 Resistências políticas

e culturais ao Regime
Militar no Brasil
Introdução dos vários instrumentos, dentre os quais se
destacam, além do Serviço Nacional de Infor-
Neste capítulo veremos como a sociedade mação (SNI), também o DOI-CODI, o Comando
brasileira organizada – partidos, organizações de Caça aos Comunistas (CCC) e o Movimento
estudantis, igreja, sindicalistas, intelectuais e Anticomunista (MAC).
artistas – resistiu à Ditadura Militar. Para isso,
utilizaram meios que foram desde a sátira ar-
tística até a resistência armada, por meio de DOI-CODI
guerrilhas urbanas e rurais. (Destacamento de Operações
Abordagem teórica de Informações – Centro de
Quando ocorreu o Golpe Militar de 1964,
Operações de Defesa Interna)
não houve resistência armada por parte das opo-
O Destacamento de Operações de Informa-
sições. A determinação do bipartidarismo congre-
ções (DOI) foi criado pelos militares brasileiros
gou praticamente todos os políticos contrários
para ser o órgão responsável pela inteligência e, 113
ao golpe militar – desde democratas liberais até
principalmente, repressão aos dissidentes polí-
socialistas católicos e comunistas – no MDB. A
ticos. Nos estados era representado pelos Cen-
eles era permitida uma oposição consentida, ou
tros de Operações de Defesa Interna (CODI). O
seja, eles poderiam atuar no governo desde que
DOI-CODI baseava-se na Doutrina de Segurança
não chegassem a colocar em risco a permanên-
Nacional, desenvolvida nos Estados Unidos du-
cia do Regime Militar, o que era regulado pela
rante a Guerra Fria e trazida para o Brasil pela
quase impossibilidade de atuação parlamentar,
Escola Superior de Guerra (ESG). Segundo essa
devido às cassações, casuísmos e decretos-leis.
ideia o comunismo precisava ser combatido, a
Os opositores que apresentavam uma postura
começar pelos “inimigos internos” que, nesse
mais radical foram, via de regra, exilados do país,
caso, poderia ser qualquer brasileiro, fosse ele
como foi o caso de Leonel Brizola, João Goulart,
simpatizante ou não das ideias comunistas, mas
Betinho, Luiz Carlos Prestes, Miguel Arraes,
que se colocasse contra a Ditadura Militar. Esse
Fernando Henrique Cardoso, José Serra, entre
órgão ficou conhecido pelas prisões arbitrarias
outros. Além dos partidos políticos, também os
e torturas que seus agentes efetuaram e que,
sindicatos eram controlados pelos militares por
em vários casos, levaram os torturados à morte.
meio de intervenções na sua direção.
Em geral, seus corpos eram jogados ao mar para
A restrição à liberdade de organização e
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não serem encontrados. Essas pessoas eram

expressão era total. Para conseguir monitorar dadas como desaparecidos políticos.
toda expressão contrária ao regime foram cria-

