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História da

Matemática
Estudo de caso
Desafios da
História e
Filosofia da
Ciência
Matemática

Prof. Me. Edson Ribeiro. B. Almeida Junior


Momento Reflexão:

Por que ensinar a História da Matemática?

Como a História auxilia no processo de


constituição da Matemática enquanto uma área da
Ciência?
HISTÓRIA DA MATEMÁTICA ENQUANTO ESTRATÉGIA DE ENSINO NA SALA DE AULA

As tecnologias digitais não são as únicas ferramentas que podem potencializar os processos de ensino e
de aprendizagem matemática, é fundamental desenvolver um contexto significativo para os alunos, não
necessariamente tecnológico, mas também de outras áreas do conhecimento e da própria história da
Matemática (BRASIL, 2018).

Além dos diferentes recursos didáticos e materiais, como


malhas quadriculadas, ábacos, jogos, calculadoras,
planilhas eletrônicas e softwares de geometria dinâmica, é
importante incluir a história da Matemática como recurso
que pode despertar interesse e representar um contexto
significativo para aprender e ensinar Matemática
(BRASIL, 2018, p. 298).
A CULTURA DO SUJEITO QUE ENSINA MATEMÁTICA
História ideal no ensino de Matemática A cultura atual
A Matemática é demonstrada como um processo A Matemática a é ensinada como verdade e
historicamente desenvolvido e influenciado por uma uma coleção de fatos
cultura e contexto social.
A Matemática é demonstrada como discurso e negociação O conteúdo não é uma questão de
entre pessoas que resultam em conhecimentos que mudam negociação e discurso entre os alunos
o futuro, incentivando o desenvolvimento conceitual dos
alunos.
Os processos de aquisição de conhecimento em Os espaços são projetados para possibilitar a
Matemática e na aprendizagem de ciências são refletidos transmissão do conhecimento pela fala do
criticamente professor.

A História da Matemática encoraja os estudantes a Os alunos associam a Matemática com a


expressarem suas próprias ideias. perspectiva heteronômica.
Modelos femininos são demonstrados. A Matemática é construída por homens.
ATITUDES E CRENÇAS DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA

História da Matemática eficaz Atitudes e crenças de professores


Os professores empregam a História da Matemática Não consideram a natureza da História da
como um objetivo explícito. Matemática como um objetivo explícito.
Os professores saber utilizar a História da Os professores não transformam o conhecimento da
Matemática em práticas de ensino. natureza da ciência em uma prática pedagógica
reflexiva.
Os alunos refletem sobre a natureza da ciência Alunos não conhecem a HM e os professores
explicitamente. possuem erros conceituais frequentes.
As crenças dos professores sobre a organização da As crenças sobre a organização da sala de aula, as
sala de aula são progressivas, capazes de crenças epistemológicas e as crenças sobre os
reconhecerem ideias e crenças epistemológicas dos objetivos de ensino tendem a ser tradicionais.
alunos.
Os professores apreciam o processo de Os professores apreciam a HM concentram-se
aprendizagem contextualizado ao processo de apenas no contexto, mas são inseguros para ensinar
ciência com a HM os conceitos como um processo
QUADRO INSTITUCIONAL DO ENSINO DE MATEMÁTICA

Aspectos de uma estrutura institucional Quadro institucional contemporâneo para


desejável de apoio a HM o ensino de Matemática
Ensinar e aprender sobre HM é um objetivo A história é um objetivo geral, mas sofre de
geral. As descrições das competências estão uma operacionalização para estratégias de
relacionadas à HM. implementação efetiva.
Os professores são incentivados e orientados Os professores são fortemente guiados pelas
por documentos oficiais para ensinar com e listas de tarefas dos currículos que raramente
sobre HM. incluem o ensino do HM.
Os currículos contêm a mensagem explícita Os currículos implicitamente ignoram a HM.
para ensinar HM a fim de melhorar as
competências em Matemática.
OS PRIMÓRDIOS DA MATEMÁTICA

A Matemática tem seus primórdios vinculados


com os primeiros indícios de atividade humana,
por volta de 10 mil e 50 mil anos atrás.

A Matemática surgiu pela necessidade prática de


coletores de alimentos, caçadores, agricultores,
pastores, astrônomos, sacerdotes e, somente por
último, de matemáticos.
OS PRIMÓRDIOS DA MATEMÁTICA
Com o aumento da confiança do homem em sua linguagem, gradualmente os sons foram
substituindo as imagens.

