Você está na página 1de 6

UNIVERSIDADE CEUMA

PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
COORDENADORIA DO CURSO DE PSICOLOGIA

ANA BEATRIZ OLIVEIRA SILVA


GUILHERME SOUZA E SOUSA
LARA LETICIA SOUSA ARAÚJO
MARIANA VITORIA ALMEIDA RODRIGUES
RICARDO VIANA DE OLIVEIRA MAIA
BRUNO COSTA NASCIMENTO
JAYCE SIRQUEIRA VIEIRA

RESUMO E CASO CLÍNICO DO TEXTO “USO DA INTERPRETAÇÃO DOS


SONHOS NA PSICANÁLISE (1911)”

São Luís
2023
Resumo do Texto

Temos sempre que conhecer a todo momento a superfície psíquica do


doente estando apar dos complexos e das resistências que foram ativadas e da
reação consciente a eles que governará sua conduta.

 Como agir?

Devemos nos contentar com a interpretação que conseguimos chegar


em uma sessão e não ver como uma perda de não conhecermos integralmente
o conteúdo dos sonhos.

 Novos sonhos

Se novos sonhos aparecem antes de terminamos os anteriores, voltemo-


nos para essas produções mais recentes sem nos recriminar por negligenciar
os antigos. E se os sonhos se tornarem muito amplos e difusos devemos
renunciar a uma solução completa.

 Evitar

Mostrar um interesse especial pela interpretação dos sonhos ou


despertar no doente a crença que o trabalho pararia, caso mais sonhos não
fossem apresentados. Pois corre perigo de assim guiar a resistência para a
produção onírica e provocar um esgotamento dos sonhos. E sim levar o
analisando à convicção de que em todo caso terá material para prosseguir,
independente de trazer o sonho.

 Casos severos de neurose

Deve-se ter em mente que qualquer produção onírica elaborada deve,


em princípio, ser tida como não solucionável por completo.
 Sonhos programáticos

São sonhos que, às vezes, traduzem para linguagem onírica todo


conteúdo da neurose. E, quando tentamos interpretá-los, todas as resistências
presentes irão entrar em atividade e colocarão um limite à sua compreensão.
A interpretação de um sonho como esse é feita do começo ao fim da
análise, pois, durante o tratamento, é preciso apreender, um após o outro, os
fragmentos de significação do sintoma, até que se possa juntá-los como um
todo.
Assim, não mais se deve exigir de um sonho que sobrevém o começo da
análise, mas se dar por satisfeito se, na tentativa de interpretação, conseguir
perceber um único desejo patogênico.

 Mesmo conteúdo

Cenas sucessivas do mesmo sonho podem ter o mesmo conteúdo, se


apresentando com cada vez mais nitidez, e vários sonhos ocorrendo na mesma
noite podem representar o mesmo conteúdo de maneiras diversas.

 Desejo

Todo desejo que dá origem a um sonho retornará em um outro sonho


caso não seja entendido e subtraído à dominação do inconsciente. Assim, o
melhor caminho para completar a interpretação de um sonho é deixá-lo e se
dedicar a um novo, pois este abrigará o mesmo material de forma, talvez, mais
acessível.

 Paciente

Quanto mais o paciente aprende sobre o exercício de interpretação dos


sonhos, mais obscuro serão, geralmente, seus sonhos posteriores. Todo esse
saber adquirido sobre os sonhos serve também como advertência para a
formação de sonhos.
 Fixar os sonhos logo ao despertar

É uma medida supérflua na terapia que perturba o sono do paciente e


não é proveitoso, pois, mesmo copiando o texto do sonho, não surgirão
associações relativas a ele e o resultado acaba sendo o mesmo se o sonho
não fosse conservado (escrito).

 Sonhos confirmadores

São facilmente acessíveis a interpretação e sua tradução resulta apenas


no que o tratamento já inferiu, é como se o paciente trouxesse um sonho
justamente com o que lhe foi “sugerido”.
A maioria dos sonhos corre adiante da terapia, de modo que, uma vez
despojadas de tudo já conhecido e compreensível, tem-se uma indicação mais
ou menos clara do que até então permanecera oculto.
Caso Clínico – Jorge

O paciente deste caso se chama Jorge, um senhor de 60 anos,


aposentado, casado e com três filhos, duas meninas e um menino. Seus filhos
eram jovens, já estavam saindo de casa, por isso, passava maior parte do seu
tempo com sua esposa. Jorge tinha uma rotina bastante organizada, com hora
para tudo, procurava tarefas para ocupar seu tempo pois não conseguia ficar
parado, até que procurou a clínica após um episódio somático de dores fortes
nas articulações e cegueira devido a situações estressantes do dia. Um certo
dia, acabou brigando na fila do supermercado pois não aceitou que uma
senhora de idade mais elevada passasse a sua frente.

Após sair do supermercado, Jorge passou a sentir fortes dores nas


pernas e então foi para a emergência. Chegando no local, ele simplesmente
não conseguia enxergar absolutamente nada e os resultados dos exames não
apontavam o motivo destas crises, portanto, Jorge foi encaminhado para a
clínica em busca de respostas.

Conhecendo melhor a vida do senhor, sua rotina e suas relações, era


perceptível o quanto ele sempre foi uma pessoa difícil de lidar, era um idoso
bastante teimoso e sempre se comunicava com um tom de arrogância e
prepotência. Perguntando sobre sua relação com os filhos, Jorge afirmava que
não aceitava o fato de seus filhos irem embora de casa e que a sua relação
com a esposa era totalmente de submissão, ela fazia tudo o que ele pedia.

Investigando mais sobre seus sonhos, o paciente dizia que em sua


maioria não conseguia lembrar, mas que, em uma certa noite, sonhou que
todos iriam embora e ele ficava sozinho dentro de um quarto escuro, deitado e
chorando. Este sonho foi bastante marcante para ele, que relatou amanhecer
assustado, não entendendo o porquê de sonhar esse tipo de coisa.

O sonho se repetiu uma segunda vez, neste ele via seus filhos casados
à sua frente, felizes e sorridentes. Ele chamava por seus nomes, mas, a cada
vez que os pronunciava, a distância entre eles aumentava, como se fugissem
da voz familiar. Quanto mais os filhos se afastavam, mais o espaço ao seu
redor se tornava escuro e frio, sua voz ia perdendo o volume a medida que a
escuridão tomava conta de seus olhos, até que ele acordou, suando frio e com
o coração batendo desesperado no peito.

Analisando os pontos dos dois sonhos relatados, percebemos que


revelava conteúdo de uma neurose, pois as imagens e as produções oníricas
falavam do sofrimento de Jorge através dos seus pensamentos. O paciente
tinha medo da solidão, era consciente de sua personalidade forte, mas não a
aceitava. Sabendo disso, fazia sua esposa refém do seu medo, deixando-a
totalmente dependente dele. Jorge não suportava a ideia de seus filhos saindo
de casa, pois isso aumentava o seu medo da solidão. Sua arrogância com
todos era por acreditar que assim conseguiria fazer com que fosse obedecido,
assim como era autoritário e gostava de ter todos em sua volta sob seu
controle.

Você também pode gostar