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Comando de Caça aos
Comunistas (CCC)
O CCC foi o mais famoso movimento de
apoio à Ditadura Militar, formado em sua maioria
por artistas e estudantes. A ele foram atribuídos
vários atentados contra a esquerda, além de
denúncias aos órgãos repressores que levaram
à prisão de vários opositores. Assim como o
CCC, haviam outros grupos de extrema direita,
como o Movimento Anticomunista (MAC), a
Associação Anticomunista Brasileira (AAB), e a
Frente Anticomunista (FAC).
Radicalização política
e a luta armada
Se havia, no entanto, toda uma estrutura
de espionagem e repressão por parte do gover-
no militar, haviam também várias organizações
que lutavam contra esse regime. As formas de
resistência foram de várias naturezas, sendo
que parte desses grupos radicalizou e adotou a
resistência armada como forma de protesto.
114
Guerrilha urbana
Os principais grupos engajados na guerrilha
urbana foram a ALN, o VPR, VAR-Palmares e o
MR-8. Em geral, os integrantes desses grupos
eram jovens estudantes que, ao ingressarem
nesses movimentos, abandonavam suas faculda-
des e passavam a viver na clandestinidade, com
nomes falsos e longe de suas famílias para evitar
represálias por parte dos militares. O auge de sua
atuação se deu entre os anos de 1968 e 1970.
Em 1967, Carlos Marighella foi expulso do
Partido Comunista por ser considerado radical
demais por seus companheiros. Fundou então a
Ação Libertadora Nacional (ALN), organização que
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partiu para a luta armada contra a Ditadura. Visan-
do arrecadar fundos, a ALN praticou vários assal-
tos, que chamavam de expropriação. Marighella
foi considerado pela ditadura como um de seus
maiores inimigos. Em 1969, os militares armaram
uma emboscada e conseguiram matá-lo.
Além de Marighella, outro guerilheiro de des-
taque nesse período foi Carlos Lamarca, um ex-
militar que desertou para lutar contra a Ditadura
Militar. Para isso, fundou a Vanguarda Popular
Revolucionária (VPR) que, posteriormente, uniu-
se a outro grupo de esquerda, o Comando de
Libertação Nacional (Colina), originando o VAR-
-Palmares, em 1969. Lamarca acreditava que
a guerrilha deveria ser transferida das cidades
para o campo, por esse motivo mudou-se para o
interior da Bahia, em 1971, onde foi localizado
e morto por seus inimigos políticos.
O MR-8, Movimento Revolucionário 8 de
Outubro, recebeu esse nome em homenagem à
data em que Che Guevara foi capturado pela CIA
na Bolívia. Entre suas principais ações esteve
o sequestro do embaixador norte-americano
Charles Burke Elbrick, em 1969, realizado com
o apoio da ALN. A maior parte dos militantes do
MR-8 acabou deixando posteriormente a guerri-
lha e ingressando na política, como é o caso de
Fernando Gabeira e Orestes Quércia.
Divulgação.
Manchete do Jornal do Brasil sobre o sequestro do
embaixador americano pelo grupo MR-8. Na imagem,
o embaixador e sua esposa.
A destruição das organizações armadas
começou em 1969, a partir da organização das
atividades de polícia política dentro do Exército.
No final de 1970, todas as organizações da
guerrilha urbana estavam desestruturadas.
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Guerrilha rural
A guerrilha do Araguaia foi dirigida pelo
PCdoB. Ela ocorreu no interior do país, na re-
gião de fronteira entre os estados de Goiás,
Pará e Maranhão, às margens do rio Araguaia.
O grupo que a empreendeu era formado em sua
maior parte por ex-universitários e profissionais
liberais, que se mudaram para a região e lá per-
maneceram por alguns anos, inserindo-se entre
a população local e divulgando entre eles suas
ideias revolucionárias, inspiradas no que Fidel
Castro e Che Guevara fizeram em Cuba. A partir
de 1972, o governo começou a repressão ao mo-
vimento, tendo sido necessárias três ofensivas,
entre 1972 e 1975, para que eles conseguissem
desmantelar a guerrilha. Muitos dos envolvidos
na guerrilha acabaram atuando posteriormente
na política, como é o caso de José Genoíno.
Resistência nas artes
e na imprensa
O movimento de resistência à Ditadura
ocorreu também nas artes. Para reprimir essas
manifestações, o governo criou uma Divisão de
Censura, à qual todo material artístico deveria
ser submetido antes de ir a público. No caso dos
jornais, muitos tiveram que conviver com cen-
sores em seus próprios locais de trabalho, que
decidiam quais matérias poderiam ou não ser
publicadas. A despeito de todo esse controle, no
entanto, muita coisa escapava aos censores e,
graças a isso, esse período é considerado muito
fértil em suas expressões artísticas.
•• Na música, destacou-se a música de
protesto, evidenciada a partir de festivais
realizados entre 1965 e 1968. Desta-
que para as canções “Disparada”, de
Geraldo Vandré, e “Roda Viva”, de Chico
Buarque.
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•• No Teatro, destacaram-se em 1964 o
show “Opinião”, com Nara Leão e Zé Kéti;
o TUCA montou Morte e vida Severina, de
João Cabral de Melo Neto, musicada por
Chico Buarque; o Teatro de Arena montou
Arena conta Zumbi, de Guarnieri e Boal,
musicada por Edu Lobo; o grupo Oficina,
de José Celso, montou O Rei da Vela,
de Oswald de Andrade, e Roda Viva, de
Chico Buarque.
•• No Cinema, destacou-se o movimento do
Cinema Novo, que, embora não fizesse
críticas abertas à Ditadura, retratava as
consequências da política econômica
adotada pela Ditadura para a população
camponesa e mais pobre. Um dos dire-
tores mais importantes do período foi
Glauber Rocha com Deus e o diabo na
terra do sol, Terra em Transe, O Dragão
da Maldade contra o Santo Guerreiro.
Destacaram-se também Nelson Pereira
dos Santos e Joaquim Pedro de Andrade,
que, em 1969, lançou Macunaíma, base-
ado na obra de Mário de Andrade.
•• Na imprensa alternativa, destacou-se o
semanário carioca O Pasquim, de Jaguar,
Ziraldo, Millôr Fernandes, Henfil e Paulo
Francis.
115
IESDE Brasil S.A. Adaptado.
Campanha do jornal O Pasquim pela anistia.
•• Na poesia, destaque para as obras de
Ferreira Gullar, Tiago de Mello, Paulo
Leminski, Chacal, entre outros.
 Para saber mais
Lamarca e a Guerrilha Rural

