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OAT TEP2

RESUMO

Autópsia psicológica e psicossocial sobre suicídio de idosos: abordagem


metodológica

O artigo em questão apresenta um estudo sobre o uso de autópsias psicológicas e


psicossociais como método de trabalho de campo e análise de pesquisa sobre o suicídio
de idosos no Brasil.

objetivo principal do estudo é investigar a possibilidade de prevenir a


antecipação do fim, ou seja, prevenir o suicídio em idosos, através da compreensão dos
fatores de risco e das possibilidades de atuação do setor de saúde.

Ao entender melhor os aspectos psicológicos e sociais envolvidos nos casos de


suicídio de idosos, os pesquisadores podem sugerir estratégias e intervenções mais
eficazes para a prevenção desses eventos. Devido ao aumento do risco de suicídio na
velhice e ao crescimento da população idosa, é de extrema importância desenvolver um
método específico para o estudo do suicídio em idosos. Inicialmente, o objetivo das
autópsias psicológicas era coletar informações post mortem sobre as circunstâncias e o
contexto da morte de uma pessoa, auxiliando os médicos legistas a determinar se a
causa foi natural, acidental, suicídio ou homicídio.

Esse método foi proposto por Edwin Schneidman nos Estados Unidos na década
de 1950 e envolve a reconstrução narrativa do estado de saúde física, saúde mental e
circunstâncias sociais das pessoas que cometeram suicídio, com base em entrevistas
com familiares e pessoas próximas às vítimas.

Neste estudo, foram realizadas entrevistas em profundidade com familiares e


informantes de idosos que faleceram por suicídio. O objetivo era obter informações
detalhadas sobre as histórias de suicídio dessas pessoas. Para isso, foi utilizado um
roteiro de entrevista semiestruturada, adaptado de estudos anteriores e avaliado quanto
ao rigor e consistência. Métodos de autópsias psicológicas e psicossociais também
foram aplicados para organizar e analisar os dados.

Foram realizadas 51 entrevistas em profundidade, abordando múltiplas dimensões


da história de vida do idoso que culminaram no suicídio. Os pesquisadores utilizaram
três instrumentos para a realização da entrevista em profundidade:

Esta ficha continha informações sobre a pessoa que morreu por suicídio, bem
como dados gerais do entrevistado, como nome, idade e grau de parentesco com a
vítima. Também foram incluídos dados sobre a família e os entrevistados, e foi
importante garantir o sigilo dos nomes das pessoas mencionadas durante a entrevista.
Além disso, os entrevistados foram solicitados a assinar um Termo de Consentimento,
concordando em fornecer as informações.

Roteiro de entrevista semiestruturada para autópsias psicológicas e


psicossociais: Este roteiro consistia em 43 perguntas simples e compostas relacionadas à
caracterização social, estilo de vida, descrição do suicídio e atmosfera que o cercava,
estado mental da pessoa idosa antes do evento e a imagem da família antes, durante e
após o ato fatal. O roteiro foi dividido em duas partes: a primeira parte abordava o perfil
pessoal e socioeconômico da vítima, juntamente com informações sobre suas condições
de vida ao longo da vida. A segunda parte enfocava as circunstâncias do suicídio, fatores
precipitantes e o impacto na família. A ordenação das questões permitiu uma abordagem
gradual do evento traumático e sua contextualização biográfica.

Esses instrumentos foram utilizados para coletar informações detalhadas sobre a


pessoa que cometeu suicídio, sua família e o contexto do evento. Eles ajudaram os
pesquisadores a obter uma compreensão mais profunda dos fatores psicológicos e
psicossociais envolvidos no suicídio e seu impacto na família.

A primeira forma aglutina dados que identificam o caso e caracterizam o


suicídio, detalhando as circunstâncias associadas ao evento fatal, como forma de
perpetração, letalidade, local e modo como a pessoa foi encontrada, entre outros.
Também inclui dados do entrevistado, como grau de parentesco, sexo e idade, e
informações sobre a pessoa idosa que morreu por suicídio, como sexo, faixa etária,
perfil social, cultural, econômico e religioso.

A segunda forma de organização contextualiza o suicídio na história individual


da pessoa que faleceu por suicídio. Ela parte da caracterização pessoal e social da
vítima, incluindo dados biográficos, estado mental, motivações e fatos relevantes.
Também descreve os fatores precipitantes ou estressores associados ao ato e relata os
efeitos da morte autoinfligida na família.
A análise das autópsias psicológicas e psicossociais começa com uma pré-
análise de cada caso, realizada por um pesquisador e revisada por uma dupla de
pesquisadores, seguindo as orientações de um manual de instruções previamente
acordado. No estudo mencionado, os pesquisadores reorganizaram os casos em quatro
categorias de forma compacta. Essas categorias são as seguintes:

Descrição compreensiva de cada episódio: inclui o histórico e o contexto do


caso, os fatores de risco e protetores, fatos relevantes e motivações ou intenções para o
suicídio.Evolução e dinâmica do caso: aborda o fluxo dos acontecimentos, fatores
agravantes como doenças, comorbidades e circunstâncias afetivas, sociais ou
econômicas críticas, e as consequências na vida pessoal da vítima.

Reflexões sobre o caso: apresenta as razões para o suicídio, extraídas de pistas


discursivas e comportamentais, e hipóteses sobre o caso. Após a organização dos
estudos de casos individuais e dos dados que os contextualizam, é criada uma logística
para disponibilizar todo esse material em um banco de dados acessível aos
pesquisadores responsáveis pela análise final. Esse material é utilizado para construir
uma análise qualitativa, que é singular, local e comparada ao mesmo tempo. É
importante ressaltar que essa análise deve se apoiar em artigos científicos publicados
internacionalmente sobre o tema.

O texto menciona algumas considerações importantes sobre o aperfeiçoamento e


utilização dos instrumentos de pesquisa. Destacam-se os seguintes pontos. A equipe de
pesquisa foi composta por pessoas com prática clínica e vivência em saúde mental e
saúde pública, levando em conta a sensibilidade necessária para trabalhar com um tema
delicado e complexo como o suicídio.

O roteiro de entrevista foi discutido e ajustado para garantir sua adequação e


compreensão por todos. Foram acrescentadas questões sobre contribuição familiar para
a renda, cuidador dedicado ao idoso, rede de apoio, tentativas de suicídio anteriores, uso
de medicamentos, plano de saúde, acesso ao sistema de saúde, reação da família ao
suicídio e conflitos gerados. O roteiro permitiu a coleta e organização de dados, além de
favorecer a formação de vínculo entre pesquisadores e participantes.

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