabalhadores escravizados e libertos
(ex-trabalhadores escravizados) existiam irmandades espe-
cíficas, como as de N. Sra. do Rosário, as de São Benedito,
as de São Elesbão e Sta. Efigênia, entre outras. Mas também
havia irmandades organizadas por grupos de trabalhadores
livres, como aquelas associadas a determinados ofícios espe-
cializados, que reuniam os artesãos (aqui chamados geral-
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Formas de luta
Boa parte dos textos, de memórias ou de análises que lo-
calizam a primeira greve no Brasil, citam a dos composito-
res tipográficos dos três jornais diários que circulavam na
capital do Império (a Corte), em 1858, como a pioneira.
Essa greve é, de fato, bastante significativa. Após meses rei-
vindicando aos donos dos três principais jornais da Corte
(Correio Mercantil, Diário do Rio de Janeiro e Jornal do
Comércio) um reajuste de salários, numa conjuntura de alta
dos preços, os compositores (os tipógrafos que compunham
os jornais artesanalmente, organizando letras de metal em
chapas para impressão) resolveram recorrer à paralisação
do trabalho a partir de 9 de janeiro de 1858. O mais interes-
sante da greve é que dela há registros relativamente amplos,
porque os compositores, apoiados pela Imperial Associação
Tipográfica Fluminense, fundaram o Jornal dos Tipógrafos,
de circulação diária, que nas semanas seguintes apresentou
os argumentos dos trabalhadores. Nas páginas do jornal,
um grupo profissional relativamente pequeno (o maior dos
diários, o Jornal do Comércio, empregava cerca de 32 tipó-
grafos), apresentava-se como constituído por “artistas”, ar-
tesãos especializados, empobrecidos pela ganância dos pro-
prietários das folhas que se negavam a pagar-lhes um salário
digno. Além disso, a greve chama a atenção pelo papel ativo
da associação dos tipógrafos, que embora tivesse como ob-
jetivo principal o auxílio mútuo de seus filiados, assumiu a
função de representação dos seus interesses, intercedendo
junto às autoridades e financiando a compra do maquinário
para a impressão do jornal dos grevistas.
No Jornal dos Tipógrafos podemos encontrar manifes-
tações preliminares de uma identidade de classe em cons-
trução, mesmo havendo afirmações claras de especificidade,
quando define seus membros como “artistas”, que se “co-
ligaram” por constituírem uma “classe mal retribuída nos
seus serviços”. Porém, também se afirma que “operários de
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