Entre as inúmeras teses que faziam os “revolucionários” se consumirem em debates in-

termináveis estava aquela que dividia as ações armadas em guerrilha urbana e guerrilha rural.
Uma das teorias mais aceitas entre os que partiram para a luta contra o Regime Militar era a
de que a guerrilha urbana serviria para “arrecadar fundos” (por meio de assaltos a bancos, na
época chamados pelos guerrilheiros de “expropriações”), que financiariam a guerrilha rural.
O primeiro foco de guerrilha no campo surgiu em fins de 1966, na serra do Caparaó, fron-
teira entre Minas Gerais e Espírito Santo, estabelecido por integrantes do Movimento Nacional
Revolucionário. Com apenas 14 guerrilheiros, esse “núcleo” revolucionário logo foi desbaratado
pelo Exército, em janeiro de 1967. Mas o MNR deu origem à Vanguarda Popular Revolucionária
e, sob a liderança do capitão Carlos Lamarca – desertor do Exército – a VPR criou um novo foco
de guerrilha rural, no Vale do Ribeira, região sul do Estado de São Paulo. Com apenas nove
homens, a guerrilha do Vale do Ribeira também foi vencida com facilidade, em maio de 1970.
Mas Lamarca já se tornara um herói revolucionário.
Em janeiro de 1969, o capitão Carlos Lamarca fugira do quartel de Quitaúna, em Osasco (SP),
com 63 fuzis FAL, 10 metralhadoras INA e 3 bazucas. Nacionalista de esquerda, Lamarca, nascido
em 1937, escapara do expurgo do exército em 1964 e se tornara instrutor de tiro dos funcionários
do Bradesco – para “protegê-Ios” dos “terroristas”. Mas desde 1957 era marxista e desde 1967
fazia parte da VPR. Escapando do Vale do Ribeira, Lamarca e sua companheira, lara lavelberg,
então filiados ao MR-8, foram para a Bahia. lara ficou em Salvador. Foi presa e morta – embora a
versão oficial falasse em “suicídio” – em agosto de 1971. Poucos dias depois, em 17 de setembro,
esgotado depois de percorrer o sertão baiano, Lamarca foi surpreendido, junto com o metalúrgico
José Barreto, dormindo sob arbustos. Foram ambos fuzilados. Em 1972, o PCdoB criou um novo
foco guerrilheiro no Araguaia. Cerca de 70 homens resistiram por três anos ao cerco de 10 mil
soldados. Em 1973, sem o apoio dos “camponeses”, a guerrilha rural foi sufocada no país.
116
(Folha de S.Paulo, História do Brasil. 1997. p. 261.)

A Tortura no Brasil

A assistente social Ilda Brandle Siegl, de 26 anos, declarou em seu depoimento no Rio,
em 1970:
[...] que disseram a ela que a tortura ali era científica, não deixava marca; que foi espancada
e despiram a depoente e provocaram choques elétricos; que, enquanto um aplicava choque,
o Dr. Mimoso abanava a depoente para que a mesma não desmaiasse; que havia pausa a
critério médico; que aplicaram choques nos seios, no umbigo e na parte interna das coxas;
que, após, foi jogada numa cadeira, já que não podia ficar de pé; [...]
[...] a estudante lná de Souza Medeiros, de 21 anos, contou ao Conselho de Justiça:
[...] que, após, trouxeram Milton despido, pendurado no pau-de-arara, para que a declarante
visse o seu estado e dizendo que, com ela, fariam a mesma coisa e, constantemente, os tor-
turadores proferiam nomes contra Milton e a declarante; [...] que essas moças levaram ferro
na unha, choque elétrico e tentativa de afogamento que consistia em tapar o nariz da pessoa
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e jogar água em cima; [...]

