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1sá;bd'Carvalho Guerra

Fundamentos
e Processos
de Uma Sociologia de Acção
O Planeamento em Ciências Sociais

r Prin tipia
Título
Fundamentos e Processos <i Uma Socio[ogia de A c ç h - O Pfaneamentoem ClêncinF Socislis
Autora
Isabel Carvalho Cuena
COWrigbt
O PRINCIPIA, Publicagões Universitárias e Científicas
Cascais, Outubro, 2002 - 2.= edigào

-e-
Xis e h,
Ida.
==@o-
Tipografia Pem
JSBN 972-89M-85-8
Depbaro k& 184135/02
Isabel Carvalho Guerra
Professora do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa

Fundamentos e Processos
de Uma Sociologia de Acção
O Planeamento em Ciências Sociais
'
PARTE i ................................. ...................................................................... 7

CAP~TJLO1 . SOCIOLOGIA DE INTERVEN~O:ANTECEDENTES


E PATRLM~NIOS

Introdugiio .................................................................................................................. 9
1. Genese e campo da sociologia de intervenc;áo ................................................10
1.1. Uma origem histórica sem integraçào: da clínica etnológica
ã intervenqiào social ................................................................................10
1.2. Antecedentes de uma sociologia de intervençso - entre a clínica
individual e a intervenção política .......................................................13
2 . A intervençào sociológica na actualidade ...................................................... 16

CAPÍTULO 2 .REEQUACIONAR UMA TEORIA DA ACçAO


1. RelaGo entre actor e sistema: à procura de uma teoria da acçào ................ 19
1.1.Desenvolvimentos recentes de uma sociologia de acgão ................. 21
1.2. Oposi~òesentre análise estratégica e individualismo
metodológico ........................................................................................... 30
1.3. Historicidade da coinplementariedade das formus de análise
do social ...................................................................................................
32
2 . Uma determinada concepçào do saber e do trakalho científico:
interrogando a relação entre o conhecimento e a acçso ...............................39
2.1. As iiietodologias interrogadas ...............................................................39
2.2. A procura de novas formas de procluzir o conhecimento
e a reabilitação do senso comum ..................................................... 41
Amdamentos e Processos de irma Sociologkz de Acçao

2.3. A necessidade de desenvolver uma teorizaçào da pritica:


as posturas indutivas .............................................................................44
2.4. Conhecimento para/na acçiio ................................................................ 45
2.5. A ética do conhecimento .......................................................................46
3. Iinplica~òesinetodológicas de uma teoria da acgio ........................................49

CAPÍTULO 3 .INVESTIGA@O-Ac@O . PARA PENSAR O MUNDO


TEMOS DE NOS DISTANCIAR OU DE MERGULHAR NELE?
IntroduGo ................................................................................................................
51
1. Definição e especificidades da investigagão-aqão ........................................ 52
1.1Como definir investigat;ào-acçào? ....................................................... 52
1.2. Breve história da investigaç20-acção .............................................. 55
2 . Objectivos e metodos da investiguçiio-acçào ............................................. 62

CAPÍTUI.0 4 .AS PRÁTIcAS PROFISSIONAIS DOS SOCIÓLOGOS


E AS ENCOMENDAS: EQUNOCOS DE UMA PRÁTICA
PROFISSIONAL

1. A sociologia como profissào .............................................................................. 77


2 . A diversidade das práticas profissianais dos sociólogos ............................... 82
2.1. As priticas e os campos profissionais da sociologia num
contexto de pesquisa-acçiio ............................................................... 84
2.2. O sociólogo do planeamento .............................................................87

CAPÍTUL.0 5 .PARTICIPAÇAO E CIDADANIA NOS PROCESSOS DE


PLANEAMENTO
Introdução ................................................................................................................91
1. EmergGncia de uina democracia participativa ............................................... 92
2 . Participuc;ào, partenariado e concertaçào ....................................................... 36
CAPÍTULO 6 .PLANEAMENTO E METODOLOGIA PARTICIPATNA
DE PROJECTO
htroduçiio ......................................................................................................... 107
1. Breve história do phneamento ......................................................................... 108
2. Clarificaçiio de conceitos: planeamento e projecto ........................................ 113
3. Os contributos de uma sociologia de acc.50 para Lima teorizaçiào
,
do projecto ............................... ..........................................................................116
4 . lntroduçio à nietodologia de projecto ............................................................ 118

PARTE lI ..................................................................................................... 123

CAP~TULO7 .A CONSTRUÇAO DE PROJECTOS DE INTERVEN@O


.
introduçio ................................................................................................................125
1. Etap:is de construçao de um projecto de intervenção ................................... 126
1.1. Identificaqiio cios problemas e diagnóstico ....................................... 129
1.2. Elaboraçiio de um diagnóstico a partir da identificaçio dos
problemas . análise de necessidades ................................................ 132
1.3. Objectivos e funções do pré-diagnóstico e do diagnóstico ............ 135
1.4. DefiniGo de prioridades de intervençiio ..........................................142
1.5. Metodologias a utilizar no diagnóstico .............................................. 145
1.6. A construçào cle cenários como método cle tliagnóstico................. 149
2. Objectivos e estrat6gias de acfão .....................................................................163
2.1. Definieio cios objectivos ..................................................................... 163
2 2 . Estratégias de inten7enç:io .................................................................. 166
3. Elaboraçiio clo plano de acqào .......................................................................... 170

.
1. Organizafio da equipa de avriliaçiio: auto-avali:icio e :ivaliliçrio externa .... 175
2. Históriri d:i av:iliaçio: evoluçào dos paradigmas de :ivaliaçPo ..................... 177
F~rnclarnentose Processos de Umn Sociologia cle Acçdo

A avaliaçrio participativa ....................................................................................


182
Auaiia(.ao, pesquisa e planeamento: diferenças e proxitnidacles ................. 183
Definiçào e hnçòes da avaliaçào ..................................................................... 185
6. Os modelos de avaliado ................................................................................... 188
7. A avaliaçào segundo a teinpornlidade ............................................................ 195
8. Os critérios de ava1iac;ão ....................................................................................197
9. Dificuldades técnico-científicas de uma boa avaliat;ào .................................203
10. Pistas para os avaliadores persistentes ........................................................ 205

ANEXOS
.
1 DOCUMENTOS DE UM PROJECTO ................................................................ 209
.
2 EXEMPLOS DE APOIO AO PRÉ-DIAGNÓSTICOE AO DIAGNOSTICO ...... 713
.
3 PROGRAMA PRÁTICO ......................................................................................223

BIBLIOGRAFIA .................................................................................
...,... .243

~NDICE....................................................................................................... 251
"'Scidn.s tis sncihlrrptiti srini~:irnrii iliirn ( l i a r J r i
nau Ir 0 q ~ w S ~ + L I Sr r í ~ l ~ ; ~ pl lr~~ cl ~c r~ i i ~~n v~ trt r n
efcitn srici:il. 7.r)dn D snciiilrigri r t w r , cit.uigjri (Ir*
ver ai;. su:ts pt!~qiiisssn~nclific*nrcm:t wxmic-cf:irlc.
Por ~fclrfisclr qu:ilçlut+rsocfiilr>gorlririnit;t ;I iclcia
clt* aniiclnnça sncE:il."
IA&my Ilc.%sl

Hoje, como aliris ontem, não tem sentido opor uma sociologia acaclernica
a uma socioIogia de intewençso e, embora esta dicocomia tenha origem no per-
curso histórico d o desenvolvimento da sociologia, a realidacle tem vindo a de-
monstrar a real coexistCncia cTessas climens6es com 3 presença cada vez maior
de sociólogos "de terreno" nos mais variados campos profissionais. Apesar drstg
crescente cumplicidade, cada vez mais próxima, a frase de R&my Hess (1983)
acima citada tem presente um determinado "obiecto* para a profissão de soci6-
logo - o desejo tlr influenciar a mudança social.
A mudança social está na própria raiz da produçào tio saber sociojó~ico,
ontle qiialqiier objec~ose movimenta num quadro de compreensáo das &*i-
micas societais, no hic et nzrnc da produ~àode uma sociedade por ela própria.
O desejo de participar activamente nestes processos de mudança social transfor-
ma-se muitas vezes numa reflexfio mais aprofundada sobre os conteijdos e as
formas que pode aclq u irir urna socioJogiu de infen>e~cào.
2.1. U- orígem história sem b w a ? dínica
efnowgka 5 h t e -1
A dicmomia sociologia 'abstrartaiisociolo~ 'do terreno" tem (>riRfm
rn própria caminhada histórica desta déncia ao longo de um percursr> paralelrl,
'gm intqm@o. qw d&
i muito cedo separou o f i h filosóficoe o filào intcr.
& soriolo'gia. 9 3 s origens desta disciplina encontra-se sempre \atente
m e confronto entre uma sociolo@ade a b c d o e uma sociologia de terreno
accionou também diferentes diqmsitívos rnetodol6p;icos.
Há mesmo quem encontre as raizes do desacordo dos s~cihlogoscon-
temprim~ na oposigão. exigente dede o sécuto XK. entre uma socidogia
f i l d f i c a e u m %sociologia.
L de campo que op6s Leplav a Durkheirn. Wo seu
Iibm G e n e da Smidogia de Tnlenmçáo. Antoine Savovel procura mostrar
que a L s r i ~ Z dde
L a inten-en@o se elaborou desde o século XIX tomando cor-
pnum conbnro de pesquisas e pressuponos do conhecimento mais prhximos
d3 empiria do que da absmcçào.
*<wndo ecte autor. há muito nos confrontamos com uma sociologia
a-fla. produto do trabalho filoGfico. que procura atribuir uma inteligibi-
lidade aos dados. aparentemeare incoerentes. que se deparam na realidade
crrjs!. a b ~ m e'Uge o %parar. isolar elementos. relacioná-los e tenrar
eri,cmtrar uma ínteii~ibilidadepara o conjunto social. É fundamentalmente
um ~olw~ e p m r a da I6e;ica social subjacente à vivência
de p b ~ e t de
em mniunto-
e
>!as d d e o s6mlo 'M que se desenvolve uma sociologia de campo
que d o se arrmciou a uma cociologia de intmencào. A socio\ogÍa de campo
dscrel-e e m a s e i a 45 fOm (costumes, usosl tradi~òes,leis. funcio-
namento de <grupse inginiiçòec). connniindo tipologias atntPésde um ob-
cprnc5o cuidsdosa d3 fom3 como se apresenum os fenbmenos sociais.
início. em erncr!opia hkulos SSI1.~7711). Q método surge através de u m

d e n a a c u m u l a ~ odos dadoa de obwn-360e da necessidade de uma i % i a


de cl:irific:~cA~ implicando a apreensdo da totalidade c ~ l t u r : ~el, ~ r ~ & ~ ~ ~ ~
mente. %: cnrnlog:ic:ioclos virios elementos que Ihe (120 senrido-
1 uiii:i sociologia de terreno, profundamente curiosa hcc diferenrcg
niiniicio~ae :iss:iz clescritiv:l. AO longo de todo o séculu XIX, O m6fodo de tnihii-
lho de c:iinpo vai-se elnhornndo e complrxifinndo, sohrerutlo para resPfltler as
cnticaz de est:idgs curtas sobre os terrenos de ohscrvação que permitem aPe*as
infi7rmacòt.r; st~prrficiaise ao farto de aquelas se hsearern em informa~fiesh l i -
ncrss r du~:idor;ns.Maiinowski, em 1922, escreve: ".Fó possuem um valor cienrf-
fiw 3s fontes etnogcificas onde 6 possível operar nítida distinçbo entre, por um
lado, os rrsiiltados do estudo directo e, por outro, as cleduçòes do autor"'.
NO início. a etriologin domina esta sociologia de terreno. através de um
cimpo fi.rtil constini (elo solxeiudo pelas viagens e peIos descobrirnentos de a Em-
-m;rr. que mostnvarn com abundância como os ditos fen6menos sociais podiam
ser cliferentes. verdade que, neste início, o olhar das ciências sociaishstava
sempre preso por tima fone ambiguidade: a vontade de ver e descrever o dife-
rctnrt' (os"outros") e, simultaneamente, O controlo social que advinha do ajuiza-
mento sol>rr esses outros pontos de vista com os quais se confrontava. Talvez
tenlin sido esactamente o seu carrícter descritivo e moralizante que n90 permitiu
que est:i "s~iciolngiade campo" tenha obrido um grande impacze público. Mas
neste etnocentrismo europeu', se, n u m prin~eiromomento, o interesse pela c i h -
çi:i do niarpin:il en1ergi.a de unia forma de ver, num segundo momento, as tenta-
ri1.n~de controlo social associaram-lhe as formas de faze?.
PI esta curiosidade do saber, a que as descobertas de "novos mundos" n3o
f0~1n1alheias alimentando dois séculos de curiosidacle, sucedeu-se o capitalismo
indusrriiil dos finais cEa s6cuEo XJX e comecos do seculo XX, çentrando as aten-
còes na estnordindria rnudanca social provocada por essa transformação e f;i-
zenclo emersir fenhmenos sociais novos que iriam estar no centro daquilo que é

