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Apreciação crítica do livro

“Montedemo” de Hélia Correia

"Montedemo", assim intitulado, é uma obra escrita pela autora portuguesa Hélia
Correia, o livro foi lançado em 1983 e trata-se de uma novela.

Primeiramente, existem diversas edições, com diversos detalhes que variam entre
si, por exemplo a capa, ou pequenas variações no número de páginas
(presumidamente esta deve-se à alterações do tamanho do texto, porém não foi
possível confirmar isto, pois apenas tive acesso à uma versão).
Relembrando a análise pré-leitura, observei que a capa, que nesta edição possui o
rosto de uma mulher, e um gato. Com apenas estes 2 elementos, não era possível
deduzir muitas coisas sobre o conteúdo da obra, porém, a presença do rosto da
mulher sugere que talvez a obra tenha como foco a representação da figura
feminina. Foi também possível reparar no título da obra, “Montedemo”, que não
sugeriu nada, mas foi deduzido que se tratasse de alguma colina ou monte,
presente no universo da obra. Avançando mais adentro na análise pré-leitura,
destacou-se o fato de que o livro possui apenas cinquenta e duas páginas.
Primeiramente isto faz aparentar de que que seja um livro de fácil leitura, porém
mais à frente, nas primeiras páginas, o leitor vai aperceber-se rapidamente de que
isto não é verdade.

O livro possui também uma epígrafe, retirada de “Hamlet”, obra de William


Shakespeare, poeta e dramaturgo inglês. A epígrafe cita a frase “Há mais coisas no
céu e na terra, Horácio, do que a tua filosofia pode conceber.” e, quiçá esta epígrafe
refere-se à mente fechada e muito conservadora da população desta obra, talvez
mais especificamente para dona Ercília, que considera expulsar a sua sobrinha
Milena de casa, apenas devido à sua gravidez.

Obviamente, apenas foi possível realizar esta interpretação após ter sido efetuada a
leitura das primeiras páginas do livro, e é aqui onde mora o problema desta obra:
Esta possui uma escrita extremamente confusa e pouco clara, enquanto que para
alguns isto possa ser um aspecto positivo, pois encoraja o leitor a tirar suas próprias
conclusões sobre a obra, para outros é algo negativo, pois dificulta
significativamente a compreensão da história que é contada pelo livro, e nesta obra,
foi sentida mesmo essa dificuldade, pois havia certas partes em que a escrita era
tão metafórica e pouco clara que não consegui compreender aspectos cruciais da
obra, por exemplo, não foi possível compreender se foi realmente com dulcinha que
Tenório se casou, pois em momento algum estava claramente escrito que se
casaram, e acho que isso deve-se à outro fator sobre a escrita; Enquanto que Hélia
Correia opta por fazer descrições alongadas e metafóricas sobre diversas coisas
(em alguns casos, irrelevantes), logo em seguida, ao falar sobre algum
acontecimento essencial para a narrativa principal do livro, escreve de forma muito
curta e, novamente, não clara. Isto é incrivelmente desorientador, pois enquanto que
Hélia alonga detalhes irrelevantes, praticamente pula aspectos essenciais para a
compreensão da obra.

Abrindo um pequeno parêntesis, queria falar sobre um ponto não tão importante,
mas certamente notável o suficiente para ser mencionado, esta obra possui uma
escrita por vezes erótica, não é algo muito exagerado, porém se prefere ler algo
menos explícito, recomendo ler outra obra.

Porém, retornando à questão da clareza por parte da escrita, talvez isto seja de
propósito, e sempre vale lembrar que gostar (ou não) destes aspectos sobre a
escrita da obra é algo subjetivo, e é devido a isso que eu recomendo sim este livro,
mas apenas para um grupo distinto de pessoas; Pessoas estas sendo aquelas que
procuram ler algo com paciência, por mais que seja um livro de apenas 52 páginas,
a escrita certamente dá uma ilusão de alongamento. Por outro lado, recomendo este
livro se gosta de tirar suas próprias conclusões sobre a narrativa do que lê, pois,
como já foi anteriormente mencionado, a escrita é ambígua, e então favorece
leitores com este tipo de mentalidade nesta obra.

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