(ARQUIDIOCESE de São Paulo. Brasil: nunca mais. Petrópolis: Vozes, 1985.)

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Exercício resolvido
1. (Vunesp) “Logo após 1964, a comunidade
teatral conhecera um período de inesperada
euforia, imaginando que poderia desempe-
nhar uma importante função como centro
de oposição ao regime. Tiradentes passou
a ser um símbolo malvisto pelo governo e
uma simples canção como Carcará, cantada
por Maria Bethânia com a energia de uma
justiceira e implacável ave de rapina – ‘Pega,
mata e come’ – assumia ares de inflamado
hino revolucionário.
Mas o que 1964 permitira, talvez como ne-
cessária e, no fundo, inofensiva válvula de
escape, 1968 acabara por sufocar.”
(Décio de Almeida Prado, História da Civilização Brasileira.)
a) Relacione as duas datas – 1964 e 1968
– aos eventos políticos, cujo impacto so-
bre a cultura é descrito no texto.
b) Explique a afirmação: “O que 1964 per-
mitira [...] 1968 acabara por sufocar”.
`` Solução:
a) Tratam-se respectivamente do Golpe de
Estado que depôs o presidente João Goulart e
inaugurou o Regime Militar (1964-1985) e da
edição do AI-5, que dava poderes excepcionais
ao Presidente da República.
b) “O que 1964 permitira” refere-se à relativa
tolerância dos militares aos movimentos de
oposição ao regime; “1968 acabara de sufocar”
refere-se ao período que se segue à edição do
AI-5, que resultou em um endurecimento do
Regime Militar e em uma maior repressão a
movimentos de oposição.
Exercícios de aplicação
1. Dos textos a seguir, identifique os fatos
que não se referem ao período pós-1964,
no Brasil.
01) Extinção dos antigos partidos políticos
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e criação de Arena e MDB.
02) Criação do Fundo de Assistência e Previ-
dência do Trabalhador Rural (Funrural).
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04) Condecoração de Che Guevara (um
dos líderes da Revolução Cubana) com
a Ordem do Cruzeiro do Sul.
08) Explosão de uma bomba dentro de um
carro no pátio do Riocentro, durante
um show de música popular em home-
nagem ao trabalhador.
16) Acordo Nuclear Brasil-Alemanha para a
instalação das primeiras usinas nucle-
ares no país.
32) Trabalhadores do Engenho Galiléia,
em Pernambuco, criaram a Primeira
Liga Camponesa, com objetivo de lutar
pela posse da terra e reforma agrária.
64) Guerrilha rural na região do Araguaia,
sul do Pará e norte de Goiás.
Soma ( )
2. No período que o Brasil foi dirigido por go-
vernos militares, a decretação do AI-5 (Ato
Institucional 5) representou um “endureci-
mento” do regime instalado em 1964, que
pode ser explicado:
a) pela inquietação dos setores militares
favoráveis à redemocratização.
b) pela ação dos grupos de oposição, que
trocaram a luta armada pela oposição 117
parlamentar ao regime.
c) pela crise decorrente do impedimento
do presidente Costa e Silva.
d) pela crise econômica resultante do es-
gotamento do Milagre brasileiro.
e) pelas crescentes manifestações oposi-
cionalistas de líderes políticos, estudan-
tis e intelectuais contra o regime.
3. A vitória do Brasil na Copa do Mundo de
1970:
a) não teve qualquer repercussão no cam-
po político, por se tratar de um aconteci-
mento estritamente esportivo.
b) alentou o trabalho das oposições, que
deram destaque à capacidade do povo
brasileiro de realizar grandes proezas.
c) propiciou uma operação de propaganda
 do governo Médici, tentando associar a
conquista ao regime autoritário.
d) favoreceu o projeto de abertura do gene-
ral Geisel, ao criar uma linha de otimis-
mo pelas realizações do governo.
e) alcançou repercussão muito limitada,
pois os meios de comunicação não ti-
nham a eficácia que têm hoje.
4. Sobre a evolução política brasileira, do pe-
ríodo que vai de 1961 ao momento atual,
pode-se afirmar:
01) A crise decorrente da renúncia de
Jânio Quadros foi contornada com a
solução parlamentarista.
02) O conflito existente entre o Executivo