2 s Pacifif0 liro~i<lpi>iffl.1922. riiado por Rémy Hess. 1983. opt,~


fihltnonskiV, Or . 4 ~ o n n s r f fh
citits. p. -1.
' 0 s primriro~~mdoyosgerinm sahrres diirrsos. E n n ~ .ao mesmo ieinpo. h i ~ t o r i l d pró-
~~~.
pr;ifns. zociõkigns :ipr~cnrlrndoa r«r:ilidade culiunf do terreno em que rcibnl1i;iv;im.
' Como C rnclir:io ;~firm:ir-se.o pnndmo i10 ir;ihnlho e i n i ~ ~ r i f i cdessa
o Cpma 6 qiie
drsccnr eiçici rnquiinto s:ilier e cirntr.iliz;i~:ioenqlianto poder".
' .4 htpiiresc ~kRQmr Hezs (199.31 é 3 dr qur :i sociologia mmpe coni n filosofi3 sori:tl. 3 psnir do
nimncnto r m qur iiiiliz:l ck Iiwrn;~clill(.ctir~ ar cioir processos de mnliecimrnto - ;i
ra
Iii~kt s!ilwr rrtrlltllt5glcci, \fsup$nt>jvtr f~nt5ini@nos gPr;iV:im nf,v;i5 prnhlpmAficar
i r i i i ~ qn:i
scii*i:i ls, ~ > ~ i f i ~ ~ * i i l ~vlsi\fp{s ~ t* nns ~llt!;id~.i,
~ tn~Ml~rl<~:is <Iiic idfim mra r n3
i,r[qt*m tlrr ti!,.u<-lnicnr<i(li. rntrin~riitl;i.idc Intrwrnçlo * o c / r ~ l ~ ~ci cdi' g norf~q
tlhi~rttlst l e t ~ ~ l 7 : ~tuclt* l l ~ c~ ~l ; l ~ l ~ p ~ ~ ' ' ,
AS niJj8:is rt*:illtl:i<lcs<I;i Intliiairl:ilix:i~lc>c tIn urlanIz:ic3o npinximam r,
trrtthntitlrr oll~;\r tlfw In\*rtrilg:idi,rw,O s rtact*lr~.q tLt* ijmn pn9sagfd!''m rniirn5ric:c dr
iiinn .~Jhb~Jtrlr>,kh mt r i l t i lctc p:ini iiiiin sr1lidt~Hrrl~t1'.r~ nr,tlnlrn p r n c ~ p rrni ris Fc
~:itlt-w.:ts Ijir<%lnst* 3s oiyanixiiqncz íllnnt ri;pic.:is qiit4 rtbntnm. por um Igdo. cnren-

P 1 1 1 ~I I ~ ~ I I ~Initwlr
:IS I I I I I ~ ~ : I I I C : Ita, II, ~ nprol i d:i Inirgra~3on:i nova *r>ciedgde
rtiic-rNcntc*, hl:ii,q i i i i i : t vtbz, 11 xcjciolo~~l:i rle tcrrcno í. sensível a eqieí apelos.
cIcl,riiq:indo-stl sol~rr <Iircbrtbnli*r nu pchrcs, 0% - "tlcsinseritln;*. nq 'clasw
-
prri~rjs:is" cb. tltb novo, :iss\irnt*iii:iI 3 nirg:i mnrnl qiicvincviiav~~mcnte acornpn-
niig cst:i intrsn*rlnq-;lt~ soc~c~lOgii*:i.
A s rr.insforiii:iciii..* S ~ K - / : I / Sin(Iu~jcl:~s pcI<>sproccssns ((C' ind~rqtriali~:ici~ r
rle iirh;inix:i~Aov4n mnstnr novrs rn:inifc.sraq'ks sociais (muii;is clela3 t l e ~ q n h e -
cid:i?;:itC cni9o) t* fc*ni>mcnos rir ''~lrsintcgmqAo" social, originados pcla rnudan-
C:I d:is soc-icdnrlcs runiis p:lni BS S O C ~ L * < ~ ~ I <urhaniis ~CR c pcla ernergCncia d e novas
fornms Jr rrnlxillio, o qoc n;lo sc f;lz sem confliios.
A priincin~rsnd:i nnicrir:in:c coin inipnctc. nas cicncias sociais C a Esola
de Cliicngo (fiind:itln chrn 18911 c, postrriormenie, a IJniversidade dc Colúrnhia.
em Novn lorqur. As <hi:iscicln<les tem processos de crescimento demr>gr,fico
ext ~".~orçlin:irios ccirií 1 ~ 1 n s u~ n ~ :imcns:i
~ ctjvcrsiclfidc cultunl, fruta de imi,qmntec;
dv rotlrii; ns cintris dn glolxr c com iiinii grnnclc divmidacle cle 1ingua.s. coqrurncs
e moclr~sde vida.
A pohrczl cle Chic-npo, oii tlr Nova lorque, [orna-se rnrsmo num elemento
piihl icitfirio pnn reinrtnr nlunos: " Em NOM lorquc, os proh1mn.q dn pihwza.
da mmdicidude, t h intcmprmnça, r l a Jaltd d~ h iginíc e dar in/li&ucim sociais
dqqraJrrn/~.~ con~?ecrmo sfraforma mais rdgrida. A cidade é. po& o l&ynttjHo
nurimtl ~ l acl3?'tcia,~ociur'".
Este 'lai~onití>riosocial" drhni<*:i-sesobre uma diversi&de de prohkmbl~,
pr(xtinndo as metodologias mais apropriadas. como outron, apon nos p+
rnfirdios do s í i ~ i l oXX , dois tipos de entendimento do processo de conheLjmrn~~,

h C ~ I ; F ~por
T) Rfimy Flrsi;, 1983, optis sitris, p. 80.
~~socindos adu:~ metoclologiíis diferentes, ifio desenvolver-se separadamente e
err:io na h:ise cle nietodolopias e percursos que aintla hoje n5o eRà0 suficiente-
mente inregmdos: o processo estatistico e o processo & "inrervencjto social"1.
O procpSso estatístico C fnito da preocupacão de organizaçòes filantrbpi-
c ~ se. do próprio Estado, que prociiram conhecer 0s novos fenórnenos sociais
promovendo estudos e pesquisas vários que apresentam uma preocupa@o de
base cientificaR,na intenç.?~ cle organizar racionalizar as jnformaçòes, tle forma
n que seianl passíveis de entendimento. Essa racionalizaçào parecia necessitar de
inF ~ r m a ç à eobjectivas
~ de base estatística consideradas mais neutras, dando ori-
:em a uma sociolo~iaempirica com hase quantitativa, muito disrnnte da etnolo-
:ia, que tinha, sobretiido, funclamentaçao na ohserua~àoqualitativa.

1.2. Antecedentes de u m a sociologia de intervenção - entre


a cllnica individual e a iatemengão politiça
A oposicão entre uma intervençâú mais individual (frequentemente de
cariz psicossocial) e uma itirervenqão mais "socialógica" (frequentemente de sa-
riz mais po!ítico) agravar5 o fosso episrernológico, reorico, metodoi6gico e poli-
tico no entendimento dos fenómenos sociais. Na primeira fase da sociologia de
intervenccio, em meírdos deste séci~loe até aos anos 70, a intervençào sociol6gi-
ca eacá dividida entre a 'Ylinica individual"' e a intervençfio política, virenda-se
a clissica dificuldade de articula r inclividuo e socieçlacle.
Nos Estados LJnicloç aptafundam-se as climenscies de "clínica inclividualn e
I
faz-se sentir a influfncia da Escora de Relações Humanas e de Kurt tewin sihlí~li-
' do-se a intemençào na proximidade da enco111end:i pública e fundamentando-se
em tlinâmicas psicossociais. É aliãs crit icada pelo seu cariz de 'engenharia socigl"
que visava a -adaptaçàonacrítica clac sujeitos is regras do jogo social. O predo-
mínio do mérodo e das técnicas sohrr os rnqu:idnmentos conceptuais reforça-

- Na ~itrnp;i.a *sociologin çlinica" :americana é conhecida sob a denominiiçin de 's~ciologi:i&


intcrirnq5o', pese e~mlionque rrnha dimens6es mais mlenium e miiis políticas do que n soci«logB
clinicn ;irnrrir.ana.
Irinhrcmo-nos dr que ;i ~oriologi;~ como ciênch rnar;i ainds por clarificar nm seils coniornm,
rmcrpimln. rins El'A. iim:i pnnílr cliversidadr clr clisciplinns sol>o pandigrn;~da *eco[o~iasocialw*
" Ver nora 7 .
Ftrndamenros e fiocessos de Uma Sociologia de Ac@o

sempre dcclsnd:i.
vam-lhr: esse pendor pragmdrico, pese mIbor.1 a necessidade. -
de articular teoria e acç3o.
Kort Lewin irá ter uma influencia tlecisiva para a ~ e s 9 ~ ~ e~e " - ~ ~ ~
consicier:ido, por muitos, o seu 'ifundador", Emhon b3peads n3 din'micn de
pnipo, a pcsgoisa-accão de K. k w i n assenta numa ~ O V ~ P P Copn???Lrrn
~O
Homem e da sociedade. A "pesquisa activaw supõe que o agente de
seir capaz tle fixar os objectivos para OS quais um RmPO Se e que
decisòes e
gnipo possa chegar a um domínio cada vez maior sobre 3s
seu devir. Considera-se que a mudança é fruto do próprio grupo. que, atrfi\'&
da acçiio, "descobre"/investip a base da dinâmica social. e 0 s obiecti~~os do seu
próprio comportamento. A sua morte em 1947 n5o lhe permitiu fazer sair a s
concepçòrs da pesquisa-acção do contexto do grupo, mas mesmo tendo subes-
timado os aspectos institucionais e ideológicos da pfitica social, I.ewin influen-
I
ciou 3s p~ític:~s da intervenção sociológica mostrando a intima ligaçào entre
mudança e intervenqiid?
Ainda hoje, as dinâmicas de grupo s5o u m aspecto fundamentnl do traba-
lho em qualquer siniação de intervençjo sociológica; mesmo quando nfio s3o o
seu b ~ f d - ~ Crnnmente a sociologia de intervenqio pode tlispensgr o conhecimento
das tscnicas de dinimica de grupoll.
Na Europa, e sobreriido em Franca, assiste-se a ulil;~corrente çríticri
sociologia d e intemen~ânque se desenvolve principalmente no?;esblhrlecimen-
'Os de s:lúde e de ensino e que, mais tarde, apoiou o movimento sindic;il e

' T o m ! a o e Learin firanm :i a r ronhecidos os fiind:imenios clns dinimic:is íIe pmpo3: lidr-
nnC3:i.s. mnfliios. mniunicafio, etr. Tentou-se fazer sair a fcorin do hl~octri>riopitrici n rp:tli<llcly
s < ~ i : c~ ln -din9m1n de pmpo" itirgoit o seu campo de ionhecimcnrns r de inren.cn~8o.H:i inuiiic-

ror exemplos de prolonp;inientor deta m ~ hmrnradainenre


. :i corrente interncci.ionist:i R;llrs: ,i
s<rkorni.tnca dr Lloreno: n psican;ifi[ic:l da escola inp1cs;i - Rion: Morrn<i- gilp dpsl.nyolrrii
I
rtcnicar de psicodo~mae ourns r h n i i r s de grupo, m l s qiie oml~c'nii. ronhrci<ln pol:i sorionir*tfi;i.
Posicrimmente. o !rf?initi~-~ror4p fT#r0lt)3) Um prolon~lmeniocI:is pesqiiis;ls <Ic I,ckvin<Içreni.oj-
viclrq por R r t l i ~ le. mair wrde por I*ipssa.lde S O a~ t!enominar~«de -:L ,:i 1jsi insiiliirion:ilmT * ~ ~ ~ . , - ~ ~ ,
vivida do que se pasiw em qualqiier gnipo, ixperiencir
exp~nenri:~
111113 ..
te pr~voc;rCio)de ilm moniror O grupo é sujei(« e obirrri, <iIintrn.encio:cliqciititl.i
cjrient~~do form:i-cta, I

t s h ' K !ilm di:lpn<istb«> d:i s i r i ~ d oe iniervcm.


l,,b,r, ,\ 111í ~lllfltl~i 5 f ~ ' ~ : lcJ l~~l.nl;i q ~ 3 ~ ~ ~ ~ rc*t*cjnL-i
i ~tq!tmrno l ~ ~ ~~ iF ;~ (10~~ :I<'-
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,lrrtr-tl!,ll' :iI.~iinh ~ ~ n b ~ s i i Pi*(tG~.nic.ns
i ~ l t ~ ~f'rp\irli;in;i
s r8cifii tensinnmcbntcis (Ir) m;lfli5-
. 4 t'iini l:init'ni:ii'4<i iI:i wcicih >si:!ilc int<*n.rnt->c, tcni t>rigc*ni":i n~nc+ili;ic.io
<.,iin4 :it-riv i'<I i ~ l t * 1 1 1 : 1dilo , <Ir111,1111 rC1r1n31, ~ r ~ f l ~ ;il~iins
~ : I <In%prr,wiipn$riis
~vt>ri:w(Ir F r c ~ ~ ttt l tlc- !il;lrx.
. \ C I WilL'O inip;!cic n:i ;iciilrmi:i rlirf>pri;i,:lrsi,+iir-se 30%
:til05 -0 :1 II111:I h.'llklli\.:l <Ic ; I ~ ~ C I I I : I C ~ c!;,~ ~ infcn.cncdl1 politic;, cofnhin;it!:4com 1
i i i l t a r p W " scli.i:i 1, estriirii~indtiiim nihcirlo rle ~0r.i~-:in;ilista(lc nilir!nnc;l. A
iiii<mnuimnc'>c~ i r m cc~iilo\%iW iiiii:~snr.inloqi:l critini qi,t. prcfeot!c'conscicncin-
l i r i r " t i s :ICIIWPS LI;I midnncn cItis seus ohiect ivos, forc:~isP fnqurx:is, e dos ohjec-
~ i \ ' o l ic p i L St* glriiri~c.iii ccincretiznr, f ~ e n d o - nde hrm;i ncir~n:ilp3r;i cl~iclhe5
sri:~pti.;ri\'rl thbfinit iinin iiirllior estnt6pin pnnl os atingir':.
4licii:i nilri-SY nn cc~nct'p~do ter;ipCiirirri, inns t;im htsm in terventnn, de F'iieild,
i-l:irilit-ii-5~ c) p:ipttf riri inilr.stig:idor. ?':i1 corno Frcud ransideci n reln~:iopacien-
r r m - ~ ~ ~ i ; ~ccmnl i í + r ~ rileiri trr;~pCuticcie ns np;trl.ncins ilus0ri;is de um inconsciente
iii;iis "il~tnl:irltlirci",o mctorlo i. pcrrnitir :ia doente qiie f:ile aiC que tr;ig;i :to
ccin5~-it~ntc ri qtic cbnr-otiriii, e c.ss:i nçieniibza~ioopct;ir;i ri ciirn. Est:i atitude cle
prcbili?;po.;ic504 cwur;i d mniljinncl:~com o nio-:lgir do iinalistn, qiic permite
r t t t i ~ l rpri*~=is;inac~ntr ;isitir:iq;io de rt*lenihmnç:i,
N ~ n torl:i
i n ct~ncvprun liz:rq?m psicannlihic:~tcni a rnesm:] for^;^ n;i sociolo-
9i:i iIc intrnnrnc-i<i. iiins inlliiencin-:i muito de peno.e, por uni Indo, a defesa cd;i
wtrrfiil iilnzlc ciri :in:ilist:i cor11 iniplicaç5o (seni a exterioridade durk1ieimian;i) e i.,
por outro I:iclo. n n»q:io íle i>tco?~.ccinie (ronttf6cIos não presentes no campo
;ictu:iI rl;i c-onscic'nci;~)c cle trnn#ri (processo pelo qual os desejos inconscien-
tes ';c :icrii;iIiz:intsohte crnris ohieçtos, no quadro de um certa tipo de relncin
est:iI~t.lt*cirln co~iiclrs r.. dt. forma especial, no quadro de umti relnçr'tn ~ i n a l i t i ~ ~ ) ,
C. nn rrncr.:/rn e no conitn-trn~~.c/mt(roniunto de relqòrs inconscientes do
;in:ili~r;i 4 pcr;s«;i do ;in:ilisatlo e mais paflicii~arrnente3 0 frnnsfmtlo paciente 1
qu*se iopn ;I c i ~p.;ic:in;llitIca. i
.nasnova forma de
iimn
A influmcia de Fwud esta iong de ter sido apL
jnnilenri;~<Iorada consrnicào cle
clínica i n d i ~ ~ i d uela - durante muiros anos.
~ l foi.
u m renda e de uma pKÍijcn de inpmnçào social hnie v u c o ~tilizndas-A Pgssa-
eem da inienrmdo psicD~sociolfig~~;l 3 socio-anfilbe
-- - realizacla com a aniciib-
fio teórico-metodológica entre Mam e Freud''.
-40 longo do e até aos nosso5 dins, as qiiestòes for:lm-se clarifi-
ando. e apesar da dificuldade da separacio das fronteirati estshekce-se com
maior clareza a diferenca meia! entre urna intervenção ao nível das relaçòes
inrerpesoais ou ao n h r J das relayòes sociais, sendo especif i c m e n te estas ú!t i-
mas aç que 530 do domínio da intemendo do s~ci6loW''-
&mais evidentes as dificuldades de imposiçao deste tipo de sacio-
-anjlix. devido ao ripa & exigências que o merodo implicava: inclependência
do Poderli e uma relação de tnbalho relativamente estável de forina a ser com-
pntilrel com temporalidades que permitam a rnuclan~asocial ( o que exige uma
temporalidade longa e financeiramente pesada), fazendo apelo a agentes irnpli-
cndos em processos de mudança num processo em que o analista deve ter auto-
númin e uma n5o-implica~5acom a instituifio, de forma a manter uma certa
esiwioidacle sem deixar de estar comprometido. €nas condiq6es \abomtoriais,
e excepcionais. torn:iram clifífil a su:i difusau.

d u í s últimas décadas do seculn XX assiste-se a noIras mudanças nas


N35
dinirnicas sociais. São fenómenos complexos e p;,iradoxnis associados, por um
I:tdo. i rniindi3li~3~5o dxs economi:ir e. por outro. B di\reaificaFào das culturas t.
CIOS modos de \-ida. Mas 530 também fenúrnenos de &semprW e de múltiplas

'' nr Mlrs retirou-se Um2 r ~ n r e p c i od~ "<!eterminacioeni ii!iim3 insi2ncinu <II


ci rihre 3' nlícr.~~ ~ S socid. brm rorno 3 ient31in (Ir
C < ~ P do i<lentifir:ir «J diferenics -in~rresres de
eci>ni>mi-
cls<e- c c s ~ m t ~ $ ~(Ip
a sdornimci~(~
d:15 rcla~-CesSOC~;II<.
'O f~clti (1 h r n i n l i i da cociologir ser o <[.qs
<'~b''i~ici~-
! ~ o - w i ( i j o g cdornint.
n3d.l i n l ~ e Qilc ~ ~ I g imas
i
nio dns intençc6es çor~opsi-
sorj i 1~~ e
nwfiet in<l iqprns j vv
rim ri*m :i rrr com oiitms <lominim rienrificos. interien<.i c
r!.\ $=~Tiir~.d.1 tTonomi:r. crc. d, p~iwlogi:i.dn psicosic~inlrigin.
LI C<-, de mipnrfies de miiitos senridm (economicas, políricas, etc. ), de
epcnci:~da ~ocied3decivil e de pcrlarizny.io social, etc.
r'rn ?
530 a í crises nrh.mas sobrerudo nos bairros mais dçgncln<los, a cdse
, d:ts Findes ~ f t i t =
t,l l prtseo ~
industriais. as crises de legitimidade e financeins
do ~ . ~ t ; i ed ndos municipios. que. combinadas com a procura cle rentahilida-
dc,5 fin;inciamrntos nacionais e internacion:ris, revitalizam um sem-número
pmm~mnsde inten-endo em que os sociólogos uio chamados a prestar a sul
ct2ntrihui~50- abrem-se novos e di~rercascampos cle iairidade e apela-se a no-
,+* ni6iodos e técnicas de a c g o em larga medida ainda hoie por explorar. Nfl
acnialidade. i-15UFKJ prohinda alrernçiio quer do campo da intewençào, quer das
nietodologi~~ de pesquisa-acfio, sendo precursor desses movimentos, já na déca-
dn de '0. o desenvolrimenro da *inrenren@osociológica",sdxenido ao nível das
rmpresl:is e owinizaçÕes, exemplar em Alain Touraine c em Michel Crozier.
Portugal esteve ~fastadodas duns primeirns fases de desenvolvimento de
utnn sociologia de terreno. N o entanto. nos finais da década de 70 e até hoje
tem-se vindo a desenvolwr a mercado de trabalho para sociálogos em campos
miiito sernrlhanres aos da restante Europa e com menos competiçào com profis-
s k s ppenlehs. entre 116s quase inexistentes (animadores culturais e juvenis, ani-
rn;idores de~poni\~os, niudnntes familiares, chefes de projecto, etc.).
~EEQUACIONARUMA TEORIA
DA ACÇÃO

"Este livro mostra igcialrnentc que 3 rlivcrsidade


da exercício cla(s) ptofiss;iair~es) n i r i í. sinhni-
nio cle ~lispersfio,mas reenvia. sol>rcrurio, p:ira
scparanz, e sirnultaneamenre ar-
as tcnsfies q ~ i e
rictilaiia, 35 diferentes componentes cio exerci-
cio cla sc~ciologin:cliscipfina, prnfiss30, saber,
saber-fazer. Enfim, mesmo se se trata rCr. riimi
rcficxào CIOS soçirilopcis 'sobre' os socirilrigr>s,
colacci de fornia clwa a questlo da re/acão da
sociologia com as sodedadcs contenip~r~lnrns
C COM as crises que as atravessam."

IM. Legrand e outras n;i introcluqiio 9 ohrn


Mc;?iersl
Lia .C»clulriffir c! SP.~

1. A relnçáo entre actor e sistema: á procura de u m a teoria


da acção
A complexidade do social, e a diversidatle das formas de o entender, f o n m
oduxindo paadigmas teóricos (e rnetodolo~iasdiversas) que coexistiram sem-
pre sem grande integracão, valorizando, cada um deles, diferentes dimensões da
vida snn>cia].A oposjç3o indjvíduoaocirdade manteve-se como urna das bases di-
~r~tfimjcns entre as teorias mais interaccionistas e mais sistémicas, dividindo as
ac~tlerniase os centros de pesquisa. De alguma forma, esta oposiçio seguiu uma
(jpoiido trndicional em sociologia entre urna análise da História e uma analise
d3.i "histórias", ou seja, entre uma ".;ociologia d o poder" e uma "sociolo~iído
quotidiano". Esvd oposiçao teve, obviamente, consequências metodológicas.
. .,
,i, p3ridiqmgs cienlificO~que x o r n ~ n h a n m3s crises ci\rllirncio-
fgr~amma retinr nu1~1Ssínteses que reconcilia~seni
n3i5 do fili3i <In .;Gmic~
m \ I n n mm vclwy(Touninp, 1994) e que permitissem R S O ~ O ~ Ouma # ~ "utopia

pnmiiiiici* ((;iddens. 1992) c a p a de lidar com a c~mpl-i<lade lios n o v o fd-


menos soiinis tt c»n~a prrsdo dos encomendadores p;ini que fornecessem respos-
19s cfcc*.tir:\a3s aii:is preocupaçòes crescentes.
: i o depan-se com a recusa das dicotomias e a proct1~1
s i r ~ a ~~cninl
I de novos
fiind:~riientostccirico?;que repmicionem o saber sociológico. De entre ns principais
q ~ l ~ ~ fquei w sse cdoclm, interess;im especialmente ao planeamento as seguintes:

- Qli:i1 i. o lugnr do conhecimento nos pmcessos de mudança social?


-Q u i.~O lugnr da citncin na condução dos processos de niudança social?
- Qt1:11 C' o papel do cicntisk~social nesse contexto?

Em tiirno desta reflexf~olevantam-se, liá muito, questòes epistemol6gicas,


tróric76 c mctodológicas de long:~tradic.50 na sociologia. mas sempre colocadas
rlr formn ncivzi e rii:~iscon~plexa:

- 1 rel:i<rio entre o :ictos e c, sistema;


- A rclriçlio rntsc. n cit.nci:i t. o senso coinurn;
- r\ ;irticulncu:o entre o Histíiriu e n vida quotic1i:inn;
- A i n c f u ~ kt.~8 drrluç:'io níis fori~~ris
de conliecimento;
- .\ rel:ic;iio entre teoria r :iç~;70:etc.

h tctit:ttiv:i de reconciliacio tle.;r:~sdicd«iiii:is tem vindo, a par dn ahrnu-


r;i dos canipon pmfisaionnis àa ciências socilis e d : ~procum
niatrizes teórjcls
dt- qiiponc 1 3cc:l0. a tOnl:lr COTPO n 0 qLllç potlert.mos apelidar de 'teorta da * -

ary30". Trntii-se de umri rcnntiva de orp:inizaqio dos prrqgupostoi epis*emol+


picos. k<iriros.V- I.I C ~ cS mcrodológicos qiir süpofivni a intYrvenç-io n l 1.
L .

ric c n*ersid:i-
d < i ~ i i i i i i i ~sorinis.
s t. n3o nrçessarianlente apenas no planeaint.nto,.
Reqlracionar Uma Tco*fada A C G ~ ~

1I ~ : ~ l ghnje?
r. análise dos fundamentos Lima uteotjada acdo" implica
I!
r> ,,,fiindo questionamenfoda prática científica nas siias diferentes dimensfies
I .

i,vmolí>giCas9 teoricfls e metoc~ol~gicas. Ert5 e m causa uma cena concepclo


rf'
i10
ml,nd~ sncial e da ciGncia, mas t a m l ? h uma tleterminada concepção do
. ito c do pppel do cientista nii rnudanca social.
sitlf

1.1. ~esenvolvimentosrecentes de urna sociologia de acção

?hcontexfo destas dic~tomias,a analise desta aniculnçáo complexa entre


0 AcirrcInPe 0 s aflores dá lugar 3 um dos mais interessantes debates "0 domínio
I
dn ciência social e que se sima no coraçào de diversas disciplinas sociais. Nos
~Iiimosanos. em social agia, Q debate retoma Parsons e é desenvolviclo por soció-
I
I~igoc;como Crozier e Prieclberg (19771, RoucIon (1979. 1982, 1984, 1989), Men-
dns (1 983). Touraine ( 1984) e outros, tentando enconrrar clarificaç6cs para essa
esrreir;i, e nào linear, r e l a ~ ã oentre o sujeito e a acção colectiva.
.4fiic;tando-se de uma sociologia das "estruturas", estes autortis situam a
sociologirt no esh~dodos processos d e "interacção" e cle ''interpene'tra~ão"entre
0s 'sistemas pessoais' e os "sistemas sociais". O ponto de pat-rida desta retcoíiza-
fio assenta numa nova concepç50 do sujeito e da vicia social, procurarido as
su;ts r~~rticulaçliies com as l6picas das sistemas sociais e de dominaçAo.
Apesar das cliferenqas, nem sempre muito evidentes, todas as teorias sociais
t6m uma concepçio do inclividua, e do seu papel em reldçãa l s instituiçhes
s t ~ i a i sou supra-individuais. As concepqòes mais sistemicas - funcionalistas e
marxistas - das anos 60 e 70 acentuavam uma concepqão global da sociedade e
uma ~ p ~ sdei interesses
g ~ sociais polarizados e, nas concep$ões mais críticas, a
an8lisr socio]í>yica seguia as manobras de "exploraç5o' dos gnipos "dominan-
tes' sobre 0 s k4gmpos dominadosw. O actor, imerso em relaçòes de exploraçào
pelo trabalho, e denapossado dos nieios de produqão. estava sujei10 ao mero
papel <It.suieito alienado, incapaz de libenaçso 3 n3o ser através da "revolu~ào
socialist:~". Este sujeito "coisificado" nPo merecia o interesse do olhar socioló~i-
co, qtie se preocupava com a clarificado das Iógicas de dominação, entendidas
3 pmir das instituiçòes que exerciam o pocler.
Hoje. o repensar da sociologia e as novas rearticulaçòes dos paradigrnas
tendem a fyyelar um ourro Iuqar do actor. como sujeito social C : I ~ ~ I de
X dar
sentido 3 sua accào. ~5 uma insisl$ncil na natureza activa e conscientr das
fomiac de ornpor13mro 1- (& o cuXier-f~ da ~ y n i C i c ~ ~
que náo pode ser 'deduzida" de um m b n t o de n o m a s ou de u m C O ! ~
cbdos, mas que pode entendida qusdo rnninh -r .- - quwidi.
~ ~ rdtm r;
nas e nas prsmi\ardo 'mcomum- p u t i l h p -\ivffn
i n ~ r i d ú snas dinãmicas sociais ama*.

tendem o lugar e a fundo do acmr indkidin!. ro.ofu&&


OU menos implícita, b mnceppnes d e Durkheirn. .\Tm Te*
3 -
É importante compreendm romo a l ~ n ss x i b ! o p m?mmfimen-
Iineo.mic
e br'nns. enm
outros, e distandandew da crise epiqm!<igia que le innnuc*i ~ L Hmnc-
~ i k crássicas
s da .mie&de, exc!usi\-ammte a~-a-a!hcb p!o ceu f u n c i ~ n i m r n
em referhcia a uma Iwca comum domknre.
?;os finais dm anosO' e nos a m w). fmmw deceo~-crhmdo -3-
vas de trabalho que apmfundam as ínterlipc* entre os elementm cnniponm-
tes da rnudanca social. pretendendo mnim!á-lm e c o ! d o mhls~~m
no centro da capcidadc de a m p m s à o & d u G o bm ~ X de mu&m F
0 social. P r e m p d o s com difemrec: domínim di vi& clrid!. a!pnr d w suio-
res mais significativos que s i m n m unia p n e w h n r h - 3 <Li rn oh-3rn di~.~rus*o
dessa selac30 sso, entre rnr!~w. Paulo Freire. Fh~mmdIkdcrra. >?%k? &&r.
E r h a d F r i e d k g e AIaín Toumine.

indispens;íve! u m a refemicia ao auror I'rasileim paulo ~ w i wr*. o h


teve urna grande influCncin pririm. s u h m d o no mmpo & &do. que
e frequentemente Orado no cdmp, da epínemol@a de u m 1-3 arno.
Paulo Freire nasce no Br;rsil em 1911. é p m f s o r pr&Mo. e d m v o l w
uma prática de alfahaizacSu are 194'. rindo 11 conml>er um &do de mciw
do portuguíl (exrito e onl) b a - ~ d o ru ' c o n c s i ~ E ~ ~ j mredj&
o'. cnmn
prorcsso de recrwihe<iimmto do eu. do ceu l u p r c do .eu ppe? t~ih.40,nn;i-
do mundo. Ko campo da alfakrizado. mé<& bvi3-w ?emm-
mento que m educadores fazem do * u n í \ - m \-a;ihuEaf dm a qw +e
L'ma Teoria da A ~ Ç &
K~~qicaciflnar

dan pajavras-chave- segundo


.e:',ma eqc1!ha c í ~ i o - ~ d a ~ í > ~ei linguís~i~a
ca
r ? - I r \*jc!a qiláhim! o principio das dificuldades fonéticascrescentes e,
..+o
wkn~?dr>a sua nquem ~ m á n t i c a Em
. seguida, os educadores criam Situa-
-
,

- -
C'trr c,i~trnclair próximas da realidade quoridiana c)o gmp<i com o qual tnba-
,L , c ,or~qc-umac pala\raschaw nesse contexto. Este processo, que decorre
C medida das ~
l-g-~g
-.L.- ~ do educador,
k q a lia a experiência e a acção. ji que as

,i,;ci ?Tetendem que os alunos descodifiquem a dinâmica social, reflictam e


_ .-:-overn
,--. o <eu papel nessa dinâmica (processo de consciencializaç50) e, si-
-.~l:~nrzmen!e. aprendam a vehalimr e a escrever essa sua experiência.
um processo que contem todos os elementos de
é
.+ -can+encialjza~ào~
~ - 2?quica-acdo. a caber: a pesquisa (das palavras geradoras relacionadas
c( 7 ri. crinreaos de vi da 1; a fomnaq30, já que o entendimento e a desmonta-
2m de~caqpala\-ra~exige a apiend izagem de conhecimentos (sirnultan earnente
" ~ e ~ ~ n ligadas
ais â leitura e a escrita, mas tambem culturais, sociais e politicoç)
-a acção. na medida em que os alunos se posicionarn face 2s problernAticas
-@:dadas' e alteram os seus comportamentos (individuais e colectivos) no pró-
15.) u r ~ e ~dewpeyuisa.

n1r&ndrJ
.4 relacào entre o sujeito e a smiedade é realizada na acqio de pesquisa
o prmesro de consciencialização permire clarificar o seu lugar no mun-
d r ~iidmridade individual), assjm como os seus grupos de referência e de penen-
1
0 tich?idadccofc-aiva e mesmo "identidade de classe").
J
-
Boudon e o individualismo metodolólgi~~
!kluito pr6ximo de uma perspectiva que privilegia o actor e as suas 16~i-
e t~rraiégiajndj\-jduais. mas muiro longe de uma a q à o de terreno, encon-
!mmm b y m i m J ~ ~ ~ Esre
d mtor, . de uma longa constniqào lógica,
~ natrdvés
~ ~ ~ do que hoje se apelida de "individualismo rnetodoló-
w ~ ' R 0 !5 princípios
t i C - e que aqqenta na defesa de que o objecto da sociologia se deverá centrar
r.e,
93 " l m ~ r c e n ~ à ~ dinâmicas de relação entre 05 actores. Criticando os gran-
de+ ?andigmas, Boudon pretende que o obiecto socio16gic0, mais do que
'"dizer a mudança a longo termo, visa entender a lógica de mudança nos
<!'!erna\ de jnieraccdo restritos para serem abordados" e de-
C
enfk que o ohircto de estudo da sociologia é o estudo dos sistemas de inte-
ta^^^^^ ( Rrjudon. 1979).
F~rndammtose Processos de 3~cforogia
ae A C Ç ~

Ele é talvez o mais radical dos autores que aqui referenciamos, p~qhr
a supremacia da Iógi;ica da racionalidade do actor e, decorrente desta opcàn, ,
irnpn;incUi da análise sociol6e;ica do senso comum que permitirã dar
dessa rniionalidade. Os t& postulados do intlividualismo metodológico menam
ser resumidos da seguinte forma:

- O itomo da análise sociológica é o actor individual;


- A racionalidade dos actores é complexa;
- Os actores esrjo incluídos em sistemas de interac@o que fixam os cms
mngirnentos aos comportamentos individuais.

O autor nfio defende o esquecimento do sistema no qual intenpem mo-


res. e que funciona como elemento fundamental de contexto da ac@o, f ~ ~ a n d0 5o
constrangimentos às expressòes individuais, mas considera que a atençào sociol6
~ i c ase "p*analisar as reh~óescomp/exm mhe a estnrturn dos s&mm de
intemcgt?~definidos pIws irtstftz.ci~&sociais e as ~.+ctariLw. os smtimentos P
as a c ç h dos agmtos"', dando conta da descontinuidade da rela@o entre ss 166
cas de funcionamento do actor e do sistem. descontinuidade essa que adv6m. m
larga medida, dos 'efeitos de cmposi~ão". O sistema de referência de B o u h
valoriza esses &efeitosde composiçàon,entendidos como efeitos inditiduaiz ou
col~tivosque resultam da sobreposifio de comportamentos individuais sem e r ; ~
rem incluídos nos objectivos procundos pelos adores - efeitos r i o e ~ p e r ~ d ~ ? ~
emhon deseiados ou efeitos nào deseisveis - 'efeitos perversos".
Os efeitos de composiç5o $30 o resultado quer de decisòes individuais.
quer dos sisternns de intenccio, podendo ser efeitos benéficos ou pen-cfia-
mas sno, qua.ce sempre. indeterminados. ifi que o sujeito nXo domina inteinmm-
te os resultados da sua acçào, dada a complexidade dos contextos. Neste
do, a eccio humana é sempre de 'racionalidxie limitada", pelos con,~fmnpimflt*
qiie adv5m dos contenos da acçiio. mas também pelas limiciqòt.~do conheci-
mento dos aaores, bem como pela impossibilidade de estes c o n m ! ~ ~aI.* m
~ o da lupar '30 nz:lr r i
siiltados das suas opcòes. É esta i n d e t e ~ i n ~ ç que
desordemm.Assiste-se. ~ssirn,a um3 tlupla in&terminaç.io na Iógia : ~ ~ i c i

: h~iidon.R~yinond.1.u Io.ql~irdii Sociol. Riris. Harhene. 10'9. p- -H.


Uma Teoria da Acçdo
~ecq?tacionar

Ilnx5 + ~ i i i l aindeterminacào objectiva ( o sistema recluz a margem de mano-


1\,>? 111
L!;1 ~ s c 11,;~
c~ incleterrninaqio subjectiva (incapaddade de pre-
nrror) e
1761
:ictoc). Neste sentido, a cabal compreensáo das racionalidades individuais

i.
kiti
'i
,
Is,ip~*(luL considere sini~lltaneamenteas características dos sistemas c l r inte-
:is suhjrctividades dos agentes do "individualismo metodológico".
r.lc4-i
o n a preocupfi~àode se afastar de uma an5lise de cariz mais psi-
1 3 ~ ~ d rem
&i$i.'o. rclfirm3ndo que o seu inteies.ie d o é o suieito jntljvidual, mas a forma
,te s r articula com o social permitindo-lhe explicar os fenómenos globais.
~e um:i forma simplista, poder-se-ia afirmar que, pam Boudon, a análise
Jinnrnismos sociais passaria pela identificaçiio dos grupos em presenqa, dos
,,,, cr>nflitos,consensos e estratégias.

crozier e a mudanqa dos sistemas e organizações


Michel Crozier e Ehrad Friedlíerg, partindo das mesmas interroga~6essobre
Ihgica da a c d o social e a orientaçao da mudança social. tendem a valorizar
outr.in dimens6es mais sistémicas. Desde 1954 que Crozier se interessa pelo tnba-
lho ao níi-el das organizaçces; a técnica que utiliza é a que apelida d e "inquérito
aoci»lbgicoq' e, embom nunca o exphcire muito claramente, a sua metodolopia vai
dt~envolvendoviírios pressupostos. Pressupõe que as regras das organizações sào
:~ccionaclaspelos actores e qlie, se essas regras existem, é porque eras correspon-
dem I relaçòes de interesses e de poder n o seio das organiznçdes. Assim, a ques-
wo do poder estará sempre no centro da análise sociolfigica das or~aniz;icòes.E se
~~5s:i.sregras sno constmídas pelos actores, eles podedo i:iinbím alterá-las em

funy3o de outros interesses ou racionalidades negociaclas.


Arn~~Qs idestrs pressupostos, Crozier constrhi o que apelida de uma *má-
use estratégicamvisando a mudança das organiza~besatraves de um contra-
10 ~ S S U ~ Í entre
~ O 0 s actores, as suas necessidades e aspirações4. NO scii livro
O Actor e o S f s l a a (1 977), Crozicr propòe uma 'analise es-tégica da a c ç h
social" que passaria pelo aumento e pela consciencinlizaçio da capacidade ne-

' v*r.
d ~ s eautor, i ~ ~ 1663). O Mltndo dos Empregados
f+nómpno ~ t i m r m t(Seili!.
'~Ercrtlhrio (1965), A Soci~daden l o q i r ~(1970)
~ h c O A C ~ Oe ~a Sistpma (1977)-
Eslc tmio base sal,rptudo7 nas obras Fenóm~noBurocrcifico ( 1963) e O Acmr e u
Tfi't~ma
1, I 977 1.
c-

aos interesses colectil'~~. existe descon~inuidadeentre a


reconhece'
entanto, e t;il como o e,
'&Esteensaio 3nteS de mli.;. u m 2
lógica que orienta o actor e 3 dos sistemas: É, com efeito. etn tomo dli
reflexào sobre as relaçòes entre O ador e o sistem'*
estwmfii o c~ciocinioque fnzrmo..
existência destes dois pólos ~ p o s t que
~s L

O actor nno existe fora do sistema que lhe define a Iiberdnde c 3 r,icion:~-
lidade que pode usar na sua 3 ~ ~ 2Mas0 . o sistema nà0 existe s e n h pel0 3Cror. L.
único ente que lhe pode dar vida e mudar-lhe o sentido. É: na justaposic:io dr..;!l<
duas 169icas que nascem os consmnaimentos da acfio orginiz:ida que o nosso
trabalho põe em evidência"'.
Podefiamos resumir desta forma os postulados hísicos d:i *teoria rI:i :rc-
Ç ~ O de
" Crotier:

I
I - uma concepqgo de "sistema de acçjo concreto" b:isc:xtla na an:ilise si?;;.-
I
micn e que implica o reconheciniento d:i coersncia dos elemento5 de tini si';tt.m:i r
1
o facto de que a alteraçào de um das elementos alierzio coniuntci d o ~í5teni;i.Yo
entanro, como em qualquer teoria dos sistemas. defende que os .~isteni:~s tZni niz-
canisrnos integradores que coexistem o m tensòes e contncliçOer. Assini. tomri-5e
impomnte conhecer Q I imiar de contncIi(.òes e dotar os ?;istt.m.~stie um minimp L!e
r,ipacidades de rnanutenç50;
- Postula a interdepcndência e n hlerarquhc50 tios rlenientc~sni;!.;
recusa a priorid:lde do económico ou dos v;ilores sohrt. :i5 rcd:tntrs dimc.ns(yi; i!q,l

sistema - os sistemas tem múltiplas entcidns:


- ~ostiiIa ainda a homogeneidade do campo swid nurii:i pnctiirri mtii!c-
p"xima d3 ecologia humana. onde 0s ÇonIpofiamt.ntns \-;llorrs honiiino5 cIkas+-
tem com o U ~ ~ OeS k m e n t ~naturais
~ qiie 0s podem infliiPnci.ir
t .

- E -
Cmlicr Mirhpl r Fne<[lwrp,~ ~ h .
rr. P:iri%, ~ d Sruil,
. 1077; p, 9. 'lrd' L' 1, ~ c r t i m t * L\>w,nlinin. ,I<,:,rct:, c
. r.
-
Reeptaciona+ Uma Teoria da Accrlo

LE:iBC;I 5Clcial. quer uma do funciOnamenro individual (ps;quico) acre-


reiqh niudan~asocíal é enlendicla como a a\teraçào do Osistenia de acFlon e dos
ieu + mec:lnismos de re~ulacão,c ~ n ~ i c l e r a n d qi~iç- s ~todo o sistema est8 em
mudi~flCaFrrnfinente e e capaz de absorver essas mildancas. N~ entanto, as
*
530 possivels
C .

miid:cn~a~ apmas através dos mecanismos de poder, mls tam-


Ii&I (13 capacidade de a fazer IIU~maScolectivas. novns modelos reis-
,ionlir. n»\'os c6cIiW de conduta e de raciocínio, o que permite a mudnnca no
qentidoorientado.
.4ssini. o actor est3 confrontado com um sistema tle aceso que lhe 6 im-
p o ~ r nmas que lhe deixa também mavens de manobn. O centro fundamental 6
anbli~r estntepica consistiá, assim, em fazer compreender aos actores as suas
pos5iI~ili<lade~ reais de intervencào arnvés de uma melhor compreendo das
Ihgic:is de funcionamento do sistema, dos obiectivos e necessidades que cste
sarisf;iz ( o ~nào).
i Este conhecimento permitirií aos actores n5o apenas um cres-
cimento real tlas relaçdes de poder asocializadon, na medida em que todos olxe-
i
r.50 inaior conliecimento sobre as regras do jogo social, mas tambbnr um :iumento
de liberclade, pois poderio, individual e colectivamente, dar novas orienucfies
95 suíis acçfies e regras de acç50 colectiva.
Como se pode c»impreencler, em Crozier há uma profunda confianqa na
capacidade de mudança regulada dos sistemas, ein funfio de vnlores colecriva-
mente assumiclos e assim, pelo menos ao nivel dos sistemas de acç50. há uma
profunda intimidade entre os actores e o sistema.

Touraine e a "teoria da acção"


Alajn Toumine é autor de Lima vasta obra centnda na compreensào das
dinlmicss de mudançaein funcão de alternativas sociais 5s formas de poder.
Entre 1955 e 1968 Tourainr exerce uma sociologia de Campo mas limitando-se 1
-
utilizacio dos metodos clfissicos da sociologh qurslionf rios e entrevistas -,
dando azo a críticas a uma clínica sem interven~lo.A partir de
social de Maio do meSniQ ano em Fnnç:~.TOU-
1968, no res,-aldo do
mine precisa o seu ohiecto de estudo - 0, "rn~\~imentos sociais". O livro O
d l f ~ t ?dp ~ o Comr,,lisnlo uópico é n sua obra de ruptura.
~ ~ ~ ou
i ,ggaio
O ohjrctjvofinal do movimenro social 6 Q controlo da histoticidadet enten-
actores, e 3 orpnniz;ic$!o, p a n isso. em
dida como a produç30 da sociedatle
_Mynli,ilii vxar o n , o , ~ n i r n ~scxid
i~
rpr <'cfini"" 'Orno 'con''iita coier-
, ' contra O seu adversário de classe
<i,=i c,winjz:itl> <Ir um ncr<Jr<lt' ,,I,,,, ,,lectivitlnde concreta. 6 a procun de
<linL.c>clr;<rjn] <!:iliisroririd:l<l~ drgf:l que se preteníle alcanqnr.
um:i rnirr.1 .~ricitil:idr.C n30 ., cnrrec.c.
L

~oiir;iinr inrliiciitrt'.~prCiisupost~sWsicos "O seu métod(1 de intervencào


.. e
qlie a a ~ ~ i crool e c l i ~ o ohjeno de
,wiol*ia. Em primeiro 1 i l ~ i r +in.;jqre
isto 6 , interessa 30 S ~ O CIOS'mo.
estudo
O C ~ ~ ~O O
t.5nithpfi\-ilrqi:cdo<I:I swiol~~gi:~,
\jmenrtIs rnnsfomindo profuntla (13 Ió~icavigente.
st>ci:iis-. niciyinjrnro';dç
O :mror <lefende ji]pja 5epgr.i~à0crescente entre a ordem das relaç6es
d : ~ i er 3 onlrm d ~ n.I:icòes
s a que o objecto ~ 0 ~ i o l 6 ~ i ~ ~
de poder. r isso impl~c
n.1~ mie rncc>nair(10lado d:~sinrritiiicòea, mas sim CIOlado CIOS ditos "movi-
lugar, o metodo repousa n;i autoanãlise que do
mento?; smi:iirq.~m scp~r~c~o
rnmimenrv hzem 05 seus líderes - sendo qtir a nc(-Ho é inseparável das relaçfiw
.-izir. :I nurt*i~n:ílirc prmiite :]ognipo n5o apenas uma consci5ncia ideológica.
mnc arnht'rn o conliccimcnro do contrúdo das confronta@es e senti& da sua
3 ~ ~ e7 da 0 dos ad\*ers:ifios.Em terceiro lugar, o investig;itior n:lo é o obseiv,ldor
diccinte. t' o medi:iclor entre o grupo militante e o movimento social.
-45 ncce-easidndesde nniculaqio rnrre história e quotidianeidade e a defesa
dn \-ida 5wi:il como mprocesso'\ao no sentido proposto por Tounine (1984).
qiie incila à sub5tiniifio do conceito de "sociedacle"pelo conceito de "vidn social"
centndo nn acc5o dos actores e renrticiil:indo as representaçòes sociais com o
r e ~ ~ocinl
i - -0 essencial C. que a sep;irnçio crescente do actor e tio sistema seja
suh.;tituíd:i pcln siia intertlrrpendSncia, gnqas 3 icleia de sistema de ncçào (...I.
Em l u ~ de r de.~crewrO!: mecinismos <!o sistema social, da sua integmção ou
de~inwndo. sua estabilidade ou da sua niutlanca, 0 s socjólogos deviam
suhctihiir o esnido das respostas soci;ijs pelo da an41
;t ise dos n~ecanismosde
i~utoprod~do da vida socjalm".
Este wsicionnrnento nào implica o retorno "05 sujeitos isolados do contexto
wid onde 3gem. nu.; i peninEniia e a legitimidade d;i anjlise do quotidiano
eFpCciede lan~dei. de rear, de um ];ido pari o outro, num mavimrn-
'0 pnciulr& cenindo no universo social as micro e as macroesrni~rism-*
C ~ O ~ U ~60 Acçáo
~ P ~ ~ F A Q Uma Teoria

A wa irse central C a de que as sociedades estão aptas a constniir-se e a


niudarem 0 s seus modelos de funcionamento se criarem conhecimentos de si
próprias e investirem pane da sua produtividade na criaçào de Lima imagem da
sua história e do sei1 porvir controlando os seus destinos. É exactamente nesta
nrefa que o autor encontra o papel do sociólo~o,na elucidaçào "dos sistemas de
acoo históricos' e dos conflitos e relacòes sociais que os engendram. Assim.
'em l u p r d e siniiir a sociedade na história, é preciso colocar a história na socie-
dade e chamar-lhe historicidade" (Touraine, 1984).
longo de toda a sua jii longa obra, Touraine elabora uma "teoria da
acçào histórica*',onde concetlc cada vez mais um lugar fundamenral ao actor,
defendendo que o sentido da acçào nso e s estruturado
~ pelas regras do sistema,
mas tãmbém n3o pode ser reduzido i s manifestações das intenções do actor. Se
o indivíduo se torna actor social, e porque procura a sua identidade como actor
colectivo baseando-se no reconhecimento das relaçoes e situag6es histdricacs e
procurando a libertação da alienação económica, política, social, etc.
,4 libertação da alienaqâo e a erncrgcncia de novas formas de conrsolo do
destino colectivo advêm dos movimentos sociais, definidos como fruto de um
processo conduzido por actores colectivos em busca da transforrnaqão da socie-
dade. Os movimentos sociais ç5e projectos conflituais nos quaiç o actor intervém
numa situação para Ihe mudar a orientação e transformá-la.
É cllvez no seu livro A Produ~àoda SociedadeQue se assiste a urna tenta-
tiva mais aprofuridada de interrogagão sobre as formas de mudança social num
contexto de *produ~ào da sociedade" e a defesa de que a perspectiva compreen-
siva e ijtil para a sua compreensão.
Apesar de ter desenvolvido noutras obras o seli quadro de referência, neste
livro Toumine expõe de forma detalhada os principais conceitos de análise da
socíedade, criticando os paradigmas funciondistas e estruturalistas e opondo-lhes
um esquema geral de compreensão das dinâmicas sociais, que desenvolverá mais
tarde com a exposição das orienrações gerais de urna 'sociologia de acqâon.
Nas 5113sobras mais recentes" Touraine reforça as dimensôes mais cultu-
ralhas da mudança soci:d. Para este autor, O centro do exercício e do aprofunda-

" Toiiraine, Alain, Pmdirciion dr la Sscief6, Paris, Seuil, 1973.


v e r , pm exempla, Toiimine, Aliiiãi, O qtre P a D~mocracia,Lisboa, Instituto Piagei. 1996.
.liberdade do 5"ieito *Io e 0 que 6 C 3 r a ~ t e r í s t i ~ ~
sta afirmaçào da 1 iberdade -Fe e"prime7 sohretutlo.
menlo da democracia reside na
da sociedade moderna é que e ' 5 autoridade
peà afir.acào da perlOnllid;idee d"c1nira e pela rc5irii.nc'a
oescenre do poder racial indiscriminadoe c~iscriniinalóri~- h democmrifl nio 6
ca'egorirs ing jtu ciongis. um3 liherdilde * W t i r a : i
someme um coniunro
sua culnim e pela 3'' libenlade7 cmrm 3
s ~ r e n i d o ,a luta dos s u j e i t a
dominadom dos simmas, h democracia 6. "$W"do 3 ~ ~ P w lancadl ~ Q Q
por Robefl Frnisse, a 'política do suieitoP-
pois do Iado da e nào j5 do lado das i n s ~ i t ~ ~que
i~~h5eque
s
procunr o fundamenro da democracia" (T~uraine,1996. P- 160)- A cultura
democrárica assenta numa concepcào do ser humano que opõe a mlis fone
resistência a qualquer tentativa de poder absoluto - ainda que validada por
uma eleição - e suscita ao mesmo tempo s d e criar e tle presen-nr 3 5
condições insrirucioneis de liberdade pessoal. O sujeito integra identidade e
ncionalidade, construindo-se como um actor capaz de modificar o que o
deia num projecto colectivo. 1 democracia O indispensa~-~l pari gerir 3s
relaçees entre mcionaliznçào e identidades.) A reflesáo de Touraine e impor-
(por vezes assaz complexa) tio quadro teórico que nos
Ianre pela i n o v a ~ 3 0
propõe e pela tentativa de articulaçião da relaqào actor;rsistema*reconcepmali-
próprio ohject~da .x>cjologia e recusando 3 oposiCào - que pari ele
tem senrido- entre objectivo e subjectivo. entre situacio e
explica~ioc compreensào.

1.2. Oposicões entre análise estratwca e individualjsmo


rnetodol6gíca
Uma Teoria da Acçdo
Re~qi~acdowar

rdciona]id:ide ao actor social e concclwndo, em i a r p rneclicla. o societal como


resii]tad~tlessas ~icionalidades.As distinçòes perecem residir no p ~ s odado à
interacc5oactor/sistenia e na necessiirin negociaçào para a sobrevivência de um
e de outro elemento da equaçso (Croxier, Touraine, etc.), bem como na valoriza-
~ $ do 0 actar "contra"o sistema (Roudon).
Crozier tenta integrar estas duas perspectivas. A 'anilise estratg~ica"UPre-
sentadasistematicamente na obra O Aciore a Sistcmct ve o actor a controlar uma
zona pertinente de incerteza e defende que a cornpreensio do sistema exige a
comhinacào de um raciocínio estntêgico, que parte do ponto de vista do actor
pan descobrir os constrangimentos que podertio explicar algumas irracionffli-
dadesapasentcs. e de um raciocínio organizaciona\ que obriga o actos a "situar
3 çli niens50 contingrn te da ordem çonstru ida". As duas noções essenciais estão
umrripresentes e os processos de negociaqão, explícitos ou implícitos, bem
corno a s de aprenclizagem colectiva, também. Assim, uma estratégia de mudanga
implica o desenvolvimento de diferentes níveis de negociacão, partindo do pres-
-
suposto de que cada um aceita participar no processo desde que lhe sejam
reconhecidos o direito e a possibilidade de negociar - quer dizer, de afirmar a sua
identidade e participar numa escolha. O coniunto deste processo será uma apren-
dlzagem colectiva de repns, uma invenqão de regras novas, e através delas, a
descol>ert~de obiectivos e a apropriaçào do senticlo da acção. 'Que estratégia
de mutlança adoptar se se aceita um tal diagnóstico?A prioridade deve ser dada
el7identemente ii reforma do Estado, mas nào 5 reforma das estruturas nem 2
deniocra t izaç5o ou à descentralizaqâo: reforma do sistema político-administrali-
{'o no seu conjunto. [...I Esra estratégia comporta dois aspectos. Uma dimensão
sistenia que obriga a considerar todos os elementos do jogo político e adminis-
trativo 10 mesmo tempo, e sobretudo O conjunto de relações entre as diferentes
componentes da sociedade. Um aspecto lógico da acqào que leva a comorome-
ter os actores na análise dos problemas para que possam, encontrando as solu-
çòes, m~udarpor si próprios. A democratização nào deve residir nem nas formas,
nem nas estruturds, niss no m6todo e no raciocínio que tornam possíveis o com-
pmmisso e a responsabilidade"".
- ,stnté~icade M.Crozier seja
Tn
,i i,lIpc~-t<j
is in trrr.;s;ifli'
e 5 mudança <lo"onrextos
iromudcae~~ e constnn~ime~-
I' R I ,,vi . r
e conduzi-lo num senticio de interesse pan n
qiir p o s ~ n liln.rtnr
i o.- - ar de uma concepcào do
esy*'~iiienrndoe (J ~ ( m ~ iàf e n c ç h v''o a p
mniciri3. tais como a. dinamita de
rir*;rt, qiie u l i l b l dg psi"l~$ifl IOC!:~~muitos
a c«m13ingcJoentre o afectivo e 0 c~$!niti~o. etc.
q , ~ . dn idtwtidlde e
;I riwn3
T>csl:i5~cfinic~,cs<\eco~n~ d u a s d i f e r c n ~ ~ ~rela~goaointliridualismo
em
mrrtxf<ildcicode R:iyinond k-ndon. A piinieirn 6 de ordem e~istemoló@ca c
di7 w.;virn j5 lent:lli\.as do indi\?idu:ilismo rnetodolfigico para definir 0 papel
L\cl riiieito na mmpr-nsiio colectiva das acqões incliviiluais. enqunn to que a
~ n . i l i wrstnii.gic:~insinre cin fazer dn análise sociológfca a base para uma
Mrir da mudan- oqganizacional.
-1 ~cpiinrl:~ clifereiic:~tem a ver com as pmpriedades do sentido da
a e o p:irn o arror. O indiviilunlismo metodoltjgico parece ser in tnmigente: os
actnnbs lilcidos qiir diz respeito à ncç:io. enqtiunto que, para anAlisc
m i i i ~W!aniz3~icin3!, ns consrr*.in~imentos do sic;tema estão mais pwi;cntes e os
b'1ritafli\*ii5 ~ ( ~ tle a\gtlm;~forma, siil>metidos a 1ii itncfieR que Ilir
do ~ u i c ificlim.
$.)o~ ~ ~ r r i n r ~ s .

1.3. A hictoricidade da complementaridade das formas de


analise do social
\ . ~ i n l o p i a ~ l iiccio.
r dirn c*srratCgic:i, n:i» prvtencle destron:ir a an:ílisc
ç r ~ i : tcidicion:il,
~l tlit:i sis?Ctnica.A nnblisa tlesre'; ;iiitorcs permite rifirmnr com0
cirnr-liisiil qiir :is p ~ r s p r c i i v <rislénlic:~s
;~~ e e s t ~ ~ ~ e q"50 ~ ~ por nntlirt.zfi.
i c :sbo,
<T"'!.I*. n:i mtA~litl:i cin qiie s r i n f l i i t . n ~ i : i irrçiprocainente,
~~
? ' t ' ? 1 ~ ~ n r \~ pcrrprnii;i
l~~s ris! i.liiirr i. panirrilarnirnw pflinente psci mesmo com-
3 an.ilisr
I o n ~ ~t ~ ~ ~ ' < l l > s
- csinhilidade quando :is t e ~ u l ~ ~provocam l ~ ~ d~
i d ~ ~ pfpiros
'""
'"O
1

~ ~<(CPP mnsistir
I

~ J enr3o I na ~
pr0Cur.i ~ de ,.eRul.iCòei
~ ou formas rs-
tn~T~tr:~i< qii' prixla L

e ( 1I O sistema, InverYlmrnrr ,i perspectijyi


l ~ J -se 1 ~ ~ : ~pc-t
< " ' " P r i * ~ n ~ rf>rn:i i s inente p,, euplic7 i ç

I ,a r os períodos de crise. parti-


L
I (

r'i'.irnicnlt' :i<liirlr.;~ 1 qiie 1 rc nssistc


pn'!iini''i' nivtmItki\ pdiiins.p,,, "transforma~òes
I:ido cultur.iis com mudanc;~~
I' "P' ''''v' J;i h r : i r q ~ ~ i n;i
; t ~ ~ ~ sock,,
~ i c pql + se n20 parece pertinente reiritilr
nii r.1
'li 'I"""~"cfWTptii: i ! . siihatitiii,eFI,l ''e"-"<)s
) h. ao contrfirio mais justo.
L
i~dresepor uma de inflLii.ncinmú-
tua ou de uma CO-determinar;;io entre 0 s diferentes elemento5 constitiitivo~
anAlise Ihrela, 19913,
O facto se opor um individualismo metodológico - que pretende m-
render os ferdmenos m a c r o n r ó p i ~ ~ ~ as bases de um hincionnrnento micro
sohm -
a riin holismo que s6 consiclen o todo social, impondo-se 5s p r t e s . .c6
produzir um confronto est6ril. Sabemos como, de Durkheim a Toumine. o con-
ceito de r e l a ~ ã osocial era capaz de simar o acontecimento mais local numa
trama colectiva de fenórnenos societnis situando as relayões de poder e.crrutLim-
te cios contefios sociais glolmais. S imu ltane;imente, a perspectiva estntégia ofi-
enta-se sobretii<topara a identificaçjo das práticas actuais r da ernerghcia cie
novos comportamentos e factores que sio constitutivos de mudanças que c o n w
lidnin. ou transformam, as regras e/ou as instiniiçdes existentes. Os modelos
propostos para o entendimento das mudanças actuais s;ia ntimerosci,s, aIg~ins
liniitando-se exclusivnmente 2s interacções quotidianas e rejeitando os frnóme-
nos que relevam de níveis superiores, enquanto que outros pretendem construir,
sob este h g u l s , um qisadro coerente antes englobando rodos os ni\:eis, tal como
irirnos nos aritores referenciados.
A unidade de base sobre a qual se çonsttiiern estes modelos de intemcdo
nrio 6 a de indiviciuos isolados, valorizadas pela inctividiialisrno m ~ t ~ d o l 6 $ jmris
~o,
de actores que agem tendo em conta a percepçh dos okltros, conscientes de que ns
suas in tencionalidades s3o socialmente construldns porque se insnez-em nos con-
textos que transcendem ;is situaçoes imediatas. Assim, quando :is prriticns e os
proced irnentos quotidianos passnrn. de forma repeticla. a prom cla re:ilidxie p:in
se esininimrern em modelos de 1-0in;r. 1 em regir lriridades. eles torn:irn-se estnihims
de conhecimentos culturalmente organizadas e n3o somente um 11111ndomental e
culnird. A passagem clç rim ao outro nào C. no cnt:into. autom5ticri. Rim qiir riiri
conjunto çoinplexci cle microacantecirnentns possa çonstitiiir uina estninirri nirrcm.
dc.sle inscrever-se sSirnu1t:tne:~rnt'iite rias processos de snlue~n de prublem:ts existem
trs, ser enunciado de forma eram pelos actores qiie O S mçibilizarik~p1r.i atinqjr
certos fins e finalmente possuir lima dur~bilicliider uma longevicl:icle niificienrrs.
Est:~passngem do microncontecimenr« h m:iiroesrrutiir.i nio se rea liz:~pie-
n;irnentt. srn9o quando "osinvez[imentusWforem suficientes pari fazer emergir 3s
prr>pricd:idesestnltutlintes dos sistemas: estas 6kirn:is torn;im-se tiiei~e rt.sulr:iclci
cl:iç práticas saci:iis, tnrnlinda posshel :i sii;i ccmtínua e contingente repi.r>dut3L)n;i
vida quotidiana (Girldens. 1984. p. 171).
5,lrr;i inc e.cCtct\'flL a n I9qi., na ohn ~ r i t i q i i e d eh M d ~ n i t f"A
: sociologia
spontlêncig entre 0s actores e 0 sistema *io
i.l.iaik-.. 6 i<loieqiii.st;rionnd:iA "'>C qiie der a triiinfar a rai.2" uni-
, nriiin,o rido eH:iinoS prrs""diilos
, I , ~ i'r.,, i ~sol,rr :ir tnciirfies e 05 inleresses v~~~~~~~~~~ AO ~0ntráii0,a Socieda<le
lh*1Cm3. diTrm i i i i l i ~ c dos melhores sociólog~s.f i 5 clominfic'g pela W P n i n desta
ty,m~zFn~?nci3 rnm adores c risrçnw. Por Um lado. o poder cmcentK1-Se e mi-
w5~n,s ct,nrrt,l:im fluxos de dinlieiro, de inflilênci;i e de informaçio. Aquilo
qiic dl~iirn inlegK@o ';mia]pode ser reinterpretado colno o controlo exercido
'rsreR L y n v ~dC s pcxler sohrr os actores socigis cada vez mais manipulados.
P.lr:ilL-?niiii~rr~. egcs acrorcs definem-se menos pelos seus papéis e mais pela sua
n15ic.q~) Vmntc <i mercado, pelos Peus interesses próp~ospor um lado e, por outro
I.~dn,por uni siihimivismo que protege a I iherclade do actor contn uma socieclade
,kni~si:~do npnir:~d:i,defendendo um:i identidade cle panicularismos clllhirais, de
i i r n ~ ll i n p i ~nu <Irum:i relipi5o. de um território ou de uma etnig" (pp. 406-407).
.4 w-inlc>gi:inAio se limita apenas ao ewudo d;i racionaliza@o e da funcjo
n:~lidnikd ; insti~iicfits
~ sociais - mas tem por objecto principal o entendimento
c10 tuidi!o n:r intencç30 entre ri sujeito e OS sistem:~~, a libedde e o poder e,
npssr scnticIci. centn n seu olhrir sohre os processos de mudança, tentando de-

E3tfi "~0ci01ufii3dos :1110res''~'~ S R Uvirios I ~ ~ postulados que n sustentam


r t y i r i n ~c mcrnlologic;inienie ( G i ~ l i i d ,1994). Um dos prinieiros post~iladosen-
rende nz i.icr(v ~ocisis.çoh n forni:i de a c d o , isto E., reconliece que os iiconteci-
r n is s:io prod~irode ~ c c ò e sindividuais cigregadaslj.
~ i i ~ n rsotiii
O scguunrln postiilndo. tlirert;inienrt. relacionado coni este, referencin a
nt-crsiil~dec k compn3rnder ns rncion;tlidatles actores pata se
qcfilqat'r ft3n<inh'no social. Isto 1-130implica. corno foi Tefendo anreriormt.nte,
ct.lflsiil~air q w ~i'dos0 s :ictOrCS ;ipem (Iç formapuramente mrional, Tinplica em
prirncir1iliic' d:ir cmIrn do próprio conçeiro <Ie tacion:ilitl;ide, que. depois
'Tc''*'r. n s 5 g i n ~iini:j
~
tliversitl:idc de sentidos, mas t:imh~menten<ler ;i
-r.~ci~n:iliJ;iJc liiiiír:i J;i' ;içqio Iiunian:i.
podcrernos :icreacentar R g i~ctores^
esta " s ~ c i ~ \ ~de a um terceiro postula-
do qiie :lssenfa na crenm de qur as mcionalidndcs porlern mudar em cof~te*!o~
i ~ cinirncç:in e. pcinanto, i. possivel orientar r mutlnnca social de Forma negocia-
r#~olccrivn.
Ycsrr sentido. n acionnlidnde do actor pode ser entendida como a forma
<Icuti!inich~thii SCIIPrecursos próprios (capacidadei; copniri~-ns.crencas, etc.
oii cokcri~ros(mrios, ~~nl«res de referenci:~,etc.1 para responder a uma detemi-
ii:i<I:idrii:ici<i."F:izcnclo do indivi'diio o ponto de passagem ohripatório cio social,
OS S < I C ~ ~ O $do ~ R;ldor e!:ilx>r.imuma sociolopin de ocçio que se distingir da
filosc~fi:ipela $113 recusa em dar uma profundidade meufísica 30 sujeito e pelos
sriis métodos de ohsenpaePo, onde o esquema h i p o ~ & i c ~ d e d eu n5o t ~ ~deduti-
pnrtr de premissas concepniais. de princípios e de relxçòes fundados numa
Iljgic:~fçirrn.il" (Giwiid, 1984. p. 21).
Irma teoria c13 a c ~ ã opresume que, nn centro {Ia análise, est5 hoie essa
rcl:içAo ct-smplexa le complernentarS entre actor e sistema nos mais diversos
contextos histdricos, Trata-se, pois, de lima anillise que comporta dois elemen-
tos. Por tim lado, ohripa a considerar a 10gica de funcionamento do sistema, os
elenientos clo i o ~ opolítico c a relaçao interactiva entre os vfirios elementos da
sociecl:~de.Por oiitio laclo, obriga 3 um olhar sobre a Irígica ela acçrio, enrendi-
d:i cnnin as ~cicin:ilidades,os sentidos e as estrarCgias que actores concretos
;~ccicin:irnnessa mesma clinll niica de mudnnça. Mas, e sobretudo, uma teoria da
;iç~;io obriga zin acornp.;inli:irnento desse entendimento por aqueles que, com-
ptrirnetenclo-se na finrilise dos problemas, detêm recursos e encontram solu-
ciies e. por essa via, conscróem o munclo social mudando-se a si proprios e aos
sistern:ls c k i1çqrlo.
Nesse triplo ulliat, o soci6lo~oencontra, numa mesma metodcilupia. a m-
pacidlide de cunheciniento e o vigor da sua insegio profissional. Ele nào se
inrcressri pejo frincionarnen~od o sistema de acção e pelos seus actores numá
dimrnsbo monl de denSincia dos seus males e puniçào dos responsríveis. É a
I
prhpria fc3rmn rle conhecirnentc}que lhe permite procurar no sistema OS recursos
I
disponi~eis,os objectivos consensuais (e os confliniiis) de forma a orientar 3
historici<iatie na mellior relação enrre a coes50 do sistema e a liberclade dos
I,
I)
"aorrs. "A modrrnidnde n à o Ç o triunfo do ftnico. mas o seu desaparecimento c
I 3 sul ~ u l i ~ t i t u i ç à ~ difíceis.
pelas necessárias. relaçòes entre a r.~cionaliwrà~
e 3 liberdade individual e colecrivr\"(Tounine, 1994, p. 107).
' uina sociologia
20 entre
. ~~~emca~l~aOreeq~~cio
<Irtemno e ""3 s w i ~ I ~~ a $' " d ~ ' ~ "
,os
no! . ohieclos de tr3hfllho qu
, ,,ig~m o recurso a tbcnicas e momentos mfilti-
fruto de quadros teóricos ~ l e ~ ~ :
elOrcianl i ~ n t i $ W~ l i c ~ o m i n s ~ dieniiclo nào estava cap;iz
P e
polrrilldiis, $r~ c ' c < l i ~ :que~ v ~o
cumprir3 jus historicidade.

propriedades dos sistemas e capacidades dos actores.


O poder de definiqáo das 'regas do jogow
Uma das principais tensde$ da r;oci~logia,paflicuiarmente presentes no
confronto entre a sociologi~ sjstemfl~e sociolo~ja actore.r é que
op6e cap3cidac,esindividuais 30s deterniini~inossociais. Os autores 'lese"*
volvcrrmos niodelos teoricos e rnlpírico~,quer vllorizancio prít c ~ C Ae
S 3s

racionalidades individuais, quer valorizando O "peso d:is estriitufls" 'leterrni-


nacio das condjcòes indivitloais e nos "IiBhitos" que elas produzem.
A qut.siào qiic se coloca hoje de forma cada vez mais urgente 6 exacV-
mente a dena relação entre sistema e actor, nomeadamente no contexTQdo ~ 1 : ~ -
neamento, em qtie se pretende que os actores tlefinnrn um fiituro deseiado. Dito
de outm forma. e no conrexto cle ~iin:isociologi:~cIe acçao, as questòes cenimis
sào: Como conrroia o suieito as propriedades cio sistema? Como pode O W i e i l ~
alterar o sisienia5 Que111tem poder para orientar o sisteina a seu favor?
Mls na afldlisc da tnudnnçn soci:il evidrntes as 3ssjnietriaii,porqiiv 0 s
acrnrcr. :'Rem
form:l tliferenciad:i, teni :icesi;os di ft.renci;idos aos recursos, tGfl1
diferenies
c.nm~eii.nciaspar21 intt.rprcrt;ir, intewir, tradlizirnuma lingua$Jcm P"-
qusl se inwrcm. Em simese, ;i qliegio do poder. se pode bcr
'Os nlicmcontrcimenios, mnsliiui um pmlilemn rnXio r central $11
ypacida''e
i'ncia
qiic "m alguns :iütnirr di.realiarem
,,
outros e cle e ~ t : i h i l i ~ ~ ~ , ~
,.,,:, ront;ide per;inle rrsi*
AS " c ~ t r u t u ~ ~ ~ ' . açfies tle pocler (Cal Ion-Latoiir. 19''"
"
que o r ~ i l f l i z u n iOS sisreiiIase os de :icç50 cole~tij':i
e clija exi.stênci:l sii$
c tào4pouC" 530
qu;i,qurr,
rc prt)lli-
si10s m p
'Ge~tr~lt~l;?s't
:1
cs , ,,., r o n d i ~ < Wencontrad;is
Ç;lp:~cid;~<l~~ ~ :ictores gr:1c3'
pr'i''c''s e hisiClricarIientt. daiac[os,
Esta articulação entre sistema e a d a r é bem enrincisda por Curie (1989):
Se 0 s homens fazem a histbria é ii partir tiaquilo que a histórin fez cleles, mesmo
i. conveniente nào esquecer que. srpunclo 1. P. Sarrre, sdo os homens, e nfio 3s
condicde~anteriores de vida, os autores dn Iii~tória.

O lugar do acaso e da desordem

~ s acdo colectivn sào, frequentemente, contdrios 3s von-


Se os r e s ~ l t i d cla
tades dos acrores, isso nào se deve 5 ''natureza intrínseca" da acçPo C~lefliva
nem aos problemas colocados pela própria acqào, mas "ao modo de estruturacão
social clo mmpo da acção. quer dizer, às propriedades de organizaçso
aos sistemas de acçáo organizados. Em síntese, deve-se às formas de Com-
trução dos processos de acção colectiva através dos quais esses problemas $20
t~tt3close sem os quais nào poderiam existir, ou nio seriam o que S T I O ~ ~ ~ .
Mas s90 wrnI3ém esta não-coincidência e esta artiçulaçào nào linear entre
os efeitos do sistema e as deciçòes individuais que estio na origem de um 'deter-
minisnio bem temperado" dando lugar "ao acaso e 5 desordemw.A incerteza
instala-se na medida em que a acqão colecàiva é fruto de decis6es de actores
cujos interesses e necessidades 1130 silo idênticos, e porque se age n u m campo
cle rel:qÒes onde se desconhece, em larga. rnecIida, os impactes das acqiies e o
campo das r e l ~ ò e lse das lógicas) dos outros actores".

Metodologicamente, coma articular a análise dos actores e


a análise do sistema?

A indeterrninaç5o da din8mica dos sistemas nào minimiza a importsncia


tlo conheciinento do seu funcionamento, isto é, a imponincia de compreender

I; Pln Roi~clon,8 jndcterjninnr30 iem duas fontes, uma ohjenivn c outnl sul>irctiv,~.4 primvin
~ 6 ~ 6'qii;~ndo
m 3 nin,rern d o sisrema d tsl que deirn. pelo menos a alguns :irtores inclui<Ior nesse
sisfernn, um;]i~oionorni:~ que pode fizer escolhas entre opc6es c o n t n i a d ~ s ~A . inderermina~3~
~ ~ " h j d t i nrrsithn do kicio de qric :ir decisòes dos actores -u!tri p:iss:im, siniulrnnsnmrn~r.1.i inrrn-
e ;i%ciplcicla<les d e :inrcrip:iqin dnr oh~ewaclorcs~. \ p r h u i l o n e 13oiirriciud. BIrtifi*nflin
Cntf<lii~ dc 5orioiqqi, Paris, PI 'F, 198.2. pp. 160-163.
interrogando o senticio soci;il ch
r.icionalidndes p'<iprinSq s f

siin~Ifi~ic; tantanm responder. as difiruldatles,


'Orno
rzptesentam e 3 que pro Estes defeitos de composicào" ~ 5 ,
que pro\-ocflm
os constnnpime ro,c,, o qiindro do funcionamento d, ,Cdohiili-

C'on.srnngimenfo%
235, os
4"' f' c

de Iio*'
e indi~.i<lufil
colecriva
qiiest30,nt.ldolfigica lnfii'inipomnfe 6 3 ('e mo * cSC:IP(lr a [ ~ Ptfig05
,
*

clererniinistn que ~ m p r flr.ictenzoi1


e fln:illses* ~ ~ t u n [ i s c l s - v
de uni teónas e metodológicas est.io implícitas numa
Mas que altrm(yjcr epiWm01@jfls-
.,5eit.cintrcsrbno
-teçifia C ~ 3E ~ ~ 3. 0
de Iópia amjlise quando se passa
rini<lotlns ncionalitlndes r &~il;òes do5 actores contextos de m u h l ç ; i ?
Aps.r nzispr<ipo5cis de ~ u ~ o w s c Q ~Boudon.
I ~ Crozier, Totinine, eskl quçs.
r:io esc:i a ind:i wm resposra. Se. de Iim ponto de vista teórico. se pode 3ceir:ir est:!
Iópicn<ie intzrdependcnci:i. conffinial e iiutiínoma en<reo sistema e os accores,
merodoloajciniente giiestno esttJ por respontler. A ca~acitlatlede interrogar.
enrencler analis:lr. jc p/ tlrtnc, a tliversidnde dos ;iciores. indiyiduais e cotecti-
.. sistenia de acdo engendrou os efeitos de apreydo. nào P Bcil. Ficam
p)r responclrr inonicns qlie.zròes.epistemológic:~e teoricrirnente pertinentes.
Se se parte do pressiiposto de qirr n sociedade é o "compleso efeito íie
agreg~qao"cie milhnrcs cle decis6c.s ind i\-icfiiais, çoino resolver o ~1esf:ii;;irnento
~empoci1.Icigico e de poder entre est:ts "cristril izaçòesisitri;ic6esmanteriore5 ;i0
sujeito que constituem o cimpo tlos constrangimentos da siin acc5o de Iioie?
niri<ltlolfig~o
O in<li\*idii:ilistiio ncznni;i 3 c:~pniklade t.str.it6gia dos actores.
fllhliflliandosiml1~t;innrncnte:I desconrin~iidad~ entre 3s intenyfies iindiI.iduais c 0s
''efeitos tlc coniposi~fio"dclai; rcsu1t:iiiirs. que ~ ~ ~ p~n.rfiosl'.
o r i g :i~ .Lrfritcla
~mcliizin(lo~~n~~socied:ide continpnte, vni mut;lrao n30 pre\-isí\rel. deste seritido,
sistenias* iiiesmo Se fio interpenetr,idos, teKiio I<ífiicls diferentese, pnfl
Boudonq pareceque 3s inainiiqfic~nio contmliyrjs acfl<i,
h'esmo qimndo se defencle qiKhn conscjCnciJ histfiric;i \iii :i par di, cysci-
n'rnto ncionn'i'''de (10s actores, ToiiMinenio os mec;ini(;niosdr
~ ' c1
"ictllaqio ~ l e s s :*tomq
ou colectirn qiie prririite
cons~i?ncin''in~li\rid~~:~l
Um'1 socitu2de asse~tIr:ir:I
JliFitOTiCidaCIC,
S
";i s0ciobgi:~;~n;ll
in n:(i3 :ICCfiCIP:I rliCLI~ : I ~ ~~: I05S ~ ~
f e n f i m e n ~sorjajs
~ a , I

partir r~Prcsí.ntnc30de nççi>es indivjtlii:iis e de :iCC.ocs


colectivas, esta p3,.,..
... ' pa Ri 0 ~istr~na
6,rcbrica e inetodologi~in1t.n-
di p3" o Pens:lmenio r
2- Uma determjnada concepçao do saber e do trabalha
cientifico: Interrogando a relaç30 entre o conhecimento
e a acção
I
I
I

A teoria da ~ C Ç ~cqiit.
Q austcnta a anblise estrarlígica nasceu tlns neccssj-
1 dacles e contin,gcnciss tlos processos de intervrn~gosociolfi,pica, srnclo 0 protlu-
to de um çonfronrn conrinilo entre os dados tio terreno e os problem:is que
colocam a siia an:ílise e inferpretaçào, repousando, antes cle mais, num rnt!totlo,
numa heurístici. que tem irnplicacòes em rrGs planos separados e solid5rios: a) O
do raciocínio;b) o das técnicas de invest3gação e c) o da utüização dos
resultados para a acqão (Friedherg, 1994).

2.1. As metodolagias interrogadas

Se o paradiarna cla compreensão do sujeito e da sua influencia na mudam-


social esta no centro do entendimento das ciências sociais e I-iumanas, uma
certa concepçào da saber e do rrahalho cientifico com profundas consequênçias
rnetodol6gicas é o segundo patadigrna a questionar.
Se scloptarrnos os pressupostos da análise estratégica, cleveremos conside-
rar :is tres premissas que s30 cancteristici~sdesse raciocínio e que têm profundas
consequ0ncias metodológicas, tomadas quer isoladamente, quer na sua articiila-
q à o Em primeiro l u g ~ ras
, perspectivas de análise assentam w m a compreensão
do sujeito como um actor capaz de taclonalidade e de escolha. Os actores
sào capazes de ;icc6es estratégicas e, porcinfo, sào portadores de racionalidades,
que n3o sjgnificain lucidez ou consciência, tal como o citlculo não conduz ao
utiiitarisnio 0" imtmmentalizaçào pura. A racionalidade dos actores í: sempre
limitada, quer pelo conhecimento que têm dos contornos da situa@o, quer pela
indeterminaçgo que vem do desconhecimento das jmpactes da sua acç'ao, ou ain-
<Ia pela impossibilidade de controlo da subjectividade dos outros.
A sewnda premissa equaciona o entendimento das relações sociais
como relaG-es de A incorporaç30 do poder na análise sociológica surge
donvanrecomo unia jmensào funtlarnencil sempre presente e 6 necessário
analisar as interacções sociais enquanto rnediatizadas por relações de p o d q isto
6, por relaqòrs de troca desigual que comporiam sempre urna base de negocia-
çao potencial. Esta *nomslizaq20 dns relaçòes de poder" tem-se prestado a inú-
res que desafiam ;i l@ica linear de ~nslise-
É neçessdrio pensar em rodos os ~olltextosda accao como um COn-
junto de relnc&s hterdependwtes mutuamente cofldicbnad~. e chama-
-se a arendo ~ 3 r 3d imporfincia dn sociologia das orgnnizaçòes e da clecisào, iá
que a psr30 das organizncfies exige competências que é necess$rio criar- b t a
concepçio do pocler obriga, ao mesmo tempo. a umn análise dos componamen-
tos minoritsrios, atipicos, porque eles colocam sempre a qilestlo dos recursos e
dos processos de poder que os tornam possíveis e chamam a atençao, pela sua
simples e?iist?ncia, para a contingência dos cornportamen tos dominantes.
A terceira premissa assenta na concepç5o das clinâmicíís sociais como di-
asmlcas interdependentes, mas não necessariamente coincidentes, en-
tre actor e sistema. O contexto de a q à o é um "sistema de acçào concrero"l"o
qual a interdependência entre o actor e o sistema se baseia no postulado da
existência. em todos os contextos de a q i o , de um mínimo de ordem r
intmdepmdência por detris da aparente desordem tlas estcitégias tios actores
e colecti\'os. Compete ao processo de pesquisa elucidar os limites, a,<
fronteiras e os mecanismos de regu!;i~ãoe tlesordem desse sistema.
Na dos uren.cílios cio conhecjmenro sociológico acrual, di-
dek'remos de efiar perante urna tlualidede an51i*qeque parece.
ainda
'por Lhiaoricidade a quoiidianeidaden (Fritsch, 1983)- Na nu5ci.ncia
de uma "nova teoria da acçãowque integre as perspectivas e os niveis de r nfilise,
parece ser de aceitar uma descontinuidade articula& entre os níveis 'es-
truturais" e 'compreensivos" de observaq2o do social.
A descontinnidade dos níveis de análise advém não apenaq dos efei-
tos de agregacão que potencialmente opaem as racionalldader da acçaa
individual aos efeitos colectivos dessa mesma acqão, mas tambem das
desipaldades de poder que, atravessando todos os níveis tlo social, têm uma
Tunçio de 'determinaCàoP e d e hierarquizaçgo das regras de jogo de funciona-
mento çlo sistema.
Estas reconceptualizaçòes de uma "sociologia de acçio"têm profundas con-
sequências metodológicas. também elas de difícil aceitação nas academias mais
tradicionais. O centro do interesse sociol0gico está na aniilise participada das
dinâmicas soclais na diveisidade dos pontos de vista dos actores intemeni-
entes, o que traz profunclas cansequencias para as estratégias tle hvestigaqào.
Assiste-se, assim, ao apelo a metodologias de investigaq5o-acção na diversidade
do seu entendimento.
Segundo Alcides Monteiro (1395), a investiga@o-acçâo define-se episterno-
logicamente na confluência de duas linhas de critica racionalista ao prssitivi~mo,
partilhando com elas pressupostos epistemol0giços que lhe servem de base:

1. "Por um lado, as posiqoes orientadas no sentido de uma redefiniçgo do


conhecimento cientifico e, em particular, das concepções de objectividade, neu-
tralidade e lipagão ao senso comum ...
2. Por outro lado, posiçcies de denúncia do caraccer f~~ndamentalmente
crintemplativo da ciencia e expiicitaç2o de uma concepçáo pragmática do co-
nhecimento" Cp. 7).

2.2. A procura de novas formas de produzit o conhecimento


e a reabiIitaç50 do senso comum
A c-ncepcão positivista das ciências assenta no ~0nZ1echentohipteti-
co-dedutivo, conhecimento esse que se pressupòe isento de valores, dado que
R ~ depcnde
O ele uma prévia aceitaçào de compromissos normativos. Considera-se
I
que o ciomínio dos valores e normas é exterior 5 discuss5o mcianal (Hahemas),
de neurnlidade e a de ol~ittai~~idade.
R~~~~~~~~ (19921
me5nin do "~c>~:ip';~do consenso p ~ > ~ ~ ~ ~n@\ ' ~ ~ ~ a ' *
tando duas poc;mms emrrpntes. Por iim lado. O M~cin~tniti\'iym~ ~1cipnnli~tfi'.
acol\iendo varias mrrmlo\bgiase xirins rncnlelo~e ~ ~ ~ ie no ~ ~~i r gh! ' o ~
fih*
ç e q u a d n um conitint<ide suiorcs que n3o se : i f 3 ~ ~ lntliL-3lmentc
in
fia posiri~istn,mas que s3o críticos fnm 30 rnodr!o fisistn v r \*if~cul;idn.
afirmando um modelo mais aberro, e. por ourm Indo. um i n d e l @ ~ l ~ e ~ f l t i ~
com crítica radicn] no pandipin positivista no domínio das ci2ncins swini5 e
rssumindo plenamente o dualisn~oepis~ernolópicoonde ?;eencontnrn I S corren-
tes fenomendógicas. :IS etnometodol6~icnse o inter~mionisinosimh6licn.
Mas o que se toma centr~lm defesa da -diipl:i niptuci episremol@ici''-
deste autor é a clara assunçio da sociologh de scclo: 'Ao ~onriliriodo que 3
pimeira vistn se pode pensar. uma concepgo pngn~íticndo conlictcimento çien-
tifico desloca o centro dn reflesio do conhecimento feito p:in o conhecimento
