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Sua vida como dissidente político passou longe da família. Logo após a
renúncia ao Exército, sua esposa, Maria Pavan Lamarca, e filhos, partem para
Cuba a fim de poder estudar e dar início a uma nova vida para quando o pai os
pudesse reencontrar na ilha, além de, claro, lá manter vivo em todo o ideal
revolucionário. O documento a ser analisado, carta datada de 26 de julho de
1969 a seus filhos César e Cláudia1, revela não só a preocupação de um pai
para com os filhos, mas também a preocupação de um homem da causa para
com a continuidade da revolução, que achava na época estar em andamento, e
que, deveria ser feita em todo lugar. A conclusão da correspondência destaca a
preparação das crianças, com apoio do pai, para que pudessem futuramente
fazer a revolução em qualquer país que fosse.
1
https://www.marxists.org/portugues/lamarca/1969/07/26-1.htm
pártica de esportes, dos quais fica subentendido que também teriam função de
preparação militar.
Várias são as “técnicas” apontadas pelo pai para que a saudade fosse
amenizada. Além da já citada questão do orgulho a ser sentida, havia ainda a
questão da pobreza e da falta de oportunidades que é frisada na epístola
inúmeras vezes. A questão da fome é citada, são contrapostas as crianças que
no Brasil não tem o que comer, com a fome que não existiria na ilha de Fidel.
Em um trecho inclusive é citado que em Cuba sequer existem mendigos, ou
que não haveriam tantos mendigos como haveriam no país sul-americano. As
mesmas crianças que não teriam o que comer, ao mesmo tempo também não
teriam onde estudar, enquanto a educação cubana havia, desde a Revolução
de 1959, progredido a níveis consideráveis, sendo destaque em toda a
América Latina. Talvez tivesse até sido esse um motivo para Cláudia e César
Lamarca terem sido mandados para lá estudar. O guerrilheiro inclusive
incentiva as a estudarem, perguntarem e se questionarem, tanto para não mais
sentirem falta, como para que aprendam a diferenciar o que é bom do que é
mau, para que pelo “bem” possam se empenhar. De fato Cuba servia de escola
para todos os movimentos revolucionários da América Latina, líderes de
destaque, como Carlos Maringhela, haviam aprendido suas estratégias na ilha
caribenha. O próprio Lamarca, como já foi esclarecido neste texto, pretendia,
após vitórias no Brasil, ir para Cuba com a família, o que acabou não se
concretizando. Nessa perspectiva, e em todas as outras já mencionadas, não
haveria melhor lugar para que se mandasse os filhos no período, e como o
próprio autor nesta estudada já dizia: “O revolucionário tem que ser capaz de
todos os sacrifícios pela causa, de até se separar dos seus filhos para libertar
todos os filhos, de se separar dos pais porque outros pais precisam dele”
(1969, p. 01). Ou seja, independente de saudade que pudesse haver, a causa
deveria sempre ser maior do qualquer sentimento pessoal, que pela narrativa,
Lamarca também muito os sentia.
Bibliografia:
< https://www.marxists.org/portugues/dicionario/verbetes/l/lamarca_carlos.htm
> visitado em 29 de maio de 2015