e o Legislativo, em 1964, determinou
a reação militar responsável pela de-
posição de João Goulart.
04) A guerrilha urbana foi a resposta dada
por setores de esquerda ao fecha-
mento político do governo Médici.
08) O consumismo alimentado pelo mi-
lagre econômico funcionou como um
dos pilares de sustentação do gover-
no dos anos de 1967 a 1973.
118 16) O Pacote de Abril, outorgado pelo
presidente Ernesto Geisel, instituiu
eleições indiretas para os governos
estaduais e para um terço do Sena-
do, criando os chamados mandatos
biônicos.
32) A mobilização de forças opositoras no
governo Figueiredo teve papel decisivo
para a decretação da anistia, a convo-
cação da Assembleia Constituinte e a
devolução do poder aos civis.
64) A crítica feita ao Plano Cruzado I con-
tribuiu para a vitória dos candidatos
do PMDB aos governos estaduais e à
Constituinte, nas eleições de 1986.
Soma ( ) 08) A Constituição de 1967 estabelecia
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5. O movimento grevista do ABC paulista, de-
flagrado em 1978, expressa:
a) uma política de aliança entre as classes
sociais.
b) a liderança da CUT e do PT na organiza-
ção do movimento.
c) o repúdio do operariado à Confederação
Geral dos Trabalhadores (CGT).
d) a hegemonia do chamado “sindicalismo
de resultado”.
e) a autonomia do movimento operário na
política brasileira.
6. “Um povo sempre acusado de abulia e de
inaptidão para a vida pública ofereceu, ante
a surpresa de observadores locais e estran-
geiros, o espetáculo de seu próprio talento
para se organizar e manifestar, com respon-
sabilidade, energia e imaginação. A tudo
isso, congressistas cujos nomes publicamos
nesta mesma página disseram não. Evitemos
insultar a memória do passado e as gerações
de amanhã chamando-os congressistas: são
representantes de si próprios, espectros de
parlamentares, fiapos de homens públicos,
fósseis da ditadura.”
(Folha de S.Paulo, p. 19.)
Da análise do texto e dos conhecimentos
sobre as modificações políticas ocorridas no
Brasil contemporâneo, pode-se afirmar:
01) A movimentação popular referida no
texto diz respeito à campanha pelas
Diretas-Já.
02) Os parlamentares foram criticados pela
Folha de S.Paulo porque apoiaram, em
maioria, a emenda Dante de Oliveira.
04) As Diretas-Já não foram aprovadas
em 1984, porque a maioria dos de-
putados oposicionistas não compare-
ceu à votação.
que o presidente da República fosse
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eleito indiretamente por um colégio
eleitoral.
 16) Em 1984, o Congresso, que deveria
escolher o primeiro presidente civil
após vinte anos de Ditadura Militar,
teve sua legitimidade contestada pe-
los democratas.
32) Os congressistas referidos no texto
como espectros de parlamentares,
fiapos de homens públicos, fósseis
da ditadura derrotaram o candidato
da Aliança Democrática, em 1985.
Soma ( ) menos o descontentamento e a luta popular.
Questões de
processos seletivos
1. (UESB-BA) São características dos sucessivos
governos brasileiros entre 1964 e 1985:
01) Controle dos três poderes por parte
de políticos da Arena; nível insigni-
ficante de contestação ao regime;
ampla liberdade de organização do
movimento operário.
02) Ampliação crescente dos direitos so-
ciais e trabalhistas; grande influência
dos partidos Comunista e Socialista;
pequeno nível de ingerência dos mili-
tares na esfera política.
04) Declínio da influência das empresas
estatais na economia; crescimento
das mobilizações operárias e estudan-
tis; hegemonia partidária do MDB.
08) Restrições ao pleno funcionamento
do regime democrático; repressão
aos movimentos operários e estu-
dantis; cerceamento à liberdade de
imprensa.
16) Predomínio dos políticos do PDS na
esfera federal; ausência de conflitos
institucionais entre o Executivo e o
Legislativo; forte influência das ins-
tituições religiosas nas decisões go-
vernamentais.
Soma ( ) ção ao Regime Militar com produções