no processo d e se fazer. o conhecimento par3 conhecer. Aliiis, 3 dificulc!:rde
fundamen?al da concep& pngmdticn tlo conheciniento reside em fixar O mo-
mento em que o conliecirnento cstí feito. ou melhor. o momento em que o
conhecimento se toma I-rtrdadeiro. Esta f ~ ~ q u e zdesde
a, que plenamente asslttt~i-
da, transfornia-se nunin forca, ar6 Ix>rque esta concepc5o sabe qqiie. n:is c o n r r p
~ ò e maximalistas
s (idealistas ou marerialisrns) da verrlndr o que nomi:ilmente se
reivindici corno verdadeiro é nienos o verdadeiro do ~ertlndeirodo que n ~erd:i-
deiro da reirindicaq309 t Boaventun Sousa Santos. 1989. pp. il-íil.
Quase todos os pressupostos episfemolbpicris de urna troriii dn ncyc-ose
demarcani, ponto por ponto, dos pressupostos da ciCnci:i tndicionnl. Prrten-
dr-se ensaiar uma sociologia da significaciio r da s ~ ç com 4 ~ o rpton>a do
actor ao primeiro plano e aceita-se a rnulriplicidn<lede pontos de \-isr3 tlepen-
denclo de quem observa. o que nào irnpIiç~o aI>lnclono dii nputn\itl;idc e da
ohjrctivida~le.hfas, e sobretudo. cnricl-se a espl ic:lqfio cau5:il, porque
cun-
Hc~q#rnclon~iar
Uma T~orz'adcr AcçGr>

,jJerri que esta é incapaz de entender a acc5o humana, e valnriza-se a 0 h . i c ~ 8 -


Ç ; I ~ e 3 tlescricao dos factos. Neste sentido, caminhn-se para uma reabilitaçà~
(10 senso coiiiiirn. considerando-se que 0 conhecimento nPo é a íini-
ça forn;i de conhecimento,
É sobretudo na defesa da assunçgo dn niultjplicidatle dns formas e lógicas
clc conhecimcnro que esta engrqada história de Henri Atlan (1386) nos faz pen-
snr: Iirn mestre quis fazer justiça pecinte os seus discipulos. Face ao primeiro.
que expos o caso. o juiz, depois de uma lonw reflexão, decidiu dar-lhe r f i z h .
Mls quando o segunclo acabou a sua versào, o juiz, depois de uma longa refle-
xão, deu-lhe tnml3ém nz3o. Os discípulos insurgiram-se perante a concordància
do mestre com clures versões t50 diferentes e contraditbrias cPa mesma histdria. O
juiz respondeu, após uma outra longa reflexão: "Vós tendes razão!"
Serve esta história para demonstrar que há viirios tipos de "razões"legíti-
mas, eiiiborn diferentes, para dar conta dos dados dos sentidos. Este problema
nrio 6 certamente novo, mas a ciência contemporânea renovou-lhe o interesse.
As metodologias de investigaqão-acção apresentam como elemento
fiilcral cIa estrategia cle conhecimento a relação entre o cientista e o seu ob-
jecto de estudo (no caso do planeamento, os diversos actores envolvidos), ten-
do em vista a mudança de uma situacio dada para outra colectivamente deseiacla.
"O seu papel (do sociólogo) consiste na criação das condiqòes que favorecem
uma anilise conjvnta clo problema e uma tomada de consciência das condiçòes
que o criam" (Barbier, 1996, p. 37).
As posturns sociológicas que se identificam com este reequacionarnento da
relaçio entre conhecimento e acqão pretendem aprofundar uma rehçào entre
teoria e prhtica que recusa uma concepgio conternplativa e neutra1 da ciência. SBQ
posturas que emergem da confluência de dois pólos da prática social estmrurados
a partir do século XX e de que já se falou: a clínica individual e a intervençlo
polític~.Mais do que correntes teóricas, trata-se, sobretudo, de posturas de inves-
tigaçio - apelidadas de investiga@o-aq50 - que procuram ahnnger um conjunto
de experiências pi-áticas desenvolvidas por vá rios autores, e relativamente distin-
tas entre si, mas no mesmo propósito de conhecer a realidade para a
transformar, assumindo assim uma concepção pragmática da realidade social.
Haverá uma teoria da prática? Existi Ao metodologias mais adequadas para
a interacdo entre teoria e pratica? Qual a relaçào entre teoria e prática? Qual a
floCncin das opcoes valores, ideológicos OU éticos, nessa reiiiqão?
Reeqi-tacio.rrarUma Teoria n'a A-

lpgirim:ir como 'cientifica"e apresenta-se como uma "ieatralizado"da realidade


numa mntempla~àodo real que unifica três pressupostos:

- ~estemunhau m representaçào objectiva atcivés da obsewa~5oque


da sealidsidc;
- Aparece como auto-suficiente, defensiva, acabada face às teorias rivais e
coerente e fechada sobre si prClpria, sendo laqamente tributária do enquadramm-
to culhinl dos sujeitos que a ela se referem;
- É sempre parcial, devido ao ponto de observação de que parte e porque
pri\-ilegia um segmento da realidade face a outros potenciaisJ9.

Destes três pressupostos spenas o último 6 comum ?concepqào


i do t r a b -
lho cientifico entre o paradigma tradicional e a emergente 'teoria da ac@o".
-4mbos consideram que a teoria não é a ciência, e apenas um quadro hipotético
de representado da realidade que será verificado no confronto com a empíria,
confronto esse que produzirá a ciência. A ciência é a interpretação do real, dito
de oucm forma, o obiecrto e função da teoria é a sua confrontaçào com a realida-
de de forma a, comprovando-a ou infirmando-a, produzir conhecimentos que
avançam sobre o estado d e explicagão que a humanidade detém sobre ela prO-
pria. Neste sentido, a teoria é um meio e não um fim, o fim é a cíència entendida
na forma de aprofundamento do saber sobre a produGo da sociedade.

2.4, Conhecimento p d n a acção


A questào que se coloca agora é a da finalidade desse conhecimento.
Conhecimento em si? Conhecimento para agir? A acqio obrigará ao accionarnen-
to de outro tipo de conhecimentos racionais, cognitivos, éticos ou estéticos?
É preciso interrogarmo-nos sobre o conhecimento pelo conhecimento, tal
como no caso de uma obra de afie ciosamente guardada no 5 6 t h de um arti.-

L0
Estarnos num3 epoc;r em que se assume daramenrr que ;rs expIica~&s cla c i h c i a s 5 p6dem
ser parciais, pesque repouçjm sobre métodos de obsetvado e de e x p i m m t a $ o que mortam o
fml cm diferentes dominios. e domínio em diferentes niwis de intepneo. A quesrh da pai;sa-
Rem rle um nivel p;in outro, na realidade e no conhecimrnto que tenrriinus ter. eaá cwidiciofmda
P Ç ! Q ~ ~ i t ~ n s i i i ç tericos
is e técnicos de que dispnmw para efemiar -es recortes.
perturbe a sua serenidade, O co-
hmmo com
de 4 U e *lha' de "j p ê m colectiva
3 ~ ~ 3 0 - desde o seu financi,*
pOblico, 6
nhecimel'ltO Um ,ii dc trabslho que o recolhem a panjr
mente 9 exec~fio,QO' equipq
6 "jndr iim X ' f O publicive'y divu'gnrlo"Ire Os seus parçc
rnhllhos de Um público mlis a13r~ado*
ou iguais,ou
Nestesentido, 3 ci*ncin deve ter divulg~~ão pfihlica e, como refere Ro;iven-
Sous3 Ssnros9rm uma eficiicia rspecifica,"P'9ue a ~""ii~*o :,terna \ma
não é epistemologicarnente assumida, ,I,
[iRldM] da social da ciência
exerce-se sem quslquer controlo público, n.jo é submetida aQ teste público da
critic;i dentro e fom comunidade científica e, por isso, é facilmente apropriada
por quem detém poder polltico e social para a fazer valer a seu hvor" ( 1989, p, 47)
É por isso que, sendo o conceito de pdtica científicu um conceito amhj-
guo, a n o ~ à ode prática tem, também, um cargcter equívoco. Traduz, simulbnea-
mente. n a c d o do profissional na modificaçiio do meio envolvcnte, da realjdade
aue o rodeia e da realidade a modificar (M.Legranand e outros, 1995).
L

~ 1 hj
6 pouco, a tese dominante nos meios científicos (Althousser, T. Her-
ben, etc.) era a da necessidade de uma estrita independência entre a acção e o
trabalho teórico. A ligaçào h prfitica era considerada um compromisso condená-
vel no campo polltico tnas também epistemológico, em nome da niptura bache-
lardiana (Levy. 1995).

2.5. A aica do conhecimento

As op~fiesdo investi~;idore interventor face a esla ligaçào entre teoria e


~dtica6 um problema tecnico, de enquatlramenfo profissional? ~ s t ánas
dos profissionais dc sociologia?
A ' i i ' T ~ ~ i < i ~ cposiiir<ls
le face i : ~ nentrei teoria ~ e~pr;iiica ~ mosm~ ~ ~
que a rclach entre n priiicr iimtificse a epjs~emolugil do Conheci-
'
mento 'itr;i17ess3~13por Clpç6~~ éticas r idPo~~giclsdo i,,
,
~ e ~ieferenrjajs d,, s,ciologiq
'A* r e f o r r n u l i ~ CIOS
C restigudor.
rpist~molúgicasltem curso nSo ?jo conicn5ua actual, e m
is que 3s
clp posiçio que nRo d2 L L a 1
I .

,.
'lu po'iiico i'eolõpic~. do científico,
da rçspusl.i quep éi ydau ordem
mas ir u n ~ ~do~
irim:!
formill:idns e h:j
[Ir qii* c <ir
uiio repetidas: p;,
.;
,.;, .c L i

qile seny o conhecimento?AO


'')ic Cc>nhrciinrnio! Q~~~
condicòçc p3ni dele 5'
L,
aprWrinr e pnn que f i ~ ? 0 rnriíilogo estranho 3 C C S ~~ ( i l i r : 1 ~ 4do r >conheci-
mento que ele pniprio prodiizy?
Assurnamoe o c x i c t e r (.tico tlewn disc.us.;3r>( e das O ~ < K qY1 . 1 dcla
~ decor-
rem) aceitando rnmhCm :i multipliritlnrle de rcsposttaq que prdem ser [Indgq a
quertionnmrntas. Essa postura parece ser prefvrívc.l à hipocrisia dc um
di~ciirS0de desprezo p d n s consequCnria'; da iitilizaçio cr~nhecimentnque
mjacnra um potenci:il tlesintere~sepela vicia em -ie&&.
Se alguma dimensh do pensamento ests em mudanca nesta pí>~-modmi-
dade nào 6 com certeza a relaç3o entre a natureza e o humano que pretendemos
hgrrnoniow. n i o 6 com certeza a relaçào entre o sujeito e a sociedade que
de& sempre conciliar, r130 é com ceneza a relado entre o mamo
e n micro qiie querenios articular. mas sim a relacão que existe entre a nossa
ncinnalidrscle e todas essas dimensòes. *'Oque 6 novo não a 'razão' em si. ma.;
9 hrma como a utilizamos para explicar o *real'^(Arlan, 1986).
Pennte o sucesso do "s:~lire-se quem puder'. as críticas 5 funcào .social do
Estado, o inrontroMtrel poder económico, as múltiplas exclusks em crescimento.
ss cidades em agonia. a competifio ?;emvalores. interroprno-nos profundamente
;intes de mais como cidadios e s<i depois corno profissionais, pois põem em causa
O nossa "vh-er em conjunto" e, em Última instancia. a nossa ~obrer'jv~ncia.
Mas tanihern 5 verdade que, parri os cientistas, é dificil assumir inteira-
niente a postiira cientificri e afnstsr o deseio (a fe?)de que as suas actívidzdes de
çon11c.çimento Ihes forneçam meios de resel3cio sobre o mundo. Renri .%rlan
ccinsiden que esse clesejo 6 quase bioI0gico. esd como que inscrito no funciona-
rncriro básico do nosso org:ini';rno e apela 2s teorias de Piager que incorporam
n3 e1~olisç3ri das estnirurs cognitivris do ser h u m ~ n o3 capatrid~~dc de el;iiicinz
iini qu:idrc, tle rnrendimento do mundo e do seu l u ~ nt..;Pt. x mundo ( -4rlln. I Vh,
pp. 795 e 5s.). A essa tentafio sucumbem Iinmtlns rle ront:icit.c; de t&. n.;
Çlu;lc-Ir:intec;, homens cie cicnçía, filiisofos. mt~rrtlistni;cie t d 3 5 ns corr.;.
-4 no552 nect.ssidadc rle erplicac3o e tit. orden;lc3o parece n:io ronccguir
sfitisf:i7rr-,qr ~.t.rtl:itl~inmenre 5en:io qugndo inclui n à o :lpt.n:i.; :I.; prt.rpfir.: Jn
n i r l i ~ - : i ~ ~ i l r i e nincorp~rrndns
re pelo.; nossos wniiilo~.I : i pc.~~p-<>t.~
&e ~ d a (1%).
n é 3 ciência ~ F dolocar
~ questh
e e6à
p o i í a a o u ~ ~ ~ r e l ~ , q u e c w n p e t e h ~ ~ ~ ~ . e m h p a
m

-
w

- & -0 dos - m t - que as ~ ~ S p Idas


IPO zJrirfpem as pqmus da prnneira, memo quando iffonherprnus
% -3
a sq*

A inquietude dcrs m p m aproxima a politia (e, em larga medida. 3s m.


3s
h f q r 1 a @ e ~sào. também elas, muito imp&im-

n m w l e a d h c i a , pois ambas visam satisfazer duas n m q i b .


& m~madit6is -por um lado, explicar a orpnin~ãosocimi.
qtm dizer. dar sentido às coisas e suprimir o seu caficter inesperado lip;ind~=s
ro T&O e expliado; por outro, clarificá-las, elucidá-Ias, dassificá-13s
guhubas e nio exigido o mesmo tipo de a t a & para todas elas.
f que o cientista distinga os N w i s de opcào que estão prexn-
rm p d q i i o e rn util'm@odo conhecimento. sabendo que o o b ' j o cb pfifi-
a c i m t i i riao é enunciar as leis morais nem ~rabalharem prol delas. rnw
qlR prã- prafisimais dos cienrism sociais (acad6micol: ou de
terrencrj60 mniinuameme em d m t o com dimensòes e opc(wr Aim.
é a p f l i r da que Se pode refumlr uma ideia de homeln e de
w- e dulcid;i a p n i r de u m ideia de homem e de scx5dadf
V pode m d h t a ao seu seni~o (.Uan. 1%).
h iii:iiorl:i d:is :in:llisrx <\asdinamicnFdc
iaseiam-se cm mttdolcj-
v : ~mcclido
$I;\s ~ l i ~ : ~ ~ i t a t i ng s- qiir o centro da atcncao identificar a
\ilsicg (lu :iau:lrfiode aetorcs, inrlividiiain e cDlcc<ivos, as suas imagensmGtuas,
C,? s1Niis ~*t~nlliios r meios de acqao. Estamos
ntc conceitos cnmo identidades
15tici:ii?;, IOC:I~S. ~ ~ ' f d ~ n projcctoa
f i i ~ ) ; <de vida, de drscnvo\vimento, de acho);
,,nniior/ion~cnsr)~l Ctc.. que cxigcm um enandimenro simu\taoeamenfe Jos
,,,ntcstris V dos s e n t k l f l ~d:~~ c @ oEsnrn»s . aincla perante conpxros de mudan-
n, dpidi) innsforni:ic.?o, e accionam-se ohservatfirins, fcimns de actores,
;rn;\\isps r\t. ncçcssiriaçIcs, etC.

pode p<;'rfcit:imcn?ef : m r recurso a uma análise quantitlriva de dados, e fá-lo


rcccii.rcndn3 an;tilisc t.st:itistic:i çnnvencinna\, mas frecjuentr~lIIen~e
a análise qua-

Uma postura de induçgo

Na ;indlinr estrntCgica a prioridade t dada ao terreno e à estruturacão de


iim campo dc acçio sempre contingente e particular ao desenvolvimento de

modcloa descritivos e interpretativos que colam esse terreno às suas particvlari-


<ladcs c r«niingi.ncins. N ã o se procura verifica$ as hip(>teses,desenvolvidas de
fiirm:i rppnéricfi e f0m do contexto, mas reconstruir do 'inferiory a lógica e as
i

propried:ltles Je Iim;i ordem local - O que é um processo indutivo.


Uma preocupnqáo constante com a comparaç3o
s c p r e o c u ~ f l d ocrinnranreciJma m-
Ncsiz [ipt,<lc :infili';cs a ~ i ~ ~ c:i -Lima
nhvi:ir a dificiil<!:dcs genera'ixacào ''C cnnrextos tah
p:inc?i>, <jr. vfirin;,
ctrinpa r;lcfies sistw~áfica5, análises ti~olfi~ic-as que
p:irricu
coloc:inios nirios dlb :,c,-:it, rm siruaiiies rlc proximjclfldc e de distáncia, an51jses
c:itc.gt,ri:iis itlcnfific:ini vari5vcis que infllienciflm a?i mudancas em eSud9,
nWlisrs ririi:ic.ionn minuci«?ias, csrudos de caso, etc-
~ l ~ dizer
~ ~ ~ potler-se-:i i ~queda "teoria
~ ~ da , accào" aproxima, cada V,
rli;tis. 3 i n v e ~ ~ i ~ ~ faccgo,
io ;ipelanclo a um valor pragmático da análise. Esta
tC(,ri3 c[:1 gccfio infornia todo o tnlmlho de terreno dos pr~fissionaisdas ciencial
sacia i$, mas muito particularmente 05 tecnicos d e planeamento. Em primeiro
IiiRnr,arnvés dt. lima aten@o particular e não valoratjva dos contextos da accào
e, em segundo lugar, através da profuntla convicçao de que há utilidade
orientafio cognitiva dos processos de mudança. O que a análise estrictégica traz
processos de mu&~ncaé a garantia de que estes são, em primeiro luaar de
n:1tllre713 coqniriv~,necessiando clo clesenvolvimento de conhecimentos relacio-
nados com as dinfirnicas de mudanqa, OS seus actores, interesses e conflitose,
convicçfio de que esse conliecimento e esse raciocinio drn efeitos na mudanc
organizaciona1 r societal.
Em síntese, a an51ise estratégica, hoje, pretende tornar mais clarasas
gras do jogo social, num contexto tle acção concreto, apoiando uma renexào
sol~reas consequências e os constrangimentos que dele decorrem. Poderemos
dizer qiie estes resiiltados S ~ oO produto de uma recolha e de um tratamento de
d:ldos tâo I bertos, rnu!tihcetndos, sistemáticos e honestos quanto possível.
0 s resultados f i o importantes pelo seu valor pragmático, reconheci$o
pelos urili~adorcse pt.10~seus contrihutos para a mudança, mas 0 s processos
o 5 5 0 menos, pois constituein O veiculo da "consciencializaCà$
Para :iccion:ir ".~iner~ias" para a m u d a n ~ a Este
. simples postulado profun-
damente 0 sentido e a pratica dos sociólogos da accào+
Alas 6 preciso reconhecer que a finalidade da invesriga~ão-acc50nào é
produzir leoriits r as generalizaqfies que dela decorrem, com um gr.ili elev:l.ado de
exactitlb e de efidcia para a acção, e um baixo grau Je precisfio, já que rêin
como preocupa~iiocentral propor alternativas de arçbo, mais do que conheci-
mentos s ~ l ~ or ereal. Nesse sentido, a x>lidariedade entre os vjrjos tipos de
in\'estig:lcOci é in<lispensjvel,

. .-.
- --__I-

-
, ~ ~ S ~ G A Ç Ã O - A C ~PARA
à O PENSAR -
0 MUNDO TEMOS DE NOS DISTANCIAR
ou DE MERGI-JIHKRNELE?

Forc;i de scctinrl:inznr (i esscnci:il cni rc'u:ic:lri


RO itrgentr, acaimmm por csqtitmcu.r :I urgençrin
c!o cssenrial ."
Ed.wr Elorin

Na últinia década, em Portugal, çcinio na restante Europa. n. ei.idt.ncií~doi;


uproblemassociais", a sua diversick~dee a profunda c o n ~ i c r ~deo qiie 542 :~ssiste
a uma rnudanga rápida cuios contornos sào de difícil identificlic5cr o r i ~ i n a ~ i r n
uma insistência para a intentenqão profissionnl dos cientist:is soci:~is, e muito p-i;ir-
ticular~nentedos so~iblogos.Estes, por sua vez, reivincticnni o reçonheçiinento
de ;uma actividnde profissional científica e ~oltam-sep3r.i :I :icndemi:i ein Iiusç:i
de apoio, procuranclo enquatlnnicntos conceptiiiiis e inercdolopi:is rn:iix njustn-
das nos novos canipos profission:tis.
Apesar dos esforq»s tlr todos, parece cridrntc qiir os enqundnmenros
teólrims - sobre ;i exdusrio e :i marginalid:itle socinl. ris :i!ter;icOes d o s tipos e
CtC. - ~ ~ t \ i i t . iiiiiis
func&s das f;imi]ias, a jut-ent~iclee as suas ~spect;iti\-ris, ni npi-
(lamente do qiie os métotlos <Irnn5lise e ele inrewrn~io.que rCm cs~;t:ihiliz;ido
em torno tias mpfotlo]ogi:is tr~iliçionais.funtiarnentalinrntc andizz. <Iticiiwcnt;il.
ohsrrv~(-do,qliestionário t. entrevist;is. Fnlt:m-nos. dt.srsprr~d:it~~t~nt~, i~\i.toilrri
Suporte i investig;i~.'ioe 3 inten.enç;io nos ntivos campo?; ~in~fission:iir.
A sociologia de inten.cnfio trousc :ilguns s u ~ r t i *conrCptii~is
s :i i11ii2

~ciflloginmais prcinimn do ttirren<i.procumndo. nonit.ad:inicntr. iio\-as :iniculn-


i 00 c:rmpo ~.irol?ssinn:i\,

I -.içc:io
O pl;incnmpni<i
:lsodil ;]C~O
ciQnci:is so~i:ii.; C 111113 t11t*hd01t)gi3d ~ inW'~tip;i~à~.
.
dt. c»nlirccr :i inrenç3o de pro!Fcic:lr mi1d:w':i . q ( ~ i a \ ,
6 lini f;icto qile ns nieroclolopi:is que ?;c" iicwoircm d:i i n v r s t i g a q : ~ o - a ~ ~ f i ~ ~
e~rj,,eniers;is num cinipci conceptu~l nietotlológico ainda :iI~oronhisn, t.ecn.
Iirint\o uii,:, gcin<\e\.arird;~dcde posiuns re<iric:is e cpisrernolAgic:is.
~ o i n opodem ent3o ser clefinitlas 11s iticío<lnlo~i:isde invt.stig1q5o-ac~~~~~7
QU31 a sil:l rrl:içào com a pesqitisa rr:idiçionnl? Que tipos de "famílias" de inves-
tig:icrio-aicio vst;io disponireis? Ç90 estls :is inierro~n~òes deste capítulo,

Em qunlqiier contesto de intenrençfio.qualqiier iic~àoque se pretenda de


cientificn inclui necessariamente u n n din2rnic;i de investigaqão-acq:io,na
niedid;i em que 3pen:is este tipo dc processo. ao insistir nos processos de conhe-
cimento clo 'sistema de acçào concreto". impede a rotinitaçh e n repetiqfio de
"reieiras"de scdo "importadns" de outros contextos. AS metodo\ogias de inves-
t i g ~ ~ à o i i c ~permitem.
30 em airnult:ineo. a produçào de conhecimentos sobre a
realid~de.a i n ~ \ ~ a ç ànoo sentido dri singulnridade de cada caso. a produçào de
rnudgnqas socinis e, ainda, n formnq5o de cornpet2ncias dos intervenientes.

1.1. Como definir investigaç50-acqão?


I
II Esistem rnuiros qli:idros de referencin e diversas form:is ele ligar a prática
i h prsquis:i r, nesse sentido. a noçlo de invesrig:iç5o-nifio é ambigijn, fluida, e
p r a . sol~rerudo.dinriissòes sobre o wntido t. ns Formas ~ssuniidnspor esse twço

i ile unifio. Neste conresro. n8o p:irrce necessário simplificar o que í. complexo e
drveiiic~scansidrrnr qiie a inclcfinicào deste conct.ito bz pane de um percurso
histíirico ainda [n rsanienie por rln ri ficar. de\*cndo-se,nesta ctap:, histófica, pre-
simir :i roniplrsitlade r a amhisilidnde dcr;tn nocfio.
Fst;~
s ~lt*t?~iiqiiC'sc!-ids.nr.i:iiii qiic :i In\.cstig:iç:io-:ic'c~omio ççinst ituP tanto uma
tr.{.nic;i rt~~*cill~:i113 infiiri~i:iq:iciqii:ln to uma nova aproximaqão da investiga-
Jcb

@, st>*.ntloiiiii:i iiiocl:il i<l:i~lt. qiie toma o :ictor invec;tig:itlor, e rjice-tien~,e que


L~inttiiz;i ;it+~:it)p:in ~~onsitlcriciies. de investigado. O seu ponto de partida e
p:inicul:ir, i:i qiic hn<l:iiiicntn :isii:~clin4niic;i sobre 3 acq50, r considen os actores
liriti ct~iiocihirctris p:issi~rwrlr in\*estig:~C:~o, in:is coino sujeitos participantes.
I'cxl~~r-sr-:idizrr que, do ponto de 17ist:i cientifico, n;io existe nada de inova-
<I( >rii:i iti\-c?;t
ig:tdo-~ic~~io, i5 qiir n:i 1n:iiori:i tl:is veres eki utiíizn os procetlimentos
i~irit~il<~l~ipim': rr~itlicitiri:iis. ni:is C sol~r~tii (10 :I sua poshuã perante o conheci-
mento e a acç8o ~ I :I wloc:~ I ~ nuiii:i cliniensio t i o prohleinitic:~e critia.
Ar; princip:i i5 r.ictcrisl ir:is qiic r r.itliri«n:ilti~ente sc a trihuem 3 investigavão-
- ; I L ~ < . ~tIta,llilrt.;lnLIO-~
~I, prtrcesos tndicion:iis de investie;~çào,e que klo comuns
r:iri;~; ~ y qse
- n > r ~ n ~ q~jc 'leste conceito, si^^ as seguintes:
s "~r~R.intlic;~iii

- C LI,, prtxsw~(>
r-q>ntinii:itIoc nki pontii:il, influenckmdotodo o percurso de
lfl~-t*~rig:~($~~:
- Implica qiie 0 5 gnilx>s 'obicrtos" do conlircimento se constituam como
. I L .
CIOC O (lecinienro;
'~l(~*itn~'' ~

- O rril ponto p:initl;i n:io 6 iim:i teoria e LIIII qiiotlro de hipoteses, mas
''m:i iim prohlein;r. tima pr.iticl real e «)ncret:i:
\i~iia~:~o.
Tmfnrnr~rto d~ infomação 0 s ei.ws inclivldii:iis n h i
jnterrs~arnsrn:in cnqu;intçi
0 s c:c;isc>a inclivirlii;~is pncliJm
ser fontes s ~ i t ' i c j t n rde
~~
I
moIhi&
~presentiitivo?; de um:r conlierimenrn
popu 1ac:lo

0 flhieecio estudado e um,


i
paqtt,l&s e~~elaii~m 6 mise~trn, Existe indrpenclenrernenre (10 1
da o b j C~F ~ I J ~ U ~ O ser hiirnano cria@o do ser liumano I

/ P d i a a amntecirncntos ;i Cortstniir planos de


panir de uni conirinto intervcnqão que p m i r ; l m
1iier;irquir~cicide propostas atingir os objectivaq visadas
Definir mnjeauns, ckir
situ;icões propícias :I I
1
;iprencfizagem e h modelagem I
dos comportamentos i
Consiszencjaf6giça,predi@o
e controlo
VenFicarseasacç&s
empreendidas perrriirira'3rn
atingir os rilsult:içlos
i
I
espcmdos I
1 '
i UnivemaI. independente de
qiiaIquer
--
contexto
Fmre: .4d:ipr;ido cle Gal>rirJ Goyetre e Michel Lesnrd-HGhen, 19R-.
- - I _ _ -
dependente do
- 1 1
~denrifarnos quatro mnmcntos n:i definiç;riri confextn e dos postulados
dl in\,e~tip:iç3*;lc~~o,monienros PSSCS qlle re]acion:im cr>ni3s +correnteswdis-
I
,ipljnge infltieflci3mni a swiologia de intenync:io referida, rniculndos
t.imldm com oi; contextos hisrfiricns em que se fnrdm cIesenvolvendn. Em l a p
mnlicIa. idcnfifica-seo h w m e n t n dri campo de inrenrenç;io,qiie se transfere de
"ma nrrnr'lo 3 mudnnca dcis comportamentos individuais par3 0 s ovanizaricináis
e acmalmen te pam 0s societais, na compreensão da nova relâqão entre sistema e
3flor num confeno de mudanca smial .

O d p s da in-tiga@o-acqão com J. í k w e y : a cfiticã


& escola e a vontade democt.at3ca

~nspimdapor J. Dewey e r, movimento da escola moderna, depois da Pri-


meim Guerra >fundia1tanos 20 e 30). a investigaqào-acçlio emerge Fundamentada
no ideal cfemocfiticci e na critica ao papel da escola, defendendo-se que esta
jnstituicão tinha um papel fundainenta l na democmticidade social. Foi, portanto,
no campa dn educciçhci, e Iiascando-se numa concepeo em que a priítica tinha
efeitos suhre a consçicncia, que Dewey desenvolveu as suas proposms. O autor
J m

creditava que o pensarnenro científico poderia interiorizar-se como um hábito


para rodos, quer eduçarlores, quer educandos.
Esm primeira geracio de in~estigaç5oacçioparece ter fracassado no que se
refere ao metodo, mas não face ao obieciivo de servir um proiecto verdadeiramen-
te dernomitico. A pMrica superou mpidamente a teoria e fez nascer uma profunda
d i c a aos esrzlbeIecimentos educativos, na tentativa de intervir de forma mais
dernocMt i a . Tal postura 'política" niweceu rapidamente criricas face ao "utilitaris-
mov com que a siêncin em utilizada.

A intewençã~psicossocid de Kairt Lewin: a reartlculação


entre teoria e acção
i\ ma iori3 do3 :lu tcires atribui a kwin ;i pzzternidacle dn metrxlcilogia de intwcs-
~~&~(.IO-X Kun ~ O . com a intewcncio psicoswrial. foi o autor que situou
C ~ kwin,
'les<lr o inido os ~ a n i l : ~ d o[des unia merodologia de in\.~tipadwacciocoerente.
I s . k m : i a inrzgr:ir oulros procl~itosnas siias dic1:is nliiiien~;ircs.
: ~ i i i n i n t t ~tlc I
Dc5trs (rés pd10~2 O pó10 dn ncç8o o q u e com:incla os restantes, apesar d e
cc<in~idear que existe tima profunda interacfio entre eles. Considen-se qiie o
pmblrma inicial d;i pesquisa ~olos:idoatcirés cle uinn pdtica concretzi e que o
:iria dt.:igir t. de investigar funciona como u m processo de forrnaçào.

A pesquisa operadona1 do pós-guema: questionando


I
I as causalidades
!
I A invec1ig;ic:io-ac~90.trnduzida freqrienternente por *pesquisaoperacio-
1 ml-.6 dr;envol~idano período posterior à Segunda Guerra Mundial nuni con-
[ r i t o de hoom económico que se ncrrdiravn que todos poderiam ~lsufniirdos
F.nirr>< cI;i pLlzcjI-ilizílcion;tlc]« pós-piierr;~.
J3 ent5o. os cientistas sociais se preo-
r,terreno das dcsiqu;llcllndes sociais e com os grupos que n:io
1
'3piii;iin
7nreciarn nptw a tirir prol rito d i rerulratlos do drst.n\?olvimento'.
581irnis-st.que a inrestipa~:io-ac~io
se <jrsenv~lvt.il(n
Gesl paitindo da acç8o p"T3 a invesfi~zc30e tis inveit.
\*ias do pníprio cnmpo de i n t e t v e n ~ hc. Irrrenfl)
pam 3 ac~Bo,dito de outra f«rmau
,, i2ml+m do qu;idro das cicncis~ciiio ohiccro de esilido e
iiiil?lrno, ,i
ruas accoes (e aqui ao
dgs diversas cicncias -
psicologia, :intropoloRia,
socio\ogia, cizncias da educado. religiosai;, económicas e administrativa
uc"qieperiodo, coexistem duas linhas de exploncc~ode metr>dolrIgins clc
inre51ipado-a@o:~ m w d ec:iriz mais psicossocial e of!?flni~aci~n:il e outra m3ip
oientadn pgm a lógica da mudança
G<,vene ( 1987) apresenu 0 s principais irnpactes i n v e s t i ~ n-açcrin
~q nts
I

conrinenré americano e n;i lireratun hncesri, salientando tam1~í-m3 clioersicladt


tie c3mpos que, de iIm I;ido C' do OiitrO Atl;^inticc). form
dePen~olvendo(ver a Figura 2).
yem os autores ter havido gri~ncieproxii-oiclacle entre :rs
djycrsaa formas de encnrar a sociologia de intervencào. Thirion3 salienta que,
apesar de algumas semelhanas entre as diferentes tendSncias, estas divergem
cobre a fom:i de annlisar a rnudanca socinl e a lógica da mudança a proIrocir.
coexistindo uma dirnensào mais intepcldon (sohrerudo nmericnmi 1 e outra ma!.;
cririca {e~isopei:~ ).
Em 1nit:ido.s do s4culo. os grupos de investig~tloresmultiplicilm-se nos di
pai5ei.. p e 5 ~iremhora a manutençào de uma cena diversidade entre 2 1t-v
dcflcia smeficlina e a europeia. TOS Est;dos Unidos da Amenca, a invesfigacici.3cfi(
:icom~i~nhoude Peno a ~ c d púhlic:~. o nomeadamente a qiie est:iva li~fidn5 n i a
lindo de ~ ~de inrenrrnçio
~ i ou 3 n
social etlucaç-jo, ~ Na Europa,
~ a5+te-.;e
*

uma maior ~ ~ ~ i t i 7 X ' 2 o dirnensòes de inyestigacio-:icdo, qLie preie ndrr


'Io Indodos ''o~rimi<los'ie d a 1iit;i pela c ~ n s c i ~ ~ dos ~ i direitos.
: ~ ~ i ~ , ~
r -e
'ctas colóquio s h r e inI,rpstiga(.*
;io-acçàn de Outubro de I9PL 911
pila pritneira
. .
investigadores de todos os continente.; conutli :i,ii l i , l ~
di\'ersidgde de domínios de riplic;iç30.
i . ~ i c n i i a sreljgjosns,ilS 3Rese Iyir;: efr
h i i m ~ n ~ .3s
.
:i ed
'
ç;io, ;is ci$nci:i~siicj:il
r 3,
Wtlm da swjolosi?
V ~ ~ i l i s a - a r à ~e~~
L
o.
' ' 1 jnten'enc5o qile
Heis ( 1989) .
e
o dricnl?c,lviiflt"
"firma que se t.\.nlliiu iricC\ti~;ic~~
o inqtl@fitc+participadr>fun<lndona [+=urjajn-
Pjn
itícicr-.ln:~li~i~~
-
:c
,-.-:*k'h
- . ,n,i ,

'h. P:I\J~<> FrcixTare AS pdricas de Alan Toumine cenrnd:is nos


--Lv
!?A *
,,-ini~ c. ??a i n \ - c ~ r i ~ 3 c h - 3 ~ r $institucionnl,
n num mo\pimenro que
*.=.<--y7rt*
,,
-

Ji,??encit~ dc ! i ~ ~ f l ; i Cintimi~tl
h par1 uma l i k f l a c ù o s ~ i o p o l í ~ i c a ,
k'.
e*. I'
.
4 . q , tn + c n d S~T ~ ~ ~ ~ < . ~ ~n # L:J~3
~
. i; d if~renresmoda ljdades, ir;\ inscrewr-

<-% n:'-:L
..
v,L,vjmznro Jr in\t.i;lipetido-acc30 tentando aliar intenpendf> c ciencia.
- q3
;.il,d mnis trirdc. 3 in\~stigac;io-acqào\:li recolher inform;tgòes por
- pnnfiintlamennra remlhn e a inter-
+,-l ~ : l +w ~ u m l a d n . r e c ~ r r r à c i ? n c i a
--,!'
-*:a-.*.
j3 ~;nin*% r. por <litrrn. recorre 30 desenvolvimento de disciplinas e
L

-, lc .' h--
rin-f!c+~mnic4 .%rnnild,1983,clinic-ns tnnrl?it.r, 1971 nu intcwericio-
-.-.+< ?qL**.

m ~ s m e x c 3 . KDAS
~ ORETAÇOES CONVERGENTES
E DIVERGENTES DA PESQUISA-AC~O
S-4 BIRWOGRWW AUERlrGLWUA E FRANCESA

AWUACAOE A C ~ O
%W*TT ,L t :*#F\7T! c ; r ~ l f r i ' f.fl'R4L
l
I .-r
\-+=!'i : m*:t4 uiri u-K:i.%L
4i'c;cSn f.iX AI-

- _--
- A jntenrencfio psiccissocioló~i~a
ea nfici0-3nSlise, qlle se inserein
Kiin Lrnrin, Loureau e I~p3~qfltle:
- oscontribiiros da sociologin dinicll aiiiericana ( A l i n ~ k ie Paulo Freire):
- AS inrcn.encionistas da sociologia d:is organiza~desde Yiche[
tentgtivas
C ~ z i e r da sociologia dos movimentos sociais de Alain Touciine.

I DQ forma detal hnd:i, Mldeleinr Grawitz identifica sei:, util izaç<)e~


m;iis
diferentes das meiodoloqins de in~.t~sti~çio-ncç~lo :io nível d3s ciências sociuis.
I
I
que 1730 desde a inten-enqioe m gestiio cltr einpresns B an5lisr de conflitos enio-
çiçinais, riti. 5 inttrnrencào socicil6gica.
Eis algunins hcorreiites"cle investigar5o-acç5o identificnd:is por Madrleinr
Grr~wit~':

- Tntrn;t.nci« psicossociolópica (Kun Lewin, kloreno Tour:i inc):


- Inrt-n-t.nf:io pela informado do gmpo (Flovd Mnnn, Mic1it.l Crozit.ri:
- Intenenqi-jo rlínica, aniilise institucional de Lapassnde, Lourau. inhpin-
~ f i It.~\.ini:lna
i ~ @"«lcpsrnl l:ihor:iti>rio nos EL!A, a inspirac3o r<lpYi3-
dos !?T?i~til?,q
n:i ern Franc:~:

" p ~~ i w ~ i ~ l óMajcliline
cllmp'l ' 3 i n t e m n ~
aurorr.; coino Kun Lcbwin
g i ~ ~ .~ ~ ~ini'iii~ ~ i
. Tnui-~int.,erc. Estes nurort.5 co~nno h i r~- ~ i ~ ' ( l
r I

,lniei~r~v 3rcspoafi 3 llin petiitlo :iiuda e n i o tem objectivos de protIudo de


I
O CatlIpc) dos f e l l h t l ~ n o
c'on(,~-inirll~Os. ~
iniplicn o investigador e o ohiecto da

$I"K\cr. nítida :k nllit~1r.icoim o hchnviorismo e a icteoIogin tpcnocritica american;i.


h intemen~âopela do p p o ccntra-se na capacidarlr tios
pnl Pc3.; p:ln 3 mi!tlan('~2 partir tle um rneiiior c<inliecimento de cada um dos
clcaento5 gnlpo ou d:l orgallit;lçào, dos seus contextos e objectivos. Neste
cimpo. ;i autor:! inciiii aiil»res cociio Floyd M:inn ou Micliel Crozirr.
'\';i intervenção clinica - apr1id:itln na Europa de ''inten*rncfio-acc-o" -
siiua-Pc utn:i gnnclc i\i\rersitl:~det k métodos e d r canipos cle intervendo: descle
;i imtí(iw iilsfitrtcionnl rle Lap;iss:idt. e d e L o u n u (eni terapia ou ein pedagogia)

iinhpir:iciin len.ini:in:i dos troining ,qroups eiii lal>or:ití>rionos EIJA e à inspir:i-


4~ r i rrigeri~~na erl-i F w n c : ~ .Incorpomndo um quadro cnnceptual soçiolúgicri r
p.;ii-:in:iliiico. est:i "rorrenic" protlitz intcresnanies reflexi)es solm os fentiineno,?
iIr-gnipci: ;i su:i \-ida rmocinnll, i>papel do obsrnnd«r r do interventor, etc.
-4 intwvenqgo pela formação C whrerudo ~itiliz3d;inas empresas e ao
nilel dn cdoc;ic:io e tcm, geralmente, uma base d r suporrr dn psicoloaia e da
p\ic<issocic~logia.h form:ccHo e ;i terapi:~:ind;im assoriad:is e 11tiliz;i-se rrequen-
lcnienre n discuns5o clc grlipo, a aprentliz3geni tla conduclo tle decis0es. de
f~~mentri rir c.str:~ti.pias~etc.
OS p l p o s de encontro, grupos te ri~pêiiticon,grupos-maratonaS. GPS-
inii-trfi~p(~), qriipos I i i o e i i e ~ ~ ~ i c o rrç.
s , geram-w nne procuni de sa~iaf:.içiodas
: ~ ~ { ~ is
n e ~ . r s < i d eniocion;i indivíduos t. dos grupos e nn tentativa de 0s recon-
i'ilinr a,in a rnciona[idadr tr:ll,a\lio.Tncorpornm tkcnicns dt. dcscontr:tcçlo.
fijrmai de coniuninrcào afectiv:i c corporfil. etc.
o recurso 85 "av"nfuns" de base deFprjni,,
,
*indJ mais ~ ~ e f i t e m ~ ~ ~ ~ t
do qi
o futcl>ol tradicional, pretende gerar um
t

comp i!jtii
IdLlicam"s
miídG~a b;ise na idmtid3de de e q u i ~ g s~ r < i f i s < i q n ~ ~ ~ ~
Kem Ré#\' Hc.
nein Matleleine Gr:~twizidenrifi~gm2 pl~nlida~lp tk pni,
,
L 9

profiuionlis'qw~econeniI invertigflrfio-;ic~M Campo (105 p r o r d~ e ~


,,
I # .

de desenvol~ rimento rural au C~mlInit;irio,~ o n c t i l - u i td,i ~ ~ ~


intmmeo
pos de accão a ] a r g : ~ d ~es muito recentes De f K t 0 , uma com ponentc demn4iarlr,
empiricista e 3s dificiild:ide~de organlzacão das rnetodologias de accãr] rem imF:!!i-
<io um maior jnipnae de iniimeros campos de ifltenqenÇào.Ixmhrcmo~nr>s dr ouc.s
.*.
ndun]mente, n5o I J projecto ComUnikirIn ( 1 ~intenrenc.50 locril qiie nàr, defi5;i
'-ohrig;itnrianiente pelo recurso 5s inrtodologias de invcstig3c.ii(racc.io.A Comupi-
&tle Europeia tomou-as mesmo d>rig;itórias eni IIIU i tos das seus proqnm;i\,

2. Objectivos e métodos da investigaqão-acqáo


d < >r c r ~ n h e < - i m e ntlr
% : i < , 5 t d 7 ~ : l l ::IP<:~:IS
~ t ~ !,,ma ruptura t.pisiemolfigica,
OI:I~ i. :i in<l;i ;i valoriza@o da metodologia de análise sistemica que se
,,,nj'rirni:i c f ~ m . f:icrov 3 ;inálise dc %i~uuq<~es
I)c
:I ir:itlic:io c i ~ n i i f i c : ~ rcaiq im-

pcLlia ~~onr-rolo [.I('v:iriGvt'is. ptocciso indispcn5;ivcl na pesqi~isatrJdicion:il,


L* ;i pI:I:I ;i iiiii ptbn\:im('fi~f1 5i.itCrnico qiie ví. o real como kim conjunto de sub-
,iri<diti:i\ in1~~r:iciivos qiic ndo 410 iniciralncntc depcndcnres dos seus eIçmen-
, t-o~~ti!~trivos,
C#)n\itl<*r:l-$c- fliic 3 investigado trad icinnal op-ra Iim &itcionisrnoT ren-
I;lnd<>n:rl tmir :i c2xplicv:ic:i<i:io menor número tle varj5veis, Iijpóteses e contei-
r \ < &I(,trina 3 conrrol:ir a din2mic;i da investig;ido. Por outm lado. pretende a
i,-,~,
- ~ U PCC T ~ I I ~ I validar
rcy~ti~il~i~it~d<~ C ;i parti r de cxperiencias mncre-
re~ultad<><i

ain<l:i n;io foi


:irpilo q ~ w rcfutadr). rle tindç tlecorre que o conhecimento é uma
~q)roxirna~ ~ J GSC.I consegue por ;iproximncfiei.
I ~f iC~~~~ F ~(jlle

I"st:i%c;icictc.ri.íliic;fss a r ) irnpossiveis de concretizar numa siruacão de ter-


ribnoc. trirna-se tirgentc c.nq~i:idrarniivns formas de lidar com ri complc-xidade
(.!O rt::tl.
clu investig:t$o-acch
A.;%irn, as ~n~rorfologiac; recortem a posturgs mais
inJiitiv:is c a tirn:i zfnzTilice sistCniEca nunm rnaicrr inteíaçcào entre a teoria e ;i
p~iiica O . enquadramento conceptual funciona. todo ele, como um quadro
hlpot&lco de interpretaçáo da realidade e a '%eirficaçãow cientifrca do
x u ajustamento é realirada exactamente pelo confronto com a realida-
de. Dito de outra forma, s50 os resultaidos da a c @ ~ que p&tern af&
da adequabili&de das teorias int-retativas, e dai a import3ncia da a\.:ilia-
cdo n o i processo.; d e intervrnç8o.
Segundo Lesq;ird-Hcbert (1984), o paratiignia tie siiporre 3 pesciiiisa tradi-
cirmal i. o paradipma aifiesiano. enquanto que o par:idigms de nuponr .I inves-
i i g ~ c i <; o~ prJdigma
~ ~ ~ i ~aifiémico. Embon 1-130 exisu um,mas dfios nioclelo5
(1. anRlise que de cada um dos pnradigmas, poder no.^ ;innliszr a divrr-
~ i d x l cde pre.;Kupo\ros os suportam no quadro seguinte.
s:ilienm-sc. aslim, nlo apenas a imponlncia do momento inicial de drfini-
do problema tvm Capítulo 9 1. mas wmbém a estreita rehc:io entre esse
--
-- -- - . . .

no
-__mh-- --- --.
- \

- Treino mais limitado pm c5tiiikio, ,


mrtodalogias dc invcsttgac-;lo
mcloddga;ias de invertip@Q
Cnnheomenfodas teorias explicdrivasno - Vontade de ir p n alem da intuicLCle ,k)
senso comiim c de proredcr 1 i j m ~aniliu
i
dnnihjo das pesquias em Causa crifica e sistemátim rla sl,a pr;itica
- --

L
rp a p ~
I
- ~fastadoda - Na acç5o
- Chlshorndur
--4

L&--iniuesng&r
--- --
- Aw~1isi.lOU caisulta' -
- O saber pam D saber-kizcr -+:
mjp#laq & - O Sidher pelo saber
inr,pstig<l@" - ~ x p l i a ~ei oavaliacão de uma s i h l a ~ á o - Conhecimento pr'dtico i13 din5mica(I., ac,-iri
- obter genernli7~veisa mndes e da 1nui1ança I
i conjuntos da populac4io - mter conliecimentos gplic.ivciq a nm
- Desenvolver e dernonstra~teorias concretos para melhorrir tima qiiuaqdo
insatisfaq?ic~
- ..- .--- --
I Escdita do - Iderirjficado a pafiir de sima~iwsdiversas - Iclenrific:ido nopdqxiomeiumcaun .
-
I i>mbimm da - Interesses pesso~isdo invc.ririprador Siiua~àeprohlernaiílt~ntific;irl:i;i p n i r d~
fni~rstlgaçdo - Consulta a oUKro5 inves~igaclorcse peritos iimil sefiex;ln sobre ri pr~tirx

I
I I

- Litentun e invcdi&tc&s anteriores I


- Pedidos provenientes de comanclar:iiios que I
subvencionam a jnvesti~çfio
-

!
C Fmmuluçâ.0 ma i Mipó~eic-sdefinidas Ipani j ~ ~ t l n i l i.; , c,, rlrftnikilric
1 pobldtico e rani:i rlecum do tr,ihnlhri e Intlu71íkill3it'l~
I da andlise do - Refrrênria a u m revisào
/ W l m ao investigador um conhe
II do pmhl~tnac para que
no Sguimento IOgico rP r' h :
rihqen*~ç.~ri ~ u T ~ K ~ ~
1 ~cumulíitlossnhrt. o ;i
I
, Wpbfeses de
---- ._----- -
-
As hipdtews clc. investi
' ~ n i ' ~ s ~ f 2 él
aç~oq3ecficas e opemcion:iis eçpecrfiaspksivel nil P ~" J ~ ~
, rqnrjdtads Ikvt'm qer veiific:tclas nu ~ ~ p ~ ~ ~ l p n ~ ; l G ~ o
H

- fir15vcis FH)UC~Fnuine
Ijrfinlr~o do pribhlcm:l r <!ifi0liin lr"'
i l'il-iratr'nt, tenrin
,--- __ i c(~ntro111
- I

- - I - - - . -.- - lihint.iidn.;;i uni nirirrti?li nlirirmci


__---
Amos'~- . ~ n n i q: i I~~ ~ l; i t ~
r i r j~ ~ ~ - --- A--

pr;~pr1c3
- O colcaivo
I

--- I Cr inl'lnlf ) <!:IP>pkl]nfiri


-- - -- .-- I A çonl@
- ---- - . .- -
Pb"fPl:@f~ - ~ ~ ~ . ~ ~ l ~ ' k .~a {l c
- :~
l tl, : ~ ~ ],;'~],~
:,nlc,x
I ~flf1~=ffJiflvl0l f h ,T!,p:,( ;,{.,
[(.c,,,rinu3r30~
f çoiichsão e - Aumento dos conheiirncnim num da&
- Aplica~aod
i J<imbiods inv<cíti~a@~
2 ~ ; ~ ~ L a 2 d ~- Ktrsiili;ado.; -nem lri.;ivcis
- 1\30~ I a n nprático, fr~criutiEmC~ono *io mia!
- A cx*hda
i m no mio, CHnIC OS
rr.sultadm contribuem para uma melhoría

adquirida P fmmente
~entralidve!

Quadro 3
COMPARAÇÃO D A D ~ N S A O
NORMAWA DOS PAWWTGMAS
CARTESMO E SISTEMICO segundo Lessaid-Hébe~.1984

I
i
- i3is~urc;od o metodo; pmr.w I-H-D:tmrin - Tmn;i p m l dm r i d r r m í l ~ituniaf
; cln i
das pmhhilid:ides

- Isolar p i m comprccnrler o Racional -


Cornunicn~-3~tnfnmrndn;
md~Ii~s~3‘rin;
teoria &
teona d m pprdtahUid3cles
Reunir p a n m p t w n d a . o prccptivo.
1
- O simple: n i.wlarnento
- O ohircto; o elenienio
- Variivcis depenrlentes e iridepmdmte
- Y0c'~bul:'iti~
estatístico
-
o mcional. o fiinciwial
O cornplcxo: 3 nhinhin
- O aisrema: as intemc\=th
- i5ri.ívris <!eestado, dc flu x w de accãff
- Anin~denrclccinwqu~mte
II
- 'Vw~liulánode s i q r i w . informa<-Jo. &Iii~Io
D
T, q u e m o , ~-
xprnmrial - Hc.;m d r l m
t-eIZÇ-dcs - -
&tcrmIaBmo - Univem esrlrico, ~ i n i f m ehornop6neo.
, - Univirm dlnlmlco, gendor. unidade no
unidade na g;cr;il s i n p b r ICi sin~uhrrnclui n srmplrs)
- Causnlidade linear - C.~iv~licial;ides
c<:iiniplcix~s.
c r m i a r ou em espiral
p p l ~2rrsfinakk~dc*).c ~ u ~ ~ l i r G & <
(rt.inn~Sr~,
! múnin~;
- Ccmvcrg?m rlris diuergi."gr. zniílLW ir *r-
- C i u w exí*e;ellm taenrifi$?rn:t~
- Mulfid~~t.=mlinimtos Chcicrrrsummsucio-
detemiinLmnq)

- Ciumç!lo, simwltiineidadr, tcmw ml. e n t q t s


- Tempo linear, xqucnçtal. rnsnipol5vti~ e negutntrripia
-O
- dada à prtida: emeqGncin::
- Firturo proi~,ívcl,icnprciu.ivrl; r9ri;eVvei
(contiriu:i~Jo'
r---
- /--
tipd~~.uh@n
- oie~fi&$*O ni ?&,pnl d~
/

dxim'
#
1 n d 1 W
IrihirflFid.ide.
-
~ h p x ? o .~i.flCma,em wlaflo com a
ohP*
.profi*lomJ
-owo
min amhkn"
. ,mp& i w ~ g ' f l rC
n
do sW
~~istt5íl;~
sujeitos que são çrtqeao
Ifi~trinal i n v e s l i p ~ \ oirà0 CrilIsidmdaF
- O lni&prtnf 6 tiln prt wromo c~uacror
,i,+,mdo djWC?lMi' na pririn
I
- O invciitipd~rabre-se I priiiim

I
(o funcicin31) e 3 0 5 prnfi?;<i<inniç;
-~~V~~~~S!E~~>T-CO~LW~VTS~ i
I
I

- C;irjtrer ~ ne ! mlidiz.!dn r h ~ d o
ipctnin?n~i;ir d i c a i . aplicihilidacle das
crincluPim a otsmc siw:rcixc)

GhMm dc - CI~íamrntt.definidos, Iigdm 2i rneiodn1ogi;i - Quer clanmenie definido.. e l i m h


clcntlfldddc qu~mrrsiivaíwliíi:idc inremn e externa; 5 rnerrxlnlngia de tiw quantimtivo i
iiahilrd;idc r dpec?ii~id.rdci (sisierniri?qiio, venftcqr:io,
predipo, cxplicrig-o), \
I a s o c ~ a d maos princípioc.
de convewencia, InFegr&Cho
e à n+o de sistema
11
i
I isrirnutfi.mo, homamofia) 1
1
- @ler, ainda, mal definidas Ziffsdos 3
metdtdn~iade tipn qua\irx~ivn I
~ rrilC+os ela
@ ~ a b f M n e n ldm &%I i
I cl:i~\ica.
Figura 3

Erp!nncin e anftliw da exvrii.na3


1 tnstmmrnin.; de ol%n 3t:io i
:
1
fm:ínmcit. t3icoltiri dq prritiicm)
.
- -- ._. --

RexnCm de d m r n m r m
1
It~dm ao priililmn
r cmfrt~sde m n k t m m ~ r i s - t t w a s ~
r
lkfinidn das tYtiivek e
' r s u k l ~ i n t m t oda$suar r e l a ~ k s
I
e'ou das hip61e.es f:m~rnrtln~.&id~ nfqtnctrruc 1

PlzniFimdn de um pmlecto :
Iamc iqm. mio5 de acciia,

--L

Esyignrnenrafio mm:
Recolha de dados quantitati\-os
3prP-teste e rii,s-t-te)
L
Rtmlha de dqdm qualimtivos ---
I
.4ni;Ii.w e inierpremcjri
dos muJiactos. conclusão

1 Divetsildade de metodologias e abordagens

C Q ~ ~
Q h ~a invmtipçio-ac~ào
s , confronta-se com a ciên~iatradicional,
nào somente com 0 s seus métodos e critérios de cientificidade mas, sobretudo,
com 3 fumacomo os utiliza e manipula. Utilira a análise sistémia. defendendo
a h ~ w l d i ~ i ~ h ~os f lmétodos
~d~d q u~ í t b * ~ e~ uma abordagem global.
Ftrir&ma?r(ic P procfl-

mnfmto, levnnta-ce a g
dn3mo,
c L
(IP uma

uectio de aher
. .
Sociologia dt? Acçijo

qaefit7alidade-qatribuir 5 invcitiga:a.
firPndo uma rnbli<ccrítica 3 cientlf1cidaiie
escolhas, dos
i
7 ~e f n m ~ conhecimento.
s de ~
rmx da bibliografia existente sobre investigado-acçào permire
an;íline
&nlifiar & fin31i&der e funçòes (Barl>ier, 1991 1:

funçóes de investigação
~ iimestigagd~sobre um continuam que vai do
simando a a a b t y d d &
o*wgdor ingénuo ao investigador, R. B. Tremhlay7 define os principais mo-
menrns de r d a a actividade de investigacão - descriqZo do real; explicacão
do 4:controlo do real. Estes monientos - que poderíamos apelidar de fun-
ciyc nu 3ctilVidades específicas de investigaçào - caracterizam-se, na atitude cien-
rífia. por urna tendência de reducào da arnbiguidade dos conceitos (ao nível da
&do). das hipóteses (ao nivel da explicaao) e das proposfç6es (ao nível do
mntrolob. enqu3ntQ que na \.ida quotidiana o observador descreve, explica e
m~Rfdaas mas hipóteses por aproximaçòes sucessivas.
-'prerentamos o quadro Proposto por R. B. Tremblay (Figura 4) para re-

.
Tndicion3rmenlef atribui-sc pesquisa fundamenid\ a fundo de conir~lo
<
. .
h i ~ n e * r V - ~ P ~ Q ~ ~ QO Sque
, feito por via da çypirimenrsc~o ESt7 p e s 4 ~ b
r r
,
?-
, h,,,bmci~r:il;is*~~i:i-sca um mfdelo de "snlxirpelo snherm,À pesqiiisa aplica-
I., c,iiipc~ iri:i c.nr..io. :ilnlTcs~h:i~licaCào tçrn icn de descolol,rnasfeitas pela pcs-
C
cltiis;I fllmlniiienf:il. 0 .hdp?~fio corlfroh prdtico dos ncontpcfmpn/oc, foRl (no
lp,, c no C)~P:IC<~) uma hin~:ioIieurbtica e de in\?estipac50.

0 s TI&S MOMENTOS D A A-ADE DE INVESTIGAÇAO


SEGUNDO R. B. TREMBLAY

P m C A
REAL
CO~0i.O

W E R T h.íF%TAL

-
t

PRES~Y~O PREDICIT\'IDADE -- LTER?HcK.~O


DA iTAW.4DE DAS PROPOSTAS KlG0RL~fr:l

I ~ L I C P I C I \DO
O REAL

.APROXTYÇJ~Q 4
- OPERACIONALIZA@O P R E C I S .D.L~
~~
LONCETT;D REWRENIII.~~ENPI RICAS
A descrição, a expllcaqão e a compreensão

h r flln@o de com~reensio'
[eva a a s s ~ ~ lima
!ipode an$ia
Agrupamas na hfiqáo de descriqão aquilo a que alguns autores &a-
mam diagnóstico: enunciaçào de uma problern5t icn, esnitlo aval i:itivo, esplfl-
nçio e anfilise de uma experiência, analise tlo pedido na ~nfiliseinstitucionfil-
O qce caracterita a drscriflo em investigaçào-acç;io é a situacio do seu o1~iecto- ~
uma simação problemática concreta, vivida nas suas dimensões espgciw i
* t e m m i s 'naturais" pelo investigador e 0s actores implicados. o que
uma análise do meio, a descricio da situaq$o-prob[eina,a jdentifiçndo
~'"'~ci~nantesdo sisteina de acçào, etc.
pusi~50de ~aniciapela descriçgo é fundamenta[par, impedir r mns-
de um
"0 ,
controlados f de intemendo com base em conhrcjm~n~os
"'lrnente Renerali~iiveisa partir do senso comum.
alriidri"-
Quando um i "Vestigador
afirma t u como prodiizir um nlo(lrlp
de acçso, a iuncio
df
ou e\plic,@o?
e tenta< pela obsen.ac& r :i oF.ri~n~-
lcil
-
C't.Klo
-,,
' ~ 1 1 0 < uljlib
-
'n-e", c ou
o que se passa nuni d ~ m ~ ~ ' *

Wf 3 um i m o "*% 1<)X73p. 3%
qUi im(l~~i,Os mr q

m s t m ~ l ~em
(ào <{r .*- '
'nkndt r-, ponu~ncsrnns miiiio ,y]ilcliirnri. -
ciii ( ~ l n ~ + '
--i

-----.
----.
------
,,piri~o", ou seia, ensaiar ligações entre 03 fencirnenos, colocar em relacâo va-
ri5vei~ de fmma a entender o que se passa. Este 'colocar em relação" obriga a
,,, ni\fel de ahsiracçao e permite a formulaFso de hipóteses (ou modelos
liiporétio'i para a análise sistémica). Os modelos, constmídos com supone da
estão associados 2 expiicaq3a em investigaC20-acCão.
A ex~Hmi6gonào recolhe unanimitlade entre as teóricos da inves-
i i g a c d ~ - a ~ c Aà ~I .~ f i scriticam-na pela sua relação com as anslises positivistas
bareadac em relacfies de causalidades lineares. Na invegigaqão-acçi, o interes-
sam nào apenas as relações causais externas, mas também o significado face aos
das pessoas implicadas. Segundo Tremhlay, 6 costume falar-se entâo de
explinca~ quando se referencia interpretaçòes relativas a uma teoria geral, e de
compreensào quando nos referimos a uma situação particular.
Na Figura 5 temos as diferentes funçòes da investigação-acção. Esta tipolo-
gia retoma as propostas de Tremblay: de investigaçio; íle comunica~âo/implicaCjo
e de mudança.

Figura 5
TIPOLOGIA DAS FUNÇÓES DE INVESTIGAGO
POSS~VEXS
PARA A PESQUTSA-ACÇ&
realizac10 pelo confronto entre essas descricio
xiológi~Oe ' I
O conrrolo Pra
c e OS te^
sultados d"ccF~ Sem esse controlo nio ha
l.rp\icafi o e i nterpcetaç'10 mas a ela esta ligada, em permadncia,,
redução da ciência,
P -

acnializaCâo diagnóstico
accâo vis:\ sempre a acc50, embora possa procunr
A investigd@O- -

endê-lr sem que esta e ~ c j É esta ~ 0 ~~ ~ -c3 finalidades


~ dupla 0 ~ ~ ~
que faz estabelecer a tripla tipoloRia
investigacio,finalidades da acção -em
0 na acção, pó,
de invesnga(& pd" a ~ C @ O Vinvestigaçi

uma metodologia inovadora?


A investigaq~io-acqáo:
A polémica em torno da função mais integradora OU inovadora da investiga.
cio-acqào tem pouco sentido, pois, como já vimos no Capítulo 2, depende da pos-
tun do investigador. A investigação-acçso, como qualquer método de conhecimento
(e de intervençào), tanto pode funcionar na perspectiva mais acrítica da "engenha-
na social" como na perspectiva mais pedagógica de fomento do autoconhecimento.
Na tipologia da investigaqão-acç5o de Benoit-Gau th ierb0,o recorte segundo
as finalidades, a implicação dos actores e a forma de acção levam a reconliecer
oito tipos de Funções face a este hinórnio adaptagão/transforma~ão0 Essa tipologin
tem a ver com as finalidades do processo, e a ele competem a iniciativa e a forma
como se desenvolve o processo.

moLOGIA DE PESQUISA-AC~O

FORMA
1
nos pontos de vihm epistemol6~icoe ideoldgico, e tal rnmo qiinlqurr
nBo 6 gratuita e desinteressada; ela im-
oulnm e t ~ d ~ f o p3i ainvesti~a~fio-flc~J0
,
queo investipdor se s i n ~ face aos c!ivcrs<~s
gnipos envolvidos,
iiniadr alp~resnum campo de plaçfiea de poder,
como tem sido afirmado ao longo clestns reflexhes, as posturas do inves-
tipdor,tinten.ent~r n50 sào todas de base deciaional cientificn, mas r c w s a m ,
em 1 3 % ~medida, no m m ~ oprofissional onde (por opçgo ou par acaso) se esta
e em emlhas corno ddadio deste mundoi1.

Algumas técnicas uttllzadas pela investlgaqão-acçh


As metodologias de invmigaçâo-aqào utilizam a diversidade de métodos
disponíveis ao nhei das cienciss sociais. No entanto, e pelo que a t d s foidito
sobre a especificidade deste tipo de trabalho, tendem a privilegiar as metodolo-
pias a que tradicionalmente chamamos indutivas e qualitativas.
A prioridade concedida ao indutivo não é nova na tradição sociológica,
vem já da Escola de Chicago, niuito ligada 3 etnologia e 2 etnografia, e para a
qual o 'trabalho de cdnipo" estava no centro do trabalho sociológico, embora
sem descurar nunca o objectivo de teorização a partir das informaç6es ernpíri-
ns,o que pressupunha uma ategão particular às formas de recolha, escrita e
rpreseotario dos dados. A comparabilidade, a estruturação de categorias e tipo-
-
Io~iaspermitiriam descobrir sempre indutivamente - "as categorias e proprie-
dades formais"que são o produto da teoritaçào sociológica.
Como se passa do particular para o geral é uma velha questão filosbfica
que está, ainda hoje, no centro de debates fascinantes e apaixonados e de dife-
r e n p teóricas e práticas entre as áreas de actividade científica e as posturas dos
~ ~ r i investigadores
us e intenrentores.
A maiona dos de investiga~ão-ac~ã~ constitui Uma ~ o u n d the-
d
9: ou seia, *umateoria fundamentada é uma teoria que decorre indutivamente
do fenómeno que ela apresenta" (Demazière, 1997, p. 49). Para DemaziereI2,
FIUPOS~OS~todos eles '' ~ " P O ~
TQmenos {sés prek L

niém F contrndit6ri~sentre si. Em primeiro I


indt?tilg
lmig i* cjderdo U&r,
EB~;. m u r n t : : e ~ ~ q ~ ~ ~ de
d e iiml invrstip~~ao ~~'iolbgicai- O alannmrnio
,,
L

fivzjiI~-* 9 &

iicr q
que' dizer a elaboracio Urri
c~L, =,,itx-imeflIo q F- (chámamos-jhepemlmente "co"cej'of1, mas ta mhi.,
0@d3.
,~iniuntCcle 'CltC, ,3c2>es-(t3mbemchmmadas 'hipb'e"~") clestinad
\-c -Fn,p~pdgde5-
,
as a e,-
?t"!d fl n',m,flsmentosm -se que a ciência e OS conceitos que
Fm lu@'. reco"hece
'stentes, mas constituem o seu prod
' sieic30 "30 Ilie .à0 p"-e"l-
5 m ~ r n Imy.
3 uto*
-4 intraigc.i~
zidendg uni3 teCIri~aç*q~
é CQn-
(vemtin!? theoqrl, quer dizer,
qqila e continuada de conceitos, propriedades e relacCes
irmn e ! 3 \ ~ 3 ~proge-
j~ -
lij3 nqS inhmilçMs recolhidas em terreno empirico (~rounded) atra-
5!%!:?menk: L

I-+$ i!e fominc di1-ems(inquéritos. entrelrist3s, etc.), mas a partir das quais
~entiqli elnhonm 2s suas teorias.
Eni terceiro lupr. 3 ~ ~ w s ~ @ Ç ~ o -parte~ c Ç sempre
~Q do terreno (o campo
do ra!) que inicia s prohlematização e pretende voltar a o terreno para a resolu-
@c d e pmMenias identificados. A rela<ão entre teoria (já concebida e, pelo
mmc. pminirnentc orpnizndn a partir de problemas semelhantes) e terreno

A dmersidade das técniw de investigagão-acgão


utiliza frequentemente as técnicas tradicionais dg
.4 in\-mip@o-ac@o
"p!.ej:l: dede 3 adnptaeo de metodologias tradicionais ( a experirnentaçào
in.~~~~i~ de wi.íreis) 316 à utilização de métodos ditos não
?u3!iirrivor.\-o enhnT0. 3 rnilire siglémica con\;em-]he panicu\nrmeflic.
Enmrnmos uma di\-emidadede pnticas de inver~igaC~o-ac~ão que se rei-
I-%4;

+.f umea&++.:
~ ~ ~ ~ ~ P mas
mcmos o sse ~ ~ u ~ c i o odea m
o s €que foiiiia
difercnie.
whremdo. pelo Pewno histórico dos iniciadores e pela S M 3pli-
cZd0 3 C ~ ~ L > O -
'cnncretos - eniPresa, saúde, ensino, desenvo]vjmento l 0 ~ 3 l .efc*
0 5 eixos em
que d i s t i n ~ e podem
m ser identificados:
um "meta-sistema". OU seja, uma orgdnizaçào unificadade intcrac-
@oentre sistema de investi~aG0e um sistema de acqio. ~e facto, p;in enten-
é
:i in\Tesfig~a~-aqào preciso compreender o todoH, ou seja, a orp:aniz;ido
das intencçfies entre as partes, mas também cada parte na sua identidade prC,pd.i.
Assim, a invesu~Qeac@o é uIE4 171etodologiaambiòosa que conter
S ingredientes da investig;l@o e, mais ainda, os ingredientes da acyao. O
~ M ~ O 0s

conhecimento é produzido em confronto directo com o real, tentando rransfon(i-


-10, e o saher social P produzido colectivamentepelos actom sociais desco~l~nrindo
o papel de 'especialista" normalmente atribuído ao cientista social.
Apesar da adesão recente a este tipo de investigação (e scç3o1, a sociolo-
gia de interven~iioproduz-se muitas vezes à margem do sistema, junto de gni-
pos c organizaçbes em crise. sendo uma sociologia perzférica (Rémy Hess, 1983)
e nào gozando de um grande reconhecimento pelas academias, pelo que clm-
bem sofre de algumas debilidades metadológicas e técnicas.
No entanto, a sociologização da sociologia é um processo em curso qiie
nào tem recuos. Reconhece-se, hoje, não apenas a possibilidade, mas a inevita-
hilidade da consm@o do conhecimento com 0s sujeitos portadores da m u d a n ~ l
social e, portanto, de invest igaçio com a participação dos interessados-
N~ entanto, e é preciso sempre reafirmi-lo, nào se acredita na neutralida-
de da ciência e da posiçso do investigador, e exige-se a clarjfica'$ilo dos seus
pressupostos e intenFões.O papel do investigador em investi~a~ão-fic~ào e mais
complexo, e interroga-se continuamente sobre se, Pensar o mundo# tem
de se afastar dele ou mergulhar nele.

Como qkialquer análise sisttrnic3, descric50 (explicafio) das panes depende do todo qilc.
13

~r sua treI., depende das


funcionandommo *iim cirruiton m o ~ i n i i o'e Morin* (Monnl
Edf!ar, .?k;lhodp iwrr~rpdp La Natitre. 1977, P. 125).
As PRÁTIusPROF~SION Dos
~~
SOCIÓLOGOSE AS ENCOMENDAS:

PROFISSIONAL

"A disciplina sociolbgica vive incontesravelmm-


te uma nova fase da sua história, caracterizada
pela expansão mundial da formarão universi-
tária e pela miiltiplicaçia clas suas prfiticas res-
ponclendo a demandas sociais e m constante
diversificação [...I.
Sociedades em crise, e m transição, em mura-
cão, em desenvollvimenrcl incorrecto canstini-
em inciraqòes ao accionamento de novas
çornpetGnciaç operatórias."
1Saini;aulieu, 1995)

1. A sociologia como profissão

So principio do skcuculo, sociólogos como Durkheim e Weber estavam m-


bretudo preocupados em definir os contornos de uma disciplina autónoma que
se pretendia científica e encaravam o sociólogo como um siibio. Outros fun-
dadores da sociologia, como E. Durkheim, R. K. Merton. M. Mauss. T.Parsons,
G. Simmel, F. Tonnies. etc., souberam responder a uma pimeira procura de
sabes especificamentecentndos nas condições de crescimento de uma socie-
dade industrial e republ ir-na.
.\Ia,e em simul~neo,encontnmos a pui.ln@ da escola ameficana*noma-
d3mcnre da Escola de Chicago, em pnde medida gerada pelas "encomendas' de
reociipadasque estavam 0s poderes con
i n r e r v r n ~306
o sociais,P * ,inos assim que, des<lemuito$ihii<lfk
ctdcj,
qicied2dr indusfridem e x ~ Venhcq ~ ~ ' ~ ~
com a L sempre apresenwrgm ilm percurso dicoriinii.
as *'ias profis~ionais em s*ciol0sr
çocioloRia abstncta com uma stuioloW de te ffeno.l;m.l
, , mfrontí~ndo por isso esta oposic50 deixou de existir,vez
conquistado o terreno cienfífico* C 1. Passeron, 3 profissàa tie sflci6]0g0
pacn ~ ~ ~ ~ J. d C.
i e~hainhoredonq
u ,
descodi~icaçjodo senso comum ~lesconstruindo3s pré-noc,
centra~*a-St- fl3 s Uti-
lizadas pelo cidadào ~ I F . e pelos » l a ~media,
.~ recorrendo a um metodo riRorosQ
de e\a,30racào do conhecimento, pela observação aprofundada OS factos, pela
crítica teófica dos conceitos e das modalidades de i n t e r p r e ~ ~ ãAo .competencia
requefida e m a da epistemolopia crítica, susceptível de demonstrar a força dos
factos e dos processos fundadores da sociedade, elucidando incetssantementeas
estmtumç e relaçòes sociais escondidas do olhar do actor i d e o l 6 ~ i ce ~político
Mas outros sociólogos foram fazendo percursos sucessivamente mais profis-
sionalizanres sem olvidarem a Fundamentado teórica de uma obra pro<luzida
iiltirnas tlér~das.É o caso de Touraine, M. Crozier, de quem já falamos, mas tam-
bém de H. PIendras e J. D.Reynaud e outros, que encaram o tnballlo do sociólogo
I através da acumulação tle conhecimentos sobre as dinâmicas das relacòes sociais,
I
susceptíveis de entenderem os sistemas sociais cle funcionamento complexo e
podendo ser tnnsforrnados por aqòes conscientes dos actores sociais. O trabalho
I

do sociólogo é definido, desde logo, através do apoio aos actores sociais na eluci-
I
da@o dos campos de força e das dinâmicas de sistemas coinplexos.
I
A pafiir dos anos 60 e até agora, segue-se um período. "rico em desenvohi-
mentes para a disciplina, mas cheio de mal entendidosp, em qiie os soci6lopos
I
I
hesitam pennte o reconhecimento da sua utilidade social face a dois tioos de
procura que consideram ser radicalmente diferentes: a intervenção em accòes de
I

reforma (consideradas consewarlnras e integradoias) decididas por dirieenEs de


ou ~díticos,e 0s meios c i e n t í f j e~ u n n > e ~ i ~ r i adesqmos
s de cons1nlir
Um
teórico pertinente parapensar a modemidade das socie&de~de
e urbano Como refere Sainsa *lieu ( 1995, 191, 5ocio\~@lv
no conjuniof dumfite muito tempo es[nlfurada de um
atiaiTes

i'iinenrn de'anicii'ado entre a cirncia a produzir r a rocie,jade


Mas 20 ""OS 'lepois cO"'fi~@o de uma profiiEiu
cenrnda na prodtl@o
Lconstnii<*-

~ ~ a\lcrou-sc xesrcconreno de
"'.
r l L
ir"'aiho ri'nrific0y a p r o c social
~ o h i m y n r ~- , de de$m
r n c o m e ~,:10
~ ~iniimen
~ ~ ~ "e os profiwion7iq c.ldíl ":li'
h .- L iC
r~cnnstrCio e a anlmacao dos hairror, modemizrCin
,-35[05- de naessidades, a fragilidade das perifefias, empresas,
,,,qlig
iiispn'80 dos excluidos* a socia'iza~20 P ~ familia
B m",*cfin~ suciã 1 e político, a

""'
pdric;is licais. a
.,,
*Ia ercola,a renovayáo
e dOs adulton, o r~senvdvimento local e o

,.
etc., etc*-. constiCuemcampos profisdonais que apelam pmfisFionak
zmpV%Q*
como consultores, formadores .. I

'E;
a

'"I'
ânciaS
torno de que Procura social ,,
animadores, gestotes, etc.
~~tmhirr~ formas de prolir-
1icaçòes Weratórias?Qual o estado de reflexão sobre o
O'' e
ile novas Pririçar profissionais e a identidade dos ociaioaosi , relacia
q ~ c i o l ~ gei aas sociedades confemporâneas e as suas crises? Na divenida
,,fltre 3
L C -
da5formas p r ~ f i ~ g i eo *as ~ ~ tensaes
~s que separam e ligam simulbneamente
as 6iferentes componentes o da sociologia, a especificidadedo
I do saci61~~o do planeamento?
paPf
~ ~ assiste-se
j e 2 generaliza~àode um 'estado de crisen sociedades
,tais e as suas im~licalóes,com Q ressurgimento das situaçaes de injustica
e de desigualdade social! desencadeiam uma pmCUTa diversificada de
menra capaZedde gerir realidades complexas. Numa sociedade que se pretende
.,oi na] e culta, a procura de profissionais e de conhecimentos capazes de lidar
aunienta. Pretende-se compe@rl~ias
operatórias fiáveis, teori-
com os
justificadas, e não apenas meras manipulaçòes do social sem efeito
ririco, a medi0 e longo Prazo.
I'
O campo profissional da sociologia continua a interrogar-se, mas os questio-
nam,,los contêm novos elementos. Por um lado, a importância crescente da nú-
mero de diplomados não permite a todos o exercício da profissào de ensino/
investiRafào,por 0 ~ lado, ~ o0desenvolvimento anárquico de múltiplas profissòes
de iniervenção social - desde o trabalhador socid "clássico" 3 engenharia social,
pssando c~nsultwrrse outros interventorcs - arrisca-se a genr
confus.o na especifici&de do papel do S O C ~ Ó ~ Onos
~ O contextos sociais.
As mudanças sociais trazem consigo, t~mbém,m u d a n ~ a snas perspectivas
profiss~onais, nomeadamente dos p'ofissi~n~~
OS a~ ,
sociedade
gerae ral,inter ogam-se a ia do conhecimento sociolfi8ic~na reso'u-
estão
fio de problemas concretos. Enquanto que na pesquisa Os
nados para transmitir problemátjcas, métodos de pesquisa, formas de co'ocar Os
~ t o / > o ~ ~ ~ profissional
l ~campo , exige, crescentemente! um conhecimento
3flivo e comprometido.
de campos profissionais de interve ' ~Para
j ~
vas exigeflcias os
Surgem,ricarem
no gU in<ervireW "v"iiarem
P explicjtareiYl estruturas sociais
,*,
e x p ~ i ~ a t i vde
~s
fenómenos~ ' proporem
entre 0s princfpios da 'lia formaFao
de mudanCal
edido "iUchrs 2s tem de responder, os soQ&
acad&ni~ae 0 P
i,gos pprbsiooais sabem 4
ie a disciplina nâ0 dispòe de receitas de acqio,
professores e investigadores, para que aprofun
pam OS seus colegas$
dcm o valor operativo de mfrodas e problemádcas socialW o s -
Assirre-se a uma preoapaqã~"aflifes~d de evitar a WPtura entre uma sacio-
iugio fii."dam,cniai e uma $oc~o~Q)@de a~'icaçàot na medida em que cada um
doi parceiros tem mais npcesridade do oUWO do que desconfiança. Mas desenvai
,I, o çentimenro
de que 3 imagem social da sociologia nào
ser apenas propriedade de meia dúzia de investigadores e de que é preciso evitar
mpturas entre as diferentes c~mponentesdo fazer-socioI~gia.Este sentimentoé
reforçado pela clara vontade dos profissionais, Sem lugar nas universidades ,
centros de pesquisa, de participarem no trabalho científico com a noçao, por um
lado, de que têm algo a dizer acerca das suas experisncia de t m n q de contac-
t o ~ ~ ~ ~ p o p ~ ~ a ~ ã o q u e c o n h equeos
c e m ~investigadorese,
elh~~d~ poroutro 1

lado, que a ausência de receitas exige um aprofundamento constante dos conh& i


cimentos sociológicos para que possam ter credibilidade nas suas práticas.
Claro que este mio é um contexto específico da sociologia, mas assistimos ao $.
nascimento de um verdadeiro novo lobb social em torno da produ@o de conhe- 'i
cimentos sociológicos1. :

Epístemologia e práticas sociais dos soci610gos


Mas são 'penas Os 'ociólo~ol; temeno" que se confrontam com
competênciiis.0 s universitários esrso9r
f10\r;15
P'4u ,
'-'
de competência' por um lado, investem
"mbém eles, divididos num duplo
na transmissào das teorias funda-
d o r l i dn disciplina e no ensinodos métoclos ele inveaigaçào, mas por outro lado,
5 ranzmi~s30de uma com~et@ncia
L
I I
científica náa Ç suficiente ao nível de comp-
r8nCias avançadas quer cientificas*quer profissionais. E pre,iso orwnizarconiuntos
de COnh e ciW 3 l t Q s científicose metodolbgic~sespecializados sobre uma infinidade
e campos sociais quase 120 vasta quanto a dos profissionais de terrend.
de h

É que a investigação aprofundada tem de acompanhar estes pedi-


do,
,
do terreno, sol3 pena de a intemenck~profissional n ã o ficar apoiada teórica e
metodologinrnente. que as djmensòes de pesquisa-acCfio da prática profissio-
nal não forneçam conhecimentos, porque, frequentemente, a com plexidacle
do conhecimento exige a p r ~ f ~ f l d a m e n t ocllstor;
s, e temporalidades que n l o sào
nos campos profissionais.
"Este duplo movimento epistemológico do problema social à teoria socioló-
da, e !ice-venn, abre assim a via para uma concepçáo alargada da profisGo de
I r

sNjólogo susceptível de integrar as vias cle acesso a esta dupla mmpetí.nciafl


(s~insaulieu,1995, p. 24).
Afirma ~ n t ó n i oCosta (1 990) que o modelo culhrval profissional dos soció-
se tem caracterizado por dois postulados: i ) a nocào de que "quem faz
sociologia não exerce uma profiss%o,e de q u e quem exerce uma profissào nào
faz sociologia" ou seja, um motielo cultural que dissocia ciência e profissào c ,
por outro lado, ii) a ideia de que a cultura profissional se caracteriza pela "ma-
neira exacerbada como iem praticado a crítica epistemológica dos seus próprios
prncçdirnentos e produtos cognitivos".
A cu/turaprofssional dos sociólogos tem efeitos decisivos na sua capaci-
dade de implantação no mercado, na definição dos seus papéis e competências
profissionais e nos modos de praticar a sociologia. Hh um reconhecimento cres-
cente de que outros técnicos e não possuem nem a perspectiva
nalítjca, nem os conhecimentos necessários para lidar com a complexidade dos

I
que, sobretudo Porrupal, a inexisréncia cle uma i n v e s t i p ~ 3sis'embrirn
~
actividade con.*anke de invesriplçfio qile
'i'nci;is ,
sociais I r v a os professores i! nivers~t:irlos
a]iino(; inforniaçòessobre a rrs\ida<le nncions],e nào "penas e x e m ~ l i f i ~ ~ ~
wrmit:l Fnnqrnitir
, ,,receitas pr6-fabricadas7mal Fundamentadas,
procet;sos sociais e 'ambçrn da
q dos S O C ~ ~ noI ~ W riabaalhoé
$30 jnswficien~e-: rofundidadee da inrervencá0 ,~~ciolodicamenre informada
.
a do diagnbstico em P e n t e saberes teorror e nberes o ~ e i l t 6 , ~ ~ '
d dqr
C
permnncnrcr idgs r das formas de colaboraqão entre soció:
,
L

entre pesquisa, forwçào e interven~ào~ autarquias, XW~ÇOSpúblicos, etc.) e


lagos internos às organizações ( e m ~ r e ~ ~ ~ j
s,cjóiogo externo (centros de pe~uisfl)" (A. Costa, 1990, P P 30-31).

N~~ cltimos anos, e em pomga! com especial impacte, foram desenvolvi.


dos diversos paradipmas sociológicos e diferentes ~nodosde conceber a prática
profissional forçando, por vezes de forma dificil, 0 s sociólogos de campo a tons-
tmírern os seus objectos de análise de forma ajustada, produzindo saberes diver-
sificados e fazendo apelo a métodos onde Se Sentem à vontade. mas também a
novos conhecimentosmais transversais, frequentemente de ordem técnico-pro-
fissiona!izante. 05 campos profissionais oferecidos (de que O planeamento e a
avaliaçao sào apenas alguns) estão ainda em crescimento e os profissionais da
sociologia sào cliamados a trabalhar nas meso-estnituras, nos processso de mu-
dança, nas relações entre estrutura e aqáo, especialistas nas dirnensòes sócio-
-culturais, relaç6es e jogos de poder, na fornatação de consensos, nas análises
Prospectivas, no apoio 3 processos locais de desenvolvimento, etc.
Segundo Costa (19901, o processo de profissionalizaqão da sociologia em
J'omgal está já em fase avangada depois de se ter iniciado com os oioneiros dos
anos 70, passando pela instiíucionalizaçào universitária e da investigação cientí-
A

fica (até rneaclos dos anos 80) e entrando, finalmente, depois desse periodo, na
constiniiçào dos sociólogos como grupo profissional (a partir de meados de 80).
A história recente da sociologia em Portugal, e a distância geraciona!
que separa os pioneiros dos mais jovens, está talvez na origem daquilo a que o
autor chama c~-existênciade dois modelos de cuirura profissional de sociól~ R O S
- cuirurade dirsocia@aentre cihcia e profissào e cultura de asqociadoentre
uma e outra, que tende agora a ser dominante. I m.

A q u e S ~ ' mais gmve que O d e ~ e n ~ o 1 v i ~ ~ ~ ~ ~


uma p-51ica pr~fission~l
em rociolo~iapode coloar 5 disciplina cieniifica 6 inconle5tavelmenfe a5 ~ 3
eficiênciaa o*o
Num campo cCJnco""cia] com disciplinas afins ( e , por
15qtr íuocos de Uma Prática Profissional

Quadro 5

h) dispersâo ccll~tifa
RELAÇAo COM AS TEORIAS Drias versões: Insuurnmtalidade p d u t i v a das teo-
a) reoricismo rias (na prorlziçào de conlie~irnmt~
--
Qiinltdade cieniifim + ~rpacidade
Qualidade cienlífim
PREocUPAÇOES DEONTOL~GICAS
t6cnir-a + wsnomaWlidade
-- social
ATITUDE COM QUE SE PROCURA Fuga h profisionalização I'rocii ra d3 profissiomli~ç30
-4 UCENÇIATURA {iiniversitiria ou citlm-universitlsial

ATITUDE PER4mE A Deçcrenp butmanfiança

I
~
PROFISSIONAL~ZAGOA QUEM SE!
ATRIRU1 O PRINQPAZ ENCARGO DE
C ~ N ~ U W D E F ~ N IOS
O N A I S
R PAP~IS
Aos uempregad~r~",
aos "outm~"

Distanciarnenro
Aos prbprios sociólo~os

~n~eressdempenhmlenlo
I
P R E K U P ~ r ; r \COM
~ O
ASSOCIKTIVISMO PROFISSIONAL
Duas vers&S: Combinaçiio do ensino-
a) teoricis~~ de saberes tei,ncui,
h) pntici~tn m e ~ ~ o l d ~ i ce ropenitiirios
is -

Declinante Emergente
P m e NDO~MODELO CUL'KTRAL
9 " s---
" ~--i ~ PORTLIGCTESES
~~~~i;
F ~ w : Cosra, António Firmino da. &A Cultura profissj~n~! dos ~oci6[o~~s"os..
h~A S~cioio~ia
1990. pp. 25/49.
dpPofl!,Rtrp.TQna nmRcm do ~ e Acras~ do 1~Congresso
~ de / ~0ciolo~ia.
~ F ~ R ~ ~ ~ ~ ~ ~
OS Profissionais, 0 s conhecimentOs,
refle~'qO"Ohre
0,
*,,
flovos camQ
6 ainda in~ipiente,mas apela desde j i a
pflm Os indispen-dvel3 aberture do mercado de trabalho
m ~ r c i t ~neces~;írios
os
uinn de c'asse realidade anda mais rapidamente do que os
De hcro, e corno quase sempre' OS utensflios de suporte a esse conheci
do conhecimento % hoje divulga nas escolas à,
e 'éc"ic" que a s"cio'ugia
menro, os
clar.lmenre insiificienreipqrfi diversidade de campos ~ ~ o ~ i s s i ~quen ase
i sapre-
rápido alargamento é Uma necessidade imperiosa.
sentam aos sociólogos e o Seu
A, prãlicas profission~iscoi~cam0 s socj6lW's em concorri.ncia no mo-
sobre a fiabilidade e a validade das suas práticas
mente em que se interrogam L