 As palavras assumiram contornos


concretos e passaram a significar
medidas de pluralidade.

 A ideia de pluralidade permitiu uma


evolução da compreensão da
humanidade para alcançar o conceito de
número cardinal
HISTÓRIA DA MATEMÁTICA
O sistema de representação de quantidades requereu o estabelecimento de conjuntos
cada vez mais extensos, encontrando dificuldades de representação tanto cardinal
quanto ordinal.

A solução encontrada consiste em privilegiar determinados agrupamentos


(dezena, dúzia, vintena, sessentena etc.) e “[...] organizar a sequência regular
dos números segundo uma classificação hierárquica fundada nessa base”
(agrupamento particular) (IFRAH, 1997, p.48).
HISTÓRIA DA MATEMÁTICA

A NUMERAÇÃO ESCRITA PODE SER DIVIDIDA EM DOIS GRUPOS.

Numerações puramente Numerações de


aditivas posição
• As cifras são • As cifras são
totalmente livres e se coligadas e é sua
adicionam para posição na escrita
formar o número, que determina o
não sendo, portanto, seu valor.
posicionais.
A MATEMÁTICA DOS EGÍPCIOS
A origem da civilização egípcia é seguramente anterior ao IV milênio a.C.

 O historiador grego Heródoto, diz que essa


terra é um presente do rio Nilo, o qual,
após suas cheias anuais de cem dias,
fertiliza com generosidade a terra.
 Cada presente tem seu preço; e o campônio
sabia que sem o controle das enchentes a
força das águas poderia destruir tudo”
(DURANT, 1957, p.147).
A MATEMÁTICA DOS EGÍPCIOS

 O sistema de numeração era decimal.


 O mesmo símbolo podia ser repetido nove
vezes, depois era substituído por outro e,
assim, sucessivamente.
 Dez símbolos iguais eram trocados por um
novo símbolo de um agrupamento
superior.
 O valor do número escrito é a soma dos
valores dos símbolos utilizados.
A MATEMÁTICA NA MESOPOTÂMIA

Recentemente, o que se sabia da Matemática


babilônica se resumia às informações da
literatura grega clássica e aos escritos dos
matemáticos/astrônomos caldeus.

O conhecimento sobre a Matemática dos babilônios foi ampliado com as descobertas, em


meados do século XX, quando os historiadores conseguiram decifrar placas de argila,
expondo que a matemática babilônica atingiu um nível mais elevado do que o obtido pelos
egípcios, com evidências de grande habilidade para o cálculo.
A MATEMÁTICA NA MESOPOTÂMIA

 O sistema de numeração era posicional, mas eles


não possuíam nenhum símbolo especial parecido
com o “0”.
 O sistema de numeração decimal da Babilônia
era aditivo e tinha símbolos especiais para o Um,
o Dez, o Cem, o Mil e o Dez Mil.
 O de base sessenta, que predominava nos textos
matemáticos, possuía apenas dois símbolos que
eram representados em pedaços de argila ainda
mole.
A MATEMÁTICA NA MESOPOTÂMIA

 Nos últimos três séculos a.C., os babilônios


passaram a utilizar o espaço vazio para indicar o
zero de seu sistema de numeração.
 Aos babilônios se deve a invenção do sistema
posicional.
 Conheciam e utilizavam com precisão as quatro
operações aritméticas fundamentais, foram
precursores das “tabuadas” na determinação de
potências e raízes.
A MATEMÁTICA DOS CHINESES

Os principais textos acerca da antiga matemática chinesa


são os Chiu chang suan shu, ou Nove Capítulos da Arte
Matemática e o Chou Pei Suang Ching, que datam, na sua
forma atual, da época da dinastia Han (206 a.C. – 220 d.C.)

As equações lineares eram resolvidas mediante o recurso da falsa posição e alguns problemas
conduziam a sistemas de equações lineares escritos na forma de matriz de coeficientes com a
solução obtida por um processo semelhante ao de transformações de matrizes, sendo que
nestas apareceram pela primeira vez, números negativos.
A MATEMÁTICA DOS CHINESES

A ideia de números negativos parece não ter causado muitas


dificuldades aos chineses, pois estavam acostumados a calcular com
duas coleções de barras – uma vermelha para os coeficientes
positivos ou números e uma preta para os negativos. No entanto, não
aceitavam a ideia de um número negativo poder ser solução de uma
equação (BOYER, 1974, p.147).