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2. (UFMG) Leia o texto:
“A situação brasileira apresenta assim
perspectiva de agravamento das principais
contradições entre o povo e o governo, entre
a esmagadora maioria da nação e o imperia-
lismo norte-americano, tendendo a adquirir
caráter mais agudo. Qualquer das saídas
presentemente tentadas pelas classes
dominantes não amainarão as divergências
entre os grupos políticos em choque e muito
Os imperialistas ianques, aliados à reação
interna, se esforçarão para consolidar o que
obtiveram a 1.o de abril e intensificarão sua
atividade neocolonialista no Brasil.”
(Documento do Partido Comunista do Brasil, 1966.)
Todas as afirmativas traduzem corretamente
as ideias contidas no texto, exceto:
a) a constatação de que o imperialismo
norte-americano é aliado das forças da
reação.
b) a percepção de que o povo está desen-
cantado e disposto a lutar contra a di-
tadura.
c) a preocupação da esquerda brasileira com
a situação política do país no pós-1964.
119
d) o entendimento de que à crise interna
deve-se somar a pressão dos interes-
ses externos.
e) o entendimento de que só as classes
dominantes serão capazes de pôr fim à
crise.
3. (UFC-CE) Em meio ao período da Ditadura Mi-
litar, em que imperava a censura aos meios
de comunicação de massa e a repressão
aos opositores do regime, o contexto his-
tórico, artístico e cultural era bastante rico
e criativo, com o aparecimento de diversas
manifestações, a saber:
01) no teatro, grupos como Opinião e Tea-
tro de Arena expressavam a contesta-
de protestos, tais como, Arena contra
Zumbi e Morte e Vida Severina.
 02) na música, alguns compositores oriun-
dos de uma vertente da Bossa Nova
(Carlos Lyra, Edu Lobo, Geraldo Van-
dré e Chico Buarque) fizeram delirar
as plateias nos festivais de MPB com
suas composições de protesto.
04) o movimento da Jovem Guarda (Rober-
to Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléia)
expressava a vivência da juventude
universitária empenhada na militância
política de contestação ao regime.
08) O Tropicalismo ou Tropicália, movi-
mento musical surgido no final dos
anos de 1960, pretendia romper
com os padrões estético-culturais
vigentes, tendo em Caetano Veloso,
Gilberto Gil, Torquato Neto e Tom Zé
seus principais representantes.
16) Na imprensa alternativa, surgiu o
mais famoso periódico que “fez a
cabeça” da esquerda e da jovem in-
telectualidade brasileira, o Pasquim,
ao inaugurar um jornalismo diferente
da grande imprensa burguesa.
Soma ( )
4. (UFSM-RS) A década de 1960 foi marcada
pelo espírito de contestação. E a canção
120 Alegria, Alegria, de Caetano Veloso, apre-
sentada em 1967, transformou-se num dos
símbolos dessa época. Seus versos – “sem
lenço, sem documento / nada nos bolsos
ou nas mãos / eu quero seguir vivendo /
amor / eu vou / por que não? por que não?”
– refletiam:
I. uma oposição ao Regime Militar e a op-
ção pela luta armada;
II. a necessidade de uma posição política
direta e imediata frente ao avanço de
um regime autoritário;
III. a abertura a novas experiências e uma
atitude irreverente diante dos padrões
vigentes.
Está(ão) correta(s):
a) apenas I.
b) apenas II.
c) apenas III.
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d) apenas I e II.
e) apenas II e III.
5. (UFSM-RS) Sobre o processo de abertura po-
lítica ocorrido no Brasil entre 1974 e 1985,
pode-se considerar que:
I. a distensão lenta e segura, iniciada no
governo Geisel, visava a garantir as elei-
ções diretas de João Baptista Figueiredo
em 1979;
II. a Lei da Anistia, aprovada em 28 de
agosto de 1979, foi resultado de uma
ampla campanha popular;
III. milhares de trabalhadores, a partir de
1978, passaram a dar novo impulso às
atividades sindicais no Brasil, o que re-
sultou na legislação dos partidos comu-
nistas em 1979;
IV. a campanha das Diretas-Já chegou no
auge em 25 de abril de 1984, quando a
Emenda Dante de Oliveira, que restabe-
lecia eleições diretas para presidente da