e também das
teorias. A ciência já n20 6 Uma Justificaçãoda intervengo
- pede-se-lhe uma tripla prova (Boutinet, 1985):

- osseustrabalhos têm de produzir resultados pr5ticos;


-~ ê dem justificar a utilizacão dos métodos OU das teorias (porque se é
estruturalista, ou marxista, ou fiincionalis~a,etc.);
- O seu discurso deve confrontar-se - fazendo-se entender - com outros
campos disciplinares complementares: o geógrafo, o demógrafo, o psic610go, o
antropólogo, o assistente social, etc.

O sociólogo tem de demonstrar a especificidade e a utilidade do seu pa-


pel, e precisa de se diferenciar através de novas técnicas ou do ajustamento e da
adaptado de outras que não foram tradicionalmente experimentadas neste cam-
po disciplinar: 0 planeamento, a prospectiva, a analise de drcisaes são exemplos
disso 0 s s ~ c ~ ó h Sdes hoie são obrigaclas a propor e formillar, métodoilor e
3
t"nicas yeIhes dêem campe@n~ia,e ~ j s i b j l i d ~ dno~ mercado de tnba\ha
num contexto de competição* I

práticas e 0s campos profissionais da swiolo@a


num 'ontemo de p e ~ q u i s ~ - ~ ~ ~ ã ~
Num conie*o alia o Pragmatismo i a clivqrem
entreas sociologias fundamental
'
menro face abemm de novos campos
mente. "É assim qiie uma outra
e
f
Parece estar em vias
eshid de
drsap2reci-
O e novos objectos de conheci-
Orma de com~et8n~ia pijiira opera16ria se impòr

---------
-
profis~jo de sociólogo* situa-la no do saber-fazer que vai da inter-
"
v e n ~ ã O- aveli3ção sociológica face a domínios definidos pela procur;l, ou pedidos
,, ou "OVOS clientes institucionais" (Sainsaulieu, 1995, p. 21).
1;'
~~~~ limite, todos 0s profissionais de sociologia (com excepção tio
I:.i~io,
,o níiiilial-ti que se dedica ao ensino) se socorrem tia pesquisa-acção. Do
pau
,Rdo da i n t e ~ e n ~o2 sociólogo
~, deve ser capaz de realizar inquedtos mas tam-
bém abo~dfi$Fns ao ferreno onde deve praticar urna infewenção com os actores
e 25 suas CUlrurast accionar dispositivos de análise que lhe permitam eniender e
,Rir sobre 0 s sistemas d e acção.
são as instâncias públicas - nacionais ou internacionais - que fazem abrir
.,
no1o campos ~rofissionaismuito especialmente ao nível do planeainento r cln
de intervenções públicas (OU privadas) na tentativa de 'medif a eficácia
dos investimentos sempre escassos. "Do lado da avaliação, é pedido ao sociólogo
Q,, os diferentes efeitos sociais e cultunis de uma determinada política
, de uma acção de reforma. Ele deve entiio praticar a difícil arte de restitui~àode
inquirições como fonte de apreciação de factos observados I...] "ainda" é pedido
30s sociólogos, pelos organismos de planeamento, que construam uma leitura so-
cial das transformações econ6micasn (Sainsaulieu, 1995, p. 20).
A nova profissâo de sociblogo repousa sobre o domínio de uma dupla matriz
de saberes operatdrios e científicos, ancorada na capacidade de intcracção com os
agentes sociais, num contexto dinamizado por uma crescente procura profissional.
O quadro seguinte reproduz o modo s g u n d o o qual Bruyne3 situa os mo-
dos de investigaqão da pesquisa-acção e o papel do investigador nos vários tipos
de pesquisa. Serve apenas pan verificar as clivagcns existentes e os pontos de
ruptura, ja que, face 5s inrerpenetracòe~dos modelos, estas dicotomhs $30 subs-
critas por muito poucos e acredita-se que a posicào do sociólogo depende, em
larga medida, d o contexto da pesqiiisa e do objecto da intervenção-acqão.
Mas e m aproximação dos olhares não se faz sem riscos e parece necessá-
no. Corno lembra Legrand (1975), definir Lima epistemologia a montante desta
diversidade de p c u r a s sociais e elaborar uma deontologia da intervenção socio-
lógica. O autor cita ~ ~ segundo
~ 1o qual
, "urna epistemologia hem consmiída
mcfi ajudar o sociólogo !o arehpomrpam a sua profississ3lo aquilo a que L. ~ e m a i l l y

Cih(io por Goyette e outros, 1987, OptlJ- ~ i t r 4 5 -


.- - - - .. - . -- - --- i
. ,,declinar o pan se instalar definitjvamPnk
dtculrun gcç': C em Yim,de (le *fiocriar O Seu próprio lar, quer
1

seus hovedeirok *- (~egnnci e outros, 1995


em cgsa do. socjo16~icas - P. 115))
cpecjficameflte
novas Profisscies nece~sidade de se imporem como profjssiona~s
A linaridade d G~ Q C Urã,
nilrura ddhciiidgde P ~ le" ~
,
,pi damente uma sociolo~iasem profundi
É preciso reconhecer que a s o c i o l ~
e
da em pcocrnliznc6esa ~ r ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~
dade, b s e a pela simples mzáo de que A Sociedade é
a à,.o pnwi r e ~ p s t a evolutiva do que crêem 0s encomen
gi
mais f n ~ ao ~ ~
smiólopo, é, humildemente o de <ias
clin$mica~SOCiq ,
O plpe do
tenD,do colocar 3s problemáticas da forma mais adequada.

Quadro 6

qumc ~xpeslmentacãto Pesqha-aqão


experlmen- ~peraclonal
PbslpTo do Observador pssivo ~perador/implicado Cata1isacIorJimpli~do
fnr~sHgador

I
~ f n a l i d ddcr
? ExpticaçiJo da mudanp Avaliaç5o ch r n ~ ~ d a nep Conhecimento e pfirica
pesquisa interpretação musal da dinimica
Ftmnu&dò da Hi@teews explícitas Hipfiteses explícitas
probldtfca

V a M s POUCO numerosas,
expwdmais
POUCO~ U M C ~ S ~ S , Niirnmosas,
seleccionadas i;eleccionad;is não seleccionadas
e nio provmdas e provocadas e provocadas
TrnCnmerdo Não mfiivo Reactivri
F Q ~ w : B ~ n citado
e por G y n e e ourros, 19R7. Reaajvo
i
undopn>fissi~nale esteiam#comparativamente com os seus colegas france-
do
$5
' smo ingleses, muito ~ o problemas
mais P ~ G x ~ dos s reais e quotidianos4.
si2 esse facto, aliado a uma linguagem globalizante de explicitado dos
T31Jre~
ien6menoswciais, que tem trazidocamhCm para os mas5 media uma significati-
a,i prese*Ç2I de comentadores de formaçào sociológica.

O q~f~oonamento que pare= C O ~ Q C ~ ~ao- Sdesenvolvimenro


~ de uma
,fiF5jond em ~ociologiae Q de reformular a sua identidade científica, num con-
P "

texto em qüe 3 identidade dos soci6l0gos está confrontada com um trabaho de


recon heciiiiento urgente da variedade dos enraizamentos profissionais, da evoluçio
hssuas fvnq&òes, da diversidade das referencias teóricas e bases metodológicas.
O fuiuro da disciplina depende, em larga medida, da conquista de novos
para os quais é necessário renovar os métodos de pensa-
mento da comparação de teorias e métodos, da adaptagào ao campo das
cienciassociais de matrizes teóricas originárias de outras ciências e do aproveira-
mente de métodos de outros campos profissionais.
É urgente a renovafão das bases de suporte da disciplina atmvgs de "uma
vasta tarefa de avaliaqào da disciplina compreendendo os seus efeitos sobre o
objecto central que é a vida das sociedades contemporâneas* (Sainsaulieu,
1995, p. 135).
~e entre os muitos campos de exploração das práticas profissionais em
sociologia, o planeamento e a avaliaçào silo áreas de grande importencia, não
apenas pelo mercado real que já oferecem - e pelo potencial que poderão vir
a ofererer - mas porque, cada vez mais, os métodos de planeamento, gestido e
avaliação de processos de intrrven@o social são adequados à formação espe-
cifica deste tipo de profissionais. Embora sejam, por definieo, interdisciplina-
res, as técnicas de planeamento e avaliaçào apelam à compreensão das dinâmicas
sociais e à elaboracão de projectos negociados no contexto do jogo estratégico
de actores.

' Ol)<.i~rnenreqiie e s t j nno deixa de rer custos elev~dos.sobretudo no que diz


'qciro a pesquisas de major e de exigências temporais mais elevadas.
,todologias de pesquisa-acção
"0 s30 fB
que utili.
plane8meflt0e
,valigÇa
,ci:ncia- SOCigi~
L
em função dos setis objecrivns + a
,técnicas
2 3 3.~
espe~íficgsda
r O ~ e u d~a n~p soei"
~ ~e IÓ~icasde interessp,
fornas ele identificar P
'"
,sentes, C O vista
e c O n a m~~ ~ ~ f l c t o r e S.
~ 3 P ~ O C ~ ~deÇ represe,:
0 com vista à análise dos
ditdo dessa m ~ l d a ~ ç ~ ~
~ O

tscòes relgtivgs 3 CO"


dos de mudanças i"t'Oduzidas arece ser tripla. Primeiro, cfJnsidenr
A resposta utjlitfiris ~ ~ c i Pó ~ ~ g ~
entre os actores e uma condiqgo fundam,,,l
que a social de i ' e l a ~ ~ ~
innr~ormnç-,omOcialdudvel e 6 em relação a essa Premissa que ,I,
pln
pode evenma~menteexhrecer algumefic~nfro
deve assumir respOnsabilidade~
propostas
entre actores, . segindo lugar.
a c ~ à o ~m
na ne!Dciacào, ,,
s processo durável que se constitui corno estado ire sociedade
tomar em , l l ~ oum
, procunr, E, finalmente, torna-se necessário enviar a pesquisa para a explon-
@o de processos complexos, para a necessidade de desvendar o papel das cul-
tuas, regras e instituiçòes, modelos expeimentais de inovação e comunicacio
social face 3s realidades analisadas.
Para tal, o sociólogo deve dominar metodologias de grandc exigência quanto
i diversidade de tçcnicas. Para além das técnicas tradicionais, o soci610go que
trabalha no planeamento deverá ainda dominar técnicas de diagnóstico e de
análise de necessidades, de construção de observatórios sociais, de apoio à deci-
sio, técnicas de previsio e prospectivas, controlo de metodologias de avali:~@o,
ele. Deverá ainda conhecer metodologias de participaçâo e de gestào que jtisem
a clarificaçào de conflitos e consensos e até de negociação de c0nflitualidades
sociais com vista à elaboraçio de projectos de desenvolvimento.
Neste sentido, o que se pede a um soci0logo que trabalhe em pia-
neamento e avafia~fo é que esteja capacfiado para uma efectiva parti*
de
~ QPrQ~essos
C ~ P ~ Çnos d c s e n ~ o I r i meeonõmico-so~
~~~~ jal, noma-
damente atmvésda paflicipaqã0 .a análise das dinâmicas sociais numa
pcRpcctiva de entendimento do jogo estratégico dos actores, prorno-
a reflex'a 'obre 0 s recuwos e 0 s constrangimentos em hnçfio *

da e'abora'ão de Projectos de ~,ãão, O sociáloRo


3menio deve tiabalha eni pI:i*:-
"Obre 1s possibilidades deuma analise cienlifica sobre as dinámjcas s o c i ~ i i c
a

Piiiic' e ln''erven~ào, reCh"ndo o dua[ismoentre r e c ~ ''~ ~ :


a divenidadç de modelos
c3pacidaci~ Para cksenvolvcr novas m, pr.iticu da sociologil c lc"JO
e t ~ d oCs técnicas de exercicio dil pnlfii-
--

~ q ívocos
u de Uma Prúr ica ProJssional

1
quer um discurso ~estionárioacritico, quer um discurso de
530,
dílica alternativa.
técnico de planeamento exige-se o entendimento do sistema e dos
,subsistemas, das suas lógicas e contradiçòes e a capacidade transmitir
informa@opan que Q s decisores e actores tenham conhecimento dos constran-
imentos, potencialidades e objectivos a médio prazo, tornando-se susceptiveis
F
de conduziro sislema. AO técnico de planeamento compete, ainda, ensaiar estra-
~ , confronto, de gestão de conflitos capazes de suscitar
kgi,, de c o n c e r t a ~ ã de
;iprendizagemde normas comuns a gnipos de valores diferentes.
rês tragos parecem caracterizar o exercício cla profissão de planearnen-
to: i) um horizonte d e trabalho a mSdio e longo prazo; ii) a capacidade de ter
uni pensamento sistémico e globalizante; e iiil o ser capaz de accionar proces-

sos panicipativos e n3o burocr5ticos. De forma mais específica, deve ser capaz
de organizar a informação - de forma descritiva, explicativa e interpretativa -
e de ter controlo metodológico para acompanhar o desenho e a execuqào de
projectos com base cien tifica e niirn contexto participado, bem como desenhar,
ammpanhar, executar e divulgar programas participados de avaliaçao de pro-
iectos de desenvolvimento.
contra essa vis30 qiie C preciso rcrlefinir n
ideia cle desenvnlvimento como umri associaç~a,
~ 1 3 0s 0 cia deniwnciu e do crescimcntn mas, mais
profiinclamente aincla, de unln hrranyn crilturaf e
de proiectos rle fiiruro I...]. I l a v c r i maior dene-
g a d o cla lil?ercC:rcle dcmocfiticn rio que a conde-
m ~ i i ocle uma maioria dos seros humanos a 1730
poderem ser sujeitos da sua prfipria história?"
( Alain T o u m i n ~ O, Qiie E .a C I P ~ C K I19941 T~C~C~?

I
O planeamento, como qua \quer metodologia de pesquisa-acçso, exige
fomns de irnplica@o dos actores nos processos de conhecimento e de acçio.
I
~ s t participaçào
l n.lo é apenas um postulado ideolbgico das metodologias de
psquisa-acçào, t urna exigencin funcional dos próprios processos, pela simples
nz.?ode que a resoluq5o de problemas exige o accionamento de recursos (ma-
teriais, mas tarnl~ernculturais e simbólicos) e estes e s t h geralmente na mão de
uni leque diversificado de actores.
Esta necessária "socializaqào da sociologia7'é, simultaneamente, génese e
resultado de um processo de empoumment' que deriva da procura de novos

I
O ~ w i c e l ode pmpau'fntcnt nao tem rradu@a em ~ O R U ~ U mas
~ J , signWca, Se Q induzi~mos
i krra. hC!pa,jdnde de udn um panhar poderm;dito dp orirra forma. o emwvrment significaum
prwfsso de apmprirdo individiia] e colectiva do social. Nesre crpirulo usamos o termo sem
OZmdu2ir.h
ra o , o livro de Fridman. John. Emp@uer-
aprofundar o dFsenvo[vimcnfo do c o n ~ ~ i lver
"" '"O PolÍtica dp Despnv&men[o A llernali~o,Lishon, Ceka Editores 1996-
t
i Emcrgncia de democracia ~a*icipa''va
I

moderniclldewm ViM<lo
A 3 ser ~aracterizzdapelos processos mundii.
a profundas mutaçòeS so-
lizaçãoda economia,
ciais, ~ ( ~ a R~l ~ b a~ l i z a~ ~d"conomia
g ~~ ~ humaa profunda alteração do
vindo a interrogar a democracia e 0s processos
~ ~ ~ ~ ~ l ~ ~que~ ~ i d ê n c i a
exercicioda c a d a t i a na sociedade moderna e, muito especialmente, a funcào
da esfera pública ao nível do que tradicionalmente foi 0 seu papel nos mecanis-
i n ~ de
s reglaçâo social2.
0 s processos de globalizagào das economias não parecem ter sido acom-
panlndos de uma correspondente articulaçào de esferas políticas; no entanto,
essa mundializaçâo provocou ume profunda alteraçâo no entendimento dos
Est&$-naq-() e uma profunda aiteraçâo nas funções do Estado. Essa alte-
ncào só pode ser entendida no contexto deste aprofundamento da internaciona-
lizaçiio e na instabilidade crescente do funcionamento de mercados e sociedades.
Se, por um lado, as empresas, através de um poderoso jogo de alianças.
tendem a constihiir gignrescas estruturas oligopolíticas i escala munclial e fon do
confrol~ dos Estados nacionais. também se verifica uma nova alianca entre essas
empresas e os Esrados 'locais". "O facro novo é que os Estados e as empresas*pela
mundialização entre outra!: razòes, entrarain numa tlinâmica nova de aliança [-,I*
A
tese é que este facto novo é subtil: a empresa está a tornar-se a
oV~~WA ~overnaCàoda economia mundial com o apoio dos Esados 'locais'"'
deQ
f'ct~j imudialipacào das economias vai exigir novas aliancas entre
empresas, e Ec;r~d
. . ''9 que altera profundamente a lógica de funcionamento e de
legirlmidude de e de outros. empreras &,rerudo ar internacionrii
mn' 1
imponante nwt l l e r ~ a mundiais
d~~ adqiiirem um, lepirimi dade pr&i-
ma autrnra akihuícla Estadas ,p kUtm el
as exigem aos ~ s ~ i ~ ' "
A =rise do Estado-Providência e as novas funqões do Estado

O FItsdo-~rOvidênciaconstií~iia forma política dominante nos países mais


>L

oivido~,na fase d o capitalismo organizado, tendo sido pane integrante do


lo rt?pu13càofordis~~,ciiio sistema se encontra estnitundo na base de um
Este contrato é fundamentalmente um pacto estabelecido entre o
,,
I compatjbilizar
sob a egide do Estado. 0 objectivo essencial tlesre contrato
os interesses das forças do capital com a promocão e a ganntia
rancg, da solidariedade e da justiça social individual e colectiva, meclian-

,, um equilíbrio da relação entre acumulaçà0 e um elevado nível de


in,~e.cijmento~ em bens. equipamentos e consumos sociais e uma estmmra admi-
, i r r n t i ~ ~consciente
~ da legitimidade dos direitos sociais dos cidiidàos.
!bfesrno variando as suas formas e os conteúdos assumidos, de país para
referenciam-~egeral mente qtiatro preocu piiq6es fundamentais o r i e n ~ d o r a ç
do contrato social: O direito ao trabalho - visando fundamentalmente a gann-
ria e ;I manuteng30 do pleno emprego e a tnellioria das condiqòes d e trabalho
~ ~ ~ m e a d a r n e:~spectos
nte relacionados com salários, duraçào do tempo de traha-
1/10,indernnizaçòes e acordos coleaivos); a luta contra a pobreza e a exclu-
são social - visando a garantia de um rendimento mínimo e outras formas de
assistência social; a protecção contra os riscos individuais e sociais - nome-
adamente através da implementaçào de sistemas de seguranga social e seguros;
r a p r o m q ã ~da igualade de oportunidades - mediante despesas e inves-
[imentos públicos nas .íreas da educação, da formação profissional, dos trans-
portes, da cultura e do lazer, bem como a implernentaçào de medidas em favor
de áreas, grupos e minorias socialmente mais debilitados.
A competido entre 0s espaços leva os Estados nacionais a assumirem corno
fundo garantir que as empresas - esses actores-chave do seu desenvolvirnen-
'O-c~nsi~arn cretizar a mu ndializa~20 economia "nacional". Eles garantem-
-lhes 0Wcustos de jnfraestnitLiras, as n&essarias isenções fiscais, Q melhor acesso
'Os nlercad~snacionais e internacionais, etc. Por toda a pane, OS ~ s t a d oefeauam
s
3ncjas macjp;is de IYCU'"~ rolcctivos púhlicm em f;rvor
rnnskrc fim de permitirem a ~ ~ ht~nlprvj:,s ~ r~ nrl. ~ i ~
l,3das, sobremdo rnu lf in:Kiona ;t nir,
recesso de acumula~io-
i~g u P
n u t r n ~ do
,im a uma jnterven@o crescente dos Estatlos a,, ,i,,( ,,
Assiste-se, , -on;,
uma vez que urna niic:io eSi integra<l:i na economia niiinlliil V ,
mito mcrcaciorias \fÍoc o n t r ~ l ; i < l : n,r,c
~~ ,'
pr0daliv3 e "circula(30
imolanrrcio h Y I:!

das Estados nlcion:liç


Estas fnnsformaçòes hinçòes e , necessariamente. 1fi~il.a <hjiip:irc
indefjniç&s sobre OS novos modelos de intenlcnci C ry,
pons~biliza~ào colectiva e, sobretudo, uma proflinda crise dt>s tradiçionl,
mecanismos de regula~àoe participação social''.
O desen\iolvimento do ~stado-Providênciaprocede de uma 16gic.a de ini,
gmcfio social estreitamente associada ao penodo de hoom econ6mico c as &o*,
keyneganas que atribuiarn ao Estado uma capacidade de motivar a er:oncimi
Este novo Funcionamento do Estado e a diversificação dos seus p:ipiis têm c.
sequhcias muito directas nas dinâmicas sociais, quer ao nível do finnnciamen
e da eficácia dos serviços, quer ainda num constante e paradox:il apelo 1injci
tiva privada, à "energia da sociedade civil", concomitante com a crisr d;ls pcili
tas sociais pfiblicas e Com a ausência de um modelo de refesenciri.e clg idejn
interesse público.

A estatégia de actores e a emergência de u m novo contra1


social
Mas se assistimos a uma alteracão das funçòes do Estado, assistinios ia'
bem a uma renovação do olhar sobre a "sociedade civil". A discussão r m lnr
da democracia e da cidadania pane do pressuposto de que C prrcisu rehir<:ir
mecanismosdemcfiticos da sociedade actual e m~ontmrnovos c a m p
ds- d a prna agralrar0 s fen(,menos de tlecimial-
@
.,v

df '@
nuni&de~. E513 c~ncel>ciQse c o n f h uma crítica à sociedade mo-
r.; ' ,,,&
:,.. ~ w murna gmflde crencd na capacidade dos indivíduos ( 0 s actores
^nn3, ~ r frnm
l
v. lecrjvos). das ovsniza~i>ese das instiniiròe, de rcinvenra-
í, dr;:J~fiI ou
capazes de inventar novos campos de exercício democrático.
.; ! r~ e (- -
+ . .;e apn esramos habituados ao exercício de uma dmwracja repre-
!
i por que hoje se clama e o r e f o r ~
de~uma democracia paaici-
r 4 3 1
.t3- Corno afirma Boaventura Sousa Santos,procuramos 'outras formas mais
r-
i f3fT
; cornpkx3. ,de democracia' capazes de lidar com a complexidade da sociedade
?i
. I
,
I
s viver e de lidar com o social. "A reno-
I com 3 dfitysidade das f ~ m i a de
i zcíua.
l

12~30
da ieoria demociárica assenta. a n k s de mais. na formulaqio de rritérjos
- . F3rticipacjo polífic2 que
2
confinem esta ao acto de votar. Implica, pois,
, ,niculano entre democracia representativa e democracia participativa"
ísanrnc, 1 9 4 . p. 233)-
Çlamque isso pressupõe que procuremos um outro modelo de desenvof-
,*cnro que não re reduza a um conjunto de prescrições técnicas, mas que
acn~mamscoma urna ideologia que, coma tal, tem uma certa coersncia mora].
9o ~emvolvirnentosignifica alguma coisa deve ser a çiara melhoria das con-
d~& de vida, sohrenido dos exc~uídss,e isso exige um Esnda consciente, não
$emic+onirio,e também assente em instituiçòes de democracia panicipada.
Pan que tal articulaç5o seja possivel é, conrudo, necessário que o campo
do polirico seja radicalmente redefinido e ampliado. A teoria política liberal
[nmformouo político numa dimensão w ~ n z a d ea especializada da prática social
-fco~finou-oaos políticos. Hoje, a abordagem do e n i p o ~ ~ ~ m que m t -4 ftmda-
M Q l na procura de um outro modelo de desenv~luirnento - coloca a ê-nfsse na
au!mmia da tomada de decisão de comunidades organizadas. Assim, a mp-
'mmt político parece exigir o emporuennmt socinl.
Pretende-se que, na sua forma mais simples, a cidadania seja um conjunto
de direitose de obngaCdes que envolvem todos os membros vimais de uma
'mwidade política. sem olhar a género, idade, emicidade, níveis de educa@o.
qualquer outro critefio que possa ser utilizado para ~srfingiruma
moiça m m s á v e l e excluir cidadjos do exercício, sem barreiras de direitos
a'it'c~~e der?eresc ~ i c o s .

trm
A ~ O C M C6 o~ regime que reconhece os indivíduos e as colectividades
' '"itm e a sua mzào <Ie 6 , assim, o reconhecimento do outro e a

- .- .
'- . . L
u---,+ - + - - L..
- 2
interesses diversificados se clarifiquem.
Neste contexto, a intervenç:~~ social estd intiiflamrnte :irt icui:itt:l rr im ;i
estratégia de a«ores, chamando a atençio para O facto de O csp;iqii ~in:i:il

nj, 6 homogéneo, mas resultado de tlinaniismos especificas, coni Iiistfiri;is, inrc


resses e recursos próprios. A estntegia de :iciorrs est5 n o centro dos fcnhrnrnw
de desenvolvimento, fazendo e~iiergirsisteni:is tle relaçòes fund:idas no sei1 ~~oiii-
portamento interactivn e nio em funçòes ecan6ií.iiciis, soci:~ is oii cu lt~ir:iis, xibp;t-
d a m e n t e . Esias dinlrnicas sfio atravessadas por relaçòes cle poder e pelo ioga
de interesses inerentes B defesa de unia diversidade tle posiçòes e influcnci:]r. 1:
no contexto destas dinâmicas que, como define Crozier (1977, pp. 9 l -%I), ''nid:~
actor dispòe de uma certa margem de liberclade e nee;r,ci:iqir~ r poil:inio
dispfie também de poder sobre os otitros autoresv.

A introdu~àodas metodologias de pafiicipiicfionl.; discus~.;0cstio pl:!flc:'.i.


. I

mente a sua ancomRem em nows conccpç-es <Io tlesenvolviiiiento. dc-


senvoll7imento\'indo "de ha ixo para ~ i m ; i *( ~endfiReno) e liiriiro ~ l : ~
;i1
has's da democracia 620 OS dois pilares
defes;i iiIii:i 4ainrtoLjoloy;i:i p"'lii'i-
patim de proiectoqi.
. cspfichç30 e 3 c ~ i a l i ~ l Cdo
' ~ 0p r o c e s ~de conducào das6 um
do.: modos sociais de orpa-
mflt-lmenforrconre. prora\.elmente ligado à e~~\.o!udo
*
niildn rnlnlho e <la<acfivitlndt.5. cnnsideramor. ar formas de entendimen-
r Ik promm2n da implicado dos parcviros. 3 evolucGo dar formasde iniemir
, ,,w.~nizgra inreri*rnc9osocial Com que ggmlmenre 5~ apresenlem
dclor de planmcação. 011 tf& matos de conducjo da a c d o que,oh\$ammte,
,,{I c40 rncrlclus dc ardo. mas modelo5 de leiruni do real (Boutinct. 1990).

i) trn pdmetro modo de planiBraç3o repousa no facto de. no proceí-


9tii pl~nifirnqio.<ipapd ewencial nSo pcnencer atlç participantes da acg50,
m ~ 30sc promotores in~csticlo.;do l u g ~ r
d e mnrstm. Yo planificacòes di~ítsVa-
eionais". c:~ncreriiadnspor um proce.;so centralizado de planificado linear.
iniiqtind<ls<iheum percorso mental que vai da análise das necessidades
atC à mliaçáo. D:í-se muita importância 4 aw liacão de s ~ l u ç ò e
de~ C O ~ C C V ~ O
no qiindro tlo processo de planificado. .\~rilin-se idealmente rodas as sulucóes
~*ti\-eis.já que se escolhe a soluç3o óptima, gemlm~nteconsidetada do ponto
Jc ~.ist;l ç l n cu 5tç). 'efi~lçla.
< ~ ' ;*de ~ p t w @definid:~~
530 3s p l ~ n j f j t ~ ~ditss ~ " p o r BeFf': ' ' ~ ~

ohiwtir o. mt nir rlm d~ rec~inos e qfndtnr constrnnJ?i m a tos h.for-


" p r p h mn,lpira mais e ~ ~ ~p com m o~ m&mo
~ f i& o ~ W Wn i d ~ d mde t?vitoO
~'P.Tw r&znr o dyjtO n&Ktir Q .*. kio. ain<\aqas planifinctws u ~ ~ ~ ~ ~
qiif pOdeni ser definitin5 cr,mo prcjecto<de rezwyta 3 enfl>mt.fld:lqdqr cflen<w.
iil Um seplzundomodo dc p!a"ifi~aG'3n i'"l"'i'':'* i ' ~ l i i i ~ ,i,,,~ ~ i , ,
' h v.ili,r,
parc.Llircis nii n.;lliz:iqact (1:' : I L V ~ ~5:Iil . :ir i'l:~liifii':i\~l )te., 1;
zaC:to 1 hiP.
racc?onlata",dclinid:~. < ~.(,i m(] k l , , l , I ~ O < I C c~kIa~: ~I ( ~ C I; l ~( j ~qt1:1!
~ t l LI(^{* i,\,,~,,.i,,l
v'tllri
rc~;ii*cm.lo. tmnisi
h5 [:ist'~ iliint.;i r*qi,j
se baseia nuin ciclo <Irn c ~ > fcl lf'ulliq,i,
<hs:c,as ror,-cl:,c-i m-sc iini;is s oiitctr c 530 ~ ~ ~ t ~ s ~ ~
dr
~ ~ a ~ ~ rl*rL,t,,,st,
~ * ~ ( l t l ~ ~ t

3s : I L ' C ~ ~ CtS f0ilii:i "riita-tpF,~


ndnt;l*
viver i1n-n prOc.CSsri, .. c
;tn;il iu:c-lo r<a:i~ir

f~jnd:imcntandci-s n:~' a c ~ . ? colectiva"


~ com hsc. no r ~ c ~ c i i i l i < ~ , r i,1i,,,i ~ ~ ~ ,
-a~ifici~nci;ldos indirí<luo~e n:i . i ~ : ioip:iciii:iJc Jc o r p nii.;ic:lc i. A ~r\i;l(,t~,.;ll,,

penhij um p:ipel iiiíniiiio, a deçislo pertcnrc 3 poliiil:iç.'ioc :I :tc.ql;io <arili,riii,,lr i ,

longa <Ic. forni;i 3 permitir :i p;irricip:icào de l ~ i t l t l 5 -


iii) Num terceiro mado de planificar. t~riicnde-scC ~ ~ I C0,s I p;,nirip;ini,&y
ne realizar20 de urna ;icçào tlc.w.ii~pcnli:i~ii clctcrniin:iJos p;ipSis r rsscy 1,:ipci3
7;io OS motores rla acçio. SAu as nc~6c.scom h:~seno "partenar{adoR,
r l r~~trlit,lr,,.
das 8tr;ivi.s do encontro cle ~~rccriros com :is inesrnm intcnçiic.~,qiic l,;is~lj;ini:,
accào t;l nto n:i identificacio dos rec~irso?; Face 3 LIin prol~lciti:~ c.otn<ino ni:itlclr
cimento de objectivos comuns. hqu i ;I p;itíici p;lq:io !i n i 0 sfi orgA!:iniz:líl:lCoflii,
conirattializatla e funtlamenrndn na intervençBo dircct:i dos v:irios pijrtit'iplflrc'5
na clefiniflo do projecto.
SPo planificaçòes ditns Snovadoras" que pretendem inrimodiiairmilihifl-
Tas e que colocam a t6nicn mais sohre :i prodiiçio de reciirsos do qilc snl>rrc
dis~il~uicio CIOS existentes. A ncyno colrctiv:i 6 partilh:itla, ,*ias os p:ircrirififla
tem necessariamente os niesmos objectivos p:irZi:i I ern est:ibclcc.itlci~ri;iKu""
pmleflo, ientlo ncordado sobre ohje~-i.liv~~ especificoS.Assim, este tipo <liI7I ;int';i-
Inento pretende estabelecer consensos face a ol>icctivosr rnohiliz2f tiltlo r tcJcis I

com vista h sua


-pli~nifi~cào~cnlm~na I
';iiifonom?a*
- r~tatfigta..de maxlrnim~fin - pl3nirim<=?Ludita 'raclical"
-- -.
A funçlri tlr diwr-q:in A fiindo rle direrç.Io wtii
asrcpiicicta ~ l r n :~u-giind:i vir C ! I \ ? C ~
pnnrcipnntc.; na n-n!iza~I:lri parcciroi; qur, n:lri acndo
rla ;ic~;ici t~smr7irntx~atjcdrvcir para
alem (iíi nr-qhci. cncrintr;irn
II
i n l m w comuns
suwepiveás rlc .#cordo
cm ~hpç~ivm cgir#'cifirnq
I
1 c+3q3n
1
k-p~m JPdmi& r ) i m ~ à nrmtr~Iizada A ~ e coleciiva
o
F ~ K .sxmis
F ~
--
, -2s 0 tW~ii0
d

.W4& ewiw
f l & m ~ r a ~ cP k1l ~ 4 p hi
, h l n d o linmr EImio ptngw-ivo
ri prrispns
/
F
Modo c o n v w n i e
1

r*dmrrn pml
I
-
, rexpliíxen dm objmivm - mlhor cc~nhccimeniodm 1 - tbxplonflo dos oniextos,
S;, ~ 4 x - dP
4 ~ ~ : - d odo mciozmliimtc, meios de que sc dis* I inicttsws. cstmtegias dos
,hj.n%oc&~ i mnitxichmcntc das mnrliç- - prrrrim de px~ihilitl:idi~ itr.towl;
I rnaterinis de i m h i h o mais t:inLiin%?s 1 - idrntifimda das
- dçfini~odc saiuçiics ccrnvergi-ncias e nbjec-tivns
- daennimç;lo das priofidadrs - identificado dos recursos
- definir1~1da!! pssllrilldadm
- subrni%~inaos parceiros
Face 3 escolha das
prioridades
- r.vcntualmente repariieo
<Iasmponsahilid3de%das
sutrop2raçiks

--a iI - fnmçalizad3 - urmsflins de exprrsda de - nieindrilagUis de


HLSCr.mr
.
i- obpxiva-anre de.scjas e aspinçties clntificnqiào dos Inte~c.s~lri
1 - r r p w ~ ~ .whe
d o um ahn - rnelodalapiu dc refle.dio d<n p d P
i dificado sobre suas prõprias - horixind
utensílins de c o m u n l ~ 3 o
entre os p p o s
I - a m p a n h d a de um pritias
pnsruladu d e m e t a s - I~vorecimentoda
implimáo

"
1

r.
?. narhirr. 1')91, pp. 254-256.
dc &tl \iistfirico*o [erni(i "(i:trli~ip:l~fiO" 5Ll:i.; ori~!~~~,,
nPllm iclU

nas tentíitivas reconcjligdotl;is rclaci~cscnirt' clpir:ll i'~r:ilXlflI < ) . 13:ir:i ;i inra


tratava-se de ioriiar o opecírio solidario com o dcsiino t!:! sil:i cmmprcs:l~ ~ i i . t i ~ i -
p;lnindo na sua gestào e no processo de ;icumul:iq:io. A t l c k s s :iiiiog~~iii,n;j~j:~
tomou n1uit;is formns, mas o que 6 itiiportantc rihlerc qilr Psl:iv:l Uni c i l L i \ : i iriiia
viQo da sociedade, do poder político e económicoa
Nos anos 60, 3 participaç8o da popul;içito, se I ~ c i i ci l i i ~<Icstirtlrn:itl;~r
por ~~ezes considenda deinasiatlo confli!iial. er:i tn:tis o u invnos cvkkbntr. Nri,\
anos 70. as "lutas urlxinaa" pareciam tomar « lug>?rcle iiin moviiiic~ticr~ opc.fti.io
n1:lis ctesmobiliz;ldo e estar no centnr cle um ccinflito scici;il qirc sc :ilimc.nt:iv;i n;i*;
oposições (cntrt. senhorios e inquilinos; entre :iciininistc1~9oe popli]:iciiLastrir.).
Pazia-se, e m todos os tons, :ipelo à pnnicip;i#«, porque a?;popttl:ichhs p:irrini;clii
fechadas na sua própria concha e « ritino de vid:~qtiotidi;icio p:in.ci;i clispo-
niljilizar rernpo para a ac@o colectiva, que, qu:inclo emergi:\, ;lsswtni:i frccyurtilib-
mente a Forma cle uma "vinlCncia ~ir\~:tn;i" virulenlta.
O que poderemos reter da e v o a ~ ~ fd:i i o participaçiio nos :inos 60 tu70
que esta n o c h estava indissoluvelmente ligada ao poder, considerad~mmo
um ter - seja como um remédio (de um conflito dc ptdcr redisrril~iiiri~lti "m-
Ilior" as possibilidades tle decis2o); seia corno ii11i:l conquista (tlc poclcr ptbliri-
C«): srjâ como urna negociação o ~como i ;i idri;i tlt. uma p;lrrilli:i ( a iitopc$tii)ri;iri:1)-

Em qualquer destas pçrspecrivas nonat se sai dr. um registo oiii~:ili<liiil~ linu-


ar do poder, em qiie ele é detido por lima única instância, e :i quesi:io ~ . ~ n i r :6i l
:i de sohcr quem o detS-m.
,
(>liR I. *
,,«I e
iipvlo 3 0 envolvimenfo dos cidadàcis na accao pfih]ica. assim que
i , . ~ ç s;lqenl dn no(5o de panicipaqfto à noyq 6 o de pl~rtenarindo,
sendo um coro-
r I % . .
iano pa~s:igeiil<I3 in1c~r:icGoi i n ~ e r c hrctnett.,
, sobretudo, par:, a criacao de
n(71';i., Jr ~ o f l l u n j c f ie~ repílflirao
~~o (t\irejtone deve-
de responsal>ilidriclcs
ilntre 0 s cid:itl50~e as suas iidniinistnçfies.
O ponw de vista Iiistórico não 6 de n e ~ l i ~ e n c i anesta
r análise, dado que
Iioie3 nocio de panenariado retoina, com algl~maconflitualidaCle,iim deh~ite
priléniimanterior.
Enquanto que a nociio de pafilcipação remete para um esquema linear de
,,tlçicio do poder, a noçQode paitenariado a l m as portas às práticas fundadas

no princípio tle intencção entre as popuiaçòes, os técnicos, os decisores e admi-


njsta<lore~ p m os quais as referências não sào tanto o poder (a sua conquista, a
siia panilh:r, a sua consen~açfio)mas :i a c ç h em si mesma, ou seia, a resoluçào
efeni\,a de problemas que sio consensualmentr identificados porque são traha-
Iliaclas no interior de mecanisnios de comunicação entre todas os parceiros. O
poder esti presente nfio como "ter", mas antes como inrencçào social sempre
ne~oc'oci:ível~ ernlm-a clesigual e confl itual.
Exige-se, assim, um novo modelo de acç8o que substitua o modelo associa-
l i v ~rradicionãl. Esse modelo considera a reunião de esforqos de todos os
, pne se preocupam com a resolução desses problemas de forma a traçar
objectivos comuns quais forem as divergências noutros domínios
da vida social). ~sredispositivo de "partenariado" distancia-se da concepçào de
poder indicional, visto que as pessoas que o exercem fazem-no em funçfio das
p;ir;i qlie o proivcto x r t.iosç:i ;ipclid;ir Jc "'dr.scnvcilviil~I~nln". ~\ll:is r.l;r:i iiirii;ii,l:i ri(* i
consciCncin, scndo uma rondicr~oneccsr<~ri:i,n3o i. biitl;l ct>ndiq:t<isiilliiieiiit\ A
rcinifld3 de ct)nsci?nçiii d c v ~ cst;ir ;issricjacl:i ;i ulii Lbnlc.olvirmr.fitci";i t oiil:~rl;i(lim
I

I
decishes, nas acches e na continin :iv:ilindo de io<loo pi.c>iccl(>(li. :i<c:i<iI'sic*

i Diga-se, no entanto, que cstc j>rncesso tle .*p:i17 icip:i(*fio" t i a o 6 ;I llcn;ii


uma qiiist3o ética, e ideolbgicn. de defesa d e Iiin;i dcnioçni<*i:ip;irticip:lti\'~~ -
antes dc m ~ i i s ,iim;i nrcessictndr tecnic:~ doi procrs.;os c~rt;~~nvolvii~irnffi.
Srm conhrcimenh, milito prhinio tlns nrcessicl:ide?; dos <It~srin:it:iri~~h
(' <Io'

rril:intes 3ctnrc.S q~it.detem W C U ~ S ~p:irn


S lidar coni os pr()l,lrni:is, qi~:il<~ili'r
~rtlicitn n b p3ss:it-5 de iim documento escrito. A 1fikmt t ~ ~; ~~ I ~ * ~ CIIJS
t i y \irtlCLm."
:l
"5 dercnvol\rimenro, a o exigir o acçion:imento recursos ( in;irchri:ii5 in"'
i'ilbcin cilltiir3is C simhí>licos)dos v5 rios :ic(oms volvidos,cxiae iii1i:i parri-
I
cip;\cfio :ilar~:idapara ser
t
I

r. .
rincluind{) aqrii 0 s prf)f--'cSsosde idcnii<latlc individu:il, mci;il r rcgion:i[)
w p v f l ~ hlopgr,
~ ProccssfJ de CCIn~trucfiotios mecanismos de comuni-
(a, efl
F'rmancnte entre= 0 s v5rios iictores implicados no procpsso planes-
, ?iznir> inr~iiiodo squi 3Penfis 3s qucstfies das rrtles tle comunicaq$o. mas
lLml+m 3 5 que.crBes do podet).

A ecteS níveis, fi reflexh s0hR a expenencia acumulada :ire parece


fitndaml'nt31 porque ~ " f w uma grande lacuna de conhecimentos sohre os
Prm
3urc de ~ofiKiencializa~% e de expressiio das necessidades cios v;írios v-
pm *ocin is. Se, desde Pinget. muito se com hece solm o processo de comunica@o
e p v x c s cojgnitivo
~ por meio do qiial as crianças conhecem o mundo, muiro
Puco 'it. conlzece, a este nivel, sobre os adultos.
a m o sc processa a tomada de consciência de si próprio e tlo respenívo
enrv social! como se clisponihilizam as energias para uma ac@o colectiva? Como
<e ronstrhi um processo de intervenflo onde os vários actores sociais, população,
~ K O púS hlico~.out a s instirui~6eslocais t2m diferentes domínios dos saheres.
da pnlavm, dos recursos? Como se constrói, na base de uma relaçio d e parceria. a
comunicado entre t6cnicos e pspulag;áo?
O processo cle conaniçfio de redes de expresaào e de comunicaçii:io, de for-
ma horizontal, baseado nos objectivos E! n30 em hierarquias, 6 um meio hndamen-
tal de conTtm@o da coopera@o e passa por valorizar as formas de expressão
individual e colectiva dando-lhes voz piiblica, fomentando e apoiando as
lideranw 1ods.
X'io pode haver projectos sociais sem que haja interlocutores de ambos os
Iada. Se forem criados, desde início, canais de comunicaçào coopernntes (e nào
dominaçáo), um p ~ j e a oinst ituciona l pode tornar-se um projecto colectivo.

A associação dametodologia de pesquisa-ac@o a uma dirnenslo de parti-


ó ~ d temo feito com que muitos autores a considerem equivalente 3 observa-
Panicipante. No entanto, o objectivo específico de transformaçao do real
mo em presente e, invmamente, a pesquisa-aqào define-se como uma meto-
d''%ia de intewençào transformadora que, para além de implicar OS investiga-
d
na soluflo do problema, assume como necessiin'o o envolvimento das
, mulac*s em i d a s as fases de implementa~.?oda metodologia.
- permitir u]tnp:i';snr os Ftindnnittnros c~rponili~is[:i.;
thO t~piriit, in<\i-
vidualismo,tecon>nipo"do 3s relgçòes entre ~orpci~i~ci.?; L' r~'ciiy~r:tndo incL.;ini,-
mos de e de coopençào:
- recusar um modelo canicterizado peln conccntr.ic;lo dc podVrI. ;i iiisi,in.
e cidntl3os - o pnneníiriado seri:i i i i t ~ r iforniii tlc s<ici:iliz:tr :i prtxlii.
ciaçao f ~ c aos
~ à eo a partiçgo do poder desempenhando uma f ~ i n ~ p:irricip:iri\.,i
3 ~ v i\il
implicaclo dn populacão nos processo5 de decis~o:
- apelar a que, face h crescente conip:irtiment:iclo tios nicios polir ir 05.
económicas e sociais, o partenariatln surj:i com nnIv:iscondiqiics p;ir.i i1ni:i .ini-
culaçilo entre os sectores, ultmp3ssnnclo 3s clit.:ipen~ t. p r ~ i n d resp:~(;r;i':
i CIVd i i -
logo e çIe tormadzi de decisão;
- pennte a crise do Estado-Prot.idSnci:i. o parten:iri:iilr> pcririirc esi:il)elt-
cer um novo quadro de relaçòtis entre a adininistrnç30 púhlic:i. :is :i~.;ot~i;izfic.:
!
I
privados, as redes sociais, as empresas, etc.;
I - face 3 c~iiiplexidadee h multit\imençiona\i<I;~c\~ fen<>*iicnos,o p;inrn-
I nariado oferece oportunidade 3 concretiz:içAo de novis forni;i.; dc rc.spo.;r;i. el.ir
próprias multiclirnensionais.

De entre as definiç6t.s tle partenariado estudndn?; por Alcitlzs 31nnkir(i


(1995, pp. 76 e SS. ), encontilimos as seguinres:

- *O panenariado [.. I
é n cooperuc4« ~ o n t ~ ~ [ uentre
; i l 0 s múltiplos pir~.~*irc"
locais em torno de projectos comuns ou con\.t.rgpnt.ntes - ~ > ~ r n i icoonlcnilr
rc
1
i
iniciativas numa perspectiva de coniunro difiçando ysplçm ele solitl:iriei~:~~~~ (luL'
congreg:im 05 actores locais nuinn I6gics hofizonol de rrcun\iec.cimc.nt~ n ~ ú t m L>'
i1 de comunicacào'' (António Nójroa);
i - "panenariado uiri processo pelo qual rlois ou
e :igcnle.;. Jc n:iii~fr?-~
conscrnando a suz espedficidnClr, ppòein :icrinlr; rr;ilii:ir qil.ll*
qLiyrçois'i?nllin d;itlo tempo. qiie é maior do que :i sonin :iccsi,q cl\lc ":L"
i P * ' frrfr
~ ~~ 6 ~s ~q~~ I'e~diilinm
~ ~
i(i impli k;i ri>ctjs '
hent.ficios' c Jordi Esrivi]li
de panena fiado estabelece entre 0s que e5rào implicadas
Jf F'ntli.n~i<iA WIGIO
com fim de tnrar
~iniR c~mplexasque podefiamser consjdendas
~
I'
p1rt
um dos parceir~sl como sendo do Seu clomjn io de competbnn (*hu sgth ),
t Nestas dcfini~*s eçlao presentes duas condjcùes de esc1belecimento do
I
. ' F ,tlten;irj:id~:o acordo expresso e a existência de ~ ~comnní~Pari
C 1
i v
'1~ , e duas condiçfies se estabrlefarn i. necess$do o reconhecimento
. ,
j
m
S d l sua com~lementahdade,num Contexto ele consen.ado da funcjo
P
l
,Fcifiatle n d a um, bem como a necessictade de consenso sobre 0 s obieakos
.rios. independentemente de possíveis kneíicios, ;issim como dc di\ferP,encias
. w 1 7 ~ ourros domínios de actividade.
Em gemi cita-se [rés e ~ ~ m e n tque
o s deve-eniser reridos pnm a d d n i d o afia-
lí~a c fec~indado conceito de parceria. Tra T;I-setle um p r m e w de ela bnc~o e
apl iacão de estm t9gias económicas e sociais. h s e processo é V O I U ~ G H ~u,
ninguém I5 esti oI3rig:ido nem lhe C imposta a presença por nenhuma aurofi-
tiide. E um processo decisional que implica algum poder de cxrc.uç;io. Yesw
wntido, poder-se-h defini r concertar20 como um processo voluni5do e decisional
de elaboraç2o c accionamento de estnteprias e políticas econúrnicas e w h i z no
qull panicipam diferentes actores económicas e sociais e o Estado.
Sendo uma forma tle panicipado, o partenariado tem como corolirio a
cri*ncia de um compromisso face 3s decis6es toniaclas e nas quais se toma parte.
Como sublinha Çlaus Offe (1981), a ccinc~Çaoirnplia um m m p de ac-

: do mais aberto e um compromisso mais const:intc e formal, sendo ia um prwessso


onde os gnipos se \teem atribuir um estat~~io e um pspel particular que tem conse-
guhcias para 3 sua acçh. Assim, a coriwn;lçào compromete as pxtemnuma troca
pnliiica, isto 6 , numa relaçso entre o Esrado e os gnipos sociais ~ ~ ~ n i z a na dos
Y J se~ efectua uni:! ar}>itr;igementre os poderes pdíricos tle c~d:ium.
O Estado delega nos participantes da concertaç30 urna p r i e da sua rutori-
I d ~ d tpmiitindolhes
. ter um papel ao nível dr definição de políticas. ESSE+ ~nilx>s
" h assim uma paire dos recursos materiais e simbólicos do Estado c , em troca,
Pmmm acordos e uiijjzam 0 s seus prdprios recursos porn asseguunrem a legiti-
midade e a eficacja das decis&s zicord~dfis.Sirnult2ne;imente. esses WnipoS abs-
de utilizar o seu poder e 3s so:is relaçaes de foq;i contn o Estado. Dito de
"Ira ftlnrna, uma troca significa que cdda actor limita O seu poder e a sua
a'J''nr>mia,0 qtie ~6 6 possfvt.l se cada um dai retinr vantapns.
i y'nr wjqridoqa concennçào asscmelhs-~emais a uma 'negociado com
' (r
k '"'"panida~" (çctle-se em troca de algo),implic"d0 doine~iavelmcnteCompro-
rt.$:\l\;l(*:lt\ ~ f ~ ~ - i : l l .
0, n,nflito, i.;l;,u prc**cntr.;.r n i l ~ o c :I
5cmniprcb ~ ,in:! i<'bri:l tl:lh f-<'if.'\.
njf %tn

cypr<y\cm <hhlrtii;icvi<lcnte. [;~crii.:i~onccfl:i~ào p<H1C.m ~ ( m f r ( k nRnip(l\


l~>
d<. C<,rc-:i tlifcrentes e inierc?;zc.sfreqiicntrnlcnr<' <liir~rg('n1(.~.
:ii.tcircs ci,iii rc.l;ighJc';
,, A c<inccn;~~30:iasim. unin rncitl:~liclatlp ~spccil'it.:lt k fcplll:t< i
nibl > < i,~(p,i
ci,nl]iti>.; c tlr pmtlilq;io (Ir coniproniiç?;ii.; :i i i i k i i t v q nkeih.
I Sc i. iin, (;icro que :is c.uprrii-nci:1.; Je p:inicip:icb~~o c <\c. p:irivri:iri:itlr> cor-
rc\pi>ntlini(1 prociici dç nrivas furin:t.;clc cIrmticciticitl:irlç c tlr. rc.gul:ic3<1\oci;c 1.
cvidrnte que-. <*onlonfirii1:iiii I.i.vewlur c h4;ipcr ( 1995 1, ri impli-
I : I I I I I I C ~ ~):~rvct*
I
I .,.
c-:icb:io tio.; gnipos coniiin1t;irios i*tly sintlicn:i~osno i l v s t ~ n v o l v i m ~ neçcin(iniicíl.
to
no~jit~:tdamcnte ans nivris rvgion;tl c lnc.nl, rccpori<lc "30 apenas ar) <Ir\vjo d s
i
fli:lint-cl;ctvniocr:iriz:~(*9n e :iiittrnofiii:i, ii1:is f;rnil,cni ;ic.xigf nci:ls 1ig:irl:is 5 crhc t
;i prt ihlyni;ic; fin:tncciros cio F5t.nJrs.