O número π, muitas vezes é tomado como parâmetro utilizado por muitos autores para
avaliar o grau de evolução da Matemática de determinadas culturas, era estimado em 3 pelos
chineses.
A MATEMÁTICA DOS CHINESES

 A numeração chinesa sempre foi decimal.


 No segundo milênio a.C. os números eram
expressos mediante a utilização de nove símbolos
diferentes com valor posicional.
 As operações elementares eram efetuadas em
tabuleiros de contas, similares aos ábacos.
 Espaços em branco destinados ao zero, que possuía
um símbolo especial cujo primeiro registro data do
século XIII d.C.
A MATEMÁTICA DOS HINDUS

A religião sempre foi o núcleo central da vida


indiana e, portanto, as primeiras ciências
cultivadas na Índia foram as que de alguma
forma estiveram relacionas a ela.

Em seus primórdios, existiam os Sulvasutras (regras de cordas), que resgatam os conteúdos


matemáticos dominados pelos hindus de cerca de 1750 a.C. até 1000 d.C. e consistiam
basicamente em regras e métodos para a construção de altares, utilizando como instrumentos
cordas e palitos de bambu.
O SISTEMA DE NUMERAÇÃO DOS HINDUS
Por volta do ano 300 a.C., usavam um sistema de numeração decimal, não posicional,
chamado numerais brahmi, que utilizava um sinal especial para cada número.

 O zero indicava uma posição vazia.


 Estabeleceram a variação do valor de um
algarismo em função de sua posição no
numeral.
 Como vantagens aos demais sistemas
numéricos, além da escrita de números,
possibilitou a criação de diversos
algoritmos de operações.
O SISTEMA DE NUMERAÇÃO DOS HINDUS
Por volta de 800 d.C., o sistema foi levado a Bagdá e adotado pelos árabes, que tiveram
importante papel na sua difusão, porém, sempre atribuindo a criação aos hindus.

 Os primeiros textos matemáticos dos hindus


datam os primeiros séculos da era cristã.
 Além de tratar de cálculos, avançaram na
determinação de raízes quadradas e cúbicas de
inteiros.
 Realizaram a a aproximação para π como
3,1416, exatamente igual ao valor usado por
Ptolomeu.
A MATEMÁTICA GRECO-ROMANA

 Pouco se sabe sobre a origem do sistema de


numeração usado por muitos séculos na Europa.

 Como os egípcios, os romanos também possuíam


um sistema cuja base era decimal.

 A característica dominante do sistema romano era o


princípio aditivo, isto é, somam-se o valor de cada
símbolo para representar o número.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

 A História da Matemática elucida as contribuições das antigas civilizações para a


sistematizar diversos conceitos matemáticos e, entre eles, a construção do Sistema de
Numeração Decimal.
 A maior contribuição dos hindus à Matemática foi a criação do zero de posição para a
representação de grandes números.
 Apropriadamente chamado de Sistema de Numeração Indo-Arábico, devido sua criação
hindu e sua divulgação pelos árabes, essa maravilhosa criação, considerada entre as
maiores descobertas do homem, possibilitou o avanço de diversas ciências e, portanto,
seus autores merecem a reverência da humanidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
 A tradição religiosa, particularmente o cristianismo, praticamente impediu que o
conhecimento matemático dos gregos e hindus fosse difundido. Isso porque, para a Igreja
Católica, os gregos eram pecadores por serem pagãos, enquanto os hindus eram povos sem
alma, por possuírem a pele escura.

 A cultura muçulmana, preservando o saber antigo, foi introduzida na Europa por traduções
latinas de eruditos cristãos, através de centros de ensino muçulmanos e das relações
comerciais com o mundo árabe.

 A religião radical e conservadora naquela época era a católica, enquanto a muçulmana


demonstrava ser de vanguarda ao preservar os conhecimentos dos gregos, não apenas na
Matemática, mas também nas Artes e na Filosofia, garantindo às futuras gerações.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
 A humanidade deve aos muçulmanos a difusão do pensamento grego, de suas tradições
filosóficas que tanto influenciaram o mundo ocidental.

 A Matemática se desenvolveu de maneira quase que independente da cultura de um povo,


acabasse por ser recriada caso não se tivesse acesso ao conhecimento matemático produzido
pelos gregos, mas o que seria da Filosofia se as contribuições de Platão e de Aristóteles não
tivessem atravessado os séculos?

 Disso pode-se inferir a importância do papel da civilização muçulmana ao mundo ocidental.

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