Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Resumo:
Este artigo se constituiu a partir de uma experiência vivenciada no campo de atuação do Programa
Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) e discute como a História da Matemática
pode ser incorporada ao ensino de sistema de numeração decimal. No decorrer deste estudo,
fontes foram analisadas para sustentar a importância dessa abordagem na Educação Matemática
e a narrativa foi usada como método de pesquisa para descrever sua implementação em sala de
aula. Os resultados mostraram que essa prática auxilia no aprendizado dos estudantes dos
estudantes da E. M. E. F. Maria Hyluisa Pinto Ferreira em Curuçá-Pa, permitindo que explorem
suas habilidades cognitivas ao relacionar sistemas de numeração antigos com o sistema atual,
além de contribuir para uma compreensão humanista da Matemática e promovendo reflexões
sobre sua construção social. Esperamos que esta proposta de trabalho acrescente para o estudo da
História da Matemática o ensino e aprendizagem de conteúdos matemáticos.
1
Apresentar aos estudantes uma abordagem histórica dos conteúdos matemáticos é
uma forma de mostrar-lhes que essa disciplina é uma criação humana, que evoluiu ao
longo do tempo e foi influenciada por questões tecnológicas e sociais. O uso dessa
estratégia de ensino é sugerido pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), quando
afirmam que:
ao revelar a Matemática como uma criação humana, ao mostrar
necessidades e preocupações de diferentes culturas, em diferentes
momentos históricos, ao estabelecer comparações entre os conceitos e
processos matemáticos do passado e do presente, o professor cria
condições para que o aluno desenvolva atitudes e valores mais
favoráveis diante desse conhecimento (BRASIL, 1998, p.42).
Além disso, esse recurso pode tornar o ensino da disciplina mais acessível e
envolvente, ligando-a a histórias reais e às pessoas que contribuíram para essa ciência ao
longo dos séculos. Nessa perspectiva Lopes (2014) diz que a História da Matemática
como metodologia
pode tornar as aulas mais dinâmicas e interessantes. Afinal, ao perceber
a fundamentação histórica da matemática, o professor tem em suas
mãos ferramentas para mostrar o porquê de estudar determinados
conteúdos, fugindo das repetições mecânicas de algoritmos. O resgate
da história dos saberes matemáticos ensinados no espaço escolar traz a
construção de um olhar crítico sobre o assunto em questão,
proporcionando reflexões acerca das relações entre a história cultural e
as tecnologias (p. 321).
Na linha desse pensamento, cabe evidenciar que a abordagem histórica tem
potencial de promover no estudante uma compreensão significativa de como diferentes
sociedades, em diferentes épocas, desenvolveram os seus próprios sistemas de
representação de número e como essa evolução contribuiu para a nossa sociedade atual,
pois “conhecer, historicamente, pontos altos da Matemática de ontem poderá [...] orientar
no aprendizado e no desenvolvimento da matemática de hoje” (D’AMBROSIO, 1996,
p.30).
Nesse viés, implementar uma abordagem histórica no estudo de sistemas de
numeração antigos, surge como proposta de ensino para aplicação do conteúdo de sistema
de numeração decimal em aulas de Matemática, cuja a interação entre professor e
estudantes seja fundamental para implementação dessa proposta, e consequentemente
para um resgate dos saberes históricos e sociais acoplado aos saberes matemáticos
discutidos em aula. Portanto, “compreender como os diversos significados vão se
2
constituindo a partir das enunciações produzidas pelos sujeitos interlocutores durante as
interações, em que a produção do conhecimento está relacionada a essa dinâmica e ao
contexto social; cultural” e histórico (GONÇALVES, et al., 2008, p. 2).
No decorrer deste texto, mostraremos alguns resultados experienciados que
obtivemos ao aplicar esta estratégia em uma turma de 6º ano do Ensino Fundamental, a
partir de um conjunto de experiências proporcionadas pelo PIBID.
Esse sistema é “tão antigo quanto as pirâmides, datando de cerca de 5.000 anos
atrás” (BOYER, 2012, p. 30) e era representado por símbolos que lembravam elementos
usuais da sua cultura, como mostrado na Figura 1. “O sistema egípcio era de base dez,
3
assim como nosso sistema atual, a diferença entre eles era que o dos egípcios não era
posicional, seus símbolos eram adicionados uns aos outros não importando a posição,
cada símbolo podia ser repetido no máximo nove vezes” (BORGES, 2012, p. 41). A
representação de números dos egípcios se dava da seguinte maneira:
um traço vertical representa uma unidade, um V invertido indicava 10,
um laço que lembra um pouco a letra C maiúscula valia 100, uma flor
de lótus, 1.000, um dedo dobrado, 10.000, um peixe era usado para
indicar 100.000 e uma figura ajoelhada (talvez o deus do Sem-fim)
1.000.000. (BOYER, 2012, p. 30)
4
Figura 2 – Representação numérica Maia
5
Descrição da atividade
A última fase de aplicação dessa abordagem foi a exposição dos estudos discutidos
através de materiais concreto. A Escola Municipal de Ensino Fundamental Maria Hyluiza
na cidade de Curuçá/Pará, onde a turma do 6º ano está situada, promoveu um evento
interdisciplinar, em que foram apresentados costumes históricos culturais da cidade, e os
estudantes do 6º ano tiveram a oportunidade de apresentar os conhecimentos adquiridos
para a comunidade estudantil.
A atividade foi realizada da seguinte forma: após os momentos em sala, os
bolsistas do PIBID, juntamente com o professor supervisor, confeccionaram painéis com
as características de cada sistema. Os materiais foram arrumados em forma de exposição
e os próprios estudantes ficaram responsáveis em apresentar para os participantes do
evento (Figuras 4 e 5). Além das apresentações, os estudantes também fizeram
demonstrações simples, conforme relacionavam datas importantes dos eventos históricos
da cidade, previamente escolhidas, à números dos sistemas de numeração antigo.
6
Figura 4: Exposição dos painéis Figura 5: Explanação dos estudantes
7
Somos gratos a todos que possibilitaram a realização desta experiência de
aprendizado. Primeiramente, a Coordenação Geral do Programa de Bolsa de Iniciação à
Docência – PIBID/UFPA proporcionou a oportunidade de vivenciar e compartilhar essa
experiência de ensino.
Em seguida, nossos sinceros agradecimentos vão para a Coordenação de Área do
Núcleo de Castanhal, representada pelo Professor Dr. Renato Germano Reis Nunes, pela
Profa. Dra. Kátia Liége Nunes Gonçalves e pela Profa. Dra. Roberta Modesto Braga e
para o Supervisor Prof. Máximo de Campos Ferreira Júnior da E. M. E. F. Maria Hyluisa
Pinto Ferreira em Curuçá-Pa. Ressaltamos que o apoio e as orientações apresentadas por
eles foram primordiais para o sucesso desta vivência educacional.
Referências
BOYER, Carl. História da Matemática. 3ª ed. São Paulo, SP: Editora Blucher, 2012.