Apci:ir ria.; difictil tl:iclcs pdiicas em accionar vcrtl;idcir;i.; estrut lira3 d~


I p:irceria f;iet. aos pnisctoc rlc. drsen~~cilvimeni~, cst;ilir.leccnclrlnoir:i.; forrn;ii clt.
I
rcgillfl~an50ci:ll - nio aprn:is d(> procrsso tle plnnc:lmenrrl, m;is r:iiiI>Cni dc
I inrrdn rio prOprio tlrsenvolvimrnto - tlevc. cnnFitleair-ne a nccv*\itl:itl~a dc
iril~lcnicntar.de f{>rm;lpet!ngí>gic:i. :idiversidade nas esrriirur:~~ dr 8i-,tgn c n:l
c n n d i l ~ 5 idtls) prOCcsso5 planeamenro.
h frlm:icRo p:in mc*toclolopia panicipg ri\-. i]rye :isscslir;ir (luta 0%
11m:i

1 Prnii'tti" ~i i~com(, presiiiposros r> dcsen\ri>,vi~iicni<>


i n r r n ~ ftl~~n3lm \r\cif i-
Crinr r&ir :I mudança social foi sempre um c)liEc(-tivfi pri:tcuncliclo prir civn-
tisi:ir; r pnli[ir.os, m:is ;i clivvrsi~l;itlr.c. :I cntnlilr.xiil:iric* (10s fvnfirncniiu rlv mircl:inc:i
iiiincn f;icilil;iilim cs.s;i inteny5r1. !>:ira tçnti~rpr«voç:lri c111 conlrol:~r<a niuclan<-:i 6
ficrc~s,s.;iric~ ~c~nlicccr [)i;sistr'in;is snci;iis c. as sri:is r1in5 inic:~~
tbíI nc?;scb
scntid~icluc
:I\ nii(.<wi <..;!c i11iitl:inca socinl, (le sistcin:~e iIc p1:ineamento siirpern scrnprc asso-
ti:id;~z na <liscil(;s3o<I:is prol~lem:ític:~s qtier ect>nhmicas, quer sociais.
O qric c: 3 ini*tlanc;i?~ : i al pena ~ mtitl:ir? A niudanca e uin [lado n:itiirnl
clm .iisic.ni;r$ Porque é que mudlnc;~6 ine~~itfivel? Em que sentido mudamos?
Ptxlcfllos controla r essa ni\idanç;i?
Diirante milito tetnpo. tlestino foi senclo percebido como fixo ou rnutfi-
\"I. 81,s$ciilo XIX colocavu-se estas qiiest6es acriticamente e a ev~lu@oe m
i d ~ t i f i c ;[lni com o pese 3 m:~nutrnc:io da arn bipuitl;idr entre

i' p r r ) I ~ I c ~,I3$ ~ i ~ ~ e permanéncia. O peflsamentfl t h sf~uloXX


P''t a <~tic.ipào, nào evoliifia,mas (12 mudanç:i, quer dizer, da ruptura. da
i um novo ecluilíhrio,kicc 3 um;,niutaç80 nau finalizada que cada vez
p r i i c i i ~dc
Ol;~i+qp
P r ~ t ~ ncontrolar
~li ciu mesmo dirjgir.
!'r(,( t1,cvrjV
p61d,,dcJmtttft,j.~ t!f,
~ / r m m5't)ri~d~jp/t4
j
t 4l1,

M ; \,fjjf*
~ ~ ; ~ c + t * j ~ ; ~ - ~tlitjtb
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clivers~ls poilrrls ~li*ft'ntlimiii ;I t ! i * l f * i ~ ~ ' ft l t~v~iiitl t1<,nli<., itli,,ni $4
1 3 1-3,,
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ponir, paflicl;i ih<!opf)nifi tlr c h r * ~ : ? ;
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pcnqamento <*volui*ionist:ip:ir:i I tni pcin.i:irnfmniri w ~ l i :i%
i r ~ t ~ ~ ~ , ! ~ , ,
romn inctana.; L* imprc*virívcir. N(ssfi< r ~t !i6%l[
l i <[i?inc-cirtl+zl
L

IJ!~.,,
n 1 ~ : i - qcatla
~ vez m:iis ibm antecipar para contralar o r1,tliro r, ,
xr)il;tt,l li':

proiect iv;is p~5s;t m R píoupccl iv:is.


A S tent;itiv;i.; de intcrvir n:i tnu<l:inni <aotn(*c*:iin pur xr. jn,<errfyiarY i!nv 3- V

vari;iveis que a provocam. €11m:ik p~ignifiti<'Os 1~ni:iinit!r3ntiíic+:lr (1% in<ji, r q f ,

<Ic mttdanca (o qiir (. qlic esd a rni~il;ii') tt rt!l:ií-irind-Ir,* t b n l v \i, <,," ,i, r
pretendem Lima perspectiw mais ric.nrific.a rns:ii:im o < * n ~ l l i a < l ~,),,, ~~.~,,,
modancu numa tcoriíl geral da \iisifiri:i, rcni:intlo ~xplic~iiar (,.i~ a n < l ~ + ~

cSa historiciclacle.
O desejo cle qiialyutir lir~ciblc~gr) ir íntcrvir n(rçs:i mtirI:inc.:i, itlr:ncifirJrr>,21
clinPrnicas clo sisrrma e o s scnticlos da ;tcclo c prcvcntlo a ur>ndt.i~firi da ;ic<.irip3
ohiec-tivos colectiv~menteassiimidos c coniciiii:ilizado~.Vcja-5e. p f ~ ia~(5iv.i ,
implicado entre mudança srrcial, teci ri:^ dris sistcrna.; e planearncnto,
%\o 3 W O ~ U do ~ ~ sisrcma
O social. as suíls niptuns c mtid:inras, que v b r r h t v
e refazer a Histtíria. C3 sentido dessa Iijst(-jri:r i. ct-insfruíclnncj di;la-clia dt: dtciwj?
quotidianas nos miil tiplos espaq~stle ac~;l«, Nesse sentido, r, entcndirnefifrlhL
dinamitas dos sis~ç.m;isde accac~cic~nstjtuio ccJrne dn trahjlyr wciol;igi~r~.
Se nos situarmos no campo da intervençiio sociolfigicg, ~ ~ f l e i t a ~
si~tf!llla'torna-se central, servindo para modc]izar as varj$ueis cntfo!lridahc ".
limitar o campo quer da ínvcsii~aç20,quer da intcrvrnqão. concelxA-.;e .
os fen1"

menos ~ h r (K e quais se pretende intervir como um sistema cr>nrlitu!dii r*"


3 tB
virias c«mponentrs (ou suhsi.;temas) e m crlntjnua mridí~na.ou ainda
~fessàode v. Crozier, Como 'um sisfcmn de acdo concretom.

1. Breve história do planeamento


ue c "
.dpe%~rda sua histi>rja já lonjq~, lirlic 6 difícil clrfiflir
dj(;'-i"."
planeamento. dada :i d i ~ t - ~ r j d das
; ~ dcxPcriencjasn
~ u:írio~campo'

I
nNi.5 de ~ ~ ~ ~e, cshreludo.
a ~ i oa indefinicso que um delerminado pernirco
hi~;tcíricçioriginou.
30 ent:inro* de forma sintética, O planeamento pode ser entendido como
iimfl forma encaEjr o h n ~ b n 3 m e n t o3, o ~ a n i z a ç 3 oe a cvo]ufio
de um univer-
so de acçio e cios seus componentes, socorrendo-se da teona genl dos sistema.;'.
ex-linião soviética foi, talvez, u primeiro pais 3 ensaiar de forma alarga-
dn os processos de pjanearnento, sendo bem conhecidos 0 s famosos planos ouin-
quenais qiic estnitunvam as várias áreas de desenvolvimento, pese emhorn o 1

predoniinio do desenvolvimento económico. Depois da experiéncin de planifica-


cio inicinda na Rússia em 1917-1921, quase todos os pl'ises irn~Femt.ntasamcomo &

rn6rodo a planificaçào de forma mais ou menos rígida. Hoje todos os países


pr:iricnm o plnneaniento e, de uma forma ou de outra, a planificado tem vindo
a col-irir ireas c3da vez mais vastas da realidade social.
Os esforços de planeamento economico generalizaram-se desde o termo
da última Guerra Mundial, quer nos países industrializados e semi-industriali-
zndcrs do Ocidente, quer nas zonas menos desenvolvidas da Ásia e da África.
Dt.sws esprriencias emergiu uma enorme ~ipologiade planos - nacionais, regi-
I on:iin. Jz ciJsde! d e empresa, sectorinis! globais. etc.
Inicialmente, o planeamento centnva-se na esfera económica, tendo de-
pois infliienciado a propramaçlo da constmç.?~ de infra-estmtorasurbanas e
sociais de suporte no processo de industrinlizaç5o. O facro de catln vez mnis os
phnoç serem territorializaclos e evidenciareni unia segmentafio anificial deu
ori.cem
- à crítica :ia pllne;i mente sectoria!, defendendo-se um "planeamento
integradowque con.;itlec~s~~ 3 s d jmensões económicas mas t3mbi.m as dimen-
&.:sociais. cultur:iis, :imbientais. etc. Essa complexific:içfo. hrrn como a critica
3 rigidez c 5 pouca e f i d c i a t l o ~pl:inos. prOl*OCoU. 3 paflir de 1960. apr~hin-
d;lmrnro do pens;imenro o p~:ineiImrnroque passa por etapas.

qiic \*in~Io:a rrl.ici~innr+scconi :i rrwnn p r n l dr


henri;is
L ,4131lln:is ( 511h de pl:tnv:lm~nt~*
do -lneo do pl:lnrinienm-: a eibcm&ica - :I ~ L I se C recorre
~ ~ ~ 1 r - I n ; i ~çTscen\ n]viint.ntri<p:irc~'l;trt'~
.
<, rmrja -
jopos slrcrn:iii~a;I pniblrm3~qur
p.ir.1 cctfi<l.ir ;i nyiilgcflv e c, ~ m r m l o
n.in tLnc~>ninm
,,,, .
niitt~m:ttim
r<-sporla n : ~opimiiz:K5:ir) 'l:l
i,~,ll~rn,uqnu "do <hpm-e<- de 1omd:l ck
"penrtona[- jnirniim.nio< dc ;in3tire q ~ l hriliim i
~ - I G O P : . teoria* dí * i d o c a i n m d ,n,Immcnto
e <kwpmrn~:~c+a F ~ R L Y do5 ' i - r e n l : ~C~C I ~
priwCws<> <!e iI<.ririo. n tcodn d a P f m mpenk
9 -
«c-
<.h
nnni:icM: a mrlnC
inilti-wn. :~plio<-ç 3 ;iní]iqr* dscr.;ionnl e Pni+ .*
- i, :, pes- estratégca:
m

- cem'..
- e snnlmrnrr 4quilo que ce apelida hoit. de planeamento cíttal&pico

-4 n ~ d c do
z alanarnenrn rradicional comecou a ser cunres~ad;ijs nl . ,L

a i a d g m o d c drge ct;culo e o conceito de estratbgia emerge c r ~ m :iliprn;jtiyl


r~
pre!en&ndn-w uma nova atencSo aos processos e ii flexihili7~cdrjqiic a cr>ndii.
e o do.; w m f i o ~de mudana exige. .A máxima phns nw nnthing. plann jn;,
n n - f b i t i yemr:nressabem a \-irapem na concepcào do planelmento.

Defmi~Ciesc cancteristicas do planeamento moderno


\iinnçkrp(1994) Iamenu que o conceito de npl~nearnenro" s4a ~ ~ i l i
em nntos .wntidnq diferentes que .wtoma centro tle confusões. sendo qliaw imw+
s h ! de detinir. O suror cin Aaron Wildavsh, que escreve: -0 plan~amentod ~ g -
\13!\-c-* nuni número 120 irnpoirante de direcçòes diferentes que já não
Ji6npiinms 3 form~.O temico de plnneamento pode ser um economim. um eqF-
zi;~!i%~z n ~ ~$2nci3spoliiims. um sociólogo. um ~rquítrflo,um cienrisn. Xo efilaflrne
:I merid~ d l ru:i pnípri;~profiskio - o planeamento - esmpa-lhe. Ele enconlrJ o
p8.iw~mentoem i n l o o Indo e em Indo nenhum- (2lin~eberg.1994. p. I').
@ de planesmrnto n;is sxiedndes moderna.; ~dr(m.em 1:lm
9ejii!.l. nrczsr;i,!:~dr de qe~tao tens* e c o a t o sqendos no ~ i i i C i n
wqlndi~*5 inlernns ~ C T . E ~~Sm j e d : \ e~ que l ~ ~nelas desenVol\*eme f
'

'"'d"":lni- ?wt.nlCC>mc> n-ridade de introduzir formas de "ncia


!?lYrm?et\$ 5~~\-<i,<~cm-l
5- rcfmc2ndo a su3 crconbniico social: f c c n i c ~~d!"'.
"!-
'
3 ~ l c md t s & ~ ' ~ : i odn coinplexidadl conflini;il r;c7cien?, o ph?e3-
? ? It . :
pcignl.íricos rt.l;içionltlo.r cnin 0 s pr<re*
'

2'ni1,i o ' i ~ [ i \ - n m3/1


~
Tationalheo iop-
C S ~ dos) sempre e.;ç;i~.;o~ rerufio.;.
I- 1 . LI??
\?<'A-- 1 -
r!'inc2m'nioc'- !i'~ie. um ecfowi de resiiladO inc<ijp p c i z ~fl
\L \ [ ~ ! 2 \ e p.k!c ,cr {j@j niLl(l
<*!-a
Lit\:~'?-
i ! 1 r Wm<r n c ~ i i - i d i medi;inrt.
~~l~ 3 t q ~ l LI!,
l
dos vj,ici< Jclore.: r (,rq3L3q çompeicnlr'. r''" *;I rs
, A
1994. P.
z?), F$Ta frg* ~ * ~ T ~ ~ ~ ~ J c P ! ;
r 3!inad~7R-
do que das decirõcç
mai5 " , , na medida 4"' w rr~fiair'f-rnr:v1f.,
llhondo de e~tfl"fl'"~ 3$ t ieciG~:S ílilm3 Qfz'nr;73~,
concepfio da t. c inter-wlacCefie*trL
a

o,nt jnuadris. a c ~ i r > ! a c !-~ r


?"ta da
processo t-~rrari.~iro - , , *
ç fl prrzcc
T~~ a yantagem tle asrmiar 3' <'ecic'Ec hiecarquicamenfc ft;ini;r:irfg% nxc c:.!?
-t,,

.
plano e um C Orirangimento
~ de "ccòedenados de foma funcifma 1- tqr!irn z f - 4 - ,-.
diferentes tipos de derisf*s
p"'"' 'Irna
r .
iinca c-L
'sci%!rJ.f. 9,-
im4i . . difrnntr5 <iKjsm assotiad~s 60 e a 4'7'6,
3 ~~mad dea t!ecisG
I

isso que 0 s nutores têm rnidência Pa"


,m última implica nece~sari3menrea eyfi'13
mqio de esmtegias, sup~ndoque e.
haver uma a~çnciacào r;t
de um único conjunto de acc*~. Emhora p~ -
dKji;òes, nào= '
no planElmenra Para compreender \'erLa deirq e.?:-
fio do planeamenlo,é necessário recorrer ao conceifo de 'forma\i72do-.
í.o phnemnto 6 um procedimento f o m a b d o tem por fi-
nalidade produzir um resultado articulado sob a forma de um sig-
integmdo de deeisiks. O que distingue o plgnearnento de ourro' p r w e q c i,
~estrioP a formlizn~ào.O planeamento 6 urna operacio que concictr cri.
o fenbmeno 3 0 qual ele se dinpe. sendo açim
frt.nlar ~i~temati~an'Ieflte
e s f o disciplinado"
~~ de racionnlizacào dos prmcsr;os pios quai.i as
590 tomadas e inre~idasem or8anizacciei;,
Enconrn-se essa insisti'ncia sobre a ncion:ilidnd<: fominl do plnnc?mrm.

1 I-I
?

alremcão essa que atraIress:souti~rnhernoutros d'minioS


.;ar e fazer o planeamento,
,i, pj:lneamenr~ Ç 9"' rentaremob explicitar neste capítulo.

fLintla
.
A pnsiagem
k
(10planeamento B metodol«gi;i de proiecro constitui um"r%

\:imgrm nas concepçòes de planeamento. introduzindo a flexibilidade


I
necess:lria i conduç2o do processo de mudança social e 5 inclugào das dimen-
sfiel; da acção coiecti.5:~.
Vivemos numa civíliza~Qo de projectos e Q conceito de "proiecto" arraves.
s3 um esraclo de graqa. na medida em que está ligado a uma dimensào posiliva
de concretizaq3o do futuro (Barhier, 1991). AO nível ideológico, a d,
proiecro 6 muitas vezes apresentada como sinónima de dinamismo, de progres.
50, de movimento, de abertura, de mais-valia, e emerge na oposiçáo a imobilis.
mo, a estagna~'5o.No entanto, C. um conceito pouco precisoF,que se aplica a
uma pcinde diversidade de situacòes e que recobre conteúdos extremamente
irari;idos: Lima concepç3o geral de eclucaçào (projecto ediicativo); um dispositivo
de forniaq:io (projecto de formaçlo); metodologia de iral>allio (trabalho de pro-
jecto); visir, c13 sociedade de ftittiro (projecta de sociedade); d o eu individual

Seg~~ndo Boutinet (1990), o vocábulo uprojeao"teve urna conotagão téc- I


niai e iirhana durmte toclo o período rnediev;il, nào sendo reconhecido nas
sociedntles a g ~ r i a s ,onclr o tenipo apnrecia como repetitivo. É a arquitechira
que o revit:~liz; no ssen tido de projecto arquitectónico, dissociando-o da exe-
cudo c. tlnndo-lhe o colorido de um ncto de cnacão artistiai. Seci nos s6culos )\Wl
e X\'111 que, coni as Luzes e a mudança de mentdidades que elas precipitam,
passari a sofrer uma "rniiracào antropológica", transformando-se num conceito
: ~ criaq8o mais humana do qiit. física. A \ ~ ~ n r ~ dpr0gn.s~~
que r ~ f r r r n c i um3 r
e de emancipacào It.1-a pensadores e filósofos a teorizarem essa rt.presrntaç:io
futuro tAo dent.jado: "progresso e projecto espio precisamente teorim-
-
rein p i s a cnp:~cidndedo Hornrrn para fazer a histbria c a t n v e s dela concrrriz:ir o
1

scii cle5cio tk se rcnlizar a si prfiprio o n i o cri:ldor.' (goutinet, l(r)O, p. 29)".


------------ Falta página ----------------
Ifar um jogo paindo*al Parece rodear erre concpim Por um InClci, rnla-re
de um b@~;i..
doi'do 'Ie proprie<is~!es expliciirndo racionaiidrdpr sig-
n i f i m f i * a ~nas ~~~s cone~ùescom 8 a c ~ i 0mas,
, ao mesmo kmpo, a nnc;o de
p M m o Prece reemiarPari ~m pandiprna que simboliza uma mli<lncleque
p ~ s ~ a n a m oque s existisse mas de cuia exisiência duvidamos', apelando a uma
capacidade para criar ou a uma mudança a openr. O projecto prece ser entào
o cruzamento de -urna realidade sobrevalorizada pela cultura tecnológica e Lima
jdmli~cà o caractensiica inerente a toda a candiçâo humana" (Boutinet. 19909.
.%liás.no Dicionário da Língua Po%quesa da Porto Editora
edi@~,
10w1ícunosa a definiçào auibuida a projecto, manifestando essa oaradoxalidade
do conceito entre o ser e o fazer: up~anopara a realbaCào de um afio; desígnio,
IenCh rd-70 Provisáda de uma medida qualquer, esboqo; representaeo gráfi-
a e &ta com orçamento de uma obra que se vai realizar; na filosofia existencial
aquilo para que tende 0 homem e é constitutivo do seu ser verdadeiro".
Talvez seja devido a esse paradoxo que a análise da utilização desta naç5o
nos mostra duas situaqòes contrastadas - uma mcionalizadora, que permite a
afirmacio das condições deseiáveis de algo que, de forma definida, se pretende
controlar no futuro; e uma outra, mais existencial, feita tle interroepes sobre
a evolucào individual e colectiva e o tipo de finalidade que O f u m o encarna,
ex@mindo a busca inquieta de um ideal inacessível.
preso entre a utopia e o prapatisrno, O conceiro de "proiecto"Promete,
no enrsnto. fazer um percurso feliz nas suas ambiguidades.
I'ma das dimensòes mais presentes no conceito de projecto é a da dimen-
são temporal que lhe está intrinsecamente ligada: 'Falar de uma antropologia
de projecto é interrogarmo-nos sobre a forma corno OS indivíduos e os grupos
vivem o tempom(Boutinet, 1990). As sociedades tradicionais sao, frequentemen-
como sociedades sem projecto porque, vivendo em precariedade.
te.

~ " p m c r mais :~mbipiia.El:i refere o cliic.


pnlarna * p r O i ~ t"incls
*.4líii~. linpln pcimlPilc~.
ri;;, razi e en;iafi;iniia que esri<.c.W mas. e cunospmente~signifim algo yiie esti (ou j:\ esteycl
proimo <Ie inienenqÍlo é. fwquenlemente. SCnipre pmiecio. mesmo <Iepoi~
4E.ini,
C o n c ~ ~ r ; ~ . a .d n
2. contrihutos de uma suciolopla de ac@o
p n n uma tmdzaçBo do projecto
4 r<w-icilci*;i ni-(-jt>*t;i, des& sempre. Iigndn 3 cnp:iciti~cletle mmpre-
<]o<jtqir Ji Fwicyl:t JLs c ' o n i ~hr.i
t.ndo O-st. 3 m11d:i nrn r
~ ~ ctdr'ct i\-:i.prett.n~icn<l
;iLrrílitindc,-~c n;, L:lllp:~T~d9d~ 1111111:1n:3 p:i r.i iiiu thr. As intrrrop:~ciwrtlor soiifilo-

.Frn
- d;i :~n;i<i rrtninir.nm-sr eni h~rnodo scguiiinre qursrionnnientci: O que ique
ra:i 3 mtid~r?Porqiir e9.i :I mii<llr? Em que srntitlo pretendenios qiie inild?
Pocleriicis !;I t ;i niilc!:intb:~?
Pt*lcninq. pois. fiilnr de pn~it~ros. cm inten-t'nt<lrio st1~3inl.niini:i enornic diwr-
sitkidv de cimp<w e nivrt s<~-i:ii.;:pn\ii*.tos Jc in';tiriii(fwsm p ~ r ~ l -de~ disc.n~o!\.i- ~.:
mmto tlr cnmiiniil:itlcs lociis. prniccto.: ?;iicirt:ib.etc,. w f ~ n . n c i ; ~ n <sempre \~ dois
elzn~rnttn- iim d r forniii e olirrt~rlc rcintvfido - cntcndklos co,no iiciin \nn!:idc
~n1fl~i\:i(ciU dp ~~lplnli 5 ~ ' C t i ) ~p ~: l) ~ nii,Jar
i cl:iificir o s ~ l i<Irsa~ ~ i~i i i lo~ n ( X
T ~ i i ~ i i nIqíhl
c cnnsitlcni qii:i[rc~foriii:is Jr 0 s inLli\.itiiios ~~~..st;irt.iii
prcsen-
tcs silieiRW hi~lfiricosno d ~ ~ p n \ . ~ sl( ~\ c ~. e it ~~r i .~
c ~F~~~~
~ ~ ~nilFcis
~ ~
a.
por
clt' c»nsi<lrcidos <IL~;IT~<> níyeis de proie<,ro:
- A ausência de l'r~jwtoW S W ~ I G, g , uni ni\.ll neq;\ti\.o 9"'
'"'Ii i i'111 rccli:ilnrnri>dii riiicito sij13rc:i
- 'O pro'ccto indi\.idu.,,it~,IC~c*l
* r .

i n d i v i d u * f c ~po& ~~d ser ~niisidlq-.itlo (1 priiiirir<i


p:crtiril>;i(fio rr:iI, h, :,
or~anizilç:10 ~ ( ) < ~ i : i6l , gzRiliiientc, iiiiliz;itl;i co,iio in"''.
in''n'c' Pl'Ki ;i rp;di7:iq:io tio proicai-lo pcwci*il
. I L .
('P r~q(>.q
,,,,<qoSoc
joloj,?
fCfl0

F,, ,,ddi""'>t*

h t m ele cm rc.formiil,i(.i,,
intenc8o tle Lim:i rranhform:,
tle's:~ t r ; i n ~ f o r m : ~Icn-
~fi~
;,,iirianclo aspr:iticas"'". As cmrlfic,s
"3 inedicl:~em 41" ''limil ~ ~ ~ ~ i ~ l ~
sociolopi:i t!:ls cmoci)e.stíl
tal como as identiil:itle$, niis suas cxprcs-
A possjhi]idatle tle inclividuajizaqgo dos motlos <ic
:, indivhluflis 011 c0Iec[ivfls.
~5turio<Ir
;,iil no mniina ciMdj17pfijdrdç(I" ~ r u ~ i e d 2 d; eI~~ N "6 ~oi>iectn
ckmonstnd a capaci tl:i<le tie de-
~ g ; ~hejarnente
i
muitos inse.~tigsdorc
eirio dos nctow em toda. c sociedades, apesar da diferente valorizado <ia
jndil~iclua]jdadee da diversidade CIOS ~ ~ n ~ t n n g i m edas
n t ~situaq6e.s
s socjetais~.
NO entanto, 0s pmjcctos s30 rambbm colectiws, de grupo, de classe,
na&. e o enrendimento dos projector colecthros 6 funtiamrntal pAra 3 compreen-
I

dos molrimentos e mu<Ianc;is sociais. "A capncidacle de construir e de expri-


mir proiectos próprios é iima forma de distinguir OS gnipos sociais como unidades,
com integraç6es diferentes. porque o projecto i. indispensável p:l,arn a organiz;i-
ç5o cios suieitos em torno de Interesses co~z~uns"'~.
I
Boutinet (1990) identifica tima grande diversitla de de sit~iaqòesem que os
conceitos de projecto e de me~oclolo~ia de projecto surgem associados a diferen- i
tes contextos.

4. Introdgão 5 metodologia de projecto


I
A ~ia de projecto pretende ser um morio
m e r o m d ~ l o~;~nicipalií.r
'dr~uicio ciincjas sociais, porque inclui 3s prrocupac<,r e os prrrw-
plana-
roitos de 'Ina smi~lof!b ~ C S ~É uma O ~ ~ ~ e i o d que ~ i ; ~ 1 pii;~~l"xa- 1,
o l ~incoipoci
1
'
'Io pr0jrci0 e que ainda Lie em dcseni,o\i-íi~~rniO.
i L
o que e s ~~i ~ h ntlo
M:i S. ' nprystan
i p:irt icip:iti~:iJc pnjitu--
te na mrtc>cl(~\opi:i
to C o descnvoli.imento cln c;ip;icid;idr tlnr pniprv scx3:\is p:ln tlcfiiiiwm wi~s
nhicitiyos - c 05 r n i05
~ C I I I O ~ Odv - h c e :i iiin h~iitiin~
) ~ 0s concwti7.:1~~111 i\tb~tki:ivrl.

Objectivos da metodolopia de pmiecto


A nici<itlolosj;i p;lrticip:iii\*:i dc proicrlc, i illn i i i ~ i ~ i i i i tque'
' i i ~yrriiircb,
~ si-
riiult:incamintc iifi1;i 1li:iior comprcensio tl:i re:ilil:iJv c iiiiiii m:iior ~l!ici<i:i (\(\<
incior; c L ~ L itccnic;\s
s (icintcn'cnt...io. Defende-se. aqiii. uma C Q ~ W 61 ~ m ~ eOb
dol*ia particjpntiva de p1"05e~fo entendida mnio uma metcwioicg3 clenrifi-
ca de intemenc.?o. baseada Ib@ca de o l > c m m s e q ~ ~ ~ m ~C .
I diçponívei~.
"J entanto, numa priinein an51ise13 iiie~odologin de proiecto n:io é m:ti.;
(inqiir um planeainento sistemitico do trabalho. o que prece fund;inirnt;il nd
fia nclual, datlo o irnediatismo e n descoordenacào que cancterizarn :i ni:~io~i:~
I
das inremenc6es.iO~iai~, Planear é, simulraneamente, Lima forma d e s:iher o que se
i
pretende e de niohiiizar os recursos existentes e Um3 f ~ ~ l l I 3ContínLI
~ ~ 0 3.

i
1
4 ilctualização das metodolopias de píaneamento permitiu que a riietodo-
lopia de proiecto fosse integrando sucessi~:arnenteduas oiitras metodoloEi:is <it.
rnh2jho - as meroclologins iig:~tl;isi particip:içio e as metodoloains l i ~ c 4 l ~ ~
pesquisa-gccào'4,de que hlámos em c:ipitulm anteriores. Nào se podentlo consi-
demr hoie a existencin de uma "metodologia participatlva de projecto" ~ f i -
óenrrmcnte coerente e integrada, poder-se-i, no ennnro, dizer que :I iiit.i<xlolopi:i
de ~ r ~ i e ccontém
to já em si OS ingredieirres necessirios p.1c r8 ser u m mt.tc~i!d(~-
212 ~aflicipsdae cientificamente fundanirn
,
''ia qual for a sua fil<)sofia imy>leinrntrc:io,3 meior~illoei;i de proircrri
prerinr'e s i m u ' ' ' i n e a m ~ ~ obter
c criiil>~ciie drs rrcjo-
i ~ ~ i ~ os ronr~xros
~ ;lItcr;ir
c i a ~ i ~ i r n i ~mitoc!oiogil prsqiijs,,-,,
6 c~ao.Assini, procun-se:
') A pP'aiurao
nome3dammte: saber 'obre C ~ ~ W X sociais
~ O S gerais e especmm~.

- Idtniifjcac:
v' , 'iifer'ntrs
'I' diismudr
?rriadc promfJve, ' ' ~ ~ l>,yrnrcs
~ ~ ~ n n.1,t ~sirii,iCfics
L
~ C &
r"l [liir
I C

a ~ima i nça
. ?
PmQucio dc informacàom processo junta o contiecimeiito (10:; hcriis
T
- -\i,:íl ise <!:itiin9mic:1 clos processos em r
clusa, Processo que se associa 2
r,,Llltc.ic~ do.; r;:iheri'. ou 4 relacào entre 0 s factos;
-P F C ~ Udt.
C rcpf'esent:l@es
~ ~ relativas 3 contluçq dn mudq
c O L nqa possi~ftl,
pr<*-eSi;O 3ssfJci:1 a pesqui~~-ac(.do
e que se constitui em si mesmo como
rt.rirlrad~dn iiietr>tiologia de projecto.
ii) O desenvolvimento do partenariado e da 'acqgo contramal*- a
c l a d f i c a ~ ãdos
~ actores e do seu poder, nomeadamente:
- ~~!entifics:?csodos diferentes actores, dos seus projectos e poderes;
- ~splicitnc3odos interesses, estratégias e recursos dos actores.
iii) A representaçào do que dwe ser a orohi~ãode uma sociedade
ou de um fenómeno especifico
-4 nirtodologia de projecto 6 sempre uma antecipação do que deve ser a
socjr<ladeo11t!nin tlimensào social específica e, nesse sentido, pode ser enfendi-
da como um:i metodologia de procuni de consensos.

Neste sentido, a metodologia de projecto deve ser entendida como:


-uma forma tle pensar e de conceber a acção, mais do que um instni-
mento material rigido;
- u m metoclologiii que exige o desenvolvimento de um pensamento racio-
na1e sistémico numa reacqão contra a mentalidade sirnplista d e soluçh de
problemas à niedida que surgem ou ao sabor de obscuras relaçòes de poder.
assentando nu rn processo reflectido e conthuo;
- uni apelo 5 e h ~iiiIiza@ode instrumentos simples e de
Iwm sensommais do que o recurso ;I soluç0es espectaculares e pre-fabricadas.

A metodologia de projecto força a:

r Conjug;~r:I diversid;ide
1 Aiirnentar s c:~p:~cid;idrlonf de p ~ I ' ~ p W t i ~ : l ~ ~ " i t ~ n t e ~
R
'Ir c~lnjirriii~en~o do meio r
$Io!iVydriosXCrWeS ~ 0 ~ i i i i ~
1 rVcLrr5o.i disponRreis para intervir
cFe inrrrv ir sobre
Nc.ccs~irl:~dr
1 Inicrvir n;ts ca~is;isdos prol>lenta~ OSpioblc.m:is e nic>sobre
de
Ct~nin3c~ii-jJ:itlc plrine;imento. a metodologia de projecto é:
- um ~ m r s 3 0permanente e continuo (mais do que um conjunto de
phnm e de proprnas de inten.eny5o. 6 urna mentalidade);
- J = Q ~ ~ p3r.i
; I o futuro, porque est9 intiniamente ligada à previsào;
- s i s W a . porque ahnnp a totalidaclr das insdncias que agem sobre o
pmhlernn:
- intaa- e de rcforn~uh@.rioconstante, adaptando-se a novos factos,
sofrendo al-sncoo e recuos. sendo uma técnica de coordena<;ãode v5rias activi-
. ~ . e re~~risos
d ~ ~ d epscons face 30s obiectivos
?

- urna rémim de iaopa@o e de mudança que exige uma continua a d a ~


ndo sci quotjdiano do tmbalho.
PARTE 11
Capítulo 7

A CONSTRUÇÃO DE PROJECTOS
DE INTERVENÇAO

'Plons are notliing, plrinning is rverything."


(Máxima tio planeamento eutrat6~ico)

"O que e novo na razão moderna n?io C tanto a


razio e m si, mas a forma como a utilizanios para
explicar o real".
(H<?&Atlan no preFíicio CIO SAI livro A Ti)?? et B
&r\-onIntercntiqzte tie Ln Scimce el ~ i trr+íytE3c4
t

Introdução
O trabalho por projectos 6 , cada vez inais, uma forma cle conduçio de
;icçòes que parece ridaptada à intervençio na complexidade r na escassez cons-
tante de recursos. Quer se trate de accionar urna nova medida de política como
o renclimento núnirno ou a rede de educac;ào pré-escolar, quer se trate de reor-
ganizar irm serviço ou unia instituirio, ou de lanqar um programa de desenvol-
vililento local, a rnetodologia participativa de projecto emerge corno uma forma
eficaz e ;~ctiv;~tle o fazer.
No entanto, a boa vontade nào é suficiente para garantir o Cxito do projec-
to. E necessário iissegurar uma série de processos que viabilizem esse percurso.
Dito de outra forina, a metodologia participativa do projecto r20 é apenas um
processo intelectual, mas exige uma gestào eficaz verdadeiruinente coniplexa cuias
principais dimensòeb estiio presentes no diagrama que se apresenta a seguir'.

i Esr:is coiuipet2nci~sestio grr.ilmrnre distrihiiítkis por tiifercntes pesscxis 111:i.ss;io garantidas na

siia coortlen:iqJo pelo "chefe de projecto".


Figura 6
DIMENSÕES DE GESTÃO DO PROJECTO

Gesso
de
projecto

Este livra refere-se samente a uma dus diinensòes de ga@odo projecto - ê


do planeamento de, projecro, isto é, a fase de desenho do projecto que se pretende-.
p s r ~ i c i p a pociemdu
~, sm definida "como u imagem anxesipIvdora e i'halitante re-
sultante de uma sequência osganizrrda de opera~isessusceptívds de conduzir a ~im
n v o escitciio de waU&ade-abjecto da ac$iia."(Jem-Mãrie Barbier, 1991, p. 78).

1. Etapas de construção de um projecto de intervenção


Uni projecto e ;i expressão de ~iindesejo, de unia vontade, de uniri intenção,
1x1sí' tambéin a express%ode urna necesbrd~de,de uina situa@o a que se pretende
responder. Urn projecto 6, sobretudo, 3 resposta ao desejo de mobilizar as energias
disponíveis coin o objectivo de maximizrir as potencialid;1cles entlógenas de um
sisteina de acçào garantindo o infiximo de bem-estar para o n~ixiinode pessoas.
Como afirma Scrge Raynal(1996, p. 551, referindo-se 4s empresas, a "tne-
toclologia de construçio de projectos constitui uma revolu<;àocultural e um ver-
dadeiro método de pensamento que leva as enipresas e os seus dirigentes a,
gerirem de forma diferente e a reverem a sua forma de gestio organizacioíi~l.A
nietodologia de projecto é uina foriria de prevenção prospectiva que deve che-
gar ao defeito zero coin eficicia e através da organizaçào das equipas".
As várias etapas de construc;&ode um projecto podem apresentar-se de
diferentes formas. Organizaremos aqui as quatro principais frises do projecto. A
primeira fase da construqâo do projecto 6 a emergência de uma vontade co-
lectiva de mudança e a conscataçào de recursos (humanos, materiais, simbóli-
cas, etc.) capazes de fornecer a energia suficienre para a montagem do projecto.
A segunda fase, na qual se baseia todo o percurso do projecto, é a a-e da
situaçào e a reahação do diagn6stico. A terceira fase pode ser entào consi-
derada como o desenho do plano dd acção e, finalmente, a quarta Fase refere-
-se i concretização, ao acompanhamento e á avaliação do projecto.
Obvkamente que, na vida real, estas fases se inrerpenetram e, por exem-
plo, o diagnóstico é frequentemente já intervençào, bem como a avdliaçio é um
processo permanente que acoinpanha a própria execuçào.

Figuta 7
ESQUEMA GERAI DA IMETODOLOGIA DE PROJECXO

Fonte: Achptaclo de Serge Raynal, 19%.

Na vida quotidiana estamos continuamente a utilizar as etapas da consrru-


cão de projectos de forma pouco consciente. Se tenho de oferecer um jantar em
casa a um amigo (motivaqiio e objectivo), devo fazer um diagnóstico do que
Fzdndamentos e Processos de Uma Sociologia de Acçdo

tenho disponível no frigorífico, elaborur uma estratégia (um ja


co formal, por exemplo), clarificar os objectivos especíncos (1

borar um plano de acção (constando de uma lista de compras)


sibado (calendário).Uma vez esboçado o projecto é preciso
concretizar o jantar e avaliar o seu sucesso (ou insucesso) na
:ictores intewenientes: o leitor (ou leitora) e o dito amigo e qu
baixo que sofreu os efeitos não previttos da música até altas hc
Claro que, geralmente, na vi& profissional o projec
mais elaborado, mas a rnetodologia de projecto pode sç
inúmeras situaçiies, visto que, como já se afirmou, é apei
racional de organização e uma sequgncia de tarefas ten
concretizaçiio de objectivos expressamente assumidos.
As principais etapas contidas no desenho de projecto e qi
volver sào as seguintes:

i. IDENTIF1CAçÀO DOS PROBLEMAS E DIAGNÓSTICO


Identificação dos problemas sobre os quais se preteri<
rendimento das suas causalidades.

2. DEFINIÇAO DOS O B J E ~ V O S
Clarificaçiio das finslidades, dos objectivos gerais e objecl

3. DEFINICAO DAS ESTRATEGIAS


Clarifica~àodas grandes orientações do trabalho.

4. PROGRAMAÇÀODAS ACTMDADES
Estabelecimento da8 actividades, distribuição de respon
lenclarizaçào dessas actividades.

5, PREPARAÇAO DO PLANO DE ACOMPANHAMENTO E


DO TRABALHO
Estabelecimento íle Lim plano de :ivaliaçào.

6. PUBLICITAÇAODOS RESULTADOS E ESTUDO DOS EL


A PROSSECUÇAO DO PROJECTO
cle E>ro/e~-tus
.4 Cuizstrz~ça-ào cle Intemençào

1.1. Identficação dos problemas e diagnóstico

X ct)mplexidade do conhecimento do re:il é um facto conhecido, mas :i me-


roclologia cle prolecto tciil corno pressuposto que qualqlier objectivo de intenençrio
c construído çoni base no conhecimento rla realidade, soh pena de nào ser adequa-
cio ou rt.alist:i. No entanto, e tlado que "a ralidade 1150 fala por \i",o conhecimento
elas dinãinicas sohre as q ~ ~ ase i s pretende intervir é um problema ê o ~ ~ ~ p l eque
xo
exige conliecimentos teóricos e n~eto(iológicoscom algum;i profundidade.
O diagnóhtico, frequentemente apelidado na literatura ~inglo-s:ix6nic;ide
mfdise de necessidades" (needs nssessment), é esaencial~nenteum processo de
pesquisa-acqrit, pai.ticip:ido e utiliza quer as técnicas tradicionais de pesquisa,
quer ouuas d e que falaremos adiante.

Sobre o contexto de acção num mundo em mudança


Jrí :interiorinente se referia as dificuldades na articulação entre teoria e
prrítica e a complexa relaqào do conhecimento com a intervenqào. N o entanto, a
~.ont:idecle intervir nào 6 suficiente para garantir bons resultaclos. O que está
em causa, quando falamos de diagnóstico, é o conhecimento científico
dos fenómenos sociais e a capacidade de definir intervenções que atin-
jam as causas dos fenómenos e não as suas manifestações aparentes.
Re:ilizar o c1i:ignóstico significa identificar as niuclan<;rissociais que forma-
tain Lima tleterininada prohlernátic:~ sobre a qual vamos intervir. Na realidade
actual, esta tarefa nào é fAcil, visto que é hoje evidente para todos os que vive-
inos numa socieciade em ace1er:itla mutaciio. A revoluçiio tocnológica em curso,
3s "crises" econamicris, ;i ulteragào tlos valores culturais, o fim do Estado-Provi-
dCnci:i, etc. não xio aspectos isolados, mas reflectem novas canfig~iraçòesdas
formas de viver e rle organizar a socied:ide.
Se qualquer campo profissional exige uma actuahção constante dos
saberes e das formas de enquadramento rla sua acq;io no mundo de hoje, aos
técnicos de intervenqào no social essa exigência coloca-se com particular perti-
nência. Há muito que se defende que qualquer intervençào nãio pode ser pen-
sada independentemente dos funcionamentos sócio-económicos e
culturais tal como se manifestam numa sociedade concreta, já que ela tem
como ftinc;ào valorizar a promoyio inclividual e colectiva pretendendo favorecer
a capacidade de agir sobre o social.

1 29
Ftindam~ntose Processos de Cbna Sociolo~iude A c ~ d o

Figura H
PRINCIPAIS ETAPAS DO PROCESSO DE PLANEAMENTO
'--I
DIAGN6SnCO DA SITUAÇAO E
L I
'
4 1I
DEFWIÇAODE PBIORIDADES 0 I
R I
r* I
i
1 4
L FXAÇAO DE OBJECTIVOS C I
4 I
(3 1
Y I
E SELECÇÃO DE ESTRATEGLAS » I
4 o 1
M I
F
N
T
0

C PREPARAÇÃO DA EXECUÇÃO --J


O
'
N

Foiirr: Emilio Iinprntor~e Maria do Rodrio Ger~ldes.1993

A complexidade do real alia-se hoje a diversidade das "disciplinas" que


lidam com o social; dito de outra forma, estamas perante contínuas insuficihcias
de conhecimentos científicos e de i~~etodologíus de inte~enqiioprovocadas pela
profunda alterario da sociedade actud,
Para enquadrar um diagnóstico é necessirio ter um modelo aberta, mas cien-
tificamente sedimenvado, de referêirdastedr+crZS e um conliechnento das neces-
sidades em ac@o social. Esta é uma lacuna cuja ultr~passagetn6 complexa, dado
que exige uma grande diversidade de conhecimentos em funqao das 5reeris de inter-
vençào, cujo aprofundamento apeh a dinlensões inregr~dase multidisciplinares.
Frequentemente, quando a lista de problemas cletectados surge muito ex-
tensa, a esse facto está associada a dificuldade em teorizar as dinâmicas de mu-
danp que associam as diferentes probl;máticas, isto é, o subsistem que organiza
um feixe de causas e efeitos necessitando de intervençiio.Assirn, tornu-se neces-
sMo reflectir a outro nível cie ahstrucfio e organizar os diferenres proble~ilas
A Coristrr~~àv
de Projectos de Brterutinçüo

detectados por eixos problemáticos, tentando detectar, tanto quanto possível, o


que podem ser a génese rlos probleiiias e os seus efeitos.
Se o enquadramento teórico indispens9vel à elaboraçào do diagnóstico,
nào (é possível formular uma intervençào sem uma boa colheita de informaçào,
levada a cabo a partir de fontes de informaqào diversificadas. O diagnóstico
baseia-se em informações edgenas ao local, mas também em informd<;òesendó-
genas de cariicter quantitativo e/ou qualitativo. Um bom diagnõstico é garan-
te da adequabilidade das respostb às necessidades locais e é fundamental
para garantir a eficácia de qualquer projecto de intervençiio.
O diagnóstico das necessidades levanta a multiplicidade dos níveis sobre
os quais se toma necessário aprofundar e inovar. No entanto, as dificuldades sao
inúmeras e nsio sio poucos os que afitmam (ou pelo menos pensam) que o
riiagnóstíco é uma "perda de tempo e de dinheiro", dado que pouca informaçtio
é efectivamente recuperuda no momento da intervenqào.
As experikncias de "diagnósticos sociais" pernlitem detectar algumas das
r:izòes de uma menor eficácia desta "2ncoramfundamental:
- O "diagnóstico" assemelha-se frequentemente a uma "monografia" no
pior sentido do termo, juntqndo sem qualquer nexo conceptual toda a informa-
('20 disponível sem um quadro de leitura nem hipóteses orientadoras da recolha
de informaç%oou da sua capacidade interpretativa (é inútil);
- É preciso admitir que, frequentemente, esse diagnóstico 6 realizado por
qualquer obrigatoriedade vinda "de cima", visando tio simplesmente comprovar
uiil diagnóstico de "senso comum" dos técnicos intervenientes (6 enganador);
- Raramente o "diagnósdco" integra de forma harmoniosa os elementos
quantitativos recolhitlos e os elementos qualitativos que advêm quer da experi-
ência de terreno, quer da própria populaçào-alvo ((é incompleto);
- O "didgnóstico"r20 é uma lista de "desgraças"mais ou menos empirica-
mente provadas. É um olhar sobre uma realidade que tem vulnerabilidades mas
tem também potencialidades de clesenvolvimento. O seu poder reside na capaci-
clade interpretritiva das dinâ~nitassociais do meio, na detecqào das causalidades
dos problemas e na icientificaqio dos recursos necessários para ultrapassar as
clebilidades (senào, é parcial);
- O "c1i;ignóstico"está dissociado clos objectivos (ou em perfeita descoor-
clenaçào com eles), o que exige o seu "esquecimento",ou o seu enviesamento,
aquando r h acçào (é perverso);
t.Iitzclurnentos e Processos de t h u Sociologia ccle Acçdo

Mio é este o momento para aprofunciar uma "metodologiado


registe-se apen:is que, sendo permanente, ele está necessariamente ligado a
:tprofundamento e, nesse sentido, utiliza uma inetodologia cle pesquisa-acgiào.
O diagnóstico refere-se a um conhecimento alargado do meio social,
ineddamente das questões que se referem à intervenção, e tem uma dimen
mais alargada do que a identificação do problema. Pressupòe uma relaç5o
interacção entre as variáveis em presença e a identifkacao r i o apenas das vu
nerabiliclades, mas também das potenciali&des/recursos do meio de int
vençiio, nomeadamente dos disponíveis yara a operacão em causa.
O diagnóstico contempl? a derecçiio das necessidades, embora não s
esgote nessa dimensão de contiecimento, mas o conhecimento das necessidad
t; uma q~iestàocomplexa n a diversidade das formas de expressio e dos mecani
mos (le comunicéção dos diferentes grupos sociais.
O conhecimento do meio exige, frequentemente, o lançamento de ins
mentos de informação e o diagnóstico exiie a clefinição das linhas de pesquisa, e
de aprofun&amento, dos factores que s8o entraves ao desenvolvimento local e cuj
conhecimento é necessário para elaborar um programa pertinente de ~icçiio.Nes
sentido, o diagnóstico 6 um instrumento de pesquisa e um mstrumenta de parti&
p a ~ ã ode todos os que detêm elementos de conhecimento sobre n rmlidade.

1.2. ElaborqHo de um diagnostico a partir da idenwcação '

dos problemas - an5lise de necessidades


O início de um projecto de intervenG~opode ser realizado de viirias for-
mas. A forma mais tradicionaI é a identificaçio dos problemas como fase de
arranque de um projecto de intervenção'. A definiçiio de problemas chama-se'
frequentemente na literatura anglo-saxónica análise otr ai?aliaçüode necessida-
des. O diagnóstico, ou ardise de necessidades, 6 sempre defmido como a idea-
tificação dos níveis de não-correspondência entre o que esth ta situaç(topresente) '
e o que "deveria estar" (a situaçào desejada).

JÉ preciso mio cnnfitndir 3 f;iae de irlentificifio dos prohlrt~l;iacom .i re:ilizaçda do Ltlitgn6sti- f


1:
co. O dugnóatico tem uma ahard:igem mais glob;~l,mmis :iniriil:itla e conreptii:iliz.iti~,identifica os
pwhtem;is mas t~inhémos rec.citrsoi e porrnçialidickes do meio de intewenqbo. 2

1
O conceito de necessidade tem sido utilizado em diversas acepcòes nem
sempre com a mesma interpretafio. A diversidade das formas de abordagem do
conceito não depende apenas do cumpo disciplinar que o utiliza, onde se con-
fronta uma dimensão mais colectiva na utilização sociol6gica e uma utilização
mais individual na concepção da psicologia e da psicologia social. A diversidade
parece residir, sobretudo, na sua cidequaçào aos grandes paradigmas de refersn-
tia de que este conceito é parte integ~ante.Assim, na terminologia marxista, o
conceito de necessidades é, sabretudo, utilizado p u d dar conta das condições
de reproduçào geradas pela exploração do homem num sistema produtivo alie-
nate. Nas teorias mais compreensivas, o essencial do conceito reside na satisfa-
-
rão individual ou colectiva - de carências e, na perspectiva mais funcionalista,
o conceito de necessidades 6 o motor de comportamentos ensaiados num jogo
de vencedores e vencido$.
O que é preciso reter é que o conhecimento das diniimicas sociais nào é
realizado de forma vaga e abstracta, mas é-o tendo em conta a detecção de
níveis de desajustamento, ou a deteççào de necessidades, e dos recursos que
pociem ser mobilizados. Esta forma de estruturar a recolha de informação é dife-
rente das simples monografiasou de pesquisas acadhicas vastas sobre as din3-
iilicaii sociais mas que são de difícil estrutura@o em funqio da intervenção.
Mas o diagnóstico nào é tlo-pouco um levantamento funcionalista e restri-
to de inclicadores de performance social, devettdo permitir a capacidade nào
apenas cle identificaçiio das necessidades, mas tambkm do sistema de ac@o que
:is produz e lhes dá um sentido sociologicamente pertinente.
I Em síntese, um diagnóstico pretende responder 2 questão: por onde passa
n satisfação das necessidades sociais num determinado sistema de acgio?
I
Níveis e fases de organiZa~50de!u m diagn6stico
No início de um processo de trabalho, o diagnóstico é um instrumento
essencial - e pr&vio- a qualquer desenho de projecto. Dependendo da fase do

' Para urn .~profun&:imentodo conceito de necesatd~desvm ~uciologiaver Pingon, Diniel,


Besoin e?Habitru. Crifiqire de Lu iVritiotr rle Besoin et 7360rie de Ia Pratique. Paris, Crrnre Sorinlogie
Url>:iine, 19%

133
~ z i ~ z d a m ee~Processos
~ t ~ s de Uma Sociologia de Acçao

projecto, da documentaçào anterior, du temporalidade do projecto, etc., a d


qiio do diagnódco decorre do objectivo d:1 intrrven@o e da encomencla.
O dingn6aíc0, sendo rlefínido como o aprofundainento das din21nic
mudunça, das potencididades e dos obs~~culos num3 determinada situaç
i1111processo perimnrnte e sempre participado, pelo que está sempre inacal
No entanto, vai tendo intensidades diFerentes, scnclo inevitavelinente nuis
fiindado - e mais extenso - na fase inicial do lançamento de um projecto
clefiniçáo do seu ciesenho para um horizonte determinucio.
No próprio plano de ac@o de um projecto, é frequente estarem incl
;icçòes de aprofundarnentn do diagnóstico (com metodologi.~~ v~dicionaisdc
quisu e outras) que, sendo consumidoras de tempo e recursos, precisam de
estribelttcidusde mtemiio. Sào, geruimente, elementos de aprohindam-entoem
sensíveis ou de n ~ a j desconhecimento
~r do projecto e que irào permitir fo
diagnóstico de formu 111ais fim e nprofundada ao longo do decurso do proje
Frequentemente, a grelha analítica utilizada para c:ttlrt problemácicz
se pretende aprof~indarconsidera as potendnlklades e as vulnerabilidades,
como as oporrunictades e as ameliças num futuro próximo.

EXEMPLO DE GRELHA ANALÍTICA PARA O DIAGNÕsTIco

PONTOS FORTES E SUA PONTOS FRACOS E RISCOS


SLISTENTADILIDADE

OPORTUNIDADES NUM bMEAçAS NIIM HORIZONTE

o diagnóstico e, de inicio, muito aberto, embora ct


Tradicionaln~en~e,
do no "sistema de acqào" sujeito 3 intervençio, mas os clesenvolviinentossi
sivos v30 smdo objecto de nsior concentrriçilo ern probknxtticas u aprofu

Grupos-aivo e diferentes níveis de necessidades


O diagn6r;tico deve considerar os diferentes rictores envolvidos
projecto, as suas necessidades específicas e as suas particu1:iridades de ful
dcz Pt-qjecfosdcz It~terronçcio
A Cí)~z.strtlçdo

naiilento. Considera-se, geralmente, pelo menos três níveis de actores, sinteti-


zando: os beneficirírios d:i ac~:io,os c»ndiitores dri uc(;iio e os trncomendado-
res/decisnres.
No primeiro nível, ternos aquilo que 6 frequentemente apelidado de
grupo-alvo ígrozrpe-cible), ou seja, :iqueles a quem o projecto é dirigido: iiten-
tes, clientes, p:iis, uti1iz;idorrs cle informaqào, etc. No segundo nível, inserem-se
os que srio responsáveis pela exrcuçào da accÍio: trabalhadores sociais, enfèr-
n~eiros,:idministrridores, supervisares, fornecedoreb e politicos/decisores, pro-
fessores, pais, etc. Nuin terceiro nível, situ:im-se aqueles de quem depende a
;ic$io, mesmo quanclo nào estào clirectumente irnplicaclos, r que silo respon~á-
veis pelo accionnriiento de recursos (edifícios, equipamentos, teçnologia dispo-
nível, transportes, salários e benefícios, etc.) e soluçc?es.
As pesso:is do primeiro nível estrio no cora@o do processo cle diagnósti-
co, as cío segundo ~ v e tgln i alguma rei:içlo corn o primeiro nível e as suas
f~incòesafectam-nas, bem coriio as do terceiro nível. Ernhora o grupo-
-alvo estej:i no primeiro nível, o segundo nível quase qiie é ritingido pelos efeitos
da acçào e pode ser alvo de uccòes específicas, como, por exemplo, a forinaq&o.
O terceiro nível também sofre riltera~òespor via do projecto, sobretudo através
das estruturas de gestio e ~ r ~ n i z a q i do
i o mesmo.

1.3. Objectivos e funções do pré-diagnóstico


e do diagnóstico
O diagnóstico inclui sempre, embora com intensickides diferentes, trcs
0per:içcies:
- uma hse de pr6-diagnóstico, exploratóriri, com base na documentação
rxtstente e em entrevistas conl licleranps virias;
- uma fase de diagnóstico propriamente dita, corn recolha de informuçiio
original;
- uma fase de hierarquizaçjo dos problemas e de desenho de soluçòes
alternativas. Frequentemente, esí-ns operaçàes vão-se realizando já com acçòes
etii curso, sendo o diagnóstico um elemento pedagógico de :rprciFundamento e
discussdo dos problemas, das potenci:iliclacies e priorid:ides do prcijecto em cau-
sa. O cli:t,gnóstico participado vai gerando uma -'cultura cio projecto" e um conhe-
çiinento ~iiúhioentre todos os intervenientes.
Pré-diagnóstico
Os objectivos dv fase de prC-cliagn<íbtico >Ao:
- investig:ir r organiz:ir 3 i n f o r m a @ i o j3 disponível sohre ris nccessidad
e o grupoalvo;
- clrterminar o enfoque princip;il do d i t i g n ó s t i ç o e o nível de aprofund
rilrnto cio p r o g r a l i i a ;
- c c l n s t r u i r c n m p r c ) n ~ i s s o entre
s p:ir;r todas as fases
os parceiros en~~olviclos,
íncluinclo o riso e ri circtilaqAo cla inforn~:~giio,o p l a n e i i n e n t o e 3 intervenqão.

OBJECTOS E CONTEÚDOS DAS FASES DE E L A B O R A ~ O


DO a I A G N ó s n c o
FASE 2
I)IACN~IITICO I'UIORI1)ALIES
I i-crrlhs r iinhlt~ede infi>rrn~ih,i
intervenvio /
Clnrdi~~ro .*iatemide .IL&-~ue d e h r Detcrmimr o ~.oirtrxfo,ofmtrs e u\ E\rahelrclrcrr .is pric~ndadeivaca todos
I uni plana pnm 4 .milse tls rcdidacle liiliite.*do di~pí,*rico oa niwh de dreno drf~nrdo$ nn fae 1
-9 .
1I Iclenrdii~rr>& prtncip.dis actoreq (do
prarini nivei. uniiiu inrrrvrntirr,
r trntrx~~~sJ
Identifi~arrs . í m s dr Jr*~ilbstico Ci>nvid+r.ir>olri$i*s :ilternativíis
que ii.i c w w u c i e r p n * u n ~ ~ ~ n r ~ t ~ ~ i
poztenom
1 Dctinir finali&~lesdo pré-
-di.igpo~ticiit. rio dixgnosrrco
I<cc«lherao irrhirinqr3es egundo 3 Cc~n~un~wr
inetwlo~i~gu detlpdri
oa re~ulradois.a t d « s os
inrervrnirntcr +
ldent~tiwra pnncipaia S ~ a de s Senipm que p~~a.(iieI, rerlxzir lima Prripnr torrnda de or~dnurl@apata o
qur;irioIliuiiento .málise causal p ~ r r>.\
r três mves desenho r o decurso do projecte :
I)werminir liisc~rer.ir.is infi,niin$ki mcilhidah
TiiA~rind~i)~~Q m<iihrr c drn3niic,is gemdar rili ftiqdo cle
- h~ntes q u d ~ i de
s Ieirura pruhliiiwtardos
- hkttxlos
- Port'ncial tw duh didw
PRODUTO. PUODUTO BRODLiTO.
Preili;yai<l~ico
e phnri prrliiiiinar I>ocunientode dugnhrtc», win J Documento6 iIe divul~rl~lo do
prm as f&es 2 r 3 idcnritka@o dm.iiniids de dr~gnostico
tnudanp. potenrhlictidrc r D o c u a i e n z - . d ~ dimh~cas
s de
o ~ ~ . i t ~ ~grupos
u l ~ i ç m.ti.h
. nfect~&>s. nit!&n~(lipresrntrs no bihwilu de
par~,etrosa envolver. rwwrsos J C Q ~ pnuridades
I, dnccradas para a
clibpt>niveiç,etc inrer*enq&o,tn~rrccnientese forma
de rkaboraç5o do programa de ac@o

Assim, esta fuse tem como funçoes:


- Planear o processo e organistr os grupos, definindo as responsabilida-
rles de todas as partes;
:I C'otzstnrcrio cf@ Projectos tle I ? ~ t r r i ~ c ~ ? i ~ . ~ i o

- Contluzir urna ini.estigiçiio preliminar sobre a inforni;tcrio que esta clis-


ponível;
- Idenrifieir a intençàri e o rnfoqiie do tliagnóstico e clarificar os potenci:iis
utilizadores da investigaqào;
- Obter aprovaçào para uin prE-programu pura as hses 2 e 3, incluindo
nlet:is, calendário, orcamento, etc.;
-Identificar e lidar com o contexto político e organizaciona1 da instiiuiqlo
que pretende a rea1iz;içào do c~ia~nóstico;
-Construir procedimentos que assegurem a fase 3 (de iinplementaçào)e111
termos de compromisso na gestào e na implementaçào clo plano.