República, foi derrotada no Congresso.
Estão corretas:
a) I e III apenas.
b) II e IV apenas.
c) III e IV apenas.
d) I, II e IV apenas.
e) II, III e IV apenas.
6. (Cefet-PR)
Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado, eu permaneço atento
Na arquibancada, pra qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa.
(Chico Buarque de Holanda. Cálice.)
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A música de Chico Buarque expressa o seguin-
te momento da história política brasileira:
 a) a violenta censura que se abateu sobre 8. (UFCE) Preso em Fortaleza, o bancário Gil
o país, enquanto vigorou o Ato Institu- Fernandes de Sá depõe, em 1973, que
cional 5. “[...] do quartel do 10.o GO foi conduzido em
uma camioneta, deitado sobre o piso [...] a
b) a repressão ocorrida durante o Estado
uma casa chamada ‘Casa dos Horrores’ [...]
Novo, de Getúlio Vargas.
(onde) [...] ouviu gritos e gemidos [...]”.
c) a cassação política ocorrida logo após a
derrubada de João Goulart, em 1964. No mesmo ano, o comerciante Geraldo
Magela Lins Guedes confirma que “[...] em
d) a crise dos governos populistas no fim
Fortaleza, a camioneta trafegou por cerca de
da década de 1950.
uma hora, chegando [...] nesse local.”; (que)
e) a transição democrática e abertura polí- “[...] viu e ouviu pessoas serem torturadas
tica, em 1979. [...]”. No ano seguinte, o farmacêutico José
Elpídio Cavalcanti também foi levado para
7. (Udesc) “O novo governo [...], embalado nos esse local, onde ouviu um policial dizer:
mais altos índices de crescimento econômico “Aqui não é o Exército nem a Marinha, nem
da história do país, calcado na entrada maciça Aeronáutica, aqui é o inferno.”
de capitais estrangeiros e no arrocho salarial,
e num mercado internacional em expansão, (BRASIL Nunca Mais, 3. ed. São Paulo:
Vozes, 1985. p. 239-240.)
proclama o Milagre Econômico como o pata-
mar inicial de um crescimento acelerado e
ininterrupto. Surge o nacionalismo ufanista Através da análise do texto, pode-se concluir
do ‘Brasil Grande’, a realização da vocação que a repressão da Ditadura Militar, iniciada
nacional a ser grande potência e o tratamento em 1964:
de todos os críticos da política econômica, em 01) praticou torturas, em flagrante des-
particular do endividamento, como traidores. respeito aos direitos constitucionais
O governo incentiva a propaganda nacionalista dos cidadãos.
em torno do slogan ‘Brasil: ame-o ou deixe-o’,
utilizado nas comemorações oficiais da vitória 02) desrespeitou a própria legislação au-
toritária vi­gente, ao instalar prisão de
da Seleção Brasileira na Copa do Mundo.”
caráter extra-oficial. 121
(LINHARES, Maria Yedda (Org.). História Geral do Brasil: da co-
04) limitou-se à ação dos órgãos de se-
lonização portuguesa à modernização autoritária. Rio de Janeiro:
Campus, 1990. p. 299.)
gurança em sintonia com as práticas
previstas nos códigos jurídicos.
O texto acima referencia importante momen- 08) manteve muitos prisioneiros políticos
to de nossa história política, a seguir: em cárcere privado, situado em lugar
a) a política nacional-desenvolvimentista desconhecido.
do segundo governo Vargas.
Soma ( )
b) a política econômica do governo Kubits-
chek, de entrada maciça do capital es-
trangeiro.
c) o governo Médici, caracterizado pelo
“milagre econômico” e acirramento das
práticas de tortura aos opositores do
Regime Militar.
d) o governo de transição de Figueiredo
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rumo à abertura política.

e) postura nacional-populista dos governos
militares pós-1964.
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 Gabarito

Exercícios de aplicação
1. 04 + 32 = 36

2. E

3. C

4. 01 + 02 + 04 + 08 + 16 + 32 = 63

5. E

6. 01

Questões de
processos seletivos
1. 08

2. 01 + 08 + 16 = 25
123

3. 01 + 02 + 08 + 16 = 27

4. B

5. A

6. C

7. C

8. 01 + 02 + 08 = 11
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