Na fase de pré-diagnóstico, pretende-se:


1. - Identificar as questões-chave relacionadas com o diagnóstico,
o que depende de diversos factores:
a) Se o diagnóstico faz parte de um plano estratégico, é neçessiírio situar
esse pliino e avaliar as interdependências. Lltiliza-se, geralmente, entrevistas com
i n f o r ~ ~ ~ d oprivilegiados
res prim entender objectivos esquecidos o u Areas pouco
clarific:~das;
13) Se se está perante uma :íreíí de :ilt~risco (devido u q~iestòesíimbien-
t:iis, queststòes poleinicas, etc.), utiliza-se essa confiitualidade Iarente, ou nao,
como ponto cfe purrida, detectando a diversidade de grupos sociais e de pontos
rie vist:i em presença. As questões inicialinente iclrntificadas podem fazer parte
de 11111 siibsisterna e ser, numa prirneira fase, pouco perceptíveis;
c) O diagndstico pode fazer parte de um processo nornial de plane:tmento
e de monitorizaçiio já anterior e se as ariílises anteriores não tiveram resultados
pr+iticosé necessário averigu:ir n r:iziio da aitsGncia do seu itnpacte;
d i Iclentificar as razòes por que naquele tnomento a instituifio pede tim
clk~gnósticoe uina intervent;:io:
e ) Iclentificar ;is reacções, e o grau de actesào, dos diversos intervenirntes
no diagnóstico e nuina potencial intervençao.
De qualquer forrnii, é preciso nrio esquecer que o diagnostico nào se vai
reiilizar nu111 wícuo social e que conhecer a história de anteriores intervençdes
pode ser fund:iinental. É preciso consicterar que ~ntiitrida inforinaçrio disponível
sobre a situac:io que se está a anrilisar está dispersa pelos inúmeros interlocuto-
res e que esse a;iber empírico e de "senso comtirn" é uma indispensável base de
Fulr~i'atlzantosc-Proce.ssosde Uma Sociolugin rle Acçdo

p3rtida paru o entendimento dn situacio, n:i coiriplexirlade dos diferentes pont


cle vista.
2. - Determinar áreas de conhecimento que serão necessárias pa
cada problemática-chave.Porler-se-i utilizar unxi grtflh~semelhante à que
ripresenra no Anexo 3 para identificar as inforri~açõesnecessiri;is.
3. - Identificar a informação já existente, a sua fonte, a qualida&
o período temporal a que se referem essas informações.
4. - Identificar que tipo de informação pode clarificar melhor
conhecimento da situação e identificar as fontes potenciais de recursc
da informação e a metodologia para os obter.

Assiili, em síntese, 3 fase de pr6-diagnóstico deve:


a ) descrever a intençào e os objectivos cia elaborayào do cliagncístico. Por-
que se realiza o diagnóstico? Quem usará os resultados? Qual a amplitude do
dizgnóstico? É necessário abrir ou fechar o campo de ardise?;
b) definir o enfoque de análise para o priineiro nível, r se possivel para 08
segundo e terceiro níveis. Quem está it ser ~inalisndo?;
C ) clarificar as informa~òesnecestssárias, as melhores fontes e m6todos;
d) defiir calendários e responsabilidacles para a fase 2;
e) descrever os recursos necesssirios e o orçamento;
F) identificar os utilizadores potenciais dos dadob e mktodos cle clifiisão da
informaçiio;
g) definir como poílerá a fase de diagnóstico ser avaliada face aos objec-
tivos tnçudos;
h) obter a aprovaçào do plano de cliagnóstico.

Métodos de pré-diagnóstico'
Há u m grande diversidricle de rnerodologias utilizfiveis na realizaçlio de
pré-diagnóstico. As técnicas mais clissicas recorrerii fundamentaliliente a dois
tipos de recolha de inforinaçiio: a análise documental (de dirignósticos já exis-

' Ver ;hl~unsrxeinplos no :inrxci "Exeiiiplos tle Apr)io ,\o Pre-Di:mn<jsrtco e :to Dt:ignohrtco'.
A Cotzstndçcio de Projectos ele intenonç&

tentes: recolha de informnç2o estatística variada, estudo d e documentos r fichei-


ros de servi~ose instituiçdes, etc.) e entrevistas a informadores privilegiados.
P:ira além d~ utilizacào das técnicas clássicas em ciencias sociais, organi-
za-se iniiitas vezes uma cornissão para a realizaçào d o diagnástico com a repre-
sentaçào de vários interessados do segundo nível ( e por vezes do primeiro nível)
que Funciona como um fórum de consulta permanente.

Fase de diagnóstico
As principais çaracterísticas c10 diagnóstico repousam no seu carácter sisté-
inico, interpretativo e prospectivo. A elaborario do diagnóstico rissenta na com-
preensào CIO carácter sistéinico du realidade (mesmo quando se faz um diagnóstico
parcelar) e envolve uma relaçrio d e causalidade linear numa priineira Fase (iden-
tificaçiio cios problemas e buas causalidacies) sendo inais global e integrado
nuiln segunda fase, quando o conhecimento das din9rnicns sociais surge de for-
ina inaís interactiva. O diagnóstico é, tainbém, iim instrumento de participação e
de conscientizaçào rlos actores intervenientes (aos vários níveis i5 citados) e nes-
se sent~dopode ser conside~idocoiilo F~zendoparte integrante do processo de
intervenção porque e um instnimento de interacgào e coinunicac;do entre acto-
res face à comprrensào cla realidade e à iclentificaçao de necessidrides.
Pela sua complexidade, o diagnóstico apela desde logo ao accionamento
de um conjunto alargacio cle .saberes por parte d o investigidor. Saberes científi-
cos certamente, inas tarilb61n saberes processuais, técnicos e humanos, apelando
:I capacicirides de diilogo e cle concertaçào, de re1:içiio e de gebtào de conflitos.
A i-ea1izaç:io d o di:ipnóstico é, por excelência, o accionamento de urna rnetodo-
logiu de pesquisa-ac$o r cle dinaniizaqio comunitária.
O conhecimento contido no diagnóstico é certamente inultidisciplinar, dada
a complexidade cias clinamicas sociais que exigem a presença d e equipas de
constihiiqJo diversificada orginizadas ern Funcào das áreas de 3cGo previsíveis.
O diagnóstico pretende definir as possíveis relaçòes causais integrando-as no
contexto econdmico, sockil, cultural e político clo local e da regiào. A sua finali-
clade é analisar de que forina as condiçòes presentes afectam ris condições de
vicia; logo, o conl~eciiuentocias din~ensòesqu~ilitativasé indispensável.
É ii11port:inte que o diagnóstico nào despreze os conhecimentos já existen-
tes, mesino que pouco bistematizados (recolli;~doçun~ental,consulta colectiva,
Finizd~jmentosa Processos de Utnu Sociolugku de A ~ c g . 2 ~

inforriiadorrsprivilegiados, etc.) e que combine, no estudo, o5 elementos quan-,


titativos e qualitativos dos fen0rnenos a estudar.
Ndo esquecer tamb6m que o diagnóstico, sendo um mori~entoda pesqui-
sa-acgio, assenta t;irnbkm n u m atitude de curiosidade científica permanente a
de iniaginação sociológica por excelgncia. Nesse sentido, prolonga-se durama
todo o percurso de pesquisa, tendo, no entanto, tnomentos fortes e intenciona-,
lizados de re~lizaçào.

Os objectivos do diagnóstico são:


- clocui~~entar
ri11 que estado e ~ t áa sisteiira de nqiio face a» problema

identificado;
- determinar a e a iniporthciri dos problemas e as suas causa-
lidades potenciais;
- identificar as quest6rs-cl~aveem torno rias quais se pode Formular a
intervengiào.

Por definiçrio o diagnóstico deve abranger a an8lise cio contexto social,


ecanóruico e cultural onde se insere o problema - as patencialidades e os meca-
nismos de mudrinça que ai se encontram, as ;ispiraç&s larcntes e expressas
pelos virios grupos sociais fuce ao prol~lemae fiice à sua evolu$ao. Assiin, um
cliagnóstico deverá conter os seguintes elementos cle informaqiio:

1. Identifica~àodas cnusrilidades dos problenins, o que obriga ao recurso a


11111 quadro tecírico de referência e a hipóteses cde trabalho (as cnrsatidades j?
funcionam como hipóteses de trab*dhoí);

2. Caracterizaçrio detalhacla do problema (sempre que possível quantitati-.


va e qualitativa);
- AnAlise da evoluç5o cio probleina no pasatdo e perspectivas da sua
woluçko futura;
- fctentific;i<;iiodos actores intervenientes, das siias diferentes percepções
do probhma e expectativas face à sua resoludo;

. cmnpleridade e :i tliwnid:iclr dss defini<&$ do conceito tie c.itis:ilirl.~dena s~i;iiirili~aqio


i
e111ci2ncins socirll~pode ser :ipr<>tuildxtaem Madelainr Gr:iwitz, 1995. oprrs crtrcs, pp. 350 3 363.
- Levantainento de experiancias concretas já existentes de intervençio
bce ao problema;
- Clarifica00 dos recursos e forças que ajudam a rrsolucào do probleii~a
ou que sào obstáculo-forca a uiii diagnóstico positivo;
- Definiyso das prioriciades de interven~io,face 5 análise do prohlen~a.

A clarificaçào clesse questionamento poded passar por estas etapas:

I. Situar o pmblet~u,os seus enfoques e as suas fronteiras e os grupos-dvo.

2. Organizar a inforrmçiio recolhida e tentar quantificá-la (sobretudo na


que diz respeito ao nível 1 - populacio-dvo). Note-se que esta quantificaçào vai
ser fundnment:rl para :$feriros resultados do programa, dado que parte da avalh-
crio decorre deste c1i:ignóstico inicial, visto que se considera que os objectivos
decorrem da discrepância entre o estado inicial e o estado desejado. A avaliugio
decorre da relaçào entre o estado alraqaclo e o esiado desejado.

3. Realizar a análise causalb.


3.1. Kealizur a antílise causal para cis factores do nível 1 (utentes).
3.2. Realizar a an5lise causal para os factores cfo nível 2 (interventores).
3.3. Re;dizar a análise causal para os factores do nível 3 ísubsisterna de
recursos e decisòes).
3.4. Realizar a riniiise causal para os factores exteriores ao sistema - eco-
n0micos, sociais, culturais - que podem estar a contribuir para a
persistsncia da necessidade.

4. Sintetizar todas :is inforinaçBes sobre as necessidades e suas causalida-


des para cada área.
4.1. Identificar causalidades que podem ser controladas tlo interior do
sistema.
4.2. Identificar cnusa1id:ides fora do controlo do sistema.

5. Analisar, articular e interpretar tod:ls as informaqòes.

" Ver neste capitiilo: rnrtodolugiar a rtrilrnr no cliri#nti&tico


Eilndamrntos e Processos de Lftrza Sociolog ín de .Acpiciu

1.4. Definição de prioridades de intervenção


Geralinente, os rliagnósticos realizados :ipresentam uin:i gr:inde diversidade
ele campos potenciais de intervençiio; no entanto. os recursos dibponiveis - finan-
ceiros, técnicos ou humano:, - nào permitem unru intervengào em todas as frenres.
Torna-se por i s ~ onecessário seleccionar os aitnpos prioritiírios de intervencào.
Nuin projecto de intervenyào coin longo teinpo de durario (quatro a seis
anos), geralmente, opta-se, numa primeira fase, por fazer unia interven@o com
vdrias componentes de acqào sendo posteriormente fechado o campo ele interven-
@o após riliia avalia~5origorosa dos resu1t;idos da priineh fase cle trabalho. No
entanto, e ern quase todas 3s sit~~a~'Òes, torna-se necessário hier~rqurzsras priorida-
des para a intervenDo sendo esse processo clifícil, face 2 diversidade de opiniães
sobre as din2irnicas identificadas e as suas vulnerabilidstdes.
Essa sttlecqio 6 realiza& por con~paraçioe tendo ri11 vista, geralmente, dois
critt-rios de base: a ciimensiio e a natureza do problema e o c~rácterreprt~dutivo
que assume. A diinensào e a naturez:) do prohleim reenviam para elementos quan-
titativos e qualitativos referentes ao tipo de impacte do problema - essencialmente
pessoas atingidas e gravidade da situayào. De f;icto, utn problema pode atingir um
níiinero alargado de populaçLo inas nào ter a nies111'a gravidade ele outro que
:ibranfa tnenos pessoas. O carácter reprodiitivo de uni Fttnámeno social é tim crit6-
rio de selecçio complexo que exige retlexio sobre a '.capacidade iiiotriz" que
pode ter a intervençào sobre uin detern~inacloc:tn~posocial. Por exemplo, pode
ser mais irnpofiante agir, numa deterilinada fase, ~ipoiandoas famílias a resolver as
crirências habitacionaw gravesdo que comhiter o insuctssso escolar ou intervir face
30 problenia das crianças de rua. Pressupòe-se que liaveri L1ni.a relíiqiio de causa-
-efeito encre estas duas vilriiveis e que a causa estará ein larga rntrclicla na primeira,
pelo que urna acçio sobre ela ter5 efeitos positivos sobre :is ~egiindas.
A forma de selecçào das prioridrides exige :i retorila do diagnóstico, a aná-
lise individual de cada probleinri, a sua quantificaç50, identtficrindo as c:iusalida-
cles e articulacòes coin as restantes probleinific:is, os resultados 3 curto e média
pcizo da 1~3o-intervenç;io, etc. Este aprofundainento poderá recorrer a t6cnic:is
de rinAlist: de que falareinos a seguir: espinha de peixe, lista de controlo, fóruin
comunitário, árvore de decisòes, etc.
A responsabilidade pela clefiniçào de prioriclades é do grupo responsiivel
pelo planeaniento, ii~asdeve ser tio prticiparia qu:into possível, pois eviclente
que seri clo confronto de opiniòes bem diferentes que poderá surgir uma opqão
(mais ou riienos) consensual. Assim, esta etapa nrio cleverá depender apenas clri
opiniào de peritos ou tScnicos, deve considerar ta~nbéma popula~àoenvolvida ou
os seus representantes.

A selecçio de prioridades pode consicler:ir várias diinensòes:


- O horizonte temporal do pl:ino;
- O nível regional a que se v:ii c010c;ir o plano (local, regional, nacional,
intern:iciond);
- Os recursos disponíveis;
- A cotnparaçRo entre as diferentes estratégias possíveis (modos diferen-
tes de resolver ou :@r sobre o mesmo problem:~).

Estabelecimento de critérios de selecção


Para a hierarquia de problemas é frequente recorrer-se ia uüiiza~ão
de critérios que são pontuados em função da sua importância. Essa pontua-
cão dará o peso respectivo da situac;ão,do problema ou do campo de acção
para a intervenção.
O estabeleciniento clos critcrios de selecgào e a determinayào do seu peso
respectivo sào funclarnentais, pois determinam, ein larga medida, o resultado e,
sendo atravessados por grande siibjectiviclade, colocain exigências próprias à
constituiçào cla equipa, 5 experiência e :io conhecimento clo terreno por parte
das equipas responsáveis pelo planeainento, rtc.
Iinperatori e Gir:ildes (1993) citain o tr:ibalho pioneiro tlo Bureau Regio-
nal da OMS, erii 1965, onde os três critérios utilizaclos pari1 hierrirquizir os proble-
mas de saúde, que se torxir:inI clássicos, forrrin a dimensão (peso &i populaçào
:itingich), a transcendência a pontleraçào qualitativa da questào cla climensào
- se qiiisermos, :i gravidride) e ;i vulnerabilldade (sendo que esta 6 medida
pela capacicl;ide cle obter inelhores resultados, no inenor teiiipo, coiii o menor
ciisto). Nas ire:is soci~iis,é Frequente ricrescentnr critérios re1:itivos à sensibilida-
de ao problern:~da pop~il;içào-:ilvo(indispensivtrl para conseguir a sua partici-
p:içào) ou dos decisores (indispensável p:iiri a obten<;riode recursos)'.

" Ver outras critérios em Imperdtori r Girddes, 1993,optrs cittu, p. 66.


Fitwrlru>netítos e Procmo?;cle l'mn Soridc~~irn
de Acçrio

De uma forma pdtica, pode-se construir uma tabela como se ilustra


na figura seguinte e colocar na horizontal os vários problemas detecta-
dos. Um exercício colectivo será o preenchimento individual, pelos vári-
os intervenientes, das pontuações dadas a cada um dos critérios - onde a
pontuação 1 refere um mínimo de importância do critério e a 5 o mãximo.
Seguidamente, os membros do painel reúnem-se em grupo e discutem as
pontuações individualmente atribuídas de forma a encontrar consensa
sobre uma pontuagão final.

EXEMPLO DE UMA GRELHA DE HiERARQUiA DE PRIORIDADES


DE INTERvENGo

Principais objectivos da fase de selecção das prioridades


Os princip:iis objectivos desta fme s5o:
- Estabelecimento d:is priorid:ltlrs face às necessiriades o u aos prol>lernas
identificacios;
- Est:ibeleciniei.ito de estr:tt$gias para satisfazer cs%is ilecessichcles:
- rst;ibelttçttr os critCrios;

- çonsicleriir soliiqòes :ilteriiativ:is;


- av:ilinr ;is alternativiis;

- selrcçinniis LIIII:I OLI IIXI~Ss~luyòes;


- Fin:ilriiente, prep;ir;ir rel;~ti>riose clocuiiientos íebcritos e orais) p:ira a
i
clivulg;i~àoc10 c1i:tgnóstico e das principais estrrit6gias.

1.5. Metodologias a utilizar no diagnóstico"


Mais uina vez é importante referir que nào existem receitas parri a escolha
L ~ O Smétodos e clas técnicas a ~icilizarna f:isr rle diagnóstico. Pode-se recorrer a
iii6tocios ckssicos - entrevistas, questionários, etc., o u a uma panúplia :il:irga&
cle tccniçus de recolha d e inforrn~idoe de clecisào adaptacki ;i esta hse.
Utiliza-se frequenteluente técnicas centr~d;tsna procura das cíiusalidades
dos Fenán~enossociais sobre os q u i s se pretende intervir, de forma a r;to agir
mbre as evidCncias mas ser eip:iz cle se :iproxirniir dos f;ictores provocadores do
fenómeno social em ;in'l' ,i 1se.
A anãlise causal socorre-se & técnicas específicas, algumas delas
de muito fâceis utilização e aprendizagem pelo investigador. São geral-
mente técnicas de gran& intensidade de ~abalho mas generahtas e quase
sempre de recolha de "subjectividades*sobre o problema, precisando de
ser confrontados os resultados de outras técnicas utiiizadas com as in-
formações quantitativas recolhidas. A escolha das técnicas a utiiizar de-
pende do contexto em que se reaha o diagnostico, sendo de considerar
a existência ou não de informações já recoJhidas, as características do
grupo-alvo e grupo-cliente, do tempo e do financiamento disponíveis,
etc. Geralmente desenha-seuma panóplia de técnicas que respondem aos
diferentes objectivos do diagnóstico e aos diferentes interlocutores.
No ent:into, 6 sempre preferível utiliziir tCcnicas que recorrem a rnetodo-
1ogi:is de iliiplicaçiio clos actores e que se socorrem clos princípios da pesquisa-
-;icqào. A concretização do diagnóstico permite orgiinizar a estrutura de
acompanhaiiiento que írrí acompanhar e avaliar o projecto, pelo que, se se pre-
tende um* activa participaqiio dos actores, eles deverào, desde início, contribuir
plira o ciesrnho do projecto. Estci iliiplicli$to nào é ;ipen:is um pressiiposto epis-
tt.rnolí>gico, etico e político - 6 tainbém uiila necessidade tt.cnicu, pois sabemos
que os processos de inuckinqa só euistiriio se os reciirsos endbgenos forem accio-
n:idos por :iqucles que os detêm,
ALGUMAS TÉCNICAS DE DIAGNOSTICO
E ANÁLIsE DE CAUSALIDADES
----
r- Fontes
I
Descrição 1
1
Informaçãopromizida

Ficheiros Infonagòes existentes ger;tlmenre Quintitativa a~hrrtudt~. que permite


Indicadores sociais nos serviços oficiais; algurnns li80 determinar o ç ~ ~ i cdn
i o siniaçào
D:tdos demog~ificos cIe ordein ritatisrica. outras podein de ctetermin:tdo g n i w face a
D ~ d o sçensi1irios srr informa<;òrsqualitativas. deterininadn necessidade: pode
E,tiidos re:ilizados no 1 ~ ~ 3 1 :lindo. fornecer informa$i>essobre
:I causdidade dos problemas.
1nfnrin:ifòes de outros diagnósricos

Nao interncriva
.Qumtion6nos e-i~rrtos Esua rknicn~utilizam uma Q u a e bempre intormdCAo
-Entrevi\tis a interlocutores grande divenidade cle esralas e qii~litdhtla- i d l o r e ~purepçòes,
opiniotia, lulgamentos ?obre a
privilrgiab>s niotlos de reiposta
4nilise de incidentes críticos iinponlnci~dos prohlew->
Queition.írio Delphl
pelo correio

brerdctiva
Reuniões publicas Litas té~nicasenvolvem gmpois Sol>reriidoqunirutiva <>piniòeSe
Fonins comunitiirtns gnndes ou pequeno%econi apreudfw* ole peritos PercePc;òes
TGcnicaa d e grupo nomuial diferentes graus de interaccio dos gnipos e expectauvis
Fntrevims de gnipoh focndas Cnnienros \obre ohlertivos e

.Processo DACUM
Elahor,(iio de ceninos
procedimento cln a c ~ à o
hitormdçao io~breJS causaltriades
Der'ihao iohre .is pnoridadçs

Andlí(icJ.
- E~pinha de peixe
Analise de c a u u
Estas tecnicsu utiliznin diversos
procediinenros de técnicas de
Factores de c~lJídltdadCe
predirposi$áo Conaequènrias se
e consequênctns gmpo, aplicam tCcnicds onalíricas. s neceswhde nào for \ari&feita
-- Analise
Mapds de sucesso
da árvore
produzem resultados em grbtlcos
p i n facilitar as decis6es nas
A informaqso pode ser anicuiada
coin «urr.is p a ~ estabeiecer
i
\v.ilio.~iode mcos diversas ehipu de AN. prioridades e criterins de
- Anilise
Andises de percurios inrervenwo

- Aninaliie dede campos


iinpJcto5 c ~ Z 3 d h >
tk fnrça
FTA pode >er uwds para previsjc
0 5 mapas de iucerio e i T A
podem ser utiliwdos no plmo
de db dL~A(iodo PrOCebsO
de d i d ~ n o ~ot ~ [
-
Ponte \Vitkmz e Altshiildt. 199i
A Constniqdo de Projectos de Intentenção

Quadro 11
ELEMENTOS-CHAVEDE TÉCNICAS DE GRUPO
PARA DIAGNÓSTICO

F~RUM ENTREVISTA
i
ESTRüTüRA GERAL Grande gnipo (podem Técnica de pequenos Entrevista a pequenos
wr i i t i h & s vánas grupai com inrerwnç&s gmpos com um conjunto
t&ruc.~\) lbmfladas rehtnro de
que5tionamentoâ.

UIlJ-UAÇ&ONA Obter ideias face a vvLius Generdliza$ào e Obter prrcepçòes e


AVALIAÇAO DE dimensòes da AN. pnoinm~àodns pontos d e vista ( d o
NECESSIDADES necessi&des e dos necessmamente
problemas consenm) tace à s

I questõeschave

10 ou menos

PREOCUPAÇ~ES Lietrro~t'neidade,mas zào Hetemgenei&be. mas sio Gemlmenre honiogénw


FACE A REPRE- po%íveis vana@es po*siveis vari.íiçcim (na0 e de acordo com n área
SENTATMOADE niinturdr chefias e problemática
suhordiníidos)

Ideias. pucrpCÒes, folhds Lista de ickias e de Prrspcuvas tndividw~ise


de t~~kdího, vc~q6e8 pe~&pectivas por ordem de g ~ p em
o
dependendo do processo de prioridade deternunada iura ou
e da técnica ~tiiIZdd0~ ~edtuca

»iscu.*\&s F~cea face, Produ~Pode muit&s Perspeaivas & forma


confronto de pomos cle ideias, disnissZo e como as questòeschave
vista. denionstra o t.stíihelrc~mentode d o entendidas. Os rema
interrs.~da romunidsde. prioridades. fxdem ser aprofundudos
possibilidades ümaadas
de ser domnado por
utna pessoa

DESVANTAGENS
I I
1
1

1
1
i
I

1
'
Wi'RVTW GERAL Pequeno gmpti
de dibruss~occnir:ido
rni UK~L\
tn~encli\~uspara os
mesiuiib rebpundrntcs
iplicrdra
de grupo
.i umn situ;i)"i<i
G m p o ekctm5ndco

aniculidos ~ x > r
cr~iii~uwdo&
Mapa de conceitos

1 sniculndi,~wl:i r;it>;<ci'Ldc
de an~lia:irb;ib>s &r
I
1

conipuiidiires
dn, nrefis- Ccrdr ~<11LIe11rua. eUihC.- kiliclL~nle%<i3nCnrx Awliur r rsuhcln-er L)rarn\~iilvcruiii iiialiu
-zhi\.ç ou do que d e i r Ircer priciridadcti r ohtcr pnonhdes 6 c r J prolilcuiiis ' n>iiceptuil das pcrspvcrii~~r
c<inwnar>sface a e nccrissi&des ilo g m p ~
rieccs\icLides csistentrr.

'
I
D I M E N ~ OAPROXI-
M A D A W GRUPO
H i li1 C.erdliiirnir mriiois de 50.
iiia* it.111utilimdu nwi.r
Grr~liiiriirc#upa de 11iic1r~20 <>unlcnos
diiiiriwari. .W ciu men'w
iO ou iiieiiii~

, CONSIDUIAÇ~ES
SOBRE9 UNNWO
Pcnliis in<-.rrr&ldc>r dii h niaicirki L. pnvn em
prublenia 1:ilguns dçciwircs dcrrrminsb SrcJ
Seirirhdntc nu anterior Heierogciier>a.coiiii
capa~.id;irlepar2 niartisrdr
I licrrruyencci
I
i DE ANAUSE podem srr incluidusj pr<ibicm;itad hupriores c suhordinrdie I
r u niiiinria obs s i i u i q ~ s i I
'idrrós-chave rircIriia&s LLIWde ideias,prrihlemb Sriiirlhinre ao inicricir ideta:. r 1 M J ~de
cie fi>n~ sçqurncill pir~ gerJd»s pelr>srespondenies.
cada n~vrlde u:ihalh<i runscnso (ice L w w a iienh
Lisw&h
prqxciivis prioriliriir &i p i r <./I~.ws. <-<NII 2
inttlricçio normal d o
!
I ,deus c ~ t f i i n i ~ ~ c t ~ ~

KnJP
rlz~sft.n-c relalivti grau dc
indeprndencin indicndo

,
Lltn gnipo de pcrircrs Anonimalr>d i ~ s Cuinprr 3s regras iilt.~ud~I'ruduz yr~lidcqu?ntiil<dc Produr uni niapr \.isu:il de
I.I>R%#UC npiibnicnle rrijii,ndentes, ccnai&r~(';iii Drlplii rni cunoi capa(.» de & ideias. eawhclece c«njuni<id e concciio~ !
prrduzu 1iiveL5clt. tnhalli~>113s ireas de necessididrs Liiipn; prmiiie discu%iu prioridades. prrniiir 3 relicionadu~quc firiliwiii d /
r idrniiiicnr inrcf;<r; no ienilm, raz0cs de Fdcc 3 face &ir dai iniemç~iodo grupo na discussao, li~iGm&
ki-ilriirn~eprtduzeni <livergi.nrb h c e rrsiilt~du> & sondigetli. disrusio &h priundiides; c;ipaci&de de crinircilu IH8r
uiii gr5ficu. a cunsensm. o driiiiinnrdco Ç ciinuoli&; uiiu psson: i<ds.% a
nnunmsiu das re.,posrxh ~~nirxiase analises si,> 1
i '
1I 1
prriduziL~\kl<-logrupo. 1

DBVUUíOIS ' A anili* cbs kirefa* C precise uni rciiipo lungu O aiionimii, du* E neceswriu unui silu E n e m ~ ~UII~:I n ~ Si A ~ I
nJii 2 iio det2lh;rdJ coniir pm<'edinirntirs;
Ixrd i>> rrspwwlrnlcs iiPt>p d c scr rsp~.cialii;i&ir s o J i u w ~ as
, erpcciilv;i& r.soJiuwrt; .i>
I niiurns r~cnicir.p i d c n8o prrdi de rcspondrntes; miniido: requer urna idriis sàu pr«duzidm ideias s i i > prc~hizidas
funcionar iiiuitu k i n p r r s i u ruhtil pdrd orydnizdc"2o dos ripidnmrnte e &<i no rapidanientr e ndo no ie~iipi>.
I ccnora niiris de tr~h;illio: upruxinwr o grupo prixedimentus do gmpu tempo; o strw-ao dut I
E ùul um lidcr das m!dias muito driilhada respondcntes pode x r
i k i n vrinadu. e conirohda. distraída.
1 Fonte: Wiikins e hltshculdt, 1995. -.
'4 Cb,lsfrrrçuo rle Projectos de Interornyio

H5 inuitas tkcnicas disponíveis para organizar as sessòes de traballio para


a hierarquização das necessidades, por exemplo, algumas tecnicas de grupo',
reunindo-se os seus eletnenros e dando-se pontuações a uma lista de problemas
conferindo-llie assiiil hierarquias. O exercício pcxle ser feito individualmente,
depois por pequenos grupos e finalmente em confronto de grupo grande. Pode
ainda ser realizado em separado por categorias de intervenientes - técnicos e
decisores, populações envolvidas, etc., e confronto final.
Podem ser utilizadfis outras Effnicas de obtencio de consenso (grupo no-
minal, Delplii, forum de actores, etc.). Por exemplo, pode-se facilmente utilizar o
jiófonim dg actores, em que sào fornecidas a cada um bolas autocolantes colaridas
(X bolas por participante) e onde, depois de discutidas r clarificadas as situações
de intervençiio, cada um .'votandistribuindo os pontos (da forma que entender)
nas situucões que considera rnais importantes para a intervençãoi0.

1.6. A construção de cenários como método de diagnóstico


Na fase de diagnbstico, definiu-se um sistema de acqào, identificou-se os
problemas e as dinâmicas de 11iudança e ensaiou-se a identificaçào da génese
desses problemas. Como vai evoluir esse sistema de acçào, como se situario
esses iiiesnios problemas dentro de cinco ou sete anos? Haverd cenários prová-
veis e dn5rios possíveis se houver unu deternlinada intewenc;20?
Nesta fase, recorre-se frequentemente à awilise prospectiva e i3 tecnica de
elaboraçiio dos cewírios para dur respoçra a estas questões. Truta-se de um con-
junto de tkcnicas que estào hoje disponíveis no mercado das ciências sociais e
que podem ser mais ou menos sofisticadas e formlizldas, dependendo da inten-
çào do encomendador e do investigador.
As adlises prospectivt~sbaseiam-se no reconhecimentode que estamos numa
sociedaáe em acelerada e complexa mwfanv e de que essa mudança C multi-
riirnerisional. Acredita-*e também que o passado jP não pode ser considerado como
um guia das decisòes e dd acGo, dadas as descontinuidades e rupturas que o

' E iiiipon~nteque i, grupo srfi exrrnso e, bobrrti~tlo,inultidisdplinar prtr~que as diferentes


pcrspectiv~s(te :inálise cln priibleiiin sei.~iticonfrt~nr;icl:is.
"' Neste ~ i s 1w
o critCrios mio aio in~liviclu~lmentr p<intua<los.Scrá a s«nu das bolas autoçollntes
4 frente tle (.;i& situario que fornecera a Iiierurquia dcs cainpos de intrrvenqlo.
Fz~nclane?zto.çe Processas de Uma Sociologia de Acç6Zo

presente apresenta face ao prissado. A necessidade de controlar, orientar os efeitos


dessas mudançds fez desenvolva as pesquisas de longo prazo visando tragar cena-
rios & evolu<;&s prováveis e defiuido objectivos cle longo akrince.
Enquanto ineíodologias de ie~halho,as análises prospectivas tentam
ponder a esas necessidades visando determinar "futurosprováveis" c
ros possíveis", considerando que as tendências p'd~sadase presentes sào uml
suporte 5 reflex?io e n&oelementas funrladoses de c.au~alidadeslineares. Trata-se:
cie um tipo de análige sistkniíca que considera a inter-relàgrlo entre um grande
numcru de variaveis do sistema em analise, rentzincto detectar os sinais de mud-
cie forma nào linear.
Esb tipo de anílises constitui, assim, um vais& entre e presente e o fuhrc)
e, como mocio de conhecimento, tGm muiras afinihdes com a hisrbria, jb que umas
e outra se preocupam com as mmlizn~ssele longa durííg%o.%as análises prospwi
tivas, tendgncias pssadas -e! presentes stao suportes de m a decisiia achd n%o
como qmciro detemliaista de iafluen~kd,irias como suporte da relu@o entre o
ptssado e o funiro em fiinqão de um cem4rio desejrívd.
O "rriângufs grego" apresentado por Godet (1993) sislteriza as principais
dimensões presente6 na prospectivd.

Figura 9
O TRIÂNGULO GREGO DA PROSPECTIVA

As analises ppsuspectiv~ssiío, c.a& vez mais, utens-ilias de apoio rnplaaea-


mente e C o d de &&h tendo-se
, dmen-nvo'lvictopara responder às necessi-
&da de pk3&idrAo n longo pnzo nus wcmres submetidos a inúltipjas e complexas
intefi~cgòese em cujas retulados de evolu@o se pretende intervir.
Já nos :mos 50, nos EUA, os futurólopos aniericanos H. kihn e Th. Gcirdon
fiindlirnenunm os beus ~sbalhoswaquilo que Ihes pareceraili ser s is'tendi.ncias
pesaclas" ligadas :i0 progresso técnico e científico que formatafio o mundo de aina-
nhii. Uma concepçâo algo linear nào se coaduna com a elaboraDo de cenãrios
contrastados que aparece mais tarde, nos anos 60, com a instabilidade que se gera
face à econorriia mundial. Hoje o planeamento em Portugal recorre com frequ5ncia
hs récnicas cle e1:tboraçJo de cenários e técnic:is prospectivus, tendo nlesino um
gabinete cle Pkineainento e Prospectivi no Ministério da Administroq30 Interna.
Apesar da sua relativa juventude (n;iscidas ..ofícialinentennos anos 70) as
análises prospectivas deram origem a uma grande diversidade de técnicas e métodos
de trabalho, nem todos de grande clareza. Os inétodos de constru@o de cenários
sào talvez os mais conhecidos, embora tenham ainda sido objecto de urna avaliaglo
sistemhtica da estrutura, das porencialidades, dos limites e impactes respectivos.

Apon~a-segeralmente como características f~indamentaisdos métodos


prospectivos:
- o carácter qualitativo - utiliza-se informcões qualitativas e nào se pre-
tende "prever" um único futuro descrito exclusivaii~ntede forma quantificada;
- a globalidade do método prospectivo - pretende çonside~irtodos os
factores de incerteza, d3 economia i técnica, 2 moda, aos valores, etc.;
- a racionalidade - opõe-se à adivinhaçiío, pretende informar os deciso-
res ou o público dos riscos de rupturri que siio prtssíveis de ser identificados a
partir de análises e métodos tào rigorosos quanto possível;
- o voluntarismo - trata-se de clarificar a acçiào. Estes métodos encon-
tKim o seu prolong~menton:itural nas estrutégias de apoio 5 decisào;
- o antifataiismo, que acredita na çapacidacle de manipular as variáveis
de que parece depender o futuro;
- incorporam uma visão a longo prazo.

A~itoresque defendem as técnicas prospecrivas consideram que estes


métodos aliam :i ci$nci:i e a :irteu iitiliz3ncl0, no entanto, técnicas (quantitativas

" Aig~inbautores. cornu Bertcinti de louurnel ou Gunnar Antlrrion. pensdui inrbino que .ia tnt%o-

rlologias prospcctiv.ts n.io podem ser con$rdrwdas rnreir.tiiiente cientitic;is tlatLs :ia c~cr~i,ris
liinia-
Frrndumentos e Processos de Uma Sociologia de Aeçcio

e qualitativas) de recolha da informaçiio sem semelhança com 3 ciência de ficça


ou com um discurso aclivinhatório sem qualquer base real.
Apesar clo esforço de formalizaçho dos vários tipos de t6cniças dispon
veis, há sérias reservas que s3o colocadas por alguns autores devido, sobretud
hs dificuldades em esclarecer cabalmente alguns dos pressupostos (geralrnen
rie ordem qualitativa) da análise e das escolhas estratégicas, à inadaptacão da
técnicas estatísticas que estão disponíveis e à escassez dos resultados face ad
carácter pesado (e caro) dos utensílios utilizados, etc. (Hatem, 1996, p. 851. 2,
De facto, mesmo aceitando a inevitável subjectividade interpretativa d
qualquer técnica sociológica, as análises prospectivas necessitam ainda da ela-
boração de um sistema teórico e metodológico apropriado e do recurso a técni
a s de controlo rigoroso da informação como base indispensável.
As críticas que têm sobrevindo a este tipo de técnicas recebem de Hatem
( 1996) uma resposta, referindo que a questào reside menos nos métodos utilizado
do que no modo de integração dos métodos prospectivos nos processos de toma-
da de decisido. Nesse sentido, o autor considera que o ideal seria que cada organb .
zaçao, ou equipa de trabalho, definisse um método adaptado às suas necessidades.

Prospectiva, estratégia e planificação


Há uma complementaridade muito forte entre as fases prospectiva, es-
J
tratégica e do planeamento, que podem ser consideradas etapas sucessivas do
mestno processo decisional. As análises prospectivas são, cada vez mais, desen- ,
volvidas para responder às necessidades de planificayào, a médio e longo prazo,
de sectores co~nplexosde interacçees múltiplas. As exigências que advêm da
complexidade dos fenómenos tornam necessário que os decisores disponham de
informações múltiplas, objectiva e cientificamente fundamentadas de forma a
basearem as suas decisòes em argumentos claros e democráticosi2.
Os métodos clássicos da prospectiva, corno a análise estrutural, as anáii-
ses de impactes cruzados, o Delphi, a constniçião de cenhrios, etc., parecem não -4
8
còes dos seus enquudr~mentosteSricos, mrtotlolugicos e técnicos. Ver a este prop<jsito,louvenel. B..
L Art ia Corijectrire, MSnaço, Eclitic~nstlr Rcichrr, 1964. -i
'I Ver .I iitilie:ic;3o da rnílise prosprctiva. incl~iindocliagn0stico, c\tr.itégi,i de .icrorrs e ron\rru- 4
~ . i otle tenfirios, no livro Guerra, Isabel (coordrntdoci). A Bnlsn PoviDtrli~tn,Lisboa, Celt.1. I999 ."
i
.I
A Constn~çuorle Projectos fie Intenal-zçao

ter conhecido rivanços teóricos significativos (com excepçào das análises do jogo
de actores) e estào largamente difundiclas arravés de múltiplas ap1icac;Ges numa
diversidade de campos.

A diversidade das metodologias prospectivas e


dos procedimentos orientados para o futuro
A análise da literatura actual 'evidencia uma g r ~ n d esemelhança nos
métodos propostos para a anilise prospectiva e nomeadamente para a cons-
trução de censrios (Hatem, 1996). Começa-se pela análise do sistema, deduz-
-se as principais tendências e as maiores incertezas, elabora-se cenários
contrastados e testa-se as diferentes estratégias de acçào face aos cenários
esboçados.
A análise é sempre estruturada em fun@o de elementos de acçào para o
futuro. Alguns dos métodos esrào mais próximos de uma acçào mais imediata,
111'ds outros estào projectados para um futuro mais longinquo, como a conheci-
da técnica Delphi.
Em sítuagào de díugnóstico sào referenciados geralmente os seguintes
inétodos e técnicaslj:

- planeamento estratégico;
- desenvolvimento de cenários;
- análise de impactes cruzados (cross-impactanalysls 1;
- roda do futuro e trend analysis.

A análise prospectiva de Michel Godet


A análise prospectiva desenvolvida por Michel Godet merece aqui algum
desenvolvimento, 1-50apenas pela sua utilizagào em Portugalli, e portanto dis-
ponibilidade inetodológicn, mas também porque inclui várias das técnicas pros-

I-' Pãvn 11111 aprof~indariiento&i aua utilizdçio ver Uelle Riith Witkins e James Altschuld, 1995,
optrs crttrs.
Estas inetodologirs t@insido utilizattas por \.drios centrns de estudo do ISCTE, nome:rdamente
no Centro de Estiidos Territorinis (CET)e Din3tnia.
Frtndamentos e Processos de Uma Sociologia de Acçao

pectivas referidas. Há mais de 20 anos que Michel Godet ocupa um lugar proe.
rninente no contexto das discussòes sobre as metociologias prospectivas, nomea
damente no contexto empresarial. A metodologia que propòe tem a vantagem
de estar ensaiada, criticada, avaliada e corrigida com mais de 15 anos de ensaios
sucessivos. A base dessa rnetodologia consiste, fundamentalmente, na recolha
quantitativa e qualitativa de informaçào de forma a identificar as varkáveis-chave
que estão na base das dinâmicas sociais.

As etapas do metodo
Em 1974, Michel Godet e lean-Claude Duperrin desenvolvem um conjunto
de programas informáticos para a análise de cenários que pode ser analisado na
figura seguinte.
Na sua versa0 mais sintética, a sua metodologia comporra três Fases: a a&-
Use estruturai, a estratégia de actores e a constnição & cenátios.

Análise estrutural
Vinda de muitas filia~òescia análise de sistemas, a análise estrutural é hoje
um dos utensílios mais utilizados, pese embora que s6 nos finais dos anos 60
algumas escolas a tenham generalizado.
Procurando deciErar domínios complexos e incertas para construir cenários,
interrogamo-nos sobre as hipóteses que permitirão diferenciá-los, quer dizer,
distinguir por entre as diversas variáveis do sistema de acçáo as tendências
pesídas e as variáveis que influenciam o sistema em análise.
Pôr em evidência as variáveis-chave, colocando as boas questões e não
negiicenciando nenhuma pista é o objectivo da analise estrutural que se inicia
pela construção de uma base de informaçòes. As boas questões são influencia-
das, por um lado, pelo quadro de referência da investigação e, por outro, pela
problemática a que se pretende dar resposta.
A análise estrutural visa, assim, identificar e realizar a descrição do sistema
da forma mais exaustiva possível, face à problemitica em questão. Responde
também à obrigaqio de tratar simultaneamente um número importante (por ve-
zes uma centena) de variáveis heterogéneas, quer quantitativas, quer qualitati-
vas, internas e externas.
A Constnrçao de Projectos de Intervenção

Figura 10

PROCESSO DE ANÁLISE PROSPECTIVA

t CONSTRUÇÃO
DA BASE

Fonte: Michel Goder, Maniral de Prospeftw EshatpRlca: da A n t e c f ~ arioAcçio, Lisboa, D. Quixote, 1993.

Trata-se, portanto, de definir e delimitar o sistema a estudar através d o


recenseamento das v:iriiveis que o constituem. Em seguida estuda-se esse siste-
ma já identificado, podendo-se para isso utilizar cliversas técnicas d e trabalho:
rnapping,análise estrutural, etc. Esta análise deve permitir identificar diversos
tipos de variáveis: as variiveis "motrizes" que ter50 grande influência sobre o
conjunto do sistema, u que se opòem as variiveis "dependentes" que, como o
nome indica, dependem de muitas outras, bem como outro tipo de variáveis,
consoante as técnicas utilizactas.
Fz$ndamentose Processos de Uma Sociologia de Ac@o

Figura 11
i - detectar o funcionamento dos sistemas determinando as variáveis-chave
MÉTODO DOS C E N ~ I O SSEGUNDO GODET
j (tendências peradas e varigvris de ruptura);
:
i
- esboçar as evoluções do sistema.
MEIO GERAL
(vARI~VEISEXTERNAS) Para facilitar a análise, os autores elaboraram um soJiware informático,
chamudo de MICMAC (Matrice d' Impacts Croises, Multiplication Appliquée iiun
Ciassement), utilizado para tratar a matriz de análise estrutural. Este programa
I
consiste em elevar 2 potência a matrit construída a partir da base de dados e
Análtse estrutuni VARIkVEIS MOTRIZES elaborar um novo quadro de idu&nciase dependências considerando as rela-
mrtodo MICNAC
RETROSPECTNA SSrUi4çÀO ACTOAL
: ções indirectas. Salvo algumas excepções, constata-se que a partir de uma certa
mecanismos gemens de mudança potência, em geral sete a oito, as classificações ficam estáveis. Trata-se de um
Análise "
dos jogos projectos dtu actores programa de multiplicaçiio matricial aplicado 3 matriz estrutural que permite
de aaores estudar a difus80 dos impactes e hierarquizar as variáveis por ordem de motrici-
dade (em função das interacgòes identificadas) e por ordem de dependência (em
bídtodo MACTOR função da estrutura de iigação)16.
JWOS DE HIPÓTESES
O métdo MICMAC é utilizado, sobretudo, para reduzir a complexidade
P R O B A B ~ O SOBRE
S AS do sistema e detectar quais sã0 as variáveis-chave que seria necessário estudar
com prioridade. O seu objectivo é identificar as variáveis mais motrizes e mais
dependentes (as variáveis-chave) construindo uma tipologia das variáveis.
Analise CENÁRIOS Necessitando de um trabalho que geralmente se prolonga entre seis a
imrfológica 1. Encaminhamentos
Morphol 2. w g e m
oito meses, a análise estruturul desencadeia vários tipos de críticas, nomeada-
niente a de que implica muito trabalho para resultados mais ou menos eviden-
tes. No entanto, a experiência diz-nos que, para além de ser um utensílio de
Mémdos ESTRA~GIASALTERNATIVAS "arruma~ào"da informaçiio, é um excelente meio de comunicaqão e clarifica-
multknténos çào de conceitos e dinâmicas no seio da equipa de pesquisa, permitindo cons-
Nultipol rx
'I
d truir uma linguagem comum.
1
Fonte Michel Goder, Mantcal de Prospectita E'sfrat@rca.da Antecipaqüo ii Acgâo, Liaboa, D. Quixote, 1393. 4
Estratégia de actores
Em síntese, a análise estrutural é u m técnica de análise de sistemas que
inclui três etapas sucessivas: A análise estrutural coloca em evidência uma hierarquia de variáveis
- Identificar as componentes do sistema assim como a relaçào entre elas15; (motrizes e dependentes) facilitando a detecção das variáveis essenciais 2

.-d
' Há várias formas para 3 determinagão das varifiieis, podendo ser mais ou menos sofisticadas: ' '" Para uma análise critica do método, xssim como a apresentaçào de novas propostas, ver
ciesde r ecnica <\e consulia piriLos como o método de Deiplii oii 1rri:lr oinplesmente r i viriiveis 1 José Marba Castro Caldas e Margarida Perestrelo. Insrnrmenfos de Análise para o Método dos Cenários:
ein sessoes de bruin-stormitzg conaltuem ~oluçbessimples 1d I AnálLre Estnltrrral. Docilmente de Trnbalbo de DinBmia, Setembro de 1998

!
156 4
A clorrstruçGo de Projectos de Inteniençcio

- detectar o funcionamento dos sistemas determinando as variáveis-chave


(tendências pesaílas e variáveis de ruptura);
- esho~aras evoluções do sistema.
Para facilitar a análise, os autores elaboraram um sofiware ínformático,
chamado de MICMAC (Mauice d' Impacts Croisés, Multiplication Appliquée à un
Ciassement), utilizado para tratar a matriz de análise estrutural. Este programa
consiste em elevar i potência a macrít construída a partir da base de dados e
elaborar um novo quadro de influênci.ds e dependências considerando as rela-
p e s indirectas. Salvo algumas excep~òes,constata-se que a partir de uma certa
potência, em geral sete a oito, as classificações ficam estáveis. Trata-se de um
programa de multiplica~ornatrícial aplicado 9 matriz estrutural que permite
estudar a difwsilo dos impactes e hierarquizar as variáveis por ordem de motrici-
dade (em função das interacçòes identificadas) e por ordem de dependência (em
funçâo da estrutura de IigaçiioF"
O metodo MICMAC é utiiizado, sobretudo, pata reduzk a complexidade
do sistema e detectar quais siio as variáveis-chave que seria necessário estudar
com prioridade. O seu objectivo é identificar as variáveis mais motrizes e mais
dependentes (as variáveis-chave) construindo uma tipologia das vziáveis.
Necessitando de um trabalho que geralmente se prolonga entre seis a
oito meses, a analise estruturul desencadeia vários tipos de críticas, nomeada-
mente a de que implica muito trabalho para resultados mais ou menos eviden-
tes. No entanto, a experiência diz-nos que, para além de ser um utensílio de
"arruma@io" da informayão, 6 um excelente meio de comunicação e clarifica-
@o de conceitos e dinâmicas no seio da equipa de pesquisa, perrnitinclo cons-
truir uma linguagem comum.

Estratégia de actores
A análise estrutural coloca e m evidência uma hierarquia de variáveis
(motrizes e dependentes) kicilitando a detecção das variaveis essenciais à

' Rira uma ~ioálisecritica do método, ussim como para n apresfntacào de novas propostns, ver
Jo* hiarin Castro Caldns e Mnganda Feresttelo. Insh-irmenros de Análisepara o Método dos Cenários:
1 4núlise Estnrtlrral, Doritmenro de Trabalho de Dinãmia, Setembro de 1998
Frrndarnentos e Processos de U m a Sociologia de Acçcio

nludança, bem como a identificaqio dos actores mais directamente envolvíd


nos processos de mudança.
Assim, em torno das variáveis-chave organizadas na analise estrutural
possivel identificar as actores e jogos de incerteza. Num ambiente mais ou m
nos estável, o jogo da estratégia de actores tem um papel importante na const
çho de cenários, na medida em que das lógicas de actuaçào da diversidade
actores dependerá Q futuro coléc~vamenteconstruido.
Mais uma vez est&odisponíveis v8rias tkcnicas de anilise estratégica do jog
de actores de que são exemplo o quadro de poder concebido pw Pierre-Fréd
Téniere-Buchotl' ou o programa informatizado desenvolvido p o Michel ~ Go
denominado MACTOR18,visando detectar, em torno de um conjunto de obje
as aiianças e os contlitos entre actores tendo em conta as suas relações de
O programa de Michel Godet para a análise estratégica de actores (p
grama MtlCTOR) tem sido ensaiado em Portugal em v8rias pesquisas do Cen
de Estudos Territariais19. Esta análise resulta na base da construção de
"quadrode estrategia de actoresnque confronta as relaç6es de força co
projectos dos actores podendo ser analisado depois pelo metodo MA
O quadro estratégico dos actores constrói-se, tal como o name indica, num
matriz actores x actores de forma a que cada casa da diagonal contenha
finalidade e os objectivos do respectivo actor e as outras casas contenham QS
meios de acção de que cada actor dbpóe sobre cada um das outros.
O preenchimento desse quadro 6 abjecto de uma discussàr, colectiva no
seio da equipa de pesquisa onde s 2 apresentadas
~ todas as informações que se
tem sobre cada actor. Essas informações podem ser obtidas através de enrre-
vistas e anilise de documentos, bem como ser completadas com entrevistas a
informadores privilegiados e representantes dos actores.
No estado actual dos seus desenvolvimentos, o MACTOR, sendo uma meto-
dologia relativamente simplificada, apresenta uma visão relativamente esthtica da
siwação estuda&, pese embora identifique os objectivos e os actores-chave. O seu

'- P.-F Ténière-Buchot, L'ABC drr Porrzair, Paris, Les Eclitions de L 'Orgmnkation, 1989
" Ver M. Godet, 1993, opw citz6.c.
'" Outros centros de invrstigmç;lo do ISCTE, como o Dinsrnia, trin também tral~alhacloconi estes *
progniinas.

1%
A Constn~çàode Projectos de Interverzção

mais interessante resultado é a identificação do "poder" de cada actor (face a


problemática em causa), as alianyas entre grupos de actores (e portanto também as
aliangas e oposiçòes dos grupos face ao encomendador do trabaiho) e os objecti-
vos mais conflituais ou, inversamente, mais consensuaisLO.

Construção de cenários
Após a análise da situação e da dinrimica de actores coloca-se a questão
do sentido da mudança, isto é, du análise da evolução do sistema de acgào. Mais
uma vez dispomos de uma grande diversidade. de metodologias de constmyão
de cenários proviíveis. Geralmente, com a ajuda de métodos inspirados na "aná-
lise morfol6@ca", constrói-se diferentes cenários possíveis a partir da &ta das
"dimensòes de incerteza" previamente estabeolecidas. Face ao grande número de
cenrírios potencialmente possíveis, diferentes métodos de escolha, implicando
ou não probabilizaqio, podem ser utilizados.
A maioria destas t6cnicas recorre ao que se denomina "métodos de peri-
tos" e que tem como objectivo recolfier as estimativas por meio de ajuizamentos
de peritos, consultados sobre as probabilidades de acontecimento de determina-
dos cenários. Contrariamente às probabilidades ciássicas, estas nàb se relacio-
nam com frequências, mas com crençzas e a questão de base é a da identificação
da génese das crenças dos técnicos ou políticos.
Subjectivos por natureza, os niétodos de consulta de peritos levantam
um duplo problema - o da escolha dos peritos e o da significaçao dos dados
obtidos. Na maioria das situaçoes, escolhe-se os peritos em função da sua
capacidade para fornecer o tipo de informação, o que repousa em dois critérios-
-base - a sua experiência e o seu lugar no processo de decisão e face à natu-
reza das opini6e.s; a maioria dos métodos recorre por analogia ao que se chama
probabilidades subjectivas.
As técnicas de consulta de peritos têm vindo a ser aprofundadas metodo-
logicamente, sendo formalizadas num aumento sucessivo de complexidade. As-
sim, ao antigo método Deiphi sucederam-se numerosos utensílios, em particular

3t' Ver .i expliçit:iGlo crítica clesta uietodologia da "estrdtçgiade actores"em Perestrela, Margarida

ttCaldas, José M.O castro, .'Instrumenios de Amílise para L1rilizuc;io no Método dos Cenários I1 -
Estcitégln rle Acrores",in Dncirmentos de Ttahatho. n 17, Din~inia,2000.
e Processos de Iiinn Sociologzn de Acçrio
A~n~lurnento.~

os mktodos de inipactes cruzudos, que. mJis do que se concentrar sobre a rec


lha dos dados, enfritizam o seu tratamento.
Michel Godet trubaiha também um progrnma infodtico para apoio
construçiio de cenirios cuja rnetodologia 6 baseada na consulta a peritos. Ten
em consideraçiio as variiveis-chave identificacias na análise estrutural e as te
ciências e estratégias de actores, ensaia-se o método clos cenários fazendo inte
vir os mecaniwi~osde que depende a evoluçào do sistema de accào e çonfronta-
os projectos e as estratégias dos actores.
As dimensòes-chave dos cewários podem ser encontradris a partir da anáti
estrutural e a escolhu das componentes que poderao compor os cenMos de
clsnça obedece a uma profunda reflexào, geralmente 3 cargo da equipa de pesqu
Pretende-se que essas dimensòes controlem todos os critérios de escoiha, send
suficientemente"realistas"e nao hipotéticas e nem dernasiado restritas, nem dem
shdo amplas2'.
O método SMIC-elaboração de cenários - permite, a panír de prnbab
ciades afectadas às hipóteses recolhidas na consulfa aos peritos, obter uma hierarquia
das imagens possíveis clrissificacias por probabilidades decrescentes e escolher
imagem correspondente ao cenário mais provzvel e as imagens finais clos cenári
contrastados. A imagem final será, em princípio, a mais frequentemente referenciadaf,

A n a e de estratégias alternathras
Uma vei traçados os cen3rios 6 possível, aos que detêm c~paci&dede de
&o, defímir as opçòes estr~tégicasFace aos cendrios possíveis e desejáveis. A uYib
c20 de m & d o s de escolha para futuros incertos pade permitir cl:usificdr as difere
estrategias pretendidas em funçilo dos custos ou dt: vantagem comparativas.
gundo o critério de escolha pretendido (não correr riscos, maximfzar os resultada
finais, etc.1, a classificaçiio das diferentes estratkgias pode eventufilmenre inurlar. ,
Entre as técnicas para elaboraçào de estratégias, a técnica das Arvores de
pertingncia (pelomenos na sua dimensao qualitativa) pode ser um auxiliar precioso
para essas decisões, já que pennite identificar as acções associadas aos objectivos
estratégicos definidos a partir dos cenários.

"
-
É preciso considemr que rim sistema de quatro componentes, cada uin com quatro configura-
çòes, reprrsentn 4 x -r x 4 x i 256 po~sihilirlidesde c m f ) ~ n ~ ç ò eoti
s . "rspa('os murfologicos".

160
A Constncçùo de Projectos de Interve~zção

A escolha das opções estratégicas constrói-se a partir de um conjunto de


acções de forma a quez2:
- as suas consequências a curto, médio e longo prrizo ndo vào contra os
objectivos visados;
- sejam coerentes entre si;
-as acções a empreender sejam pertinentes face aos objectivos traçados.
Os cenários elaborados nos meios empresariais são geralmente menos
complexos do que os que sio elaboiados nos meios de investigação e interven-
cio social, dada a complexidade das dinâmicas sociais. As críticas que surgem
face à utilização das metodologias que fomos citando são, sobretudo, de dois
tipos. Por um lado, critica-se que este tipo de cenarizaçào corresponda unica-
mente à opiniào dos peritos participantes na sua elaboração e que estes não
sejam em geral muito numerosos, pertencendo, frequentementeao círculo "natu-
ral" do investigador. Critica-se, ainda, o método por ser pouco flexível e esta
excessiva rigidez é considerada responsável pela perda de complexidade.
Assiste-se, hoje, a uma grande mudança e sofisticação dos insmmentos de
construçilio do diagnóstico, sendo estes, em larga medida, baseados em opiniòes
subjectivas de peritos dada a dificuldade dos métodos estatísticos na interpreta-
$0 das dinâmicas sociais ou no traçar das opç&s sobre o futuro.
As críticas aos métodos e técnicas hoje disponíveis para a complexa tarefa
de elaboração de diagnósticos sobre dinâmicas sociais n2o podem fazer parar os
investigadores e interventores 2 espera de melhores dias. Como em qualquer per-
curso de conhecimento, as técnicas de diagnóstico d5o resultadas parciais, provi-
sórios, hipoteticoe, mas favorecem,sobretudo, ocasião pird discussões, que podem
ser muito aprofundadas,entre os diversos actores, sobre a sociedade que temos e
a sociedade que queremos.
O enquadramentoteórico do trabalho,a clareza do objecto,a implicação dos
proponentes do trabalho, a escolha dos m6todos bem como dos vários intervenien-
tes na construção de cenários e alternativas - técnicos,peritos, actores, etc. - influ-
rnciani de forma directa os resultados e esrào na base de alguma desconfianga Face
i3 "subjectividacie"deste tipo de mktodos de análise do real e de apoio à decisão.

" Para apoiar este hise cle tral~dhopotlrr-se-á iiriluar inétodos de escdlia em fiituro inceno em
presenw de crrr6rios inúltiplos corrio, por exe~nplo,o Multipol.
FZifrdarnentose Processos de Utnn Sociol»,qia de ACG-cio

Como fazerv?
O início de qualquer projecto de planeamento exige a eiaborucio de um
pr6-diagnóstico r de um diagnóstico.
A elaboraçào do diagnóstico obtxlece 2s seguintes tarefas:
- XdentHcação dos problemas mais relevantes, tentando çar;icterizá-los
;itríiv@sde uma recolha exaustiva da documenmçrio exisrente ou bancando
mesmo técnicas tle recolha de informario caso esta nào exista.
- A caractefizaçlo &a si!uação de partida e a capacidade de análise da
c a d d a d e dos problemas obedecem % exi#ncia de um quadro & r e ~
ferência preparado para essa sítuugiio específica e a umu consulta alarga-
& aos ririos interlocutores.
- Uma vez icientificados e caracterizados os problemas, torna-se necessária
estabelecet prioridades, dacto que a intervenç.20 niio tem recursos para
envolver na ucçBu todos os problemas detec~~dos. Os problemris para a
acção r i o definidos pelo seu efeito motriz e as prioridades podem sctr
calculadas fazendo recurso às vhrias tecnicas ji referenciadas.
- No entanto, o início de um projecto exige tumMm u m anâllse cuidadoi;.
sa da esuategia de actores, dos seus consensos e eonflltos. Assim,
torna-se necessârio definir o sistema de acçio, identificar os actores pre-
sentes e iniciar um processo de pesquisa-acção que os implique.

" Ver em anexo, "Exemplos de Apoio ao Pre-Diagnbstico e ao Di;ignóstico". (Anexo 2)


A Goíismcgào de Projectos de I~ltenf~nçao

2. Objectivos e estratkgias de acção


2.1. Definição dos objectivos
Uma vez elaborado o diagnóstico e hierarquizadas as necessidades de inter-
vençlo, torna-se necessário definir os objectivos a atingir. A definição dos objecti-
vos nào é uma tarefa burocrática de menor interesse; pelo contrário, pela negociação
dos objectivos passa, em larga medida, a capacidade de manter um alto nível de
riiotivaçiio dos actores e de vir a medir os resultados da intervenção.
É tradicional fazer a distinçào entre fmaiidades. objectivos gerais e ob-
jectivos específicos e essa distinçào nem sempre é simples, visto que a termi-
nologia varia de autor para autor. Este em causa, fundamentalmente, a definiçào
das grandes intençòes de intervenrào e dos seus objectivos operacionalizáveis.
HiÍ várias distinçòes que poderemos apontar, mas o importante não é fazer
grandes listagens de objectivos ou forçar a uma definição académica. O que
interessa 6 saber se as finalidades do projecto estào claramente definidas e se os
objectivos estão formulados em termos suficientemente operacionais.

Finalidades
As finalidades indicain a razào de ser de um projecto e a contribuição que
ele pode trazer aos problemas e 9s situaç6es que se torna necessário transformar.
Na maioria dos casos, as finalidades estão definidas antes do diagnóstico e estão
incluídas em grandes domínios de intenção de políticas gerais das instituiçòes
públicaas ou privadas. Considera-se que há vantagens em ser-se preciso na orien-
tas50 principal de um projecto, sendo preferível escolher uma única, ou duas,
grandes finalidades.
Exemplo: Favorecer o nível cultural de urna populaçio;
Desenvolver a capacidade local de criação de emprego;
Promover o bem-estar geral e habitacional de uma populaçào.

Objectivos gerais
Os objectivos gerais descrevem grandes orientagões para as acg6es e sào
coerentes com as finalidades do projecto, descrevendo as grandes linhas de tra-
balho a seguir e não são, geralmente, expressos em termos operacionais, pelo
Fzlndamentos e Processos de Uma Sociologia de Acção

que nào há possibilidade de saber se foram ou não atingidos. Definidos pa


todo o projecto, são globalizanres e geralmente nào são datados nem localizad
com precisào, sendo, no entanto, formulados em termos de verbos de acção.
frequente que os objectivos gerais explicitem as intenções para cada um d
tipos de actores definidos como grupos-alvo do projecto.
Exemplo: Elaborar programas que promovam os níveis de educaçào e fo
mação profissional;
Dotar a comunidade de instrumentos de gestâo e de análise d
problemas de desenvolvimento;
Promover melhores formas de aproprlaçâo da casa e do bairr

Objectivos específiços
Os objectivos específicos são objectivos que exprimem os resultados que
espera atingir e que detalham os objectivos gerais, funcionando como a sua opera*:
cionaliza@o. São formulados em termos operacionais, quantitativas ou qualitati-
vos, de forma a tornar possivel analisar a sua concretização, sendo frequentemente
considerados como metas". Distinguem-se dos objectivos gerais porque nâo indii
cum direcçòes a seguir, mas estádios a alcangar, e assim, são, geralmente, expres-
sas em termos mais descritivos de situações a concretizar.
É com base nestes objectivos que se procede à avaliação sumativa final, pelq
que se t o m necessírio pensar que devem ser formuhdos com clmza e precisào,
A formulação das objectivos específicos deve ter as seguintes características:
- Mào conter ambiguidades e ser clara;
- Ser precisa;
- Sempre que possível, os objectivos devem estar quantificados;
- Os objectivos podem ser quantitativos ou qualitativos (desde que sejam
passíveis de avaliação).

?' Há quem defina ainda os objectivos específicos como objecsvos operaciomis; no entanto,

Impentori e Girídes (13%) estabelecem uma distingão entre objectivo e meta (ou objectivo opera-
cioml), baseando-se na temporaiidade para a qual sào definidos Ascim, os objectivos específicos
sAo ddiddos pwa :i temporiltdade do prolecro ou programa de a c 8 o (entre quatro e seis anos),
dado considerar-se não ser possível iiiedir iinpucres de res~iltadosantes dessa teinpornlitlade, sendo
que os objectivos operncionais ou metss sào avaliados anuulmence Este cntendiinento itiipliea uma
alterapio nos próprios conteúdos de defini~iode uns e outros.

164
A Constn~çdode Projectos de Interwvzçao

Exemplo: Qualificar x pessoas através da formação profissional de nivel


médio;
Criar x postos de trabalho;
Reabilitar x casas e zonas envolventes do B.

Num projecto de maior complexidade, cada nível de actividade pode (e


deve) formular, por sua vez, objectivos gerais e objectivos específicos relativos
30s diversos programas de actividadGprevistos. Esses objectivos são um detalhe
dos objectivos definidos para o projecto.

Como fazei2j9
Porque os abjectivos interessam a um grande número de pessoas e porque
contêm dimensões cujos resultadas se desconhece, sendo largamente induti-
vas algumas das decisães, a sua definiçb é fruto de uma negociação Intensa e
permanente, ao nível da população implicada, dos decimres, dos técnicos, etc.
No início do projecto, os objectivos tendem geralmente a ser mais vagos e
muito abertos, mas à medida que a intervenção decorre e o diagnóstico se
afina, o projecto tende a definir os seus objectivos eom menos amplitude e
mais profundidade.
Os objectivos, para serem coerentes, devem obedecer a duas conciiqòes:
- Em primeiro lugar, decorrer das problemáticas identificadas no diagnosticoz6;
- Em segundo lugar, ser realistas, estando ancorados nos recursos identifica-
dos (existentes ou potenciais).
É fiecessário envolver todos na discussão e procurar metodologkas din%mi-
cas e ajusndas aos vários tipos de públicos e, sobretudo, não acreditar que
a batalha se resume a fazer os outros aceitarem o nosso proprio ponto de
vista. Assim, devem ser utilizadas metodologias que, numa primeira fase,
permitam 3 todos os interessados exprimirem as suas posiçào e proposta,
de forma a conseguir consensos. Podem ser utilizados os mesmos grupos
de trabalho ou fóruns de consulta organizados para o diagnóstico.

?' Ver em anexo, "Exemplos de Apoio ao PrS-Diagn~sticoe ao Di;ignóstico". (Anexo 2)


lb Os objectivos devem responder h seguinte questho: Onde in~idirn intervençlo de Forinri n
provocar niais inudanq~sno sentido cleselndo (finalidade)?
A6ndamentos e Processos cle Uma Soozollgia de Acgdo

ESENVOLVA
de FTNALiDADES e OBJECWC)
a grelha proposta

Uma vez definirios os abjectivos, é necessiirio analisar as forn~asde


atingir. Qual a fama mais rentavel, mobilizadora e inovadora de concretizar
objectivos que se pretende ahgit? A resposta a esta simples questào pade s
muito complexa e apeia ao conceito de emtégia. Poder-se-ia tefornudar a que&
anterior e perguntar: Qual a melhor estratégia para atingir estes ~bjectivos?

Planeamento e estrafC@
O conceito de estrat&giaé hoje utilizada coa tantas dimensdes e com ta
tos conteódw que se torna Wcil defini-lo de forma u n í v ~ a Qual. a cela6
entre planeamento e estratégia? Q planeamento estratégico de que tsnto se fa
6 uma forma diferente de planearnenro?A estl.at6gia é um processo de planific
@o ou uma etapa da metoddogia de planeamento?
"Estratégia" é hoje uma palavra sem contefidos muito definidos. Iniçi;
mente de uso mlitsir, passou p r a o campo da gesanr e utiliza-se, hoje, se
grande pi-ecisào, naçaes tais corno "phneamento estrategico"', "auíílise estrate~
ca", "gestiio estrat&gican,"campos estrat6gioasn,sem que essas noçòes esteja
clarificadas". Um dos principais divulgadores do planeamento estratGgico, Mir
zeberg (19%), escreveu, depois de analisar a bibliografia sobre este assunto
procura da definiçào de eszratégia: "Praticamente nenhum livro s ~ b r planific
e
$80 ou sobre estrategia responde a esta questão",

t-IY mesmo quem afirme que hoje, n u m socirdade em tio p n d e e rápida muraçào, nâo
necessita de planeamento, mas de estratégia.
A Constric~àorle Projectos cle Iíztenerrção

De alguma forma, o apelo ao planeamento estratégico é uma chamada de


atenç50 para os processos, mais do que para os conteúdos. A m5xima do planea-
tnento estratégico - pians are nothing, planning is everything - nasce da critica
à inflexibilidade das planos que, paradoxalmente, acabavam por não se concre-
tizar. Assim, exige-se que o planeamento seja, sobretudo, um processo concerta-
do de intervençiio que, face a objectivos negociados, construa sucessivamente
um modo de fazer, fazendo. ,
"O conceito de planeamento estratégico foi desenvolvido origuiariamente
no seio da produc;ão teórica da gstão empresarial e apresenta-se como um conjun-
to de procedimentos sistemáticos que têm em vista gerir a mudança sócio-econó-
m i a em contextos rie incerteza e de competitividade acentuada, através de escolxis
e actuações que conduzam à criação do melhor futuro possível para as organiza-
ções, no desenvolvimento do seu ciclo de vida" (Oliveira das Neves, p. rri).
Num projecto de intervençào a estratégia não é um acto de guerra, mas
um processo que quer ver vencida uma dificuldade (problemas identificados)
utilizando os recursos existentes, ou seja, rnaximizando as potencialidades e re-
dtizindo as fragilidades.
Podemos considerar a existência de estrat6gias globais do projecto e
estratégias opemcionais relativas 2s virias dimensòes de intervengão.
Num contexto de planeamento, e considerando a estratégia como uma eta-
pa de clarificação da concretização da metodologia do projecto, concebe-se a es-
tratégia, num contexto de articulaçào entre recursos e objectivos e visando
a elaboraç3o de um pensamento director em tomo do qual se estruturam,
de forma inais ou menos coerente, as decisões fundamentais.As estrat6gias
podem, assim, ser definidas como as grandes orientaçòes metodol6gicas de inter-
venyio do projecto consideradas em termos da relação entre recursos e objectivos;
dito de outro modo, as estratégias são as grandes opções que o projecto faz, face
às possiveis linhas de orientação. %o escolhidas em termos do seu efeito multipli-
cador e são largamente indutivas.
Poder-se-á dizer que a formulação das estratégias obedece a uma lógica
diferente da sistematização analítica das etapas da metodologia de projecto. Ela não
é dedutiva, mas largamente indutiva, e nesse sentido é bastante intuitiva. Isto por-
que o real de que se fala é demasiado complexo, envolvendo uma multiplicidade
de p.admetros implicados na siniaçiio e há dificuldades em medir o seu peso e em
prospectivar/prever a sua evoluqiio, dada a mudança constante dos meios sociais.
Aindamentos e Processos de Uma Sociologia de Acção

Assumir uma inevitavel subjectividade na aprecia@o das situag6es e doa


valores com que se ajuka o presente e se prospectiva o futuro não é uma recusa
dos métodos formais de análise metódica dos problemas e da tomada racional de
decisões; é, antes, a necessidade de organizar, colectivamente, a subjectivxlade
inerente â complexidade da conhecimento e à inrerven@o no domínio do social:
Torna-se necessário "objectivara subjectividade", compartilhando-a e assu-
mindo-a na historicidade destes processos, o que pressupòe o conhecimento do
meio e a capacidade intuitiva de análise das causalidades dos problemas assim
como das potenciaiidades do meio social.

A deAni@o de estratégias
"A etapa de selecção de estrategias: é u m das etapas fundamentais num
processo de planeamento" CImperatori e Giraldes, 1996). Imperatori e Giraldes
sonsiderm as seguintes fases na elaboraçiio das estratégias Cp. 87):
- Estabelecimento dos criterios de concepção das estratégias;
- Enumeração das m~)ciificaçQes neeessiirias;
- Esboço das estrategias potenciais;
- Escolha das mais realizáveis;
- Descric;ão detalhada das estratégias escolhidas;
- Estimativa dos custos das estratégjas;
- Avaliac;&oda adequação dos recursos futuros;
- Revisão das estra~égiase dos objectivos.

Estabelecimento dos criténtos de concepção


Os critérios de concepgào das estratégias estão, sobretudo, relacionados
com a política da instituição, bem como com o tipo de objectivos e recursos
existentes. São exemplos disso as opç6es entre uma acção exiensiva [que abranja
mais grupos sociais) ou intensiva (que abranja menos grupos sociais, mas com
mais intensidade e recursos) ou as op$òes entre uma estratégia de acgào ma&
clássica e de menos riscos e uma estratégia inovadora mas cujos resultados
(ensaiados noutros contextos) esr50 ainda por aferir. Podem também fazer par-
te da estratégia as opções que se prendem com privilegiar determinados gru-
pos etários ou outros.
A Constntçao de Projectos de intenrenção

Como
- Uma vez estabelecidos os criterios que poderão levar à definição da es-
tratégia, a equipa de planeamento deve fazer uma listagem das estratégias
potenciais.
Esta listagem deve considerar estratégias possíveis e, portanto, ter desde
logo em conta a relacão dos recursos objectivos.
- Frequentemente, esta listagem de estratégias é realizada em "grupo de
peritos", iniciando-se com uma fase de brain-st~rmin$~ e seguindo-se de-
pois uma discussão detalhada do conteúda da estratégia - resultados mais
prováveis, potenciais efeitos perversos e benéficos, implicações nos recur-
sos disponíveis (técnicos, humanos e financeiros), adesão potencial d o
público-alvo, riscos da opção face a resultados ou conflitos potenciais, etc.
Deste confronto deve resultar, então, a opçâo pelas estratégias mais ade-
quadas e consensuais. A metodologia de selecção de estratégias pode
também recorrer a várias técnicas de tt-dbalho de grupo: quadro de pontua-
ção como para a hierarquia das necessidades, votação, etc.
- Uma vez realizada a opçâo por uma ou duas estratégias-chave, é necessa-
rio proceder à descriçiio detalhada rias estratégias escolhidas e propostas
de ajustamento organizativo e de gestão de custos. Parte-se do pressupos-
to de que se optou por estratégias realistas e, neste caso, torna-se neces-
sário apenas detalhá-las e verificar as suas implicações oganizativas e
logísticas ao nível, por exemplo, da composiç2o disciplinar das equipas,
da sua organização no terreno, das formas de registo e gestão, dos equi-
pamentos necessários, etc.

Exemplo de estratégias operacionais:


Definidas para promover a fmfnação profissional em meio rural:
- Estratégia de descentralização e participação das instituiç6es existentes
(opção pelo aproveitamento de recursos descentralizados já existentes
1
(continua)

" Ver, em anexo, "Exemplos de Apoio ao Pré-Diagnóstico e ao Diagnóstico".


" A trdduçilo de brain-storming é a de "tempestade cerebral". A técnica consiste numa fase de
produção de ideras, sem comentários críticos, que numa segunda fase s3o oganizadas a partir de
uma cliscussào çolectivi.
Fzi ~iducimentose Processos de l h a Sociologia cle A c p k ~

ia~ntinuaçii) -

como centros de iilformaqão e formaç;io em detr4niento da oriaç30 de


novos serviços ou equipamentas);
- Esfrat6gi.d cle fomento da qualifiifica~àodos niveh iaterm&diosda formação
e de base tecnolõgica (ops&opda forrnagiio profissional de jovens com
níveis de escolari&& compreerrdido&entre n escdaridade obrilfat6ria e
o msino secundário3.

~ ~ u m p n o j e e t o & h ~ ~ s t o & ~ d ú l e d u ~ ~ ~
pert-
a Iniciar o projecto pela sensihiiizaç?io de professores e nPla directamente
peb reforço das actividades com as criangbs (Iniciar a projecfa pelo se-
gundo niuel - professores>
- Estrarr!gL de apelo 5 psrtieiplisão de e8mturas existentes e legitimadas
pelo corpo d o c t e {a mwibilizaçáo do6 professores 4 realiwdu com base
wm?ianáiise defalhada e panieipacfa de neorssidades feita pelo centro de
farma$o de profeasom local).

O plano de actividades dascreye, de forma detalhada e ';istematica, o que


se pretçnde fazer, quando se pretende fazw, quem será enc-arregio das diferen-
tes tarefas e quais os recursos necessários para as concretizar. Estas actividades
decorrem da reh@o entre objectivos, meioti e estraêgias, pretendendo a con-
cretiza@~dos abjecrivos jd definidos.
Concebida desta forma, o plano de :icdvidndes permite controlar a efecti-
vaçào das decisòes-chave, penni~indo,simultaneamente,margem cle manobra e
a flexibilidade das decisòes secundárias. Isto nào significa que não se possa
corrigir as decisòes estratégicas.

A organização de um plano de actividades decorre da relaçào entre objec-


tivos, meios e estratégias e deve situar-se em torno das seguintes questões:
- PORQUE é que isto deve s$r feito? (relação com os objectivos);
- O QUE DEVE SER FEfFO?Actividades e tarefas, pessoal e distribuição
das responsabilidades, recursos necessárias, etc.;
- ONDE deve ser feito?;
- QUANDO deve ser feito?;
- COMO deve ser feito? (meios e métodos).

A maior dificuldade nos planos de actividades é a opçâo sobre o que


fszer. Há muitas formas de atingir os objectivos, mas quais as mais adequadas
àquelas problemiticas, àqueles contextos, jqueles recursos?
A organizacio da planificaçào do projecto engloba uma série de tarefas,
entre as quais se destacam:
- O inventário do campo de possibilidades e de impossibilidades;
- O inventario dos meios de acção;
- A defiigão de prioridades e sequências de acção;
- O estabelecimento de cenários;
- A escolha de mt-todos e meios;
-A definicio das responsabilidades de cada uma das formas de organi-
zacào.

Todas estas operaçòes fazem parte do processo de planificaçào das ac-


çòes, sendo importante que o plano de acçào r i o se limite a uma sequência
organizada de tarefas. Esse instrumento de planeamento deve indicar e seleccio-
nar, de entre as virias actividades, as que siio prioritárias e determinantes.
Geralmente, as respostus a estes questionamentos exigem uma discussiio
colectiva sobre as alternativas possíveis nas formas de fazer, a seqiiência das
etapas, os riscos potenciais das virias escolhas. De facto, nào há receitas, pelo
que alguma sensibiliciacle e, sobretudo, ri experiência aludam muito.
Fz~uzdainrntose Processos de Uma Sociologia rie Acçdo

Deve-se considerar que:


- Nào 6 útil demorar demasiado tempo na fase de diagnóstico, porque 0s
parceiros podem desmobilizar. Pode-se elaborar um pré-diagnóstico a partir do
conhecimento que cada um dos parceiros já detém e preparar um plano de
aprofundamento do diagnóstico para os elementos que Faltam;
- Poderá ter interesse, por vezes, recorrer a outros projectos semelhantes,
vendo o que fizeram e como o avaliam. O encontro com pessoas que,desenvol-
veram experiências inovadoras, e de bons resultados, pode também ser uma
forma muito mobiiizadora de fomentar a discussào entre os parceiros e estimular
a imaginação face a novas acções;
- Não há soluções-tipo - em intervenqào "cada caso é um caso" e só uma
profunda análise dos problemas e dos recursos permite encontrar uma solução
adaptada; por isso, devem ser evitadas receitas já experimentadas e, se possível,
deve-se tentar inovar. As acç6es definem-se como inovadoras se responderem a
necessidades e expectativas tal camo são expressas localmente;
- Para encontrar acqòes inovadoras é iítii constituir um leque alargado de
hipóteses de acção, mas a aclequagão da a c g o às necessidades e a sua capacida-
de de inovaç3o e eficách advêm da relação da trilogia já falada pesquisalforrna-
gão/avaliação;
- O plano de actividades é feito em conjunto com todos aqueles que o vão
concretizar, sob pena de não ser executado. Os parceiros só se mobilizarão face
a acqões que correspondam às suas expectativas e campetências - é importante
que cada um encontre o seu lugar. É no processo que se constrói a parceria, na 3
?
discussâo e na acçáo comum;
- É importante identificar os elementos de aprofundamento de diagnósti- 2
co que devem acompanhar a intervenção e que permitem ir aprofundando as
causalidades do problema; 3

- Dever-se-á escolher, sempre que possível, a soluç2o que responde si- %5


multaneamente a diversos objectivos;
- E importante iniciar o projecto por actividades mobilizadoras, consensuais iY
e com certo impacte em termos de visibilidade. 1
>
Agir é um processo que faz alterar a análise dos problemas, das formas de 2
acqão e das relações internas à organização. Valorizar o trabalho de cada um,
L

salientar a importância da cooperação e encontrar formas de fazer realistas e


adequadas ao contexto sào formas de alimentar um projecto colectivo. I-'ara limi- -
A Constrtiçao de Projectos de Inten>ençao

tar os riscos de conflitos é neccssssário repartir claramente as responsabiiidades e


as competências de cada um dos inte~enientes.
Um plano de acção contém todos os grandes grupos de acçòes que ir20
ocupar os membros da equipa. Assim, para além do plano de actividades propria-
mente dito, contém, ainda, os restantes elementos de trabalho que constituem a
totalidade das actividades a levar a cabo, nomeadamente o plano de avdliação e
o plano de investigação-acção ou de aprofundamento.
Num projecto com maior dimensão, poderemos ter uma organização mais
complexa. Por exemplo, depois da realização do diagnbstico, dos objectivos e
das estratégias, são tragados os vários programas, que por sua vez tem diversos
projectos e estes têm no seu interior todas as etapas de planeamento que já
referimos, nomeadamente os planos de actividades.
O programa pode ser definido coma um conjunto de actividades neces-
sárias 2 execução parcial ou total de uma determinada esuaggia e que requerem
a utilização de recursos humanos, materiais e financeiros geridos por um mesmo
organismo. Qs programas implicam geralmente a definição de objectivos espe-
cíficos (por programa), esrratc5giase projectos. Os projectos decorrem num perío-
do de tempo mais delimitado do que um programa e podem ser defhdos em
termos de um problema, um objectivo, uma zona territorial, &c. É esta delimita-
@a temporal precisa que faz a distinçb entre programa e projecto.

Componentes de um plano de acção


Como vimos, um plano de acçiio pode ter várias componentes (plano de
actividades propriamente dito, plano de avaliação, plam de aptofundamento).
Dependendo da dimensão e da profundidade do projecto, assim se define
os diferentes elementos de um plano de acção. Nalguns casos, poderá ser neces-
sário definir subobjectivos para as actividades.
As principais componentes de um plano de actividades propriamente dito
são, pelo menos, as seguintes:
- Identificação do programa;
- Definição da actividade; '
- Definição das tarefas que decorrem dessa acção;
- Definição dos responsáveis pela concretização dessas acções e tarefas;
- Recursos necessários;
- Calendirio.
filndumentos e Processos de Lima Socio/ogiu de ALÇUO

Um plano de acq5o n&acontem apenas as actividades e tsrefas, mas t


bérn os restantes elementos de trabalha que constituem a totalidade rkus activ
des que seda levadas a cabo:
- g plano de actividades propriamente dito - actividades, tarefas, o
nizaçào, recursos, calenck3rio;
- Q piam de avaliaçgoio;
- O plano de pesquisa-ac* (plano de aprofundamenropermanente d
diagnóstícol.

Como fazer?
Para realizar um plano de attivícbdes rec-orde o &agndsüc~,08 objectivos e
as estrst.éHas e rdna a equipa para definir as acr$es possfveis, ckificbtieia ,
dede 1080 as objectivos específicos de cada uma desaâ aq6es.
Uma vez listasias, defina quem ir6 ser s sesponsA~e1Ipess@(s) ou btituiçbesl,
que rtcblr~ossei50 necess%nas e quem os d'fsposiibilizarA. Finalmente, orsni- .
ze um calendiirio de acg6es e e5tabeleça o plano de avaiiaq20. O plano de ',
acttvi&des deve 6er realizado anualmente e ctde deve ser feito um rekatório de *

actividades de descríçfte, e a m h ~ i t odo que foi execi~tado.Esse 6 um momen-


to fiwidmeml de revisito e de aprohndament~do p~ojecme deve ser um .
momento por excelhcia de formg5a colectiva com o conjunto dos pamiros.
-
/ Capítulo 8

i A AVALIAÇÃODE UM PROJECTO

'O conheciinento retira as suas provas de vali-


c l a ~ à oda prjtica."
(Michel Conan)

A avaliação é uma componente do processo de planeamento. Todos os


projectos contêm necessariamente um "plano de uvaliaçãon que se estrutura em
funçào do desenho do projecto e é acompanhado de mecanismos de autocontrolo
que permitem, de forma rigorosa, ir conhecendo os resultados e os efeitos da
intervençào e corrigir as trajectórias caso estas sejam indesejáveis. Esta tarefa, já de
si difícil, é complexificnda devido à grande diversidade de inodelos e processos de
avaliaçiio disponíveis no mercado'.

1. Organização da equipa de avaiiação: auto-avaliqão


e avaliação externa
Os projectos podem optar por várias modalidades de organizacio da avalia-
cio, mas, geralmente, combina-se unia auto-rivaliac.ào e uma avalk~çàointerna ou
externa. Apesar da diversidade de entendimento dos conceitos, vamos considerar
que a principal distinçào entre estes dois tipos de waliaçiio é a forma de controlo
das varidveis em causa. N3 auto-avakaçào há coincidência entre a equipa do terreno
e a equipa de avaliri~ào,sedunentando-seesta etn torno da percepçào que a equipa
cletém dos resultados &i sua acqrio (niesmo que para isso recorra a instnimentos

' I':ira 11i:iior:iproRintl:iinrnto. consiilre :I hibliogr:ifi:i no i'iin tlesrr capítulo.


Fzuzdamentos e Processos de Uma Soctologia de Acção

formais de recolha de informaçào). Na avaliago (interna ou externa) há dissocie


cão entre a equipa de terreno e a de avaliação e, geralmente, recurso a técnicas de
recolha de informação mais sistematizadas com um maior controlo metodológico.

TLPOLOGIAJ EM FUNÇÃO DE QUEM REALIZA A AVALIAÇAO


AUTO-AVALIAÇÀO A avaliaçiio é realizada pela inesma
equipa que a executa (pode ter
apoio externo).
AVALIAaO INTERNA É realizada dentro da organizdçào
gestora do projecro, mas com distan-

AWLIAÇKO MISTA 1 Combina os vános r~aostle avdiacào.

O recurso à avaliação exterior à equipa de terreno é especíalmente impor-


tante quando existem tensões, bloqueios ou conflitos decorrentes da acç2o ou
do funcionamento das parcerias. Esse suporte exterior 6 particularmente útil: ,
-no apoio ao desenho da avaliação e na testagem dos utensílios de avaliaçãq
que são, muito frequentemente, determinados registos pensados para esse efeitq .
- para impulsionar um funcionamento de rotina avakativa, reuniões prepa-
radas de avaliação de acompanhamento, etc.;
- para apoiar algumas técnicas de avaliação mais sofisticadas;
- para contribuir para a sensibilimçâo de alguns actores locais para as
questòes de avaliação.
Pressup6e-se, no entanto, que, qualquer que seja a forma de pa~ticipaçào
do avaliador (ou avaliadores) exteriores, estes se submetam a uma condição
essencial: os actores locais e quem conduz a acção devem apropriar-se do pro-
cesso e dos resuitados da avaliação.
Seja qual for a modalidade, a avaliação implica a programação de funções
e momentos próprios, nomeadamente:
- a presença de um responsável pela avaliagão (geralmente o chefe de
projecto, mas n5o necessariamente ele);
- um financiamento específico para avaliação;
- o accionamento de acções de avaliação com os vários intervenientes e
muito especialmente de momentos de avaliação-formativacom técnicos, parcei-
ros e representantes da populaçào.
A Ar~aliaçaode Um Projecto de Intemençao

2. História da avaí.ia@o: evolu@o dos para&- & avahção


De forma genérica, pode-se dizer que os modelos de avaliação actualmen-
te existentes confrontam diferentes "geraçòes" ou "paradigmas de avaliação",
que se vão desenvolvendo desde o início do século submetidos às críticas dos
modelos seus sucessores.
Seguir a construção (e a desconstrução) dos paradigmas de avaliação permi-
te tomar consciência das potencidda$es e dos riscos da sua utilizaçào e consti-
tui um primeiro passo para a utilização adequada de qualquer dispositivo de avalia-
cão. É preciso reconhecer os limites da previsão social e da capacidade de "medição"
dos fenómenos sociais, na medida em que a teoria social tem uma capacidade de
previsão limitada e, assim, qualquer dos modelos de avaliação pecará sempre por
defeito e os seus resultados só poderão ser hipoteticamente explicativos.

Os princípios da avaiiação - o primado da eficácia


A preocupaçào dos especialistas em proceder à avaliação sistemática de
projectos sociais (inicialmente, sobretudo, os do âmbito da saúde ou da educa-
00)vem do inicio do século XX, quando se assistia à procura de meios mais
eficazes e mais econórnicos para generalizar processos de intervenção social:
alfabetização da população adulta, formagào profissional, etc. Desde os anos 30
que se desenvolve, nas ciências sociais, um esforço de avaliação sistemática
recorrendo às técnicas de pesquisa tradicionais, que são, contudo, ainda expe-
riências parcelares sem verdadeiro irnpacte no mundo académico nem nas ver-
tentes mais profissionalizantes.
Pode-se situar a avaliação como actividade científica anterior à Primeira
Grande Guerra, associada à procura da eficácia de programas sociais; será só
depois da Segunda Guerra Mundial (sobretudo nos EUA) que a avaliação passa-
rá a ser considerada importante pelos encomendadores de programas sociais.
Estava-se num processo de crescimento económico e acreditava-se que a pro-
dutividade poderia durar sempre e harmonizaria os interesses das várias classes
sociais. Pobreza e classes poderiam deixar de existir, os problemas sociais po-
deriam ser resolvidos, tal como os problemas de engenharia ou outros, através
da aplicaçào de recursos de forma inteligente. A avaliação poderia dizer quais
os programas e métodos mais apropriados permitindo a generalização racional
das situações de sucesso.
Filnclame?zlose I'roc~ssoscle Uina Sociologia de Acçdo

A difusão das metodologias de avaliação no pós-guerra .

Mas a disseininaçào da avaliacào emerge após a Segunda Guerra Mundial,


nos EUA, quando se multiplicam os progra~wassociais, de desenvolvimento
bano, de habitação social, de combate ao insucesso escolar, as actividades
preven~áoda doença, etc.
No final dos anos 50, uma larga actividade de avaliáçào era já frequente;
sobretudo nos Estados Unidos e na Grã-Bre~nha,mas rapidamente alastrou
restante Europa e desta à Ásia e i América Latina. Os cientistas sociais avaliava
os programas de prevençào da delinquência, de reabilitaçào urbana, de psicot~~;
rcipia de famílias pobres, de organizagào comunitária, etc.
Um contribuo decisivo para o aprofundamento e a difusào das metodol
gias de avaliaçào era fornecido pelos poderes públicos nacionais e internaciw
nais, que começavam a exigir avaliaçòes rigorosas e independentes. Nesse sentido,
sofisticarain-se os meios de analise, quer de recolha, quer de tratamento de da- '
dos (largas ainostragens, técnicas estatísticas sofisticadas, etc.).
Mas o campo da avaliaqào continuou a sua evolugào na segunda metade do
século, dando origem a diversos modelos de avaliação e a diferentes papéis d; -
avaliador. Em consonância com esta realidade, os avaliadores desenvolveram diic
rentes modelos de avaliagão considerando a diversidade de interesses das várias
clientelas. Embora se trate de modelos mais aprofunúados do que os mnodelos
recnocfiíticos anteriores, nos quab se presumia que nào havia conflitos de interes-
ses, escamoteava-se também os interesses cios grupos mais minoritirios.
Os modelos dos anos 60 e início dos anos 70 eram fundados na necessidade
dos técnicos de planeamento (ou dos decisores) de obterem informa~õesde forma
a saberem orientar os seus esforços em pessoal e investimento financeiro. Para pode-
rem dar respostas coinparativas, estes modelos enfatizavarn os métodos experi-
mentais, a recolha estandardizada de dados, largas amostragens e dados
cientificamente fundamentados. Eram modelos que reflectiam, também, um opti;
inismo generalizado, acreditando-se que os procedin~entoscientíficos dariam res-
postas inequívocas sobre as falhas ou os êxitos dos projectos. Presumia-se uma
relaç50 de causa-efeito entre os programas e os seus resultados e que os progra- ?.'5$
3
mas sociais poderiam ser ajustados de forma a atingir determinadas causas.
Esta primeira vaga tie modeios dava aos decisorrs e aos técnicos informa- -.
qòes alargadas e cientificaniente fiindamentadas sobre os programas e os seus 5
A Azfulbçüo de U m Projecto rle I?iten~ençao

resultudos, mas baseava-se em pressupostos assaz superficiais e sobretudo, po-


deríamos dizer que tais modelos eram monoculturais, isto é, insensíveis a impor-
tantes varkaçòes locais e culturais.
No entanto, os anos 6Q são uma das épocas mais áureas da avaliaçào,
assistindo-se a um enorme desenvolvimento científico de que dá conta a biblio-
grafia alargada desta época. A investigação em avaliação desenvolve-se, em lar-
ga medida, devido ao desenvolvirnrznto dos métodos de investigaçâo e das
estatísticas aplicados ao estudo de problemas sociais, processos sociais e rela-
ções interpessoais e, sobretudo, devido à melhoria da recolha sistemática de
dados retirada dos questionários extensivos, à introdução da informática no tra-
tamento dos dados, às análises multivariadas, etc.

A defesa üe uma avaliação mdticulturaí,


nos mos 70
Tão grande irnpacte não poderia deixar de trazer a lume uma revisão
crítica da avaliação quantitativa destes anos. Em meados da &cada de 70, as
criticas v20 fazer emergir uma maior diversidade de técnicas de avaliaçiio, e
sobretudo, uma atençio particular à diversidade de culturas e de agentes inter-
venientes. Este período é caracterizado pelo fim clo consenso que tinha agrega-
do os investigadores em torno do uso, msis ou menos acrítico, de técnicas de
avaliaçào. Acredita-se, agora, que os diferentes grupos sociais apresentam dife-
rentes interesses e lógicas de actuação e que a sociedade parece mais diversa e
plural e, sobretudo, descobre-se a diversidade de olhares existentes sobre os
resiiltados de uma mesma intervenção.
De facra, um dos problemas mais difíceis da sociedade actual é a incorpa-
ração das diferenças. A diversidade das sociedades multiculturais rem repercus-
sões directas nd avaliac;ão, questionando os p r ~ p r i 0critérios
~ que ela utiliza:
Quem avalia o quê? E como equilibrar os diferentes interesses culturais nas con-
clusões? Os avaliadores têm de investigar e incorporar as expectativas e visões
do mundo dos grupos rninoritários nos programas. "Noutras palavras, nem todos
os interesses de todos os grupos devem ter a tnesma importância em todas as
circuns~ncias"(House,1993, p. xv).
Estas posturas colocaram as metodologius qualitativas, que valorizavam a
individualidade de cadu situafio ou progma, na ordem do dia e assistiu-se a um
Fz;ll?zdamenlose Processos de Uma Soctologia de Acç~io

certo desprezo pela avaliação quantitativa" Em Ivgar de assumir que cada piogma
nia era facilmente perceptível em termos de resultados, estes modelos defendiam
que os programas swiais (e outros) eram complexos e mobilizavam actividades e:
recufsas diferentes conforme os contextos sociais e geogdficos eram influenciadoi
por redes políticas, culturais e sociais. Assim, raramente se encontrava um p r o g a d
que pudesse ser repetido dada a diversidade dos contextos locais. Defendia-se a
import-ancia dos métdos narur~iistase qualitativas para entender os processos de;
funcionamento dos programas, que permitiam Informações em profundidade. J
No entanto, um excesso de localismo destes modelos foi impeditivo de u&
maior impacte público, fornecendo pouca credihilidade nas mformagòes e grand4
dificuldade de generalização.

A procura de uma "autonomia profbslon&mte":


a maiiação no final do século XX
No final dos anos 70, emergem tentativas de reconciliar os paradigas
antecedentes combinando elementos das vagas anteriores. Essa revis&ode para-
dígma tiniu como pano de funáo a constatação de que as avaliações realizadag
influenciavam muito pouco as decisões que eram tomadas Çom base em criterios
sociopolíticos, descurando os resultados das avaliações cuidadosas e uentificq-
mente bem fundamentadas.
Foi neste contexto que os anos 80 viram crescer a tentativa de combinação
dos paradigmas anteriores, aproximando actores e decisores numa procura prag
mática da eficácia. Curiosamente, as críticas aos vários modelos de avaliaçâo niio
fazem esmorecer a sua importância piiblica e política; antes pelo contrário, assiste-
-se 5 generalizaçilo da obrigatoriedade da avaliaçào na maioria dos programas sociais
e a uma exigência crescente de independência e de competência aos avaliadores.
A administração pública nacional, mas também os vários organismos intez-
nacionais, não cessam de fazer crescer a obrigatoriedade da avd.dliaçfio científica
na maioria dos programas europeus ou internacionais e abrem mercado a esta
área de intervenção.

' A primeira revista de avaliaçào, P Eualzration Revieu! inicioii-se em 1976 e seria o amuco cla
diventdade de pmpectiv:~~ presentes
Ficndamentos e Processos de Uma Sociologia de Acç~io de Um Projecto de Intervenção
A Ar~aliaç~lo

certo desprezo peli avaliação quantitativa-?.Em lugar de assumir que cada Como afirma House (1993, a evolução da profissão d e avaliador depen-
n u era facilmente perceptível em termos de resultados, estes moclelos defe de, em larga medida, da evoluçio das sociedades. Se se tornarem mais repressi-
que os programas sociais (e outros) eram complexos e mobilizavam activida vas, a avaliação terá tendência para se tornar um meio de controlo e ser utilizada
recufsos diferentes conforme os conternos sociais e geop1ficos eram inRuenci para fins repressivos, mas se o caminho for o do aprofundamento da democra-
por redes políticas, culturais e sociais. Assim, raramente se encontrava um púo cia, a avaliação deverá tornar-se num elemento impartante como meio de redis-
que pudesse ser repetido dada a diversidade dos conteaos locais. Defendia tribuição de recursos em Eunçiio de objectivos e de redistribuiçãodo poder atraves
imporrância dos métodos naturalistas e qualitativos para entender os processos da socialização da capacidade de deris3o.
funcionamento dos programas, que permitiam infUrmagões em profundidade. No final do século XX, os avatiadores reconhecem que, do ponto de vista
No entanto, um excesso de localismo destes modelos foi impeditívo de tebrico, a av~liaçàose tornou mais integrada mas suas componentes operacionais
maior impacte público, fornecendo pouca credibilidade nas informações e e evoluiu de uma dimensão monolítiça para uma dimensão pluralista Cmúltiplos
dificuldade de generalização. métodos, critérios, medidas, perspectivas, audihcias, interesses, etc.) e, politi-
camente, abandonaram as posições ingénuas de crença na neutralidade, dando-
A procura de uma "autonomia profissionaiizante": -se conta de que a avaliação tem efeitos políticos.
a avallasilo no final do secnlo XX Os avaliadores reconhecem também que, do ponto de vísta político, a
avaliação emerge como fonte de procura de novas dimens6es de legitimidade
No final dos anos 70, emergem tentativas de reconciliar os paradigmas por parte da esfera pública e, por vezes, de instituiçòes privadas.
antecedentes combinando elementos das vagas anteriores. Essa revisão de para- De alguma forma, considera-se que a emergncla da avalia@o como p15-
digma tinha coma gano de fundo a constatação de que as avaliag6es realizadap tica profissional decorre do avanço do capitalismo perante o enfrâquecimento
infiuenciavam muito pouco as decisks que eram tomadas com base em critérios das instituiçks de controlo e de regulaçào tradicional e face â emergifncia de
sociopolíticos, descu~andoos resultados das avaliaçoes cuidadosas e cientifiq- novas formas de legitimidade do Estado. Assim, o poder p~líticoprocura outras
mente bem fundamentadas. dimens6es de legitimção - entre as quais a ciencia -, sendo a avaliação um dos
Foi neste cantexto que os anos 80 viram crescer a tentativa de combinação. seus hstrumentos: "Aavaliação formal é, assim, uma nova forma de autoridade
dos paradigmas anteriores, aproximando actores e deeisores numa procura prag- . cultural, autoridade cultural essa manifestada na probabilidade de que as suas
mática d;i efidcia. Curiosamente, as criticas aos vários modelos de avaliação não descrições da realidade e os seus ajuizamentos de valores prevale~amcomo váli-
fazem esmorecer a sua importância pública e política; antes pelo conrrãrio, assisre- dos, dificuldade que 6 crescente nas sociedades com valores tão diversificadosn3.
-se % genemkaqão da obriptorieliadeda avaliagão na maioria das programas sociais . No campo profissiond, a avaliação opera numa sociedade altamente
e a uma exigência crescente de independência e de competência aos avaliadota. especializada e com uma crescente especializaçiío da mão-de-obra e emerge
A administraçào pública nacional, mas também os vários organismos i n t e ~ como uma ciência multidisciplinar lidando com diferentes tradições, que vêm
nacionais, não cessam de fazer crescer a obrigatoriedade da avaliagão científica das diferentes disciplinas que informam os avaliadores. Hoje legitimada, a avã-
na maioria dos programas europeus ou internacionais e abrem mercado a esta liação procura uma cultura profissional, o que exige que o seu quadro de
ãrea de intervenção. referência e as técnicas utilizadas sejam validados pela comunidade de pares

' A primeira revista de avnliaçào, a Euahcation Review, iniciou-se rtn 1976 e seria o arnuto da 3 House, Ernest R., Professional Er~alucirion.Social Impact and Political Consequences, Londres,
diversidade de perspectivas presentes
Sage. 1993.

180
e Processos rle Uma Sociologia de A q d o
f;zi~~clnmentos

(legitimidade colegial), que essa valida<;ào tenha correspondencia em nívei


académicos e em bases científicas de pesquisa (legitimidade cognitiva) e
as orientações e os ajuizamentos da profissão estejam orientados para va
res sociais considerados importantes (encontrem legitimidade moral e 6t
í House, 1993).

3, A a v d h ~ i i op d c i p a t i v a
Encontramos, hoje, t&s origens diferentes na avaliação de projectos saci
Par um lado, a história dessa procura de eficácia que vem por via dos enco
dadores desde meados do século. Em segundo lugar, a "modernização"
olhar por via da "avaliaçãodas políticas piíblicas", que acrescenta a e s s ~
de eficácia a necessidade de transparencia e de reforço da democraticid
actividades públicas. Finalmefite, um terceiro desenvolvimento, muito
ngvas tecnicas, advém do d e s e n v o l ~ e n t oda "avaliação de impactes so
resultantes da crítica à "avaliação de imptctes ambientais" por esta descu
anáiise dos impactes sociais nos projectos ambientais.
É neste contesto de evolução de há já quase um século de práticas av
tivas no campo da aeçào social que se poderá dizer, de forma genérica, que
experiências de avalia@to actualmente existentes confrontam diferentes "g
g&s" on "paradigmas de avaliação" que vão da "avaliação tecnocrática" à, "
liação processualn e, finalmente, à "avaliação participativa" dos nossos dias.
A avaliação tecaocrática era concebida como um instrumento de a p k
cão sistemática, destinado a verificar o grau de coincidência (ou de desvio) dos
resultados face aos objectivos propostos e a eficiência na utilização das recu
disponíveis. Este tipo de avaliaçào, sendb de grande pragmatisrno e de maior
facilidade operacional, não se preocupava com os processos que permitiam ches
gar a esses objectivos. Era uma avaliaçào sobretudo orientada para os decisos
e largamente decidida "de cima para baixo", pelo que mereceu reludncia d?i
parte dos interventores.
A avaliaeo processual pretende contornar essa lacuna; mais do que de:
terminar o desvio entre objectivos pré-definidos e resultados, visa dotar o pro-
cesso de um dispositivo de auto-regulação alargada, tendo e m conta os
diversos tipos de actores implicados e o conjunto de vari9veis pedinentes, a '

nível interno e externo.


A Avaliaçdo de Llm Projecto de l~nferuençao

0 s processos de planeamento e de program;yãodas intervençõessociais


bem como os da aferição dos seus resultados estjo claramente dependentes e
associados àquilo a que temos vindo a chamar uma "metodologiaparticipativa
dos projectos de intervenção".No entanto, cada uma destas operaçòes, estan-
do articuladas entre si, tem objectivos e métodos próprios, "adaptando-se" aos
contextos da acçào segundo regras que lhe sào específicas. Mas acredita-se hoje
que uma "avaliaçãoparticipativa"resolve, simultaneamente, a rnuíticuíturdiida-
de dos olhares sobre a conduçao dos brocessos sociais e a nova democraticidade
que é exigida à acçào pública.
As potencialidades dos processos de participaçào pública nos processos
de avaliaçào sào fundamentais, dado que permitem:
i 1. Obtençào de um conhecimento "local" dos problemas existentes;
2. Incremento e aferiçào da capacidade de detecçào e previsào das consequên-

i cias de novas acções sobre os sistemas ambientais, sociais e organizacionais locais;


3. Capacidade de estimular o sentido do desenvolvimento local em iniciati-
vas e projectos que, de origem exógena, dependem fortemente para o seu sucesso
futuro de uma aderência ou ryacçiio positiva das popula~òeslocais;
4. Capacidade de reconciliagào de interesses locais contraditórios, entre
grupos sociais ou interesses sectoriais distintos, e entre estes e a interpretaGo
do "interesse público" vinculado pela administração;
5. Capacidade de reduzir as probabilidades de se gerarem conflitos aber-
tos e radicais entre grupos locais e promotores dos projectos, através do diálogo
e do progressivo desenvolvimento de lacos de co-responsabilizaçào entre os
diversos intervenientes;
6. Finalmente, e em grande medida como resultado cumulativo das poten-
cialidades anteriormente apresentadas, a participação pública é sempre um im-
portante veículo para o desenvolvimento de um clima de consensualidade social,
benéfico à difícil (mas sempre passível de ser tentada) compatibilização entre os
objectivos do desenvolvimento sociai e económico.

4. Avaiiação, pesquisa e planeamento:


diferengas e proximidades
A avaliaçao e a pesquisa utilizam metodologias diferentes, pese embora que
ambas recorram às inetodologias tradicionais (e 3 outras) de investigaçào em ciên-

I 8.3
Fundamentos e Processos de Uma Sociologia de Acção

cias sockais. A investigação distingue-se da avaliação porque r i o pretende medir


resultados de uma acção nem dar elementos que suportem decb6es. A pesqui
pode ser definida como a utilização sistemática de instrumentos de recolha
informação que permitam um melhor conhecimento do real independentemente
uso a &r a esse conhecimento. Inversamente, e como se verificou gelas definiç
de avalPdção, esta tem objectivos específicos de medida de resultados de acções,
Zuniga (1986, p. 16) pmp6e a reconciliação entre investigação e avalia
atraves daquilo que denomina como "investigação-avaliativa"e que define co
"a utilização sistemática de procedimentos de investigação social na conceptud
çào e na avaliação, da execução à utilidade, de projectos de intervenção social".
investigaçiio avaliativa estaria centrada na concepção de um programa como u
acção colectiva, planificada de antemão, com uma racionalidade expkita que
vê os resultados a atingir e que organiza as actividades como meios para at
determinados fins, controlando esses resultados.
Embora seja difícil traçar uma linha de demarcaçào, é evidente que
metodologias de avaliação são metodologias de investigaçiio e muito especial-
mente de Investigaçáo-acção.
"Na prática, é geralmente Impossível traçar uma linha de demarcação nf
da entre orientação da acçio, planificação, concepção de projectos e mliaçà
Num mundo ideal, os promotores de um projecto e o pessoal de execução enca
regar-se-iam das três tarefas, ou, pelo menos, seriam os primeiros responsáve
por especificar os objectivos, identificar e estimar a população-alvo, conceber
sistema de prestação de serviços. Se o promotor e o pessoal tratassem be
destas tarefas, seria muito mais fácil e simpIes proceder h avaliaçào L.. ]"
Friedman, 1979, p. 47).
No entanto, a maioria dos paradigmas sociológicos e dos conceitos produ-. .
zidos estão pouco aferidos para esse confronto com a prática profisssional. H2
muito que sociólogos e outros especialistas das ciências sociais estudam o coma
portamento humano e as formas de organização social, mas estes conhecimentos
são frequentemente pouco aproveitados quando se pretende intervir nos proces-
sos de desenvolvimento.
É preciso reconhecer que os especialistasnas ckncias sociais têm dificulda-
des em adaptar os seus conhecimentos 2 intervenção, formados em metodologias
tradicionais de investigaçào pouco pensadas para uma relação de investigação-
-acção e treinados numa linguagem académica nem sempre inteligível para os
A Avaliaçào de Um Projecto de Inrewençao

colegas de outras formações ou para os encomendadores. Há, assim, algumas


dificuldades na adaptaçião das técnicas de investigação em ciências sociais à ava-
liaç30, tal como as há na sua adaptação ao planeamento.
Acrescente-se ainda que, mesmo quando os especialistas das cienciassociais
siio incluídos nas equipas de planeamento e avaliaçâo, com vista ao estudo de
possíveis problemas com a irnplementação dos programas, eles têm frequentemen-
te uma inserção marginal, não lhes sen? fácil pôr em causa a eficácia dos projec-
tos, o que vem tornar ainda mais difícil essa função de avaliador em ciencias sociais.
As metodologias de planeamento são metodologias propícias para fazer a
síntese entre as metodologias de intervenção, de pesquisa e de avaliação. Sào
um tipo de metodologias que podem ser consideradas metodologias de investi-
gação-acção, meio de conhecimento da realidade, e meio de conhecimento dos
resultados de uma intervenção. No entanto, investigação, planeamento e avalia-
çiio, estando intimamente relacionados, não se recobrem nos objectivos e pers-
pectivas de análise.

COMPARAÇ&O DA INVESTIGAÇ&O COM A AVALIAÇÃO

PESQUISA AVALIAÇÃO
Motivaçào do investigador Curiosidade científica Soluçao de um problema
Oblectivos da investigiio Conclusões Decis6es
Papel tla explicaçiio Explicações leis, verdade íkscrições. valor
Autonomia do investigador Grande Fraca
Direcn

Critérios para ajuizar tla activitlade

Fonte M A Nadeau, 1981; Ricardo Ziiniga, 1986

5. D e n n i ç ã o e funções da avaiiação
Avaliar é sempre comparar com um modelo - medir - e implica uma
finalidade operativa que visa corrigir ou melhorar. O padrào ou modelo a partir do
qual se avalia é, em última instância, um valor de referência que, numa situação de
Fitnciame?zt»se Processos cle Uma Sociologia ACCNO

planeainento, se encontra geralmente fixado, a partir do diagnóstico da siti


inicial, nos objectivos e metas definidos.
A avuliac;ào, qualquer que seja a diversidade de entendimento e dc
todos de execuçiio, tem sido considerada "um conjunto de procedimentos
julgar os méritos de um programa e fornecer uma informação sobre os
fins, as suas expectativas, os seus resultados previstos e imprevistos, os
impactes e os seus custos"" Ela 6 o processo pelo qual se delimita, se obt
se fornece informações úteis, permitindo ajuizar sobre as decis0es futurr;
um aviso sobre a eficácia de uma interven~àoou de um plano que está
implementado.

Funqões da avaliação
Assim, a avaliaçào tem, pelo menos, quatro funcòes principais:
- de medida;
- de utensílio de apoio h tomada cle decisào;
- de processo de formaçào;
- de aprofundamento da democracia participativa.

A apatfação como medida


A avaliação implica a defifuçilo inicial de resultados para avaliar; no ent
- A avaliação &o é uma simples uiediçb de resulkdrrs finais; é um
cesso c a n ~ m aniculado com a ac@o, e os resdPddos finais são uma par
avíiliar$ia. Por outro Ida, os dados recolhidos e organizados de forma monc
e, a
fica n;do constituem por si s6 uma avaliação; ié necessário Interp,reti%-los
a avaliaç&oconfronta-se com um padrão geralmente definido em termos cie
ws, mas tambêm politieo-ideolágicos;
- Nixn todas os efeitos de uma intervengão são quantitativam
me&veis e uma boa avaliação deve combinar as aspectos quantitrrtivoii
aspectos qualitativos. Há um desafio constante que consiste em encontrar fa
de mensuraçiio da subjecrivldade inerente às acçdes hummas.

i Kme~ofl,J. e Fink, A., E#@tustlonBaslc8.A Prtwtionert Mantial, B e v q Piills, Ed. Sage,


A Az~uliuçdode Um Projecto de Interuençao

A avaliação como utensíllo de apoio à tomada de decisão


Avaliar in~plicajulgar e, nese sentido, 3 avaliayào interessa muito especial-
ittente 4queles que têm como funç5o ajuizar acerca da inanuten~àoou do corte
cie programas e financiamento.Assim, deve gerar informaçào que permita facili-
tar a racionalizaçào da tomada de decisòes num contexto inultirreferencial e de
coriiplexir2ade dos sistemas de acçào.
I

A avaliação como processo .de formação


A avaliaqào deve ser entendida como um processo de aprendizagem,tratan-
do-se de um instrumento de reflexão e de rucionalização face a contextos e resul-
tados da acçào (e uma forma de investigaçào colectiva permanente). Os responsáveis
da acçào aprendem a gerir, a adaptar as soluçòes às necessidades e aos contextos
evolutivos que se modificam constantemente através do acompanhamento avaliativo.

A avaliação como participação e aprofundamento


da democracia participativa
A avaliação deve, ainda, constituir-se como um momento de reflexào (e
de acçào) dos diferentes parceiros sobre as causalidades dos problemas e os
efeitos das acçòes, bem como sobre as decisòes sobre a meliior forma de agir.
Assim, torna-se um mecanismo de investigação-acção e de aprofundamento da
democracia participativa atravks de uma acçào colectiva.
Tudo isto referencia a avaliação como um conceito complexo que recobre
uma diversidade de praticas e de representações, suportando uma grande diversi-
datle de formas operativas em hnyào dos vários contextos em que é exercida.
A experiência de avaliação de projectos sociais faz ressaltar que a avalia-
çio nâo deve:
- Ser a mera quantificaçào das acçòes;
- Ser normativa, ou confundir-se com as práticas de controlo no sentido
restrito;
- Medir apenas o êxito das acçòes com o apoio de indicadores tais como
a taxa de concretizayio de objectivas. (Deve preocupar-se com os processos a
partir dos quais esses objectivos foram produzidos);
fi1~zdarraentose Processos de U~naSociologia de Acçrio

- Ser confundida com O controlo administrativo que tem por fim verificar -
:Lconcord2ncia das acçòes com as normativas institucionais.

O interesse pela avaliaçio desenvolveu-se nas últimas décadas e deu origem


a uma diversidade de modelos, processos e funçoes de avaliação que se foram
desenvolvendo em contextos diferentes (e em tempos diferentes) mas, sobretudo,
tendo em vista atingir objectivos que, se bem que complementares,s50 distintos.
O momento em que se acciona a avaliaçào influenua também os modelos
por que optar. Hoje utilizamos modelos erlécticos, que misturam esses modelos
*purosn,estruturados em função dos objectivos, da temporalidade, do custo, etc.
O fhal dos anos 60 foi marcado pela insistência dos decisores em obterem ,
infarmaçio ahgada, comparativa e sumativa, que suportasse as decisoes sobre -%
a manutenção de determinados programas sociais. Estes modelos valorizavam .
metodologias experimentais, recdhas stan&rdizadas e sistemáticas de informa-
@o, hrgas amostras e alguma segurançti metodológica. Tratava-se de modelos 5
%
optimistas e lineares nas articulaçòes entre causas e efeitos que fornecSam infor- .g
rnagào organizada, sranctarrtizada, técnica e rigorosa, mas eram atacxdos por 3
serem superficiais e insensíveis 2s variações locais dos próprios programas.
A partir destas críticas surgiram, já no final dos anos 70, abordagens mais f
quaiíttitivas. Estas cancterizavam-se pelo "nivel local" em que eran ensaiadas - ao :
nível dos projectos - e peh defesa de que a realidade social era extremamente -{
complexa e varsvel nesses contextos locais, sendo difícil estabelecer regras de '!
5
apiicaçào da avaliagão passíveis de serem empregues noutros contexros. Defendia- .
-se a utilizaçào de metodologias qualitativas e naturalisras (observa@o) e valoriza- q
va-se a análise dos processos de ktemengào, simultaneamente com a anillise dos .
objectivos atingidos.
A literatura actual é marcada pelos vários modelos que serviram para con- ,
ceptualizar o papel da avaliação e do avaliador. Cada um desses niodelos apte-
senta os seus próprios objectivos, vantagens e deswntagens, apresentando ao ,
mesmo tenipo impliwçaes na papel do avaliador.
Coiiio se pode verificar, há semelhan~ase diferenças nas diferentes meto-
dologías de avaliaçào. Por iim Iado, todas têm como objectivo recolher informa-
gòes de apoio à intervenção e todas querem medir ;i eficácia dos projectos de
intervençiio, Por outro lado, utilizam diferentes tipos de pesquisa para recolha
A Aoallaçào de Llm Projecto de Ir~tervençào

de inforinaçào, os criterios-base de upreciafào sào diferentes e, assim, a objecti-


vidade científica que p o h ser pedida a cada uma é também distinta, definindo-
-se tarnbtm diferentes papkls pai%o aviliador.

Vejamos os modelas mais imp~rtantes:

w A W ~ O @ais são a3 rwub&&s A avab@o deve c- Pe&o/ClmtWs


EXPENMEWWPEU &r pwjrcrtp 2: q u i s -se na mpiIeaç8tu &a
INVES?lTEA@O cientista podrm ser causaç, na *@o (fou
#erie~ahdosP &&@ose pemitir a
gnedizq?ito*rca da
eficácia do tipo
~ftei~enga~

AVPU.1A@3 POR F e d s e otSpxtiv~)s O que se dwrr d i g CoWbdor


OBJEWÇrS *;So os obíectiwos
arirrgüa p i a
imrmen@o
_ _ _ _ _ _ - _ _ - - - _ _ - - _ _ - - - - - - - - - 4 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

AWALWCAO Qu& s~ &%~Q~ITIQ$&~ QW de&&s @PICI~11111 Pttssba de ~ ~ @ ~ %OS


l % f
ORIENThDII.PARA $ rsiirndais p;ua n de w Mmtids r <tue dwisoírs
DECI&O ndeguaqna dos informaFàoé relevame
obje~tivose *ctiwI&des p ~ p1-mii&
a a
5 w2lt&&? adequa* As cke&õM
_ _ _ _ _ - - _ _ I _ _ _ _ _ _ _ _ _ - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

AV~UA&O ?EU Os uu~~ndorrs da A avalia@o deve ser Colaborador


vnUZA@O inForma@o e a estmturada cie forma n
anfmciio que pude rnaximimt n *&@o
ser 15~1 rios seus
resuiiadas/descober<as
j x b vá& utliIsirk>res
ct&cnlcm, poIlticaç,
p o p u l i l ~ac.1
,

_ _ _ _ - _ - _ _ - _ _ _ _ _ _ _ _ _ - - - - ~ - - - - - - - - - - - - - - - - - 4 - d - - - -

AVALJAGQ mLTIPLh A comprrgh&<rpessoal h 6 tính.


A & v a l a ~n&o Consuttor/acoeselhddw
e múltipli e depende cla
dwersfdade dou>actores
_ _ _ - _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ - - - - - - - - - - 4 - - - - - - _ - - - - - - - - - - -

Fonte Ar1:iptndo tle Herm~ft;L. Morns: C. Fiu-Gilibon, E~~~liiator's


ff~nANZOok~1987.
fiindamentos e Processos de CCma SocioLogia de Acção

A A v A U A ~ OEXPERIMENTAWPELA INVESTIGAÇÃO

ESPECIFICIDADE: Aplica os principius e métodos da investigação à avaliaçã


O objectivo é aprofundar as causalidades,
verificar os resultridos e generakzar as conclus0es.
Pretende-se controlar as variáveis externas e isolar
os efeitos da intervenção.
Pretende-se dar respostas objectivas e generaliziiveis
às questões abordadas pela intervenção.

MÉTODOS UTILIZADOS: Grupos de controlo.


Estudos longitudinais (antes e depois).
Técnicas diversas de recolha de informado (quantitativas).

VANTAGENS: Objectividades.
Capacidade de generalizaçào.
Credibilidade pública.

DESVANTAGENS: Dificuldade em estabelecer o controlo das vadveis na vida r


M t a de sensibilidade para os aspectos qualitativos e
para a complexidade das relaçòes humanas.
Tende a reduzir as Muências complexas a simples relações de
causalidade.

IMPLICAÇaES AO NÍWLDO AVALIADOR: A objectividade exigida pemirba a


la@o com o cliente.
Parte da linguagem avaliatíva é desconhecida pelo cliente.
Exige grande capacidade técnica, ao avaliador compete reconciliar
a realidade com a intervençio e a elaboração de um modelo
de investigação.
A A~)rzlirr@orle Um Prqiecto cle I~8ten)ençao

A AVALIAÇAO POR OBJECTIVOS.

ESPECIFICIDADE: As finalidades e os objectivos são os critérios de sucesso da


intervenqão e o que se pretende é medir a forma e a intensidade com que
determinados objectivos foram atingidos.

MÉTODOSUTILIZADOS: Uma gr~ndediversidade de formas de medida, depen-


dendo das objectivos.
Utiliza métodos quantitativos e qualitativos de recolha da informaçào.

VANTAGENS: É muito pratica.


Obriga a uma forte clarificação das finalidades e dos objectivos e da
relaçào entre as actividades e essas finalidades e esses objectivos.
Obriga à determinação dos objectivos de forma mensurável.

DESVANTAGENS: A frequente falta de clarificaçào, precisào, dos objectivos.


A frequente falta de coincidência entre actividades e objectivos.
A frequente diversidade de finalidades e objectivos dos vkrios inter-
venientes.

IMPLICAÇÃO AO NÍVELDO AVALIADOR: É francamente interactiva, nào exige o


tipo de neutralidade da avaliação experimental.
Há uma discussio constante de objectivos e finalidades com todos os
intervenientes.
O avaliador é um colaborador que ajuda à clarificaçào de objectivos.
Fztndamentos e Processos de Uma Sociologia de Acção

A AVALIAÇÃO ORIENTADA PARA A DECISÃO

ESPECIHCIDADES: Pretende-se a obtenção sistemática de informações para aque.


les que gerem e decidem.
Aceita-se que a informaçào é a base do sistema de decisào e programa.
se com intensidade o tipo de informação a recolher.
A informaçào central é sobre o problema sujeito a intervençào e sobre
os resultados da intervençâo.

MÉTODOS UTILIZADOS: Uma grande diversidade das formas de recolha de infor.


mação.
Sistematização em base de dados sempre que possível.

VANTAGENS: A atençào às necessidades de informação de quem decide e a rela-


çb estreita entre a informação disponível e a adequação do programx

DESVANTAGENS: Descontinuidade temporal entre a recolha de informação e as


necessidades pafa a decjsào.
As decisôes sào frequentemente tomadas em elementos subjectivos, im- .:
pressões, jogos de poder que nào passam por "dadas" de inforrnaçiio.
i
3
3

IMPLICAÇAO AO NÍVELDO AVALIADOR: O avaliador deve estar atento às redes ;!


i
de poder e conhecer quem realmente decide e quab as necessickddes de $.
informação de cada decisor. ?
In~plicau m conhecimento detalhado do projecto e das pessoas.
A Ar~aliagãode Um Projecto de Intemençdo

A AVALIAÇ.&O PELA UTILIZAÇAO

Este tipo de avaliaçAo surge devido à sensação dos avaliadores de que a


avaliação não tinha efeitos príticos na intervençio e era praticamente ignora-
da no momento da acção. Aprofundando-se quem eram os utilizadores e por-
que precisavam da avaliação foi-se entendendo que o envolvimento pessoal
no processo de avaliação desempenhava um papel essencial na utilizaçào dos
resultados da avaliaçào.

ESPECIFICIDADES: A avaliação pela utilização é uma avaliação colectiva na qual


se identifica:
a) os "grupos-chave";
b) as "questões-chaven; e a avaliaçào é feita por todos os grupos que
fornecem entre si os resultados.

MÉTODOS UTILIZADOS: Vários métodos de recolha de informação.


Técnica de Delphi, Q-sort, etc.

VANTAGENS: A circulação da i n f o m a g o e da avaliação.


Um sentimento de pertença e de apropriaçào do projecto por todos os
infervenientes.

DESVANTAGENS: O tempo necessgrio.


A mudança d e grupos ao longo do projecto

IMPLICAÇAOAO N~VELDO AVALIADOR: Atençiio às redes de relação, de influên-


cia e de poder.
Avalia$ío interna.
E'ri)irlamentose Procmsos de Uma Sucio1o~;ade Acçcio

ESPECIFICIDADES: Demarca-se das anteriores por um pressuposto - a únicg


avaliação interessante e eficaz é aquela que procura entender os múltiplw
pontos de vista das pessoas que integram o programa de intervenção;
Pressupòe-se que não há uma resposta única que possa ser encontrada
~isandoquestionários, análíses estatísticas ou outras técnicas. Todos têm
algo a dizer sobre a intervenç50 e o objectivo d:i avaliaçào é entender os
resultados dos projectos numa multiplicidade de perspectivas.

MÉTODOS UTILIZADOS: Qualitativos, naturalistas (obse~a@o).


Recusa os quantitativos.
Observa-se, regista-se, confronta-se os resultados preliminares com os
participantes e tenta-se construir um inocielo que reflicta a participaçilo
dos vários grupos.

VANTAGENS: Sensibilidade aos múltiplos pontos de vista.


Conr;trução cte um modelo polivalente e múltiplo de percepçòes s ~ b r e
os resultados.
Facilita a recolha de informaçào que permite identificar o problema e a
diversidade social presente.

DESVANTAGENS: Relutância em estabelecer prioridades ou em simpiifiicar as


informaç0es para a decisào.

IMPLICAÇÃO AO N ~ DOL AVALIADOR: "Antropologia organizacional".


Muita disponibilidade temporal para estar com os actores.
Muita sensibilidade e capacidade de o b s e w a ~ o .
A Ai~aliaçaocle Um Projecto de ~?ztentençào

7. A avaliação segundo a temporaiidade


Estes modelos pode111 ser :iccionados em vários momentos, inas o seu
focus é diferente em f~inçiotlo momento rin que se acciona o dispositivo de
avaliaqio. Segundo H. Freeman e outros (1979), há vários tipos de avaliação que
pretendem responder a diferentes tipos de questionamento segundo a trrnpora-
lidade do projecto, e que colocam ao avaliudor questões que correspondem a
quatro "modelos de avaliaçào": *
Assim, podemos considerar, segundo a sua temporalidade, vários tipos de
avaliaç.ào:
- A avulia@o diagnóstica (ex-&acto ou ex-ante);
- A avaliaqio de acompanhamento (on going);
- A uvaiiaçào de resultados (a-post):i) três a seis meses í ex-post imediata);
ii) três anos depois í ex-post diferida);
- A ava1iac;ào de impacte (ex-ante ou ex-post).

Figura 12
MOMENTOS DE AVALIASAO

TPOS DE AvAIUÇ&O SEGUNDCJ A 'I'EMPORALIDADE


EM FUNÇAO D O MOMENTO EM QUE SE REALIZA A AVALIAÇAO
AVALIAÇ~ODIACN~STICA Pretende pmpo~ciohafelementos que perdtam
(W-AMEI - unplemenrado
decidi se o projecto dwe ou nào ser
AVALIA- DE ACOMPANIEAMENTO A v d i i ~a Eorm de concretiza$fa do projecto e d&
(ON GOINGI elementos pari o seu afinnmento ou a sua correc~ào
~AVALIACAO FINAL (WS-PO573 1 Mede os rsuitados e efeitos cIQ projecto 1
Ftrndamentos e Processos de Uma Sociologia de Acçào

Avaliação com ffns & planeamento (ex-ante)


A avaliação para o planeamento de programas rle intervencão social
consiste essencialmente em estimar a amplitude e a gravidade dos probletnas que
necessitam de uma intervenção e elaborar programas em funsão desses proble-
mas. É, fundamentaimente, uma "avaliação-diago8stican,confundindo-se com
o diagnóstico (ver Capítulo 9).
Nesta fase, a avaliação comporta os seguintes questionamentos:
- Conhecimento da amplitude do problema;
- Definição, em termos operativos, dos participantes e benefici9rios do
projecto;
- Definição &as melhores estratégias. Dado que o projecto ainda não se
iniciou, pretende-se que a avaliação forneça os elementos que permitam conce-
bê-lo nas melhores condições de intervenção graqas a iun bom conhecimento do
problema a resolver e do seu contexro.

Avaliação com fim de acompanhamento (on-going)


Na fase de execução, pretende-se saber se os projectos de intervençào
estão a atingir os grupos-alvo e se estào a assegurar os recursos e serviços pre-
vistos. Esta avaliação decorre da resposta a dois questionamentos:
- O projecto está a atingir a populaçào que se visava?
- Os diversos modos e meios de intervenção siio aq~ielesque estavam
estabelecidos no início do projecto?
Uma avaliaçào de acompanhamento (perforrnance) visa determinar de
forma sistemática se o projecto está a ser executado conforme o previsto.

Avaliação final (ex-post)


A avaliação final é, geralmente, uma avaliação de objectivos ou de resulta-
dos que pretende verificar os efeitos do projecto no fenómeno social com que se
pretendia lidar. Este tipo de avaliaGo de objectivos, ou de resultadosi, consiste

Nem sempre é chra a distinc;io que C feita entre tis :ir;ili;iqòes de objectivos, de resiiltados e .,
de iinpdcicres. Conside~d-seaqui: a avaliaçào de objeçtiros coiiio ;i ;ir;ili;i@o tios objecriutis do pro- .='
% 2
jrcto: a ava1i:rçio de resultados como a nv.iliução de rfeitos mio previstos.
A Az)altaçào de Um Projecto de Interuençào

em averiguar em que medida o projecto produziu as mudanças que se tinha


desejado e quais os resultados não esperados (benéficos ou perversos). No final
da intervenção, pretende-se conhecer os resultados e a eficácia do projecto, o

I que pressupõe a existência de objectivos definidos de antemão e de critérios de


sucesso defiiidos de forma operacional e capazes de serem medidos.
Para avaliar o projecto é preciso planificar a colheita de informaçbes de
forma a que o avaliador possa saber que as alterações são imputáveis ao progra-
ma em avaliação e não a outras fontes.
A avaliacão de impactes sociais pode ser realizada em qualquer rno-
mento do projecto. É um tipo de avaliaçâo que se caracteriza por centrar o seu
foco de análise nos efeitos (potenciais ou efectivos6). A avaliação de impactes
sociais tem origem na crítica à "avaliação de impactes ambientais" e ao seu me-
nosprezo pelas dimensòes psicossociais. Como & do conhecimento geral, a ava-
liagão de impactes arnbientais é geralmente realizada para estimar os prováveis
irnpactes ao nível do ambiente quando os programas ainda niio estão realizados,
de forma a gerar medidas de mitigação dos efeitos mais negativos.
No entanto, a avaliação de impactes sociais confunde-se hoje com a avalia-
cão social, nomeadamente a avaliação de objectivos e cle resultados, podendo
ser realizada antes, durante ou depois da intervenção. Considera-se, no entanto,
que o resultado de um projecto de desenvolvimento necessita de três a cinco
anos para se poder averiguar os reais impacrtes.
As formas de aplicação das avaliações de inipacte si20 muito variáveis. Por
vezes é possível recorrer a esquemas experimentais clássicos que consistem em
comparar grupos experimentais e grupos-testemunhas. No entanto, e frequente-
mente por razões de ordem prática, adoptam-se anáiises estatísticas fazendo-se
comparaçòes no tempo.

O sucesso do processo de avaliação depende, em larga medida, da capaci-


dade para encontrar indicadores que meçam o processo e os resultados da avalia-
ção. Esses indiridores podem ser qualitativos ou quantitatívos e r150 é índispensiivel

"esse .uentido, a avaliafao de impactes estb muito próxima da avsliafão por objectivos.
Eilndumentos e Processos cle Utna Sociolocqlude Acçdo

que sejam numerosos; geralmente, meia dúzia de bons indicadores é suficien


para medir os resultados de um projecto de média dimensao.
Apesar da diversidade dos tipos de avaliaçào, as componentes do p
so de avaliação que permitem a verificaçrio do seu sucesso analisam geraim
estes Factores:

a) Apreciação da adequação
O projectolprograma adequa-se ao contexto do problema e da sim
sobre o qual se pretende intervir? Trata-se de um projecto coerente na sua con
truçào interna?

b) Verificação da pertin2ncia
O projecto/programa é justificável no contexto das poiíticas e estratég
do organismo, serviço, etc.?

C ) Apreciação da eficácia
Em que medida os objectivos foram atingidos e as acções previstas fo
realizadas?A análise da eficácia ê particularmente importante quando h5 inte
se em comparar programas ou testar novas formas de intervenção, Numa ópti
global na avalia$ão da eficácia deve-se perguntar:
- se as necessidades (em termos de objectivos no início e no fim da for
r301 foram satisfeitas;
- se os meios utilizados foram adequados, pertinentes e suficientes;
- e se os beneficias (em termos de objectivos no fim) esperados fo
realizados.
A eficácia pode ser medida em termos quantitativos e qualitativos, pÓi

cia externa quantitativa); competências adquiridas na forinaçào face 2s necessi-


dades do mercado (efidcia externa qualitativa).
Os indicadores de eficácia mais frequentemente utilizados sào:
- Acções realizadas
Acções programadas
- Objectivos realizados
Objectivos planeados
- Público-alvo atingido
Púbko-alvo previsto
A Avuliaçào de Um Projecto de Interurrzçào

d) Apreciaçào da eficiência
Os resultados confrontadas com os recursos utilizados correspondem ao
seu emprego mais económico e satisfatório?
Os indicadores mais frequentemente utilizados çào:
- Objectivos atingidos
Recursos utilizados
- Actividades realizadas
Recursos utilizados
- Objectivos atingidos
Actividades realizadas
- Recursos utilizados
Recursos previstos

ANÁLISE DE CUSTO-BEFIEE~CIO:
- Custo total
Número de indivíduos abrangidos
- Custo total
Por tipo de acgões
Etc,
De forma gráfica, os arributos de eficâcia e eficiência podem ser analisa-
dos no gráfico seguinte:

Figura 13
ESQUEMA DE AN-E DA EFIC&CIA E DA EFIC&NCLA DAS ACÇÕES

Fonte: MÉthodologie pour I'Évuluation rx-post cles Progrnmmes Opiiationnels Financés par le FSE.
fi~ndamentose Processos de Uma Sociologia cie Acçào

e) Apreciacio da equidade
Hoje as pesquisas sobre a eficácia/o rendimento levam a uma reflexão
sobre a dimensào social dos investimentos, quer dizer, a equidade. Nos últimos
anos, o conceito de equidade entrou na avaliação dos organismos internacionais,
mesmo dos mais centrados nos aspectos económicos (Banco Mundial, por exem-
plo). A vontade de acompanhar a pesquisa do rendimento do investimento com
a justiça social explicaria o interesse crescente pelo conceito de equidade.
A equidade faz referência:
- à distribuição e à repartiçào dos recursos entre os indivíduos e os grupos;
- à noção de justiça social.
Os objectivos, a definição do grupo-alvo, a distribuigão dos recursos au-
mentaram a igualdade de oportunidades ou geraram (agravaram) novas desi-
gualdades?A equidade apela à igualdade de oportunidades, não apenas ao nível
do acesso a bens e serviços, mas tanibém ao nível da capacidade de cada um
para gerir as suas próprias oportunidades.

I?Apreciaçio do Jmpacte
Na apreciação do impacte deve-se procurar determinar em que medida se
obteve uma melhoria da situaçào. É semelhanteá eficácia, mas mais complexa,
dado o maior ntimero de factores InternedenteS.

g ) Indicadores de análise económica


Poder-se-á, ainda, utilizar indicadores de análise económica da eficícia do
projecto. Exigindo uma contabilidade preparada para tal e conhecimentos técni-
cos, poder-se4 analisar o custo-beneficio de cada medida.

OS DIFERTNI-ES TIPOS DE EFI~ACIA, ~ C I S N CEIEQUIDADE


A
(exempiificados por De Ketele e Sal, 1995 - apiicados à
avaliação dos sistemas educativos)

i. EFICÁCIA
- cla ordem do pretendido;
- da relaçiio entre saídas (efeitos obsen7:idos) e entradas (efectivos o11
objectivos declarados).
A Aualfaçao de Um Projecto de Intervenção

I 1.1. EFICÁCIA INTERNA(efeitos internos ao sistema)


1 i) de natureza quantitativa, se as saídas e entradas são de natureza quan-
I
1 titativa;
1 Exemplo:
- relaqão entre o número de diplomados e o número de inscritos;
- relação entre o número de repetências e os efectivos de uma fileira.
ii) de natureza qualitatativa, se as saídas são em termos de objectivos
pedag~gicose as entradas em termo&de aquisiçòes que se detém à partida.
Exemplo:
- todos os estudos de mais-valia pedagógica;
- comparaçiio entre perfis de competência à saída face à entrada.
1.2. EFICÁCIA MSERNA (efeitos externos ao sistema)
i) de natureza quantitattua,se as saídas e entradas são de natureza quan-
titativa;
Exemplo:
- relação entre número de empregos efectivos e diplomados (ou seja,
inscritos numa fileira de estudo);
- rekaçio entre o número de criadores do seu pr~prioemprego e diplomados
(OUseja inscritos mima fdeira de estudo).
ii)de natureza qqulitatiua, se as entradas e saídas são de natureza qualitativa.
Exemplo:
-relação entre compet6ncias accionadas na vida profissional, social ou pes-
soal e competências desenvokidas pelo sistema;
- relação entre as novas competências adquiridas e as visadas pelo siste-
ma educativo.

2 -~CIÊNCXA
- de ordem programática;
- relação entre saídas (efeitos observados) e entradas em termos de recur-
sos mobilizados.
2.1. EFICIÊNCLA INTERNA (efeitos internos ao sistema)
i) de natureza quantitativa, se as saídas e entradas ssâo de natureza quan-
titativa;
Exemplo:
- relação entre o número de diplomados e as despesas de pessoal;
- relaçào entre o número de repetências e o pessoal de enquadramento.
t;irndamentos e Processos de Uma Soc~ologzade Acgdo

ii) de natureza qualitativa,se as saídas e entradas são de numreza


Exemplo:
- todos os estudos de mais-valia pedagógicx relacionados com I
- comparição entre perfis de competência à saída face ao nível
tência dos formadores.
2.2. EFICIÊNCUEXTERNA (efeitos externos ao sistema)
i) de natureza quantitaSiva, se as sliidas e entradas são de Wdh
titativa;
. Exemplo:
'

- relaçfio entre número de empregos efectivos e despesas h7


sistema edncativo;
- relação entre o número de criadores do seu pr8prio emprego
ligadas a ni6dulos de formação baseados no espírito empresarial.
ii) de naturem gwaliratrva, se as entradas e saídas silo de natureza
Exemplo:
- relago entre competencias accionadas na vida profissional
pessaal e programaçzlo de ateliers baseaclos no saber-fazq
- relaç2o entre compet6ncias novas adquiridas e investirnehto (

3. EQUIDADE
- de ordem da édca social;
- nível de oportunidades de aceder aos diferentes benefícios
sistema educativo.
3.1. EQUIDADE S~CIO-ECON~MVIICA DE ACESSO
Exemplo:
- número de inscritos por sexo, origem, naturalidade...
3.2. EQUIDADE DE CONFORTO PEDAGÓGICO
Exemplo:
- repartição dos estudantes nas instituiçòes de conforto pedal
cursos quantitativa e qualit;ativameníediferentes) segundo a idade, o
5 3 . EQUIDADE PEDAG~GICA
Exemplo:
- afasiamento uu pre-teste pars :kveriguur se entre o terqo su
terqo inferior de um grupo de idade determinada as distâncias se aprc
se distanciam com o tenipo.
A Ar~uliaçùode I/m Projecto de I~,itervençuo

3.1. EQUIDADE DE PRODUÇAO


Exen~plo:
- a nível de competência ipu.1 à partida, o número de diplomados difere
ou nào segundo o sexo, a origem, etc.?
3.5. EQUIDADE EXTERNA OU DE REALIZAGO
- Profissional: para diploma equivalente as oportunidades de encontrar
um emprego sào iguais ou diferentes?
- Social: para diploma equivalehte as oportunidades de beneficiar de van-
tagens sociais sÃo equivalentes ou diferentes?
- Pessoais: para níveis de formagão equivalentes as oportunidades de rea-
lizaçào enquanto pessoas são equivalentes ou diferentes?

9. Dificuldades técnico-científicas de uma boa avaiiação


Tomar consciência das potenciaiidades e dos riscos na utilizacão de me-
todologias de avalirição é um primeiro passo para a utilizaçào adequada de qual-
quer dispositivo de avaliação. É preciso reconhecer os limites da previsão social
e da capacidade de "medic;Ão"dos fenómenos sociais, na medida em que a teoria
social tem uma capacidade de previsào liinitada.
Muitas pessoas pensam que avaliar é construir uma série de indicadores
neutros que dào respostas a uma série de problemas empíricos, mas as dificulda-
des de realizaçào das avalia~õesadvêm, em larga medida, das bases de enquadra-
mento teórico que situam os contextos de uma waliação social. Para elaborar
lima base teórica que permita fundamentar uma estrutura de avaliação social, há
necessidade de recorrer a diversas disciplinas científicas e a uma grande di-
versidade de conceitos7.Essa fundamentação deveria partir da articulação de
conceitos tão diversos como os de necessidades sociais, desenvolvimento econó-
mico e social, qualidade de vida, sistema social, democracia participativa, etc.
No entanto, as dificuldades em encontrar as bases científicas para uma
"teoria da avaliação social" advêm, em primeiro lugar, da complexidade, se nào
mesino da impossibilidade de previsão de fenómenos sociais. Do ponto de

' C, Nicholas T~ylore o~itros,1995, renum rlabor~rUIIYJ estmtuci hindamentada de uvuliaqAo dos
i t i i p ~ t e 'iociiiis
i (SL4 - Social Impuctz.L~essmenl).Ver Tdylor, C Nicholas, Bryan C. Hobson e C;<x>tlrich.
Coiin. S c ~ c r f i / . i ~ ~ e ~ . Theoty.
~ i n e n tPmce.Fs
~ G Tecbwiqires,N o v : ~%el3ndia,'i'nyior Baines & Assoriates, 1995
F~ttzdamentose Processos de Uma Soccrlogsa de Acçào

vista sociológico, defrontam-se "correntes" de pensamento, mais ou menos "po-


sitivistas", que atribuem diferente importlincia as regularidades de funcionamen-
to societal de que decorreriam as "leis" de funcionamento de um sociedade
portanto, a capacidade de previsilo dos fenómenos. De facto, a complexida
das variáveis que influenciam os fenómenos sociais torna difícil detectar as cau
saiidades indispensáveis a uma análise da avaliaqâo dos iinpactes sociais.
Uma outra dificuldade advém da avaliação dos objectivos das inte
soes sobre o social. Não há avaliação sem referência aos
cagâo dos objectivos é, pois, uma necessidade b
de avaliaçào. No entanto, a definição de objectivos de int
mática complexa e a avaliasão tradicional assentava nalguns pressupostos b
cos nem sempre clarédmente explícitos;
a) É possível fixar objectivos unívocos e permanentes para cada política;
plano ou projecto;
b) Existe uma cfãra distinção entre a deBniçg0 bos
das decisores de topo, nomeadamente de ordem política) e a
jectos (a cargo de pessoal duiico-administrativo);
C)Existe um sistema consistente de valores partilhados em que se
den basear critérios de avaliagão universais;
d) Acredita-se que a sede desses critdrio
térpretes do bem comum) e os esp~~iaiistas (depos
seguros>universais e inequívocos);
e) Acredita-se, ainda, que a avaliação controla a maioria das variáveis
processo.
A prápria experiCncia de avaliação, sobretudo em processos de incidê
social, veio demonstrar a precariedade destas premi
dente que as políticas, os planos e projectos têm incidencia
escalas, muitas vezes não previstas inicialmente e que se verificam efeitos
perados (frequentemente "efeitos perversos"). Tom
dade no estabelecimento de objectivos em projectos com in
intervençòes têm objectivos múltiplos (relativos a diferentes sectores e ou
diferentes níveis), objectivos esses por vezes difíceis de compatibilizar ou me
mo contraditários. Mas, ainda, os projectos sociais defin
seus objectivos no decurso & acção num contexto em permanente m u
até pela própria ac@o do projecto de intervenção. Acres

204
A Aualiaçiio de Um Projecto de Ivzteroençao

veis pertinentes não são directamente controláveis e que o próprio decur-


so do projecto vai alterando (interna e externamente) as condiçòes do seu de-
senvolvimento subsequente.
Uma última dificuldade da avaliação relaciona-se com o sistema de cons-
truçiío dos "indicadoressociaisnindispensáveis a qualquer avaliação. Quando
se enunciam as variáveis da avaliação a questão mais importante é a escolha das
variiveis que se vai medir. Estas variáveis deverào ser, inevitavelmente, as mais
directamente afectadas pela intervehção. Neste sentido, numa primeira fase, a
constru@o das variáveis (ou indicadores sociais) é extensa (as acçòes podem
influenciar uma imensidade de varigveis) e não há preocupação em saber se elas
poderão ou nào ser mensuráveis. Numa fase posterior, a selecçilo dos indicado-
res torna-se indispensável e ressaltam com maior clareza as dificuldades de me-
diçào da diversidade de indicadores referenciados.
Do ponto de vista técnico, os estudos de avaliação apresentam dificulda-
des e levantam, pelo menos, quatro tipos de problemas que necessitam de ser
ultrapassados:
a) As avaliações sociais são geralmente dispendiosas e longas:os finan-
ciamentos não estrio geralmente disponíveis e a maioria das vezes Mo são mes-
mo previstos, dado não se atribuir, ainda, suficiente importância à avaliação;
b) Nem todos os impactes são passíveis de sertia medidos e; frequen-
temente, a informaçiào disponível (indicadores) é pouco fiável, sobretudo em pro-
jectos em que o modelo de registos sistemáticos é incipiente ou mesmo inexistenk;
C) A avaliação social é, frequentemente, poiémica e controverss,desven-
dando conflitos de interesses, nomeadamente entre administradores, interventores
e os vários grupos de utilizadores, pelo que nem sempre é aceite de bom grado;
d) A avaliacão social exige uma equipa de petftos suficientemente quati-
ficada e com experiencia no domínio, o que nem sempre está disponível, pelo
menos em Portugal.

10. Pistas pafa os avaiiadores persistermtes


Sugere-se aos avaliadores em ciências sociais que não descurem a ne-
cessidade de enquadramento global das problemáticas & avaliação e que se
submetam à vigilância mais severa para fugir aos riscos do empiricimo e da
crença na neutralidade do conhecimento. Isto exige não apenas a exptonqão
Eirndutnentos e Processos cle Llina SocioloCqhde A c ~ à o

dos quadros de referência conceptuais que enquadram as dimensùes a avalia6


mas também a capacidade de clarificar, pllblicu e politicamente, os pressupos?
tos 6ticos e ideolbgicos que neceswriumente orientam as opçòtrs sobre as me+
todologias de avalia@o.

Como fazer?

Porquê avaliar?
Avaliar 8 apreciar e ajuizar de forma rigorosúa, lhgica e coerente, ó estado,
a evolução e os efeitos de problemas, accòes, dispositivos e organizaçães '
sobre os quais esramos a intervir. A quem poderi isso interessar? Quem
vai usar essas informaçbes?
I
Como avaliar?
Há duas características-base dos processos de ;ivaliaçiio; de resto, os m 6
todos sáo todas legitimas: devem ser dinâmicos e participados.
Uma avaliação dinâmica implica a programação ex-ante da avalia@o e a
constmçâo de utensílios de "avallaqào perminente", de forma a tornar-se
um instmmento de orientação das acgxs e de comunicaçiio entre os inter-
venientes. Ac@o e avaliagão estio intimamente ligadas.
Uma avaliaqão pavtl'cipada garante uma melhor ueilimç30 e eficácia e é
um insmmmto de dinwmizarao e de consciencializaqJ~.Torna-se neces-
srlrio associar quer os beneficlárim da acçio, quer os actores decisores e
financhdores.
Mas n&a se esquep de que um tal trabalho s6 pode ser realizado se f ~ r
baseado em informaçòes numerosas e fiáveis.
Concebida desta forma, a svaliaçâo 6 um instrumento fun&arnental de in-
vestiga@~-acçiio,de apoio 5 decisiio, de comunicaçio, sKm de um b t r u -
inento pedagógico fundamental.

Assim, num primeiro momento, comece por ctefinic o tipo de avalia$iio


que pretende.
-h problemáticm: Qud o qwadro de referEnciri conceptual da avalia-
@o, as problemáticas que estão identificadas? (Relacione com o quadro
continua)
de Utn Yroiecto cle liztrn~ençtio
A A~~czliaçào

(continuaqào)

de referência do diagnóstico.) Ex.: desenvolvimento local; exclusào social;


identidade feminina, etc.
- Intervenientes:Que tipo de avaliaçào quanto à funçào de quem avalia?
Ex.: auto-avaliaçào com apoio externo, avaliação externa.
- Temporaiidade: Qual o tipo de ava1i:içào quanto à temporalidade?
Ex.: avaliação ex-unte; avaliaçáo de acompanhamento, avaliaqào ex-post.
- Âmbito de incidência. Qual d objecto da avaliação?Avaliaçito proces-
sual, avaliaçào por objectivos?
- Destinatários:Quem vai utilizar essa avalbçào?Ex.: decisores, técnicos,
populaçào, etc.
- Metodologia da avaiiaçâo: Que métodos e técnicas vão ser utilizddos?
Ex.: análise documental; entrevistas colectivas; fórum comunitário, etc.
- Produtos: Como vai ser fichada a informaçào? Que relatórios e do-
cumentos vai produzir? Ex.: construção de bases de dados; construção
de estrutura de observatório de avaliaçiio; relatório interno; relatório
síntese de divulgação, etc.

Num segundo momento, construa os indicadores de avaliaçáo, bem como


os métodos e meios que lhe permitirão recolhê-los.
Anexo 1

DOCUMENTOSDE UM PROJECTO
resolvr r
3. ~ ~ i . nprimeira
a dos agrntrs ínrcressados na concepr&>*
identific;,~?~ n,
execuq3u e n o financi~mentndo prnjrct(7
dos r~yectirosglnhis e resultados eiptra&,\
o fin:didatl~~.
4. Defin i ~ ã tlas
5. Icjentificaçaa clos grupos a que o prcijccto se destina
6. Definiçzio gencric:i clris metodci2ogi;is :I utilizar
7 . Estimativa d;is principais contlici)ec que permitirão o exito do projçcin
R. Definido do Brnhito temporal e geogriifico e m que decorrer5 o projecto

B. ELEMENTOS CONSll'TUIWOS DE UM PROJECTO DE


lIVTEFtVE~@0
I. Histúria e antecedentes do projecto

7. O plano de apdundsmentn tio díagnir;ticr>Iní\peiq de inve~ienc3<wÇc3oi


6. O plano de 31-:ilincào
'- A f 3 f ' U t u orgaanimciona!
~ que \,ai suprjnar o proiecro
8. Ilma estimatiia de cu.;toç
c, ~m~~~~~
DE UM P R o f l ~ T ~PLANO DE ACmDmES
1, ~dentificadac or<lenaçGotgmpornl <I;,\ piintipa is xcrivid;iclrsidrscn
rolver e das opçòes estnt6gicas
-
2. ~dentifica~ào dos agentes responsiveis pela ex~cuçào
:Icçòes
3. Estiinativíl or~3mentaldas ncti\?idatles
4. ~alenc1:iriza~Cwdas activicl:ides
5 . Definido do pl:lno de avaliacio e de revisi0 do projecto

D. PLANO DE AVALIAÇAO
O plano de avnliaçio deve conter:
1. Indicadores cle avaliaçso de execuçio e de impacte
2. E~tah~elecimento clos instruinentos cle avaliação
3. Clarificacio dos viirios parricip:intes da avaliaçào
4 . Calendirio da avali:iç5o
j,Estudo da forma de divulgaçào tios resulmdos <lii avaliaç80

0 s rtilatórioi; finais dever11 conter:


1. Enquadramento, teliiporalidade e obiectivos [I0 p"iec"
dgS re:lliz;i<bs
2 . Relatório de rxecuçào:
Anexo 2

EXEMPLOS DE APOIO AO
Prnccdinrentos:
O 1 Ap6s o levantamento dos potenciais interessatlos no projrcr<i,este%s:ifj
con~-ocndwpreviu mente. sendo-lhes indicada a ordcm tle r cihalhos e o pr»cc1%-
$0 de el:~bacàcrdr? cliagn6stico que se pretenrle stiguir;

1 ) 0 animador esplia oç oljecti\ros da sessio rle prC-<liagntisticcie a


forma como cr \-ai rnhalhar. solicitando a advsào drn presentes:

1 O p p a é dividido em suhgnipos de quatro/cinco pessoas r sugere-


-Wque. nilma folha de papel. se liste as principais n e c e s s i d a t l r s / p r e o c ~ ~ ~ ~ ~ * ~ ~ ~
d l localidsde (ou outn forma de explicitar campo dt. intcrvencào) :i que
proieao de\*& tentar responder:

3 ) O g n i p reúne-se novamente e o anjmador 1.3j escrevendo niim c ~ L ~ : I ( I ~ ~


nect.cçidades deitict~das,ponniando-se o nfimero de vezes em qlie 5 4 0 rcfrri-
pc>r cada suh~nil>o.Generaliza-se a d iscuss5o sobre ;I% pnncipa ir c! iriclii<ln-
da localidgde e as suas potrnci3js causalidades;
TrabaIho de casa

I
I Fon:eí
,
I
1,il;t~gemdoqiie (Fontes Facro::
çon lieccrnas: 1
I
I
Pmrplíi?nenlos dn se,qrtnda mfl?iGo:
1) C ~ d nqual panilha a inforrnaçgo recolliida;
2) 0 sintetiza nos quadros os principais indicaclores (qGmtitaii-
vos e qualiiativos) fornecidos pelos presentes;
3 ) 0 gmpo clanfica0 s principais problemas/necessidades sobre quais
o proiecto i ~ incidir
i e divide-se em subgrupos, cada um com um ou dois desses
problemas, devendo traçar no máximo trCs objectivos centrais e três acçòes que
considere inovadoras nesse campo. Deve-se escrever em folhas de papel colori-
do com marcadores, reservando uma follra separada para cada objectivo (cor
verde) e uma folha separada para cada acqão-inovadora (cor azul).
4 ) O gmnde gnipo socializa a resultado. O animador coloca as folhas com
os objectivos e as acções inovadons (colndas com cola ou fita adesiva) no qu3-
dro anterior de síntese 2 frente dos problemas seleccionados - ou num novo
quadro onde assinalou os problemaslnecessidades detectados, enquanto os
suhgrupns mhalhamm.
5 ) I'ode-se ainda proceder à votaçâo dos prindpais ou princi-
pais inovadoras. A votaçào pode ser de braço no ar ou através de cola-
gem & autocolanres de cor (sào distribuídas três a cada um dos
pnicipantes e estes devem *votnrncolocando-as frente da nc@o que conside-
ram mais inovadora, podendo colocar os três autocolantes na acção que consi~le-
ram mais inovadora OU distribuí-!as conformeentenderem).
6) Panillia-se a informacio resultante da votação e os objecti-
1.0s das fases seguintes.
Grande parte projectos tem por Conkxto comunidades locais Um
:onhecimento tão exaustivo quanto pos~íiel dessas comunidades 6 uma base
indispensável para o projecto. Por isso. 6 indispensável a realizaqao de um e i u -
do prévio que organize, infapretativmenre, as vánas informaçòes disponíveis.
Esse estudo prévio - ou pé-diagnóstico, OU ainda diagnóstico inicial - irá sendo
à medida que se for clispondo de mais inclicacòes.

I Sobre o conteúdo do diugnósnco inicial:


- Deve conter informaqòes quantitativas e qualitatiws recorrendo a dife-
rentes fontes de informaqao;
1 - Deve fornecer aos actores locais inforrnaçòes (de preferikcia qtrant$-
cadas) sobre o estado tla situaçao sobre a qual o projecto se vai debnicar, mas
contextualizadas. Essas informaçòes devem ser completadas por interprrtncõe~e
, a~tdisesque dêem sentido 5s informqçòes estatisricas e que salientem:
- OS pontos fortes e os pontos fracos;
- as ooomniclades e as ameaças no espaço de i n t e ~ f n c 3~ ~r e ~ ' i ~ t 0 ;

lkar dries temporais.

:idfipt:lr em funç:lo das


Alguns elementos para um tliagnDs<ico inicial (;i
'Spe~ifici&desde cad;i localidade ou tipo de i n t e f l e f l ~ ~ ~ ) :
p . ~ ns ~ o p f i l f l ~ 6 e s :
~ ~ f i r n t n q t jsobre
- Gnaeristicas deniogcificas: crescimento populacional, idades, nacionali-
dades
- FamíIias: tipo de famílias; dimenfio das famílias
- Intlicndores de consumo, pobreza, prestações sociais, rendimento mínimo
garantida
- Mobilidades
- Inseiç%osocial
- Saúde
- Educaqão: eqriipamentos existentes, insucesso, cumprimento da escolari-
dade ol,rig;it6ria, ensino profissional e sócio-profissional
- Redes de inrerlijudri e solidariedade
- Tensòes e conflitos entre gmpos ou coniunidndes
Emprqço. forma~iio,qzrn!$caqáo:
- Caracreristicns da populaç2o activa: idade, sexo, ocupa,;içã~, sakrios, Preca-
riedade de rmprego, etc.
- Evoluqão das taxas cle actividacle feminina e rnascuIina
- Variaçiào do emprego na Última década: geral, por sectores e actividades
- de desemprego e cgr~cterísticasdo desemprego
- Evohdo da taxa de desemprego
- Qualificaçào da mio-&-obra
- Taxas de enquadramento, de qualificaçào operária de quadros superiores
- Centros de emprego e de formaçào profissional
AQioidflde económica e tecnologia,.
- Gracferi~tinícasda estnituci empresarial por sectores de ~ c t i v i d ~ ' ~ '
- Evolu~àodo número e dos tipos tle empres;ls
- Tipo
capital dar. empresas: loca\, region;il, nacional, internaciona'
- InsyrC'k nos meios nacional e internacional
- Centros 'le Pesquisa, Ia boratórios, univemidades
!-do d a #c-?- bis-
- Lideram%!mais
-?E- de parceria exisfmes
- Dispositivo5 e p m m já e&mtm de d e s e r n o W o b f
- Implicado dos municípios
- c a c i w dos mo=
4 l \ ~ ~ ~ ~ i ~ i ~ ilns
; i ~ ::icion.r;
\<> em qi~alqiierprojecto t: indispensfivcl. SPo bem
ctinliri-itlia 0 5 f ~ ~ c ~ ; ~Jcs 3proiecros
c~s CIP índole tecnocrátic:~que nao cunsiclera-
r.ini ;i i i i l p o r t i ~ c ir ~
\ c envolvimento
~ dos :ictores locais. A fi1z.30 óbvia - a mu-
cl:inc:~si) :içnnrcce qu:indo :iqiielrs qiie a rGni "na m?ioWdecidem mudar.
A nocio de :içior nema campo de tnI>alho nio deve ser entendida num
stlnrictci rvsrritn, m:is rlwe t.nglol~aítndns os que - directa ou inclirectamente -
tCm 11171 piipv1 nos processos cltt rnudnnçn: estnitur:is, organismos e pessoas.
. de cçinsfrltlrrir turlns os actores Jo c l e s e ~ v ~ l v i m e nclarificando
A s s i n ~C t~,
05 ~;t.t~s p:rl)c.i, cxptlct;tti~.;is, nirius, relacões Ifcx-mais e informais), ljderançss,
rcrlrl; dcl cotuitinlc:i(':in, etc.

Come«. por oqnnizcrr um:I ficha por nctor com 0.7 se~lrinfes ele?neflfQs:
- nome d:i insiit~ii~?to/'do m o r e conracto;
- ohir~ivor;da institui@o/do iictor;
- cntiipo de i n l e ~ e n c izona
~ : geogrifip~, sectores de ailiv ida&, especifi-
cidatlr do ripo de inte~enqao
- inçios de intenrcnçio: humanos* materiais, financeiros
- re13q30 com outras estrut~ims
- rrsiimo das nccòes desencadeadas resultatlos
- esstratepias a curto I. meio termo
- W S S M <(O p ~ 0 i w t 0que rem conlacios
p~rmiic.umhérn. iecolhcr clrmeflki* para o diagnfisljco c
ti, wiifjcir <liqii<,-
njhilidade.i para apviar a inierven@o, 1

- ~preciacãodo dcsenvolvirncnto d~ localidade ou do problema qlie o pro-


jeao iri ahonlar; itlentifica~ãodos principais pmblemas c ~oiencialidatle~
- Apreciacio das sinergias existentes
- Expectativas face ao projecto; objectivos que proporia
- Disponihi1idade.i para colabonr

Attdlfse das redes


A an5lise das redes pretencle identificar as estrai6p;i:in e os meios clc ;ic~ão
cr)flcremr pzra promover a mudanca, seja qual for o sector em que ocorra a
intewencão. A Datar (Franca)' propí>e um modelo de an4lise da tlin5rnica de
anorc~em que identifica nove gmpos clc estruniras formais e segundo O qual se
deve analisar o contrihuto positivo (sinergias) «u negativo (Moquramenros) que
eles podem trazer proieaode iniemençào. O esquema permite ainda verificar
a 3uGncia de algumas estruturas de actores.
Essa proposra permite eJahonr um socicjgrirn:t de actores-chave c da sua
'tlacâri entre sj Preencha gráfico com or. actores oncrefm e analise indivi-
d t ~ a l r n r n0"~ ~pni grupo as suas relacfies.
Anexo 3

PROGRAMA PRÁTICO
Ffol&n,pn{o,~P P ~ o c ~ s sd~~ .Uma
~ SQC~~~
deQACÇ&
R~O

METODOLOGIA DE PROJECTO - PROGRAMA PRÁTICO

I>retrnde-seque consiga aplicar ;i rnetodologia de proiecto a um caso con-


creto. Destn forma, pedinios-llie que, à luz de uma intenfençào,consiga grndual-
mente desenvolver todas as etapas de um processo de planeamento.

O exercício que se inicia decorrer; durante sete etapas de construç9o de


u m projecto. Pretende-se que desenvolva as principais etapas de planeamento.
Para iniciar o exercício é preci.co que:
- ~ x o abs g h a ~ ã owbre a
vai iniidii o *exerciciode pbnn-
mental.

a) trabalho que ason iniciar n u m aldeia. n u m ewola. numa


i n s t i t ~ i ~ 5 0etc.:
.
h? Cm tnbalho que esrj em curso. mas que nso obedeceu a um p m s w
de planeamento.

- Face à situação escolhida. emma numa folha de papel - Qoe hter-


rogaqóes coloca?
olhe p a n as interrogaçòes. identifique e ercrel-a numa folha de papel:
- Os váfios campos de accào sobre os quais lhe parece que o projecto i-ai
intewie
- As problemáticas .domínios teóricos que ido apoiar as suas reflm3o e
accão!

2.' fase - Idmtifícar os pf &I-

- Identifiaue os mais relevantes e procure elernenro~de mnc-


rcrizacão quantitatim e qualíratii.a Realize o diaknós?ico.
- Pari preencha a grelha que i;e enconrm em 3neIQ-

3.' fase - ~ c f d ~ ã
deoprionhdes
s dos- problemas. escolha pelo menos cinco
- Depois de ter resumido a l g ~mm~leramente
n. a $relhlha>.e rente embelecer
'mcrmo que nAo i , .

'uai prioridades. uri] jzando p;lr~"1 05 w i n f e s mrmos'


4.9 fase - Definir os objectivos e a9 estratégia9
- Na hse ;interior ident ificoii ( e quanrificou. \.e p<,sih.el) e h i e r a r q u i ~ os
~~i
principais proldemas da situ;icáo de inten.cnc:io, V;lnios can\jdergr uut. nào r a i
intenTirsobre todos os problemas identificatlos, m a i so!,re os rrí-s ou qua trr> que
hier;lrquizou como prioritários'. No seu caderno 124, 0" numa fqlha de ppl
br~nca.defina as fin:ilid:~des e os objectivos gemi.; d r ~prnjenr~,conciderando
esses três ou quatro problemas sobre os quais vai inrenvir.
Notu: Considere que a definido de finalidades c r~hjec~i\-f~q geral5 d c ~ e
ser definida para o conjunto tlo projecto - pna rr1d:is 3 s áreas de i n r e ~ e o d ~ .

- Na folha anexa identifique os problemas rum problema v>rfrJh3, e


discuta para cada um deles os objectivos específicos que ze propr;~a~ingir..A
coluna "condições existentes" vai procurar à ficha de diagnrínico tcoi~n:! c'w
dados que traduzem a gravidade da sítuac8o) e as -condic~mdesei5veiç- d o m
objectivos que se propòe atingir, através da intençndo. Preencha mra .a! s
ficha que se encontm em anexo fotocopiando-a as i*eze.i que forem ntuesúrkic.
Nota: Para os projectos de maior complexidade. p d e r j cer nece5ririn
definir d,iectivo(; gerais por problemáticas. Yesse cnso. acrrscrnrr a cada fo-
Ih:l do exercício depois da linha 'Problema seleccionado' um3 L'e Iintia~
com "Objectivos grr;iis'. Este'; serim elnhocido.; pd:i me<m;i bjeici i2 defini&

- Estaheleca o tcampo que consider:~nrce~ciriopnr! atingir o. requ!!a-


dos. depois de ter reflectido r;nhrr n c»mplexi<ladedo prohlemg r 05 rem-
disponíveis.
Exemplo;
i. Meniifiqi*e os criterios a partir dos quais con3kl*n que O p r ~ b C l ~ ~ ~
import;~nte.Ex.: dimcnsfio, pvid:ide. importsnci:i a trihu itki pela comunidade
existência de recursos para inten-ir, etc.

ii. Estabeleça em equipa uma ponninflo prin cada um desses cntinos.


Ex.: de I (rninimol a 5 tn15xinio).
A. ~ ~ n ~ t n do ~ çplano a o de aaivldades
I>ctlimo.;-lhcagmc qoc- prep:ire iim plano pnrn o s r r i pro-
ii~?i\.ithtlcs
cyssri dr. intenwcnç:io.t l s 5 i r n :
1 - Orglni ti m hrniti-sformi)?,? sobre :is accfies posnivcis a < I ~ ~ c n c ~ ~ l ~ ; ~
pnci atingir o';. ohircti~*os. Eici tinia lista tless:is acqfies.
2 - Sclrccione as que lhe parececii mais ntlequad:is.
3 - Sulxlivida cada accào em tarefas iso1:idas que possam ser atrihtiícl;i a
nlguern roo a algum grupo) e preencha a ficha que se r n c o n t ~ eiil i anexo.
4 - Itlentifique os responsi~~eis peki concretix;iç5« da ncBo e esel.wleç1
iim c:llendirici.

R. Organize um calendário
F~GIum ca1end:irio numa Tollia B pane usando um;i linlia chein (-1 ou
Lima cor par1 inclicar a dunc3o dns tnrefas que requerem tempo prolonpndo. e
uma linha traceiada (---) ou uma cor mais clara para as tarehs de prepsfl~5o.
(Veja exeinplo enl anexo.)
Verifique as tarefas estio realisticamente djstrjbuí~la!:no tempo; se fl:io*
faia a correcyào.
~ ~(.'?na
fifndd n p n tos c ~ r o c e . dc ~ $ . S [ I C ~ C , ~iaQ ~de
~ AGÇ~~O

a) Utilizando a de uresponsiveis"do Plano de Actividades elabore na


Ficha 7 uma lista dos grupos e indivíduos participantes sob as rubricas:
- INSTITUICOES FORMAIS
- PESSOAS-CHAVE E GRUPOS DE I N D T ~ D U O S
- GRIJPOS ESPEC~FICOS
b) Se existirem outtas individualidades, instituiqòes e grupos que n5o fo- II
I
ram considerados, junte-os 5 Eista. 1
I

c? Prepare, numa folha branca, o organograma, tendo em conta as


tòes seguintes:
- Qual E a entidade que lidere o processo?
- Qilern é responsável por quem? (Desenhe as dependências hierárquicas
em iinhas a cheio*)
- Quem deve consultar quem? (Desenhe as ligncões de consulm e nlo
hierárquicas a traceiado.)

(h30 se espante se não conse~irfazer o orpnogmma 2 pfimeim; f a ~*mai


l s tentnti~*as-)
I
-
7."fase Organização do oqmento
I
~ s que realize o orqmnto
S u ~ e f i magora
I
actiddade~e O c@nrnen-
tQ ~!obald o ~roiectoPara 0 seu projecto. Pari ailidar encontra dois tipo- cle
fichas em ãnexu.

PREENCHIMENTO DA FICHA 1
ITEM - Coloque toclos 0 s itens ~ohreOS quais vai ter despecas Ex
i
f
dores: monitores; telefone, etc.
' forma-
L . I .

NÚMERO DE ITENS - Coloque O niimero de itens que precisar. E%.: cinco


formadores e dois rnonitores; dois telefones (dnsede e da d e l e ~ a cloca!).
i~
-
CUSTOUNIDADE/TEMPO Coloque o custo por unidade de remno. h.:
75fl0Slhoralformador; 35OO$/hora/monitor; telefone: média 90 OOO$/mês/s./.uede;
50 000$/mEs/sucursal.
-
NÚMERO DE VEZES Coloque o número de vezes que dever1 contabilizar
o respectivo item. Ex.: 35 horas/formador; 55 horas/rnonitor; telefone - 12 meses.
TUTAL - Contabilize o custo total cIe cada item. Ex,:5 fotniadores x 7501)S x
35 horas = 1312 500$; 2 monitores x 3500$ hora x 55 horas = 385 0005: telefone/
= 90 000$ x 12 = 1080 000$.

1 PREENCHIMENTO DA FICHA 2

- coordenador
- Tecnicos/forrnadores
'Pessoaladministrativo
S E ~ ~ ~ ~ ~ f ~ n O
DESPESAS GERAIS DE ORGANIZAÇÀO E

' + S C i
ficha anterior*
TO^^^^ - Some 0 s custos dessas mhricr
' 'em o seu orçainenlo.
trcs mlunas 'tor:il: orça-
"h: Se fornecessário poderá d ~ d 0 ~ ~ ' ~
)
" e n t ~ dr,
proiecto/~rcamentodos p,lrceiros/ TO'"'-
i
i
ORÇAMENTO - FICHA '
.
N 1

ANO
Í
ANO
8.Vase - Avaliação do projecto
Pretende-se qiie neste momento inicie a org:inizaçào clíi avalhç3o para o
seli projecto, tendo como referência ns indicações que se scgniein.

COMO CONSTRUIR O PROCESSO DE A V - ~ A Ç DO


~ O SEU I

PROJECTO
Desde jl ter6 de colocnr e, simultaneamente, responder às seguintes quest6es:

Porquê avaliar?
Avaliar C. apreciar e ajiiizar tle forma rigorosa, lógica e coerente, o estado,
a evoluç.io e os efeitos tle problemas, acçòes, dispositivos e organizaçóes sobre
as qusis estamos a. intenrir. A quem poderá isso interessar? Quem vai usar essas
inforrnaq6esl

Como avaliar?

H i duas características básicas dos processos de avaliiiçSo; de resto 0 s


jiiétodos sio todos lepíti~nos:eles tlevern ser dinirnicos e pnrticip;idos.
LJrn;i uvalia~aodind~nicaimplica a programiiçao PX-posrdii avaliaçso, a
construçfio de utensílios de "av:iliaçào permanentev de forma a tornar-se um
instrumento de orienta~podas acqòes e de comunica~go.A C C e~ gvaliaçào~ es-
t;tõ intimamente ligadas. I

Uma avaliaç;io pflllicipadflKamnte uma rnellior ~itilizacão e mais efichcia e 1


!
é iiminstrumento de dinamizaçào e de consciencia]izaçao. Tornade necess6rio
associar qiier QS beneficiários da accGo, qrier os actores decisares e financiddores.
Mas n90se esqueCa que um ta! trabalho só pode ser re:llimdo se for 1
baseado em informaqòes numerosas e fjsveis- I
~oncebiclatle~t:i forma, a avalia~àoe um instnimento hntlamentaI de in-
I

vcstigaç2o-acç:io, de apoio ?decisio


i e de coniunicacgo, alem de ser um insrru-
menm peclag0gico fundaihenta 1,
Explicar cada etapa
Avalin~3o- Ficha 1

[ AREAS PHORLE~UTICAS
' Icrin5itmdo tln quadro dc rrfergncia <Ia avalia601
j IrnR\T.JTENTI-S
1 Akitrrav;iUncàn
1 Avalia~.iaexterna
1 Fnr~nasrnísws de avaliaç30

Ir- /
TFMPORALIDADE
Fxdriie ; Dn - ~ o*?Ri ; EI:-~FI
f i - n n i c + E~-port

~
1 lntenctiva

I Dempcnho/Rcsii hados

An:ilises cpimp:itntivas

\ hn5lius bngirudlnais
] rie ci~>reruaq~n
P~IM~IS
p~xf7mcnrnqio
Y RC)DT..TQS
Kebrhrios
j F<irnin~;'iri
I Rc11niin.sdc dclxitr
I hrlas
1-Raub
----- dc darlryq
Adiipr:ic!r> (Ir- c a p P l

in r Prriricuf, n ri ~2 2 7
Pml)l~m~.< ~ ItJOf' ~ ' ~ J O orIr:iilri
g <In i Ant,
~ ~ I>iriu~ll.
irli ~ :
-. 3
hpn~\~c~Icc~,
s~' c(iii**r, p:ich:icclnktniir 0 s sctia
tlLI:i tlin scb~iiintr jndinl<lorrs
;l\~;lll:l(-;\th
N:I I"imfFlmc'oltrtm tastfio0 s rriil(rii>srle :ivaliaqfio <Irqiie f..il;~i~~ose qiie
rsl;ln n~wuinirlosn:i scbgiinrl:ir.riliin;i, Ptxlt* :icrPi;ccnt:i r oulros cririlriol;.
N;r Irwlrnfwi c í i l i i ~ ~ rqonstrii;i
rr indic;~clnrcsde w n l i:iç;lo.
N:i qirnr?rc crilir na c.x pl iciic como v:i i rcwllicr esses in<lintlorrs.
N;i clii(,iln ecill~nnrscrcbv:i qtirin v:ii cst:ir t~nvolvitinnrssn nv:i[is~90.P:lni-
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PARTE i ................................. ...................................................................... 7

CAP~TJLO1 . SOCIOLOGIA DE INTERVEN~O:ANTECEDENTES


E PATRLM~NIOS

Introdugiio .................................................................................................................. 9
1. Genese e campo da sociologia de intervenc;áo ................................................10
1.1. Uma origem histórica sem integraçào: da clínica etnológica
ã intervenqiào social ................................................................................10
1.2. Antecedentes de uma sociologia de intervençso - entre a clínica
individual e a intervenção política .......................................................13
2 . A intervençào sociológica na actualidade ...................................................... 16

CAPÍTULO 2 .REEQUACIONAR UMA TEORIA DA ACçAO


1. RelaGo entre actor e sistema: à procura de uma teoria da acçào ................ 19
1.1.Desenvolvimentos recentes de uma sociologia de acgão ................. 21
1.2. Oposi~òesentre análise estratégica e individualismo
metodológico ........................................................................................... 30
1.3. Historicidade da coinplementariedade das formus de análise
do social ...................................................................................................
32
2 . Uma determinada concepçào do saber e do trakalho científico:
interrogando a relação entre o conhecimento e a acçso ...............................39
2.1. As iiietodologias interrogadas ...............................................................39
2.2. A procura de novas formas de procluzir o conhecimento
e a reabilitação do senso comum ..................................................... 41
Amdamentos e Processos de irma Sociologkz de Acçao

2.3. A necessidade de desenvolver uma teorizaçào da pritica:


as posturas indutivas .............................................................................44
2.4. Conhecimento para/na acçiio ................................................................ 45
2.5. A ética do conhecimento .......................................................................46
3. Iinplica~òesinetodológicas de uma teoria da acgio ........................................49

CAPÍTULO 3 .INVESTIGA@O-Ac@O . PARA PENSAR O MUNDO


TEMOS DE NOS DISTANCIAR OU DE MERGULHAR NELE?
IntroduGo ................................................................................................................
51
1. Definição e especificidades da investigagão-aqão ........................................ 52
1.1Como definir investigat;ào-acçào? ....................................................... 52
1.2. Breve história da investigaç20-acção .............................................. 55
2 . Objectivos e metodos da investiguçiio-acçào ............................................. 62

CAPÍTUI.0 4 .AS PRÁTIcAS PROFISSIONAIS DOS SOCIÓLOGOS


E AS ENCOMENDAS: EQUNOCOS DE UMA PRÁTICA
PROFISSIONAL

1. A sociologia como profissào .............................................................................. 77


2 . A diversidade das práticas profissianais dos sociólogos ............................... 82
2.1. As priticas e os campos profissionais da sociologia num
contexto de pesquisa-acçiio ............................................................... 84
2.2. O sociólogo do planeamento .............................................................87

CAPÍTUL.0 5 .PARTICIPAÇAO E CIDADANIA NOS PROCESSOS DE


PLANEAMENTO
Introdução ................................................................................................................91
1. EmergGncia de uina democracia participativa ............................................... 92
2 . Participuc;ào, partenariado e concertaçào ....................................................... 36
CAPÍTULO 6 .PLANEAMENTO E METODOLOGIA PARTICIPATNA
DE PROJECTO
htroduçiio ......................................................................................................... 107
1. Breve história do phneamento ......................................................................... 108
2. Clarificaçiio de conceitos: planeamento e projecto ........................................ 113
3. Os contributos de uma sociologia de acc.50 para Lima teorizaçiào
,
do projecto ............................... ..........................................................................116
4 . lntroduçio à nietodologia de projecto ............................................................ 118

PARTE lI ..................................................................................................... 123

CAP~TULO7 .A CONSTRUÇAO DE PROJECTOS DE INTERVEN@O


.
introduçio ................................................................................................................125
1. Etap:is de construçao de um projecto de intervenção ................................... 126
1.1. Identificaqiio cios problemas e diagnóstico ....................................... 129
1.2. Elaboraçiio de um diagnóstico a partir da identificaçio dos
problemas . análise de necessidades ................................................ 132
1.3. Objectivos e funções do pré-diagnóstico e do diagnóstico ............ 135
1.4. DefiniGo de prioridades de intervençiio ..........................................142
1.5. Metodologias a utilizar no diagnóstico .............................................. 145
1.6. A construçào cle cenários como método cle tliagnóstico................. 149
2. Objectivos e estrat6gias de acfão .....................................................................163
2.1. Definieio cios objectivos ..................................................................... 163
2 2 . Estratégias de inten7enç:io .................................................................. 166
3. Elaboraçiio clo plano de acqào .......................................................................... 170

.
1. Organizafio da equipa de avriliaçiio: auto-avali:icio e :ivaliliçrio externa .... 175
2. Históriri d:i av:iliaçio: evoluçào dos paradigmas de :ivaliaçPo ..................... 177
F~rnclarnentose Processos de Umn Sociologia cle Acçdo

A avaliaçrio participativa ....................................................................................


182
Auaiia(.ao, pesquisa e planeamento: diferenças e proxitnidacles ................. 183
Definiçào e hnçòes da avaliaçào ..................................................................... 185
6. Os modelos de avaliado ................................................................................... 188
7. A avaliaçào segundo a teinpornlidade ............................................................ 195
8. Os critérios de ava1iac;ão ....................................................................................197
9. Dificuldades técnico-científicas de uma boa avaliat;ào .................................203
10. Pistas para os avaliadores persistentes ........................................................ 205

ANEXOS
.
1 DOCUMENTOS DE UM PROJECTO ................................................................ 209
.
2 EXEMPLOS DE APOIO AO PRÉ-DIAGNÓSTICOE AO DIAGNOSTICO ...... 713
.
3 PROGRAMA PRÁTICO ......................................................................................223

BIBLIOGRAFIA .................................................................................
...,... .243

~NDICE....................................................................................................... 251
-*os pi15rrtiiposiania&diW neste Ihrrode la-bcs
em de que agm w publica uma rcynda ediq80
I

Isabel kn* P b & d de C&al)r~ Gwma C dautandr anr


S&oIq@ p i a UniwersMade françok W d s m m ,Fm@.
~ ~ r clo ISCTE.
n C alnQ caordenaddon Jcnlblloa
da l i r r n c i ~ ~-tal W da ~ UnlwWaQe CaMlka
Patugum.&ndo dmenvdvido uma importante c a mtkdwente
nesta duas ins@Wi'<6en0% diversos projectos de Investlga* a
que se tem dedkdue abras quepublicou antnm-se msbnas de
pDei~bgk. urbana e do habibt, planeamemtu t avalia#o de
pnrçesses dcde#rivaWents e eduugi8o muHTcutkinl,

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